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A FUNÇÃO DO AMOR E DA COMPAIXÃO

A IMPORTÂNCIA DA BENEVOLÊNCIA E DA COMPAIXÃO

Quando falo sobre isso, não me vejo como um budista, nem mesmo como o Dalai Lama, e nem como tibetano,
como um ser humano. E espero que vocês na platéia pensem em si próprios, neste momento como seres humanos e
não como americanos, ou ocidentais, ou membros de qualquer grupo em particular. Essas coisas são secundárias.
Se do meu lado e do lado dos ouvintes, interagirmos como seres humanos, poderemos atingir esse nível básico. Se
eu disser sou um monge”, ou “sou um budista isto significa algo temporário em comparação com a minha
natureza como ser humano . Existir como ser humano é básico . Uma vez que se nasce como ser humano, isto não
pode ser mudado até a morte . Outros pontos, como se você é culto ou ignorante, rico ou pobre, são secundários.

Atualmente, enfrentamos vários problemas. Alguns são criados essencialmente por nós mesmos , com base em
divisões quanto à ideologia, religião, raça, posição e outros fatores. Portanto, chegou o momento de pensarmos num
nível mais profundo, no nível humano, e a partir dele deveremos apreciar e respeitar a similitude dos outros como
seres humanos.
Devemos construir relações mais íntimas de confiança, compreensão, respeito e ajuda mútuos, independentemente
das diferenças de cultura, filosofia, religião ou fé.

Afinal, todos os seres humanos são feitos de carne, ossos e sangue. Todos nós desejamos a felicidade e desejamos
evitar o sofrimento. Além disso, temos o mesmo direito de sermos felizes. Em outras palavras, é importante
compreendermos a nossa como seres humanos . Pertencemos todos a uma família humana. O fato de discutirmos
uns com os outros se deve a razões secundárias, e todas essas discussões, enganos e repressão entre nós não têm
utilidade.

Infelizmente, por vários séculos, os seres humanos têm usado todos os tipos de métodos para se reprimirem e se
prejudicarem. Foram praticados inúmeros atos terríveis . Isso tem significado mais problemas, mais sofrimento e mais
desconfiança, que resultam em mais sentimentos de ódio e mais separações.
Hoje o mundo está ficando cada vez menor. Do ponto de vista econômico, e sob vários aspectos , as deferentes
áreas do mundo estão se tornando mais próximas e permanentemente interdependentes. Por isso, acontecem os
encontros frequentes de cúpulas internacionais; os problemas em lugares longínquos estão ligados à crise global.
Esta situação expressa o fato de que é hora, de que é necessário, pensar mais sob a perspectiva humana do que ser
em assuntos que nos dividem . Portanto, falo a vocês como um simples ser humano, e espero com seriedade que
estejam me ouvindo com o pensamento de que “eu sou um ser humano e estou aqui ouvindo outro ser humano.

Todos nós desejamos a felicidade. Nas cidades, na fazenda, até em lugares distantes as pessoas estão ocupadas e
ativas . Qual é o principal propósito dessa atividade . Todos estão tentando criar a felicidade. Isso é certo . Contudo,
é muito importante seguir um método correto na busca da felicidade . Devemos manter em mente que um grande
envolvimento de natureza superficial não resolverá os problemas maiores.

Existem à nossa volta muitas crises, muitos medos. Por meio da ciência e da tecnologia altamente desenvolvidas,
atingimos um nível avançado de progresso material que tanto é útil como necessário. Porém, se vocês compararem o
progresso externo com o nosso progresso interno, ficará bem claro que o nosso pregresso interno é inadequado. Em
vários países, as crises são crônicas. As pessoas se queixam do declínio da moralidade e do aumento da atividade
criminosa . Embora nos assuntos externos sejamos altamente avançados e continuemos a progredir, ao mesmo
tempo, é igualmente importante nos desenvolvermos e progredirmos em termos do crescimento interior.

Antigamente, quando havia guerra, o efeito –– a extensão da destruição ––era limitado. Contudo, hoje, em virtude
do progresso material, o potencial da destruição está além do que pode ser imaginado. No ano passado, visitei
Hiroshima . Embora soubesse coisa sobre a explosão nuclear que aconteceu, foi muito diferente visitar fisicamente o
local, vê-lo com os meus próprios olhos e encontrar pessoas que realmente passaram por aquele momento. Fiquei
profundamente sensibilizado. Usaram uma arma terrível. Embora possamos ver alguém como inimigo, em um nível
mais profundo, um inimigo também é um ser humano , que também deseja a felicidade e que tem o direito de ser
feliz. Olhando para Hiroshima e pensando sobre isso, naquele momento me convenci ainda mais de que a raiva e o
ódio não conseguem resolver os problemas.
A raiva não pode ser dominada pela raiva . Se uma pessoa demonstra raiva por você e você responde com raiva o
resultado é desastroso. Em comparação, se você controla a sua raiva e mostra atitudes opostas ––, então não
somente você permanecerá em paz, como a raiva do outro diminuirá gradualmente.

Os problemas do mundo, similarmente, não podem ser desafiados pela raiva ou pelo ódio. Eles devem ser encarados
com compaixão, amor e verdadeira benevolência. Vejam as armas terríveis que existem. O botão que as aciona está
sob um dedo humano, que é movido pelo pensamento e não ser por poder próprio . A responsabilidade está no
pensamento.

Se observamos essas coisas com profundidade, o plano está no interior ––dentro da mente, da qual surgem as ações.
Portanto, o controle da mente é muito importante. Não estou me referindo aqui ao controle da mente no sentido da
meditação profunda, mas simplesmente de se cultivar menos raiva e mais respeito pelos direitos dos outros, mais
preocupação com as outras pessoas, mais clareza de consciência sobre a nossa similitude como seres humanos.
Considerem a visão ocidental do bloco oriental ––por exemplo, a União Soviética . Vocês devem ver a União
Soviética como irmãos e irmãs; as pessoas da Rússia são as mesmas que vocês. Os russos também deveriam olhar
para este lado como irmãos e irmãs. Essa atitude pode não resolver os problemas de imediato, mas temos que fazer
uma tentativa. Temos que começar a promover essa compreensão através de revistas e da televisão. Em vez de
fazermos propaganda apenas para ganharmos dinheiro, precisamos usar a mídia para algo mais significativo, algo
seriamente para o bem-estar da humanidade . O dinheiro é necessário, mas o propósito verdadeiro dele é o ser
humano. Algumas vezes, perdemos o interesse pelo lado humano e ficamos preocupados somente com o dinheiro.
Isso é não ser sensato.

Afinal, todos nós desejamos a felicidade, e ninguém discordará do fato de que com raiva a paz é impossível. Com
benevolência e amor, a paz mental pode ser atingida. Ninguém deseja a raiva , ninguém deseja a inquietação mental,
embora elas ocorram por causa da ignorância. As más atitudes, como a depressão, surgem do poder da ignorância, e
não por vontade própria.
Pela raiva perdemos uma das melhores qualidades humanas –– o poder do julgamento. Possuímos um bom cérebro,
que os outros mamíferos não têm, que nos permite o que é certo e o que é errado não somente em termos das
preocupações atuais , mas considerando dez, vinte ou até cem anos no futuro . Sem qualquer cognição prévia,
podemos utilizar o nosso senso comum para determinar se algo é um método certo ou errado; podemos decidir que
se agirmos assim ou assado, isso terá tais e tais efeitos. Contudo, se a nossa mente estiver ocupada pela raiva,
perderemos este poder de julgamento, o que é muito triste. Fisicamente você é um ser humano, mas mentalmente
você é incompleto. Como temos esta forma física humana, devemos salvaguardar a nossa capacidade mental de
julgamento. Para isso, não podemos sacar o prêmio do seguro; a companhia de seguros é interior: a autodisciplina, a
consciência pessoal e uma compreensão das desvantagens da raiva e dos efeitos positivos da benevolência .
Pensando sobre isso várias e v[árias vezes, poderemos nos convencer, e, então com a autoconscientização
controlaremos a mente.

Por exemplo, no momento você pode ser uma pessoa que se irrita com Facilidade e rapidamente pelas pequenas
coisas. Com a conscientização e uma compreensão clara, isto pode ser controlado. Se você costuma ficar zangado por
dez minutos, tente reduzir para oito. Na semana seguinte, passe para cinco e no próximo mês, para dois. Depois
chegue ao zero. É assim que desenvolvemos e treinamos as nossas mentes.

Isso é o que eu sinto e é também o tipo de prática que realizo. E claro que todos precisamos de paz mental . A
questão então é como consegui-la. Através da raiva, não; mas através da benevolência, através do amor, através da
compaixão, podemos atingir a paz mental individual. O resultado disso é uma família em paz –– a felicidade entre
pais e filhos, menos discussões entre marido e esposa, nenhuma preocupação quanto ao divórcio . Estendida ao
âmbito nacional , essa atitude pode trazer união , harmonia e cooperação com uma motivação genuína . No nível
internacional, precisamos de confiança mútua, respeito mútuo, discussão franca e amigável com motivação sincera e
esforço conjunto para resolver os problemas do mundo. Tudo isso é possível.
Mas primeiro temos que resolver os problemas internos . Os nossos líderes nacionais tentam da melhor forma
possível solucionar os nossos problemas, mas quando um deles é equacionado, logo surge outro; ao tentar
resolver este, novamente aparece outro em algum lugar. É chegado o momento de tentar uma solução diferente .
Naturalmente, é muito difícil conseguir um movimento pela paz mental em escala mundial, mas é a única
alternativa. Se houvesse outro método mais fácil e mais prático, seria melhor, mas não existe. Se pelas armas
atingíssemos uma paz verdadeira e duradoura, tudo bem . Que todas as fábricas fossem fábricas de armas. Que
gastássemos todos os dólares para isso.

––– se atingíssemos uma paz duradoura definitiva . Mas isso é impossível.

As armas não permanecem estocadas. Uma vez que uma delas é produzida, mais cedo ou mais tarde, alguém a
utilizará . Alguém pode achar que se não a usar, milhões de dólares serão desperdiçados , por isso de alguma
maneira deverá ser utilizada –– e então solta uma bomba para testá-la. O resultado é a mortandade de gente
inocente.
Portanto, embora seja difícil tentar conseguir a paz através da transformação interna , este é o único caminho para
alcançar a paz mundial
Duradoura, mesmo que ela não seja atingida durante a minha vida, não tem importância. Outros seres humanos
chegarão aqui, a próxima geração e a seguinte , e o progresso poderá continuar. Sinto que apesar das dificuldades
práticas e da impressão de que isso é considerado uma visão não-realista, vale a pena fazer uma tentativa .
Portanto, aonde vou , falo sobre ela. Sinto-me encorajado porque pessoas de diferentes profissões e classes
sociais geralmente a recebem bem.

Cada um de nós tem responsabilidade por toda a humanidade. É o momento de pensarmos nas outras pessoas
como verdadeiros irmãos e irmãs e de nos preocuparmos com o bem –estar deles, com menos sofrimento.
Mesmo que vocês não possam sacrificar inteiramente o que é de seu próprio benefício, não devem se esquecer
dos problemas dos outros. Precisamos pensar mais sobre o futuro e no que pode beneficiar toda a humanidade.
E mais, se vocês tentarem subjugar os seus propósitos egoístas –– raiva e outros –– e desenvolverem mais
benevolência e compaixão pelas pessoas, no final vocês mesmos se beneficiarão mais do que se tivessem
adotado um comportamento diferente . Por isso, algumas vezes, digo que a pessoa egoísta sábia deveria agir
dessa forma. As pessoas egoístas e tolas estão sempre pensando em si mesmas , e o resultado é negativo. As
pessoas egoístas e sábias pensam nos outros, ajudam os outros tanto quanto podem, e o resultado é que elas
também recebem os benefícios.

Esta é a minha simples religião. Não há necessidade de templos , nem necessidade de uma filosofia complicada .
O nosso próprio cérebro , o nosso próprio coração, é o nosso templo ; a filosofia é a benevolência.

DRA. ADRIANA DE MELO NUNES MARTORELLI


Advogada; Presidente da Comissão de Política Criminal e Penitenciária da OAB SP; Membro do Conselho
Penitenciário do Estado de São Paulo e Doutoranda pelo IPQ/USP.
O ser humano vivência a si
mesmo, seus pensamentos
como algo separado do resto
do universo - numa espécie de
ilusão de ótica de sua
consciência. E essa ilusão é
uma espécie de prisão que nos
restringe a nossos desejos
pessoais, conceitos e ao afeto
por pessoas mais próximas.
Nossa principal tarefa é a de
nos livrarmos dessa prisão,
ampliando o nosso círculo de
compaixão, para que ele
abranja todos os seres vivos e
toda a natureza em sua
beleza. Ninguém conseguirá
alcançar completamente esse
objetivo, mas lutar pela sua
realização já é por si só parte
de nossa liberação e o alicerce
de nossa segurança interior.
Einsten
A única atitude
intelectual digna de
uma criatura superior é
a de uma calma e fria
compaixão por tudo
quanto não é ele
próprio.

Não que essa atitude


tenha o mínimo cunho
de justa e verdadeira,
mas é tão invejável que
é preciso tê-la.

Fernando Pessoa

Leia mais:
http://www.mensagenscomam
or.com/frases/frases_de_comp
aixao.htm#ixzz3Q98bp4vW
Sendo motivado pela compaixão e amor,
respeitando os direitos dos outros –
essa é a verdadeira prática da religião.
Dalai Lama
Dalai Lama

Se tiver amor e compaixão por todos os


seres sencientes,
em especial por seus inimigos, este é o
verdadeiro amor e a verdadeira
compaixão.
O amor e compaixão, nutridos por seus
amigos, esposa e filhos, não são
verdadeiros em sua essência. São
apego, e esse tipo de amor não pode
ser infinito.
Leia mais:
http://www.mensagenscomamor.com/frases/frases_de_compaixao.htm#ixzz3Q9
8pyh9f
Compaixão é fortaleza

Compaixão vem da palavra latina compatire.


É um sentir com o outro, ou seja:
olhar a miséria e a desventura alheia,
reconhecendo também sua condição frágil,
e colocar-se no lugar do outro.

A partir do momento que isso ocorre, o que era alheio se transforma em próximo.
O que não tinha nada a ver com a minha vida, acaba se tornando fundamental.

É um afeto que se aproxima da carência do próximo.

Uma coisa é o sentir e outra coisa é o mover-se em direção.


O sentir é "affectus” e o mover-se em direção é "motus".

Compaixão é a consonância entre amor (affectus) e vontade (motus).

Compaixão sem amor -assistencialismo superficial e sem sentido.


Compaixão sem vontade - alienação estéril, impulso sem materialização

Compaixão é mais do que sentimento, vontade e obras isoladas.


É reconhecer a desgraça de alguém com as seguintes indagações:

"e se fosse eu que estivesse nessa situação ?“

"o que faria se aquele que sofre fosse eu, e o que tivesse a possibilidade de ajudar fosse a
pessoa que sofre ?"
O colocar-se no lugar se conecta no contexto do reconhecimento da
finitude humana.

Hoje é ele e amanhã poderá ser eu.


Ninguém é tão virtuoso que possa dispensar a compaixão.

Ninguém é tão miserável que não possa ser compassivo.


Por isso que a compaixão é fortaleza na medida em que há a possibilidade de se
reconhecer a carência e miséria humana e há um movimento desprendido e gratuito
em direção ao outro com a finalidade de transmitir o bem.

Contudo ninguém pode dar aquilo que não recebe.


Gostaria de explicar qual é a importância do amor e da compaixão.

É importante saber o que é compaixão,


algumas vezes pensamos que é pena, mas isso não é compaixão.

Compaixão é o senso de preocupação, mas mais do que isso, é a noção


clara de que todos os seres têm exatamente o mesmo direito à
felicidade.

Essa compreensão é que nos traz a compaixão.

Também um outro aspecto que costuma ser confundido com


compaixão é a sensação de proximidade, de ligação que temos com
amigos e parentes.

Mas isso não é compaixão verdadeira, porque esse sentimento está


ligado ao apego e todos os seres têm exatamente o mesmo direito à
felicidade.
Muitas vezes, nosso senso de preocupação com o outro depende
da atitude que ele adota.
Se a pessoa age de forma negativa, nosso senso de compaixão
desaparece.

Mas um senso de compaixão verdadeiro é o que nos leva a ver o


outro como tendo exatamente o mesmo direito que eu à
felicidade.
A compaixão que se assenta no apego não se sustenta.

A que se baseia na compreensão da igualdade de todos os seres é


desprovida de apego, e é verdadeira.

Qual é o benefício da compaixão?


Ela nos traz força interior.

Geralmente, temos um senso de "eu, eu, eu".


E nossa mente centra tudo em nós mesmos.
Então, todas as experiências negativas, mesmo pequenas,
se tornam muito dolorosas, enormes.

Mas quando pensamos nos outros, nossa mente se


amplia, e os nossos pequenos problemas se tornam
realmente pequenos, e as coisas negativas não
prejudicam nossa mente.
Alguns, quando experimentam tragédias que são involuntárias, se sentem
enterrados em uma montanha de sofrimento.
Mas, por outro lado, quando se pensa voluntariamente nos problemas dos
outros, se procura alivia-los de seus sofrimentos, essa atitude voluntária traz
uma abertura para o ser.
Dessa maneira, mesmo em meio a problemas pessoais, isso traz uma base de
clareza, e a pessoa será capaz de se sustentar.
COMPAIXÃO E BEM-ESTAR

Quando se pensa em compaixão por outras pessoas, alguns perguntam se isso


não seria sinônimo de auto-sacrifício.
Não, não é !

Porque não se deve ser negligente em relação a si mesmo.


E, baseado na minha própria experiência, acredito que se deve ser compassivo em
benefício próprio.

Um exemplo: uma vida feliz precisa de amigos, apoio.

Há amigos do dinheiro, amigos do poder, mas para esses indivíduos, se o dinheiro


acaba ou o poder se vai, a amizade também acaba.

Mas os amigos verdadeiros ficam.


Então, como criar amigos verdadeiros?
Se você tiver um sentimento de compaixão, terá mais amigos
verdadeiros. Mostre sentimentos gentis e sorria, e terá bons
amigos. Porque essa atmosfera pacífica será a sua base, que irá
criar as condições para a amizade.
A prática de compaixão também é imensamente benéfica para a saúde.

De acordo com a medicina, os que tem mais compaixão, são mais interessados pelos
outros, geralmente são mais saudáveis quando comparados com pessoas egoístas.

Os egoístas sofrem mais freqüentemente de enfartes e outras doenças.

A mente mais egoísta, mais voltada para si mesma é muito ruim para a saúde.

A mente mais compassiva, mais voltada para o próximo traz mais tranqüilidade,
resultando por isso em saúde muito melhor.
Vejamos a sociedade atual, em que a criminalidade está crescendo, ligada à
problemas econômicos e sociais, como a diferença entre ricos e pobres
(inclusive entre países ricos e pobres).
No nosso sistema educacional, muita atenção é dada ao desenvolvimento do
intelecto, e menor atenção é dada ao coração, aos sentimentos.
Pois isso é considerado tarefa da religião.
E assim as crianças não recebem nenhuma orientação sobre como serem mais
compassivas, e desenvolver um coração mais generoso.
Mas a compaixão é tão importante para a sociedade que é incentivada por
todas as religiões.
AS RELIGIÕES E A COMPAIXÃO

Por causa das diferenças filosóficas entre as grandes religiões existem diferentes
técnicas para desenvolver a compaixão e algumas diferenças da definição do que seja.
Mas basicamente todas elas falam da necessidade de se cultivar a compaixão.

Portanto, sinto que mesmo neste século, as maiores tradições religiosas têm um
papel importante no desenvolvimento dessas qualidades.
Vejo aqui pessoas de diferentes tradições religiosas, o que me faz sentir feliz, porque a
tolerância religiosa é muito importante.
E acredito que, independente de diferentes tradições religiosas, todos temos o
potencial de ajudar a humanidade.
Vim do Oriente e sou um monge budista, assim, naturalmente, quando falo
desses valores e do treinamento da mente, o faço da minha perspectiva de
monge budista.

Mas é claro que não quero influenciá-los. Vocês devem manter suas tradições
religiosas, mudar de religião não é bom, pode gerar mais confusão do que
benefício. Portanto, mantenham e sigam sua fé.
Dalai Lama
Cada uma das grandes religiões tem coisas únicas, mas também há
muita coisa em comum entre elas.

Assim, é sábio usar técnicas úteis de outras religiões, mesmo sem


mudar de religião. Até para aplicá-las na própria religião.

Com isso, as tradições religiosas diferentes desenvolvem respeito


mútuo e compreensão.
Isso é fundamental !
A compaixão e a bondade são indispensáveis. Sem esses valores não há
felicidade. Mas muitos crêem que a prática de valores como a compaixão, o
perdão e o amor são relevantes apenas para os que praticam uma religião.

Isso não é verdadeiro. Podemos ver que no passado e presente existiram


pessoas que mesmo sem nenhuma fé religiosa tinham esse sentimento de
cometimento, de responsabilidade, de compaixão pelo próximo.
Essas pessoas se tornaram mais felizes, mais úteis, mais benéficas para a
sociedade
A UNIVERSALIDADE DA COMPAIXÃO

Podemos questionar se o valor da compaixão, de um coração


compassivo é universal.
Eu acredito que todos os seres humanos têm o mesmo potencial.

Basicamente, o ser humano é voltado para a vida e comunidade.


Assim, a semente da compaixão está lá, a semente do trabalho em
conjunto está lá. É da natureza humana trabalhar em conjunto.
O individualista não pode sobreviver.
As abelhas também são animais sociais.
Não há polícia, não há um estado, no entanto trabalham em conjunto.
Uma abelha não pode ser individualista.
Mas, diferentemente dos outros animais sociais, o ser humano tem a capacidade
de se votar ao altruísmo ilimitado.
Temos a semente da compaixão dentro de nós. Todos nós.

Quando vemos os benefícios de uma mente compassiva, e o mal de uma mente


não compassiva, é fácil ver a diferença.
Então, voluntariamente iremos analisar cada vez mais, mudar cada vez mais a
nossa atitude.
E assim, dia após dia, mudamos.
O treinamento da mente não pode ser imposto a ninguém.
É preciso que nós mesmos vejamos os benefícios.
Pense sobre o que o ódio traz para sua vida, para sua saúde, para as pessoas que
estão à sua volta.
Pense sobre a compaixão e o que traz.

E assim, teremos o ímpeto de cultivar certos valores, e rejeitar outros.


Dessa maneira crescemos a cada dia, mas se não fazemos nada para reduzir
nosso ódio e cultivar a compaixão tudo ficará como está, a semente nunca irá
germinar.
Normalmente nossos problemas nascem de percebermos apenas o nível das
aparências, e não a realidade.
Ficamos no nível das aparências, e com base nelas fazemos o nosso julgamento.
Também nos concentramos na felicidade de curto prazo,
e não na de longo prazo.

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