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Diários

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. São Paulo: Ubu Editora; Nova tradução,
2020.

Frantz Fanon nasceu no dia vinte de julho de mil novecentos e vinte e cinco, um dos
maiores intelectuais pretos mais significativos do século vinte. Nasceu na ilha de Martinica
no caribe especificamente na cidade de Fort-de-France (território francês de Ultramar)
nascido sobre os seios de uma família da classe trabalhadora. No ano de mil novecentos e
quarenta e quatro alistou-se para cumprir atividades no exército francês no intuito e combate
a entrada de tropas alemãs no território, no decorrer da segunda guerra mundial e
sucessivamente seguiu para a região francesa do Ródano-Alpes especificamente a cidade de
Lyon para estudar psiquiatria e medicina.

No ano de mil novecentos e cinquenta, Fanon ortografou sua tese de doutorado em


psiquiatria debatendo os resultados psíquicos de racismo colonial. Não obstante, sua tese veio
a ser recusada por contrapor as correntes positivistas e consequentemente proeminência em
seu campo de pesquisa. Desse modo, ortografou a sua segunda tese de doutorado
consequentemente nomeada como: "Troubles mentaux et syndromes psychiatriques dans
l’hérédo-dégénération-spino-cérébelleuse: Un cas de maladie de Friereich avec délire de
possession" Traduzida pelo portugues: "Transtornos mentais e síndromes psiquiátricas em
heredo-degeneração-espinocerebelar: Um caso da doença de Friereich com delírio
possessivo."

Anteriormente, o nome dado a essa tese de doutorado tinha por nome “Alienação do
Preto”, foi publicado sobre o titulo “Pele Negra, Máscaras Brancas”, foi através desse feito
que foi como um raio que cortou o céu do pós guerra, e fez Terra estremecer. Fanon começa a
descrever o livro perguntando: “O que quer um homem negro?” é por entre, que ele vai
conduz-nos ao um universo, em que o negro é sistematicamente condicionado pelo branco. O
que o autor chama de alienação cultural, é a impossibilidade do negro se constituir enquanto
sujeito da própria história, e para deixar essa condição alienante não basta o sujeito mudar sua
visão de mundo, é necessário mudar o mundo. Após a sua formação acadêmica, Fanon passa
a trabalhar como psiquiatra na cidade de Paris, até ser convidado a coordenar o hospital
psiquiátrico em Argel na colônia francesa da Argélia em plena guerra de libertação nacional.
É a partir desse momento, que Fanon começa a observar de perto, pelo que seus pacientes
passam, e através desses efeitos devastadores e violentos da colonização. Durante esse
processo de observação, o autor decide então aprofunda-se de cabeça no combate pela
independência da Argélia, integrando a frente nacional de libertação da Argélia a guerra da
nação africana, durou quase dez anos (1954-1962), e deixou mais de um milhão e meio de
argelinos mortos, em uma quantidade assustadora de torturados. Os séculos de escravidão e
colonização determinaram sobre o outro, um olhar que é difícil para não dizer impossível se
despojar..

Em Pele Negra, Máscaras Brancas, denuncia que o preto é um prisioneiro de um ciclo


infernal, quando o amam dizem que o amam apesar da sua cor, e quando o detestam dizem
que o detesta tom mais que isso não tem a ver com a sua cor. O filósofo francês Jean-Paul
Sartre, denúncia sobre a guerra da Argélia, em o sistema colonial cria um sub homem, essa
guerra como todas as outras guerras coloniais nada mais era do que a continuação de um
sistema que se baseia na força e no desprezo. O colonialismo frances não recusou nenhuma
radicalidade, nem do terror e nem o da tortura, porém toda a violência imposta pelos
colonizadores teve um efeito antagônico ao que desejava. Fanon analisa que a libertação
psíquica conduz ao apelo do medo e é um mergulho no combate pela independência e
também pela soberania nacional. Aos trinta e seis anos de idade morrer por causa da
leucemia, mas passa seus os últimos seis meses de vida se dedicando o seu último livro “Os
Condenados da terra”, que é publicado postumamente, nesse livro chegamos a extinção desse
combate, onde que para o autor a descolonização é sempre um processo violento, porque
violência sempre chama mais violência, quando o opressor invadir a menor parcela de um
território é praticamente impossível manter-se pacificamente.

Frantz nos convida a compreensão da agência da violência, e também da única


alternativa que recai sobre os oprimidos na luta pela sua libertação. A eterna luta dos
explorados contra os exploradores, apresenta-se mais uma vez como a única regra universal
da história. O que faz nos lembrar de Bacurau, o brilhante e poderoso filme dos
pernambucanos Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, no qual, acompanhamos o
cotidiano de um povoado no interior do estado de Pernambuco, que é invadindo por
forasteiros dos Estados Unidos que têm como um esporte o assassinato de seus habitantes, o
confronto não sai conforme esperado pelos estrangeiros e um a um são todos mortos pela
população armada, unida e organizada de Bacurau. A resistência no universo de bacurau é
um sinônimo de violência, afinal os estrangeiros são colonizadores, e com colonizadores não
existem duas conversas violência se responde com violência. Bacurau não somente expressa
a superação da dor transformando o luto em luta, como também recusa qualquer estereótipo
colonizante e capitalista sobre os corpos de seus habitantes, mulheres fortes e senhoras de sua
própria sexualidade, pessoas transsexuais e pessoas vivendo-se em uma igualdade, livre de
qualquer pressão moral vinda de seus vizinhos, por final, Lunga um guerreiro do povo
brasileiro, uma pessoa não binária que ora tratado por ela, ora tratado por ele, com suas unhas
pintadas e rabo de cavalo, cortando a cabeça dos mercenários, como também Lampião fazia
no cangaço. Do lado de cada realidade, enquanto muitos parecem eternamente deitados em
berço esplêndido. O uso da violência e da luta armada para Fanon a autonomização dos
exploradores e oprimidos pela descolonização, era o único meio de combate contra a
dominação total.

Portanto, Pele Negra, Máscaras Branca transformou-se pioneiro nos estudos sobre as
relações raciais e sobre as relações coloniais, no qual,ele vai estudar sobre o racismo do
ponto de vista objetivo e subjetivo, por essa razão, que Fanon vai estudar as consequências
desse racismo tanto para o opressor com para o oprimido. Frantz Fanon, acaba dialogando
com alguns autores da época como foi citado acima o filósofo francês Sartre, Aimé Césaire
que foi um poeta, dramaturgo e político da negritude, Léopold Senghor escritor e político
sinegales, ele também dialogar com intelectuais de outros tempos, autores pelos quais ele foi
influenciado como o filósofo alemão Hegel, Karl Marx, Sigmund Freud. Ele dirige-se às
umas saídas para a dominação colonial, e vai em busca de saídas do ponto de vista do
oprimido. A descolonização vai ser um ato de emancipação política e econômica das
colônias, também vai ser um ato de uma situação cultural do negro. Nesse ato de
emancipação cultural Fanon esbarrar-se na ideia da identidade negra, que estava sendo
colocada na época também, ao discutir a identidade negra, o autor tomar determinados
cuidados para que não seja repetido os estereótipos que o colonizador criou, ele busca afirmar
uma identidade preta partir da restituição de uma humanidade que o colonialismo buscou
negar, uma das estratégias do colonialismo europeu foi reduzir um preto a estereótipos tais
como arrítmica, a sensualidade e a musicalidade.
Os estereótipos criados pelo racismo, cria-se um complexo de inferioridade na pessoa
preta, Fanon confrontar esse estereótipos, ele diz que o preto vai muito além disso, o preto
tem capacidade, tem aptidão intelectual de ser o que ele quiser ser, o preto é um cidadão
nacional, ele também pode tanto um bom ritmista, quanto ser um bom médico, um bom
dançarino, um bom sociólogo, um bom psiquiatra. Um bom exemplo disso é o próprio autor
Frantz Fanon, que era um cidadão preto do mundo colonial de uma colônia francesa, que
dialogou com toda a elite intelectual de sua época e produziu clássicos. As estratégias do
colonialismo, destituíram os povos africanos de uma história de uma cultura, negando a
história uma história e uma cultura africana, e Fanon falar sobre essa importância de preto se
reescrever a sua história e sua cultura, enquanto histórico cultural da humanidade. O
colonialismo até considerou uma história uma cultura africana, mas sempre sobre o reboque
da história da cultura do europeu, o autor discorre a importância do cidadão preto escrever
sua própria história, vai afirmar o preto como um portador de cultura e que essa história, em
que essa história e cultura são legados para a humanidade, elas vão muito além do exotismo
ao qual o europeu tempo reduz- las.
Nesse Sentido, vale ressaltar a questiona o aprendizado sobre a Filosofia da cultura
ocidental, visto que, essa encontra-se através de aparelhos que sejam capazes de virar
máscaras brancas como citado por Fanon, atendendo-se para o uma subordinação dos
colonizados, dessa forma, encaminha-se para a questão do filósofo preto. O ensinamento da
Ciências Filosóficas não é unicamente um item que descreve e gera essa conduta de
alienação, não obstante, de ser a mais ariana de todos os campos dessa compreensão,
entretanto, não encontra-se só nesse esboço do embranquecimento. Não vem a se uma
novidade que as nações latinos-americanos foram usurpadas, colonizadas e destruídas pelos
indivíduos imperialistas e exploradores nos últimos tempos, ou seja, pelos europeus, que
deixaram a América Latina com seus indoles expostos, devastando e tradicionalmente
desnorteada. Por essa razão que trabalho de Fanon é uma obra de objeção ao entendimento
hegemônico da ciência filosófica. Independentemente, do autor ter grafado para os cidadãos
antilhanos, contudo, são raciocínios e fundamentos que sejam capazes de adequar-se para
todas as nações que sentiram esses confins da colonização.
Consideravelmente, ressaltar-se que complexificar a colonização não significa causar
um ódio, overdose ou conceber uma análise arcaica em combate com os europeus. À vista
disso, Fanon enuncia em cima de atear a violência: “Inversamente, o negro que quer
embranquecer a raça é tão infeliz quanto aquele que prega o ódio ao branco” (FANON, 2008,
p.26). Dessa maneira, que expõe o autor, precedentemente de qualquer elemento, onde que é
necessário superar esse ódio. O conceito de empenho com o autor percorre essa linhagem, ou
seja, de luta contra o racismo e da superação desse ódio simultaneamente. Nessa perspectiva,
que Fanon em Pele negra, máscaras brancas, procuram permanecer ou alcançar seus
propósitos concebendo-se assim o teatro das máscaras brancas,vale ressaltar que o autor
ortografou para sua nação, os martinicanos, desse modo, o autor alerta para eles sobre essa
alienação que encontra-se no meio do preto, colonizado, que demanda através dessas
máscaras como uma tentativa de sobreviver ou de ser aceito em frente dessa civilização
racista. Todavia, no momento em que os colonizados observam-se que não serão aceitos, à
vista disso, que encaminha-se para esse ódio ao cosmo dos brancos e de sua cultura de
colonizadores. Para corroborar essa observação fanoniana, basta averiguar a proporção dos
cidadãos pretos, que não reconhecem sua identificação política, isto é,sua etnia e sua cor.
Desse modo, vale ponderar o pensamento de Fanon em nossa veracidade, visto que, essa
reflexão são fundamentos irrefutáveis de que há através de muitas dessas máscaras brancas
existentes na cultura da sociedade ao qual estamos inseridos.
"Que quer o homem? Que quer o homem negro?" (FANON, 2008, p. 26). ou "O que quer o
colonizado?"
Fanon descreve que ele quer ser um ser humano, visto que, consequentemente
transforma-se civilizado, que de modo vem a ser um sinônimo de ser branco. Ademais, é o
branco que ele buscará ser. Para contrapor em todas essas esferas, em que os colonizados têm
de adequar-se a esse saimento do embranquecimento, porém, de acordo com o autor, é uma
arapuca para um não-ser, isso seria um cidadão imerso na cultura de outrem, através de suas
histórias e sua identidades. O individuo alienado conceber esse objeto por entre as máscaras
brancas, em razão, que observa-se única retirada de sua negritude marginalizada, isto é, esses
disfarces são disparadores para alienação, que é uma vida definida pelo medo, pela prisão,
pelo desespero, pelo servilismo, pela escravidão,pela prostração e pelo tremor.
“Falo de milhões de homens em quem deliberadamente inculcaram o medo, o complexo de
inferioridade, o tremor, a prostração, o desespero, o servilismo. ( Aimé Césaire, Discurso
sobre o colonialismo)” (FANON, 2008, p.25)
“A explosão não vai acontecer hoje. Ainda é muito cedo... ou tarde demais.
Não venho armado de verdades decisivas.
Minha consciência não é dotada de fulgurâncias essenciais.
Entretanto, com toda a serenidade, penso que é bom que certas coisas sejam ditas.
Essas coisas, vou dizê-las, não gritá-las.
Pois há muito tempo que o grito não faz mais parte da minha vida.
Faz tanto tempo...
Por que escrever esta obra? Ninguém a solicitou.
E muito menos aqueles a quem ela se destina.
E então? Então, calmamente, respondo que há imbecis demais neste mundo.
E já que o digo, vou tentar prová-lo.
Em direção a um novo humanismo…
À compreensão dos homens…
Nossos irmãos de cor…
Creio em ti, Homem…
O preconceito racial…
Compreender e amar...
De todos os lados, sou assediado por dezenas e centenas de páginas que tentam impor-se a
mim.
Entretanto, uma só linha seria suficiente.
Uma única resposta a dar e o problema do negro seria destituído de sua importância.
Que quer o homem?
Que quer o homem negro?
Mesmo expondo-me ao ressentimento de meus irmãos de cor, direi que o negro não é um
homem.
Há uma zona de não-ser, uma região extraordinariamente estéril e árida, uma rampa
essencialmente despojada, onde um autêntico ressurgimento pode acontecer.
A maioria dos negros não desfruta do benefício de realizar esta descida aos verdadeiros
Infernos.
O homem não é apenas possibilidade de recomeço, de negação.
Se é verdade que a consciência é atividade transcendental, devemos saber também que essa
transcendência é assolada pelo problema do amor e da compreensão.
O homem é um SIM vibrando com as harmonias cósmicas.
Desenraizado, disperso, confuso, condenado a ver se dissolverem, uma após as outras, as
verdades que elaborou, é obrigado a deixar de projetar no mundo uma antinomia que lhe é
inerente.
O negro é um homem negro; isto quer dizer que, devido a uma série de aberrações afetivas,
ele se estabeleceu no seio de um universo de onde será preciso retirá-lo.
O problema é muito importante.
Pretendemos, nada mais nada menos, liberar o homem de cor de si próprio.
Avançaremos lentamente, pois existem dois campos: o branco e o negro.
Tenazmente, questionamos as duas metafísicas e veremos que elas são frequentemente muito
destrutivas.
Não sentiremos nenhuma piedade dos antigos governantes, dos antigos missionários.
Para nós, aquele que adora o preto é tão “doente” quanto aquele que o execra.
Inversamente, o negro que quer embranquecer a raça é tão infeliz quanto aquele que prega o
ódio ao branco.
Em termos absolutos, o negro não é mais amável do que o tcheco, na verdade trata-se de
deixar o homem livre.
Este livro deveria ter sido escrito há três anos... Mas então as verdades nos queimavam. Hoje
elas podem ser ditas sem excitação.
Essas verdades não precisam ser jogadas na cara dos homens.
Elas não pretendem se entusiasmar.
Nós desconfiamos do entusiasmo.
Cada vez que o entusiasmo aflorou em algum lugar, anunciou o fogo, a fome, a miséria…
E também o desprezo pelo homem.
O entusiasmo é, por excelência, a arma dos impotentes.
Daqueles que esquentam o ferro para molhá-lo imediatamente.
Nós pretendemos aquecer a carcaça do homem e deixá-lo livre.
Talvez assim cheguemos a este resultado: o
Homem mantendo o fogo por autocombustão.
O Homem é liberado do trampolim constituído pela resistência dos outros, ferindo a própria
carne para encontrar um sentido para si.
Apenas alguns dos nossos leitores poderão avaliar as dificuldades que encontramos na
redação deste livro.
Em uma época em que a dúvida cética tomou conta do mundo, em que, segundo os dizeres de
um bando de cínicos, não é mais possível distinguir o senso do contra-senso, torna-se
complicado descer a um nível onde as categorias de senso e contra-senso ainda não são
utilizadas.
O negro quer ser branco.
O brancoincita-se a assumir a condição de ser humano.
Veremos, ao longo desta obra, elaborar-se uma tentativa de compreensão da relação entre o
negro e o branco.
O branco está fechado na sua brancura.
O negro na sua negrura.
Tentaremos determinar as tendências desse duplo narcisismo e as motivações que ele implica.
No início de nossas reflexões, pareceu-nos inoportuno explicitar as conclusões que serão
apresentadas em seguida.
Nossos esforços foram guiados apenas pela preocupação de pôr fim a um círculo vicioso.
Mas também é um fato: alguns negros querem, custe o que custar, demonstrar aos brancos a
riqueza do seu pensamento, a potência respeitável do seu espírito.
Como sair do impasse?
Há pouco utilizamos o termo narcisismo.
Na verdade, pensamos que só uma interpretação psicanalítica do problema negro pode revelar
as anomalias afetivas responsáveis pela estrutura dos complexos.
Trabalhamos para a dissolução total desse universo mórbido. Estimamos que o indivíduo
deve atender ao universalismo inerente à condição humana.
Ao pretendermos isto, pensamos indiferentemente em homens como Gobineau ou em
mulheres como Mayotte Capécia.
Mas, para se chegar a esta solução, é urgente a neutralização de uma série de taras, seqüelas
do período infantil.
A infelicidade do homem, já dizia
Nietzsche, é ter sido criança.
Entretanto não podemos esquecer, como lembra
Charles Odier, que o destino do neurótico está nas suas próprias mãos.
Por mais dolorosa que possa ser esta constatação, somos obrigados a fazê-la: para o negro, há
apenas um destino.
E ele é branco.” (FANON, 2008, p. 25-28)
Questionário:
O que seriam essas máscaras brancas?
O que seria alienação?
O que seria essencialismo estratégico e essencialismo tático?
O que vem a ser o humanismo revolucionário? O humanismo de Fanon é capaz de ser
assemelhado com a perspectiva humanista de Morgan Freeman, a que ele enuncia,“somos
todos humanos”? Existe ou não uma dessemelhança nessa perspectivas entre os dois autores?

GONZALEZ, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais


Hoje. São Paulo, Anuário, 1984 pp. 223-243.

Lélia de Almeida nasceu na cidade mineira de Belo Horizonte, no dia primeiro de


fevereiro de 1935. Filha de uma empregada doméstica Dona Urcinda, nascida no dia vinte
nove de março de mil oitocentos e noventa e oito, era capixaba filha de Deolinda Serafim dos
Anjos e José Serafim dos Anjos, era de origem indigena, anafalberta e do lar. Seu pai Acácio,
era um operário de raízes africanas, era um homem preto, nascido no período da Lei do
Ventre Livre. Dona Urcinda matrimoniou-se com Acácio aos treze anos de idade
contrariando o querer de seus familiares, porque encontrava-se prometida a um italiano. No
período da passagem secular, o Estado financiava a chegada de imigrantes europeus, com
destino de suprir a mão de obra recentemente libertada e, sucede pessoas diga, que foi para a
população fosse branqueada. A jornada deles diversificava entre os estados de São Paulo,
Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
Mas foi na cidade do Rio de Janeiro, em que Lelia passou o maior tempo de sua vida.
Foi antropóloga, durante de três décadas desempenhou o seu papel no magistério,
atravessando por importantes universidades do Rio de Janeiro, como a UFRJ, UERJ, PUC-
RJ e a Escola de Artes Visuais. Gonzales produziu diversos ensaios, teses e artigos sobre a
temática racial, além dos livros Festas Populares no Brasil e Lugar de Negro. Lélia participou
do grupo de fundadores do Movimento Negro Unificado, um dos principais canais de
ressurgimento do combate pela igualdade racial, na epóca. Perseverante em combate a
discriminação racial e ao racismo, também foi pioneira das causas feministas no pais,
essencialmente da mulher preta. O enfrentamento contra as desigualdades que afligiam
notadamente as mulheres negras trouxe à tona uma nova faceta da problemática racial que ela
conseguiu destacar em seus trabalhos acadêmicos e também na sua atuação política. A sua
relevância para os movimentos de cidadãos pretos brasileiros tem sido relacionada ao de
Angela Davis, uma das grandes influenciadoras e importantíssima para os movimentos dos
cidadãos estadunidenses pretos.
As obras de Lélia Gonzalez, suas concepções e seus escritos e ideias, constitui-se em
uma geração de ativistas para a cultura afro-brasileira. Hodiernamente, as mulheres pretas
ressaltam-se como um papel essencial nos movimentos dos cidadãos pretos. Com uma
significativa estruturação, obstinação e, especialmente, a certeza de estarem travando o bom
combate. Lélia é e continuará sendo um grande exemplo de inspiração aos trabalhos dessa
geração de gladiadoras, que traz uma simbologia da jornada e do combate contra o racismo e
o sexismo existentes no Brasil. Os movimentos dos cidadãos e o Brasil teve uma grande
contribuição de Lélia Gonzalez.
Lélia Gonzalez, argumenta que justamente toda essa ênfase do racismo e sexismo
inseridos na sociedade brasileira. Gonzalez traz fundamentalidade para inspirar muitas
mulheres na atualidade, e dá base para reflexões sobre algo profundo, a linguagem da autora
vem a ser muito poderosa, trazendo ao mesmo tempo essa parte humana, marcada pela
materialidade e por uma existência brasileira preta. Esses estereótipos sobre a mulher negra
transcorreram de uma forma amplificada, mas que já foram exaustivamente abordados por
Lélia no período dos anos oitenta. Racismo e exismo na cultura brasileira foi escrito no ano
de 1984, esse texto é um artigo que traz várias frases icônicas sobre o tema abordado. A
autora transcorrer várias passagens fundamentais, e que elaboraram os pensamentos
desenvolvidos na contemporaneidade, além de ter apresenta vários conceitos em que se
dialoga com a psicanálise e críticas que ela faz sobre grandes intelectuais brancos brasileiros,
a respeito da estrutura histórica da mulher negra, da forma como eles interpretaram algumas
ações no Brasil no período colonial colonial.
Gonzalez começa o texto expressando-se sobre o lugar em que a mulher negra é
colocada na sociedade brasileira, é determinado fundamentalmente pela interpretação da
nossa dupla opressão; a de gênero e a racial coincidentemente, esses lugares se manifestam
através de três estereótipos em que ela trabalha ao decorrer do texto: A mulata; A doméstica e
a Mãe preta.A autora aprofundar-se nessas discussões sobre esses estereótipos, na hora em
que ela compreender que a literatura nas ciências sociais naquele tempo acabava limitando a
violência aderida da mulher negra sofrida na sociedade atual brasileira, exclusivamente
quando se trata de questões econômicas; ao acesso ou não acesso em que ela sofria em
detrimento do racismo e das estruturas materiais, sem dissertar de uma maneira mais
profunda sobre o impacto disso, e na forma como a sociedade observava essas mulheres, e
como essas mulheres começaram construíram suas identidades. Transversalmente, é por essa
razão que Lelia vai buscar no seio da psicanálise alguns conceitos, que ajudem-se o
entendimento e a compreensão do impacto e a violência desses estereótipos de uma maneira
que não pode-se quantificar.
A autora observa a sociedade brasileira e começa a compreender como o mito da
democracia racial, é o grande responsável pela tentativa constante de domesticação de corpos
negros, em que acaba sendo a base de tudo, visto que, na cultura brasileira a uma tentativa de
ocultar a africanidade presente, ao passo em que os contextos como os Estados Unidos
exemplificativamente com a segregação racial e da Africa do Sul com o apartheid, onde não
havia uma objetividade de ocultar-se ou de domesticar, mas sim de realmente de exclui
afastar-se. O que era o mesmo que transcorria na sociedade brasileira, mas só que aqui veio
acontecer de uma forma diferente, e ela enuncia que é justamente por entre essa tentativa de
domesticação da pessoa preta, ao longo da nossa construção cultural em que colocou-se a
mulher negra nesses distintos lugares de integração e rejeição. E é partir dai que Lelia começa
a debate especificamente sobre estereótipo da mulata que se realiza fundamentalmente no
carnaval brasileiro, atraves dessa esfera em que o mito da democracia racial impera ,ou seja,
que por dentro dessa ideia de que negros,indígenas e brancos convivem harmonicamente,
onde esse é o pais de todas as raças, em que no ambiente em que estamos inseridos não tem
diferenças não tem preconceito, aqui todos são miscigenados, dai que vem a conjuntura do
mito da democracia racial, que nesse contexto o carnavalesco, em que matamorfoseia a
mulher preta nesse corpo desejado, nessa deusa do samba, a rainha admirada. Lelia cita:

“Ali, ela perde seu anonimato e se transfigura na Cinderela do


asfalto, adorada, desejada, devorada pelo olhar dos príncipes altos e
loiros, vindos de terras distantes só para vê-la. Estes, por sua vez,
tentam fixar sua imagem, estranhamente sedutora, em todos os
seus detalhes anatômicos; e os “flashes” se sucedem, como fogos
de artifício eletrônicos. E ela dá o que tem, pois sabe que amanhã
estará nas páginas das revistas nacionais e internacionais, vista e
admirada pelo mundo inteiro. Isto, sem contar o cinema e a
televisão. E lá vai ela feericamente luminosa e iluminada, no
espetáculo feérico.” (GONZALEZ, Lélia.1984, p.228)

Ler os textos Lélia Gonzalez, é esse misto de intelectualidade, poesia, com


colocalidado, e através dessa visão que no decorrer do texto que a uma outra face dessa
chamada mulata que se realiza no carnaval, mas que vai se transformando na doméstica no
cotidiano, fora dessa contextualidade festividade da democracia racial. Lélia expressa: “É por
aí, também, que se constata que os termos mulata e doméstica são atribuições de um mesmo
sujeito. A nomeação vai depender da situação em que somos vistas.” (GONZALEZ, Lélia.
1984,p.228)

Através desse pensamento, a autora vai procurar justamente em nosso passado


colonial brasileiro, no momento em que seu duplo caráter atribuído atualmente à mulher
negra brasileira criou-se, ao mesmo tempo que é tão próximo vem a ser muito distante, por
dizer de lugares de desprezo, de ódio, mas também de desejo. É a partir desse ponto que a
autora acha que a raiz da mulata doméstica é a figura da mucama, em que ela trabalha no
transcorrer do texto com mais profundidade. A palavra mucama, era como se chamavam
mulheres negras escravizadas, escolhidas para trabalhar dentro das casas grandes, que não só
cuidavam da prole desse senhor de engenho, mas também faziam trabalhos domésticos e
sexuais forçados. Dessa forma, em que Lélia busca e compartilha, nesse texto literaturas a
respeito dessa contextualidade, que mostrava como esse duplo caráter da servidão da mulher
negra, que é o serviu e o sexual era dado. Ela demonstra em documentos do final do século
dezoito, estabelece uma naturalização do que se chamava de concubinagem, que é essa
relação sexual com alguém que não necessariamente se casar, ou seja, mulheres negras de
uma forma naturalizada e entre esses senhores brancos do Brasil escravocrata. Quando se fala
em uma relação sexual, estamos dizendo de um abuso sexual, porque vem a se um vinculo de
poder muito dispares. Uma vez, em que essas mulheres negras escravizadas não tinham
escolha, afinal elas não eram indevidas, elas eram objeto, elas eram bens que foram
comprados por esses senhores de engenho, que as usavam a bem entender.

O fato de que essas mulheres negras escravizadas seriam bens de serviços, não
somente domésticos, mas também sexuais. Complexo foram muitas essas relações não só
econômicas, mas também familiares naquele contexto, em uma conjuntura em que as tensões
que se acirraram entre as mulheres brancas e mulheres pretas. Em uma contextura em que as
mulheres brancas enciumava seus maridos, esses senhores de engenho mostrava seus poderes
econômicos, de dominação vendendo os rivais românticos de suas mucamas, ou seja, Lélia e
constata de fato que esses dois estereótipos presentes e vigentes até atualmente, não só
quando ela escreveu esse artigo em mil novecentos e oitenta e quatro, da mulata e da
doméstica que são faces de uma mesma figura colonial: A mucama, que construiu ao longo
da história a forma de como as mulheres negras no Brasil inteiro são percebidas e tratadas.
Gonzalez, chama a figura doméstica hoje de mucama permitida, que é justamente essa
mulher negra que serve e trabalha para homens e mulheres brancos, seja simbolicamente ou
literalmente, que ao contrário da sua outra face, a mulata não é exaltada diretamente porque
representa, e é a realização da mulher negra em seu cotidiano, em que ela diz que ao
enxergar, dessa forma, independentemente de classe, independentemente de acesso ou como
ela fala boa aparência, Lelia até sinta sua própria experiência de pessoas que batem na porta
dela vendedores que falam: “Madame tá aí!”

Porque não supõe que ela seja a dona da casa, da mesma forma hodiernamente
acabamos refletindo várias experiências que pessoas pretas vem sendo perseguidos em lojas,
supermercados ou até mesmo sendo confundido como um atendente, mesmo quando ela não
esteja de uniforme, ou com nada parecido com uniforme. Lélia enuncia, que o mesmo
porteiro branco que vai mandar essas mulheres pretas entrarem pelo elevador de serviço, é o
mesmo que deseja esses corpos negros no carnaval. Isso quer dizer, que no passado colonial,
ele é presente e atuante, ele ainda não acabou quando terminou, por isso que fala-se sobre
uma colonialidade, sobre essas práticas vigentes que até agora estão presentes, mesmo com a
transformação do sistema, não vivemos mais em um sistema colonial, não tem que mandar-
se os nossos bens para Portugal, não somos mais a colônia da metrópole portuguesa, mas
ainda assim as práticas e as coisas que se construíram naquele período permanecem. Continua
limitando, permanecem coagindo, violentando mulheres pretas em todo e qualquer espaço.

Portanto, a ideia de que mulheres pretas são ligadas à servidão, seja no trabalho ou
seja sexualmente, é basicamente a reprodução fiel da experiência da vida violências sofridas
pelas mucamas, e essas experiências atualmente são resultados da permanência desses
estereótipos, dessas violências sofridas pelos nossos ancestrais, há mais de décadas atrás. A
autora também manifesta como ao longo da nossa história, essa historiografia brasileira
tentou minimizar essas práticas coloniais e nosso cotidiano. Ela inclusive cita o Caio Prado
Júnior, um grande intelectual brasileiro, que no livro “A formação do Brasil contemporâneo”
tem uma falas complexas diz que, a dupla exploração do trabalho de mulheres pretas, a serviu
e sexual não teria de fato grandes impactos na realidade, já que se materializa naquela época,
no simples desejo carnal era só um desejo, não era um desejo partir de dois lugares iguais e
não de lugares de poder absolutamente diferentes, que se não fossem só práticas sexuais
poderiam aproximar-se de um sentimento humano chamado amor, que é quando a
sexualidade, prazer e o desejo acabam se transformando em algo a mais.Observa-se, que foi
dificilmente naquele período, mais que só era um desejo, e o desejo poderia transformar-se
em amor. Então com certeza vários casais eram feliz através dessa relação, desmesurada
austeridade já que há cento e trinta e dois anos após a abolição da escravatura no papel,
porque ainda observa se que as histórias, as vidas e ações continuam sendo impregnados
pelas práticas coloniais, que segundo ele não seriam de grande impacto.

Lelia enfatiza, que falar sobre isso é importante, porque são esses lugares de silêncio
de objetificação e de servidão que não parecem relevantes que contam a história do nosso
país, de uma formação absolutamente racista, violenta e misógina. González em síntese
mostra como a figura em si, da mucama que transformou-se na corporatura da mãe preta, essa
mulher que cuida de todos, que serve a todos, que vive única e exclusivamente para servir aos
seus filhos e marido se tiver. No Brasil colonial, foi a que justamente cuidou dessa prova e
branca,e foi responsável inclusive por educar não somente os seus filhos, mas também os dos
seus senhores. Observa-se o descuido onde se passa toda a cultura afro-brasileira para frente,
isso porque segundo Lelia e a mãe preta se caracteriza a única exclusivamente uma mãe, uma
mãe que passou para frente os seus valores morais, que passou para frente o seu pretuguês,
que vem se atualmente no Brasil, um português com forte raiz africana por mais que tentem
ignorar, ou seja, de toda uma esfera de democracia racial, o desejo domesticação do corpo
negro. Voltou através das mulheres escravizadas que tentaram silenciar, na verdade foi uma
das grandes responsáveis por materializar a cultura afro-brasileira em todas e em todos esses
espaços. Lelia descreve, que uma prática brasileira que é muito comum atualmente, é querer-
se admirar mais as portuguesas ou bem estudadas e brancas. A autora diz que agora não é
tarde demais para isso, pois esse texto de Lélia é um primor é um regozijo de ler, não só pela
complexidade das coisas em que ela traz pela moral pensamento dela, mas pela escrita, pela
fala é uma intelectual única e poderosa, que realmente influencia a gente queria aprender
cada vez mais.

A leitura de Racismo e sexismo na cultura brasileira, vai nos ensinar muitas coisas,
tem passagens muito importante, em que se traz reflexões dos nossos momentos de leitura e
educação. Esse texto e essa reflexão são tão primorosos, porque Lelia parte da nossa
realidade, para que observamos em como lidamos e vivemos com essas questões que
nasceram, e que nos dominam atualmente.Por isso, temos que dar mais visão para as nossas
intelectuais brasileiras mulheres que falam, pensam e refletem a sobre a realidade, sobre a
construção desse Brasil, por mais que tende a se negar o passado colonial mais presente e
atuante do que nunca. Foi através desses estudos que compreendemos sobre como surgiram,
de onde vieram esses mitos e estereótipos sobre a mulher preta, e como eles afetam as vidas
dessas mulheres pretas até o presente momento, e através da consciência é o primeiro passo
para essa libertação.
De que maneira Lélia Gonzalez define o mito da democracia racial em termos raciais
e de gênero? Lelia define o mito da democracia racial na mulher preta brasileira, na
metodologia utilizada pela autora, refere-se ao carnaval o mito da democracia racial é
atualizado, entretanto, acontece uma inversão em que a figura da mulher preta sai do
anonimato dos papéis da doméstica e da mãe preta e torna-se a mulata deusa do samba.
Gonzalez descreve sobre a hegemonia da branquitude que produziu as figuras acerca
da mulher preta na triangulação da mulata e da doméstica. Em que as probabilidades de
saídas desses papéis não vem a ser tão consideradas. O que provoca efeitos na afetividade,
bem como, na sexualidade das mesmas, por isso, a inserção da psicanálise para ter uma total
compreensão sobre os efeitos do mito da democracia racial ou da neurose cultural brasileira,
na construção da subjetividade das mulheres pretas na sociedade a qual elas vem esta
inseridas, como analisou Lelia. A autora demonstra que como todo mito, ele oculta mais do
que mostra, a deusa mulata do samba, após a quarta feira de cinzas volta a ser a domestica da
casa grande contemporânea. González diz que, é por esse lado, também que constata-se os
termos introduzidos na figura da mulata e da doméstica são atribuições de um mesmo sujeito.
A nomeação vai depender da situação em que a sociedade a observa.
O mito da democracia social tem o intuito de negar e cegar a hierarquia presente na
sociedade brasileira. Essa hierarquia que transcorre invertida no carnaval, expondo, mais do
que se esconde como o fato das relações sociais no país serem estruturadas. A mãe preta vira
a mulata rainha do carnaval. Gonzalez afirma que o racismo à brasileira é um sintoma da
neurose cultural brasileira, devido a negação de que entendemos enquanto uma sociedade
hierárquica e racista, ou seja, totalmente autoritária. Para a autora, apenas as tomam
consciência dessa estrutura inconsciente, que mantém a dicotomia dominantes e dominadas
que a população preta, essencialmente a figura feminina preta, pode resistir e romper com
essa construção. Dessa forma, refletir e compreender a sociedade brasileira é uma
transfiguração a partir da sua africanidade, latinidade e indianidade, assim como o
feminismo.
É através do “Racismo e sexismo na cultura brasileira” que Gonzalez vai partir de um
raciocínio em um caminho que foi empenhada nos textos anteriores no qual, trata-se do papel
da mulata, transversalmente, desencadeia, o papel da doméstica e, adiante,o papel da mãe
preta. Através desse raciocínio que articulam-se para o entendimento, onde poderemos
responder as questões que a autora coloca-se no início, em que a mulher preta é estabelecida
na expressão de uma identificação do dominado com o dominador. Eventualmente, no
cenário brasileiro, em que, o mito da democracia racial dispôs do tanto do acatamento e
divulgação? O que ele oculta, para além do que mostra? Quais os procedimentos que
possuíam determinada sua construção?
Gonzalez justifica que é provável entender esse fenômeno da identificação do
dominado com o dominador em que se compreendermos o racismo enquanto a características
da percepção da cultura brasileira estruturada através do sexismo que gera resultados
violentos essencialmente em cima do papel da mulher preta. O conhecimento como uma
influencia dos Movimento Negro Unificado , ao mesmo tempo em que é elemento do Escola
de Samba Quilombo e Grêmio Recreativo de Arte Negra alicerçaram empiricamente, distante
da respectiva experimentação da representação mulher preta, na expressão produzida em
contorno dos cidadãos pretos,no qual,a mulher preta é simbolizada como a mãe preta, mulata
e a doméstica.
“Os textos só falavam da mulher negra numa perspectiva sócio-
econômica que elucidou uma série de problemas propostos pelas
relações raciais. Mas ficava (e ficará) sempre um resto que desafiava
as explicações. E isso começou a nos incomodar. Exatamente a partir
das noções de mulata, doméstica e mãe preta que estavam ali, nos
martelando com sua insistência…” (GONZALEZ, 1984, p.225).

Desse modo, que Lélia Gonzalez inquieta-se essa fragmentação estabelecida nessa
esfera teórica em que não concedia-se no espaço das relações sociais na cultura do Brasil, no
qual, o racismo e sexismo compõe-se no papel da mulher preta determinando essa
diversificação de papéis em muitos momentos ambíguos entre si mesmo. Como citado acima,
é importante salientar a utilização da linguagem realizada por Gonzalez que ironiza, brinca e
demonstra que através dessa linguagem formal do português se desfigurando da verídica
linguagem da sociedade brasileira, o pretuguês, como descrito brevemente nas colocações
acima. A autora fornece uma uma visão inversa da linguagem ao objetivar a língua formal e
culta com a linguagem afro-brasileira, essa ensinada pela verdadeira mãe preta.

“É engraçado como eles gozam quando a gente diz que é Framengo.


Chamam a gente de ignorante dizendo que a gente fala errado. E de
repente ignoram que a presença desse r no lugar de l, nada mais é que
a marca linguística de um idioma africano, no qual o L inexiste.
Afinal, quem é o ignorante? Ao mesmo tempo, acham o maior barato
a fala dita brasileira, que corta os erres dos infinitivos verbais, que
condensa você em cê, o está em tá e por aí afora. Não saibam que tão
falando pretuguês.” (GONZALEZ, 1984, p. 238).

As especificação da linguagem africana enunciadas naquele espaço e que colaboram


para que digamos o pretoguês em território brasileiro, Lélia retrata, que a retirada da letra R
gutural em palavras, desse modo, como o diferentes estreitamento, pronunciando a sílaba
tônica em permutação de um todo vocábulo, como tá para ou cê, reciprocamente, está ou
você, tal como demonstra a referência a cima. Esse acontecimento linguístico em que
observamos adiante, na hodiernidade, nesse espaço da oralidade para a linguagem escrita,
visto que, nas rede sociais já aconteceu aproximadamente a abolição, na internet, a utilização
do R ao final dos verbos no infinitivo.
Contudo, o componente é capaz de ser mencionado como originário da influência da
linguagem africana tipificando o pretoguês são os consentimentos que não são utilizados nos
substantivos, quando se conduz a uma construção dos plurais: os menino, as casa, os fio, as
perna. Todavia, tende-se a que essas linguagens africanas desse espaço, o plural é oferecido
meramente pelo artigo, não estabelecendo um declínio do substantivo, permanecendo a
concepção linguística formalmente como representada acima. Somos capazes de salientar
ainda uma série de palavras no vocabulário oral do pretoguês, signos presentes apenas nos
dicionários brasileiros, como elementos que caracterizam a nossa cultura, tal qual ‘bunda’ e
as palavras dela derivadas: desbunde, desbundar. Converte-se, “que na hora de mostrar o que
eles chamam de coisas nossas, é um tal de falar de samba, tutu, maracatu, frevo, candomblé,

umbanda, escola de samba e por aí fora.” (GONZALEZ, Lélia, 1984, p.238).

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