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Sax e Metais 7mb PDF
Sax e Metais 7mb PDF
LEO GANDELMAN
Ele acumula mais de 20 anos de
carreira, prêmios e reconhecimento
no Brasil e no exterior
TOQUE MELHORGanc
com as aulas de David
nd (sax),
(flauta), Henrique Ba
e Michel
Rafael Velloso (sax)
Moraes (clarinete)
ABC DO BLUES
SUPERGUIA
com 16 exercícios para aprimorar sua técnica
CLARINETE,
FLAUTA, OBOÉ...
Tudo sobre o I Encontro
de Madeiras em Tatuí
E mais! Agenda de festivais em todo o Brasil
Entrevista exclusiva com o porto-riquenho David Sanchez
Esta revista apóia
Editor / Diretor
Daniel A. Neves S. Lima
Diretora de Redação
Regina Valente
MTB: 36.640
Editora Técnica
Débora de Aquino
Reportagem
Verena Ferreira
Revisão
Hebe Ester Lucas
Gerente Comercial
Eduarda Lopes
Administrativo / Financeiro
Carla Anne
Direção de Arte
Alexandre Braga
Impressão e Acabamento
Gráfica PROL
Fotos
Divulgação, Kazuo Watanabe,
Luis Garrido, Tiago Gracindo
EDITORIAL
Colaboradores
VIVA A DIVERSIDADE!
Deise Juliana, Marcelo Coelho, Marcio
Mazzi Morales (texto); César Albino
A
(teste saxofone); David Ganc,
Henrique Band, Michel Moraes
e Rafael Velloso (workshops)
cada edição de Sax & Metais, toda a equipe se reúne para definir as pautas que
Distribuição Nacional
levaremos até você. Discutimos a relevância dos assuntos, listamos nomes im-
para todo o Brasil
portantes para ilustrar nossas páginas e definimos o que entra ou não na sua
Fernando Chinaglia Distribuidora S/A
revista. É um trabalho de garimpo, avaliação e edição bastante complexo, porque nosso
Rua Teodoro da Silva, 907 • Grajaú
intuito é publicar o que há de melhor no meio musical e, especificamente, no de sopro.
CEP 20563-900 • Rio de Janeiro • RJ
Nesta edição não foi diferente. Posso afirmar, em nome de toda a equipe da revista,
Tel.: (21) 2195-3200
que fiquei muito satisfeita do começo ao fim dessas 52 páginas que você começa a ler
aqui. Primeiro, pela matéria de capa, realizada de forma magistral pela nossa editora Dé- Assessoria
bora de Aquino com Leo Gandelman, um saxofonista capaz de tocar, produzir, compor e Edicase Soluções para Editores
arranjar com a mesma maestria, e em diversas vertentes da música, do pop ao jazz. Sax & Metais (ISSN 1809-5410)
Na parte técnica, trazemos 16 exercícios para você entender e tocar melhor o blues, é uma publicação da
estilo musical tão difundido e cheio de macetes. Saiba sobre sua história, escalas e dicas Música & Mercado Editorial.
para se aperfeiçoar. Administração, Redação e Publicidade:
Trazemos também grandes nomes da música, como Rodrigo Bento, que após dez anos Rua Alvorada, 700 • Vila Olímpia
tocando com o ótimo Jota Quest, agora avança em carreira-solo, com muito sucesso; o CEP 04550-003 • São Paulo • SP • Brasil
estilo de Paulo Oliveira, e uma entrevista exclusiva com o porto-riquenho David Sanchez, Todos os direitos reservados.
um dos representantes da geração de young lions que, literalmente, abalou Nova York.
Temos ainda workshops, informações sobre festivais e análises de instrumentos e aces- Publicidade
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sórios. Está imperdível. Aproveite cada pauta, ou melhor, cada página!
saxemetais@musicamercado.com.br
Um abraço,
Tel./Fax: (11) 3567-1940 • 3846-4446
www.saxemetais.com.br
Regina Valente e-mail: ajuda@saxemetais.com.br
4
SAX & METAIS
JULHO / 2007
ÍNDICE
SEÇÕES MATÉRIAS
4 Editorial 16 PERFIL Paulo Oliveira 26 Madeiras nas orquestras:
8 Cartas Com o wind-synth, o saiba tudo o que aconteceu no
10 Live! instrumentista utiliza a Encontro de Madeiras, realizado
Shows, projetos e novidades do tecnologia para uma pelo Conservatório de Tatuí, que
universo do sopro intensa produção recebeu músicos de renome
14 Vida de músico (e evolução) musical nacional e internacional
Edu Amaral
18 CAPA Leo Gandelman,
36 Análises
um dos mais versáteis
Sax alto Condor
saxofonistas da atualidade,
Palhetas Vandoren Java e V16
que ainda produz, compõe
40 Vitrine
e faz arranjos com maestria.
41 Reviews Confira entrevista exclusiva.
Lançamentos de CDs
WORKSHOPS
42 Henrique Band (SAXOFONE)
Fusões rítmicas
6
SAX & METAIS
JULHO / 2007
ÍNDICE
SEÇÕES MATÉRIAS
4 Editorial 16 PERFIL Paulo Oliveira 26 Madeiras nas orquestras:
8 Cartas Com o wind-synth, o saiba tudo o que aconteceu no
10 Live! instrumentista utiliza a Encontro de Madeiras, realizado
Shows, projetos e novidades do tecnologia para uma pelo Conservatório de Tatuí, que
universo do sopro intensa produção recebeu músicos de renome
(e evolução) musical nacional e internacional
14 Vida de músico
Edu Amaral
18 CAPA Leo Gandelman,
36 Análises um dos mais versáteis
Sax alto Condor saxofonistas da atualidade,
Palhetas Vandoren Java e V16 que ainda produz, compõe
40 Reviews e faz arranjos com maestria.
Lançamentos de CDs Confira entrevista exclusiva.
WORKSHOPS
42 Henrique Band (SAXOFONE)
Fusões rítmicas
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SAX & METAIS
JULHO / 2007
CARTAS
Fale com a Sax & Metais: envie suas dúvidas e sugestões para:
ajuda@saxemetais.com.br ou escreva para: Rua Alvorada, 700
Vila Olímpia • CEP 04550-003 • São Paulo • SP • Brasil
Surpreendente Revista nas bancas Anotamos aqui seu pedido e continue acompa-
O que dizer de uma revista que a cada mês Gosto muito da revista, que sempre traz nhando a revista, que em breve teremos novidades
vem surpreendendo com matérias inte- matérias úteis para o nosso dia-a-dia musi- a respeito. Abraços!
ressantes e relevantes para nós, músicos e cal. Continuem assim! Mas por que às vezes A redação
instrumentistas de sopro. Só tenho a dizer: ela demora para chegar às bancas?
meus parabéns! Paulo Antunes SAX & METAIS NO ORKUT
Tom Silva São Paulo, SP
São Paulo, SP Para saber informações da revista e trocar
Olá, Paulo idéias com outros músicos de sopro, parti-
Fora do eixo Obrigada pelos elogios. Quanto às bancas, de cipe da comunidade da Sax & Metais no
Fiquei muito feliz com a matéria sobre meu fato tivemos alguns atrasos, mas nossa equipe Orkut - http://www.orkut.com/Community.
trabalho e espero conhecer outros artistas que, já resolveu esse problema e pode ter certeza de aspx?cmm=12315174. Já são mais de 1.300
como eu, não são do eixo RJ-SP e têm uma que você encontrará sua revista nas bancas to- integrantes que enviam comentários sobre
produção fonográfica autoral. Tudo por meio dos os meses. Um abraço! instrumentos, músicas, críticas e sugestões
da revista. Vida longa e muito som! A redação para fazer a revista cada vez melhor. l
Márcio Menezes
Teresina, PI Série Harmônica
Gostaria de sugerir uma que a Sax & Metais
Lea Freire nos premiasse com uma série sobre progres-
Muito boa a entrevista com essa ótima musicis-
são harmônica e técnicas como vibrato, etc.
ta. Aprendi muito com tudo que ela relatou, e
Gilvane Rosa
toda experiência que ela passou por meio dessa
Angra dos Reis, RJ
reportagem. Obrigada à revista por nos presen-
tear com matérias assim! Olá,Gilvane
André Souza Obrigada pela sua sugestão, sem dúvida é um
Salvador, BA assunto que interessa a todos os músicos de sopro.
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CARTAS
Fale com a Sax & Metais: envie suas dúvidas e sugestões para:
ajuda@saxemetais.com.br ou escreva para: Rua Alvorada, 700
Vila Olímpia • CEP 04550-003 • São Paulo • SP • Brasil
Lea Freire trabalho e espero conhecer outros artistas que, ela demora para chegar às bancas?
Muito boa a entrevista com essa ótima musicis- como eu, não são do eixo RJ-SP e têm uma Paulo Antunes
ta. Aprendi muito com tudo que ela relatou, e produção fonográfica autoral. Tudo por meio São Paulo, SP
toda experiência que ela passou por meio dessa da revista. Vida longa e muito som!
Olá, Paulo
reportagem. Obrigada à revista por nos presen- Márcio Menezes
Obrigada pelos elogios. Quanto às bancas, de
tear com matérias assim! Teresina, PI
fato tivemos alguns atrasos, mas nossa equipe
André Souza Revista nas bancas já resolveu esse problema e pode ter certeza de
Salvador, BA Gosto muito da revista, que sempre traz que você encontrará sua revista nas bancas to-
matérias úteis para o nosso dia-a-dia musi- dos os meses. Um abraço!
Surpreendente cal. Continuem assim! Mas por que às vezes A redação
O que dizer de uma revista que a cada mês
vem surpreendendo com matérias inte-
ressantes e relevantes para nós, músicos e
instrumentistas de sopro. Só tenho a dizer:
meus parabéns!
Tom Silva
São Paulo, SP
Série Harmônica
Gostaria de sugerir uma que a Sax & Metais
nos premiasse com uma série sobre progres-
são harmônica e técnicas como vibrato, etc.
Gilvane Rosa
Angra dos Reis, RJ
Olá,Gilvane
Obrigada pela sua sugestão, sem dúvida é um
assunto que interessa a todos os músicos de sopro.
Anotamos aqui seu pedido e continue acompa-
nhando a revista, que em breve teremos novidades
a respeito. Abraços!
A redação
Fora do eixo
Fiquei muito feliz com a matéria sobre meu
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LIVE!
Aqui você confere a agenda de
shows e encontros de músicos
em todo o Brasil e fica
antenado com as novidades
do mundo do sopro
TESTE
A s diversas manifestações
do jazz contemporâneo se
NOVIDADE
reúnem em Manaus de 25 a 29
de julho, durante o 2º Festival
Amazonas Jazz, uma promo-
ção do Governo do Estado.
ESTÚDIO TECNOLOGIA
O I Fórum PlanetaBandas foi realizado de 1º a 3 de junho e teve apoio de vários maestros e re-
gentes de bandas e fanfarras. Cerca de 750 pessoas participaram do evento, que é inédito para
o segmento e que trouxe diversos debates culturais. Entre os principais estava uma palestra com
O Festival de Inverno de Pedro II rea-
lizou sua quarta edição entre os dias
7 e 10 de junho em Pedro II, que fica a
Rose Melsburguer sobre como formatar projetos para captação de recursos. O palestrante Nivaldo 195 quilômetros de Teresina, capital do
Percival também falou sobre os aspectos básicos da legislação de apoio à cultura. E na parte mais Piauí. Nomes como Derico, JJ Jackson,
prática do fórum, Márcia Helena Duque e os coreógrafos Alemão e Polini discorreram sobre os Yamandu Costa, Hamilton Holanda e
elementos coreográficos de linhas de frente e balizas. Para complementar a parte prática, Silvio Luiz Osvaldinho do Acordeon marcaram pre-
de Oliveira falou sobre as noções de arranjos, a escolha de repertório, a instrumentação e a formação sença no evento com shows gratuitos. Do
do grupo em fanfarras. E para falar sobre a Internet como meio de informação e marketing, o editor Piauí, os artistas Sérgio Mattos & Bumba
do site do PlanetaBandas, Marcio Mazzi Morales, também esteve presente. Para completar o I Fó- Trio, Ockteto, Italo e Renno e Trombone
rum PlanetaBandas, o público & Cia também deram um show no festi-
pôde conferir shows musicais val. Além da programação com os nomes
com o Coral Itaquaquecetu- do jazz e do blues, o clima agradável e o
ba e com o Grupo de Metais potencial turístico da cidade serrana ga-
da Banda Marcial Sênior do rantiram o sucesso do evento. Segundo a
Colégio Santa Isabel. Com o assessoria de imprensa do festival, estima-
sucesso da primeira edição do se que cerca de 10 mil turistas passaram
evento, a organização já mar- pelo local em decorrência do evento, que
cou a próxima para setembro trouxe também atrações do artesanato, da
de 2008 e promete novidades. gastronomia e da cultura, além dos sho-
Para mais informações, fique ws musicais. O IV Festival de Inverno de
atento ao site www.planeta- Pedro II é uma realização do Sebrae com
bandas.com.br. l apoio do Governo do Estado. l
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SAX & METAIS
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LIVE!
Rodrigo Veiga (bateria), Henrique Branco (teclado) e Leonardo Mi- (baixo), Henrique Branco (teclado) e Rodrigo Veiga (bateria)
randa (baixo), o Caixa Acústica planeja vôos mais altos. “Recebemos
convites para tocar na França, Alemanha, EUA e Portugal. Estamos
vendo o que de melhor será possível fazer para conciliar todos os
ESTÚDIO TECNOLOGIA
AS NOVAS TRAVESSURAS
DE EINHORN
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SAX & METAIS
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Marcelo Coelho no Siena Jazz Imortalizados também
na Internet
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SAX & METAIS
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Marcelo Coelho no Siena Jazz Imortalizados também
na Internet
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SAX & METAIS
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FESTIVAL COMEMORA DEZ ANOS
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SAX & METAIS
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JOVENS TALENTOS
Vida de Músico POR DÉBORA DE AQUINO FOTO: HENRIQUE SOUSA
EDU AMARAL
O
mais novo integrante da
banda Placa Luminosa se
prepara para o lançamento
do seu primeiro CD-solo
Sua trajetória musical começou em Vali-
nhos, interior de São Paulo, e não exatamente
JOVENS TALENTOS: POP, SMOOTH E JAZZ COM SWING BRASILEIRO
Carlos de Campos, de Tatuí, com Vinícius cilmente encontrada, mas alguns cuidados meus saxofones são revisados e regulados
Dorin. Mais tarde, em São Paulo, convivi devem ser tomados nesse sentido. Percebo lá. As palhetas que uso são específicas e
com o Manito, com quem adquiri muita muitos iniciantes tentando estudar sozi- não existem em outra loja no Brasil”.
presença de palco, graças às oportunidades nhos com o material que baixam em diver- Sideman: “Placa Luminosa é uma
LIVE!
que ele me deu”. sos sites, adquirindo, assim, muitos vícios e banda diferenciada das outras justamente
Influências: “Wilson Teixeira foi meu estudos avançados demais para o nível em pelo alto nível instrumental. Tenho muitas
espelho durante anos. Léo Gandelman foi que se encontram. O músico que possui possibilidades de solos, praticamente em
o caminho por onde tudo começou. Gosto um objetivo e procura orientação de bons todas as músicas, então revezo com o pia-
da forma rica e consciente com que ele de- profissionais tem a possibilidade de uma no do Eric Escobar ou a guitarra do Ribah
senvolve seus improvisos, encaixando frases formação mais sólida”. Nascimento. Existe muita liberdade de
de bom gosto nas harmonias. Manito foi a Endorser: “Sou amigo do João Cuca criação dentro dos arranjos. Muitas vezes
grande referência em meu lado sideman”. há muitos anos e endorser de sua empresa, transformamos músicas simples, como Es-
Estilo: “Gosto do som um pouco mais paço na Van, do Ed Motta, em um samba
escuro no sax, com mais graves. Tenho SETUP DE EDU AMARAL ou jazz totalmente instrumental, fazendo
uma influência direta do som do Grover com que sempre exista a interação entre o
Instrumentos
Washington Jr., do peso no timbre do sax. solista e o sideman”.
• Sax Alto Conn Lady Face 1935, boqui-
Ouço muito soul, smooth – esse estilo me CD-solo: “Meu CD foi gravado nos
lha Beechler custom #7 e Barkley S10S,
fascina – e procuro focar meus objetivos estúdios Sapo, em Valinhos. O repertório
palheta Légère 2¼”.
sem pensar em rótulos. Meus CDs de ca- foi todo autoral. Contei com a participa-
• Sax Tenor Conn Director 1960, boquilha
beceira têm Grover Washington Jr., Gary ção de diversos compositores, com exce-
Otto Link NY STM 8, palheta Alexander
Bias, do EW&F, Gerald Albright, Maceo ção da última faixa, uma regravação com
Superial 2¼”.
Parker. Tive uma fase Eric Marienthal tam- um arranjo mais atual. O álbum possui
• Sax Soprano Winstom customizado pela
bém. Gosto muito de um músico brasilei- dez faixas, entre elas, samba rock, shuffle,
Ébano, boquilha N modelo David Lib-
ro que é o Lincoln Olivetti. Um dos seus smooth e balada. Contei com a participa-
man 8, palheta Alexander Superial 2.
melhores CDs é o Robson Jorge e Lincoln ção dos músicos Eric Escobar, Ary Nas-
Olivetti, de 1982. É um som muito atual, Acessórios cimento, Ribah Nascimento e Luizão,
os arranjos dos naipes muito bem escritos, • Microfone AKG WMS 40 UHF, plugado todos do Placa Luminosa, além de Victor
harmonias complexas e muito bom gosto. num rack com um processador de efeitos Marcellus, Edu Longuin e Bruno Brito.
Se os americanos têm Quincy Jones, nós Behringer DSP2024 Pro e um processa- O disco está em fase de masterização,
temos Lincoln Olivetti”. dor de vozes Vocalist 2, controlados por realizada pelo Valter Lima nos estúdios
Música e Internet: Acredito que hoje a um foot controller Roland GF50 e um Mosh, com previsão de lançamento para
formação do músico brasileiro é muito mais pedal de volume FC100 Behringer. o próximo semestre”. l
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Tecnologia e
procurasse perceber a estética e as demandas de cada estilo, e
me fez desenvolver uma grande versatilidade”, comenta.
Na música popular, atuou e gravou com diversos artistas,
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Rodrigo
Bento
E
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CINCO MINUTOS COM
> Quantos anos você tinha? vamos. Isso por causa das execuções ao vivo, SOPRO MÁGICO
Comecei por volta dos 14, e com 15 para 16 de covers. Quando precisava de algum arran- Rodrigo Bento montou um naipe de sopros,
eu já tocava. jo, eu chegava com alguma coisa, o trompe- junto do ex-companheiro de Jota Quest, o
tista era o Paulinho (Paulo Márcio, hoje do trompetista cubano Jorge Seruto. “Temos
> Por que você foi para Belo Horizonte? Skank), que também escrevia. Ele acabou gravado muita coisa na área da música
Assim que saí de Salvador, prestei vestibular saindo e eu comecei a escrever mais por ne- gospel, apesar de não sermos evangéli-
para bacharelado em saxofone na Universidade cessidade mesmo. Com isso, ganhamos espa- cos”, conta. O nome surgiu inspirado no
Federal de Minas Gerais. Na época, só havia ço. Com o tempo, a porcentagem do naipe de que acontece nos Estados Unidos, em que
esse curso e outro em Brasília. O da UFMG fora que participava foi diminuindo. O disco os músicos batizam o conjunto de sopros,
era conduzido por um professor de técnica que Oxigênio (o penúltimo da banda) foi o divi- a exemplo do naipe de Phil Collins, o Phe-
até hoje está lá, o Dílson Florêncio, para mim, sor de águas: gravamos metade com o naipe nix Horns. “É uma maneira de identificar
um músico no mesmo nível dos grandes no- do Ed Motta, que era o Jessé Sadoc, o Lelê, um naipe que faz sempre trabalhos jun-
mes da música clássica mundial. o Audivas e o Vitor Santos, e a outra metade tos”, explica o saxofonista, que colocou o
era o Serginho do Trombone, o Bidinho e o nome Magic Horns no seu naipe por cau-
> Como conheceu o pessoal do Jota Quest? Zé Carlos. A partir daí, era só o naipe do Jota sa da tecnologia. “Somos em dois músicos,
Assim que cheguei a Minas, comecei a tocar Quest que gravava e escrevia os arranjos. mas na hora em que utilizamos recursos
muito na noite. Aliás, noite em BH é impres- de computador, tudo dobra e parecemos
sionante. Era a época em que o Skank estava > Que trabalhos tem feito atualmente? muitos, como uma mágica”, diz.
começando, tinha realmente muito trabalho. Toquei com a banda Black Rio durante uma
Eu tocava com muitos artistas locais, fazia co- temporada no Bleecker St., e com outros grupos a escrever mais. Utilizando a facilidade da tecno-
vers. Fiz também algumas peças eruditas como também e comecei a explorar mais o meu lado logia, aprendi que não é necessário ter um naipe
O Americano em Paris¸ Rhapsody In Blues, do de arranjador. Na Black Rio eu não fiz nada, os grande para fazer um ‘som grande’, basta ter um
G. Gershwin, com a Orquestra do Estado e arranjos já estavam prontos, eram do Willian bom arranjo e uma boa execução. A partir disso
também gravava muito. Aos poucos comecei a Magalhães. Mas, por influência disso, comecei dá para fazer dobras sucessivas e em cima des-
dar aulas. Fui para uma famosa escola america-
na chamada Pró Music e neste ano em que fui
para lá, eles queriam fazer um festival. Queriam
mostrar para o público o trabalho que era feito
lá dentro. Escolheram um lugar emblemático
de Belo Horizonte chamado Bar Nacional,
muito famoso na época. O Rogério Flausino,
do Jota Quest, foi tocar uma música com a
gente, chamada Fé Cega, Faca Amolada. Passa-
dos alguns dias, o guitarrista Marco Túlio me
ligou, falou que tinha me visto tocar no festival
e me perguntou se eu tinha interesse em tocar
com eles. Eles nem eram conhecidos ainda, fui
ao show, gostei. Na semana seguinte comecei a
tocar na banda. Seis meses depois eles assinaram O saxofonista vem
com a Sony Music, foi muito rápido. desenvolvendo um
trabalho que mescla
> Como era a sua participação? tecnologia com metais em
Nos primeiros discos, nós do naipe não gravá- seu naipe Magic Horns
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SAX & METAIS
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O que dizer de um músico que, até
2007, já vendeu mais de 90 mil
cópias de seu terceiro disco-solo? Estamos
falando de Solar, de 1990, que rendeu a
Leo Gandelman cinco indicações para
o Prêmio Sharp, marca histórica em se tratando
de música instrumental. Mas, para chegar aonde
chegou, o saxofonista trilhou um longo caminho.
Saxofonista, compositor, arranjador e produtor, iniciou
os estudos como a maioria dos músicos, ainda criança,
e tudo começou dentro de casa.
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SAX & METAIS
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LEO GANDELMAN
Artista da criação
que se espelha no
TESTE
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CAPA LEO GANDELMAN
estava no lugar certo na hora certa. Já encon- > Qual é a sua visão do saxofone na músi- esse ano pelo selo Rádio MEC. Saiu em CD
trei muita gente que se considera influenciada ca erudita? comercialmente em homenagem ao centená-
pelo meu trabalho e isso é uma grande recom- O sax é um instrumento moderno dentro rio do Radamés e fizeram um DVD também.
pensa para mim. da música erudita, e o repertório que existe Esse disco é composto por quatro concertos
não é muito extenso, principalmente o re- realizados no Teatro Municipal do Rio de Ja-
> Como foi sua trajetória até a grava- pertório com orquestra. É um instrumento neiro: tem a Sinfonia Popular, o Concertino
ção do primeiro disco-solo em 1987, Leo solista por excelência e os concertos que exis- para Sax Alto e Orquestra de Câmara, que eu
Gandelman? tem para ele são lindíssimos. Eu não tenho gravei como solista, o Concerto para Violino e
Em 1977 fui estudar sax, arranjo e composição condições de manter embaixo do dedo todo Orquestra, gravado pela Antonella Pareschi, e
na Berklee College of Music, em Boston. Re- o repertório que existe. Aos poucos vou de- o Concerto para Orquestra de Cordas.
tornei ao Brasil em 1979, quando iniciei mi- senvolvendo concertos e incorporando-os ao
nha carreira profissional. Como a maioria dos meu repertório. Hoje tenho a Fantasia para > A partir desses trabalhos surgiu a idéia
músicos, comecei em bailes na noite e depois Saxofone e Orquestra, do Villa-Lobos, a Rap- de gravar Radamés e o Sax, seu mais re-
acompanhando diversos artistas em gravações e sódia para Orquestra e Sax Alto, de Claude cente CD?
ao vivo. Tive a chance de trabalhar com estilos Debussy, o Concertino para Sax Alto e Or- O projeto surgiu por ocasião da comemoração
musicais variados e observar o funcionamento questra, do Radamés Gnattali – que, aliás, foi do centenário do nosso grande maestro Rada-
do meio. Trabalhei em naipe de sopros com gravado com a Orquestra da Petrobras, sob més Gnattali. O Henrique Cazes, diretor mu-
Serginho Trombone, Márcio Montarroyos, regência de Isaac Karabtchevsky e lançado sical do projeto, me apresentou uma série de
Zé Carlos Bigorna, Bidinho e Oberdan. Mais
tarde trabalhei também como solista, depois
arranjador e produtor. Como produtor, fiz o
disco Plural, da Gal Costa, Virgem, de Marina
Lima, Jogo de ilusões, de Nico Rezende, além de
todos os meus discos.
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SAX & METAIS
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LEO GANDELMAN
Artista da criação
idéias e a partir daí fomos chegando às conclu- missos, concertos, projetos, shows. Então, ora
sões. Os arranjos são todos praticamente origi- estou estudando um concerto, ora jazz. Procuro
nais, com pequenas adaptações — o Radamés me desenvolver o máximo possível. Também
já dizia tudo! Foi um trabalho muito feliz. Ga- estou estudando harmonia, tendo aulas parti-
nhamos o Prêmio Tim 2007 de Melhor Disco culares com o Vittor Santos para melhorar esse
Instrumental e foi gravado no meu estúdio. É aspecto, que é fundamental para quem quer
um disco dividido em três momentos: sax alto, conhecer a música por inteiro. Não tenho uma
LEO GANDELMAN – ARTISTA DA CRIAÇÃO
TESTE
sax tenor e naipes. Fizemos um levantamento agenda muito metódica, não sou muito discipli-
das obras mais marcantes do Radamés escritas nado, mas procuro estar sempre estudando e me
para sax. No disco gravamos pela primeira vez a desenvolvendo. No momento estou me fixando
Brasiliana #7 com quinteto, porque até hoje só mais na questão harmônica para poder ampliar
CAPA
ser um estudo espetacular para sax tenor. cesso de trabalho como compositor e como
arranjador?
> Além de todos os seus trabalhos, você ainda Não existe uma regra. Em composição, pode-
tem um estúdio? se começar por meio de uma levada rítmica,
Tenho um estúdio muito legal no Rio, o Zaga uma idéia harmônica ou uma melodia. A com-
Music. É um estúdio comercial, com cinco posição é trabalho, exercício. Como disse Stra-
salas. No site www.zagamusic.com.br dá para vinsky, 90% transpiração e 10% inspiração!
REVIEW
tica. As salas são interligadas e a idéia é fazer coisa de que gosto muito. Poder entrar em
gravações ao vivo. Há poucos estúdios assim. contato com os alunos, falar das minhas expe-
As pessoas estão cada vez mais limitadas a essa riências e da carreira. Também penso em dar
coisa de computador, eu vou no sentido con- aulas, estou me organizando para isso. Quero
trário. Acredito que o ‘ao vivo’ é o presente e o desenvolver meu próprio método, mas isso é
futuro da música, o trabalho fica pronto mais uma coisa que ainda estou internalizando.
rápido, e isso ajuda muito, já que os orçamen- Além do
tos não são elevados. Então, quanto mais rápi- domínio técnico > No momento está trabalhando em algum
do um disco for gravado, melhor. do saxofone novo projeto?
e da flauta, Tenho feito concertos clássicos divulgando
> O que o levou a trabalhar com produ- Gandelman é Radamés e o Sax. Com o meu trio, shows do
ção musical? reconhecido repertório do CD Lounjazz, meu primeiro
Isso foi algo natural. Comecei tocando em nai- pelo trabalho independente. Estou fazendo também a trilha
pes de sopro, depois fui me destacando como como incidental da novela Vidas Opostas, trilhas para
solista, depois como arranjador para sopros e produtor e o programa Globo Ciência e produzindo algu-
finalmente entrei para a produção. Meu pai era compositor mas faixas para o disco Berimbaum, da cantora
produtor de discos, tinha uma orquestra, a Se- Paula Morelembaum.
renata Tropical, gravou também um disco cha- DISCOGRAFIA
mado Saxambistas Brasileiros, era um conjunto > Apesar do caos cultural que vivemos no
Leo Gandelman (Polygram, 1987)
de sax. Desde pequeno convivo muito com País, como você avalia o espaço para a músi-
essa questão da produção. Quando comecei a Ocidente-Western World (Polygram, 1989) ca instrumental brasileira?
tocar, em 1987, o que eu queria era ser músico Solar (Polygram, 1990) Acho que o público não agüenta mais a mes-
de estúdio. Meus primeiros dez anos de carreira Visões (Polygram, 1991) mice e precisa de variedade. O Brasil é um país
foram voltados a isso. Fazia shows ao vivo tam- continental de cultura pluralista. Existe lugar
Made in Rio (Polygram, 1993)
bém, mas não era a principal atividade, o foco para tudo e a prova disso são os festivais que es-
era o estúdio. Tenho participações em mais de Pérolas Negras (1997) tão acontecendo até durante o Carnaval, como
800 CDs, parei até de fazer contas. Brazilian Soul (Dubas/Universal, 1999) o Goyaz Jazz Festival, em Goiânia, do qual par-
Leo Gandelman Ao Vivo – CD e DVD ticipei este ano, e o Guaramiranga Jazz&Blues,
> Você ainda tem uma rotina de estudo? (EMI, 2002/2003) em Fortaleza. Nem todos querem a mesma
Infelizmente não, porque viajo muito e não te- Lounjazz (Saxsamba, 2005) coisa. Sou a favor da democratização e da seg-
nho muita regra em minha vida. Vou estudando mentação do espaço cultural, bem como da
Radamés e o Sax (2006)
de acordo com a necessidade, com os compro- valorização da produção local.
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SAX & METAIS
JULHO / 2007
O poder das madeiras
nas orquestras
Evento inédito atraiu pela
qualidade de palestras e concertos
e contou com a participação de
artistas internacionais, como o
MADEIRAS DE TATUÍ
ENCONTRO DE
POR DEISE JULIANA DE OLIVEIRA, DE TATUÍ
da Orquestra
pedagógica. Segundo os coordenadores Juliano de Arru-
Sinfônica Paulista
MERCADO DE TRABALHO
O foco do encontro foi a formação do instrumen-
tista de madeira e sua preparação para o mercado de
trabalho. Músicos profissionais e amadores e estudantes
de todos os níveis estiveram presentes. Integrantes de
bandas, orquestras, cameristas e solistas tiveram espaço
para desenvolver seus talentos. Dentro das salas de aula,
a troca de informações foi constante. “Consegui dicas
importantíssimas para a minha formação”, disse Julio
Almeida, um dos fagotistas participantes do encontro.
Além das masterclasses tradicionais, o evento contou
com aulas do pouco convencional Leonardo Fuks. O
carioca PhD em Física ensinou sobre a fabricação de
instrumentos simplificados e mostrou, de forma diverti-
da, como um simples cano de construção pode se trans-
formar num ‘instrumento’. Foi interessante também
porque, durante as aulas, ele fez demonstrações.
No palco, as atrações superaram qualquer expecta-
tiva. O Quinteto Villa-Lobos, reconhecido pela sim-
patia e qualidade, abriu o show. O Quinteto Madeira
de Vento mostrou o melhor da música brasileira e o
Cristiano Alves, trio formado por profissionais da Osesp – Peter Apps,
da Orquestra Sérgio Burgani e Francisco Formiga – mostrou alta ca-
Sinfônica Paulista pacidade técnica.
ENCONTRO DE MADEIRAS DE TATUÍ O PODER DAS MADEIRAS NAS ORQUESTRAS FIM
TALENTO ITALIANO
Para os artistas, o encontro foi impor-
tante pela variedade de profissionais e ama-
dores da música que estiveram presentes.
“Fiquei fascinado. Tenho alunos de 8 anos Toninho
de idade até profissionais que tocam há bas- Carrasqueira,
tante tempo. Fico impressionado com o in- da Orquestra de
teresse”, disse Phillip Doyle, integrante do Flautas Brasileira
Quinteto Villa-Lobos.
Uma das principais atrações, o italiano
Raffaele Trevisani, ressaltou o estilo pe-
culiar dos brasileiros como ‘fundamental’
para o sucesso do evento. “Um encontro
como este só tem a acrescentar, tanto aos
alunos quanto aos professores”, comentou
o flautista.
Para Max Ferreira, um dos coordena-
dores, o encontro de instrumentos original-
mente construídos de madeira e com menor
projeção sonora dentro de um grupo or-
questral é rico pelos timbres diversificados.
“Eles exploram repertório de diversas épo-
cas e são instrumentos com menor poder
27
SAX & METAIS
JULHO / 2007
16
Por Débora de Aquino
exercícios para
entender
o blues
A palavra blue, em inglês, significa tristeza e lamento. Tem,
realmente, tudo a ver com a origem desse estilo musical, que
surgiu por volta de 1600, quando os primeiros navios negreiros norte-ame-
ricanos saíram para trazer mão-de-obra escrava da África para os Estados Unidos.
Ao chegar à costa americana, os escravos foram trabalhar nas mais próximo da forma que conhecemos hoje. No início, era uma
lavouras de algodão, milho e tabaco, enquanto outros se dirigi- música essencialmente vocal, que falava justamente das tristezas de
ram para a região do delta do Mississippi. A saudade que eles um povo, seguindo a própria tradução da palavra. Depois, os instru-
sentiam de sua terra natal, aliada à forte cultura folclórica africa- mentos pouco a pouco foram incorporados: primeiro, o banjo, que
na, deu origem aos chamados cantos de trabalho ou worksongs, acompanhava a voz, e instrumentos de percussão, como o djembe.
em inglês. Nada mais eram do que versos de lamento, vocais O banjo foi então substituído pela guitarra e por instrumentos capa-
entoados por uma voz e respondidos em coro pelas demais. zes de reproduzir as características da voz humana, caso da harmôni-
Passado um século dessa primeira manifestação, e com certa ca (gaita) e da própria guitarra ‘chorada’, que utiliza recursos que se
assimilação e influência da cultura branca, começa a surgir o blues aproximam do som de um gemido humano.
PARTE 1
FÓRMULA BÁSICA DE BLUES
Para expressar suas emoções por meio das letras das mú- não tinham qualquer noção de teoria musical, ela encontrou,
sicas, os escravos utilizavam versos muito simples que lhes em si, uma estrutura harmônica baseada em progressões de
permitiam improvisar enquanto faziam as melodias. Assim, acordes sempre fixas, e bem conhecidas dos bluseiros, que são
o blues foi assumindo uma forma de 12 compassos, dividi- capazes de tocá-la de maneira quase automática. Em sua for-
dos em três versos de quatro compassos cada um. Como esse ma original, a fórmula de blues possui somente três acordes, o
padrão se originou de maneira nada formal, por pessoas que I, o IV e o V graus de uma tonalidade. A progressão básica é:
Com base nessa progressão de acordes, o blues pode ser mais tradicionais e, em uma jam session, fatalmente al-
tocado em qualquer tonalidade, mas algumas tornaram-se guém irá sugerir um blues em Fá.
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SAX & METAIS
JULHO / 2007
Fórmula básica de blues em Fá maior:
A esses acordes da fórmula básica, acrescentamos a sétima bora não estejam funcionando como tal, já que não resolvem
menor, transformando todos eles em acordes dominantes, em- em um acorde de tônica. Então, a fórmula básica passa a ser:
Em Fá maior:
PARTE 2
VARIAÇÕES HARMÔNICAS A PARTIR DA FÓRMULA BÁSICA
Com o passar do tempo, os músicos de jazz se apropria- é conhecida como jazz blues para ser diferenciado do blues
ram do blues e passaram a modificar sua estrutura básica, so- tradicional praticado pelos bluseiros. A seguir, a estrutura har-
fisticando a harmonia. Essa mudança na estrutura, por vezes, mônica de um jazz blues:
Em Fá maior:
Podemos criar uma série de novas estruturas a par- standards. Se fizermos uma análise harmônica, iremos
tir da fórmula básica. Essas progressões aceitam mui- descobrir que essas alterações nada mais são que as
tas substituições de acordes; a primeira variante cita- mesmas progressões com o uso de extensões de cadên-
da acima é a mais comum, e serve para uma série de cias e acordes substitutos.
PARTE 3
ESCALA DE BLUES
Depois da escala maior (jônica), as escalas de blues mos com cada mudança de acorde.
são as mais indicadas para a iniciação à improvisação. A Para construir a escala de blues, vamos nos basear em uma
grande sacada dessa escala é que ela pode ser tocada sobre escala maior natural e respeitar a seguinte seqüência de notas:
os 12 compassos da estrutura do blues, sem ter de evitar primeiro grau, terceiro grau menor, quarto grau, quarto grau
nenhuma nota. Poder ‘ignorar’ a harmonia é uma das fa- aumentado, quinto grau e sétimo grau menor, portanto: I,
cilidades que essa escala oferece, sem que nos preocupe- IIIb, IV, IV#, V e VIIb.
A partir dessa escala, é possível criar muitas linhas me- sonoridade, toque essa escala para sentir como, por si só,
lódicas, e o mais interessante é que essas melodias soarão apenas melodicamente, ela já tem uma forte característica,
muito bem dentro da estrutura do blues. Uma das carac- um jeito de blues.
terísticas melódicas mais atraentes desse estilo musical é o Aqui, vale a pena falar sobre a escala pentatônica. Ela
fato de podermos tocar a terça menor e a quarta aumentada pode ser maior ou menor e possui, como o próprio nome diz,
sobre os acordes maiores da progressão. Isso gera um ‘cho- apenas cinco notas. A pentatônica maior é derivada da escala
que’ melódico que caracteriza o blues: essas notas (3ª menor maior natural, e os graus IV e VII são eliminados. A menor, a
e 4ª aumentada) são as chamadas blue notes. Se você já está que mais nos interessa em se tratando de blues, é derivada da
acostumado a ouvir blues, ou se tem alguma noção de sua escala menor natural, eliminando-se os graus II e VI.
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SAX & METAIS
JULHO / 2007
16 exercícios para entender o blues
BLUES
A escala de blues é muito parecida com ela. Observe que é (IV#) acrescentado. Assim, também podemos usar as escalas
uma escala pentatônica menor com o quarto grau aumentado pentatônicas menores em nossos improvisos em blues.
DÉBORA DE AQUINO - 16 EXERCÍCIOS PARA ENTENDER O BLUES
TESTE
PARTE 4
COMEÇANDO A IMPROVISAR
ESTÚDIO TECNOLOGIA
Para começar a sentir o blues, é importante ter no ouvido Dó (sem transposição), instrumentos transpositores em Bb e
a sonoridade de suas progressões. Para isso, sugiro que você Eb, e ainda instrumentos em clave de Fá.
comece tocando apenas as tônicas dos acordes, depois as trí- Exercícios:
ades. É muito interessante que esses exercícios sejam pratica- 1 Com o playback base, na tonalidade de Fá maior, toque
dos tendo um playback como base. Como material de apoio, apenas os primeiros graus (I) dos acordes.
indico o Volume 42 – Blues, da coleção Jamey Aebersold, 2 Quando entender a evolução dos acordes, passe a tocar
que vem com CD e pode ser utilizado para instrumentos em as tríades.
REVIEW
LIVE!
Seja honesto consigo mesmo nessa fase inicial de estudos, e 1 Utilize repetição de notas brincando com o aspecto rítmico.
tenha consciência de passar para a próxima etapa quando a so- 2 Pense em frases com poucas notas, de preferência usando mí-
noridade das progressões estiver bem aprendida. Então, é hora nimas e semínimas.
de começar a trabalhar com a escala de blues. Comece a tocar 3 Aos poucos, tente fazer frases com colcheias e tercinas.
somente a escala, nota a nota, em cima do playback base. 4 Use repetição de padrões rítmicos utilizando a escala nos sen-
1 Sinta a sonoridade dessa escala. tidos ascendente e descendente.
2 Ouça como ela soa bem em toda a extensão dos 12 5 Não saia tocando qualquer coisa. Pense na métrica e procure
compassos. fazer frases de dois ou quatro compassos; dessa forma, suas
3 Experimente também tocar a escala pentatônica menor des- idéias terão começo e fim.
crita acima para sentir a diferença entre elas. Todos os exemplos a seguir estão na tonalidade de Fá maior.
Escolha alguns para transportar e praticar em outras tonalida-
Exercícios: des. Com a prática, você conseguirá criar os seus próprios pa-
A seguir, alguns exemplos de licks (patterns, frases) de blues drões. Tente escrevê-los, é um ótimo exercício, depois transpor-
e algumas dicas para que você crie os seus próprios. te-os para outras tonalidades.
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SAX & METAIS
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BLUES DÉBORA DE AQUINO FIM
RESUMO
1 O blues possui uma estrutura métrica invariável de 12 compassos. 3 Uma mesma escala pode ser tocada ao longo dos 12 com-
2 As progressões harmônicas também não variam, utilizando os acor- passos da progressão. Essa escala possui a terça menor e a
des I7, IV7 e V7. No jazz blues podemos fazer substituições e exten- quarta aumentada (blue notes), tocadas em acordes maio-
sões de cadências, mas tendo como base a estrutura-padrão. res, o que dá a sonoridade característica do blues.
CONCLUSÃO
A facilidade de se utilizar a escala de blues é muito grande. dades que podem ser usadas no blues para termos uma gama
Se tentar fazer linhas melódicas baseadas no que leu até aqui, maior de fraseados, assim como outras fórmulas, com har-
o retorno será positivo, já que quase tudo soará bem. Mas é monias substitutas. Lembre-se de que as escalas são o nosso
preciso tomar algum cuidado para não se limitar a essa escala. vocabulário, e que quanto maior ele for, mais interessantes
Voltaremos a falar nesse assunto, e veremos outras possibili- serão nossos improvisos.
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SAX & METAIS
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CINCO MINUTOS COM:
1
2
3
4
5
5
NENÊ SANTOS
Sax, R&B e Jazz Fusion
NENÊ SANTOS
Nenê Santos
POR DÉBORA DE AQUINO
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SAX & METAIS
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A versatilidade de
David Sanchez
ENTREVISTA ESPECIAL
35
SAX & METAIS
JULHO / 2007
ouvi muito jazz, eles tinham uma biblioteca fantástica. Foi nessa sou disso. Eu me arrependo muito de não ter tocado com o
época que percebi que precisava voltar à tradição, transcrever Elvin como gostaria.
Coleman Hawkins, Lester Young, os pilares do sax tenor. Meu
professor deveria ser o Frank Foster, mas ele teve um semestre > Quando surgiu seu interesse pela música brasileira?
sabático e nunca mais voltou, o que me deixou muito desapon- Foi na mesma época em que comecei a me interessar por
tado. O substituto foi o saxofonista John Purcell. Eu também jazz, também por influência da minha irmã, que ouvia muita
estudei com Kenny Barron, que mais tarde veio a ser o meu música brasileira, como Chico Buarque, Maria Bethânia, Gal
conselheiro, quando deixei a universidade sem me graduar, Costa, Elis Regina, Tom Jobim. De alguma maneira, a música
porque comecei a tocar muito com Eddie Palmieri, com quem brasileira sempre esteve nos meus ouvidos, as melodias sempre
ENTREVISTA ESPECIAL
eu já havia tocado antes em Porto Rico. Depois com Cláudio estiveram na minha cabeça e, à medida que o tempo foi pas-
Roditti, Danilo Perez, Paquito D’Rivera, até que um dia o Di- sando, me sentia cada vez mais próximo dessa música. No meu
zzy Gillespie me ligou para excursionar com Mirian Makeba. recital de formatura do colegial, em Porto Rico, toquei uma
Por causa das gigs, não estava conseguindo freqüentar as aulas, peça do Brahms, um standard de jazz, e uma redução para
então fui conversar com o Kenny Barron para saber o que ele piano e saxofone da peça Fantasia para saxofone e orquestra,
achava, e ele me disse: “A escola estará sempre aqui!” Logo de- de Heitor Villa-Lobos, um grande desafio para mim. No meu
pois fiz a minha primeira turnê pela Europa, com 21 anos, para primeiro disco, gravei Cara de palhaço. No quarto disco, Obses-
DAVID SANCHEZ
o Montreux Jazz Festival, abrindo para o grupo do Miles Davis. sion, gravei Esta mulher e Morro não tem vez. No disco Melaza,
Foi inacreditável! que é quase inteiro original, incluí na última faixa a música
Veja esta canção, do Milton Nascimento. Em Travessia, gravei
> Muitos dos chamados young lions que despontaram como Pra dizer adeus, e, no meu último disco, Coral, gravei Eu sei que
novas promessas do jazz não conseguiram se estabelecer ar- vou te amar e Matita Per, ambos do Tom Jobim. Desde então,
tisticamente. A que você atribui isso? sempre incluo alguma canção brasileira no
Talvez a uma clareza quanto ao desenvolvimento de um concei- meu repertório. É muito importante
to musical, que vem com o amadurecimento. Muitos talvez se para mim, faz parte do meu desen-
perdem nesse processo. Na época, as gravadoras estavam atrás volvimento musical, é algo que está
de gente nova e a minha aparição com o Dizzy Gillespie abriu comigo, naturalmente. l
várias portas. Várias gravadoras me procuraram, Blue Note,
Sony Music. Eu não me sentia preparado para gravar, precisava * Marcelo Coelho é saxofonista,
aprender mais sobre a tradição. Mas entendi que aquela opor- compositor e líder do grupo MC4+.
tunidade talvez fosse vital para me estabelecer na cena, então to- E-mail: musikness@gmail.com
mei muito cuidado com a produção do disco. O meu primeiro
álbum, The Departure, pela Sony, teve uma excelente aceitação
de crítica, mas foi a partir do meu quarto disco, Obsession, pro-
duzido pelo Branford Marsalis, que me senti maduro, com
um conceito mais definido. O disco foi muito bem
aceito pelo público e pela crítica, e foi indi-
cado ao Grammy. Aprendi a lidar com o
music business, e consegui fazer com que
os meus discos refletissem o meu amadu-
recimento musical.
fazendo bons instrumentos a preços altamen- Apesar de não ter numeração, a boqui- é poderoso, muito fácil de tocar e com
TESTE
te competitivos. Por isso, não me assustei ou lha é boa, fechada e tem boa sonoridade, muito volume e cor. Pena que esse tim-
me surpreendi ao ver o estojo do instrumento ideal para um iniciante. O sax vem em- bre não se mantenha em toda a extensão
NOVIDADE
que recebi para testar: um saxofone alto da balado em um saco de do sax. Acima do Sol da segunda oitava,
Condor. A empresa de Brasília, conhecida tecido leve, evitando o som começa a perder o brilho e ficar
pela importação de instrumentos de corda, o acúmulo de poeira um tanto pastoso.
está investindo pesado em sua linha de sopro. e/ou riscos no estojo. Na região aguda, o brilho volta um
ESTÚDIO TECNOLOGIA
tem carro, o que é realidade para muitos estu- é boa, porém a parte que vai a qualidade do material utilizado. A
dantes. Por outro lado, como o estojo é mui- ao pescoço é muito fina. Se- afinação é quase perfeita, apenas senti
to bonito, chama um pouco a atenção e não ria ainda melhor se fosse mais dificuldade ao tocar acompanhado por
é muito recomendado andar a pé com ele. larga e acolchoada na altura um piano. Talvez tenha faltado um
LIVE!
Nada que uma capa mais velha não resolva. do pescoço. pouco mais de tempo para que eu
O acabamento do instru- me acostumasse com o timbre. É
ACESSÓRIOS E mento é impecável. Na ver- sempre complicado tocar saxo-
ACABAMENTO dade, o sax se parece com o fone com piano, os harmônicos
Ao abrir o estojo, encontrei duas pa- Yamaha 62 com o desenho de não casam bem, leva tempo para
lhetas boas para o setup, além de todos os palma na campana. As chaves ajustar os timbres.
frontais, como no Yamaha, A anatomia e a mecânica do
SAX ALTO MICHAEL WASM 47 têm pequenos parafusos para instrumento são excelen-
a regulagem, o que é muito tes e ele é bem con-
Importador: Condortech prático e não tão comum. fortável. Pedi para
Prós: acabamento e excelente timbre Mais um ponto a favor. alguns alunos de
vários níveis ex-
nos graves
QUALIDADE perimentarem o
Contra: a qualidade do timbre não SONORA Condor e as res-
se mantém nas regiões média e aguda Na hora de tirar um postas foram mui-
som, utilizei a boquilha to positivas.
Preço médio: R$ 1.100,00 que acompanha o sax e to-
quei com facilidade em to- CONCLUSÃO
Garantia: 4 meses
das as regiões. É uma boqui- É um instrumento
Afinação ••••••••• 9 lha limitada na abertura e apropriado para um es-
Sonoridade ••••••••• 9 construção, e não é ideal tudante, mesmo de nível
Mecânica •••••••••• 10 para um profissional, mas médio. Serve até mesmo
Custo-benefício ••••••••• 9 é perfeita para quem está para quem está pensando
começando. Com uma em fazer um upgrade de seu
Utilização recomendada boquilha melhor é possí- equipamento ou para quem
❏ Estudo vel perceber mais nuances quer um segundo instru-
❏ Apresentações ao vivo com relação à sonoridade do mento e não deseja investir
❏ Gravação em estúdio instrumento. tanto capital. l
Quer falar com o autor dessa matéria? César Albino é professor da Faculdade de Música Carlos Gomes, em São Paulo. Contato: cesaracalbino@yahoo.com.br
Tire suas dúvidas com o importador: Condortech (61) 3629-9400 ou www.condormusic.com.br
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SAX & METAIS
JULHO / 2007
ANÁLISES
Embalagem conserva qualidade
TESTE
mais brilho que a Tradicional, mas menos
cultivo das canas, o corte e a den- do que a Java. Por ser um pouco mais dura,
sidade. A última novidade é me- se comporta melhor nos agudos, mas para
NOVIDADE
lhorar também as embalagens. Já os graves é preciso um pouco mais de es-
se sabe que, mantidas a um nível forço. No geral, é bem gostosa de tocar.
de umidade entre 40% e 60%,
apresentarão um melhor desem- DIFERENÇAS
ESTÚDIO TECNOLOGIA
penho. Mas o que fazer para man- Java – Esta palheta foi desenvolvida
ter essas qualidades higrométricas para música popular e jazz. Sua ponta é
constantes? Essa foi uma das pre- mais grossa que a tradicional, mas a densi-
ocupações da francesa Vando- dade da cana é menor, o que faz com que
ren com a nova embalagem flow vibre mais, por ter maior flexibilidade. JA
pack, saquinhos de celofane que refere-se a jazz, e VA, a variety e Vandoren.
embalam cada palheta, para con- A Java tem o corte em U já saindo direto
trolar a umidade. Assim, é possí-
REVIEW
de sua base.
vel oferecer o máximo de proteção V16 – Muito semelhante à Java, indi-
contra agressões exteriores, como embaladas uma a uma cada para músicos de jazz e popular. Tam-
mudanças na umidade do ar, alte- em pacotinhos. A caixa bém tem a ponta mais grossa que a tra-
rações de temperatura ambiente,
LIVE!
para tenor vem com cin- dicional, mas maior densidade de cana do
poeira, entre outros problemas co unidades, peguei uma que a Java, portanto vibra menos. A V16,
decorrentes das dificuldades de boa logo de cara. Sor- como a Java, também possui o corte em
armazenamento. te? Pode ser. Mas então U saindo direto da base, mas o talão (par-
dei muita sorte, pois das te onde prendemos a abraçadeira) é mais
VARIEDADE cinco que vieram, gostei grosso que a da Java, demonstrando, por-
Quando comecei a estudar de quatro e a que sobrou tanto, maior quantidade de cana. l
saxofone, me recomendaram as não estava de todo ruim.
palhetas Vandoren Tradicionais, As outras estavam com o
da caixinha azul. Nesse modelo timbre de que gostei mais, PALHETAS VANDOREN
permaneci por muitos anos. Com uma questão bastante pes- JAVA E V16
o passar do tempo, conheci a soal. Essa palheta apresenta
Vandoren Java (desenvolvida em mais brilho no som do que Importador: Musical Izzo
1983), gostei bastante da sonori- a Tradicional, tem bom Fabricante: Vandoren
dade e mudei para ela. Depois, equilíbrio nos graves por
testei a Vandoren V16, e não é a ser mais macia, mas sofre Contra: válvulas um pouco lentas
minha preferida. Passados alguns um pouco nos harmônicos
anos, optei pelas palhetas sintéti- Preço médio: R$ 18,00
agudos. A resposta em arti-
cas, mas, recentemente, voltei às culações rápidas também é Garantia: 3 meses
‘canas’ naturais e senti a mudança de sono- menor que na Tradicional.
ridade para melhor, apesar de haver muitas
controvérsias de que as palhetas de cana VANDOREN V16
não têm padrão, e que de uma caixa não O controle de qualidade da fábrica
são todas as que conseguimos aproveitar. francesa de palhetas é bom, mas com es-
Mas isso é uma outra história. tas já não tive a mesma ‘sorte’, e das cinco
testadas, gostei de três. Aqui também veri- Utilização recomendada
VANDOREN JAVA fiquei defeito no corte em U, que em duas ❏ Estudo
Foi uma surpresa abrir a caixinha de palhetas não estava simétrico. A simetria ❏ Apresentações ao vivo
palhetas Java para tenor e encontrá-las do corte é um dos fatores que devemos ❏ Gravação em estúdio
Quer falar com o autor dessa matéria? Débora de Aquino (saxofonista e flautista): (11) 3567-3022 ou ajuda@saxemetais.com.br
Tire suas dúvidas com o importador: Musical Izzo (11) 3797-0100 ou www.musicalizzo.com.br
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SAX & METAIS
JULHO / 2007
VITRINE
VITRINE
Confira sugestões de instrumentos e acessórios
que estão chegando às prateleiras das lojas e
prometem fazer sucesso entre os músicos.
Trombone WTBM35
Ideal para músicos iniciantes, os trombones de vara da Michael
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encorpado, consistência
de timbre, entonação
LIVE!
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modelos. As medidas
da Claude Lakey são 4*3 e 5*3, produzindo um som
quente, enquanto as 6*3, 7*3 e 8*3 oferecem projeção
necessária para a maior parte das performances ao
vivo. Sua dinâmica, resposta e custo x benefício fazem
destas boquilhas as mais procuradas do mercado.
Contato pelo telefone (11) 3159-3105.
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médio dos instrumentos é R$ 350,00. Mais
informações pelo telefone (11) 3326-3809 ou
pelo site www.arwel.com.br.
Informações cedidas pelas empresas em julho de 2007. A revista Sax & Metais não se responsabiliza
por qualquer alteração nos produtos apresentados pelos fabricantes e/ou distribuidores.
40
SAX & METAIS
JULHO / 2007
REVIEWS
Arapuca CD
compositor em quatro faixas autorais. Desta Samba de Latada
Artista: Gabriel Grossi vez escolheu o forró, tradicional gênero mu- Artista: Josildo Sá & Paulo Moura
Delira Música sical nordestino, como fonte de inspiração Rob Digital CD
volvendo um estilo muito próprio em suas Também participam do trabalho Amoy Ri- Antigamente, no Nordeste, forró e samba
interpretações e improvisações. Em seu novo bas (percussão), Thiago Espírito Santo (bai- tinham o mesmo significado. Era uma festa
CD Arapuca, ele mostra seu talento como xo) e Durval Pereira (zabumba). em que se tocava de tudo, do baião ao cho-
ro. Com o passar do tempo, foram surgindo
Reunião de amigos para fazer boa música
LIVE!
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SAX & METAIS
JULHO / 2007
REVIEWS CDs POR DÉBORA DE AQUINO
Arapuca CD
compositor em quatro faixas autorais. Desta Samba de Latada
Artista: Gabriel Grossi vez escolheu o forró, tradicional gênero mu- Artista: Josildo Sá & Paulo Moura
Delira Música sical nordestino, como fonte de inspiração Rob Digital CD
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SAX & METAIS
JULHO / 2007
WORKSHOP
Saxofone
TESTE
de se preocupar com passagens, afinação e respiração, sem considerar tório de Tatuí (SP), temos um exemplo de mistura de ritmos. A acen-
a importância da origem do ritmo como um fator interpretativo. É tuação do samba transita entre o jazz e o funk sem perder a identidade,
justamente por meio de acentuações e de determinadas articulações gerando as fusões chamadas de samba-funk e samba-jazz. Repare que
que podemos evidenciar ritmos como o samba, o baião, o frevo, o jazz nesta música o suingue já é sugerido na própria partitura por meio de
ESTUDO
da base rítmica (bateria e percussão). Dessa maneira, a visão do sa- rítmico da base enriquece e complementa o deslocamento do tempo
xofonista ficará mais voltada para o ritmo, fazendo com que a sua forte sugerido pela melodia. Na segunda parte, a interpretação é um
compreensão musical aumente independente do instrumento que ele pouco mais melódica em determinados trechos, possibilitando uma
esteja tocando (sax soprano, alto, tenor ou barítono). execução mais lírica (ou cantabile) do intérprete.
REVIEW
SELEÇÃO NOTA 11
LIVE!
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SAX & METAIS
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SAX & METAIS
julho / 2007
WORKSHOP
Saxofone
SAXOFONE NO CHORO
Rafael Velloso Rafael Velloso é saxofonista, arranjador e compositor, bacharel
em saxofone pela Universidade Estácio de Sá (RJ) e mestre em
Etnomusicologia pela Escola de Música da Universidade Federal
do Rio de Janeiro. Tem um CD-solo lançado (Sax Chorando) e
SAXOFONE NO CHORO
pai, Jorge Americano, mestre de banda da cidade, antes de se tor- notas graves, fazendo com que o saxofonista tenha de manter a embo-
nar um ícone do sax. Foi um músico muito importante na história cadura e utilizar a dinâmica para não ocorrerem os famosos guinchos.
do choro, fazendo parte dos principais conjuntos da época, como A dinâmica que sugiro pelos sinais eruditos tradicionais p (piano),
a Velha Guarda liderada por Pixinguinha e a American Jazz Band, pp (pianíssimo), mf (mezzo forte) e < (crescendo), é uma possibilida-
ESTUDO
que reuniu os melhores instrumentistas do período. Sua discografia é de dentre várias, pois na execução de um choro é sempre possível haver
enorme, tendo participado de inúmeros conjuntos que acompanha- variações tanto melódicas quanto expressivas. A harmonia encontra-se
vam os principais cantores do rádio, como Orlando Silva, Francisco no mesmo tom do tema escrito e também pode ser modificada pelo
TECNOLOGIA
Alves e Carmem Miranda. instrumentista acompanhante. No caso dos violões de seis e sete cor-
O maxixe Atraente, composto pelo saxofonista, foi gravado pela das, o acompanhante deve procurar sempre as frases do baixo, típicas
primeira vez pelo próprio autor em março de 1934, e lançado no mes- do gênero, ao final e no início de cada parte.
mo ano pela gravadora Odeon, no “lado A”, sob o número 11140, em Dessa forma, este tema, pouco conhecido, apresenta muitas op-
REVIEW
um disco de 78 rpm. Esta era a única referência que tínhamos desta ções de ornamentos e dinâmicas, além de uma melodia muito rica
música, cuja gravação pertence ao acervo do jornalista José Ramos Ti- que possibilita ao instrumentista de sopro um prazeroso estudo de
nhorão e que hoje pode ser facilmente ouvida pelo site do Instituto interpretação. Podem-se utilizar as técnicas tradicionais do instrumen-
Moreira Salles (www.ims.com.br). to, como as articulações e dinâmicas já mencionadas, pensando sem-
LIVE!
A melodia está transcrita para o saxofone alto em Eb e apresenta pre em adaptá-las à execução deste repertório, considerando as suas
três partes: A, B e C. Sua forma segue AABBACA, e C está no tom da particularidades, que, por isso, não são bem traduzidas nas notações
subdominante. Este tema possui uma grande extensão melódica, do Si tradicionais. A partitura deve ser tomada apenas como um guia rítmi-
grave ao Mi agudo, explorando toda a escala do saxofone. co-melódico, tendo como referência principal as gravações e a própria
O desafio na execução deste tema está justamente em sua extensão experiência musical, extraindo delas a liberdade, a alegria e a descon-
melódica. Um instrumentista iniciante pode enfrentar certa dificul- tração, características marcantes deste gênero.
ATRAENTE
Mesquita e Luis Americano
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WORKSHOP
Flauta e saxofone
A CONSTRUÇÃO
David Ganc é flautista e saxofonista,
do Rio de Janeiro. Formado em música
erudita (flauta) pela UFRJ e em música
TESTE
e sax, este workshop serve tanto para os flautistas como para os saxo- –, podemos fazer o exercício de quintas justas, com o professor sus-
fonistas, resguardando as diferenças de embocadura dos dois instru- tentando a nota pedal e o aluno fazendo a quinta, a oitava e voltando
mentos. Para esses músicos, recomendo começar o estudo diário da à tônica, sempre bem ligado e bem lento, primeiro diatonicamente e
sonoridade pela flauta, já que exige relaxamento dos lábios. depois cromaticamente.
ESTUDO
TECNOLOGIA
REVIEW
LIVE!
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A dinâmica pode variar de mp a mf, e as notas devem ter sempre o afinação alta (instrumento todo aberto) e do D4 com som opaco (instru-
mesmo volume. Você pode usar como referência o piano, utilizando a mento fechado). Você deve estar atento e saber compensar com a coluna
tônica e apertando o pedal, um sintetizador ou gravar a seqüência de notas de ar esses ‘degraus’ de som.
pedais de D3 a G4 bem longas, e usá-las como base de afinação. Além de
construir e fortalecer a embocadura e a sonoridade, esse exercício faz um Elasticidade dos lábios
check-up sonoro no instrumento, tendo em vista que cada um tem suas O exercício seguinte é para a elasticidade dos lábios. Tomamos por
características, e você deve estar ciente das qualidades e deficiências de seu base o D3 como nota pedal e seguimos cromaticamente de forma ascen-
instrumento. Lembre-se sempre da fragilidade do C# 4, com tendência de dente em duas oitavas, depois de forma descendente.
Lembre-se sempre de que as notas devem ter rigorosamente a mes- Ao dominar o exercício dentro de uma oitava, estenda para duas.
ma dinâmica. Não deixe que as agudas soem forte, e as graves, piano. Isso lhe dará boa elasticidade e você também poderá variar a nota pedal.
Force para que todas as notas soem em mf. E não se esqueça: pratique o quanto puder, o som vem com o tempo!
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WORKSHOP
Clarinete
NO CLARINETE
Quinteto Madeira de Vento e
professor do curso de bacharelado em
clarinete da FAAM-FMU. Contato:
Michel Moraes michelmoraes@clarinetemania.com ou
www.clarinetemania.com
EFEITOS SONOROS NO CLARINETE
TESTE
efeitos sonoros que nos remetem à voz humana. Frullatos, glissandos, ou para baixo (bendings), deslizes grandes (glissandos), bem como notas
bendings e ghost notes (notas fantasmas) trouxeram uma nova gama de fantasmas. Essa nova maneira de tocar imitando efeitos da voz humana
expressividade à música erudita e popular. pode ser ouvida desde as primeiras gravações de dixieland no início do sé-
Esses efeitos começaram a ser desenvolvidos por músicos negros de culo XX, passando pelo blues, swing, bebop, etc., e acabaram influencian-
ESTUDO
New Orleans no fim do século XIX. Até então, os instrumentistas de so- do a escrita para sopros de grandes compositores de música erudita, como
pro que seguiam a tradição européia visavam o som limpo, com precisão e Ravel, Stravinski, Gershwin, Copland e Villa-Lobos, dentre outros.
TECNOLOGIA
FRULLATO língua no céu da boca. Ele vai sair um pouco mais agressivo, à maneira
Do italiano frullare, significa ‘fazer rumor’. Muitos clarinetistas me dos cantores de blues e soul. Porém, é preciso ficar atento à afinação,
perguntam como produzir esse efeito no clarinete. Conheço duas for- porque pode ficar baixa. Talvez isso aconteça porque há a tendência em
mas. A primeira é emitindo um som com a garganta enquanto toca. deixar um maior espaço na cavidade bucal para a língua vibrar.
REVIEW
Cante um ‘uuuuu’ grave assoprando o clarinete. Isso fará com que saia O frullato no clarinete também é usado para imitar o trêmulo de
um frullato suave, com passagens agudas e rápidas. A desvantagem é repetição dos instrumentos de cordas. Na partitura, pode ser indicado
que se você for gravar e o trecho for muito exposto, há grande chance de com traços em cima da nota, ou simplesmente escrevendo frullato sobre
aparecer a sua voz na gravação. Outra forma de produção é vibrando a o trecho a ser executado.
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Ghost notes o som. É necessário ter uma boa sensibilidade para fazer isso, pois
São as ‘notas fantasmas’, muito utilizadas no jazz, principalmente como a palheta do clarinete é pequena, dependendo do modo que
a partir do swing do fim da década de 1930, como um recurso para se faz pode cessar o som. Depois de praticar, você já poderá atacar
dar mais balanço à melodia. Para fazê-las, encoste bem levemente a mantendo a língua na palheta. É indicado na partitura como uma
língua na palheta enquanto toca uma nota longa. Isso vai ‘abafar’ nota para percussão.
Conclusão com dificuldade, bem como mostrar uma nova maneira para quem já
Cada instrumentista tem seu modo de tocar esses efeitos, não existe conhece o assunto. Agora é só praticar, e note que cada registro apresenta
verdade absoluta. Abordando o meu jeito, espero esclarecer quem esteja uma dificuldade. Bons estudos!
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