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HISTÓRICO DOS ÍNDIOS DE PERNAMBUCO

A história dos povos indígenas de Pernambuco, como a dos demais


índios brasileiros, é tarefa ainda a ser realizada. Ao pesquisador se
oferecem, como ponto de partida, as dificuldades provocadas pelo fato de
que nossos índios não tinham uma linguagem escrita, e que na história
do Brasil os personagens indígenas aparecem como o quase animal a ser
domado ou exterminado, e não como um semelhante que merecesse do
europeu conquistador um tratamento semelhante ao dispensado pelos
historiadores e antropólogos modernos.

Assim, é na história da formação da sociedade brasileira que estão


escritos, de forma nem sempre precisa, os poucos dados existentes da
história indígena, e do processo que significou a quase extinção dos
habitantes originais deste país.

Se por um lado, a sociedade brasileira assimilou, além da contribuição à


sua formação étnica, usos e costumes indígenas, por outro, não lhe foi
ensinado a valorizar a participação do elemento indígena na alimentação,
no português aqui falado, na habitação pobre de milhões de brasileiros
que vivem em casa de taipa, nos utensílios usados, etc. deixou-se de
aprender que nomes como Gravatá, Caruaru e Garanhuns, para citar
apenas alguns municípios de Pernambuco, assim como até mesmo
bairros do Recife, como Parnamirim e Capunga, estão associados a
antigos locais de moradia dos índios. esta mesma contradição é
encontrada no estudo da colonização portuguesa em terras
pernambucanas que encerra por um lado aspectos de esforço e
tenacidade por parte dos portugueses e apresenta ao mesmo tempo
exemplo lastimável e brutal de extermínio do elemento indígena.

Como em outras regiões do Brasil, a ocupação do território


pernambucano se iniciou pela costa, nas terras apropriadas ao
desenvolvimento da agroindústria do açúcar, empreendimento em cujo o
início o indígena servia de braço escravo nos engenhos e no trabalho das
lavouras principalmente nos estabelecimentos que não comportavam o
dispêndio de capital exigido pelo elemento africano.

Marcando o fim de um primeiro período de povoação caracterizado por


aparente tranqüilidade, a reação dos indígenas a tal regime de trabalho e
exploração, cedo se fez sentir na forma de hostilidades, assaltos,
devastações de engenhos e propriedades, promovidos principalmente
pelos Caetés, temíveis ocupantes da costa de Pernambuco, e,
posteriormente também pelos Potyguaras que habitavam no extremo
norte de Pernambuco e pelos Tabajaras, estes antigos aliados dos
portugueses.

A ação violenta dos portugueses foi redobrada quando foi morto o


primeiro bispo do brasil, acontecimento que motivou a resolução régia
estabelecendo escravidão perpétua aos Caetés. na prática, tal medida se
estendeu a todos os demais indígenas do litoral e deu caráter legal ao
regime primário de esbulho, escravidão e morte instituído pelos
chamados nobres que aqui se instalaram.

Desde então, a guerra contra os indígenas tomou caráter sistemático,


atenuada apenas quando da aliança de muitas tribos com os franceses e
os holandeses que disputavam aos portugueses o domínio da terra.
exceto nessas ocasiões, restou aos índios sobreviventes o recurso de
emigrar para mais longe da costa.

A prosperidade do empreendimento colonial, entretanto, dependia


enormemente do gado que, além de produto básico de alimentação servia
como agente motor e meio de transporte, dando origem à primeira fase de
expansão da pecuária que se transformaria rapidamente na forma mais
generalizada de ocupação das terras do interior nordestino.

No litoral, a agricultura e a criação de gado mostraram-se desde cedo


incompatíveis, e, em defesa das plantações, promoveu-se a retirada dos
currais para o interior, distante dos engenhos, dos canaviais e dos
mandiocais.

Nos fins do século XVIII, vastas extensões do médio São Francisco


estavam ocupadas, e o estabelecimento de currais se faria também em
direção ao norte, ao longo do vale do Rio Pajeú, atravessando
Pernambuco e, em seguida a paraíba, o rio grande do norte, e a oeste, o
Piauí. iniciou-se também nas novas áreas ocupadas a distribuição da
sesmarias para as quais eram atraídas vastas populações para fundar os
currais.

As relações entre criadores e indígenas eram bem menos hostis que entre
estes e os senhores de engenho. os grupos mais acessíveis ao convívio
com os novos donos da terra e ao trabalho mais ameno nas fazendas de
criação permitiu a aliança entre brancos e índios embora isto não
impedisse que várias guerras fossem necessárias para expulsar ou
exterminar as muitas tribos que se opuseram tenazmente à invasão do
seu território. para reforçar a ação dos criadores contra as nações
rebeldes, convocaram-se inclusive os serviços dos paulistas, experientes
exterminadores de índios, muitos dos quais permaneceram como
povoadores das terras que foram desocupadas.

A sobrevivência das tribos que não procuravam refúgio em locais


remotos, era possível apenas quando a serviço dos interesses dos
criadores contra outros proprietários ou mesmo contra outros povos
indígenas, e não assegurou às tribos aliadas a posse de suas terras.

Nos dois primeiros séculos da colônia, as missões religiosas foram a


única forma de proteção de que dispunham os índios. após a expulsão
dos jesuítas em 1759, os aldeamentos por eles criados, e de cujo início
quase nada se sabe, permaneceram sob a orientação de outros religiosos
e foram posteriormente entregues a órgãos especiais. entretanto, o
trabalho desempenhado pelas juntas de missões e pelos governadores de
índios e as atenções dispensadas aos primitivos habitantes do nordeste
durante o império em nada contribuíram para impedir as explorações e
injustiças de que continuaram sendo alvo as tribos que conseguiram
alcançar o século XIX.

Das nações que originalmente povoaram o estado, salvo poucos


sobreviventes, quase além dos nomes daquelas aldeadas por
missionários religiosos está registrado na história de Pernambuco.

Embora a atividade missionária se tivesse iniciado desde o século XVI,


até os fins do século seguinte apenas sobre cerca de vinte aldeamentos
existem referências. destes, os cinco mais ou menos localizados são: o
de são Miguel ou serigi, fundado em 1591 em terras do atual município de
Paudalho, um aldeamento Caeté em Ipojuca, o aldeamento de são Miguel
de Iguna e dois no Recife, um na estrada do Parnamirim e outro na
localidade de Salinas, no atual bairro de Santo Amaro.

Nos séculos XVIII e XIV uma quantidade indeterminada de índios foi


aldeada sem, aparentemente, nenhum registro dos seus locais de
procedência. são os aldeamentos: dos índios Garanhuns, próximo à
cidade de mesmo nome, dos Carapotó ou Carnijó ou Fulni-ô, em Águas
Belas, dos Xukuru, em Cimbres, na Serra do Ororubá, dos Porcás, em
Nossa Senhora do Ó, a aldeia dos Paratiós, próxima de Cimbres, diversas
aldeias dos índios Argus que se espalhavam desde a serra do limoeiro na
atual cidade de mesmo nome, a aldeia de Arataqui na Freguesia de
Tacoara, a aldeia de Barreiros ou do Umã, a aldeia de Escada, o
aldeamento terras do rei, em Altinho, a aldeia da tribo Arapoá-assu nas
ribeiras dos rios Jaboatão e Gurjaú, a aldeia do Brejo dos Padres, de
índios Pankaru ou Pankararu, e finalmente aldeamentos em Taquaritinga,
Brejo da Madre de Deus, Caruaru e Gravatá.

Ainda no século XIX, duas áreas do estado se destacavam pelo grande


número de aldeamentos encontrados: a região do atual município de
Floresta e diversas ilhas do rio São Francisco. Estas foram exatamente as
primeiras áreas interioranas que mais sofreram com o processo de
despovoamento decorrente da expansão pastoril no nordeste, e se
constituíam o habitat natural das tribos que ali permaneceram sob a
proteção missionária.

Na primeira encontram-se os índios Umãs e Vouvês no Olho d’água da


Gameleira, em Cabrobó, os índios Pi-pi-pã e Avis num local
indeterminado entre os rios Moxotó e Pajeú e a Serra do Periquito, os
índios Xocó nas cabeceiras dos rios Piancó e Terra Nova, o aldeamento
da baixa verde composto de índios Vouvês, Carateus, Umãs e Pipães e a
Serra Negra, local que durante muitos anos serviu de refúgio a inúmeras
tribos não identificadas e perseguidas por fazendeiros das vizinhanças.
No rio São Francisco, as aldeias localizadas são as de Nossa Senhora da
Conceição, na Ilha do Pambu, de São Félix, de índios Tuxá na ilha do
Cavalo, a de são Francisco, de índios Aracapás, a de santo Antônio, na
ilha irapuã, a de N.S.ª da piedade, na ilha do Inhamum, a de N. Senhora do
Pilar, de índios Tamaquéus, a de Santa Maria, em três ilhas contíguas no
município de Boa Vista e a de Assunção, na ilha de mesmo nome, no
município de Cabrobó.

O levantamento é incompleto e calcado apenas parte de fontes ainda a


serem extensivamente exploradas. esta informação torna-se
particularmente significativa ao se considerar que, segundo relatório do
governo da província de Pernambuco publicado em 1873, dos
aldeamentos acima citados restavam apenas 07 na segunda metade do
século passado: o de escada, o do riacho do mato, o de barreiros, o de
cimbres, o de Águas Belas, o do brejo dos padres e o da ilha de assunção
desaparecimento de tantas tribos é explicado pelas diversas formas de
alienação de terras indígenas postas em prática no nordeste, ou da
resolução do governo em determinada época de extinguir os aldeamentos
existentes. destas últimas 7 aldeias algumas não alcançaram nossos
dias; os povos que compõem as restantes, os Xucuru, os Fulni-ô, os
Pankararu e os Truká, foram acrescidos os Atikum, os kambiwá e os
kapinawá, identificados mais recentemente, como grupos indígenas ainda
existentes em Pernambuco.

ÍNDIOS DO BRASIL

Estima-se, com base nas fontes históricas disponíveis, que no começo do


século XVI a população autóctone que vivia dentro do território onde
posteriormente se consolidariam as fronteiras do Brasil chegava a 5
milhões de indivíduos.

 Ao longo de séculos de  contato com a civilização ocidental, aquele


contingente indígena inicial sofreu contínuo processo de redução
populacional que provavelmente durou até o fim da década de 1950.

 A partir de então houve uma recuperação demográfica, facilitada pela


demarcação ainda inconclusa das terras tradicionalmente ocupadas pelos
indígenas, e pela extensão de serviços de assistência prestados pelo
órgão do estado, missões laicas e religiosas.

 A população indígena do Brasil é de aproximadamente 350 mil


indivíduos, sem contar com os índios isolados. Esse número tende a
crescer diante da continuidade dos mecanismos de proteção de taxas de
natalidade superiores à média nacional.

 Essa população está distribuída em cerca de 227 etnias, que falam cerca
de 175 línguas distintas. A classificação lingüística reconhece a
existência de dois troncos principais (tupi e macro-jê) e de outras seis
famílias lingüísticas de importância significativa ( aruak, arawá, Karib,
maku, tukano e yanomami), além de muitas línguas sem filiação definida.

 Cerca de 60% da população indígena brasileira vive na região designada


como Amazônia Legal, mas registra-se a presença de grupos indígenas
em praticamente todas as unidades da Federação. Somente no Rio
Grande do Norte, no Piauí e no Distrito Federal não se encontram grupos
indígenas.

 A característica principal da população indígena no Brasil é a sua grande


heterogeneidade cultural. Vivem no Brasil desde grupos que ainda não
foram contactados e permanecem inteiramente isolados da civilização
ocidental, até grupos indígenas semi-urbanos e plenamente integrados às
economias regionais. Independentemente do grau de integração que
mantenham com a sociedade nacional, esses grupos aculturados
preservam sua identidade étnica, se auto identificam e são identificados
como índios.

 Atualmente os principais grupos indígenas brasileiros em expressão


demográfica são: Tikuna, Tukano, Macuxi, Yanomami, Guajajara, Terena,
Pankararu, Kayapó, Kaingang, Guarani, Xavante, Xerente , Fulni-ô, dentre
outros.

 As terras indígenas no Brasil cobrem uma extensão de 958.303 Km


quadrados, o que corresponde a cerca de 11,21% do território nacional.

CONTRIBUIÇÕES

Os índios contribuíram muito para a nossa cultura.

Por terem sido os primeiros habitantes desta terra, os invasores


absorveram muito dos seus hábitos.

Hoje temos como herança indígena palavras originárias de suas línguas


maternas. Como exemplo podemos citar: Itamaracá, Itapissuma, Igaraçu.

Outra contribuição importante foram alguns itens de nossa alimentação,


como a macaxeira, a tapioca, o beiju, a mandioca.

A prática do uso de ervas medicinais para cura de doenças também


aprendemos com os índios, como a erva cidreira, aroeira, pau roxo,
camapu, mandacaru.

A organização social dos grupos indígenas, serve de modelo para criação


das Associações e Cooperativas.

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