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ABUSO SEXUAL INTRAFAMILIAR INFANTOJUVENIL: DO SILÊNCIO A

PROTEÇÃO

Ianka Lima de Souza


iankalima@hotmail.com
Flávia dos Santos Nascimento
flaviasantosnascimento@yahoo.com.br

RESUMO
O abuso sexual intrafamiliar é um tipo de violência que, afeta crianças e adolescentes no Brasil, de
modo a provocar danos individuais e/ou coletivos a vítima e ao seu ambiente familiar, de curto a longo
prazo. Este trabalho orientar-se-á no sentido de entender como a dinâmica familiar é afetada na
ocorrência do abuso sexual dentro do seu seio familiar, no percurso do silêncio a revelação. Por meio
do método qualitativo, exploratório de bibliográfico realiza-se buscas de artigos científicos em língua
portuguesa no período 2000 a 2021, evocando conceitos e sentidos, além de proporcionar
aprendizados atualizados. Desta maneira, os resultados demonstram que o abuso sexual
intrafamiliar é multifatorial, com perspectivas sociais, culturais e de saúde pública. E que pode ser
considerado como um sintoma familiar e que irá modificar sua ordem de funcionamento, conforme for
revelada e vista como fator de risco e de desproteção para integridade daqueles que são vítimas,
direta ou indiretamente. Assim, dentro do processo do silêncio a revelação existe um campo, com de
crenças e valores que ressoam nos comportamentos e pensamentos da pessoa em situação de
violência.

Palavras-chave: Abuso sexual intrafamiliar. Relações Familiares. Proteção. Prevenção.

ABSTRACT
Intra-family sexual abuse is a type of violence that affects children and adolescents in Brazil, causing
individual and/or collective damage to the victim and their family environment, in the short to long term.
This work will be oriented towards understanding how family dynamics are affected in the occurrence
of sexual abuse within their family, in the course of silence to revelation. Through the qualitative,
exploratory bibliographic method, searches for scientific articles in Portuguese in the period 2000 to
2021 are carried out, evoking concepts and meanings, in addition to providing updated learning. Thus,
the results demonstrate that intrafamily sexual abuse is multifactorial, with social, cultural and public
health perspectives. And that can be considered a family symptom and that will change its order of
operation, as it is revealed and seen as a risk factor and lack of protection for the integrity of those
who are victims, directly or indirectly. Thus, within the process of silence and revelation, there is a
field, with beliefs and values that resonate in the behavior and thoughts of the person in a situation of
violence.
Keywords: Intrafamilial sexual abuse. Family relationships. Protection. Prevention.

INTRODUÇÃO

O abuso sexual é um fenômeno multicausal, é um tipo de violência, ou


seja, todo prática sexual ou tentativa de findar o ato sexual de maneira indesejada,
havendo ou não o contato físico. Afetando crianças e adolescentes no Brasil, de
modo a provocar danos a vítima e a sua dinâmica familiar de curto a longo prazo.
Além de, acontecer, na maioria das vezes, dentro do âmbito familiar (MOURA et al.,
2020).
Dentro do destacado, este trabalho orientar-se-á no sentido de entender
como a dinâmica familiar é afetada na ocorrência do abuso sexual dentro do seu
seio familiar, no percurso do silêncio a revelação. E delimitar saberes para
compreender os aspectos psicológicos e relacionais que podem fragilizar ou romper
os vínculos familiares pré-estabelecidos; bem como analisar possíveis intervenções
para fortalecimento e/ou reconstrução de vínculos familiares; e verificar como
ocorrer a prevenção e proteção de crianças e adolescentes desse tipo de violência.
Dessarte, o entusiasmo de abordar esse conteúdo refere-se a dimensão
com que ele reverbera no mundo, bem como na singularidade e no coletivo dos
envolvidos, isto é, o abuso sexual intrafamiliar é o mais existente na atualidade e se
configurando como uma violação de direitos contra a criança e ao adolescente,
possuindo relevância social e pública, demarcando ainda fatores culturais, de
gênero, socioeconômico, etc. E o Brasil dispõe do Estatuto da Criança e do
Adolescente (ECA), considerado um grande e fundamental marco legal para garantir
desenvolvimento protegido desse público, através do Sistema de Garantia de
Direitos (SGD), que se divide em três eixos para atuar nas estratégias: Defesa,
Promoção e Controle. Cada um possui seu papel, mas com o mesmo objetivo que é
garantir os diretos de crianças e adolescentes.
Á vista disso, através de método qualitativo, exploratório de bibliográfico
realiza-se buscas de artigos científicos em língua portuguesa no período 2000 a
2021, nas seguintes plataformas: Scielo; BVS- PSI (A Biblioteca Virtual em Saúde -
Psicologia Brasil); Google Acadêmico e periódicos CAPES, bem como em livros
(ano de 1990-1997) e cadernos de orientações do Ministério da Saúde, a partir dos
descritores “violência sexual” e “abuso sexual intrafamiliar”.
Assim, o escrito anseia alcançar maior sensibilização, conscientização e
reflexão para a população sobre a temática. Da mesma maneira que, o tabu e o
silencio precisam ser quebrados através da educação e da disseminação de
conhecimentos para que as formas de proteção e cuidado sejam expandidas
qualitativamente e efetivamente, além do surgimento de novas possibilidades
estratégicas embasadas nos direitos humanos. Tal como, o fato de ser uma
violência frequente e comum no nosso cotidiano não se perca em perspectivas de
banalização e naturalização da situação.
Destaca-se ainda, com contentamento que essa área de estudo está em
direção e ativamente relacionada a atuação profissional da pesquisadora, que será
essencial para seu aprimoramento teórico e prático.
2.1 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 VIOLÊNCIA, FAMÍLIA E DESENVOLVIMENTO HUMANO

“A violência é tão-somente a mais flagrante manifestação do poder” (C.


WRIGHT MILLS, 1996 apud DUTRA, 2005, p.50). A violência atravessa toda a
história humanidade até a atualidade, através de exteriorizações diversas,
perpetuando em vidas e modificando contextos e gerações.
Conforme o estudo de Saadi Tosi (2017) esse fenômeno está bastante
efetivo dentro das dinâmicas familiares, com a presença do silêncio enquanto
parceiro da violência manifestada e se instaurando sob efeito dominante em vínculos
frágeis e de desarmonia; a autora apresenta essas reflexões a partir do referencial
de Hannah Arendt sobre a temática.
Visto que, a violência tem ganhando espaço significativo dentro do âmbito
familiar, torna-se importante entender que a família é uma instituição essencial para
a constituição do ser humano independente da consanguinidade, considerando
também o laço afetivo. Sendo um sistema com ações e ideologias comuns que
fundamentam a sua organização, mas com individualidades que atingem seus
pares. De modo que, qualquer intercorrência em um membro desse coletivo, pode
atingir de forma singular os seus integrantes ou de forma semelhante, e a
manutenção desse meio pode ter intermédio das qualidade e efetividade das
relações construídas ao longo do cotidiano (FIAMENGHI; MESSA 2007; COLL,
1999).
Contribuindo com a ideia exposta acima, Dessen e Polonia (2007) expõe
que relações afetivas concebidas no seio familiar podem ser favoráveis ou não para
a adaptação e a expressão do sujeito nos seus diversos contextos ambientais,
podendo facilitar e fortalecer o seu processo de habilidades interpessoais ora
ocasionar dificuldades e desconfortos nesse âmbito. Mostrando assim que, a família
não deve ser idealizada e caracterizada apenas como fonte de acolhimento,
proteção, suporte e zelo, mas um sistema que também pode gerar adversidades no
desenvolvimento saudável do indivíduo. Os autores ainda revelam que
características intrínsecas referentes a autoimagem, autoconhecimento, afetividade,
comunicação, entre outras podem ter influência dos modelos parentais.
Portanto, “o desenvolvimento humano é um processo multidirecional e
multidimensional em que todas as fases da vida há perdas, ganhos e manutenções
(CAMPOS, 2016, p. 29) ”. E a violência pode acontecer e afetar direta ou
indiretamente o sujeito, contudo não se consegue quantificar os prejuízos, pois cada
pessoa vivenciará de maneira diferente (DUTRA, 2005; FLORETINO, 2015;
CAMPOS 2016).

1.2 ABUSO SEXUAL INTRAFAMILIAR CONTRA O PÚBLICO INFANTO-


JUVENIL

O abuso sexual dá-se com maior dimensão no interior familiar, tendo a


constância do agressor ser do sexo masculino, a exemplo de genitores e padrastos,
e a vítima ser do sexo feminino, porém não invalida existência de vítimas do sexo
masculino também, mas com grande incidência no contexto extrafamiliar (SANTOS
et al., 2009).
De acordo com Silva et al. (2012) e Moura et al. (2020), a violência sexual
intrafamiliar contra o público infanto juvenil configura-se como modelador de uma
cultura hostil. Assim, valores e padrões culturais de cada época ajudam na formação
da identidade, bem como reforçam práticas abusivas e obstaculiza o rompido desse
decurso de violência consumadas dentro do contexto familiar.
Conseguinte, sendo o abuso sexual um tipo de violência, Saffioti e
Almeida (1995) aponta-o como a presença do poder do agressor sob a vítima por
meio da imposição e atrativa realização de atos de ordem sexual, a exemplo de
caricias intimas, toques nos órgãos genitais, comentários eróticos indesejados, etc.,
podendo haver ou conjunção carnal ou penetração anal e oral.

O abuso sexual supõe uma disfunção em três níveis: o poder exercido pelo
grande (forte) sobre o pequeno (fraco); a confiança que o pequeno
(dependente) tem no grande (protetor); e o uso delinqüente da sexualidade,
ou seja, o atentado ao direito que todo indivíduo tem de propriedade sobre
seu corpo (Gabel, 1997, p.10)
Assim, define-se o abuso sexual intrafamiliar como incesto,
materializando-se mediante do relacionamento libidinoso entre sujeitos da mesma
rede familiar, possuindo consanguinidade, parentesco ou afinidade; além dos seus
integrantes não discriminarem sua ocupação naquela família (COHEN; GOBBETTI,
2001; FLORETINO 2015).
Então, as ações incestuosas sucedem dentro de vínculos que atribui
função de zelo, proteção, segurança e responsabilidade. E para identificação dos
danos desse tipo de abuso sexual é essencial observar a experiência psicológica e
emocional de cada pessoa de passou por esse evento desfavorável à sua qualidade
de vida, e os aspectos físicos e concretos (HABIGZANG et al., 2005; MOURA et al.
2020).
Logo, essa espécie de violência possui multicausalidades, não
decorrendo de maneira solitária, mas pertencente a um cenário que, abala todos os
participantes da instituição familiar e todas as intercessões legais, sociais, de saúde,
etc., devem ser propiciadas a eles (SANTOS et al., 2009; HOHENDORFF, 2015; LIMA;
ALBERTO, 2016).

1.3 ASPECTOS LEGAIS E METODOLÓGICOS DE PROTEÇÃO À CRIANÇA


E AO ADOLESCENTE

Salienta-se que, a violência sexual é um crime grave contra os direitos


humanos fundamentais e pessoais da criança e do adolescente, pois pode implicar
em distorções no seu processo de desenvolvimento biopsicossocial. Definindo-se
também como um problema complexo de cunho social e de saúde pública, mesmo,
por muitas vezes, acontecendo no âmbito reservado das relações, independente de
idade, sexo ou condição socioeconômica (SANTOS et al., 2009; FALEIROS, 2000;
WALTON; PÉREZ, 2019; ORREGO et al., 2020).
Ainda nessa amplitude da violência sexual contra crianças e
adolescentes, destaca-se que as problemáticas perenais e atuais de sociedade em
que inseridos, tais como a desigualdade social, dificuldades socioeconômicas, falta
de acessibilidade das necessidades básicas, vulnerabilidade social e emocional,
consumo abusivo de substâncias psicoativas estão entre os fatores de propagação
dessa violação de diretos (HABIGZANG et al., 2005).
Ressalta-se que, as notificações decaem bastante quando as vítimas são
o público já mencionado anteriormente, de modo que eles podem não comunicar
aos genitores, responsável ou terceiros a situação. E na realidade do abuso sexual
intrafamiliar, a vítima apresenta impasse para denunciar o ocorrido, pois as
repercussões podem alterar significativamente a sua representação familiar
(WILLIAMS, 2003; WALTON; PÉREZ, 2019; MOURA et al. 2020).
Em termos legais, a lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 que, dispõe sobre
o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) é usada para proteger integralmente
esse grupo de qualquer violação de direito. Vejamos os art. 3º, 4º e 4º que auxiliam
na compreensão da importância de todos garantir e defender a preservação da vida:

Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais


inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata
esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as
oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico,
mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Art. 4º É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do
poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer,
à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária.  Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente
será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração,
violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado,
por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais (ECA, 1990, p. 01).
 
A partir do seu estudo sobre a intervenção no abuso sexual intrafamiliar,
Santos et al. (2009) concluem que a ingerência judicial tem potencial deliberativo
para cessar o crime que desfavorece a vivencia de uma vida saudável, sem
desenvolvimento precoce e violento. Todavia, similarmente, pode ocorrer, impactos
secundários devido as singularidades no episódio após a declaração. E, em
conformidade com o ECA (1990, p.35), o art. 130 declara: “Verificada a hipótese de
maus-tratos, opressão ou abuso sexual impostos pelos pais ou responsável, a
autoridade judiciária poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do
agressor da moradia comum”.
Dessa maneira, a justiça surge com o intuito de garantir o direito dos
cidadãos e a execução da lei e para Costa e Santos (2004, p. 61) “adquire, para
cada indivíduo um significado próprio, em conformidade com sua história de vida,
crenças, valores e momento atual de vida”. Conquanto, mesmo com o grande
quantitativo de crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual no Brasil e no
mundo, ainda é subnotificada, principalmente a intrafamiliar (HOHENDORFF;
PATIAS, 2017).
Portanto, diante dos aspectos de proteção já descritos, a atuação efetiva
da Psicologia possui um papel fundamental em ações que podem ser exercidas por
meio de trabalhos no âmbito SUS (Sistema Único de Saúde) e SUAS (Sistema
Único de Assistência Social). Com possibilidades de propostas para reedificar,
resgatar e produzir novos processos psicológicos e emocionais, limitados ou
atingidos pelo trauma gerado. E ademais, romper com o preconceito, estereótipos e
com a culpabilização contra crianças e adolescentes vítimas de abuso sexual,
proporcionando a consolidação da função protetiva familiar e a reinserção no seu
coletivo (HOHENDORFF, 2015).

2 METODOLOGIA

A metodologia é um instrumento que possibilitar ao escrito segurança,


confiabilidade e importância cientifica. Assim, para Gonçalves e Meirelles (2004,
p.91) o seu principal objetivo é “explicar quais os caminhos utilizados e utilizáveis
para fazer ciência”. Com a finalidade de explanar, inteirar e compreender a
problemática e os objetivos da pesquisa, a abordagem qualitativa, explorativa e a de
caráter bibliométrica são empregadas nesse trabalho.

O método exploratório, inicia-se a pesquisa, por meio da busca prévia


que, segundo Rodrigues (2011) a partir da escolha de um conteúdo especifico,
explora-se e começa a restringir as ideias, auxiliando na utilização de ademais
mecanismos. Na perspectiva qualitativa, o fenômeno a ser observado e melhor
apreendido e assimilado, parte de várias analises de informações, sendo o
pesquisador a ferramenta fundamental para investigar, apurar e elucidar as
referências encontradas. Possuindo potencial de alcançar resultados mais profundos
e complexos.

O estudo bibliométrico busca identificar o que foi produzido de


conhecimento pela comunidade científica sobre esse tema e, ao mesmo
tempo, avaliar as principais tendências da pesquisa sobre ele. Parte do
princípio de que, ao iniciar-se uma nova pesquisa acadêmica, tudo o que
está sendo discutido, publicado e gerado de conhecimento nessa linha de
pesquisa deve ser mapeado para a construção do conhecimento a ela
relacionado (TREINTA et al., 2014, p. 509).
Assim, a metodologia de revisão bibliográfica destaca-se pela
competência, amplitude e relevância, valorizando e respeitando estudos já
publicados, evocando conceitos e sentidos, além de proporcionar aprendizados
atualizados.
Para a investigação do material bibliográfico, para sua localização e
identificação, foram realizadas buscas de artigos científicos em língua portuguesa no
período 2000 a 2021i, nas seguintes plataformas: Scielo; BVS- PSI (A Biblioteca
Virtual em Saúde - Psicologia Brasil); Google Acadêmico e periódicos CAPES, bem
como em livros (ano de 1990-1997) e cadernos de orientações do Ministério da
Saúde, a partir dos descritores “violência sexual” e “abuso sexual intrafamiliar”.
Estabeleceu-se critérios de inclusão e exclusão em relação aos trabalhos
examinados para facilitar e oportunizar organização de base de dados. Inclui-se
referenciais teóricos que possuem respaldo cientifico fidedignos, coesos, da língua
portuguesa e que se adequam com a temática; com títulos que corrobora com os
descritores; e com artigos limitados ao ano de publicação supracitado e retirados de
revistas eletrônicas; e inclusão de teses e capítulos de livros. Exclui-se conteúdos de
sites eletrônicos, sem credibilidade e cientificidade; escritos de língua estrangeiras e
que não possuíam correlação com os objetivos a serem alcançados.
Deste modo, em primeira instância ocorreu a busca de material através
dos descritores. Segundamente, selecionou todos os artigos que fizeram alusão a
esses descritores, Scielo (36), BVS PSI (20), CAPES (03), Google Acadêmico (20),
totalizando 68 artigos. Posteriormente, fez-se leituras dos resumos desses artigos,
sendo produzindo recortes de informações e sínteses desses. E por fim, selecionou
apenas 28 desses artigos do ano de 2002 a 2020, dois livros (4), cartilha do
Ministério da Saúde (1), iniciando-se o processo de escrita da análise.
Portanto, explorando os trabalhos para corresponder os propósitos da
pesquisa, por meio desse método discriminado e acurado, desenvolveu-se três
categorias de discussão: 1- Afetações psicológicas e relacionais diante o abuso
sexual. 2- Prevenção e proteção a crianças e adolescentes. 3- Substanciando ideias
e vivências dentro da atuação do psicólogo no CREAS.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1 AFETAÇÕES PSICOLÓGICAS E RELACIONAIS DIANTE O ABUSO
SEXUAL.

O abuso sexual pode ser apontado com uma violência mais sutil,
referente a sua visibilidade para a sociedade, pois se perpetua de modo oculto, não
revelando os impactos cruciais sobre quem são acometidos, mas estando presente
angústia e sofrimento que transmuta e desorganiza a sua subjetividade, em
especial, na área do autoconceito e autoimagem (PIMENTEL; ARAÚJO 2009;
AGLOVIA et al., 2015).
Os autores supracitados, Lima e Alberto (2016) reforçam ainda que, um
contexto ambiental habituado a práticas de crueldade e agressividade, forma-se
ciclos de violência e permite que o indivíduo naturalize essa faceta como algo
comum a ser vivenciado, restando lhe, muitas vezes, acostumar-se e aprender a
viver nessa condição, não favorecendo a declaração e o enfrentamento do evento.
Visualizando-se então, uma síndrome de acomodação que acomete criança e
adolescente vítimas de abuso sexual, em que "eles aprendem a aceitar a situação e
sobreviver a ela" (Rouyer, 1997, p. 68).
De acordo com Medeiros (2013) a maneira como a criança e o
adolescente reage e as atitudes que começa a apresentar depois de ter passado
pelo abuso sexual são reflexo de diversos elementos que podem exercer alguma
influência para tal afetação. E os sinais e sintomas exprimidos é provável serem
ferimentos corporais, de condutas e hábitos, psicológicos, emocional e/ou
psiquiátricos, podendo processa-se sozinhos ou correlacionados a outras violências,
tais quais a psicológica e a física (HABIGZANG et al., 2002; FLORENTINO 2015).
Dando seguimento a ideia acima, para Pfeiffer e Salvagni (2005), as
circunstâncias que influem concernem à idade, o gênero, a forma como a violência
aconteceu, a regularidade do fato, quem é a pessoa que cometeu o crime e sua
função parental com a criança ou adolescente, a postura dos outros familiares, o
suporte da rede social e comunitária após a revelação, e se existiu outros tipos de
violência.
No escrito, um estudo de caso, Pimentel e Araújo (2009), fez-se uma
análise sobre a história de uma pessoa que, dos 9 aos 11 anos, foi vitimada pelo
genitor. Sendo possível identificar aspectos consideráveis dentro do seu percurso de
sofrimento, tais como: a dificuldade de expressar na linguagem a vivência, motivada
pelo receio a segregação e como sua denúncia pode repercutir em outras pessoas;
confusão de sentimentos e da consequência da sua relação com o pai; limitações na
área interpessoal, intrapessoal, escolar e de entretenimento. Mantendo situações de
isolamento social e privações no desenvolvimento de habilidades sociais e de
formação de novos laços afetivos.
Torna-se imprescindível mencionarmos que as consequências diante as
experiências do abuso sexual são inúmeras, a depender da singularidade e dos
aspectos cognitivo de cada pessoa, além do contexto socioeconômico e cultural).
Mas, alguns intercorrências podem ser similares, de curto a longo prazo, por
exemplo, sintomas de ansiedade, depressão, comportamento suicida e sexualizado
para a idade, instabilidade emocional, agressividade, entre outros (WILLIAMS, 2003;
RODRIGUES et al., 2006; (FLORETINO, 2015; WALTON; PÉREZ, 2019; ORREGO
et al., 2020).
No abuso sexual intrafamiliar consegue-se detectar que, os vínculos
estabelecidos são vulneráveis e que não se destacam como assertivos e seguros,
mas sim uma dinâmica abusiva. Esse tipo de violência pode-se conservar por um
longo período através do silêncio, contido de insegurança, culpa, medo, desemparo
e ambivalência de sentimentos, visto que a confidencia irá modificar esse sistema,
quebrando a representação do ideal de família uniforme e harmônica, e do controle
das ações dos seus pares (SANTOS, 2007; FLORETINO, 2015; COUTINHO;
MORAIS, 2018).
A partir do momento que a quietude é rompida inicia-se o movimento de
proteção, se ele acontecerá de maneira precisa ou não. Assim, essa família atingida
por feitos abusivos precisa se reinventar e se reestabelecer, com novas funções e
limites para cada integrante, em razão da problemática está explicita nesse coletivo.
Sendo apropriado que o agressor saia da casa, mesmo que introduza sentimento de
arrependimento nos que permanecem. Quando a família não alcança a sua
organização, falhando na proteção a vítima, essa pode ser afastada desse ambiente,
debilitando ainda mais a afetividade ou romper totalmente a relação (SANTOS,
2007; MOURA et al. 2020).
Complementando, Habigzang et al. (2005) o afastamento do infante do
contexto familiar é uma condição delicada e dificultosa sendo capaz de gerar
sentimentos intensos de responsabilização pelo sofrimento de todos familiares e seu
desarranjo. E para Coutinho e Morais (2018), a retirada do agressor do convívio com
os pares, pode acontecer após a confidência da violência, trazendo ambivalências, a
proteção a vítima e a desproteção a genitora, caso haja a presença de dependência
psicológica e financeira, por isso releva a abrangência de consequências que esse
tipo de violência pode provocar, influenciando significativamente a dinâmica familiar.
Portanto, para Siqueira et al. (2009) as famílias necessitam enfrentar a
frustação que constrange sua unidade, para que o silêncio, a banalização e
naturalização dessa violência sejam interrompidos. E observar como se dá o
diálogo, a compreensão, a relação de poder e a aproximação afetiva entre os
membros, pois se for um ambiente que facilite que essas características ocorram
ajudaram em todo o processo, desse a revelação a superação dos possíveis
traumas.
3.2 PREVENÇÃO E PROTEÇÃO A CRIANÇAS E ADOLESCENTES

Na pesquisa de Siqueira et al. (2011) e corroborando com a ideia Lima e


Alberto (2016), mostram a fragilidade emocional, psicológica e a carência afetiva
existente nas relações familiares das vítimas de abuso sexual intrafamiliar,
destacando-se a relação com as genitoras. Que em muitas modalidades de família o
exercício dessa função geralmente assume a sustentação e preservação desses
vínculos, bem como encarrega-se mais na promoção de interlocuções no cotidiano.
E a incidência do abuso sexual intrafamiliar, que perdura entre gerações,
pode influenciar na manutenção do silêncio e da não revelação, pois esse membro
familiar, ora mãe, é capaz de apresentar lembranças e reviver a situação traumática
quando escuta alguma história de violência semelhante da que vivenciou (LIMA;
ALBERTO, 2016).
Sendo assim, a atuação familiar que oportunizar a disponibilidade para
o diálogo de maneira clara, repassando informações e conhecimentos; momentos de
escuta, acolhimento, presença e a compreensão; um ambiente e uma relação de
amparo, segurança, confiança e pertencimento, evitando culpabilizações;
possibilitando o protagonismo de crianças e adolescentes, pois possuem o direito de
se expressar e que sua voz seja valorizada e legitimada; estarão sendo palco de
prevenção e proteção (SIQUEIRA et al., 2011).
Dentro desse contexto, em casos que aconteçam o abuso sexual, os
seus efeitos negativos são capazes de serem menores, produzindo na pessoa maior
capacidade de lidar com as situações adversas. Deste modo, a construção de uma
personalidade propícia e sem risco para criança está diretamente ligada as relações
familiares amorosas (DELL´AGLIO, 2009, CAMPOS, 2016).
É relevante também, favorecer a educação sexual, utilizando uma
linguagem que respeite suas singularidades, personalidade e fase de
desenvolvimento. A violência sexual se configura como uma relação de poder, se
caracterizando como uma interferência na sexualidade de outra pessoa. E
sexualidade não se resume ao ato sexual e genitália (RODRIGUES et al., 2006).
O modelo de relação autoritário, embasado no poder carrega silêncios e
violências. Assim, não cabe a violência em relações afetivas, da mesma maneira
que não cabe o silêncio. O autoritarismo carrega essa distância entre adultos,
crianças e adolescentes, não construindo pontes e sim abismos, facilitando e sendo
um fator de risco para a ocorrência do abuso sexual. É urgente combater a ideia de
que o público infato juvenil, são indivíduos que devem ser dominados para serem
ensinados e amados. A sua família, como rede de apoio, precisa ser potência e
produzir autonomia, sendo fator de proteção (HABIGZANG et al., 2006).
Faz-se imprescindível um acompanhamento amplo, em saúde e
socioassistencial, se assim necessitar, para a vítima e a sua família, através de
ações de caráter multiprofissional e interdisciplinar. Trazendo a psicoterapia como
um mecanismo para superação e ressignificação do trauma e na continuidade de um
desenvolvimento emocional e psicológico satisfatório (ARAÚJO, 2006; AGOGLIA et
al., 2015).

A violência agride, machuca, fere, deixa marcas, mas acreditar no potencial


de crescimento desta criança e favorecer este crescimento, por meio de
condições que promovam o desenvolvimento da sua autonomia é o que
deve guiar o trabalho com vítimas de abuso sexual. [...] por mais complexa
que seja a situação da violência sexual, atender crianças vítimas desse
fenômeno e seus familiares requer do profissional um cuidado especial para
evitar as atitudes tutelares. Evitar, sobretudo, atitudes de consolo, de
encorajamento e até mesmo de proteção é fundamental para que o
indivíduo não seja vitimado além do que a própria situação já o fez
(CAMPOS, 2016, p. 32-45).

Fomenta-se ainda que, ações no contexto educacional e de segurança


pública também precisam acontecer. E considera-se essencial revigorar e
potencializar as relações sociais e comunitárias das famílias vítimas do abuso
sexual, podendo ser um parâmetro que auxilie no ato da denúncia (AGOGLIA et al.,
2015; COUTINHO; MORAIS, 2018).
O Sistema Único de Assistência Social (SUS), a partir da entidade
pública, o Centro de Atendimento Especializado da Assistência Social (CREAS),
dispõe de acolhimento, orientação, atendimento e acompanhamento a crianças e
adolescentes vítima de abuso sexual, bem como para suas famílias. Fomenta a
prevenção, proteção e autonomia, considerando que as atividades em grupo e
individual são importantes para o seu processo, com a finalidade de possível
reparação ou superação dos danos, valorizando a proteção integral da criança e do
adolescente, respeitando e reconhecendo suas potencialidades, e promovendo
cuidado a todo o contexto da realidade em que eles se encontram, com o
fortalecimento ou reparação dos vínculos afetivos familiares e comunitários (FARAJ;
SIQUEIRA, 2012; CAMPOS, 2016).

Também faz-se parte da rede de proteção à criança e adolescente, como


preconiza o ECA, as instituições escolares e de saúde, incluindo programas e
serviços estratégicos que os englobam, que devem funcionar de maneira conjunta,
colaborativa e efetiva (OLIVEIRA et al., 2006).

E o CREAS, quanto à prevenção, é interessante fazer mapeamento das


áreas de risco e identificar as que possui mais frequência e incidência de violência,
para que seja realizado atividades de cunho educativo e de orientação, conforme as
necessidades e particularidade daquela região. De modo, a interagir com os
profissionais das outras redes, aproximando-se e atingindo um coletivo mais
abrangente, ausentando-se da individualização da violência sexual (BRASIL, 2005).

A desarticulação da rede, de fato, é uma fragilidade que requer uma


atenção especial. Inúmeros órgãos competentes estão envolvidos na
garantia dos direitos da criança e do adolescente, como Conselhos
Tutelares, Delegacia Especializada, Ministério Público, Defensoria Pública e
Juizado da Infância e Juventude, bem como, serviço especializado – Centro
de Referência Especializado da Assistência Social. É extremamente
necessário que esses órgãos e instituições estejam articulados e
fortalecidos, para que as suas ações sejam efetivas. Dessa forma, verifica-
se a necessidade do trabalho de conscientização dos atores envolvidos,
promovendo a referência e a contra referência, além de reuniões periódicas
entre os atores das instituições e órgãos que trabalham com a problemática
(FARAJ; SIQUEIRA, 2012, p.81-82).

De acordo com Trabbold et al. (2016) devido o complexo fenômeno da


violência sexual os profissionais podem apresentar características de insegurança,
vulnerabilidade e inexperiência. E embora as evoluções nas políticas públicas em
prol da ruptura e minimização desse evento, ainda existe muitos desafios a serem
superados e revistos no âmbito da saúde.
Á vista disso, é necessário conhecer o Sistema de Garantia de Direitos do
seu município, que protegem, defendem e controlam, através de diretrizes legais os
seus direitos fundamentais. Fortalecer e construir Políticas Públicas para que a
sociedade, a família e o estado garanta direitos e proteja crianças e adolescentes de
qualquer tipo de violação. Prevenir, detectar a violência, denunciar, encaminhar e
acompanhar os envolvidos. Considerando que são sujeitos de direitos, pessoas em
desenvolvimento, ou seja, ainda não atingiram a maturidade de uma pessoa adulta,
nem fisicamente e nem psicologicamente, que precisam ser protegidas
integralmente (SIQUEIRA et al., 2011).

3.3 SUBSTANCIANDO IDEIAS E VIVÊNCIAS DENTRO DA ATUAÇÃO DO

PSICÓLOGO NO CREAS

Visto que, o trabalho no CREAS precisa centralizar na família, bem como


nas suas potencialidades e dinâmica, percebe-se, nas experiências da autora, que o
cenário familiar se enquadra em uma rede que pode reverberar em práticas de
violações de direitos ou não, mas que os seus envolvidos se perpetuam dentro de
aspectos internos e externos as percepções que apreendem. Identificando ainda
que, a maneira que se mobilizam no mundo está interligado com o processo cultural.
O fenômeno cultura faz parte da individualidade de um sujeito que
compõe um coletivo. A nossa percepção de mundo e a maneira como atuamos
dentro dele é reflexo da influência da cultura que nos cerca, a qual nos molda e
nos constitui. Assim, esse fenômeno é um movimento que nos atrai e retrai
diariamente para as possibilidades da vida humana (SOUZA; VALEIRÃO, 2016).

Visualiza-se o quão intenso é o sofrimento das vítimas de abusos


sexual intrafamiliar, de modo que viram protagonistas de um conflito familiar pelo
qual não ocasionou e ao menos queria está presente nas suas repercussões. A
maioria dos discursos manifestados por crianças e adolescentes reflete medo,
culpa, confusão de sentimentos e emoções, e principalmente revela a rigidez dos
laços construídos, pouco pautado de amor, compreensão e responsabilidade
(GOMES, 2018).

A partir do exposto, através do livro Amor Líquido – sobre a fragilidade


dos laços humanos, compreende que:

Na sociedade atual os laços afetivos e a convivência sofreram uma


degradação pelo fato de que hoje não mais existem elos ou vínculos
afetivos que, verdadeiramente, mantenham e fortaleçam as relações entre
as pessoas. Vivemos hoje, segundo o autor, uma modernidade líquida. Em
oposição a um relacionamento firme e seguro, estruturado através da
consolidação de laços afetivos verdadeiramente fortes, difíceis de se
desfazer, o amor líquido é resultante de uma modernidade também líquida a
qual foi construída em meio a destruição de valores tais como confiança,
solidariedade, tolerância, etc (BAUMAN, 2004 apud NOGUEIRA, 2013,
p.20).

Essa fragilidade exposta permite que o silêncio permaneça por muito


tempo dentro do contexto familiar. E que ao ser revelado, na maioria das vezes por
terceiros, mostra a transitoriedade e ruptura das relações familiares. Provoca ainda,
a perceptiva da violência como uma sintomatologia de uma sociedade do consumo,
com práticas mais individualizantes, de poder, com desigualdade social e que ainda
pouco valoriza e legitima a fala da criança e do adolescente, por acreditar que são
seres que devem ser submissos a uma hierarquia de normas e regras para o seu
processo de aprendizagem (ANTONY; ALMEIDA, 2018).
Ainda pautado nessa perspectiva da fragilidade dos laços afetivos, é
perceptível o quanto as famílias, em situação de violência, manifestam
comportamentos violentos no seu cotidiano, às vezes, sem intenção consciente e de
forma automática, pois diversas dessas atitudes são permitidas e respeitada pelo
coletivo. E corroborando com Rosenberg (2006) a violência é materialização do
paradigma de dominação que, expressa o poder sobre algo, na busca por um único
caminho, promovendo a escassez das possibilidades de escolha, e gerando uma
violência invisível. E o autor supracitado ainda alerta para o perigo em tornamos
essa prática como habitual, de modo a acostumar e gostar de ações violentas, ou
seja, o amor gera assombro e impacto, mas a violência tem causado muito menos
espanto, sendo banalizada e naturalizada em diversos contextos.

Portanto, a ideia de métodos educativos e de construção de vínculos


embasados no amor, compaixão, compreensão, diálogo, respeito, que incentiva a
expressão dos sentimentos e emoções retifica que se torna possível romper com a
violência, não de maneira utópica, mas com informações e críticas didáticas contra a
permanência de uma cultura autoritária, coercitiva, de punição e culpabilização
(SANTOS, 2019; ROSENBERG, 2006).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O abuso sexual intrafamiliar é a violência mais recorrente no Brasil, que


pode causar diversas consequências desfavoráveis para o desenvolvimento
biopsicossocial saudável de crianças e adolescentes. Podem anular fases da vida e
permanecer pelo resto da vida.
A violência pode ser considerada como um sintoma familiar e que irá
modificar sua ordem de funcionamento, conforme for revelada e vista como fator de
risco e de desproteção para integridade daqueles que são vítimas, direta ou
indiretamente. E dentro do processo do silêncio a revelação existe um contexto de
crenças e valores que ressoam nos comportamentos e pensamentos da pessoa em
situação de violência.

Portanto, torna-se interessante sempre refletimos sobre a tema


exposta no trabalho, pois os discursos sobre a violência sexual se desenvolvem
positivamente e/ou negativamente de acordo com a época de uma sociedade,
embora com o passar dos anos conquistas e avanços foram alcançados, mas
que podem regredir em sociedades marcadas pela exclusão, segregação,
higienismo, controle e pelo poder, pois não garante nenhum direito e nem
protege crianças e adolescentes.

Assim, reforça-se a criação de novas Políticas Públicas para o público


infanto juvenil e a valorização das já existentes, bem como compreender que os
discursos, as manifestações e as reflexões sobre o tema não podem cessar.
Busquemos o caminho, o processo e não o desfecho definitivo para nosso
contento e alívio.

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https://www.abpee.net/pdf/artigos/art-9-2-2.pdf<. Acesso em: 24 de junho de 2021.

TABELA
Tabela1 - Fluxograma do percurso de Revisão Bibliográfico.

TRABALHOS ENCONTRADOS EM BANCO DE DADOS


BUSCA

Scielo (60), BVS PSI (33), CAPES (03), Google Acadêmico (55)
(n = 151)

ANÁLISE INICIAL DE RESUMOS


(n = 68)

EXCLUÍDOS
(n = 45)
Não possuíam correlação com os objetivos a serem
SELEÇÃO

alcançados.
(n = 19)
Escritos de língua estrangeiras e sem confiabilidade
cientifica

ARTIGOS LEITURA NA INTEGRA


(n = 28)
LIVRO
(n = 04)
CARTILHA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE
(n = 01)
INSERÇÃO

ESTUDOS SELECIONADOS PARA DISCUSSÃO


(n= 33)
i
Salienta-se que a necessidade de ampliar os anos da pesquisa, devido encontrar poucas publicações referente aos
últimos cinco anos.

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