A IDADE MÉDIA E A EDUCAÇÃO: A ESCOLÁSTICA E A ESCOLA DE SÃO
VITOR Fabiane Muniz
Palavras-chaves: Escolástica. Filosofia. Professor
A autora menciona em seu texto que a Educação foi influenciada pelo
movimento intelectual que se denomina “escolástica”, que se subdivide em quatro etapas: a formação (séc. IX-XI), a de desenvolvimento (séc. XII), o apogeu (séc. XIII) e a decadência (séc. XIV-XV). Em outro ponto ela explica sobre o papel que os livros desempenharam para o ensino das artes liberais, com duração de seis séculos. Logo em seguida, esclarece quais são as características das duas grandes Escolas – a de São Vitor e a de Charles -, que foram destacadas nos sécs. XI e XII. O objetivo principal da autora, foi destacar no decorrer do texto os pontos importantes na transmissão das “artes liberais”. O “renascimento carolíngio” pretende recuperar os valores da Antiguidade greco-romana. Já na Idade Média, ele surge nas primeiras etapas da formação de um vasto movimento intelectual. A “escolástica”, abrange, segundo Fraille, autores distintos: dialéticos, como São Anselmo e Abelardo, místicos, como São Bernardo e Ricardo de São Vitor, já os humanistas, como João de Salisbury, os retóricos, como Guilherme d’Auvergne e teólogos, como São Boaventura e São Tomás de Aquino. Ainda segundo Fraille, Quintiliano aplicava o nome escolástico ao de “reitor ou professor de eloquência”; que foi durante o reinado de Carlos Magno, o termo indicava aquele que se encarregava em fazer a transmissão do saber nas escolas monásticas ou episcopais. Ele designou a “matéria” e o “modo” pelo qual se ensinava, passando, então, a servir de referência para a delimitação de uma teologia e filosofia escolásticas. Já em relação à filosofia, a escolástica não encontra uma definição tão clara, nomeadamente porque inexiste uma filosofia propriamente dita no mundo ocidental até o momento em que as obras de Aristóteles são recuperadas no séc. XII. Quatro etapas corresponderiam à escolástica medieval, destacando-se tanto a influência aristotélica quanto à platônica: a de “formação” (séculos IX-XI), a de “desenvolvimento” (século XII), de “apogeu” (século XIII) e a de “decadência” (séculos XIV-XV). Além do destaque dado à Sagrada Escritura, essas etapas giram em torno de uma especulação voltada prioritariamente para a existência de livros. São eles que permitem aos medievalistas a leitura e interpretação de sentidos presentes nos textos sagrados. Dito em outras palavras, tratava-se de um estudo que privilegiava o “conhecimento da revelação divina”, ao invés de uma investigação sobre “a natureza e a realidade das coisas exteriores”. Para este fim, conforme ocorria a recuperação da cultura greco-romana, a gramática, a retórica e a dialética foram sendo utilizadas como instrumentos técnicos. Fraille, ainda ressalta como o processo de incorporação adquire visibilidade durante a patrística, tornando-se típico da “Idade Média a partir do renascimento carolíngio”. A legitimidade dessa assimilação técnica relaciona-se, então, com as “artes liberais, especialmente a gramática e a dialética (séculos IX-XI)”, vinculando-se, em seguida, ao projeto de construção de uma teologia racional sob a recuperação integral dos escritos de Aristóteles. Em torno do valor dado aos livros, cresce a importância do aprofundamento dos procedimentos literários para melhorar o entendimento dos conteúdos desenvolvidos nos textos diversos. No século XI, Hugo de São Vitor, priorizava uma anatomia textual para que se pudesse alcançar uma compreensão mais adequada do que era lido. Assim procedendo, revelava-se o que se ocultava sob a aparência das coisas: suas essências. Daí, o valor que certos medievalistas, como São Isidoro, Honório de Autún e São Tomás de Aquino, atribuíam à busca das “etimologias das palavras”. Honório, utilizava o método dialético e silogístico e gostava também da alegoria e do simbolismo. Entende a filosofia como amor sapientiae e a divide em três partes: física, ética e lógica. Além disso, sua visão cosmográfica apresenta uma amostra significativa da imagem panorâmica do mundo na Idade Média. São Tomás de Aquino, lutou conta o averroísmo e lecionou a teologia, ele faleceu no mosteiro de Fossanova, entre Nápoles e Roma. Tinha apenas quarenta e nove anos de idade. À diferença do pensamento de Santo Agostinho, e em harmonia com o pensamento aristotélico, São Tomás considera a filosofia como uma disciplina essencialmente teorética, para resolver o problema do mundo. Considera também a filosofia como absolutamente distinta da teologia – não oposta –, visto ser o conteúdo da teologia arcano (misterioso) e passível de revelação, o da filosofia evidente e racional. A gnosiologia de São Tomás é empírica e racional, sem inatismos e iluminações divinas. Segundo ele, o conhecimento humano tem dois momentos, o sensível e o intelectual, e o segundo pressupõe o primeiro. É preciso claramente salientar que, na filosofia de Tomás de Aquino, a ‘espécie inteligível’ não é a coisa entendida, quer dizer, a representação da coisa, pois, neste caso, conheceríamos não as coisas, mas os conhecimentos das coisas, acabando, deste modo, no fenomenismo. Em sua época, Hugo de São Vitor organizou o estudo como um instrumento de ascese cristã a ser utilizado conjuntamente com os demais meios para o desenvolvimento da vida do espírito. Quatrocentos anos mais tarde, na época da Renascença, com o advento da educação a que se chamou de humanista, o estudo passou a ser utilizado somente como instrumento para a formação do caráter; se as escolas religiosas ainda orientavam os alunos a respeito da vida espiritual, esta orientação era algo paralelo ou acrescentado à escola e não tinha mais relação necessária com o estudo nela desenvolvido pelos alunos. Mais recentemente, principalmente nos dois últimos séculos, abandonou-se também o espírito da educação humanista e o objetivo mais importante do sistema escolar deixou de ser a formação do caráter do aluno para se tornar a aquisição de determinadas habilidades úteis para a sociedade ou exigidas pelo mercado de trabalho. A formação do caráter passou a ser buscada, de modo principal, indiretamente através da aquisição e do exercício destas habilidades. No mundo moderno, de fato, não é um conhecimento profundo da natureza humana que determina como a escola deve ser organizada, mas são as diferentes políticas de desenvolvimento e as diversas necessidades do mercado de trabalho que exigem um determinado número de profissionais habilitados que ditam as orientações das políticas educacionais. São Bernardo de Chartres, foi o primeiro mestre da Escola de Chartres, ensinou literatura latina clássica, e era amante das letras e dos escritores da Antiguidade Clássica, marcado por tendências humanistas. Segundo Etienne Gilson, Bernardo foi um grande professor preocupando-se sempre com a formação de seus alunos e sem se deter no aprofundamento de uma erudição inútil. Foi considerado, também, um "gramático", no sentido de que aproximava os domínios da gramática e da lógica. Os representantes da Escola de Chartres cultivavam os estudos clássicos e as artes liberais. Foram partidários de um ensino que girasse fundamentalmente em torno da manutenção da língua latina. Por esse caminho, julgavam imprescindível para o acabamento da ciência o aprendizado de recursos oriundos dos campos da gramática e da lógica. Adotaram, ainda, uma grande simpatia pelos escritos de filósofos da Antiguidade. Segundo a autora, no período da Idade Média, a responsabilidade era total da Igreja. As escolas funcionavam anexas as catedrais ou às escolas monásticas, muitas funcionavam nos monasteiros. A Igreja assumiu a tarefa de disseminar a educação e a cultura no medievoe o seu papel foi preponderante para o nosso legado contemporâneo. Por fim, o ensino baseava-se na leitura de textos e na exposição de ideias feitas pelos professores. Em suma, a Escolástica não era uma corrente que buscava compreender o mundo como os gregos fizeram outrora. Todavia, ela produziu conhecimento ao reafirmar o pensamento dominante da época e criar um complexo sistema Lógico que explicava o mundo sob a ótica religiosa. Indico o texto da autora Fabiana Muniz, que é rico em detalhes sobre os grandes agregadores de conhecimento, para todos os que estudam e trabalham na área de Pedagogia, Filosofia e Teologia.