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DIREITO ADMINISTRATIVO

SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA - SEAP


DIREITO ADMINISTRATIVO
- LEI 5.810/94

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DIREITO ADMINISTRATIVO

material é a atividade diretiva do Estado, confundindo-


se com o complexo de funções básicas do Estado.
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O Estado assume em suas relações
internacionais uma personalidade jurídica (capacidade
de tornar-se titular de direitos e deveres) de direito
público externo, dado o fato de reger-se pelas regras do
ESTADO, GOVERNO E ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
direito público internacional.
Já em se tratando das relações internas, ou seja,
De forma simplificada, o Estado é uma criação em relação à regência em suas relações de direito
humana destinada a manter a coexistência pacífica dos público interno, o Estado é representado, no caso do
indivíduos, a ordem social, de forma que os seres Brasil, pelos chamados entes da Federação – a União, os
humanos consigam se desenvolver, e proporcionar o Estados-membros, os Municípios e o Distrito Federal
bem estar a toda sociedade. (Pessoas jurídicas de direito público interno).
É o Estado o responsável por dar força de imposição ao Isto porque quando se fala das Formas de Estado,
Direito, pois é ele que detém o papel exclusivo de aplicar observa-se que ele pode assumir a forma de unitário
as penalidades previstas pela Ordem Jurídica. (onde o poder político-administrativo é centralizado em
um único ente) ou composto, como é o caso do Estado
Assim o Estado pode ser definido como o exercício de um
brasileiro (onde há a presença de diversos entes que
poder político, administrativo e jurídico, exercido dentro
exercem, dentro de limitações territoriais, sua
de um determinado território, e imposto para aqueles
autonomia. Os Estados compostos podem ser
indivíduos que ali habitam.
classificados em: Uniões Reais, Uniões Pessoais,
Os elementos que caracterizam o Estado são: Federações e Confederações).
- População: entende-se pela reunião de indivíduos num A maneira pela qual o poder é exercido dentro de um
determinado local, submetidos a um poder central. O Estado indica a Forma de Governo por ele adotada.
Estado vai controlar essas pessoas, visando, através do Assim, temos como formas de governo: a República e a
Direito, o bem comum. A população pode ser classificada Monarquia. Na República, as principais características
como nação, quando os indivíduos que habitam o são a eletividade e a temporariedade dos governantes,
mesmo território possuem como elementos comuns a além da Responsabilidade do Estado. Enquanto na
cultura, língua, a religião e sentem que há, entre eles, Monarquia, os governantes são investidos por critérios
uma identidade; ou como povo, quando há reunião de de hereditariedade e permanecem vitaliciamente no
indivíduos num território e que apesar de se exercício do poder, além de, em alguns casos, não
submeterem ao poder de um Estado, possuem poderem ser responsabilizados (monarquias
nacionalidades, cultura, etnias e religiões diferentes. absolutistas).
- Território: espaço geográfico onde reside determinada Em resumo a organização e estrutura do Estado podem
população. É limite de atuação dos poderes do Estado. ser analisadas sob 03 aspectos:
Vale dizer que não poderá haver dois Estados exercendo
a) Forma de Governo - República ou Monarquia
seu poder num único território, e os indivíduos que se
encontram num determinado território estão obrigados b) Sistema de Governo - Presidencialismo ou
a se submeterem. Parlamentarismo
- Governo Soberano: é o exercício do poder do Estado, c) Forma de Estado - Unitário ou Federação.
internamente e externamente. O Estado, dessa forma,
No BRASIL, o Estado é do tipo Federado ou Composto,
deverá ter ampla liberdade para controlar seus recursos,
pois temos diferentes poderes políticos convivendo no
decidir os rumos políticos, econômicos e sociais
nosso território: um poder político central (União), um
internamente e não depender de nenhum outro Estado
poder político regional (Estados-Membros) e um poder
ou órgão internacional. A essa autodeterminação do
político local (Município), além do DF, que acumula as
Estado dá-se o nome de soberania. O Governo pode ser
competências regionais e locais.
entendido em sentido subjetivo ou formal como a cúpula
diretiva do estado responsável pela condução das Na CF/88, a forma federativa de Estado constitui cláusula
atividades do Estado, ou seja, o conjunto de poderes e pétrea, insuscetível de ser abolida pelo poder de reforma
órgãos constitucionais. Já em sentido objetivo ou (art. 60, §4º, I).

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Organização dos Poderes do Estado b.3) Função atípica de natureza executiva: administra ao
conceder licenças e férias aos magistrados e
Poder significa força para que se possa fazer ou executar
serventuários, etc.
certas coisas. Não há Estado sem poder. O poder deve
mostrar-se presente na vida dos governados a fim de
manter, principalmente, a ordem social, a segurança e a
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
liberdade individual.
Primeiramente há de se falar em ADMINISTRAÇÃO
O exercício do poder está concentrado em diversos
PÚBLICA EM SENTIDO AMPLO, a qual diz respeito aos
órgãos estatais. “São poderes da União, independentes e
órgãos do governo, os quais exercem a função política,
harmônicos entre si, - determina o art. 2.º, da CF - o
bem como os órgãos e pessoa jurídicas que desempenha
Legislativo, o Executivo e o Judiciário”. Sendo
função meramente administrativa.
independentes, evitam-se eventuais abusos, ficando
cada um dentro da esfera de ação que lhe é traçada pela
Lei Maior, impedindo, assim, que o poder venha ficar na Já ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA EM SENTIDO ESTRITO, diz
mão de uma só pessoa, agindo, porém, harmonicamente respeito somente aos órgãos e as pessoas jurídicas que
no desempenho das finalidades que lhes são próprias. exercem a função meramente administrativa, de
execução dos programas de governo.
A) PODER LEGISLATIVO: Para uma definição mais exata da expressão
“administração pública” devem-se considerar dois
a.1) Função típica: legislar e fiscalização contábil,
sentidos: objetivo/ material/ funcional e o sentido
financeira, orçamentária e patrimonial do Executivo;
subjetivo/formal ou orgânico.
a.2) Função atípica de natureza executiva: ao dispor
No sentido objetivo, grafado com letra minúscula, a
sobre sua organização, provendo cargos, concedendo
administração pública é a própria função administrativa
férias, licenças a servidores etc.;
do Estado, ou seja, a própria gestão dos interesses
a.3) Função atípica de julgamento: o Senado julga o públicos, seja por sua organização interna ou por sua
Presidente da República nos crimes de responsabilidade intervenção no campo privado.
(art. 52, I) e julga seus próprios servidores no
As quatro funções básicas que a Administração Pública
cometimento de atos de indisciplina.
desenvolve são:
1. O Fomento - incentivo ao desenvolvimento da
B) PODER EXECUTIVO: iniciativa privada. São muitos os instrumentos de
fomento, como a concessão de crédito, o
b.1) Função típica: prática de atos de chefia de Estado e
direcionamento para setores de infra-estrutura e demais
chefia de Governo;
setores de interesse coletivo.
b.2) Função atípica de natureza legislativa: o Presidente
2. Os serviços públicos – atividades materiais internas às
da República, por exemplo, adota medida provisória,
repartições, visando a satisfação das necessidades do
com força de lei (art. 32); a administração se vale dos
próprio funcionamento do Estado e os externos-
chamados atos normativos, secundários, mas capazes de
atividades materiais que visam a satisfação da
impor regras gerais e abstratas; além da iniciativa de lei,
coletividade, como água, energia elétrica, transporte,
que em alguns casos é do chefe do executivo.
etc.
b.3) Função atípica de julgamento: o Executivo julga,
3. A Polícia – atividades preventivas e repressivas,
apreciando defesas e recursos administrativos.
normativas e concretas, que limitam as ações do
particular em benefício da coletividade.
C) PODER JUDICIÁRIO 4. Intervenção - A exploração direta de atividade
b.1) Função típica: julgar (função jurisdicional), dizendo o econômica pelo Estado quando necessária aos
direito no caso concreto e dirimindo os conflitos que lhe imperativos da segurança nacional ou a relevante
são levados, quando da aplicação da lei; interesse coletivo, conforme definidos em lei.

b.2) Função atípica de natureza legislativa: regimento No sentido subjetivo/formal/orgânico o termo refere-se
interno de seus Tribunais e as iniciativas de lei; ao conjunto de agentes, órgãos e pessoas jurídicas que
têm a incumbência de executar as atividades

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administrativas, ou seja, os sujeitos da função A doutrina aponta duas formas mediante as quais o
administrativa, quem a exerce de fato. Nesse sentido Estado pode efetivar a chamada descentralização
pode ser divida em direta e indireta. administrativa: outorga (também chamada de
descentralização por serviços) e delegação (também
O Fim da Administração Pública é a satisfação do
chamada de descentralização por colaboração).
interesse púbico e do bem comum, isto é, de todos,
incluídos brasileiros natos, naturalizados e estrangeiros A descentralização será efetivada por meio de outorga
situados no País. quando o Estado cria uma entidade e a ela transfere,
mediante previsão em lei, determinado serviço público.
A outorga normalmente é conferida por prazo
ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA BRASILEIRA indeterminado. É o que ocorre relativamente às
Concernentemente ao aspecto organizacional, o Estado entidades da Administração Indireta prestadoras de
adota duas formas básicas no desempenho de suas serviços públicos: o Estado descentraliza a prestação dos
atribuições administrativas: a centralização e serviços, outorgando-os a outras entidades (autarquias,
descentralização. empresas públicas, sociedades de economia mista e
fundações públicas), que são criadas para o fim de
Ocorre a chamada centralização administrativa quando prestá-los.
o Estado executa suas tarefas por meio dos órgãos e
agentes integrantes da Administração Direta. Nesse A descentralização será efetivada por meio de delegação
caso, os serviços são prestados pelos órgãos do Estado, quando o Estado transfere, por contrato ou ato
despersonalizados, integrantes de uma mesma pessoa unilateral, unicamente a execução do serviço, para que
política (União, DF, estados ou municípios), sem outra o ente delegado o preste ao público em seu próprio
pessoa jurídica interposta. Portanto, quando falamos nome e por sua conta e risco, sob fiscalização do Estado,
que determinada função é exercida pela Administração contudo. A delegação é normalmente efetivada por
Centralizada Federal, sabemos que é a pessoa jurídica prazo determinado. Há delegação, por exemplo, nos
União quem a exerce, por meio de seus órgãos; quando contratos de concessão ou nos de permissão, em que o
se diz que um serviço é prestado pela Administração Estado transfere aos concessionários e aos
Centralizada do Distrito Federal, significa que é a pessoa permissionários apenas a execução temporária de
jurídica Distrito Federal quem presta o serviço, por meio determinado serviço.
de seus órgãos, e assim por diante. Em resumo, a descentralização administrativa pressupõe
Em resumo, a centralização administrativa, ou o a existência de duas pessoas jurídicas: a titular originária
desempenho centralizado de funções administrativas, da função e a pessoa jurídica que é incumbida de exercê-
consubstancia-se na execução de atribuições pela pessoa la. Se essa incumbência consubstanciar-se numa
política que representa a Administração Pública outorga, será criada por lei, ou em decorrência de
competente - União, estado-membro, municípios ou DF autorização legal, uma pessoa jurídica que receberá a
– dita, por isso, Administração Centralizada. Não há titularidade do serviço outorgado. É o que ocorre na
participação de outras pessoas jurídicas na prestação do criação de entidades (pessoas jurídicas) da
serviço centralizado. Administração Indireta prestadoras de serviços públicos.
Se a atribuição do serviço for feita mediante delegação,
Ocorre a chamada descentralização administrativa a pessoa jurídica delegada receberá, por contrato ou ato
quando o Estado (União, DF, estados ou municípios) unilateral, a incumbência de prestar o serviço em seu
desempenha algumas de suas funções por meio de próprio nome, por prazo determinado, sob fiscalização
outras pessoas jurídicas. A descentralização pressupõe do Estado.
duas pessoas jurídicas distintas: o Estado e a entidade
que executará o serviço, por ter recebido do Estado essa Note-se, também, que é possível a delegação a pessoa
atribuição. A descentralização administrativa acarreta a física, sob a hipótese dos instrumentos de permissão e
especialização na prestação do serviço descentralizado, autorização.
o que é desejável em termos de técnica administrativa. Também vale ressaltar duas outras técnicas
Por esse motivo, já em 1967, ao disciplinar a denominada administrativas presentes na Administração Pública: a
“Reforma Administrativa Federal”, o Decreto-Lei nº 200, concentração e a desconcentração.
em seu art. 6º, inciso III, elegeu a “descentralização
A desconcentração é simples técnica administrativa, e é
administrativa” como um dos princípios fundamentais da
utilizada, tanto na Administração Direta, quando na
Administração Federal.
Indireta.

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Ocorre a chamada desconcentração quando a entidade A prestação concentrada de um serviço ocorreria em
da Administração, encarregada de executar um ou mais uma pessoa jurídica que não apresentasse divisões em
serviços, distribui competências, no âmbito de sua sua estrutura interna. É conceito praticamente teórico.
própria estrutura, a fim de tornar mais ágil e eficiente a
Combinando as duas classificações podemos ter:
prestação dos serviços.
1) centralização com concentração
A desconcentração pressupõe, obrigatoriamente, a
existência de uma só pessoa jurídica. Em outras palavras, 2) centralização com desconcentração
a desconcentração sempre se opera no âmbito interno 3) descentralização com concentração
de uma mesma pessoa jurídica, constituindo uma
simples distribuição interna de competências dessa 4) descentralização com desconcentração
pessoa.
Ocorre desconcentração, por exemplo, no âmbito da A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DIRETA
Administração Direta Federal, quando a União distribui
as atribuições decorrentes de suas competências entre Administração Direta é o conjunto de órgãos que
diversos órgãos de sua própria estrutura, como os integram as pessoas federativas, aos quais foi atribuída a
ministérios (Ministério da Educação, Ministério dos competência para o exercício, de forma centralizada, das
Transportes etc.); ou quando uma autarquia, por atividades administrativas do Estado. Em outras
exemplo, uma universidade pública, estabelece uma palavras, significa que “ A Administração Pública é, ao
divisão interna de funções, criando, na sua própria mesmo tempo, a titular e executora do serviço público”.
estrutura, diversos departamentos (Departamento de ( José Maria Pinheiro Madeira).
Graduação, Departamento de Pós-Graduação, Isso significa dizer que a Administração Direta
Departamento de Direito, Departamento de Filosofia, do Estado abrange todos os órgãos dos Poderes das
Departamento de Economia etc.). pessoas federativas cuja competência seja a de exercer
Como se vê, a desconcentração, mera técnica a atividade administrativa, e isso porque os Poderes
administrativa de distribuição interna de funções, estão imbuídos da necessidade de atuarem
ocorre, tanto na prestação de serviços pela centralizadamente por meio de seus órgãos e agentes.
Administração Direta, quanto pela Indireta. É muito mais A administração pública direta é, portanto,
comum falar-se em desconcentração na Administração composta de entidades estatais – União, Estados,
Direta pelo simples fato de as pessoas que constituem as Municípios e Distrito Federal – que atuam por
Administrações Diretas (União, estados, Distrito Federal intermédio dos órgãos públicos (ministérios, secretarias,
e municípios) possuírem um conjunto de competências etc.). Esses órgãos não possuem personalidade jurídica
mais amplo e uma estrutura sobremaneira mais própria, estão ligadas à personalidade jurídica da
complexa do que os de qualquer entidade das entidade a que pertencem e sua atuação deve realizar a
Administrações Indiretas. De qualquer forma, temos vontade da pessoa jurídica à qual estão subordinados,
desconcentração tanto em um município que se divide funcionando como verdadeiros centros de
internamente em órgãos, cada qual com atribuições competências. Este entendimento formula a chamada
definidas, como em uma sociedade de economia mista teoria do órgão público, sob a qual encontramos o
de um estado, um banco estadual, por exemplo, que princípio da imputação volitiva, entendimento a partir
organiza sua estrutura interna em superintendências, do qual a vontade do órgão é imputada à pessoa jurídica
departamentos ou seções, com atribuições próprias e a cuja estrutura pertence.
distintas, a fim de melhor desempenhar suas funções
Pode-se conceituar o órgão público, portanto,
institucionais.
como o compartimento na estrutura estatal a que são
Existem 3 tipos de DESCONCENTRAÇÃO: cometidas funções determinadas, sendo integrado por
1) por MATÉRIA / ÁREA: Ex.: ministérios federais e agentes, que, quando as executam, manifestam a
secretarias própria vontade do Estado.

2) por TERRITÓRIO: Ex.: subprefeituras e delegacias da Os órgãos públicos não são livremente criados e
Receita Federal extintos só pela vontade da Administração. Tanto a
criação, quanto a extinção de órgãos públicos dependem
3) por GRAU / HIERARQUIA: Ministério da Fazenda e de lei, de iniciativa privativa do Presidente da República
Secretaria da Fazenda (e por simetria, dos demais Chefes do Executivo). Em se
tratando da estruturação e das atribuições, estas podem

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ser processadas por decreto do Chefe do Executivo, Locais – que atuam sobre uma parte do território, como
como consta, aliás, no art. 84, VI, “a” da Constituição as Delegacias Regionais da Receita federal, as Delegacias
Federal. de Polícia, os Postos de Saúde, etc.
Como são círculos internos de poder,
despersonalizados, os órgãos públicos não possuem
2. Quanto a posição estatal
capacidade processual. A capacidade para estar em juízo,
seja como autor ou como réu, pertence à pessoa física ou Independentes – são os originários da Constituição e
jurídica. De um tempo pra cá, todavia, tem evoluído a representativos dos três Poderes do Estado, sem
idéia de conferir capacidade a órgãos públicos para qualquer subordinação hierárquica ou funcional, e
certos tipos de litígio. Um desses casos é a possibilidade sujeitos apenas aos controles constitucionais de um
de impetração de mandado de segurança por órgãos sobre o outro; suas atribuições são exercidas por agentes
públicos de natureza constitucional, quando da defesa políticos. Entram nessa categoria as Casas Legislativas, a
de suas competências. O outro caso é trazido pelo Código Chefia do Executiva e os Tribunais.
de Defesa do Consumidor, que dispõe que são Autônomos – são órgãos que se localizam na cúpula da
legitimados para promover a liquidação e execução de Administração, subordinados diretamente à chefia dos
indenização as autoridades e órgãos da administração órgãos independentes; gozam de autonomia
pública, direta e indireta, ainda que sem personalidade administrativa, financeira e técnica e participam das
jurídica (Art. 82, III do CDC). decisões governamentais. Entram nessa categoria os
São, portanto, as principais características dos Ministérios, as Secretarias de Estado e dos Municípios, o
órgãos públicos: Serviço Nacional de Informações e o Ministério Público.
a) integram a estrutura de uma pessoa política (União, Superiores – são órgãos de direção, controle e comando,
Estados, Distrito Federal e Municípios), no caso dos mas sujeitos à subordinação e ao controle hierárquico de
órgãos da administração direta. Podem também integrar uma chefia; não gozam de autonomia administrativa
a estrutura de uma pessoa jurídica administrativa nem financeira. Incluem-se nessa categoria órgãos com
(autarquias, fundações públicas, Sociedades de variadas denominações como Departamentos,
Economia Mista ou Empresas Públicas), quando forem da Coordenadorias, Divisões, Gabinetes.
Administração Indireta (tópico a ser detalhado a seguir); Subalternos – são os que se acham subordinados
b) não possuem personalidade jurídica; hierarquicamente a órgãos superiores de decisão,
exercendo principalmente funções de execução, como
c) são resultados de desconcentração;
as realizadas por seções de expediente, de pessoal, de
d) alguns possuem autonomia gerencial, orçamentária e material, de portaria, zeladoria, etc.
financeira;
e) podem firmar, por meio de seus administradores,
3. Quanto à estrutura:
contratos de gestão com outros órgãos ou com pessoas
jurídicas (CF, Art. 37, §8º); Simples ou unitários – constituídos por um único centro
de atribuições, sem subdivisões internas, como ocorre
f) não têm capacidade para representar em juízo a
com as seções integradas em órgãos maiores.
pessoa jurídica que integram (salvo as exceções já
mencionadas); Compostos – constituídos por vários outros órgãos,
como acontece com os Ministérios, as Secretarias, que
g) não possuem patrimônio próprio;
compreendem vários outros até chegar aos órgãos
h) sua criação e extinção se dá por lei. unitários, em que não existam mais divisões.

Classificação dos órgãos públicos 4. Quanto à composição


1. Quanto a esfera de ação: Singulares – quando integrados por um único agente. Ex:
A Presidência da República e a Diretoria de uma escola.
Centrais – que exercem atribuições em todo o território
nacional, estadual ou municipal, como os Ministérios, as Coletivos – quando integrados por vários agentes. Ex:
Secretarias de Estado e as de Município) e; Tribunal Administrativo de Impostos e Taxas.

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5. Quando às funções A Administração Pública Indireta
Ativos – desempenham uma função administrativa ativa A administração pública indireta, composta pela
técnica da descentralização administrativa por outorga,
Consultivos – desempenham atividades consultivas
é composta de entidades autárquicas, fundacionais,
(elaboração de pareceres, por exemplo)
sociedades de economia mista e empresas públicas.
De controle – desempenham funções de controle sobre
Sempre que se faz referência à Administração
outros órgãos. Ex: Controladoria Geral da União
Indireta do Estado, a idéia de vinculação das entidades
traz a tona, como órgão controlador, o Poder Executivo.
Em se tratando da Administração Direta da União, no Entretanto, o art. 37 da CF alude à administração direta,
tocante ao poder executivo, pode-se apontar nos termos indireta e fundacional de qualquer dos Poderes da
no Decreto-Lei n.º 200/67 (diploma que dividiu a União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Assim
administração federal em Direta e Indireta) e nos termos dizendo, poder-se-ia admitir a existência de entidades da
da regulamentação da lei 10.683/03 e suas alterações administração indireta vinculadas também às estruturas
posteriores, que esta se ocupa, notadamente, da dos Poderes Legislativo e Judiciário, embora o fato não
organização da Presidência e dos Ministérios. De acordo seja comum, por ser o Executivo o Poder incumbido
com este dispositivo legal, a Presidência é composta pela basicamente da administração do Estado.
Casa Civil, pela Secretaria-Geral, pela Secretaria das A ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA INDIRETA
Relações Institucionais, pela Secretaria de Comunicação
Social, pelo Gabinete Pessoal, pelo Gabinete de
Segurança Institucional e pelo Núcleo de Assuntos A administração pública indireta, composta pela
Estratégicos. técnica da descentralização administrativa por outorga,
é composta de entidades autárquicas, fundacionais,
Os Poderes Legislativo e Judiciário têm sua
sociedades de economia mista e empresas públicas.
estrutura orgânica definida em seus respectivos atos de
organização administrativa. O Legislativo tem o poder Sempre que se faz referência à Administração
constitucional de dispor sobre sua organização e Indireta do Estado, a ideia de vinculação das entidades
funcionamento, bem como o de elaborar seu regimento traz a tona, como órgão controlador, o Poder Executivo.
interno. O Judiciário, da mesma forma, tem capacidade Entretanto, o art. 37 da CF alude à administração direta,
auto-organizatória em relação a cada um de seus indireta e fundacional de qualquer dos Poderes da
Tribunais. Seus atos de organização se encontram nas União, Estados, Distrito Federal e Municípios. Assim
leis estaduais de divisão e organização judiciárias e em dizendo, poder-se-ia admitir a existência de entidades da
seus regimentos internos. administração indireta vinculadas também às estruturas
dos Poderes Legislativo e Judiciário, embora o fato não
Na esfera estadual temos organização
seja comum, por ser o Executivo o Poder incumbido
semelhante à federal, guardando com esta certo grau de
basicamente da administração do Estado.
simetria. Assim, teremos a Governadoria do Estado, os
órgãos de assessoria do Governador e as Secretarias
Estaduais, com vários órgãos que as compõe,
AUTARQUIAS
correspondentes aos Ministérios na esfera federal. O
mesmo se passa com o Legislativo e Judiciário estaduais. Autarquias são entes administrativos autônomos,
criados por lei específica, com personalidade jurídica de
Por fim, a Administração Direta na esfera
direito público interno, para a consecução de atividades
municipal é composta da Prefeitura, de eventuais órgãos
típicas do poder público, que requeiram, para uma
de assessoria ao Prefeito e de Secretarias Municipais,
melhor execução, gestão financeira e administrativa
com seus órgãos internos. O Município não tem
descentralizada.
Judiciário próprio, mas tem Legislativo (Câmara
Municipal), que também poder dispor sobre sua
organização, a exemplo do que ocorre nas outras esferas. Características
O Distrito Federal é assemelhado aos Estados, As autarquias possuem as seguintes características:
mas tem as competências legislativas reservadas a
Estados e Municípios. Desse modo sua administração o Personalidade jurídica de direito público;
direta compõe-se de Governadoria, órgãos de assessoria o Autonomia administrativa e financeira;
direita e de Secretarias Distritais.
o Criação por lei específica.

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o Capacidade específica exonerados, salvo por cometimento de faltas graves,


mediante processo que assegure ampla defesa.
k) Sujeição à prescrição quinquenal da fazenda pública.
Personalidade Jurídica de Direito Público
Tendo personalidade jurídica, as autarquias são sujeitos
de direito, ou seja, são de titulares de direitos e Capacidade Específica
obrigações próprios, distintos dos pertencentes ao ente
Outra característica destas entidades é capacidade
político (União, Estado, Município ou Distrito Federal)
específica, significando que as autarquias só podem
que as institui.
desempenhar as atividades para as quais foram
Submetem-se a regime jurídico de direito público quanto instituídas, ficando, por conseguinte, impedidas de
à criação, extinção, poderes, prerrogativas, privilégios e exercer quaisquer outras atividades.
sujeições, ou melhor, apresentam as características das
Dentro dessas atividades típicas do Estado, a que estão
pessoas públicas, como por exemplo as prerrogativas
preordenadas, as autarquias podem ter diferentes
tributárias, o regime jurídico dos bens e as normas
objetivos, classificando-se em:
aplicadas aos servidores. Por tais razões, são classificadas
como pessoas jurídicas de direito público. a) Autarquias assistenciais: aquelas que visam dispensar
auxílio a regiões menos desenvolvidas ou a categorias
Em suma:
sociais específicas, para o fim de minorar as
a) Possuem privilégios processuais: duplo grau desigualdades. Ex: a SUDENE, a SUDAM e o INCRA –
obrigatório de jurisdição; prazos dilatados em dobro; Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária.
isenção de custas (mas pagamento de despesas judiciais
b) Autarquias previdenciárias: voltadas para a atividade
feitas pela parte vencedora); dispensa de apresentação
de previdência social oficial. Ex: O INSS.
de procuração, pelos procuradores de seu quadro de
pessoal, para a prática de atos processuais; dispensa de c) Autarquias culturais: dirigidas à educação e ao ensino.
depósito prévio para interposição de recurso e não Ex: UFRJ, UFPA.
sujeição ao concurso de credores ou habilitação em d) Autarquias profissionais (ou corporativas):
falência, liquidação, recuperação judicial, inventário e incumbidas da inscrição de certos profissionais e de
arrolamento (há somente concurso de preferências fiscalizar sua atividade. Ex: CREA, CRM, etc.
entre as pessoas de direito público – U, E, DF e M).
e) Autarquias administrativas: que formam a categoria
b) Patrimônio constituído de bens públicos. residual, ou seja, daquelas entidades que se destinam às
c) Imunidade tributária – não são sujeitas à impostos várias atividades administrativas, inclusive fiscalização,
sobre o seu patrimônio, rendas e serviços, desde que quando essa atribuição for da pessoa federativa a que
vinculados a suas finalidades essenciais. estejam vinculadas. Ex: INMETRO, BACEN, IBAMA.
d) Responsabilidade civil objetiva. f) Autarquias de controle: encontram-se aqui as
agências reguladoras.
e) Foro privilegiado para as autarquias federais- Justiça
Federal.
f) Orçamento integrante do orçamento fiscal da lei Autonomia Administrativa Financeira
orçamentária anual. As autarquias desempenham atividades tipicamente
g) Regime de pessoal estatutário, enquanto vigorar a públicas. O ente político "abre mão" do desempenho de
liminar proferida pelo STF na ADIN 2135/DF em 02 de determinado serviço, criando entidades com
agosto de 2007. personalidade jurídica (autarquias) apenas com o
objetivo de realizar tal serviço.
h) Sujeição à obrigatoriedade de licitação.
Por força de tal característica, as autarquias são
i) Obrigatoriedade de preencher seus quadros efetivos
denominadas de serviços públicos descentralizados,
pela via do concurso público.
serviços públicos personalizados ou serviços estatais
j) Seus dirigentes são nomeados e exonerados descentralizados, contando com autonomia
livremente pelo chefe do executivo. Algumas vezes a administrativa e financeira (dotação orçamentária
nomeação exige prévia aprovação do Poder Legislativo, própria).
não ocorre no caso da exoneração. Aqui ressalte-se que
dirigentes de agências reguladoras não são livremente

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Autarquias em regime especial privado, instituídas com a finalidade de exercer o papel
do Estado-empresário, sempre justificado pelo interesse
público.
Autarquia de regime especial é toda aquela em que a lei
Ressalte-se que ambas as espécies de empresas estatais
instituidora conferir privilégios específicos e aumentar
são criadas ou para explorar atividades econômicas, ou
sua autonomia comparativamente com as autarquias
para prestar serviços públicos como distribuição de água,
comuns, sem infringir os preceitos constitucionais
energia elétrica, etc.
pertinentes a essas entidades de personalidade pública.
O que posiciona a autarquia de regime especial são as Note-se que a exploração da atividade econômica só se
regalias que a lei criadora lhe confere para o pleno justifica pelo disposto no art. 173 da Constituição da
desempenho de suas finalidades específicas. São República (quando necessária aos imperativos da
exemplos dessas autarquias o BACEN e as Agências segurança nacional ou a relevante interesse coletivo).
Reguladoras.

Características em comum:
Agências Reguladoras
o personalidade jurídica de direito privado;
Sua função é regular a prestação de serviços públicos e
o realização de atividades econômicas, incluindo
organizar e fiscalizar esses serviços a serem prestados
prestação de serviços públicos;
por concessionárias ou permissionárias, com o objetivo
garantir o direito do usuário ao serviço público de o derrogações (alterações parciais) do regime de
qualidade. Além dos serviços públicos, algumas agências direito privado por normas de direito público;
regulamentam outros setores de interesse público, como o a sujeição ao regime jurídico próprio das empresas
a ANP (Agência Nacional do Petróleo), por exemplo. privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis,
Há diferenças em relação à tradicional autarquia, razão comerciais, trabalhistas e tributários;
pela qual são consideradas autarquias em regime o não poderão gozar de privilégios fiscais não
especial. Pode-se dizer que possuem uma maior extensivos ao setor privado.
autonomia financeira e administrativa, dado o fato de
seus dirigentes possuírem mandatos fixos por tempo
determinado e, consequentemente não atingidos por Derrogações do Regime de Direito Privado Por Normas
livre exoneração de seus cargos, além disso, após o de Direito Público
desligamento do cargo, ficam impedidos de atuar na área
que regulavam por um período de quatro meses, a Apesar de serem pessoas jurídicas de direito privado,
chamada quarentena; possuem ainda impossibilidade de não se aplica o Direito Privado integralmente às
submissão aos chamados recursos hierárquicos Empresas Estatais, pois são entidades da Administração
impróprios, o que lhes permite ter mais independência Pública sujeitas a um regime híbrido, ou seja, em maioria
decisória; além disso, cobram a chamada taxa de privado, mas com uma adição de normas do direito
fiscalização, permitindo maior autonomia financeira. público, tais como:

Essas entidades têm as seguintes finalidades básicas: a) a) Possibilidade de sujeição passiva à Ação Popular e
fiscalizar serviços públicos (ANEEL, ANTT, ANAC, ANTAC); mandado de segurança.
b) fomentar e fiscalizar determinadas atividades privadas b) Submissão aos princípios da Administração Pública.
(ANCINE); c) regulamentar, controlar e fiscalizar
c) Controle estatal – abrangendo o interno (pelo Poder
atividades econômicas (ANP); d) exercer atividades
Executivo, através da tutela) e o externo (pelo Poder
típicas de estado ( ANVS, ANVISA e ANS).
Legislativo, com o auxilio dos Tribunais de Contas). O
controle exercido pelas Cortes de Contas compreende o
EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA julgamento das contas dos administradores e demais
responsáveis por dinheiros, bens e valores; a apreciação,
Embora as atividades empresariais não sejam o foco das para fins de registro da legalidade dos atos de admissão
atividades Estatais, por vezes, o Estado se vê obrigado de pessoal, excetuadas as nomeações em comissão,
pelas circunstâncias a criar entidades regidas pelas aposentadoria e pensões; além da realização de
mesmas normas do setor privado. Surgem neste inspeções e auditorias de natureza contábil, financeira,
contexto, as Sociedades de Economia mista e as orçamentária, operacional e patrimonial.
empresas Públicas, ambas pessoas jurídicas de direito

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DIREITO ADMINISTRATIVO

d) Finanças Públicas – sujeição aos limites globais e o) Criação por Autorização Legislativa Específica - De
condições para operações de crédito externo e interno, acordo com a nova redação dada pela emenda
estabelecidos pelo Senado; obediência à lei constitucional nº 19 ao art. 37, XIX, da Constituição da
complementar que disponha sobre dívida externa e República, a criação das empresas públicas necessita de
interna; inclusão na lei orçamentária anual, do autorização legislativa específica. Desse modo, no
orçamento fiscal, de seguridade social e de aspecto da criação da pessoa deve o Estado providenciar
investimentos. a prática do ato que contenha o estatuto, ou dos
próprios atos constitutivos da entidade, para que sejam
e) Servidores Públicos – exigência de concurso público
inscritos no registro próprio. A extinção também reclama
para ingresso; proibição de acumulação de cargos,
lei autorizadora.
empregos e funções; sujeição ao limite constitucional de
remuneração quando inseridos em empresas p) Imunidade tributária para empresas estatais
dependentes do cofre público, restrição à existência de prestadoras de serviços públicos. Precedentes do STF: RE
prévia dotação orçamentária quanto a concessão de 424.227/SC, 407.099/RS, 354.897/RS, 356.122/RS e
qualquer vantagem ou aumento de remuneração, 398.630/SP, Ministro Carlos Velloso, 2ª Turma.
criação de empregos, alteração de estrutura de carreiras
q) A dispensa do empregado de empresas públicas e
e contratação de pessoal; seus empregados são
sociedades de economia mista que prestam serviços
equiparados aos funcionários públicos para fins penais;
públicos deve ser motivada (STF - RECURSO
são considerados agentes públicos para fins de incidência
EXTRAORDINÁRIO 589.998 PIAUÍ).
das sanções na hipótese de improbidade administrativa.
f) Autorização legislativa para criação de subsidiárias ou
participação em empresas privadas. DIFERENÇAS ENTRE AS SOCIEDADES DE ECONOMIA
MISTA E AS EMPRESAS PÚBLICAS
g) Vedação a Deputados e Senadores, sob pena de perda
de mandato, de, a partir da diplomação firmarem ou Sociedade de
manterem contrato com essas entidades, aceitar ou Aspectos Empresa Pública
Economia Mista
exercer cargo, função ou emprego remunerado, inclusive
demissíveis ad nutum; e, a partir da posse a proibição de Parte do capital
ocupar cargo ou função de que sejam demissíveis ad pertencente ao
nutum e de patrocinar causa em que seja interessada Capital Poder Público e
qualquer das referidas entidades. Capital exclusivamente outra parte ao
público setor privado,
h) Legitimidade ativa para proposição de Ação civil
tendo, sempre, o
pública, na defesa do patrimônio público e social, do
controle público.
meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos.
i) Em caso de estado de sítio, as empresas prestadoras de Qualquer forma
serviços públicos ficam sujeitas à intervenção. admitida em Direito.
Somente a forma
(admitindo-se
j) Obrigatoriedade de licitação em atividades meio. Forma de Sociedade
empresas
Anônima.
l) Responsabilidade objetiva das que forem prestadoras pluripessoais ou
de serviços públicos, bem como a responsabilidade unipessoais)
subsidiária do Estado.
As causas de
m) Não sujeição à falência. De acordo com o art.
interesse das
109 da CF, as causas
n) Regidas por estatuto jurídico definido por lei (Lei sociedades de
de interesse das
13303/16), que inclui: sua função social, a fiscalização a economia mista
empresas públicas
ser exercida pelo Estado e pela sociedade, a sujeição ao federais serão
Competência federais serão
regime privado quanto aos direitos e obrigações civis, julgadas na
julgadas na Justiça
comerciais, trabalhistas e tributários, a constituição e o Justiça Estadual,
Federal, com exceção
funcionamento dos conselhos de administração e fiscal, com exceção das
das causas
os mandatos, avaliação de desempenho e causas
trabalhistas.
responsabilidade dos administradores e regras próprias trabalhistas.
quanto a licitações e contratos administrativos.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
- LEI 5.810/94
FUNDAÇÕES PÚBLICAS Regulamenta o inciso XIX do art. 37 da Constituição
Federal, parte final, para definir as áreas de atuação de
As fundações públicas se caracterizam pela
fundações instituídas pelo poder público.
circunstância de ser atribuída personalidade jurídica a
um patrimônio preordenado a certo fim social. É
inerente às fundações sua finalidade social, ou seja, a
O CONGRESSO NACIONAL decreta:
perseguição a objetivos que, de alguma forma,
produzam benefícios aos membros da coletividade. Art. 1º Poderá, mediante lei específica, ser instituída ou
autorizada a instituição de fundação sem fins lucrativos,
Oriundas do direito privado, a figura das
integrante da administração pública indireta, com
fundações públicas assemelham-se às fundações de
personalidade jurídica de direito público ou privado,
privadas, a medida em que têm como características
nesse último caso, para o desempenho de atividade
principais: a figura do instituidor (nesse caso o Estado), o
estatal que não seja exclusiva de Estado nas seguintes
fim social da entidade e a ausência de fins lucrativos.
áreas:
Tem se travado uma grande discussão acerca da
I - saúde;
natureza jurídica das fundações públicas. Há duas
correntes sobre a matéria. A primeira, dominante, II - assistência social;
defende a existência de dois tipos de fundações públicas: III - cultura;
as de direito público e as de direito privado; por este
entendimento, as fundações de direito público são IV - desporto;
verdadeiras autarquias, pelo que se denominam V - ciência e tecnologia;
fundações autárquicas ou autarquias fundacionais. A
segunda corrente afirma que, mesmo instituídas pelo VI- meio ambiente;
poder público, as fundações devem sempre ter VII - previdência complementar do servidor público, de
personalidade jurídica de direito privado. que trata o art. 40, §§ 14 e 15, da Constituição Federal;
O Decreto-Lei n.º 200/67 assim conceituou a VIII - comunicação social; e
Fundação Pública – a entidade dotada de personalidade
IX - promoção do turismo nacional.
jurídica de direito privado, criada em virtude da
autorização legislativa, para o desenvolvimento de § 1º Para os efeitos desta Lei Complementar,
atividades que não exijam execução por órgãos ou compreendem-se também na área da saúde os hospitais
entidades de direito público, com autonomia universitários federais.
administrativa, patrimônio próprio gerido pelos
§ 2º O encaminhamento de projeto de lei para autorizar
respectivos órgãos de direção, e funcionamento
a instituição de hospital universitário federal sob a forma
custeado por recursos da União e de outras fontes.
de fundação de direito privado será precedido de
Os fins a que se destinam as fundações públicas manifestação pelo respectivo conselho universitário.
são sempre de caráter social e suas atividades se
Art. 2º. Esta Lei Complementar entra em vigor na data de
caracterizam como serviços públicos. Por esse motivo
sua publicação.
jamais podem intervir no domínio econômico. O comum
é que se destinem a atividades de assistência social, Brasília, de de 2007; 186º da Independência e 119º da
saúde, educação, pesquisa científica, proteção do meio República.
ambiente, atividades culturais, etc. Note-se, neste ponto, Principais características:
que a partir da EC 19/98, o inciso XIX do art. 37 da CF
passou a prever, em sua parte final, que lei 1. Criação e extinção: se forem de direito privado a lei
complementar estabeleça as áreas em que poderão apenas autorizará sua criação (a personalidade em si só
atuar fundações públicas. Trata-se de regra aplicável é adquirida quando ocorre a inscrição de escritura
independente da natureza jurídica da fundação. A pública de sua constituição no Registro de Pessoas
referida lei ainda não foi editada, provavelmente, Jurídicas). Se a fundação for de natureza autárquica, ou
quando o for, será encampada a lição da doutrina, seja, de direito publico a regra a ser aplicada é a mesma
segundo a qual as fundações públicas devem atuar em das autarquias, ou seja, a própria lei dá nascimento à
área de interesse social. Seria uma lei geral, obrigatória entidade. O mesmo raciocínio deve ser utilizado para a
para todas as pessoas políticas da federação. O Projeto extinção dessas entidades.
de lei ainda tramita no Congresso, observe o texto:
PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR Nº 92/2007.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

2. Prerrogativas processuais (prazo em dobro, duplo grau limites da lei. São os poderes normativo (ou
de jurisdição, ...) – só possuem se revestirem-se de regulamentar), disciplinar, hierárquico e poder de
personalidade jurídica de direito público; polícia. Poderes discricionário e vinculado não existem
como poderes autônomos. Discricionariedade e
3. Privilégios tributários – o princípio da imunidade
vinculação são, no máximo, atributos de outros poderes
tributária, relativa aos impostos sobre a renda, o
ou competências da Administração. Segundo Hely Lopes
patrimônio e os serviços federais, estaduais e municipais
Meirelles, “poder vinculado ou regrado é aquele que o
é extensivo às fundações públicas tanto de natureza
Direito Positivo – a lei – confere à Administração Pública
pública, quanto privada;
para a prática de ato de sua competência, determinando
4. Patrimônio próprio gerido pelos respectivos órgãos de os elementos e requisitos necessários à sua
direção; – bens públicos quando autárquicas, bens formalização.” O agente está totalmente preso ao
privados, quando de personalidade de direito privado previsto na lei. “Poder discricionário é o que o Direito
(aqui é importante ressaltar que mesmo sendo bens concede à Administração, de modo explícito ou implícito,
privados, caso utilizados diretamente na prestação de para a prática de atos administrativos com liberdade na
serviços públicos, são impenhoráveis, por força do escolha de sua conveniência, oportunidade e conteúdo.”
princípio da continuidade do serviço público); (Direito Administrativo Brasileiro, p. 102/103)
5. Pessoal – Estatutário quando de direito público,
celetista quando de direito privado.
Poder regulamentar
6. funcionamento custeado por recursos dos entes que a
Poder regulamentar é a prerrogativa conferida à
criaram e outras fontes;
Administração Pública de editar atos gerais para
7. Regras para exercício do mandato eletivo – as mesmas, complementar as leis e possibilitar sua efetiva aplicação.
independente da natureza jurídica; Seu alcance é apenas de norma complementar à lei; não
8. Isenção do pagamento de custas judiciais na justiça pode, pois, a Administração, alterá-la a pretexto de estar
federal, em ambos os casos (conforme Art. 4º da Lei n.º regulamentando-a. Se o fizer, cometerá abuso de poder
9286/96); regulamentar, invadindo a competência do Legislativo.

9. Foro de julgamento – O que se tem observado na O poder regulamentar é de natureza derivada (ou
jurisprudência é o entendimento do foro federal para secundária): somente é exercido à luz de lei existente. Já
ambas. O STJ em 1996 afirmou essa posição, ao afirmar as leis constituem atos de natureza originária (ou
que as Fundações públicas de direito privado, sendo primária), emanando diretamente da Constituição.
federais, são equiparadas às empresas públicas federais ATENÇÃO: Aqui os autores divergem, dado o fato de
para o efeito do Art. 109, I da CF, sendo da JF a alguns considerarem o Poder Regulamentar uma
competência para processar e julgar as causas de que prerrogativa exclusiva do Chefe do Poder Executivo. Para
participem (CC 16.397, rel. Min. Sálvio de Figueiredo estes autores, portanto, só têm Poder Regulamentar o
Teixeira, 28.08.1996). No mesmo sentido, encontra-se a Presidente da República, o Governador e o Prefeito.
Lei n.º 10.259/01 que estatui poderem ser parte, como Neste caso, o poder geral conferido à Administração para
rés, nos Juizados Especiais Federais Cíveis, a União, editar seus atos complementares à lei é chamado de
autarquias, fundações e empresas públicas federais, sem PODER NORMATIVO, do qual decorre o Poder
menção à personalidade jurídica das fundações a que se Regulamentar, este, portanto, uma espécie daquele.
referem.
10. Sujeitas a obrigatoriedade de licitação.
Controle dos atos de regulamentação
11. Realizam concursos públicos.
Visando coibir a indevida extensão do poder
12. Submetem-se aos princípios da Administração regulamentar, dispôs o art. 49, V, da CF, ser da
competência exclusiva do Congresso Nacional sustar os
atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA poder regulamentar ou dos limites da delegação
Os poderes administrativos são inerentes à legislativa.
Administração Pública para que esta possa proteger o No que se refere ao controle judicial, há que se distinguir
interesse público. Encerram prerrogativas de autoridade, a natureza do conteúdo do ato regulamentar. Tratando-
as quais, por isso mesmo, só podem ser exercidas nos se de ato regulamentar contra legem, ou seja, aquele

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DIREITO ADMINISTRATIVO
- LEI 5.810/94
que extrapole os limites da lei, viável apenas será o questão. A punição disciplinar e a penal têm
controle de legalidade resultante do confronto do ato fundamentos diversos.
com a lei. Assim, incompatível, no caso, o uso da ação
Vale lembrar que nenhuma penalidade pode ser
direta de inconstitucionalidade.
aplicada sem prévia apuração por meio de
procedimento legal em que sejam assegurados o
contraditório e a ampla defesa, com os meios e
Regulamentos autônomos
recursos a ela inerentes (art. 5º, LV, da CF).
Para que os regulamentos sejam caracterizados como
É importante ressaltar que o poder disciplinar
autônomos, é necessário que os atos possam criar e
pode ser combinando tanto com o poder discricionário
extinguir primariamente direitos e obrigações, isto é,
quanto com o vinculado. Será combinado com o poder
sem prévia lei disciplinadora da matéria, suprimindo,
discricionário quando estivermos falando da escolha da
assim, lacunas legislativas. Inicialmente, a CF não previa
penalidade (quando permitida em lei), assim como nos
nenhuma situação na qual a Administração Pública
casos em que a penalidade pode ser graduada (como no
pudesse editar decretos autônomos. Porém, com a
caso de uma suspensão que varia entre 1 e 90 dias, por
Emenda Constitucional 32/2000, passou a ser prevista
exemplo). Além disso, os tipos de infração disciplinar são
essa modalidade no art. 84, VI:
mais discricionários que os tipos penais, por exemplo,
“VI – dispor, mediante decreto, sobre: assim, também há discricionariedade na definição da
a) organização e funcionamento da administração infração; é como diz o saudoso Professor Hely Lopes
federal, quando não implicar aumento de despesa nem Meireles: “O poder disciplinar não é vinculado à prévia
criação ou extinção de órgãos públicos; definição em lei sobre a infração cometida e sua
respectiva sanção”.
b) extinção de funções ou cargos públicos, quando
vagos;” Por sua vez, será combinado com o poder vinculado no
tocante à apuração do suposto ilícito praticado pelo
Apesar de editados pelo Presidente da República, que é agente (a abertura de processo para investigação,
o chefe da Administração Pública Federal, e não estarem mediante a descoberta da irregularidade é obrigatória) e
subordinados à lei, não são regulamentos autônomos: no que diz respeito à aplicação da penalidade ao agente
a) medidas provisórias, que não são leis, mas têm força faltoso, uma vez que comprovada a infração não se pode
de lei, estando incluídas pela Constituição na seção deixar de penalizar o responsável.
referente ao processo legislativo. São, portanto, atos
legislativos, excepcionalmente feitos pelo Poder
Executivo; Poder Hierárquico.

b) decretos de intervenção (federal ou estadual), de A organização administrativa é baseada em dois


instauração do estado de defesa e do estado de sítio. pressupostos: distribuição de competências e hierarquia
Esses decretos são atos políticos, pois se referem ao (relação de coordenação e subordinação entre os vários
governo e não à Administração Pública. órgãos que integram a Administração Pública). Poder
hierárquico, segundo Hely Lopes Meirelles, é o de que
dispõe o Poder Executivo para distribuir e escalonar as
Poder Disciplinar funções de seus órgãos, ordenar e rever a atuação de
seus agentes, estabelecendo a relação de subordinação
O Poder Disciplinar refere-se à competência da entre os servidores do seu quadro de pessoal. Da
Administração Pública para apurar infrações e aplicar organização administrativa decorrem para a
sanções aos servidores públicos e demais pessoas que Administração Pública diversos poderes como, por
possuam um vínculo especial com o Poder Público, exemplo, poder de dar ordens aos subordinados que
submetidas à disciplina interna da Administração. Para implica o dever de obediência para estes últimos,
os servidores, o poder disciplinar é uma decorrência da ressalvadas as ordens manifestamente ilegais; poder de
hierarquia. controlar a atividade dos órgãos inferiores, para
O poder disciplinar da Administração não deve ser examinar a legalidade de seus atos e o cumprimento de
confundido com o poder punitivo do Estado , realizado suas obrigações, podendo anular os atos ilegais ou
por meio da Justiça Penal. O disciplinar é interno à revogar os inconvenientes ou inoportunos, seja ex
Administração, enquanto que o penal visa a proteger os officio, seja mediante provocação dos interessados, por
valores e bens mais importantes do grupo social em meios de recursos hierárquicos; poder de avocar
atribuições, desde que estas não sejam da competência

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DIREITO ADMINISTRATIVO

privativa do órgão subordinado; poder de delegar regulamentação, controle e contenção pelo Poder
atribuições que não lhe sejam exclusivas etc. Público; com esse propósito a Administração pode
condicionar o exercício de direitos individuais, pode
delimitar a execução de atividades, como pode
Poder de polícia condicionar o uso de bens que afetem a coletividade em
Um dos poderes da Administração resulta exatamente geral, ou contrariem a ordem jurídica estabelecida ou se
do inevitável confronto entre os interesses público e oponham aos objetivos permanentes da Nação; a
privado e expressa a necessidade de impor restrições ao finalidade do poder de polícia é a proteção ao interesse
exercício dos direitos dos indivíduos. Quando o Poder público, nesse interesse superior não entram só os
Público interfere na órbita do interesse privado para valores materiais como, também, o patrimônio moral e
salvaguardar o interesse público, restringindo direitos espiritual do povo, expresso na tradição, nas instituições
individuais, atua no exercício do poder de polícia. e nas aspirações nacionais da maioria que sustenta o
regime político adotado e consagrado na Constituição e
De acordo com Bandeira de Mello (2004, p. 725-727), a na ordem vigente.
essência do poder de polícia é o seu caráter negativo:
“No sentido de que através dele, o Poder Público, de
regra, não pretende uma atuação do particular, pretende Fases (ou ciclos) do poder de Polícia:
uma abstenção. (...) a utilidade pública é, no mais das a) norma de polícia (legislação): estabelece os limites do
vezes, conseguida de modo indireto pelo poder de exercício dos direitos individuais. Pode ser
polícia, em contraposição à obtenção direta de tal constitucional, legal ou regulamentar;
utilidade, obtida por meio dos serviços públicos”.
b) Consentimento de polícia: possibilita ao particular o
Sentido amplo e restrito exercício de atividade controlada pelo Poder Público,
A expressão poder de polícia comporta dois sentidos, através de permissões (discricionárias) e licenças
um amplo e um restrito. Em sentido amplo, poder de (vinculadas). Nem sempre estará presente, dado o fato
polícia significa toda e qualquer ação restritiva do de que nem todas as atividades do particular necessitam
Estado em relação aos direitos individuais. Esta é a deste tipo de manifestação da Administração Pública.
função do Poder Legislativo, incumbido da criação do c) fiscalização: verificação do cumprimento das normas e
direito legislado, e isso porque apenas as leis podem das condições estabelecidas na permissão de polícia;
delinear o perfil dos direitos, aumentando ou reduzindo
d) sanção de polícia: aplicação de penalidades àqueles
seu conteúdo.
que descumprirem as normas e as condições da
Em sentido estrito, o poder de polícia é a atividade permissão de polícia. Também pode ser utilizada a
administrativa, consistente no poder de restringir e medida de polícia, com o objetivo de impedir a
condicionar o exercício dos direitos individuais em ocorrência de dano. Ex.: após fiscalização que comprova
nome do interesse coletivo. Esse é o definição dada pelo a existência de comida estragada em um restaurante, a
Código Tributário Nacional: Administração impõe uma multa (sanção) e destrói a
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da comida estragada (medida de polícia).
administração pública que, limitando ou disciplinando
direito, interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou
ATENÇÃO: Só podem ser delegados à Pessoa Jurídica de
a abstenção de fato, em razão de interesse público
direito privado as fases de consentimento e fiscalização.
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos
costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao
exercício de atividades econômicas dependentes de
Classificação do Poder de Polícia:
concessão ou autorização do Poder Público, à
tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos Poder de polícia originário: seria aquele exercido pelas
direitos individuais ou coletivos. pessoas políticas (entes da federação).
Poder de polícia derivado (ou delegado): aquele exercido
pelas pessoas jurídicas que integram a administração
Objeto e Finalidade: o objeto do poder de policia
indireta.
administrativa é todo bem, direito ou atividade
individual que possa afetar a coletividade ou por em risco
a segurança nacional, exigindo, por isso mesmo,

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DIREITO ADMINISTRATIVO
- LEI 5.810/94
Polícia administrativa e judiciária
Polícia Preordena Atua por Sobre Direito
Existem dois tipos de poder de polícia: judiciári -se à meio da pesso Processu
administrativa e judiciária. a responsab polícia as al Penal
O poder de polícia administrativa cuida da ilização de
adequação dos interesses individuais com o coletivo, dos seguran
podendo agir preventivamente (proibição de porte de violadores ça
arma, por exemplo), sendo concretizada por intermédio da ordem
de atos da administração. Atua por meio de órgão e jurídica
manifesta-se por meio de atos normativos, tanto de
alcance geral (ex: portarias, regulamentos) como de
Características ou Atributos do poder de polícia:
efeitos concretos e específicos (ex: fechamento de
discricionariedade, auto-executoriedade e
estabelecimento comercial irregular, guinchar veículos,
coercibilidade.
etc.)
A discricionariedade do poder polícia refere-se à
A polícia judiciária trata da repressão das
faculdade da administração pública de decidir qual o
infrações penais e é privativa de corporações
melhor momento de agir, qual o meio de ação mais
especializadas, como a polícia civil e a federal.
adequado e qual a sanção cabível diante das previstas na
A principal diferença que se costuma apontar norma legal.
entre as duas está no caráter preventivo da polícia
Porém, em outros casos, a lei já estabelece que,
administrativa, que se predispõe a impedir ou paralisar
diante de determinadas situações a administração
atividades anti-sociais, e no repressivo da polícia
pública terá que adotar uma solução previamente
judiciária que se preordena à responsabilização dos
estabelecida, sem margem de opção; são hipóteses em
violadores da ordem jurídica. Assim, a primeira terá por
que o poder de polícia será vinculado (ex: licença – uma
objetivo impedir as ações anti-sociais, e a segunda, punir
vez preenchidos os requisitos previstos em lei a
os infratores da lei penal.
Administração é obrigada a concedê-la).
Ressalte-se, no entanto, que embora o caráter de
A auto-executoriedade é a faculdade de a
uma seja EMINENTEMENTE preventivo e o de outra
administração decidir e executar diretamente sua
EMINENTEMENTE repressivo, ambas as formas de
decisão por seus próprios meios, sem intervenção do
exercício de polícia possuem mecanismos tanto
poder judiciário. No entanto, é importante lembrar que
repressivos quanto preventivos. Observe, por exemplo, a
para utilizar-se disto é necessária a expressa autorização
polícia administrativa aplicando multas ou realizando
da lei ou em casos de medidas urgentes, situações em
apreensões, nestes casos ela não está mais prevenindo e
que poderá ocorrer um prejuízo maior para o interesse
sim reprimindo. O mesmo ocorre quando se verifica a
público.
ocorrência de fiscalizações preventivas de rotina da
Polícia Federal nos aeroportos, no âmbito dos voos A coercibilidade significa a possibilidade da
internacionais. administração pública impor a decisão administrativa
proferida, independentemente da manifestação de
vontade por parte do particular, autorizando ainda, o
Finalidade Atuação Incidê Regência emprego de força para o seu cumprimento. O uso da
ncia força física pela administração, nas situações
necessárias, é justificado por meio desse atributo,
Polícia Predispõe- Atua por Sobre Normas
tornando-o, assim, indissociável da auto-
administ se meio de os administ
executoriedade.
rativa unicament órgãos bens rativas
e a da e
impedir ou Adminis direit
paralisar tração os
atividades
anti-
sociais.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

FATOS ADMINISTRATIVOS modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor


obrigações aos administrados ou a si própria.
Como são a manifestação da função administrativa, os
atos administrativos estão presentes em todas as
A noção de fato administrativo tem o sentido da estruturas do poder público, inclusive dos Poderes que a
atividade material no exercício da função administrativa, exercem de forma atípica (Legislativo e Judiciário) ou no
que visa ter efeitos de ordem prática para a âmbito das atividades de apoio do Ministério Público ou
administração. Exemplos são: apreensão de dos Tribunais de Contas. As mesas legislativas e as
mercadorias, dispersão de manifestantes, autoridades judiciárias praticam esses atos
desapropriação de bens privados, etc. Enfim, refere-se a administrativos mais restritos, quando, por exemplo,
tudo aquilo que altera a dinâmica da Administração, é dispõem sobre seus servidores, ordenam seus próprios
uma verdadeira movimentação na ação administrativa. serviços ou expedem instruções sobre matéria de sua
Pode-se constatar que os fatos administrativos privativa competência. Ressalte-se, inclusive, que alguns
podem ser voluntários e naturais. Os fatos particulares, quando no exercício de atribuições públicas
administrativos voluntários se materializam de duas podem expedir atos administrativos. É o caso dos
maneiras: concessionários do serviço público ou de particulares em
colaboração, como o cartorário, competente para
1º Por atos administrativos – que formalizam a expedir certidões.
providência desejada pelo administrador através da
manifestação da vontade; Ressaltam-se as seguintes características contidas no
conceito:
2º Por condutas administrativas – que refletem os
comportamentos e as ações administrativas, sejam, ou a) trata-se de declaração jurídica, ou seja, produz efeitos
não, precedidas pelo ato formal. de direito, como: certificar, criar, extinguir, transferir,
declarar ou modificar direitos ou obrigações;
Já os fatos administrativos naturais são aqueles que se
originam de fenômenos da natureza, cujos efeitos se b) provém do Estado ou de quem esteja investido em
refletem na órbita administrativa. prerrogativas estatais;

Assim, quando se fizer referência a fato c) é exercido no uso de prerrogativas públicas, portanto,
administrativo, deverá estar presente unicamente a sob regência do Direito Público, apartando-se dos atos
noção de que ocorreu um evento dinâmico da de Direito Privado;
Administração. d) consiste em providências jurídicas complementares
da lei ou da própria Constituição. Atos administrativos,
são, portanto, infralegais ou infraconstitucionais.
ATOS ADMINISTRATIVOS
e) sujeita-se a exame de legitimidade por órgão
A Administração Pública realiza suas atividades através jurisdicional.
de atos jurídicos unilaterais e bilaterais. Estes atos são
capazes de movimentar as relações jurídicas, de forma a Ressalte-se ainda que os atos praticados pela
criar, modificar, extinguir ou simplesmente declarar Administração Pública nem sempre são categorizados
relações de direitos e deveres. Alguns desses atos são como Atos Administrativos. Embora estes sejam típicos
unilaterais, outros bilaterais. da função administrativa, como já afirmado, não são eles
os únicos atos praticados no ambiente administrativo. As
Nesse sentido, há atos jurídicos regidos pelo direito expressões “Atos da Administração” e “Atos
privado (Direito Civil, Direito Comercial, etc.) expedidos administrativos”, não se confundem. Atos
normalmente pelos particulares e até mesmo pela administrativos são uma espécie de atos praticados pela
própria Administração; é o caso de cheques, contratos de Administração Pública, mas ao seu lado figuram ainda
aluguel, seguro, etc. vários outros como os atos privados, os contratos, os
Por outro lado, há os atos jurídicos regidos pelo direito atos materiais. São, portanto, atos da Administração
público, como os chamados atos administrativos, que Pública, que não são atos administrativos:
representam a expressão de vontade da Administração a) Atos atípicos praticados pelo Poder Executivo,
Pública, no exercício de suas prerrogativas típicas. São exercendo função legislativa ou de julgamento. Ex:
atos jurídicos unilaterais, sujeitos a controle judicial e Medida Provisória.
tem por fim imediato adquirir, resguardar, transferir,

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b) Atos materiais (não jurídicos) praticados pelo Poder competem a esses entes são distribuídas entre órgãos
Executivo, enquanto comandos complementares da lei. administrativos, tais como ministérios e secretarias, e
Ex: Ato de limpar as ruas; Ato de servir um café e etc. também os agentes públicos.
c) Atos regidos pelo direito privado praticados pelo Poder A competência é, em regra, decorrente da lei
Executivo. Diz-se em regra, dado o fato de que competências
administrativas podem, em determinados casos, ser
d) Atos políticos ou de governo praticados pelo Poder
estabelecidas por MEDIDA PROVISÓRIA.
Executivo (atos complexos amplamente discricionários
praticados com base direta na Constituição Federal). Ex: qVale ressaltar que a distribuição de competências pode
Sanção ou veto da lei; Declaração de guerra e etc. levar vários critérios em consideração:
Observe-se também o conceito dos atos em sentido 1. Em razão da matéria, a competência se distribui entre
amplo e em sentido estrito: os Ministérios (na esfera federal) e entre Secretarias (nos
estados-membros e municípios);
a) Sentindo Amplo: abrange os atos gerais e abstratos
(como regulamentos e os contratos administrativos, em 2. Em razão do território, distribui-se por zonas de
sentido amplo pode ser conceituado como a “ declaração atuação;
do Estado ou de quem lhe faça as vezes).
3. Em razão do grau hierárquico, as atribuições são
b) Sentindo Estrito: Em que acrescente à definição distribuídas segundo o maior ou menor grau de
anterior as característica da concreção e da complexidade e responsabilidade;
unilateralidade. Com isso, na acepção estrita de ato
4. Em razão do tempo, determinadas atribuições têm
administrativo por ele apresentada, ficam excluídos os
que ser exercidas em períodos determinados, como
atos abstratos e os atos convencionais (como contrato).
ocorre quando a lei fixa prazo para a prática de certos
Ainda Quanto ao conceito de ato administrativo é atos; também pode ocorrer a proibição de certos atos
preciso distinguir o critério formal e o critério material. em períodos definidos por lei, como nomeação de
Pelo critério formal, incluem-se entre os atos servidores em período eleitoral;
administrativos aqueles praticados pela administração,
5. Em razão do fracionamento, a competência pode ser
portanto compreendendo também os atos da
distribuída por órgãos diversos, quando se trata de
Administração, excluindo os praticados pelo Poder
procedimentos ou de atos complexos.
Legislativo e Judiciário. Esse critério tem pouco rigor
científico e é pouco adotado. Pelo critério material é ato
administrativo somente aquele que é praticado no Da competência administrativa extrai-se as seguintes
exercício concreto da função administrativa. características:
a) É inderrogável – não pode ser modificada pela vontade
Requisitos do Ato Administrativo do agente;
No que diz respeito à elaboração do ato, exige-se o b) É de exercício obrigatório pelo agente/órgão a quem
cumprimento dos seguintes requisitos: a lei lhe conferiu como própria (diz-se, portanto,
irrenunciável);
1. Competência: diz respeito ao poder atribuído ao
agente para a prática de determinados atos. c) É imprescritível – pois o não exercício da competência,
Diferentemente do conceito de sujeito, dado pelo Direito independente do tempo, não a retira do agente a quem
Civil, o sujeito, como elemento do ato administrativo, a lei a atribuiu.
precisa ter não só capacidade civil, as também d) É improrrogável – a competência não se estende a
competência. Ex: o gari, mesmo tendo ingressado na órgão ou agente competente pelo simples fato de haver
administração pública mediante concurso regular não ele praticado o ato, ou de ter sido ele o primeiro a tomar
pode lacrar estabelecimento de vende alimentos conhecimentos dos fatos que ensejariam a prática desse
deteriorados. ato.
Assim, somente o ente com personalidade e) É intransferível – pois, embora passível de delegação
jurídica é titular de direitos e obrigações, ou seja, ou avocação a competência não deixa de ser do agente
somente as pessoas políticas de direito público (União, originalmente previsto pela lei.
Estados Distrito Federal e Municípios) têm capacidade
para a distribuição de funções. Contudo, as funções que

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A delegação é o repasse transitório da Vícios relacionados à competência: o ato será viciado


competência a agente/órgão subordinado ou não quanto a esse aspecto quando praticado por quem não
subordinado, sempre com a expressa previsão legal. seja detentor das atribuições fixadas na lei e também
quando o sujeito o pratica exorbitando de suas
Já a avocação, fenômeno contrário ao da
atribuições. A incompetência fica caracterizada quando
delegação, pressupõe o exercício da atribuição do
o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que
subalterno por parte de seu superior. Note-se a
o praticou.
necessidade da relação hierárquica nesse caso.
Os principais vícios quanto à competência são:
Sobre o assunto, é importante observar o que
dispõe a Lei n.º 9784/99 (Lei do Processo a) usurpação de função: é inclusive conduta criminosa
Administrativo): do agente, definido no artigo 328 do Código Penal,
ocorre quando a pessoa que pratica o ato não foi por
“Art. 11. A competência é irrenunciável e se exerce pelos
qualquer modo investida no cargo, emprego ou função;
órgãos administrativos a que foi atribuída como própria,
ela se apossa, por conta própria do exercício de
salvo os casos de delegação e avocação legalmente
atribuições próprias do agente público, sem ter essa
admitidos.
qualidade.
Art. 12. Um órgão administrativo e seu titular poderão,
b) excesso de poder: ocorre quanto o agente público
se não houver impedimento legal, delegar parte da sua
excede os limites de sua competência; por exemplo,
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que
quando a autoridade, competente para aplicar a pena de
estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
suspensão, impõe penalidade mais grave, que não é de
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
sua atribuição; ou quando a autoridade policial se excede
índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
no uso da força para praticar ato de sua competência.
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo aplica-
Constitui, juntamente com o desvio de poder,
se à delegação de competência dos órgãos colegiados
que é vicio quanto à finalidade, umas das espécies de
aos respectivos presidentes.
abuso de poder.
Art. 13. Não podem ser objeto de delegação:
c) Função de fato: ocorre quando a pessoa que pratica o
I - a edição de atos de caráter normativo; ato está irregularmente investiga no cargo, emprego ou
II - a decisão de recursos administrativos; função, mas sua situação tem toda a aparência da
legalidade. Exemplo: falta de requisito legal para
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou investidura, como certificado de sanidade vencido;
autoridade. inexistência de formação universitária para função que a
Art. 14. O ato de delegação e sua revogação deverão ser exige, idade inferior ao mínimo legal; o mesmo ocorre
publicados no meio oficial. quando o servidor está suspenso do cargo ou exerce
funções depois de vencido o prazo de sua contratação,
§ 1o O ato de delegação especificará as matérias e ou continua em exercício após a idade limite para a
poderes transferidos, os limites da atuação do delegado, aposentadoria compulsória.
a duração e os objetivos da delegação e o recurso cabível,
podendo conter ressalva de exercício da atribuição OBS: Segundo Maria Silvia Di Pietro, quando o ato é
delegada. praticado por usurpador de função este é inexistente, ao
contrário, do ato praticado por funcionário de fato, que
§ 2o O ato de delegação é revogável a qualquer tempo pode ser considerado válido, precisamente pela
pela autoridade delegante. aparência de legalidade de que se reveste; cuida-se,
§ 3o As decisões adotadas por delegação devem aqui, de proteger a boa-fé do administrado. Se o
mencionar explicitamente esta qualidade e considerar- funcionário exerce a função em época normal, e é por
se-ão editadas pelo delegado. todos aceito como legítimo, os seus atos podem ser tidos
como válidos, quando praticados de boa-fé.
Art. 15. Será permitida, em caráter excepcional e por
motivos relevantes devidamente justificados, a avocação
temporária de competência atribuída a órgão 2. Objeto: também chamado de conteúdo, diz respeito
hierarquicamente inferior.” ao efeito jurídico IMEDIATO, pretendido pelo ato.
Exemplo: um decreto contendo a exoneração de
servidor, apresenta como objeto a exoneração, assim

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como uma portaria designando servidor a uma função de Vícios relativos à forma: o vício de forma consiste na
confiança, tem como objeto a designação. omissão ou na observância incompleta ou irregular de
formalidades indispensáveis à existência ou seriedade do
Assim, como no direito privado, o objeto deve ser lícito,
ato.
possível, certo (definido quanto ao destinatário, aos
efeitos, ao tempo e o lugar) e moral. O ato é ilegal por vicio de forma, quando a lei
expressamente a exige ou quando determinada
finalidade só possa ser alcançada por determinada
Vícios relativos ao objeto: ocorre quando o resultado do forma. Ex: o decreto é a forma que deve revestir o ato do
ato importa em violação de lei, regulamento ou outro ato Chefe do Poder Executivo; o edital é a única forma
normativo. Como já dito, o objeto deve ser lícito, possível possível para convocar interessados em participar de
(de fato e de direito), moral e determinado. Assim, concorrência.
haverá vício em relação ao objeto quando qualquer
desses requisitos deixar de ser observado, o que ocorrerá
quando for: 4. Finalidade: é o bem jurídico observado com o ato. É o
resultado previsto legalmente como o correspondente à
a) proibido por lei – ex: município que desaproprie bem
tipologia do ato, consistindo no alcance dos objetivos por
da União;
ele comportados. A finalidade distingue-se do motivo,
b) diverso do previsto na lei para o caso sobre o qual porque este antecede a prática do ato, correspondendo
incide. Ex: a autoridade aplica a pena de suspensão, aos fatos, às circunstâncias que levam a administração
quando cabível a de repreensão; pública a praticar o ato; aquela sucede à prática do ato,
c) impossível, porque os efeitos pretendidos são porque corresponde a algo que a administração quer
irrealizáveis, de fato ou de direito, por ex: a nomeação alcançar com a sua edição.
para um cargo inexistente; Diz-se que a finalidade do ato é o efeito jurídico
d) imoral: por exemplo, parecer emitido sob encomenda, MEDIATO que ele carrega, ou seja, o resultado final
apesar de contrário ao entendimento de quem o profere; pretendido pela Administração com a prática do ato.

e) incerto em relação aos destinatários, às coisas, ao


tempo, ao lugar. Ex: desapropriação de bem não definido Vícios relativos à finalidade: trata-se do desvio de poder
com precisão. ou desvio de finalidade. Verifica-se este vicio quando o
agente pratica ato visando um fim diverso daquele
previsto, explícita ou implicitamente na regra de
3. Forma: pode-se dizer que ela é mais importante no competência. Pode-se também dizer que o ocorre desvio
direito administrativo, já que a obediência à forma e ao de poder quando o agente pratica o ato com
procedimento constitui garantia jurídica para o inobservância do interesse público. Exemplo: a
administrado e para a própria administração pública. Por desapropriação feita para prejudicar determinada
meio do respeito à forma é que se possibilita o controle pessoa; a remoção do servidor como forma de retaliação
da administração pública. a uma determinada conduta, etc.
Encontram-se na doutrina duas concepções da
forma como elemento do ato:
5. Motivo: é o pressuposto de fato e de direito que
1. Uma concepção restrita que considera forma como a enseja a edição do ato administrativo. O pressuposto de
exteriorização do ato, ou seja, o modo pelo qual a fato é o conjunto de circunstâncias que levaram a
declaração se exterioriza; nesse sentido, fala-se que o ato administração pública a praticar o ato, e o de direito é o
pode ter a forma escrita ou verbal, de decreto, portaria, dispositivo legal em que se baseia o ato. Vale lembrar
resolução, etc. que uma vez consignados expressamente os motivos do
2. Uma concepção ampla, que inclui no conceito de ato, estes ficarão vinculados, atuando como elementos
forma, não só a exteriorização do ato, mas também todas vinculantes da administração. Sobre os motivos do ato é
as formalidades que devem ser observadas durante o importante observar:
processo de formação da vontade da administração, e
até os requisitos concernentes à publicidade do ato.
Nesse sentido, portanto, considera-se forma dentro da
idéia do procedimento do ato.

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Teoria dos Motivos Determinantes


Desenvolvida no Direito francês, a teoria dos Vícios quanto ao motivo: ocorre quando a matéria de
motivos determinantes baseia-se no princípio de que o fato ou de direito em que se fundamenta o ato é
motivo do ato administrativo deve sempre guardar materialmente inexistente ou juridicamente inadequada
compatibilidade com a situação de fato que gerou. A ao resultado obtido. Além disso, existe a hipótese de
manifestação da vontade. E não se afigura estranho que falsidade do motivo. Ex: se a Administração pune um
se chegue a essa conclusão: se o motivo se conceitua funcionário, mas este não praticou qualquer infração, o
como a própria situação de fato que impede a vontade motivo é inexistente; se ele praticou infração diversa, o
do administrador, a inexistência dessa situação provoca motivo é falso.
a invalidação do ato.
Acertada, pois, a lição segundo a qual “tais
Consequências decorrentes dos vícios:
motivos é que determinam e justificam a realização do
ato, e, por isso mesmo, deve haver perfeita No direito administrativo encontram-se diversas formas
correspondência entre eles e a realidade”. de classificar os atos ilegais:
A aplicação mais importante desse principio Os atos anuláveis são convalidáveis. Os atos nulos não
incide sobre os discricionários, exatamente aqueles em são convalidáveis e os aos inexistentes são aqueles
que se permite ao agente maior liberdade de aferição da praticados sem qualquer possibilidade de se tornarem
conduta. Mesmo que um ato administrativo seja atos administrativos, como no caso dos atos praticados
discricionário, não exigindo, portanto, expressa pelo usurpador da função pública.
motivação, esta, se existir, passar a vincular o agente aos
termos em que foi mencionada. Se o interessado
comprovar que inexiste a realidade fática mencionada no São vícios convalidáveis:
ato como determinante da vontade, estará ele  Forma - quando não for essencial à validade do
irremediavelmente inquinado de vício de legalidade. ato, ou seja, é possível consertar procedimentos
Veja-se um exemplo: se um servidor requer suas equivocados, por exemplo: um nome escrito com grafia
férias para determinado mês, pode o chefe de a errada num ofício.
repartição indeferi-las sem deixar expresso no ato o  Competência – desde que não seja exclusiva ou
motivo; se, todavia, indefere o pedido sob a alegação de em razão da matéria.
que há falta de pessoal na repartição, e o dizer: terá
havido incompatibilidade entre o motivo expresso no ato  Objeto – se for plúrimo, ou seja, mais de um.
e a realidade fática; esta não se coaduna com o motivo Exemplo: ato que permite a comercialização de bebidas
determinante. e comidas em uma praça pública, quando a lei proíbe a
venda de bebidas.
É importante lembrar-se do conceito de Motivação, para
distingui-la de motivo: é a exposição dos motivos, ou
melhor, é a demonstração escrita que os pressupostos de Atributos dos Atos administrativos
fato realmente existiram. A motivação é necessária seja
para os atos vinculados, seja para os discricionários, pois Os atos administrativos gozam dos seguintes atributos:
constitui garantia de legalidade.
ATENÇÃO: A competência, a forma e a finalidade são Presunção de legitimidade: em função do princípio da
requisitos sempre vinculados à lei. O objeto e o motivo legalidade que vincula a administração pública,
podem ser vinculados ou discricionários, conforme o presume-se que seus atos são editados conforme a lei e
grau de liberdade que a administração possui na verdadeiros. É uma presunção relativa (iuris tantum),
elaboração do ato. pois admite prova em contrário, mas transfere o ônus da
Assim, em um ato administrativo discricionário prova aquele que invoca a ilegalidade.
(onde há a chamada análise de mérito) a competência, a Enquanto não decretada a invalidade do ato, seja pela
forma e a finalidade continuarão sendo vinculadas à lei, própria Administração ou pelo Poder Judiciário, este ato
enquanto o motivo e o objeto serão discricionários. inválido produzirá seus efeitos normais, por conta da
Já em um ato administrativo vinculado, todos os presunção de legitimidade. Este atributo responde às
requisitos do ato (competência, forma, finalidade, objeto exigências de celeridade e segurança das atividades da
e motivo) são vinculados. Administração, que não poderiam, para dar-lhes

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execução, ficar na dependência da solução de fechamento de casas noturnas e a demolição de prédio
impugnações por parte dos administrados, quanto à que ameaça ruir.
legitimidade destes atos. Na verdade, se não existisse tal
Faz-se necessário esclarecer que os atos auto-
presunção, toda atividade administrativa poderia ser
executórios são os atos próprios do poder
questionável, obstaculizando o cumprimento dos fins
administrativo. Nos atos que lhes são impróprios, a
públicos, ao antepor o interesse individual ao interesse
Administração, dependente da intervenção de outro
público.
poder, como ocorre na cobrança de um contencioso de
multa, dependerá da intervenção judicial.
Imperatividade: é o atributo pelo qual o atos Embora a decisão executória dispense a
administrativos se impõem a terceiros, Administração de ir preliminarmente a juízo, o controle
independentemente de concordância, o que, mais uma judicial a posteriori, que pode ser provocado por pessoa
vez, o diferencia do ato do direito privado, visto que, este que se sentir lesada pelo ato administrativo, não está
não cria obrigações para terceiros sem a sua afastado. É possível, também, a suspensão de ato ainda
concordância. não executado, através de pleito do interessado, pela via
judicial ou administrativa.
Esse atributo não existe em todos os atos
administrativos, mas apenas naqueles que impõem Requisitos para a auto-executoriedade:
obrigações. A imperatividade inexiste quando se trata de
a) Previsão expressa na lei: A Administração pode
ato que confere direitos solicitados pelo administrado
executar sozinha os seus atos quando existir previsão na
(licença, autorização) ou de ato apenas enunciativo (
lei, mas não precisa estar mencionada a palavra auto-
certidão, atestado, parecer), por desnecessário à sua
executoriedade.
operatividade.
b) Previsão tácita ou implícita na lei: Administração pode
executar sozinha os seus atos quando ocorrer uma
Exigibilidade ou coercibilidade: situação de urgência em que haja violação do interesse
público e inexista um meio judicial idôneo capaz de a
Exigibilidade é o poder que os atos administrativos
tempo evitar a lesão.
possuem de serem exigidos quanto ao seu cumprimento,
sob ameaça de sanção. Vai além da imperatividade, pois A autorização para a auto-executoriedade implícita está
traz uma coerção para que se cumpra o ato na própria lei que conferiu competência à Administração
administrativo. para fazê-lo, pois a competência é um dever-poder e ao
outorgar o dever de executar a lei, outorgou o poder
A exigibilidade e a imperatividade podem nascer no
para fazê-lo, seja ele implícito ou explícito.
mesmo instante cronológico ou primeiro a obrigação e
depois a ameaça de sanção, assim a imperatividade é um Tipicidade: é o atributo pelo qual o ato administrativo
pressuposto lógico da exigibilidade. deve corresponder a figuras definidas previamente pela
lei como aptas a produzir determinados resultados. Duas
Auto-executoriedade:
conseqüências podem ser apontadas como decorrentes
A auto-executoriedade consiste na possibilidade que desse atributo: 1- representa uma garantia para o
certos atos administrativos podem postos em execução administrado, pois impede que a Administração pratique
pela própria Administração, sem necessidade de um ato, unilateral e coercitivo sem prévia previsão legal;
intervenção do Judiciário. 2- afasta a possibilidade de ser praticado ato totalmente
A auto-executoriedade não existe em todos os atos discricionário, pois a lei, ao prever o ato, já define os
administrativos, somente sendo possível quando limites em que a discricionariedade poderá ser exercida.
expressamente previsto em lei (de maneira tácita ou Classificação dos atos administrativos
expressa) ou quando se trata de medida urgente que,
Quanto aos seus destinatários:
caso não adotada de imediato, possa ocasionar prejuízo
maior para o interesse público.  Atos gerais ou regulamentadores - São os atos
administrativos expedidos sem destinatários
O poder que possuí a Administração de poder executar
determinados, com finalidade normativa, alcançando
direta e imediatamente seus atos imperativos,
todos os sujeitos que se encontrem na mesma situação
independente de mandado judicial, ocorre
de fato em relação aos seus preceitos. São os
especialmente quanto aos atos de polícia, podendo-se
regulamentos, instruções normativas, circulares, ordens
citar, como exemplo a apreensão de mercadorias, o
de serviços, etc.

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 Atos individuais ou especiais - São, ao contrário, administrativa, viciando-se a eficácia do ato praticado
todos aqueles que se dirigem a determinados que, assim, toma-se passível de anulação. Ex.:
destinatários (um ou mais sujeitos certos), criando-lhes aposentadoria compulsória do servidor e a licença para
uma situação jurídica particular. Ex.: Decretos de edificações.
desapropriação; atos de nomeação; de exoneração, etc.
Discricionários - São aqueles atos que a Administração
Quanto ao seu alcance: pode praticar escolhendo livremente o seu conteúdo, o
seu destinatário, a sua conveniência, a sua oportunidade
 Internos - São atos administrativos destinados a
e o modo da sua realização. A rigor, a discricionariedade
produzir efeitos no âmbito das repartições públicas,
não se manifesta no ato em si, mas no poder que
destinados ao pessoal interno, como portarias,
Administração tem de praticá-lo quando e nas condições
instruções ministeriais, etc., destinados aos seus
que repute mais convenientes ao interesse público. Não
servidores. Podem ser mesmo assim, gerais ou especiais,
se confunde com ato arbitrário. Discrição é liberdade de
normativos, ordenatórios, punitivos, etc., conforme
ação dentro dos limites legais; arbítrio é ação que excede
exigência do serviço.
à lei e por isto, contrária a ela. O ato discricionário,
 Externos ou de efeitos externos - São todos quando permitido pelo direito, é legal e válido; o ato
aqueles que alcançam os administrados, os contratantes arbitrário, porém, é sempre ilegítimo e inválido.
e, em certos casos, até mesmo os próprio servidores, Manifesta-se em função do poder da Administração em
provendo sobre seus direitos, obrigações, negócios ou praticá-lo nas condições que julgar conveniente: abrir
conduta perante a Administração. Tais atos só entram um concurso público escolhendo o número de vagas,
em vigor após sua publicação em órgão oficial (diário pavimentar uma estrada, etc.
oficial) dado seu interesse público.
É, portanto, nos atos discricionários que encontramos a
Quanto ao seu objeto: chamada análise de mérito administrativo Pode-se,
 De império ou atos de autoridade - São todos então, considerar mérito administrativo a avaliação da
aqueles atos que a Administração pratica usando de sua conveniência e da oportunidade relativas ao motivo e ao
supremacia sobre o administrado ou sobre o servidor, objeto, inspiradoras da prática do ato discricionário.
impondo-lhes atendimento obrigatório. É o que ocorre Registre-se que não pode o agente proceder a qualquer
nas desapropriações, nas interdições de atividade e nas avaliação quanto aos demais elementos do ato – a
ordens estatutárias. Podem ser gerais ou individuais, competência, a finalidade e a forma, estes vinculados em
internos ou externos, mas sempre unilaterais, qualquer hipótese. Mas lhe é lícito valorar os fatores que
expressando a vontade onipotente do Estado. integram o motivo e que constituem o objeto, com a
condição, é claro, de se preordenar o ato ao interesse
 Atos de gestão - São os que a Administração público.
pratica sem usar de sua supremacia sobre os
destinatários, tal como ocorre nos atos puramente de Quanto à natureza:
administração dos bens e serviços públicos e nos atos  Simples – neste caso o ato emana da vontade de
negociais com os particulares, como, por exemplo, as um só órgão (singular ou colegiado) ou agente
autorizações, licenças, permissões, etc. administrativo. Exemplo: nomeação para cargo em
 Atos de expediente - São os que se destinam a comissão, deliberação de um Conselho.
dar andamento aos processos e papéis que tramitam  Complexos – são aqueles cuja vontade final da
pelas repartições públicas, preparando-os para a decisão Administração exige a intervenção de agentes ou órgãos
de mérito a ser proferida pela autoridade competente. diversos, havendo certa autonomia ou conteúdo
São atos de rotina interna, sem caráter vinculante e sem próprio, em cada uma das manifestações. Exemplo: A
forma especial, praticados geralmente por servidores investidura do Ministro do STF se inicia pela escolha do
subalternos. Presidente da República; passa, após, pela aferição do
Quanto ao seu regramento: Senado Federal; e culmina com a nomeação.

Vinculados ou regrados - São aqueles para os quais a lei  Compostos - Que resulta da vontade única de
estabelece os requisitos e condições de sua realização, um órgão, mas depende da verificação por parte de
limitando a liberdade do administrador que fica adstrita outro, para se tornar exeqüível. Ex.: autorização que
aos pressupostos do ato legal para validade da atividade depende de visto de uma autoridade superior.
administrativa. Desviando-se dos requisitos das normas
legais ou regulamentares, fica comprometida a ação

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Quanto ao fim: Regimentos: são atos administrativos normativos de
atuação interna, dado que se destinam a reger o
 Declaratórios de direito - São os atos que
funcionamento de órgãos colegiados e de corporações
declaram a legalidade de uma situação já existente e de
legislativas; só se dirige aos que devem executar o
conseqüência irremovíveis diante do Direito.
serviço ou realizar a atividade funcional regimentada.
 Constitutivos de direito - São os atos que dão
Resoluções: são atos administrativos normativos
estabilidade jurídica a um fato até então de resultados
expedidos pelas altas autoridades do Executivo ou pelos
aleatórios.
presidentes de tribunais, órgãos legislativos e colegiados
administrativos, para administrar matéria de sua
Quanto exeqüibilidade: competência específica.

 Ato Perfeito: é aquele que está em condições de Deliberações: são atos administrativos normativos ou
produzir efeitos jurídicos, porque já completou todo o decisórios emanados de órgãos colegiados, quando
seu ciclo de formação. normativas são atos gerais, quando decisórios, atos
individuais; devem sempre obediência ao regulamento e
 Ato Imperfeito: é aquele não completou seu ciclo de ao regimento que houver para a organização e
formação, por isso não está pronto para produzir seus funcionamento do colegiado.
efeitos.
ATOS ORDINATÓRIOS: São atos que disciplinam a
 Ato Pendente: é um ato que já completou suas fases conduta interna da Administração e, portanto, são
de formação, entretanto não produz seus efeitos porque dirigidos aos servidores públicos. Decorrem da
está sob uma condição ou um termo. organização hierarquizada da Administração. Por
 Ato Consumado: é o ato que exauriu todos os seus espécie: Instruções, Circulares, avisos, portarias, ordens
efeitos de serviço, ofícios e despachos.
Instruções: são ordens escritas e gerais a respeito do
modo e forma de execução de determinado serviço
Espécies de Atos Administrativo: público, expedidas pelo superior hierárquico com o
ATOS NORMATIVOS: São atos que contém um comando escopo de orientar os subalternos no desempenho das
geral, impessoal e abstrato. São os atos normativos em atribuições que lhes estão afetas e assegurar a unidade
espécie: Decretos, Regulamentos, Instruções de ação no organismo administrativo.
normativas, Regimentos, Resoluções, Deliberações. Circulares: são ordens escritas, de caráter uniforme
Decretos: são atos administrativos da competência expedidas a determinados funcionários incumbidos de
exclusiva dos Chefes do executivo, destinados a prover certo serviço, ou de desempenho de certas atribuições
situações gerais ou individuais, abstratamente previstas em circunstâncias especiais.
de modo expresso, explícito ou implícito, pela legislação; Avisos: são atos emanados dos Ministros de Estado a
como ato administrativo está sempre em situação respeito de assuntos afetos aos seus ministérios.
inferior a lei, e por isso, não a pode contrariar; há duas
modalidades de decreto geral(normativo): o Portarias: são atos administrativos internos pelos quais
independente ou autônomo (dispõe sobre matéria não os chefes de órgão, repartições ou serviços expedem
regulada especificamente em lei) e o regulamentar ou de determinações gerais ou especiais a seus subordinados,
ou designam servidores para função e cargos
execução(visa a explicar a lei e facilitar sua execução).
secundários.
Regulamentos: são atos administrativos, postos em
vigência por decreto, para especificar os mandamentos Ordens de Serviço: são determinações especiais dirigidas
da lei ou prover situações ainda não disciplinadas por lei; aos responsáveis por obra ou serviços públicos
tem a missão de explicá-la (a lei) e de prover sobre autorizando seu início, ou contendo imposições de
minúcias não abrangidas pela norma geral; como ato caráter administrativo, ou especificações técnicas sobre
inferior à lei, não pode contrariá-la ou ir além do que ela o modo e forma de sua realização.
permite. Ofícios: são comunicações escritas que as autoridades
Instruções normativas: são atos administrativos fazem entre si, entre subalternos e superiores e entre
expedidos pelos Ministros de Estado para a execução das Administração e particulares.
leis, decretos e regulamentos (CF, art.87, p.único,II).

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DIREITO ADMINISTRATIVO

Despachos: Visto: é o ato pelo qual o Poder Público controla outro


ato da própria Administração ou do administrado,
a) Administrativos são decisões que as autoridades
aferindo sua legitimidade formal pra dar-lhe
executivas proferem em papéis, requerimentos e
exeqüibilidade.
processos sujeitos à sua apreciação.
Homologação: é ato de controle pelo qual a autoridade
b) Normativo é aquele que, embora proferido
superior examina a legalidade de ato anterior da própria
individualmente, a autoridade competente determina
Administração, de outra entidade, ou de particular, para
que se aplique aos casos idênticos, passando a vigorar
dar-lhe eficácia.
como norma interna da Administração para situações
análogas subseqüentes. Dispensa: é o ato que exime o particular do
cumprimento de determinada obrigação até então
exigida por lei. Ex: a prestação do serviço militar.
ATOS NEGOCIAIS: São atos que exprimem a vontade da
Renúncia: é o ato pelo qual o Poder Público extingue
Administração Pública coincidente com a vontade do
unilateralmente um crédito ou um direito próprio,
particular. Em espécie: Licença, autorização, permissão,
liberando definitivamente a pessoa obrigada perante a
aprovação, admissão, visto, homologação, dispensa,
Administração.
renúncia e protocolo administrativo.
Protocolo Administrativo: é o ato pelo qual o Poder
Licença: é o ato administrativo vinculado e definitivo
Público acerta com o particular a realização de
pelo qual o Poder Público, verificando que o interessado
determinado empreendimento ou atividade ou a
atendeu todas as exigências legais, faculta-lhe o
abstenção de certa conduta, no interesse recíproco da
desempenho de atividades ou a realização de fatos
Administração e do administrado signatário do
materiais antes vedados ao particular. Ex: o exercício de
instrumento protocolar.
uma profissão, a construção de um edifício em terreno
próprio.
Autorização: é o ato administrativo discricionário e ATOS ENUNCIATIVOS: São aqueles que, mesmo não
precário pelo qual o Poder Público torna possível ao contendo norma de atuação ou ordem de serviço ou
pretendente a realização de certa atividade, serviço ou qualquer relação negocial entre o Poder Público e o
utilização de determinados bens particulares ou particular, enunciam uma situação existente, sem
públicos, de seu exclusivo ou predominante interesse, qualquer manifestação de vontade da Administração.
que a lei condiciona à aquiescência prévia da São todos aqueles em que a Administração se limita a
Administração, tais como o uso especial de bem público, certificar ou a atestar um fato, ou emitir uma opinião
o porte de arma, etc. sobre determinado assunto, sem se vincular ao seu
enunciado. Entre os atos mais comuns desta espécie
Permissão: é ato administrativo negocial, discricionário e
destacam-se: certidões, atestados, pareceres e
precário, pelo qual o Poder Público faculta ao particular
averbações.
a execução de serviços de interesse coletivo, ou o uso
especial de bens públicos, a título gratuito ou Certidões (Administrativas): são cópias ou fotocópias
renumerado, nas condições estabelecidas pela fiéis e autenticadas de atos ou fatos constantes no
Administração. processo, livro ou documento que se encontre nas
repartições públicas; o fornecimento de certidões é
Aprovação: é o ato administrativo pelo qual o Poder
obrigação constitucional de toda repartição pública,
Público verifica a legalidade e o mérito de outro ato ou
desde que requerida pelo interessado; devem ser
de situações e realizações materiais de seus próprios
expedidas no prazo improrrogável de 15 dias, contados
órgãos, de outras entidades ou de particulares,
do registro do pedido. (Lei 9051/95)
dependentes de seu controle, e consente na sua
execução ou manutenção. Atestados: são atos pelos quais a Administração
comprova um fato ou uma situação de que tenha
Admissão: é o ato administrativo vinculado pelo qual o
conhecimento por seus órgãos competentes.
Poder Público, verificando a satisfação de todos os
requisitos legais pelo particular, defere-lhe determinada Pareceres: são manifestações de órgão técnicos sobre
situação jurídica de seu exclusivo ou predominante assuntos submetidos à sua consideração; tem caráter
interesse, como ocorre no ingresso aos estabelecimentos meramente opinativo;
de ensino mediante concurso de habilitação.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
- LEI 5.810/94
Normativo: é aquele que, ao ser aprovado pela praticado o ato desaparece seu objeto, ocorre a extinção
autoridade competente, é convertido em norma de objetiva. Exemplo: a interdição de um estabelecimento
procedimento interno; que vem a desaparecer ou que permanentemente foi
desativado, o objeto se extingue e, com ele, o próprio
Técnico: é o que provém de órgão ou agente
ato.
especializado na matéria, não podendo ser contrariado
por leigo ou por superior hierárquico. 4. Caducidade – Ocorre quando a retirada do ato funda-
se no advento de nova legislação que impede a
Apostilas: são atos enunciativos ou declaratórios de uma
permanência da situação anteriormente consentida.
situação anterior criada por lei.
Exemplo: uma permissão para uso de um bem público;
se, supervenientemente, é editada lei que proíbe tal uso
ATOS PUNITIVOS: São aqueles que contêm uma privativo por particulares, o ato anterior, de natureza
penalidade a ser imposta ao particular ou ao agente precária, sofre caducidade, extinguindo-se.
público. São os mais comuns: multa, interdição de Desfazimento volitivo – Anulação, Revogação e
atividades, destruição de coisas e atos de atuação interna Cassação do ato administrativo:
(disciplina dos servidores).
Multa: é toda imposição pecuniária a que sujeita o
1. Anulação - Anulação é a declaração de invalidade de
administrado a título de compensação do dano
um ato administrativo ilegítimo ou ilegal, feita pela
presumido da infração; é de natureza objetiva e se torna
própria Administração ou pelo Poder Judiciário. Na
devida independentemente da ocorrência de culpa ou
anulação o Poder Público, reconhecendo que faz baixar
dolo do infrator.
ato ilegal, contrário à ordem jurídica ou a texto expresso
Interdição de Atividade: é o ato pelo qual a da lei, suprime-o, fazendo cessar seus efeitos. Em suma,
Administração veda a alguém a prática de atos sujeitos reconhecendo que praticou um ato contrário ao Direito
ao seu controle ou que incidam sobre seus bens; deve ser vigente, cabe à Administração anulá-lo imediatamente,
precedida de processo regular e do respectivo auto, que para restabelecer a legalidade administrativa. É
possibilite defesa do interessado. importante salientar que o conceito de ilegalidade ou
Destruição de coisas: é o ato sumário da Administração ilegitimidade, para fins de anulação de ato
pelo qual se inutilizam alimentos, substâncias, objetos ou administrativo, não se restringe somente à violação
instrumentos imprestáveis ou nocivos ao consumo ou de frontal da lei, mas abrange, igualmente, o abuso, por
uso proibido por lei. excesso ou desvio de poder, ou por relegação dos
princípios gerais de direito, eis que aí padece de vício de
ilegitimidade, tomando-se inválido pela própria
Extinção dos atos administrativos: Administração, ou mesmo pelo Judiciário, via anulação.
Os efeitos da anulação dos atos administrativos
A extinção do ato administrativo deveria ser retroagem às suas origens, são ex tunc, invalidando as
aquela que resultasse do cumprimento de seus efeitos. consequências passadas, presente e futuras do ato
Entretanto, não se pode deixar de reconhecer que há anulado. É importante salientar que tanto os atos
outras formas anômalas pelas quais ocorre a extinção: discricionários quanto os vinculados, por padecerem de
1. Extinção Natural – Aquela que decorre do vícios de ilegalidade, são passíveis de anulação.
cumprimento normal dos efeitos do ato. Se nenhum 2. Revogação - Revogação é a supressão de um ato
outro efeito vai resultar do ato, este se extingue administrativo perfeito, legítimo e eficaz, realizada pela
naturalmente. Ex: a destruição de mercadoria nociva ao Administração e somente por ela (jamais o Poder
consumo público; outro exemplo: uma autorização por Judiciário em sua função judicante) por não mais lhe
prazo certo para exercício de atividade. convir. Toda revogação pressupõe, portanto, um ato
2. Extinção Subjetiva – Ocorre com o desaparecimento legal e perfeito, mas inconveniente ao interesse público.
do sujeito que se beneficiou do ato. É o caso de uma Revogação é a manifestação unilateral da vontade da
permissão; sendo o ato de regra intransferível, a morte administração que tem por escopo desfazer, total ou
do permissionário extingue o ato por falta do elemento parcialmente, os efeitos de outro ato administrativo
subjetivo. anterior praticado pelo mesmo agente ou seu inferior
hierárquico por motivo de conveniência ou de
3. Extinção Objetiva – O objeto dos atos é um dos seus
oportunidade. Lembre-se que somente pode ser
elementos essenciais. Desse modo, se depois de
revogado ato existente, portanto, legal e perfeito.

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Revogado será o ato que a Administração, somente a 5. Renúncia: Renúncia é a retirada do ato administrativo
administração, julgar não mais ser conveniente ao eficaz por seu beneficiário não mais desejar a
interesse público. A revogação funda-se no poder continuidade dos seus efeitos. A renúncia só se destina
discricionário que tem a administração para rever sua aos atos ampliativos (atos que trazem privilégios). Ex:
atividade interna e encaminhá-la adequadamente à Alguém que tem uma permissão de uso de bem público
realização de seus fins específicos. A revogação opera não a quer mais.
seus efeito ex nunc (da data em diante), vez que o ato é
6. Recusa: Recusa é a retirada do ato administrativo
válido até a data da revogação, tanto para a
ineficaz em decorrência do seu futuro beneficiário não
administração pública, como em relação a terceiros que
desejar a produção de seus efeitos. O ato ainda não está
com ela se relacionem. Somente atos discricionários, por
gerando efeitos, pois depende da concordância do seu
conterem análise de mérito, podem ser revogados.
beneficiário, mas este o recusa antes que possa gerar
efeitos.
ANULAÇÃO REVOGAÇÃO
Competência Poder Judiciário e Administração Sanatória do ato (convalidação):
Administração Pública Existem situações, entretanto, que a invalidação de um
Pública ato administrativo, sem a consideração dos direitos
Motivo Ilegalidade Conveniência e surgidos para os administrados em virtude de sua edição,
Oportunidade pode causar sérios prejuízos materiais para a
administração e para os administrados, violando
Objeto Ato Ilegal Ato Legal gravemente o princípio da segurança jurídica.
Efeitos Retroativos (ex Não-retroativos Assim, para os atos praticados com vícios
tunc) (ex nunc) sanáveis a Lei n.º 9.784/99 previu a chamada
Prazo Para a Adm. Não há prazo convalidação, ou sanatória do ato, a saber:
Pública o prazo é “Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não
de 5 anos acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a
Forma Processo Processo terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
administrativo ou administrativo poderão ser convalidados pela própria Administração.”
judicial José dos Santos Carvalho Filho explica em sua
Direitos Inexistem Prevalecem doutrina que existem atualmente 03 (três) formas
adquiridos cabíveis de convalidação.
A primeira forma de convalidação é Ratificação, ou seja,
o ato administrativo pelo qual o órgão competente
3. Cassação – forma extintiva que se aplica quando o decide sanar um ato inválido anteriormente praticado,
beneficiário de determinado ato descumpre condições suprindo a ilegalidade que o vicia. A autoridade que deve
que permitem a manutenção do ato e de seus efeitos. É ratificar pode ser a mesma que praticou o ato anterior
ato vinculado, visto que o agente só pode cassar o ato ou um superior hierárquico, mas o importante é que a lei
nas hipóteses previamente previstas em lei ou outra lhe haja conferido essa competência específica.
norma similar, além de se caracterizar como ato punitivo,
que pune aquele que deixou de cumprir as condições A segunda forma é a reforma, que admite que novo ato
para a subsistência do ato. Exemplo: a cassação de suprima a parte inválida de ato anterior, mantendo sua
licença para exercer certa profissão; ocorrido um dos parte válida.
fatos que a lei considera gerador da cassação, pode ser Por fim, o citado autor traz a conversão, onde por meio
editado o respectivo ato. dela a Administração, depois de retirar a parte inválida
4. Contraposição ou derrubada : Um ato deixa de ser do ato anterior, processa a sua substituição por uma
válido em virtude da emissão de um outro ato que gerou nova parte, de modo que o novo ato passe a conter a
efeitos opostos ao seu. São atos que possuem efeitos parte válida anterior e uma nova parte, nascida esta com
contrapostos e que, por isso, não podem existir ao o ato de aproveitamento.
mesmo tempo. Ex.: exoneração de um funcionário, que
aniquila os efeitos do ato de nomeação.

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É bem verdade que em estrita obediência ao principio da auxiliares imediatos dos Chefes do Executivo, isto é,
legalidade, nem todos os vícios admitem convalidação. Ministros de Estado e Secretários das diversas pastas,
Para José dos Santos Carvalho Filho (2005, p.155): bem como os Senadores, Deputados federais e estaduais
e os Senadores.
“São convalidáveis os atos que tenham vício de
competência e de forma, nesta incluindo-se os aspectos
formais dos procedimentos administrativos. Também é
SERVIDORES PÚBLICOS
possível convalidar atos com vício no objeto, ou
conteúdo, mas apenas quando se tratar de conteúdo Os servidores públicos são pessoas físicas que
plúrimo, ou seja, quando a vontade administrativa se prestam serviços à administração direita ou indireta,
preordenar a mais de uma providencia administrativa com vínculo empregatício (CLT), estatutário ou
no mesmo ato, aqui será viável suprimir ou alterar temporário. São remunerados pelas atividades
alguma providência e aproveitar o ato quanto às demais executadas e mantém um verdadeiro vínculo
providências, não atingidas por qualquer vício.” profissional com os órgãos ou entidades públicas.
Salientamos ainda que o poder de convalidação sofre Os servidores públicos podem ser classificados
duas importantes limitações, estando desta forma ligado de diversas formas diferentes a saber:
ao princípio da legalidade. Nesse sentido, são barreiras a
convalidação: “A impugnação do interessado,
expressamente ou por resistência quanto ao I. Servidores Públicos em sentido amplo:
cumprimento dos efeitos e o decurso do tempo, com a a) Servidores estatutários – estão sujeitos ao regime
ocorrência da preclusão administrativa. estatutário e ocupam cargos públicos. Regidos pelos
Não há, aplicando-se o instituto da convalidação no regimes jurídicos únicos de cada ente federativo,
Direito Administrativo, qualquer ofensa à integridade do conforme determinação do Art. 39 da Constituição
principio da legalidade, visto que existem condições Federal.
expressas no texto da lei, para que se afigure tal b) Empregado público – é o contratado sob o regime
possibilidade. celetista (CLT) e regido, também pela legislação
Os efeitos da convalidação são retroativos ( ex tunc ) ao trabalhista extravagante, ocupa emprego público e
tempo de sua execução. desempenha suas atividades, nas Empresas estatais e
nas Fundações públicas de Direito Privado. Ressalte-se
que, por força da EC 19/98, encontramos alguns
AGENTES PÚBLICOS celetistas na Administração Direta, autárquica e
fundacional (espécie de contratação suspensa pela
Conceito: agente público é toda pessoa natural (física)
liminar na ADI 2135/STF – sem efeitos retroativos). O
que presta serviços ao Estado e às pessoas jurídicas da
empregado público, embora regido pelo regime privado,
administração indireta.
submete-se a derrogações do direito público, dado o fato
Espécies e classificação: São quatro os tipos de agentes de que se submete a concurso, pode afastar-se para
públicos: mandato eletivo, tem limitações para acumulação de seu
emprego público com outros ou até com cargos e
a) agentes políticos;
funções públicas, dentre outras hipóteses.
b) servidores públicos;
c) Servidor temporário – é aquele que exerce função, em
c) particulares colaborando com o Poder Público; e caráter excepcional, por tempo determinado, sem
d) Militares vínculo a cargos ou emprego público. A natureza de seu
vínculo jurídico com a administração é especial, regulado
pela Lei n.º 8.745/93, a qual estende alguns dispositivos
AGENTES POLÍTICOS constantes na Lei 8.112/90, que regulamenta o regime
jurídico dos servidores públicos federais (ex: ajuda de
São os titulares de cargos estruturais à custo, passagens e diárias, décimo terceiro salário,
organização política do país, ou seja, são os ocupantes adicionais de periculosidade, insalubridade e
dos cargos que compõe a estrutura constitucional do penosidade, horas extras, adicional noturno, férias,
Estado, o esquema fundamental do Poder. Daí que se gratificação por encargo de curso ou concurso, casos de
constituem nos formadores de vontade superior do ausência do serviços permitidas, deveres dos servidores,
Estado. São agentes políticos o Presidente da República,
os Governadores, Prefeitos e respectivos vices, os

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proibições, acúmulo de cargos e responsabilização civil PARTICULARES COLABORANDO COM O PODER


penal e administrativa. PÚBLICO
II. Servidores em sentido estrito – para Hely Lopes Os particulares colaborando com o Poder
Meireles, são "os titulares de cargos público efetivo e em Público são as pessoas físicas que prestam serviços ao
comissão, com regime jurídico estatutário geral ou Estado, sem vínculo empregatício, com ou sem
particular e integrantes da Administração direta, das remuneração. Podem colaborar por:
Autarquias e das fundações públicas com personalidade
a) delegação do Poder Público – empregados de
de Direito Público", ou seja, para este autor, servidores
empresas concessionárias ou permissionárias dos
são somente os estatutários.
serviços públicos, serviços notariais e de registro,
III. Servidores comuns e especiais. leiloeiros, tradutores e intérpretes públicos, sob
fiscalização do Poder Público e remunerados por
Esta classificação leva em consideração a
particulares.
natureza das funções exercidas e o regime jurídico que
disciplina a relação entre o servidor e o Poder Público. b) requisição, nomeação ou designação – para o
exercício de funções públicas relevantes como jurados,
Os servidores comuns são aqueles a quem
prestação de serviço eleitoral, etc. Não cabe
incumbe o exercício das funções administrativas em
remuneração.
geral e o desempenho das atividades de apoio aos
objetivos básicos do Estado. Podem ser estatutários ou c) gestores de negócios – assumem determinada função
celetistas. Os estatutários podem ser de regime geral pública em momento de emergência, como, por
(RJU) ou de regime especial (quando regidos por leis exemplo, em epidemias, enchentes, etc.
específicas, como professores e policiais, por exemplo).
Já os servidores especiais são aqueles que
AGENTES MILITARES
executam certas funções de especial relevância no
contexto geral das funções do Estado, sendo sujeitos a Os militares abrangem as pessoas físicas que prestam
regime jurídico funcional diferenciado, sempre serviços às forças armadas – Marinha, Exército e
estatutário e instituído por normas específicas. Nessa Aeronáutica e às polícias militares e corpos de
categoria aparecem os magistrados, os membros do bombeiros militares dos Estados, Distrito Federal e
Ministério Público, os Defensores Públicos, os membros Territórios. Possuem um vínculo estatutário sujeito a
dos Tribunais de Contas e os Membros da Advocacia regime próprio (diverso do regime dos servidores civis),
Pública (Procuradores da União e dos Estados- mediante remuneração paga pelos cofres públicos. Esse
Membros). regime próprio estabelece regras sobre ingresso, limites
de idade, estabilidade, transferência para inatividade,
direitos e deveres, remuneração e prerrogativas ( Art.
IV. Servidores Civis e Militares. 142, §3º, X da CF/88).
Ressalte-se essa classificação apontada por Os militares organizam-se com base nos
Carvalho Filho, Odete Medauar e Lúcia Valle Figueiredo princípios de disciplina e hierarquia e recebem suas
que, a despeito da alteração trazida pela EC patentes do Presidente da República (âmbito federal) e
18/98*admitem que os militares continuam sendo dos Governadores (âmbito estadual, distrital e nos
servidores lato sensu, isto porque embora diversos os territórios). É importante destacar que aos militares
estatutos jurídicos, são vinculados por relação de estão constitucionalmente proibidas a greve, a
trabalho subordinado às pessoas federativas e percebem sindicalização, o acúmulo de cargos, a filiação político-
remuneração como contraprestação pela atividade que partidária. (Art. 142, II, IV e V da Constituição Federal).
desempenham. Em sentido contrário: DI Pietro e
Até a Emenda Constitucional 18/98 os militares
Diógenes Gasparini.
eram considerados servidores públicos, conforme a
* A referido emenda substituiu a expressão “servidores antiga redação do Art. 42 da CF que denominava uma
públicos civis” por “servidores públicos” e eliminou a seção de “servidores públicos militares”. A partir dessa
expressão “servidores públicos militares” substituindo-a emenda, ficaram excluídos da categoria, só lhes sendo
por “Militares dos Estados, Distrito Federal e Territórios”. aplicáveis as normas referentes aos servidores públicos
Some-se a isso a inclusão dos militares federais no quando houver expressa previsão nesse sentido, como o
Capítulo das Forças Armadas (Título V, Capítulo II, arts. que dispõe o Art. 142, §3º, VIII, que determina a
142 e 143, CF).

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aplicação dos seguintes direitos previstos no Art. 7º da notar na Ementa, de forma resumida, que tal cargo tem
Constituição Federal: natureza administrativa:
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração “II – O cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas do
integral ou no valor da aposentadoria; Estado do Paraná reveste-se, à primeira vista, de
natureza administrativa, uma vez que exerce a função de
XII - salário-família pago em razão do dependente do
auxiliar do Legislativo no controle da Administração
trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
Pública.” Porém, para uma explicação mais detalhada e
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo eficaz é necessário adentrarmos nos pormenores da
menos, um terço a mais do que o salário normal; decisão unânime do tribunal.
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do “No julgamento do RE 579.951/RN, acima citado, o
salário, com a duração de cento e vinte dias; Plenário desta Casa enfrestou situação semelhante à
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; deste caso. Fazendo distinção entre cargo estritamente
administrativo e cargo político, declarou nulo o ato de
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes desde nomeação de um motorista, mas considerou hígida a
o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em creches e nomeação aquele que ocupava o cargo de Secretário
pré-escolas; Municipal de Saúde, não apenas por se um agente
Também no mesmo inciso, a Constituição político, como também por não ter ficado evidenciada a
determina que são aplicáveis a esses agentes algumas prática do nepotismo cruzado, nem a hipótese de fraude
normas dos servidores civis: teto salarial, proibição à à lei. Acompanhei, nesse aspecto, o entendimento da
vinculação de espécies remuneratórias, proibição de maioria.
acúmulo em cascata de vantagens pecuniárias e “Com efeito, a doutrina, de um modo geral, repele o
irredutibilidade de vencimentos e subsídios. enquadramento dos Conselheiros dos Tribunais de
Contas na categoria de agente políticos, os quais, como
regra estão fora do alcance da Súmula Vinculante nº 13,
Outra classificação salvo nas exceções acima assinalada, quais sejam, as
Segundo Hely Lopes Meireles, os agentes hipóteses de nepotismo cruzado ou de fraude a lei.
públicos classificam-se em: • Agentes Administrativos: são os vinculados ao Estado
• Agentes Políticos: são os que compõem o Governo, ou as entidades autárquicas, por relações profissionais,
com cargos, funções, mandatos ou comissões, por sujeito a regime jurídico e hierarquia funcional. Em geral
nomeações, designação, eleição ou delegação para são nomeados, contratados ou credenciados, investidos
exercer determinada função. Possuem liberdade a titulo de emprego com recebimento de rendimentos.
funcional no desempenho de suas atribuições, possuem Nesta categoria se encontram os servidores públicos
prerrogativas e responsabilidades disciplinadas pela (estatutários), os empregados públicos (celetistas) e os
Constituição Federal ou leis especiais. Nesta categoria temporários.
encontram-se : Chefes de Executivo (Presidente, • Agentes Honoríficos: são pessoas físicas, nomeadas ou
Governadores e Prefeitos) e seus auxiliares imediatos convocadas para prestar serviço certo ao Estado,
(Ministros e Secretários de Estado e Município); escolhidos por sua condição cívica ou capacidade
Membros das Casas Legislativas (Senadores, Deputados, profissional. Não possuem vínculo estatutário ou
e Vereadores); Membros do Poder Judiciário; Membros empregatício, em geral não recebem remuneração, vez
do Ministério Público; Membros dos Tribunais de Contas que configuram o chamado múnus público. Nesta
(Ministros do TCU e Conselheiros do TCE). categoria se encontram : Jurados do tribunal do júri;
mesário eleitoral e Membro de comissão de estudo ou
de julgamento.
OBSERVAÇÃO: Em que pese a classificação do
• Agentes Delegados: são configurados pelo
doutrinador, formou-se posição no STF a respeito do não
recebimento de incumbência para determinada
enquadramento dos membros de Tribunais de Contras
atividade pelo particular, a fim de realizar obra ou
enquanto Agentes políticos. O Ministro Ricardo
serviço público em nome próprio, assumindo a
Leawandowski, reiterou a relevância da distinção entre
responsabilidade do ato, sob atenta fiscalização de quem
cargo estritamente administrativo e cargo político no
delegou a ele tal tarefa. Representam uma categoria a
julgamento da Rcl 6.702-MC-Agr/PR, em relação ao cargo
parte de colaboradores do serviço público. Nesta
de Conselheiro do Tribunal de Contas, como se pode
categoria se encontram: os concessionários e os

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DIREITO ADMINISTRATIVO

permissionários de obras e serviços públicos; os Note-se, porém, que o agente de fato jamais
serventuários de ofícios ou cartórios não estatizados; os poderá usurpar a competência funcional dos agentes
leiloeiros e os tradutores e intérpretes públicos. públicos em geral, já que este tipo de usurpação da
função pública constitui crime previsto no Art. 328 do
• Agentes Credenciados: são aqueles que recebem tarefa
Código Penal.
determinada da Administração, assumem a
representação dessa atividade no lugar Poder Público a Direitos, deveres e responsabilidades dos servidores
remuneração é prerrogativa dessa categoria de agentes. civis.
Exemplo: um cientista brasileiro representante do país
Direito de greve e de livre associação sindical
em convenção internacional.
Segundo a CF é garantido ao servidor público civil
o direito à livre associação sindical. Já o direito de greve
Agentes de fato será exercido nos termos e nos limites definidos em lei
específica. Ocorre que o Poder Legislativo não editou a
A doutrina refere-se a um grupo de agentes que,
referida lei, o que levou a formação de posicionamento
mesmo sem ter uma investidura normal e regular,
jurisprudencial do STF determinando a aplicação da Lei
executam uma função pública em nome do Estado. São
geral de Greve aos servidores públicos (Lei 7.701/88), no
os denominados agentes de fato, nomenclatura
julgamento dos MIs 670, 708 e 712.
empregada para distingui-los dos agentes de direito. O
ponto marcante dos agentes de fato é que o Mas, no que diz respeito ao exercício do direito
desempenho da função pública deriva de situação de greve por policiais em geral, o Plenário decidiu que
excepcional, sem prévio enquadramento legal, mas eles se equiparam aos militares e, portanto, são
suscetível de ocorrência no âmbito de Administração, proibidos de fazer greve, “em razão de constituírem
dada a grande variedade de casos que se originam da expressão da soberania nacional, revelando-se braços
dinâmica social. armados da nação, garantidores da segurança dos
cidadãos, da paz e da tranquilidade públicas”, explicou o
Podem ser agrupados em duas categorias: os
ministro Gilmar Mendes.
agentes necessários e os putativos. Os necessários são
aqueles que praticam atos e executam atividades em “Assim, na linha desse entendimento, o direito
situações excepcionais, como, por exemplo, as de constitucional de greve atribuído aos servidores públicos
emergência, em colaboração com o Poder Público e em geral não ampara indiscriminadamente todas as
como se fossem agentes de direito. Agentes putativos categorias e carreiras, mas antes excepciona casos como
são os que desempenham uma atividade pública na o de agentes armados e policiais cujas atividades não
presunção de que há legitimidade, embora não tenha podem ser paralisadas, ainda que parcialmente, sem
havido investidura dentro do procedimento legalmente graves prejuízos para a segurança e a tranquilidade
exigido. É o caso, por exemplo, do servidor que pratica pública. No caso, não há direito subjetivo constitucional
inúmeros atos de administração, tendo sido investido que ampare a pretensão dos impetrantes”, afirmou o
sem aprovação em concurso público. ministro Gilmar Mendes ao negar seguimento ao MI 774.
Ressalte-se que os efeitos dos atos produzidos
por esses agentes. Em relação ao agente necessário, a
Acúmulo de cargos
regra é que seus atos sejam confirmados pelo Poder
Público, entendendo-se que a excepcionalidade da Estabelece o Art. 37 da Constituição Federal:
situação e o interesse público a que se dirigiu o agente “XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos
têm idoneidade para suprir os requisitos de direito. Em públicos, exceto, quando houver compatibilidade de
relação aos agentes putativos, podem ser questionados horários, observado em qualquer caso o disposto no
alguns atos praticados internamente na Administração, inciso XI.
mas externamente devem ser convalidados, para evitar-
se que terceiros de boa-fé sem prejudicados pela falta de a) a de dois cargos de professor;
investidura legítima. Fala-se aqui da teoria da aparência, b) a de um cargo de professor com outro técnico ou
significando que para o terceiro há uma fundada científico;
suposição de que o agente é de direito. Acresça-se a isso
que se o agente exerceu as funções dentro da c) a de dois cargos ou empregos privativos de
Administração, tem ele o direito a percepção da profissionais de saúde, com profissões regulamentadas;
remuneração, mesmo se ilegítima a investidura, não
estando obrigado a devolver os respectivos valores.

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- LEI 5.810/94
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e ou unidade administrativa objeto da redução de
funções e abrange autarquias, fundações, empresas pessoal.
públicas, sociedades de economia mista, suas
§ 5º O servidor que perder o cargo na forma do parágrafo
subsidiárias, e sociedades controladas, direta ou
anterior fará jus a indenização correspondente a um mês
indiretamente, pelo poder público; ”
de remuneração por ano de serviço.
§ 6º O cargo objeto da redução prevista nos parágrafos
Estabilidade e vitaliciedade anteriores será considerado extinto, vedada a criação de
cargo, emprego ou função com atribuições iguais ou
A estabilidade é a garantia adquirida após três
assemelhadas pelo prazo de quatro anos.
anos de efetivo exercício pelos servidores nomeados
para cargo de provimento efetivo em virtude de Também sobre o servidor estável, observe:
concurso público. Como condição para a aquisição da
Invalidada por sentença judicial a demissão do servidor
estabilidade, é obrigatória a avaliação especial de
estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupante da
desempenho por comissão instituída para essa
vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, sem
finalidade. Este é o chamado estágio probatório,
direito a indenização, aproveitado em outro cargo ou
regulamentado pelos Regimes Jurídicos Únicos.
posto em disponibilidade com remuneração
Tendo o servidor adquirido estabilidade, ele perderá o proporcional ao tempo de serviço.
cargo somente nas hipóteses descritas pelo Art. 41 da
Extinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, o
Constituição Federal:
servidor estável ficará em disponibilidade, com
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; remuneração proporcional ao tempo de serviço, até seu
adequado aproveitamento em outro cargo.
II - mediante processo administrativo em que lhe seja
assegurada ampla defesa; Segundo orientação do TST não têm estabilidade os
empregados públicos de empresas públicas e sociedades
III - mediante procedimento de avaliação periódica de
de economia mista. Assim também a CF excluiu esse
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada
direito aos ocupantes de cargos de confiança. No
ampla defesa.
entanto, observe o que diz a Súmula 390 do TST:
Observe que o Art. 169 da Constituição Federal prevê
“Súmula Nº 390 ESTABILIDADE. ART. 41 DA CF/1988.
mais uma forma de perda do cargo para os servidores,
CELETISTA. ADMINISTRAÇÃO DIRETA, AUTÁRQUICA OU
mesmo estáveis:
FUNDACIONAL. APLICABILIDADE. EMPREGADO DE
“Art. 169. A despesa com pessoal ativo e inativo da EMPRESA PÚBLICA E SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA.
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios INAPLICÁVEL (conversão das Orientações
não poderá exceder os limites estabelecidos em lei Jurisprudenciais nºs 229 e 265 da SBDI-1 e da Orientação
complementar. (50% da despesa líquida para a União e Jurisprudencial nº 22 da SB-DI-2) - Res. 129/2005, DJ 20,
60% para o restante dos entes federativos – comentário 22 e 25.04.2005
nosso).
I - O servidor público celetista da administração direta,
§ 3º Para o cumprimento dos limites estabelecidos com autárquica ou fundacional é beneficiário da estabilidade
base neste artigo, durante o prazo fixado na lei prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJs nºs 265 da SBDI-1
complementar referida no caput, a União, os Estados, o - inserida em 27.09.2002 - e 22 da SBDI-2 - inserida em
Distrito Federal e os Municípios adotarão as seguintes 20.09.00)
providências:
II - Ao empregado de empresa pública ou de sociedade de
I - redução em pelo menos vinte por cento das despesas economia mista, ainda que admitido mediante aprovação
com cargos em comissão e funções de confiança; em concurso público, não é garantida a estabilidade
II - exoneração dos servidores não estáveis. prevista no art. 41 da CF/1988. (ex-OJ nº 229 da SBDI-1 -
inserida em 20.06.2001) (Grifo nosso)
§ 4º Se as medidas adotadas com base no parágrafo
anterior não forem suficientes para assegurar o Ainda sobre o assunto, observa-se a Orientação
cumprimento da determinação da lei complementar Jurisprudencial n.º247 do TST, admitindo a possibilidade
referida neste artigo, o servidor estável poderá perder o de DEMISSÃO IMOTIVADA de empregado público de
cargo, desde que ato normativo motivado de cada um empresa estatal:
dos Poderes especifique a atividade funcional, o órgão

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SERVIDOR PÚBLICO. CELETISTA CONCURSADO.


DESPEDIDA IMOTIVADA. EMPRESA PÚBLICA OU
Da Estabilidade decorrem os direitos à disponibilidade,
SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA. POSSIBILIDADE.
reintegração e aproveitamento.
Inserida em 20.06.2001 (Alterada – Res. nº 143/2007 - DJ
13.11.2007)
I - A despedida de empregados de empresa pública e de Vitaliciedade
sociedade de economia mista, mesmo admitidos por
concurso público, independe de ato motivado para sua
validade; A vitaliciedade é um direito apenas dos membros da
Magistratura, do Ministério Público e dos Tribunais de
II - A validade do ato de despedida do empregado da Contas. O prazo para aquisição é de dois anos, exceto
Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) está para aqueles que ocupam vagas em tribunais (ex:
condicionada à motivação, por gozar a empresa do advogado indicado para Ministro do STF). Nesse caso, a
mesmo tratamento destinado à Fazenda Pública em vitaliciedade é adquirida imediatamente.
relação à imunidade tributária e à execução por
precatório, além das prerrogativas de foro, prazos e A única hipótese de perda do cargo público é a sentença
custas processuais. judicial transitada em julgado. Porém, é entendimento
pacífico e antigo no STF de que a vitaliciedade não
impede a aposentadoria compulsória.
Redação original:
247. Servidor público. Celetista concursado. Despedida Afastamento para exercício de mandato eletivo:
imotivada. Empresa pública ou sociedade de economia
mista. Possibilidade. Inserida em 20.06.2001 O servidor público tem o direito de afastar-se do cargo,
emprego ou função, para fins de mandato eletivo.
Em julgado mais recente no RE 589998 / PI - PIAUÍ , o Segundo o Art. 38 da CF, ao servidor público da
Plenário do STF decidiu estender a necessidade da administração direta, autárquica e fundacional, no
motivação da demissão a todos os empregados públicos exercício do mandato eletivo, aplicam-se as seguintes
de empresas estatais prestadoras de serviços públicos. disposições:
Observe:
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou
Ementa: EMPRESA BRASILEIRA DE CORREIOS E função;
TELÉGRAFOS – ECT. DEMISSÃO IMOTIVADA DE SEUS II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do
EMPREGADOS. IMPOSSIBILIDADE. NECESSIDADE DE cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar
MOTIVAÇÃO DA DISPENSA. RE PARCIALEMENTE pela sua remuneração;
PROVIDO. I - Os empregados públicos não fazem jus à
estabilidade prevista no art. 41 da CF, salvo aqueles III - investido no mandato de Vereador, havendo
admitidos em período anterior ao advento da EC nº compatibilidade de horários, perceberá as vantagens de
19/1998. Precedentes. II - Em atenção, no entanto, aos seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
princípios da impessoalidade e isonomia, que regem a remuneração do cargo eletivo, e, não havendo
admissão por concurso público, a dispensa do compatibilidade, será aplicada a norma do inciso
empregado de empresas públicas e sociedades de anterior;
economia mista que prestam serviços públicos deve ser IV - em qualquer caso que exija o afastamento para o
motivada, assegurando-se, assim, que tais princípios, exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço será
observados no momento daquela admissão, sejam contado para todos os efeitos legais, exceto para
também respeitados por ocasião da dispensa. III – A promoção por merecimento;
motivação do ato de dispensa, assim, visa a resguardar o
empregado de uma possível quebra do postulado da V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de
impessoalidade por parte do agente estatal investido do afastamento, os valores serão determinados como se no
poder de demitir. IV - Recurso extraordinário exercício estivesse.
parcialmente provido para afastar a aplicação, ao caso, do
art. 41 da CF, exigindo-se, entretanto, a motivação para
legitimar a rescisão unilateral do contrato de trabalho.

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serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou
prêmio de produtividade.
Direitos e deveres sociais (servidores estatutários):
Além disso, a União, os Estados e o Distrito
Segundo a CF são direitos sociais dos servidores:
Federal manterão escolas de governo para a formação e
IV - salário mínimo , fixado em lei, nacionalmente o aperfeiçoamento dos servidores públicos,
unificado, capaz de atender a suas necessidades vitais constituindo-se a participação nos cursos um dos
básicas e às de sua família com moradia, alimentação, requisitos para a promoção na carreira, facultada, para
educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e isso, a celebração de convênios ou contratos entre os
previdência social, com reajustes periódicos que lhe entes federados.
preservem o poder aquisitivo, sendo vedada sua
vinculação para qualquer fim;
Responsabilidade
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo, para
os que percebem remuneração variável; O servidor está sujeito às responsabilidades civis,
penais e administrativas decorrentes de seu cargo,
VIII - décimo terceiro salário com base na remuneração
emprego ou função.
integral ou no valor da aposentadoria;
IX – remuneração do trabalho noturno superior à do
diurno; Responsabilidade civil
XII - salário-família pago em razão do dependente do Todo aquele que causa dano a outro é obrigado a repará-
trabalhador de baixa renda nos termos da lei; lo. Para configurar o ato ilícito civil, é necessário: ação ou
omissão; culpa ou dolo; relação de causalidade;
XIII - duração do trabalho normal não superior a oito
ocorrência de dano moral ou material.
horas diárias e quarenta e quatro semanais, facultada a
compensação de horários e a redução da jornada, Desta forma, os servidores respondem por atos
mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho; omissivos ou comissivos, dolosos ou culposos, dos quais
resultem prejuízos ao erário ou a terceiros.
XV - repouso semanal remunerado, preferencialmente
aos domingos; A Administração Pública responde civilmente
pelos atos de seus servidores, nessa condição, de forma
XVI - remuneração do serviço extraordinário superior, no
objetiva – a vítima não precisa provar culpa do servidor
mínimo, em cinqüenta por cento à do normal;
– e na modalidade do risco administrativo, onde se
XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo admitem as seguintes excludentes – caso fortuito, força
menos, um terço a mais do que o salário normal; maior, culpa exclusiva da vítima e fato exclusivo de
XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego e do terceiro.
salário, com a duração de cento e vinte dias; Nos casos em que causar prejuízo a terceiros,
XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; portanto, o servidor causador do prejuízo será
responsabilizado via ação regressiva, desde que o Estado
XX - proteção do mercado de trabalho da mulher, comprove a sua culpa ou dolo.
mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
Em casos de prejuízos causados diretamente ao
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio erário, o servidor responderá mediante uma ação direta.
de normas de saúde, higiene e segurança;
XXX - proibição de diferença de salários, de exercício de
funções e de critério de admissão por motivo de sexo, Responsabilidade penal
idade, cor ou estado civil. Quando é praticado um crime ou contravenção,
Vale ressaltar que, segundo a CF, lei da União, dos a responsabilidade está no âmbito penal. Esta
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios disciplinará responsabilidade é aferida pelo Poder Judiciário, de
a aplicação de recursos orçamentários provenientes da acordo com o Código Penal que prevê os crimes
economia com despesas correntes em cada órgão, funcionais. O servidor pode ser preso, condenado a
autarquia e fundação, para aplicação no pagar multa, perder o cargo ou emprego público.
desenvolvimento de programas de qualidade e A absolvição criminal só afasta a
produtividade, treinamento e desenvolvimento, responsabilidade administrativa e a civil quando ficar
modernização, reaparelhamento e racionalização do decidida a inexistência do fato ou a não autoria imputada

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ao servidor. A absolvição penal motivada pela falta de determinando que a Fazendo Pública fosse responsável
provas ou ausência de dolo não exclui a culta pelos danos que seus agentes causassem no exercício de
administrativa nem a civil. suas funções. Ademais, deslocou a discussão sobre dolo
ou culpa ao estabelecer que estes aspectos seriam
determinantes na ação regressiva intentada contra o
Responsabilidade administrativa agente causador do dano.
Nesse caso, a infração é apurada pela própria Já com a CF de 88, a responsabilidade objetiva não só foi
administração pública, instaurando procedimento mantida, como também ampliada. Em seu art. 37, esta
denominado de processo administrativo disciplinar e estabelece que não só o Estado é responsável, mas
sindicância. também os prestadores de serviços públicos, incluindo
aí, eventuais particulares, como concessionários e
permissionários do serviço público.
RESPONSABILIDADE CIVIL DO ESTADO
Nesse sentido, a Constituição Federal de 1988, em seu
artigo 37, § 6º, abraçou de modo expresso a teoria da
RESPONSABILIDADE EXTRACONTRATUAL DO ESTADO responsabilidade objetiva do Estado ao preceituar o
seguinte comando:
Quando o resultado de alguma atividade
executiva, legislativa ou judiciária causar algum dano ao Art. 37 (...)
particular, surge para o estado o dever de indenizar. Na (...)
atividade legislativa e judiciária o estado responderá
somente em hipótese excepcionais. § 6º - As pessoas jurídicas de direito público e as de
direito privado prestadoras de serviços públicos
A responsabilidade civil se traduz na obrigação de responderão pelos danos que seus agentes, nessa
reparar danos patrimoniais. Com base em tal premissa, qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de
podemos afirmar que a responsabilidade civil do Estado regresso contra o responsável nos casos de dolo ou
é aquela que impõe à Fazenda Pública a obrigação de culpa.
ressarcir um dano patrimonial causado a terceiros por
agentes públicos no desempenho de suas atribuições. Nesse viés, o Supremo Tribunal Federal tem
contribuído para a aplicação do tema com diversas
Em nosso ordenamento jurídico houve várias fases até decisões importantes. Em 2005, no RE 262.651/SP, o STF
que se chegasse a teoria atualmente adotada. Primeiro o firmou entendimento de que a responsabilidade dos
Estado era irresponsável, situações observadas nas concessionários seria subjetiva perante os usuários do
Constituições de 1824 e 1891., sem qualquer menção de serviço e subjetiva perante os terceiros. No entanto, o
responsabilidade estatal. Nessa época, havia apenas posicionamento mudou em 2009, quando, alinhando-se
algumas leis prevendo a responsabilidade do funcionário à doutrina majoritária, aplicando a responsabilidade
público em casos de abuso ou omissão e outras prevendo objetiva dos concessionários, tanto em relação aos
a responsabilidade solidária entre o Estado e o usuários, quanto a terceiros.
funcionário nos casos de prestação de serviços públicos,
como correios e transportes ferroviários, o que nos leva Ainda sobre esse tema, ressalte-se a Súmula 187
a crer que a teoria da irresponsabilidade absoluta nunca do STF que enuncia sobre o prestador de serviço de
foi utilizada no Brasil. transporte: “A responsabilidade contratual do
transportador, pelo acidente com o passageiro, não é
Em 1916, no Código Civil então vigente, passou a ser elidida por culpa de terceiro, contra o qual tem ação
adotada a teoria da responsabilidade subjetiva do regressiva.” Somente é excludente da responsabilidade
Estado, em que este se torna responsável apenas nos do transportador o denominado caso fortuito externo,
termos de comprovação do dolo ou culpa de seus ou seja, aquele acontecimento imprevisível, inevitável,
agentes. As Constituições de 1934 e 1937 reforçaram a mas não dependente do próprio negócio e que não
aplicação da teoria subjetiva, estabelecendo, inclusive, tenha relação nenhuma com os riscos da empresa.
responsabilidade solidária entre o Estado e o agente, nos (como o assalto à mão armada ou o roubo dentro do
casos de negligência, omissão ou abuso do agente em coletivo).
seu exercício.
Também é importante citar que em 2006, no RE
O cenário mudou, no entanto, com o advento da 327.904/SP, o STF firmou entendimento de que não é
Constituição Federal do 1946. Nesta, o Estado Brasileiro possível ingressar com a ação indenizatória diretamente
adotou a modalidade de responsabilidade objetiva, contra o agente causador do dano, devendo-se acionar o

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próprio Estado, dado o fato daquele estar no exercício de O montante global das despesas referidas fica limitado
função pública. ao equivalente em reais a US$ 1.000.000.000,00 (um
bilhão de dólares dos Estados Unidos da América) para o
total dos eventos contra aeronaves de matrícula
REQUISITOS brasileira operadas por empresas brasileiras de
A responsabilização civil das pessoas jurídicas de transporte aéreo público, excluídas as empresas de táxi
direitos públicos e das pessoas jurídicas de direito aéreo.
privado prestadores de serviço publico exige o Entende-se por atos de guerra qualquer guerra, invasão,
preenchimento dos seguintes requisitos: atos inimigos estrangeiros, hostilidades com ou sem
a) ocorrência de dano efetivo: para que se possa guerra declarada, guerra civil, rebelião, revolução,
alvitrar a ocorrência da responsabilização estatal, o insurreição, lei marcial, poder militar ou usurpado ou
particular deve demonstrar a diminuição patrimonial tentativas para usurpação do poder.
sofrida em razão da ação administrativa. No mesmo sentido, entende-se por ato terrorista
b) ação administrativa (fato administrativo). qualquer ato de uma ou mais pessoas, sendo ou não
Note-se aqui que é irrelevante se o ato foi lícito ou ilícito. agentes de um poder soberano, com fins políticos ou
Há casos em que mesmo agindo licitamente, o Estado terroristas, seja a perda ou dano dele resultante
termina obrigado a indenizar. acidental ou intencional.

c) nexo casual entre a conduta e o dano: Os eventos correlatos incluem greves, tumultos,
derivando o dano de uma ação estatal, será necessária a comoções civis, distúrbios trabalhistas, ato malicioso,
comprovação do nexo de causalidade. Odete Medauar ato de sabotagem, confisco, nacionalização, apreensão,
ensina que “necessário se torna existir relação de causa sujeição, detenção, apropriação, seqüestro ou qualquer
e efeito entre ação administrativa e dano sofrido pela apreensão ilegal ou exercício indevido de controle da
vitima. É o chamado nexo casual ou nexo de aeronave ou da tripulação em vôo por parte de qualquer
casualidade”. Logo, essencial é o nexo de casualidade, pessoa ou pessoas a bordo da aeronave sem
deve ser provado no caso concreto. Essa é a essência de consentimento do explorador.
verdade, pois a falta de nexo de casualidade também é c) dano ambiental: ressalvando que há controvérsias da
tida como uma das causas de exclusão da doutrina.
responsabilidade do estado.
d) acidentes de trabalho nas relações de emprego
público.
RISCO INTEGRAL E RISCO ADMINISTRATIVO e) indenizações cobertas pelo seguro DPVAT.
Existem duas variantes da teoria da Já em se tratando da teoria do risco
responsabilidade objetiva: a teoria do risco integral e a administrativo, esta sim adotada por nossa CF, o grande
teoria do risco administrativo. diferencial é a existência das excludentes de
A teoria do risco integral é uma variação radical responsabilidade, a saber no título seguinte.
da teoria da responsabilidade objetiva, em que o Estado EXCLUDENTES DA RESPONSABILIDADE
sempre deve indenizar eventuais danos, sem qualquer
Embora a teoria do risco administrativo dispense
possibilidade de excludentes, tornando assim o Estado
a prova da culpa, isso não significa que a administração
um verdadeiro segurador universal. Não é esta a teoria
deva sempre e em qualquer caso o dano causado ao
adotada em regra pelo direito brasileiro.
particular. Em situações excepcionais, a administração
Muito embora não seja a teoria adotada, em poderá eximir-se integral ou parcialmente da
regra, em nosso ordenamento jurídico, há casos em que indenização, são essas excludentes a saber:
ela pode ser aplicada no Brasil. São eles:
a) culpa exclusiva da vitima: quando a vitima
a) danos causados por acidentes nucleares (art. 21, XXIII, concorrer na integridade para a consecução final do
d, da Constituição Federal) dano o estado não deve indenizar em virtude da falta de
b) Na hipótese de danos decorrentes de atos terroristas, nexo casual (que deveria existir entre a conduta da
atos de guerra ou eventos correlatos, contra aeronaves administração e o dano ocasional ao particular). Quando
de empresas aéreas brasileiras, conforme previsto nas houver culpa concorrente entre a vitima e o causador do
Leis nº 10.309, de 22/11/2001, e 10.744, de 9/10/2003. dano, a responsabilidade e, conseqüentemente, a
indenização serão repartidas de acordo com a

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intensidade da culpa de cada um, conforme autoriza o de compra e venda (STF RE 175.739); e à alienação de
art. 945 do novo Código Civil. terminais telefônicos por meio de firmas falsas
reconhecidas indevidamente por cartório (STJ REsp
b) eventos da natureza (força maior): quando o
545.613).
dano sofrido pelo particular resultar da incidência de
eventos da natureza marcados pela imprevisibilidade, Em matéria de estacionamentos, o Estado deve assumir
inevitabilidade e for estranho á vontade das partes (força a guarda e responsabilidade do veículo quando este
maior), a responsabilidade civil do estado estará ingressa em área pertencente a estabelecimento público
excluída. Ex.: terremotos, enchentes etc. apenas quando dotado de vigilância especializada para
esse fim. Em tal hipótese, a responsabilidade se funda no
c) atos predatórios de terceiros (ou fato de
descumprimento de uma obrigação contratual. É o que
terceiro): quando o dano ocasionado ao particular
se verifica nas situações envolvendo furto de automóvel
resulta de ato de terceiro a responsabilidade do estado
em estacionamento mantido por município (STF RE
estará excluída. Ex.: briga de gagues nas ruas, causando
255.731), e em estacionamento público, cuja
danos aos veículos nelas estacionados. Entretanto, se
organização e controle foram delegados à empresa
ficar caracterizada a omissão do estado na prestação do
pública (STJ AgRg no Ag 1.009.559).
serviço ele será o brigado a indenizar em virtude da culpa
anônima da administração. Ex.: briga de gangues em RESPONSABILIDADE POR ATOS LEGISLATIVOS E
saída de estádios de futebol em virtude da ausência de JUDICIAIS
policiamento.
Hoje a doutrina e a jurisprudência já admitem a
responsabilidade do Estado em tais casos no que se
refere às leis que venham a ser declaradas
RESPONSABILIDADE POR OMISSÃO
inconstitucionais pelo Supremo Tribunal Federal. Mas é
Entende a doutrina majoritária que a óbvio que ao particular não basta a alegação de
responsabilidade do Estado por atos omissivos é na inconstitucionalidade da norma, tornando-se mister
modalidade subjetiva. Essa também é a posição do STF, também que seja demonstrado qual o dano sofrido por
no RE 179.147. Note-se, no entanto, que a omissão aquela pessoa no período em que a lei se encontrava em
geradora da responsabilidade é aquela na qual foi vigor. Nesse ponto, vale reproduzir a posição já
violado o dever-poder de agir, ou seja, o Estado deixou consolidada no Supremo Tribunal Federal:
de cumprir conduta considerada obrigatória pela
Ato legislativo. Inconstitucionalidade. Responsabilidade
legislação. São exemplos: danos causados por enchente,
Civil do Estado. Cabe responsabilidade civil pelo
em função da ausência de limpeza nos bueiros, danos
desempenho inconstitucional da função do legislador.
causados por queda de árvore em passeio público, em
(STF RE nº 158.962 Rel. M. Celso de Mello RDA 191/175)
função da falta de manutenção do vegetal, danos
causados por multidões, etc. Admite-se ainda a responsabilização do Estado no
tocante aos danos oriundos das chamadas leis de efeitos
concretos, que são aqueles que atingem um
OUTROS CASOS NA JURISPRUDÊNCIA determinado grupo de pessoas determináveis, não
Em matéria de serviços notariais, o Estado responde, apresentando um caráter genérico e abstrato próprio de
objetivamente, pelos atos que causem dano a terceiros, uma norma jurídica, já que se aproximam materialmente
assegurado o direito de regresso contra o responsável, muito mais de um ato administrativo do que de uma lei
nos casos de dolo ou culpa. O tabelionato não detém propriamente dita. A melhor doutrina até coloca que a
personalidade jurídica ou judiciária, sendo a lei de efeito concreto somente se apresenta como lei no
responsabilidade pessoal do titular da serventia. sentido formal, uma vez que, quanto ao conteúdo, nada
Somente o tabelião e o Estado possuem legitimidade a diferenciaria de um ato administrativo.
passiva. A propósito do tema, há vários julgados Nesta hipótese, mesmo sendo a norma
relacionados a escrituras passadas com base em constitucional, não há como se impedir a
procuração falsa (STF RE 209.354 AgR); à anulação de responsabilização do Estado exatamente pelos mesmos
compra e venda, efetivada com base em instrumento de motivos referentes ao exercício da função
mandato falso, lavrado em tabelionato de notas (STF AI administrativa. Imagine, por exemplo, uma lei que crie
522.832 AgR); ao reconhecimento de firma falsa por uma reserva ambiental e imponha uma série de
serventuário de cartório (STF RE 201.595); à confecção, sacrifícios aos proprietários daquela área que foram
ainda que por tabelionato não oficializado de atingidos por tal norma, acarretando inclusive uma
substabelecimento falso que veio a respaldar escritura

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desvalorização patrimonial de tais imóveis. Ora, em tal pessoa federativa (União ou Estado-membro) seria
cenário nada mais justo que o Estado ressarcir tais responsabilizada civilmente, mas assegurando-se a tais
entes a ação regressiva em face do magistrado causador
indivíduos, em que pese se tratar de lei que se encontra
do dano.
em pleno acordo com o texto constitucional.
Com relação a atos praticados no Poder Judiciário que
não impliquem exercício de função jurisdicional é cabível
Por sua vez, no que se refere aos atos jurisdicionais ou a responsabilidade do Estado, sem maior contestação,
judiciais (estes adotados na função jurisdicional do juiz), porque se tratam de atos administrativos quanto ao seu
a regra é a irresponsabilidade do Estado, conforme conteúdo. É o caso de atos praticados por todos os
entendimento do STF. Excetua-se a essa regra, no órgãos de apoio do poder judiciário, chamados de atos
entanto, quando houver expressa previsão em lei acerca judiciários.
da aplicabilidade da teoria da responsabilidade objetiva
do Estado. É o caso do próprio comando constitucional,
bem como das normas processuais, que constroem A REPARAÇÃO DO DANO
hipóteses em que o Estado será responsabilizado mesmo
A reparação de dano pode ser feita
atuando no âmbito de uma atividade jurisdicional. O
amigavelmente ou mediante a propositura de ação de
artigo 5º, inciso LXXV, da Constituição Federal de 1988,
indenização. O valor da indenização deve contemplar
estatui que o Estado indenizará o condenado por erros
aquilo que a vitima perdeu, o que despendeu e o que
judiciários, assim como o que ficar preso além do tempo
deixou de ganhar em razão do ato lesivo da
fixado na sentença .
administração (danos emergentes, lucros cessantes,
Note-se que a doutrina majoritária entende que honorários advocatícios, juros de mora e correção
a expressão erros judiciários abraça tão-somente os atos monetária). A fase de execução ocorrerá na forma do
jurisdicionais de natureza penal, não abraçando, por que dispõe o art. 100 da Constituição Federal, mediante
conseguinte os atos jurisdicionais de natureza civil. O que precatórios.
alimenta tal posição é o fato de o Código de Processo
Penal, anterior à nossa atual Constituição, já prever a
responsabilidade civil do Estado ao cuidar do instituto da A VIA REGRESSIVA
revisão criminal (instrumento que visa a desconstituir Cabe ação regressiva do Poder Publico contra o
sentenças já transitadas em julgado que contenham erro agente publico causador do dano, nos termos do art. 37,
judiciário). § 6.º, da CF, mesmo após a cessação do exercício do
Em relação aos atos emanados na esfera cível, mesmo cargo ou função, seja por questão de aposentadoria,
que na ocorrência de um erro judiciário, assistiria à exoneração, disponibilidade ou demissão.
pessoa prejudicada tão-somente se valer dos Para a propositura de ação de regresso,
instrumentos recursais colocados à sua disposição, não necessário se faz o cumprimento de dois requisitos
havendo como se aceitar a responsabilidade do Estado basilares: que o estado já tenha sido condenado a
por atos dessa natureza. indenizar a vitima e a comprovação do dolo ou da culpa
do agente publico. Trata-se de ação de responsabilidade
subjetiva e imprescritível.
Condutas dolosas:
Outra hipótese em apreço é aquela que se
encontra preceituada no artigo 133 do Código de
Processo Civil, qual seja, o juiz responde por perdas e
danos quando no exercício de suas funções procede
dolosamente, inclusive com fraude, bem como quando
recusa, omite ou retarda, sem justo motivo, providência
que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte.
Embora o citado dispositivo legal estabeleça que o
próprio juiz responderá, não se pode perder de vista que
o mesmo é um agente do Estado, e sendo assim deve se
coadunar o art. 133 do Código de Processo Civil com o
art. 37, § 6º, da Constituição Federal de 1988, ou seja, a

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LICITAÇÃO: I - produzidos no País;


II - produzidos ou prestados por empresas brasileiras;
III - produzidos ou prestados por empresas que invistam
em pesquisa e no desenvolvimento de tecnologia no
Conceito
País.
Licitação é o procedimento administrativo
V - produzidos ou prestados por empresas que
formal em que a Administração Pública convoca,
comprovem cumprimento de reserva de cargos prevista
mediante condições estabelecidas em ato próprio (edital
em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado
ou convite), empresas interessadas na apresentação de
da Previdência Social e que atendam às regras de
propostas para firmar contratos administrativos
acessibilidade previstas na legislação.
pertinentes a obras, serviços, inclusive de publicidade,
compras, alienações e locações no âmbito dos Poderes Em caso de falha dos critérios o desempate será
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos feito por sorteio, em ato público, para o qual todos os
Municípios. licitantes serão convocados.

Objetivos: 2. Margem de preferência de até 25% para


determinados produtos:
 Garantir a observância do princípio
constitucional da isonomia; I - produtos manufaturados e para serviços nacionais que
atendam a normas técnicas brasileiras; e
 A seleção da proposta mais vantajosa para a
administração; II - bens e serviços produzidos ou prestados por
empresas que comprovem cumprimento de reserva de
 A promoção do desenvolvimento nacional
cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou
sustentável.
para reabilitado da Previdência Social e que atendam às
regras de acessibilidade previstas na legislação.
Princípios da licitação III - Para os produtos manufaturados e serviços nacionais
resultantes de desenvolvimento e inovação tecnológica
Princípios Expressos: Legalidade, impessoalidade,
realizados no País.
publicidade, moralidade e probidade administrativa,
igualdade, da vinculação ao instrumento convocatório, Essa margem de preferência será estabelecida com base
do julgamento objetivo em estudos revistos periodicamente, em prazo não
superior a 5 (cinco) anos, que levem em consideração:
I - geração de emprego e renda;
# Princípio da Legalidade
II - efeito na arrecadação de tributos federais, estaduais
Nos procedimentos de licitação, esse princípio vincula os
e municipais;
licitantes e a Administração Pública às regras
estabelecidas, nas normas e princípios em vigor. III - desenvolvimento e inovação tecnológica realizados
no País;
IV - custo adicional dos produtos e serviços; e
# Princípio da igualdade
V - em suas revisões, análise retrospectiva de resultados.
Significa dar tratamento igual a todos os interessados. É
condição essencial para garantir em todas as fases da ATENÇÃO: Margens não se aplicam aos bens e aos
licitação. serviços cuja capacidade de produção ou prestação no
País seja inferior:
I - à quantidade a ser adquirida ou contratada; ou
Exceções na Lei 8666/93:
II -(Na compra de bens de natureza divisível e desde que
1. Empate entre os licitantes:
não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é
Art. 3º, §2º. Em igualdade de condições, como critério de permitida a cotação de quantidade inferior à demandada
desempate, será assegurada preferência, na licitação, com vistas a ampliação da competitividade,
sucessivamente, aos bens e serviços:

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- LEI 5.810/94
podendo o edital fixar quantitativo mínimo para interessada, deverão ser publicados com antecedência,
preservar a economia de escala. no mínimo, por uma vez:
OBS²: A margem de preferência poderá ser estendida, I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação
total ou parcialmente, aos bens e serviços originários dos feita por órgão ou entidade da Administração Pública
Estados Partes do Mercado Comum do Sul - Mercosul. Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas
parcial ou totalmente com recursos federais ou
garantidas por instituições federais;
3. Licitação restrita a bens e serviços de tecnologia
II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal
brasileira:
quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por
Nas contratações destinadas à implantação, manutenção órgão ou entidade da Administração Pública Estadual ou
e ao aperfeiçoamento dos sistemas de tecnologia de Municipal, ou do Distrito Federal;
informação e comunicação, considerados estratégicos
III - em jornal diário de grande circulação no Estado e
em ato do Poder Executivo federal, a licitação poderá ser
também, se houver, em jornal de circulação no
restrita a bens e serviços com tecnologia desenvolvida no
Município ou na região onde será realizada a obra,
País de acordo com normas brasileiras.
prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o
ATENÇÃO ³: Será divulgada na internet, a cada exercício bem, podendo ainda a Administração, conforme o vulto
financeiro, a relação de empresas favorecidas em da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação
decorrência das preferências, com indicação do volume para ampliar a área de competição.
de recursos destinados a cada uma delas.
4. Microempresas e Empresas de pequeno porte
ATENÇÃO: O aviso publicado conterá a indicação do local
As preferências definidas neste artigo e nas demais em que os interessados poderão ler e obter o texto
normas de licitação e contratos devem privilegiar o integral do edital e todas as informações sobre a
tratamento diferenciado e favorecido às microempresas licitação.
e empresas de pequeno porte na forma da lei.
ATENÇÃO ²: Os prazos mínimos para publicação
estabelecidos pela lei serão contados a partir da última
# Princípio da Impessoalidade publicação do edital resumido ou da expedição do
convite, ou ainda da efetiva disponibilidade do edital ou
Esse princípio obriga a Administração a observar nas suas do convite e respectivos anexos, prevalecendo a data
decisões critérios objetivos previamente estabelecidos, que ocorrer mais tarde.
afastando a discricionariedade e o subjetivismo na
condução dos procedimentos da licitação. ATENÇÃO ³: Qualquer modificação no edital exige
divulgação pela mesma forma que se deu o texto
original, reabrindo-se o prazo inicialmente estabelecido,
# Princípio da Moralidade e da Probidade Administrativa exceto quando, inquestionavelmente, a alteração não
afetar a formulação das propostas.”
A conduta dos licitantes e dos agentes públicos tem que
ser, além de lícita, compatível com a moral, ética, os bons Outro exemplo da aplicação do princípio da publicidade
costumes e as regras da boa administração. é a exigência da lei de que a Administração, excetuando-
se os casos de compras para a defesa da segurança
nacional, deve providenciar a divulgação oficial ou
# Princípio da Publicidade quadros de avisos de ampla visibilidade os valores,
quantidades, etc. de todas as compras realizadas no mês.
Qualquer interessado deve ter acesso às licitações
Podendo incluir neste rol, inclusive, aquelas feitas sem
públicas e seu controle, mediante divulgação dos atos
licitação.
praticados pelos administradores em todas as fases da
licitação.
De acordo com a 8666: # Princípio da Vinculação ao Instrumento Convocatório
Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das Obriga a Administração e o licitante a observarem as
concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e normas e condições estabelecidas no ato convocatório.
dos leilões, embora realizados no local da repartição Nada poderá ser criado ou feito sem que haja previsão
no ato convocatório. Ressalte-se, que o edital, mesmo

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DIREITO ADMINISTRATIVO

sendo norma da licitação não pode se contrapor ao econômico colocassem-se em vantagem perante os
princípio da legalidade, visto que a própria lei de demais. A violação a esse princípio enseja a nulidade do
licitações previu a possibilidade de impugnação deste procedimento e caracteriza ilícito penal (art. 94 da Lei n.º
instrumento convocatório, conforme se observa: 8666/93).
1. Para qualquer cidadão: até 5 (cinco) dias úteis antes
da data fixada para a abertura dos envelopes de
#Princípio da Ampla defesa
habilitação, devendo a Administração julgar e responder
à impugnação em até 3 (três) dias úteis. Consagrado no Art. 87 da Lei n.º 8.666 fica
estabelecido que para a aplicação das sanções
2. Para os licitantes: até o segundo dia útil que anteceder
administrativas exige-se a observância da ampla defesa,
a abertura dos envelopes de habilitação em
com os meios e recursos a ela inerentes. O preceito se
concorrência, a abertura dos envelopes com as
aplica não só para a aplicação de sanções, mas também
propostas em convite, tomada de preços ou concurso, ou
para a hipótese de desfazimento da licitação (art. 49, §3º
a realização de leilão.
da Lei 8666).

# Princípio do Julgamento Objetivo


#Princípio da Adjudicação compulsória
Esse princípio significa que o administrador deve
Significa que a administração pública só poderá
observar critérios objetivos definidos no ato
atribuir o objeto da licitação ao vencedor. Não é possível,
convocatório para o julgamento das propostas. Afasta a
portanto, conceder o objeto licitatório a outro licitante
possibilidade de o julgador utilizar-se de fatores
que não o vencedor, uma vez que preencheu todos os
subjetivos ou de critérios não previstos no ato
requisitos e consequentemente apresentou a melhor
convocatório, mesmo que em benefício da própria
proposta. Tal princípio torna a adjudicação, ao vencedor,
Administração.
obrigatória, salvo se este desistir expressamente do
contrato ou não o firmar no prazo prefixado, a menos
que comprove justo motivo.
Princípios correlatos:
# Princípio da competitividade
Obrigatoriedade da licitação
Este princípio refere-se à vedação aos agentes públicos
de admitir, prever, incluir ou tolerar, nos atos de A obrigatoriedade de licitar é princípio constitucional
convocação, cláusulas ou condições que comprometam, estampado no art. 37, XXI, da Constituição Federal,
restrinjam ou frustrem o seu caráter competitivo e aplicável, ressalvados casos específicos, a todo ente da
estabeleçam preferências ou distinções em razão da administração pública direta ou indireta. Todo contrato
naturalidade, da sede ou domicílio dos licitantes ou de de obra, serviço, compras e alienações, bem como
qualquer outra circunstância impertinente ou irrelevante concessão e permissão de serviços públicos, deve ser
para o específico objeto do contrato. Admite-se, porém, precedido de um procedimento licitatório. A mesma
nos processos de licitação que poderá ser estabelecida disciplina é reproduzida no art. 2º da Lei 8.666/93, a Lei
margem de preferência para produtos manufaturados e de Licitações. E devem licitar todos os órgãos da
serviços nacionais que atendam a normas técnicas administração pública direta, fundos especiais,
brasileiras. autarquias, fundações públicas, empresas públicas,
sociedades de economia mista, entidades controladas
direta ou indiretamente pela União, Estados, Distrito
#Princípio do procedimento formal Federal e Municípios (parágrafo único do art. 1º da Lei
Impõe a vinculação da licitação às prescrições legais de Licitações).
que a regem em todos os seus atos e fases. Refere-se à
preexistência de regras constantes no edital, nos
Dispensa e inexigibilidade
regulamentos, nos cadernos de obrigações e na lei.
De acordo com a lei 8.666, o procedimento pode
#Princípio do sigilo na apresentação das propostas
deixar de ser realizado, tornando a licitação dispensada,
Decorrente do princípio da isonomia, veda o dispensável ou inexigível.
conhecimento da proposta de um concorrente pelos
outros, afim de evitar que aqueles de maior poder

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- LEI 5.810/94
A licitação será dispensada quando a própria lei e inseridos no âmbito de programas de regularização
assim o declarar. As hipóteses são: fundiária de interesse social desenvolvidos por órgãos ou
entidades da administração pública;
* Se bens imóveis:
i) alienação e concessão de direito real de uso, gratuita
a) dação em pagamento;
ou onerosa, de terras públicas rurais da União na
b) doação, permitida exclusivamente para outro órgão Amazônia Legal onde incidam ocupações até o limite de
ou entidade da administração pública, de qualquer 15 (quinze) módulos fiscais ou 1.500ha (mil e quinhentos
esfera de governo, ressalvado o disposto nas alíneas f e hectares), para fins de regularização fundiária, atendidos
h; os requisitos legais;
c) permuta, por outro imóvel que atenda aos requisitos A Administração também poderá conceder título de
constantes do inciso X do art. 24 desta Lei; (X - para a propriedade ou de direito real de uso de imóveis,
compra ou locação de imóvel destinado ao atendimento dispensada licitação, quando o uso destinar-se:
das finalidades precípuas da administração, cujas
I - a outro órgão ou entidade da Administração Pública,
necessidades de instalação e localização condicionem a
qualquer que seja a localização do imóvel;
sua escolha, desde que o preço seja compatível com o
valor de mercado, segundo avaliação prévia) II - a pessoa natural que, nos termos da lei, regulamento
ou ato normativo do órgão competente, haja
d) investidura; entende-se por investidura, para os fins
implementado os requisitos mínimos de cultura,
da lei 8666/93:
ocupação mansa e pacífica e exploração direta sobre
I - a alienação aos proprietários de imóveis lindeiros de área rural situada na Amazônia Legal, superior a 1 (um)
área remanescente ou resultante de obra pública, área módulo fiscal e limitada a 15 (quinze) módulos fiscais,
esta que se tornar inaproveitável isoladamente, por desde que não exceda 1.500ha (mil e quinhentos
preço nunca inferior ao da avaliação e desde que esse hectares);
não ultrapasse a 50% (cinqüenta por cento) do valor
b) se bens móveis:
constante da alínea "a" do inciso II do art. 23 desta lei;
(R$ 88.000,00). a) doação, permitida exclusivamente para fins e uso de
interesse social, após avaliação de sua oportunidade e
II - a alienação, aos legítimos possuidores diretos ou, na
conveniência sócio-econômica, relativamente à escolha
falta destes, ao Poder Público, de imóveis para fins
de outra forma de alienação;
residenciais construídos em núcleos urbanos anexos a
usinas hidrelétricas, desde que considerados b) permuta, permitida exclusivamente entre órgãos ou
dispensáveis na fase de operação dessas unidades e não entidades da Administração Pública;
integrem a categoria de bens reversíveis ao final da
c) venda de ações, que poderão ser negociadas em bolsa,
concessão.
observada a legislação específica;
e) venda a outro órgão ou entidade da administração
d) venda de títulos, na forma da legislação pertinente;
pública, de qualquer esfera de governo;
e) venda de bens produzidos ou comercializados por
f) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão
órgãos ou entidades da Administração Pública, em
de direito real de uso, locação ou permissão de uso de
virtude de suas finalidades;
bens imóveis residenciais construídos, destinados ou
efetivamente utilizados no âmbito de programas f) venda de materiais e equipamentos para outros órgãos
habitacionais ou de regularização fundiária de interesse ou entidades da Administração Pública, sem utilização
social desenvolvidos por órgãos ou entidades da previsível por quem deles dispõe.
administração pública; A licitação será dispensável quando a lei conferir
g) procedimentos de legitimação de posse, mediante certa discricionariedade ao administrador acerca da
iniciativa e deliberação dos órgãos da Administração necessidade de realização do certame. As hipóteses
Pública em cuja competência legal inclua-se tal estão previstas no art. 24 da Lei 8.666, a saber:
atribuição; I - para obras e serviços de engenharia de valor até 10%
h) alienação gratuita ou onerosa, aforamento, concessão (dez por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso
de direito real de uso, locação ou permissão de uso de I do artigo anterior, desde que não se refiram a parcelas
bens imóveis de uso comercial de âmbito local com área de uma mesma obra ou serviço ou ainda para obras e
de até 250 m² (duzentos e cinqüenta metros quadrados) serviços da mesma natureza e no mesmo local que

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DIREITO ADMINISTRATIVO

possam ser realizadas conjunta e concomitantemente; X - para a compra ou locação de imóvel destinado ao
(Redação dada pela Lei nº 9.648, de 1998) – até atendimento das finalidades precípuas da
33.000,00. administração, cujas necessidades de instalação e
localização condicionem a sua escolha, desde que o
II - para outros serviços e compras de valor até 10% (dez
preço seja compatível com o valor de mercado, segundo
por cento) do limite previsto na alínea "a", do inciso II do
avaliação prévia;(Redação dada pela Lei nº 8.883, de
artigo anterior e para alienações, nos casos previstos
1994)
nesta Lei, desde que não se refiram a parcelas de um
mesmo serviço, compra ou alienação de maior vulto que XI - na contratação de remanescente de obra, serviço ou
possa ser realizada de uma só vez; (Redação dada pela fornecimento, em conseqüência de rescisão contratual,
Lei nº 9.648, de 1998) – até 17.600,00. desde que atendida a ordem de classificação da licitação
anterior e aceitas as mesmas condições oferecidas pelo
III - nos casos de guerra ou grave perturbação da ordem;
licitante vencedor, inclusive quanto ao preço,
IV - nos casos de emergência ou de calamidade pública, devidamente corrigido;
quando caracterizada urgência de atendimento de
XII - nas compras de hortifrutigranjeiros, pão e outros
situação que possa ocasionar prejuízo ou comprometer
gêneros perecíveis, no tempo necessário para a
a segurança de pessoas, obras, serviços, equipamentos e
realização dos processos licitatórios correspondentes,
outros bens, públicos ou particulares, e somente para os
realizadas diretamente com base no preço do
bens necessários ao atendimento da situação
dia;(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
emergencial ou calamitosa e para as parcelas de obras e
serviços que possam ser concluídas no prazo máximo de XIII - na contratação de instituição brasileira incumbida
180 (cento e oitenta) dias consecutivos e ininterruptos, regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino
contados da ocorrência da emergência ou calamidade, ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição
vedada a prorrogação dos respectivos contratos; dedicada à recuperação social do preso, desde que a
contratada detenha inquestionável reputação ético-
V - quando não acudirem interessados à licitação
profissional e não tenha fins lucrativos;(Redação dada
anterior e esta, justificadamente, não puder ser repetida
pela Lei nº 8.883, de 1994)
sem prejuízo para a Administração, mantidas, neste caso,
todas as condições preestabelecidas; XIV - para a aquisição de bens ou serviços nos termos de
acordo internacional específico aprovado pelo
VI - quando a União tiver que intervir no domínio
Congresso Nacional, quando as condições ofertadas
econômico para regular preços ou normalizar o
forem manifestamente vantajosas para o Poder Público;
abastecimento;
(Redação dada pela Lei nº 8.883, de 1994)
VII - quando as propostas apresentadas consignarem
XV - para a aquisição ou restauração de obras de arte e
preços manifestamente superiores aos praticados no
objetos históricos, de autenticidade certificada, desde
mercado nacional, ou forem incompatíveis com os
que compatíveis ou inerentes às finalidades do órgão ou
fixados pelos órgãos oficiais competentes, casos em que,
entidade.
observado o parágrafo único do art. 48 desta Lei e,
persistindo a situação, será admitida a adjudicação direta XVI - para a impressão dos diários oficiais, de formulários
dos bens ou serviços, por valor não superior ao constante padronizados de uso da administração, e de edições
do registro de preços, ou dos serviços; (Vide § 3º do técnicas oficiais, bem como para prestação de serviços
art. 48) de informática a pessoa jurídica de direito público
interno, por órgãos ou entidades que integrem a
VIII - para a aquisição, por pessoa jurídica de direito
Administração Pública, criados para esse fim
público interno, de bens produzidos ou serviços
específico;(Incluído pela Lei nº 8.883, de 1994)
prestados por órgão ou entidade que integre a
Administração Pública e que tenha sido criado para esse XVII - para a aquisição de componentes ou peças de
fim específico em data anterior à vigência desta Lei, origem nacional ou estrangeira, necessários à
desde que o preço contratado seja compatível com o manutenção de equipamentos durante o período de
praticado no mercado; (Redação dada pela Lei nº 8.883, garantia técnica, junto ao fornecedor original desses
de 1994) equipamentos, quando tal condição de exclusividade for
indispensável para a vigência da garantia; (Incluído pela
IX - quando houver possibilidade de comprometimento
Lei nº 8.883, de 1994)
da segurança nacional, nos casos estabelecidos em
decreto do Presidente da República, ouvido o Conselho XVIII - nas compras ou contratações de serviços para o
de Defesa Nacional; (Regulamento) abastecimento de navios, embarcações, unidades aéreas

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- LEI 5.810/94
ou tropas e seus meios de deslocamento quando em direito de uso ou de exploração de criação protegida.
estada eventual de curta duração em portos, aeroportos (Incluído pela Lei nº 10.973, de 2004)
ou localidades diferentes de suas sedes, por motivo de
XXVI – na celebração de contrato de programa com ente
movimentação operacional ou de adestramento, quando
da Federação ou com entidade de sua administração
a exiguidade dos prazos legais puder comprometer a
indireta, para a prestação de serviços públicos de forma
normalidade e os propósitos das operações e desde que
associada nos termos do autorizado em contrato de
seu valor não exceda ao limite previsto na alínea "a" do
consórcio público ou em convênio de cooperação.
inciso II do art. 23 desta Lei: (Incluído pela Lei nº 8.883,
(Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
de 1994)
XXVII - na contratação da coleta, processamento e
XIX - para as compras de material de uso pelas Forças
comercialização de resíduos sólidos urbanos recicláveis
Armadas, com exceção de materiais de uso pessoal e
ou reutilizáveis, em áreas com sistema de coleta seletiva
administrativo, quando houver necessidade de manter a
de lixo, efetuados por associações ou cooperativas
padronização requerida pela estrutura de apoio logístico
formadas exclusivamente por pessoas físicas de baixa
dos meios navais, aéreos e terrestres, mediante parecer
renda reconhecidas pelo poder público como catadores
de comissão instituída por decreto; (Incluído pela Lei nº
de materiais recicláveis, com o uso de equipamentos
8.883, de 1994)
compatíveis com as normas técnicas, ambientais e de
XX - na contratação de associação de portadores de saúde pública. (Redação dada pela Lei nº 11.445, de
deficiência física, sem fins lucrativos e de comprovada 2007).
idoneidade, por órgãos ou entidades da Admininistração
XXVIII – para o fornecimento de bens e serviços,
Pública, para a prestação de serviços ou fornecimento de
produzidos ou prestados no País, que envolvam,
mão-de-obra, desde que o preço contratado seja
cumulativamente, alta complexidade tecnológica e
compatível com o praticado no mercado. (Incluído pela
defesa nacional, mediante parecer de comissão
Lei nº 8.883, de 1994)
especialmente designada pela autoridade máxima do
XXI - para a aquisição ou contratação de produto para órgão. (Incluído pela Lei nº 11.484, de 2007).
pesquisa e desenvolvimento, limitada, no caso de obras
XXIX – na aquisição de bens e contratação de serviços
e serviços de engenharia, a 20% (vinte por cento) do
para atender aos contingentes militares das Forças
valor de que trata a alínea “b” do inciso I do caput do art.
Singulares brasileiras empregadas em operações de paz
23; (até 660.000,00).
no exterior, necessariamente justificadas quanto ao
Note-se nessa hipótese que quando aplicada a preço e à escolha do fornecedor ou executante e
obras e serviços de engenharia, seguirá procedimentos ratificadas pelo Comandante da Força. (Incluído pela Lei
especiais instituídos em regulamentação específica. nº 11.783, de 2008).
(Incluído pela Lei nº 13.243, de 2016)
XXX - na contratação de instituição ou organização,
XXII - na contratação de fornecimento ou suprimento de pública ou privada, com ou sem fins lucrativos, para a
energia elétrica e gás natural com concessionário, prestação de serviços de assistência técnica e extensão
permissionário ou autorizado, segundo as normas da rural no âmbito do Programa Nacional de Assistência
legislação específica; (Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) Técnica e Extensão Rural na Agricultura Familiar e na
Reforma Agrária, instituído por lei federal. (Incluído pela
XXIII - na contratação realizada por empresa pública ou
Lei nº 12.188, de 2.010) Vigência
sociedade de economia mista com suas subsidiárias e
controladas, para a aquisição ou alienação de bens, XXXI - nas contratações visando ao cumprimento do
prestação ou obtenção de serviços, desde que o preço disposto nos arts. 3o, 4o, 5o e 20 da Lei no 10.973, de 2 de
contratado seja compatível com o praticado no mercado. dezembro de 2004, observados os princípios gerais de
(Incluído pela Lei nº 9.648, de 1998) contratação dela constantes. (Incluído pela Lei nº
12.349, de 2010)
XXIV - para a celebração de contratos de prestação de
serviços com as organizações sociais, qualificadas no XXXII - na contratação em que houver transferência de
âmbito das respectivas esferas de governo, para tecnologia de produtos estratégicos para o Sistema
atividades contempladas no contrato de gestão.(Incluído Único de Saúde - SUS, no âmbito da Lei no 8.080, de 19
pela Lei nº 9.648, de 1998) de setembro de 1990, conforme elencados em ato da
direção nacional do SUS, inclusive por ocasião da
XXV - na contratação realizada por Instituição Científica
aquisição destes produtos durante as etapas de
e Tecnológica - ICT ou por agência de fomento para a
transferência de tecnologia e para o licenciamento de

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absorção tecnológica. (Incluído pela Lei nº 12.715, de Inexigibilidade:


2012)
As hipóteses de inexigibilidade estão relacionadas
XXXIII - na contratação de entidades privadas sem fins com a impossibilidade jurídica de competição entre os
lucrativos, para a implementação de cisternas ou outras contratantes em virtude da natureza específica do
tecnologias sociais de acesso à água para consumo negócio ou em virtude dos objetivos sociais visados pela
humano e produção de alimentos, para beneficiar as administração. Segundo o art. 25 da lei, é inexigível a
famílias rurais de baixa renda atingidas pela seca ou falta licitação quando houver inviabilidade de competição, em
regular de água. (Incluído pela Lei nº 12.873, de 2013) especial:
XXXIV - para a aquisição por pessoa jurídica de direito I - para aquisição de materiais, equipamentos, ou
público interno de insumos estratégicos para a saúde gêneros que só possam ser fornecidos por produtor,
produzidos ou distribuídos por fundação que, regimental empresa ou representante comercial exclusivo, vedada a
ou estatutariamente, tenha por finalidade apoiar órgão preferência de marca, devendo a comprovação de
da administração pública direta, sua autarquia ou exclusividade ser feita através de atestado fornecido
fundação em projetos de ensino, pesquisa, extensão, pelo órgão de registro do comércio do local em que se
desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e realizaria a licitação ou a obra ou o serviço, pelo
estímulo à inovação, inclusive na gestão administrativa e Sindicato, Federação ou Confederação Patronal, ou,
financeira necessária à execução desses projetos, ou em ainda, pelas entidades equivalentes;
parcerias que envolvam transferência de tecnologia de
II - para a contratação de serviços técnicos enumerados
produtos estratégicos para o Sistema Único de Saúde –
no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com
SUS, nos termos do inciso XXXII deste artigo, e que tenha
profissionais ou empresas de notória especialização,
sido criada para esse fim específico em data anterior à
vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e
vigência desta Lei, desde que o preço contratado seja
divulgação;
compatível com o praticado no mercado. (Incluído pela
Lei nº 13.204, de 2015) “Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços
técnicos profissionais especializados os trabalhos
relativos a:
OBS: Em razão do pequeno valor é dispensável, de
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou
acordo com o art. 24, I da 8.666, a licitação para obras e
executivos;
serviços de engenharia de pequeno valor, entendendo-
se este como o valor de até 10% do limite de até R$ II - pareceres, perícias e avaliações em geral;
330.000,00, ou seja, R$ 33.000,00 (trinta e três mil reais) III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias
desde que não se refira a parcelas de uma mesma obra financeiras ou tributárias;
ou serviço e ainda de obras e serviços da mesma
natureza e no mesmo local que possam ser realizadas IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras
conjunta ou concomitantemente. ou serviços;

Ou ainda é dispensável para outros serviços e V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou


compras de valor até 10% (dez por cento) de R$ administrativas;
176.000,00 (cento e setenta e seis mil reais), ou seja R$ VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
17.600,00 ( dezessete mil e seiscentos reais).
VII - restauração de obras de arte e bens de valor
histórico.”
OBS: Os percentuais serão de 20% (vinte por cento) para III - para contratação de profissional de qualquer setor
compras, obras e serviços contratados por consórcios artístico, diretamente ou através de empresário
públicos, sociedade de economia mista, empresa pública exclusivo, desde que consagrado pela crítica
e por autarquia ou fundação qualificadas, na forma da especializada ou pela opinião pública.
lei, como Agências Executivas. Desta forma, os limites se
alteram para R$ 66.000,00 para obras e serviços de
engenharia de pequeno valor e R$ 35.200,00 para outros Atenção: As licitações dispensáveis (exceto por pequeno
serviços e compras. valor) e as situações de inexigibilidade, necessariamente
justificadas, deverão ser comunicadas, dentro de 3 (três)
dias, à autoridade superior, para ratificação e publicação

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na imprensa oficial, no prazo de 5 (cinco) dias, como Escolha:
condição para a eficácia dos atos.
Obras e serviços de engenharia acima de R$
No caso da licitação dispensada, só se exige a 3.300.000,00.
ratificação e publicação nos seguintes casos:
Compras e outros serviços acima de R$ 1.430.000,00.
I – quando a Administração conceder título de
Também é utilizada nas concessões de direito real de
propriedade ou de direito real de uso de imóveis, quando
uso, alienações de bens públicos imóveis inservíveis e
o uso destinar-se a outro órgão ou entidade da
nas licitações internacionais.
Administração Pública, qualquer que seja a localização
do imóvel. ATENÇÃO: Na concorrência para a venda de bens
imóveis, a fase de habilitação limitar-se-á à comprovação
II - quando a Administração conceder título de
do recolhimento de quantia correspondente a 5% (cinco
propriedade ou de direito real de uso de imóveis, quando
por cento) da avaliação.
o uso destinar-se a pessoa natural que, nos termos da lei,
regulamento ou ato normativo do órgão competente, Prazo mínimo entre a publicação do edital e o
haja implementado os requisitos mínimos de cultura, recebimento das propostas (contado da data da última
ocupação mansa e pacífica e exploração direta sobre publicação – aviso no jornal ou imprensa oficial - ou
área rural situada na Amazônia Legal, superior a 1 (um) expedição do convite:
módulo fiscal e limitada a 15 (quinze) módulos fiscais, a) 45 dias quando o contrato contemplar o regime de
desde que não exceda 1.500ha (mil e quinhentos empreitada integral ou quando a licitação for do tipo
hectares); melhor técnica ou técnica e preço.
III – Licitação dispensada em razão de interesse público, b) 30 dias – para os demais casos.
na hipótese de doação com encargo.
O processo de dispensa, de inexigibilidade ou de
retardamento (insuficiência financeira ou comprovado Tomada de preços
motivo de ordem técnica, justificados em despacho Modalidade realizada entre interessados devidamente
circunstanciado da autoridade superior) será instruído, cadastrados ou que atenderem a todas as condições
no que couber, com os seguintes elementos: exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à
I - caracterização da situação emergencial ou calamitosa data do recebimento das propostas, observada a
que justifique a dispensa, quando for o caso; necessária qualificação.

II - razão da escolha do fornecedor ou executante;


III - justificativa do preço. Escolha:

IV - documento de aprovação dos projetos de pesquisa Obras e serviços de engenharia até R$ 3.300.000,00.
aos quais os bens serão alocados. Compras e outros serviços até R$ 1.430.000,00.
Admite-se também, a tomada de preços em licitações
Modalidades de licitação internacionais, observados os limites, a tomada de
preços, quando o órgão ou entidade dispuser de
Modalidade de licitação é a forma específica de conduzir cadastro internacional de fornecedores ou o convite,
o procedimento licitatório, a partir de critérios definidos quando não houver fornecedor do bem ou serviço no
em lei. País.
As modalidades de licitação admitidas pela 8.666 são Prazo mínimo entre a publicação do edital e a entrega
exclusivamente as seguintes: das propostas: Trinta dias para tomada de preços,
quando a licitação for do tipo "melhor técnica" ou
"técnica e preço"; e
Concorrência
Quinze dias, nos outros casos.
Modalidade da qual podem participar quaisquer
interessados que na fase de habilitação preliminar
comprovem possuir requisitos mínimos de qualificação
exigidos no edital para execução do objeto da licitação.

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Convite Escolha:
Modalidade realizada entre interessados do ramo de que Obras e serviços de engenharia até R$ 330.000,00.
trata o objeto da licitação, escolhidos e convidados em
Compras e outros serviços até R$ 176.000,00.
número mínimo de três pela Administração.
Prazo mínimo para entrega das propostas: 05 dias úteis.
O convite é a modalidade de licitação mais simples. A
Administração escolhe quem quer convidar, entre os OBS: Quando couber convite, a Administração pode
possíveis interessados, cadastrados ou não. A divulgação utilizar a tomada de preços e, em qualquer caso, a
deve ser feita mediante afixação de cópia do convite em concorrência.
quadro de avisos do órgão ou entidade, localizado em OBS²: Quando os licitantes forem consórcios públicos
lugar de ampla divulgação. formados por até 3 participantes, as modalidades são
No convite é possível a participação de interessados que adotadas levando-se em consideração o dobro dos
não tenham sido formalmente convidados, mas que limites estabelecidos em lei; quando forem formados por
sejam do ramo do objeto licitado, desde que cadastrados mais de 3, utiliza-se o triplo.
no órgão ou entidade licitadora ou no Sistema de OBS ³: É vedada a utilização da modalidade "convite" ou
Cadastramento Unificado de Fornecedores – SICAF. "tomada de preços", conforme o caso, para parcelas de
Esses interessados devem solicitar o convite com uma mesma obra ou serviço, ou ainda para obras e
antecedência de até 24 horas da apresentação das serviços da mesma natureza e no mesmo local que
propostas. possam ser realizadas conjunta e concomitantemente,
No convite para que a contratação seja possível, são sempre que o somatório de seus valores caracterizar o
necessárias pelo menos três propostas válidas, isto é, caso de "tomada de preços" ou "concorrência", exceto
que atendam a todas as exigências do ato convocatório. para as parcelas de natureza específica que possam ser
Não é suficiente a obtenção de três propostas. É preciso executadas por pessoas ou empresas de especialidade
que as três sejam válidas. Caso isso não ocorra, a diversa daquela do executor da obra ou serviço.
Administração deve repetir o convite e convidar mais um OBS 4: Na compra de bens de natureza divisível e desde
interessado, enquanto existirem cadastrados não que não haja prejuízo para o conjunto ou complexo, é
convidados nas últimas licitações, ressalvadas as permitida a cotação de quantidade inferior à demandada
hipóteses de limitação de mercado ou manifesto na licitação, com vistas a ampliação da competitividade,
desinteresse dos convidados, circunstâncias estas que podendo o edital fixar quantitativo mínimo para
devem ser justificadas no processo de licitação. preservar a economia de escala.
Para alcançar o maior número possível de interessados OBS 5: É vedada a criação de outras modalidades de
no objeto licitado e evitar a repetição do procedimento, licitação ou a combinação das referidas na lei 8666/93.
muitos órgãos ou entidades vêm utilizando a publicação
do convite na imprensa oficial e em jornal de grande OBS 6: As obras, serviços e compras efetuadas pela
circulação, além da distribuição direta aos fornecedores Administração serão divididas em tantas parcelas
do ramo. quantas se comprovarem técnica e economicamente
viáveis, procedendo-se à licitação com vistas ao melhor
A publicação na imprensa e em jornal de grande aproveitamento dos recursos disponíveis no mercado e
circulação confere ao convite divulgação idêntica à da à ampliação da competitividade sem perda da economia
concorrência e à tomada de preços e afasta a de escala.
discricionariedade do agente público.
Na execução de obras e serviços e nas compras de bens
Quando for impossível a obtenção de três propostas parceladas, a cada etapa ou conjunto de etapas da obra,
válidas, por limitações do mercado ou manifesto serviço ou compra, há de corresponder licitação distinta,
desinteresse dos convidados, essas circunstâncias preservada a modalidade pertinente para a execução do
deverão ser devidamente motivada e justificados no objeto em licitação.
processo, sob pena de repetição de convite.
Quando configurada essa hipótese não se proíbe a
Limitações de mercado ou manifesto desinteresse das contratação parcelada das obras, compras e serviços,
empresas convidadas não se caracterizam e nem podem mas se obriga a administração a adotar como
ser justificados quando são inseridas na licitação modalidade de licitação aquela que corresponde ao
condições que só uma ou outra empresa pode atender. somatório das parcelas . A regra só não se aplica as
partes de obras ou serviços de natureza específica .

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Leilão III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias
financeiras ou tributárias;
É a modalidade de licitação entre quaisquer
interessados para a venda de bens móveis, semoventes IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras
e, em casos especiais, imóveis (bens imóveis da ou serviços;
Administração Pública, cuja aquisição haja derivado de
V - patrocínio ou defesa de causas judiciais ou
procedimentos judiciais ou de dação em pagamento), ou
administrativas;
de produtos legalmente apreendidos ou penhorados, a
quem oferecer maior lance, igual ou superior ao da VI - treinamento e aperfeiçoamento de pessoal;
avaliação. O leilão é disciplinado em regulamento VII - restauração de obras de arte e bens de valor
próprio, editado pela Administração (edital); a lei histórico.
somente estabelece que pode ser feito por leiloeiro
oficial ou servidor designado pela administração; No caso de concurso, o julgamento será feito por uma
comissão especial integrada por pessoas de reputação
Todo bem a ser leiloado será previamente avaliado pela ilibada e reconhecido conhecimento da matéria em
Administração para fixação do preço mínimo de exame, servidores públicos ou não.
arrematação, os bens são pagos à vista ou no percentual
estabelecido no edital, não inferior a 5% desse valor e, O concurso deve ser precedido de regulamento próprio,
após assinatura da ata lavrada no local do leilão, os bens a ser obtido pelos interessados no local indicado no
são entregues ao arrematante. edital.

O prazo mínimo entre a publicação do edital e a O regulamento deverá indicar:


realização do evento será de 15 dias. I - a qualificação exigida dos participantes;
Nos leilões internacionais, o pagamento da parcela à II - as diretrizes e a forma de apresentação do trabalho;
vista poderá ser feito em até vinte e quatro horas.
III - as condições de realização do concurso e os prêmios
O edital de leilão deve ser amplamente divulgado, a serem concedidos.
principalmente no município em que se realizará.
Em se tratando de projeto, o vencedor deverá autorizar
a Administração a executá-lo quando julgar conveniente.
Concurso
Concurso é a modalidade de licitação entre quaisquer Pregão (regulamentado pela lei 10.520/02)
interessados para escolha de trabalho técnico, científico
ou artístico, mediante a instituição de prêmios ou O pregão é a modalidade de licitação para
remuneração aos vencedores, conforme critérios aquisição de bens e serviços comuns em que a disputa
constantes de edital publicado na imprensa oficial com pelo fornecimento é feita em sessão pública, por meio
antecedência mínima de 45 (quarenta e cinco) dias. Não de propostas e lances, para classificação e habilitação do
há cominação com escolha de TIPO de licitação neste licitante com a proposta de menor preço. Bens e serviços
caso, conforme a Lei n.º 8666/93. comuns são aqueles cujos padrões de desempenho e
qualidade possam ser objetivamente definidos pelo
A Administração só poderá contratar, pagar, premiar ou edital, por meio de especificações usuais no mercado.
receber projeto ou serviço técnico especializado desde Trata-se, portanto, de bens e serviços geralmente
que o autor ceda os direitos patrimoniais a ele relativos oferecidos por diversos fornecedores e facilmente
e a Administração possa utilizá-lo de acordo com o comparáveis entre si, de modo a permitir a decisão de
previsto no regulamento de concurso ou no ajuste para compra com base no menor preço. A relação dos bens e
sua elaboração. serviços que se enquadram nessa tipificação está contida
Ressalvados os casos de inexigibilidade de licitação, os no Anexo II do Decreto n.º 3.555, de 8 de agosto de 2000,
contratos para a prestação de serviços técnicos que regulamenta o pregão.
profissionais especializados deverão, preferencialmente, A grande inovação do pregão se dá pela inversão das
ser celebrados mediante a realização de concurso. fases de habilitação e análise das propostas. Dessa
Segundo o art. 13 da lei, são esses serviços técnicos: forma, apenas a documentação do participante que
I - estudos técnicos, planejamentos e projetos básicos ou tenha apresentado a melhor proposta é analisada.
executivos;
II - pareceres, perícias e avaliações em geral;

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Além disso, a definição da proposta mais vantajosa para Vale ressaltar que o pregão pode ser realizado na
a Administração é feita através de proposta de preço modalidade eletrônico. No caso do pregão eletrônico,
escrita e, após, disputa através de lances verbais. regulamentado pelo Decreto nº 5.450, de 31-5-2005, as
fases do procedimento são as mesmas. Porém, há
Após os lances, ainda pode haver a negociação direta
algumas exigências a mais, que podem ser assim
com o pregoeiro, no intuito da diminuição do valor
resumidas:
ofertado.
a) O sistema eletrônico será dotado de recursos de
O pregão vem se somar às demais modalidades previstas
criptografia e de autenticação que garantam condições
na Lei n.º 8.666/93, que são a concorrência, a tomada de
de segurança em todas as etapas do certame (art. 2, §
preços, o convite, o concurso e o leilão. Diversamente
3º);
destas modalidades, o pregão pode ser aplicado a
qualquer valor estimado de contratação, de forma que b) O procedimento é conduzido pelo órgão ou
constitui alternativa a todas as modalidades. Outra entidade promotora da licitação, com o apoio técnico e
peculiaridade é que o pregão admite como critério de operacional da Secretaria de Logística da Tecnologia de
julgamento da proposta somente o menor preço. Informação do Ministério de Planejamento, Orçamento
e Gestão, que atuará como provedor do sistema
De forma simplificada, estes são os passos de uma sessão
eletrônico para órgãos integrantes do Sistema de
de pregão:
Serviços Gerais - SISG (§ 4º, do art.2º); esse sistema
As empresas concorrentes são credenciadas. eletrônico pode ser cedido aos demais entes da
As propostas iniciais são entregues ao pregoeiro, em federação mediante termo de adesão (§ 5º do art. 2º);
envelopes fechados. c) Tem que haver o prévio credenciamento,
É feita a leitura das ofertas. Além da empresa que perante o provedor, da autoridade competente do órgão
ofereceu o menor preço, permanecem na disputa promotor da licitação, do pregoeiro, dos membros da
aquelas que apresentaram propostas com valores até equipe de apoio técnico e dos licitantes (art.3º); o
10% acima da menor oferta. As demais são eliminadas. credenciamento se dá pela atribuição de chave de
Não havendo ao menos três ofertas nessas condições, as identificação e de senha, pessoal e intransferível, para
empresas com as três melhores propostas podem acesso ao sistema eletrônico (art. 3º, § 1º); a
participar do processo, independente do valor. participação no procedimento dependerá da utilização
da chave de identificação e da senha;
Instigados pelo pregoeiro, os concorrentes dão lances
verbais, seguindo a ordem de classificação - do maior d) No caso de pregão promovido por órgão
para o menor preço inicial proposto -, em rodadas integrante do SISG, o licitante dependerá do registro
sucessivas. atualizado no Sistema de Cadastro Unificado de
Fornecedores – SICAF (art.17, caput e § 1º);
Quando os concorrentes esgotam seus lances, encerra-
se a etapa competitiva. No telão, os resultados são e) A divulgação do pregão tem que ser feita não só
organizados segundo a classificação final. pela publicação do aviso pela imprensa, como também
por meio eletrônico, na internet, no Portal de Compras
O pregoeiro negocia com a empresa que apresentou a do Governo Federal - COMPRASNET, no sítio <
melhor proposta, para obter redução de preço. www.comprasnet.gov.br> (art. 17, caput e § 1º);
Verificam-se as condições de habilitação da empresa que f) As propostas são apresentadas pelo sistema
apresentou a melhor proposta. eletrônico (art.21), podendo ser substituídas ou
Se as condições apresentadas pela melhor proposta retiradas até a abertura da sessão (art. 21, § 4º);
estiverem de acordo com as exigências, é declarada a g) Na sessão pública, que os licitantes podem
empresa vencedora. Em caso de não-conformidade, o acompanhar pela internet, será feita pela a
pregoeiro passa a analisar as condições de habilitação da desclassificação dos que não atenderem às exigências do
empresa seguinte, obedecendo à ordem de classificação. edital; o próprio sistema ordenará, automaticamente, as
Ao final da sessão, qualquer licitante pode manifestar a propostas classificadas, sendo que só estas participarão
intenção de interpor recurso, tendo um prazo de três da fase de lances (art. 23);
dias para apresentar as razões desse ato. Após a decisão h) Os lances feitos pela internet, podendo ser
dos recursos, a contratação é formalizada. apresentados sucessivamente pelo mesmo licitante,
desde que para reduzir o valor; durante essa fase, os

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licitantes são informados do menor lance registrado, sem  Melhor Técnica
identificação de quem o apresentou (art. 24);
Critério de seleção em que a proposta mais vantajosa
i) Após o encerramento da sede de lances (que para a Administração é escolhida com base em fatores
será comunicado aos licitantes até 30 minutos antes, a de ordem técnica. É usado exclusivamente para serviços
critério da autoridade), o pregoeiro poderá apresentar de natureza predominantemente intelectual, em
contraproposta ao licitante que tenha apresentado lance especial na elaboração de projetos, cálculos, fiscalização,
mais vantajoso, não se admitindo negociar condições supervisão e gerenciamento e de engenharia consultiva
diferentes daquelas previstas no edital (art.24, § 8º); em geral, e em particular, para elaboração de estudos
j) A habilitação, que se faz após a fase de técnicos preliminares e projetos básicos e executivos.
julgamento, baseia-se nos dados constantes do SICAF ou,  Técnica e Preço
quando houver necessidade, em outros documentos
Critério de seleção em que a proposta mais vantajosa
apresentados por fax, a serem encaminhados
para a Administração é escolhida com base na maior
posteriormente no original ou cópia autenticada, no
média ponderada, considerando-se as notas obtidas nas
prazo previsto no edital (art. 25, §§ 2º e 3º);
propostas de preço e de técnica. É obrigatório na
k) Em caso de pretender recorrer da decisão que contratação de bens e serviços de informática, nas
proclamar o vencedor, o licitante deverá manifestar a modalidades tomada de preços e concorrência.
sua intenção durante a sessão pública, de forma imediata
e motivada, em campo próprio do sistema, quando lhe
será concedido o prazo de três dias para apresentar as  Maior lance ou oferta - nos casos de alienação de bens
razões do recurso, sob pena de caducidade (art. 26); ou concessão de direito real de uso.
l) É admissível, tanto na habilitação quanto no Obrigatoriedade da licitação
julgamento, o saneamento de falhas que não alterem a
substância das propostas, dos documentos e sua
validade jurídica (art. 26, § 3º); Anulação e Revogação da licitação
m) Após os recursos e constatada a regularidade dos A autoridade competente para a aprovação do
atos praticados, a autoridade competente adjudicará o procedimento somente poderá revogar a licitação por
objeto e homologará o procedimento licitatório (art. 27); razões de interesse público decorrente de fato
superveniente devidamente comprovado, pertinente e
n) Quando convocado a assinar o contrato é que o
suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la
licitante vencedor deverá comprovar as condições de
por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros,
habilitação consignadas no edital (art. 27, § 2º).
mediante parecer escrito e devidamente fundamentado,
observados sempre o princípio do contraditório e da
ampla defesa.
Tipos de licitação
Qualquer cidadão, além dos próprios licitantes podem
O tipo de licitação não deve ser confundido com
provocar a administração para anular os termos do edital
modalidade de licitação. Modalidade é procedimento.
que não guardem respeito à Lei 8.666/93, pela via da
Tipo é o critério de julgamento utilizado pela
impugnação.
Administração para seleção da proposta mais vantajosa.
Os tipos de licitação previstos pela 8666/93, para o
julgamento das propostas, exceto no caso de concurso,
Sanções
são os seguintes:
A recusa injustificada do adjudicatário em assinar o
 Menor Preço
contrato, aceitar ou retirar o instrumento equivalente,
Critério de seleção em que a proposta mais vantajosa dentro do prazo estabelecido pela Administração,
para a Administração é a de menor preço. É utilizado caracteriza o descumprimento total da obrigação
para compras e serviços de modo geral e para assumida, sujeitando-o às penalidades legalmente
contratação e bens e serviços de informática, nos casos estabelecidas, exceto aos licitantes convocados que não
indicados em decreto do Poder Executivo. aceitarem a contratação, nas mesmas condições
propostas pelo primeiro adjudicatário, inclusive quanto
ao prazo e preço.

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Além disso, os agentes administrativos que praticarem II - tenham praticado atos ilícitos visando a frustrar os
atos em desacordo com os preceitos desta Lei ou visando objetivos da licitação;
a frustrar os objetivos da licitação sujeitam-se às sanções
III - demonstrem não possuir idoneidade para contratar
previstas nesta Lei e nos regulamentos próprios, sem
com a Administração em virtude de atos ilícitos
prejuízo das responsabilidades civil e criminal que seu
praticados.
ato ensejar.

IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA
Das Sanções Administrativas
A base constitucional direta para a responsabilização
Pela inexecução total ou parcial do contrato a
pelos atos de improbidade administrativa encontra-se
Administração poderá, garantida a prévia defesa, aplicar
no 4º do art. 37 da Constituição Federal de 1988, abaixo
ao contratado as seguintes sanções:
observado:
I - advertência;
“§ 4º - Os atos de improbidade administrativa
II - multa, na forma prevista no instrumento convocatório importarão a suspensão dos direitos políticos, a perda da
ou no contrato; função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas
III - suspensão temporária de participação em licitação e
em lei, sem prejuízo da ação penal cabível.”
impedimento de contratar com a Administração, por
prazo não superior a 2 (dois) anos; A norma alcança a administração direta e a
indireta de qualquer dos Poderes, em todos os entes da
IV - declaração de inidoneidade para licitar ou contratar
Federação, não só pela amplitude da redação, mas,
com a Administração Pública enquanto perdurarem os
também, pelo fato de estar situada no Art. 37.
motivos determinantes da punição ou até que seja
promovida a reabilitação perante a própria autoridade Como se pode observar, o dispositivo não define
que aplicou a penalidade, que será concedida sempre improbidade, nem aponta os possíveis sujeitos ativos e
que o contratado ressarcir a Administração pelos passivos desses atos. Limita-se a enumerar,
prejuízos resultantes e após decorrido o prazo da sanção imperativamente, um núcleo de sanções que devem ser
aplicada com base no inciso anterior. aplicadas conforme a lei.
§ 1o Se a multa aplicada for superior ao valor da garantia É nesse contexto que entra a Lei 8249 de 1992.
prestada, além da perda desta, responderá o contratado
pela sua diferença, que será descontada dos pagamentos
eventualmente devidos pela Administração ou cobrada
judicialmente.
§ 2o As sanções previstas nos incisos I, III e IV deste artigo
poderão ser aplicadas juntamente com a do inciso II,
facultada a defesa prévia do interessado, no respectivo
processo, no prazo de 5 (cinco) dias úteis.
§ 3o A sanção estabelecida no inciso IV deste artigo é de
competência exclusiva do Ministro de Estado, do
Secretário Estadual ou Municipal, conforme o caso,
facultada a defesa do interessado no respectivo
processo, no prazo de 10 (dez) dias da abertura de vista,
podendo a reabilitação ser requerida após 2 (dois) anos
de sua aplicação.
As sanções previstas nos incisos III e IV do artigo anterior
poderão também ser aplicadas às empresas ou aos
profissionais que, em razão dos contratos regidos por
esta Lei:
I - tenham sofrido condenação definitiva por praticarem,
por meios dolosos, fraude fiscal no recolhimento de
quaisquer tributos;

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LEI Nº 8.429, DE 2 DE JUNHO DE 1992. Note-se que O STF julgou, nesta quinta-feira, dia
10 de maio de 2018, o agravo de regimento na Pet 3240,
firmando os seguintes posicionamentos:
i.os agentes políticos, com exceção do presidente da
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos
República, encontram-se sujeitos a um duplo regime
agentes públicos nos casos de
sancionatório, e se submetem tanto à
enriquecimento ilícito no exercício de
responsabilização civil pelos atos de improbidade
mandato, cargo, emprego ou função na
administrativa quanto à responsabilização político-
administração pública direta, indireta ou
administrativa por crimes de responsabilidade;
fundacional e dá outras providências.
ii.compete à Justiça de primeiro grau o julgamento das
ações de improbidade, logo não há foro por prerrogativa
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, Faço saber que o de função em relação a este tipo de ação.
Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
Art. 4° Os agentes públicos de qualquer nível ou
lei:
hierarquia são obrigados a velar pela estrita observância
dos princípios de legalidade, impessoalidade,
CAPÍTULO I moralidade e publicidade no trato dos assuntos que lhe
Das Disposições Gerais são afetos.
Art. 5° Ocorrendo lesão ao patrimônio público por ação
Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer ou omissão, dolosa ou culposa, do agente ou de terceiro,
agente público, servidor ou não, contra a administração dar-se-á o integral ressarcimento do dano.
direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes Art. 6° No caso de enriquecimento ilícito, perderá o
da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos agente público ou terceiro beneficiário os bens ou
Municípios, de Território, de empresa incorporada ao valores acrescidos ao seu patrimônio.
patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao
custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito,
cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, caberá a autoridade administrativa responsável pelo
serão punidos na forma desta lei. inquérito representar ao Ministério Público, para a
Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades indisponibilidade dos bens do indiciado.
desta lei os atos de improbidade praticados contra o Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o
patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o
ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo
como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.
concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por Art. 8° O sucessor daquele que causar lesão ao
cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, patrimônio público ou se enriquecer ilicitamente está
nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do sujeito às cominações desta lei até o limite do valor da
ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. herança.
OBS: Nesse dispositivo, a lei lista os sujeitos passivos nos
atos de improbidade.
CAPÍTULO II
Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta
Dos Atos de Improbidade Administrativa
lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente
ou sem remuneração, por eleição, nomeação, Seção I
designação, contratação ou qualquer outra forma de Dos Atos de Improbidade Administrativa que
investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou Importam Enriquecimento Ilícito
função nas entidades mencionadas no artigo anterior. Art. 9° Constitui ato de improbidade administrativa
Art. 3° As disposições desta lei são aplicáveis, no que importando enriquecimento ilícito auferir qualquer tipo
couber, àquele que, mesmo não sendo agente público, de vantagem patrimonial indevida em razão do exercício
induza ou concorra para a prática do ato de improbidade de cargo, mandato, função, emprego ou atividade nas
ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou entidades mencionadas no art. 1° desta lei, e
indireta. notadamente:
OBS: Aqui, a lei estabelece os sujeitos ativos dos atos de I - receber, para si ou para outrem, dinheiro, bem móvel
improbidade. ou imóvel, ou qualquer outra vantagem econômica,

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direta ou indireta, a título de comissão, percentagem, XII - usar, em proveito próprio, bens, rendas, verbas ou
gratificação ou presente de quem tenha interesse, direto valores integrantes do acervo patrimonial das entidades
ou indireto, que possa ser atingido ou amparado por mencionadas no art. 1° desta lei.
ação ou omissão decorrente das atribuições do agente OBS: Os referidos atos só configuram improbidade se
público; praticados de forma dolosa.
II - perceber vantagem econômica, direta ou indireta,
para facilitar a aquisição, permuta ou locação de bem
Seção II
móvel ou imóvel, ou a contratação de serviços pelas
entidades referidas no art. 1° por preço superior ao valor Dos Atos de Improbidade Administrativa que Causam
de mercado; Prejuízo ao Erário
III - perceber vantagem econômica, direta ou indireta, Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que
para facilitar a alienação, permuta ou locação de bem causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa
público ou o fornecimento de serviço por ente estatal por ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio,
preço inferior ao valor de mercado; apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens
ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e
IV - utilizar, em obra ou serviço particular, veículos,
notadamente:
máquinas, equipamentos ou material de qualquer
natureza, de propriedade ou à disposição de qualquer I - facilitar ou concorrer por qualquer forma para a
das entidades mencionadas no art. 1° desta lei, bem incorporação ao patrimônio particular, de pessoa física
como o trabalho de servidores públicos, empregados ou ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores
terceiros contratados por essas entidades; integrantes do acervo patrimonial das entidades
mencionadas no art. 1º desta lei;
V - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
direta ou indireta, para tolerar a exploração ou a prática II - permitir ou concorrer para que pessoa física ou
de jogos de azar, de lenocínio, de narcotráfico, de jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
contrabando, de usura ou de qualquer outra atividade integrantes do acervo patrimonial das entidades
ilícita, ou aceitar promessa de tal vantagem; mencionadas no art. 1º desta lei, sem a observância das
formalidades legais ou regulamentares aplicáveis à
VI - receber vantagem econômica de qualquer natureza,
espécie;
direta ou indireta, para fazer declaração falsa sobre
medição ou avaliação em obras públicas ou qualquer III - doar à pessoa física ou jurídica bem como ao ente
outro serviço, ou sobre quantidade, peso, medida, despersonalizado, ainda que de fins educativos ou
qualidade ou característica de mercadorias ou bens assistências, bens, rendas, verbas ou valores do
fornecidos a qualquer das entidades mencionadas no art. patrimônio de qualquer das entidades mencionadas no
1º desta lei; art. 1º desta lei, sem observância das formalidades legais
e regulamentares aplicáveis à espécie;
VII - adquirir, para si ou para outrem, no exercício de
mandato, cargo, emprego ou função pública, bens de IV - permitir ou facilitar a alienação, permuta ou locação
qualquer natureza cujo valor seja desproporcional à de bem integrante do patrimônio de qualquer das
evolução do patrimônio ou à renda do agente público; entidades referidas no art. 1º desta lei, ou ainda a
prestação de serviço por parte delas, por preço inferior
VIII - aceitar emprego, comissão ou exercer atividade de
ao de mercado;
consultoria ou assessoramento para pessoa física ou
jurídica que tenha interesse suscetível de ser atingido ou V - permitir ou facilitar a aquisição, permuta ou locação
amparado por ação ou omissão decorrente das de bem ou serviço por preço superior ao de mercado;
atribuições do agente público, durante a atividade; VI - realizar operação financeira sem observância das
IX - perceber vantagem econômica para intermediar a normas legais e regulamentares ou aceitar garantia
liberação ou aplicação de verba pública de qualquer insuficiente ou inidônea;
natureza; VII - conceder benefício administrativo ou fiscal sem a
X - receber vantagem econômica de qualquer natureza, observância das formalidades legais ou regulamentares
direta ou indiretamente, para omitir ato de ofício, aplicáveis à espécie;
providência ou declaração a que esteja obrigado; VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou de
XI - incorporar, por qualquer forma, ao seu patrimônio processo seletivo para celebração de parcerias com
bens, rendas, verbas ou valores integrantes do acervo entidades sem fins lucrativos, ou dispensá-los
patrimonial das entidades mencionadas no art. 1° desta indevidamente; (Redação dada pela Lei nº 13.019, de
lei; 2014) (Vigência)

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- LEI 5.810/94
IX - ordenar ou permitir a realização de despesas não qualquer forma para a sua aplicação irregular. (Incluído
autorizadas em lei ou regulamento; pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
X - agir negligentemente na arrecadação de tributo ou XXI - liberar recursos de parcerias firmadas pela
renda, bem como no que diz respeito à conservação do administração pública com entidades privadas sem a
patrimônio público; estrita observância das normas pertinentes ou influir de
XI - liberar verba pública sem a estrita observância das qualquer forma para a sua aplicação irregular. (Incluído
normas pertinentes ou influir de qualquer forma para a pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
sua aplicação irregular; OBS: Os atos descritos nesse artigo são considerados atos
XII - permitir, facilitar ou concorrer para que terceiro se de improbidade, desde que provada a culpa ou dolo do
enriqueça ilicitamente; agente autor.
XIII - permitir que se utilize, em obra ou serviço
particular, veículos, máquinas, equipamentos ou Seção II-A
material de qualquer natureza, de propriedade ou à (Incluído pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
disposição de qualquer das entidades mencionadas no (Produção de efeito)
art. 1° desta lei, bem como o trabalho de servidor
Dos Atos de Improbidade Administrativa Decorrentes
público, empregados ou terceiros contratados por essas
de Concessão ou Aplicação Indevida de Benefício
entidades.
Financeiro ou Tributário
XIV – celebrar contrato ou outro instrumento que tenha
Art. 10-A. Constitui ato de improbidade administrativa
por objeto a prestação de serviços públicos por meio da
qualquer ação ou omissão para conceder, aplicar ou
gestão associada sem observar as formalidades previstas
manter benefício financeiro ou tributário contrário ao
na lei;(Incluído pela Lei nº 11.107, de 2005)
que dispõem o caput e o § 1º do art. 8º-A da Lei
XV – celebrar contrato de rateio de consórcio público Complementar nº 116, de 31 de julho de 2003. (Incluído
sem suficiente e prévia dotação orçamentária, ou sem pela Lei Complementar nº 157, de 2016) (Produção de
observar as formalidades previstas na lei.(Incluído pela efeito)
Lei nº 11.107, de 2005)
OBS: Veja que o referido dispositivo trouxe uma nova
XVI - facilitar ou concorrer, por qualquer forma, para a espécie de ato de improbidade administrativa, mas que
incorporação, ao patrimônio particular de pessoa física trata especificamente do descumprimento da Lei do
ou jurídica, de bens, rendas, verbas ou valores públicos ISSQN (LC 116/03), em específico no que diz respeito ao
transferidos pela administração pública a entidades caput e § 1º do artigo 8º-A.. Vejamos o que diz esse
privadas mediante celebração de parcerias, sem a artigo, também incluído pela mesma LC 157/16:
observância das formalidades legais ou regulamentares
“Art. 8º-A. A alíquota mínima do Imposto sobre Serviços
aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de
de Qualquer Natureza é de 2% (dois por cento). (Incluído
2014) (Vigência)
pela Lei Complementar 157, de 2016)
XVII - permitir ou concorrer para que pessoa física ou
§ 1º O imposto não será objeto de concessão de isenções,
jurídica privada utilize bens, rendas, verbas ou valores
incentivos ou benefícios tributários ou financeiros,
públicos transferidos pela administração pública a
inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito
entidade privada mediante celebração de parcerias, sem
presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma
a observância das formalidades legais ou regulamentares
que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária
aplicáveis à espécie; (Incluído pela Lei nº 13.019, de
menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima
2014) (Vigência)
estabelecida no caput, exceto para os serviços a que se
XVIII - celebrar parcerias da administração pública com referem os subitens 7.02, 7.05 e 16.01 da lista anexa a
entidades privadas sem a observância das formalidades esta Lei Complementar.”(Incluído pela Lei Complementar
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; (Incluído nº 157, de 2016).
pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
Convém ainda destacar que, conforme prevê o artigo 10-
XIX - agir negligentemente na celebração, fiscalização e A da Lei de improbidade administrativa, recém-criado,
análise das prestações de contas de parcerias firmadas constitui ato de improbidade a ação ou omissão do
pela administração pública com entidades privadas; agente público, ou seja, não incide apenas para os casos
(Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) de concessão de benefícios ou incentivos, mas também
XX - liberar recursos de parcerias firmadas pela para os casos em que, havendo no município tais
administração pública com entidades privadas sem a procedimentos o agente não tome providências para
estrita observância das normas pertinentes ou influir de cessá-lo, o que, nesse caso específico, ficou estipulado

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pela LC 157/16, no seu artigo 6º, um prazo de adaptação OBS 2: Os artigos 9º, 10 e 11 formam um rol
de 1 (um) ano, contado da publicação desta, em que “os exemplificativo de atos de improbidade administrativa
entes federados deverão [...] revogar os dispositivos que
contrariem o disposto no caput e no § 1º do artigo 8º-A
CAPÍTULO III
da LC 116/03”.
Das Penas
Por fim, é importante destacar que embora a Lei
Complementar 157/16 tenha entrado em vigor na data Art. 12. Independentemente das sanções penais, civis e
de sua publicação, conforme previsão do artigo 7º, ou administrativas previstas na legislação específica, está o
seja, em 30/12/2016, conforme ficou definido pelo § 1º responsável pelo ato de improbidade sujeito às
do referido artigo, a previsão constante do caput e dos seguintes cominações, que podem ser aplicadas isolada
§§ 1º e 2º do artigo 8º-A da LC 116/03, bem como do ou cumulativamente, de acordo com a gravidade do
artigo 10-A, do inciso IV do artigo 12 e do § 13 do artigo fato:(Redação dada pela Lei nº 12.120, de 2009).
17, todos da Lei 8.429/92 (Lei de improbidade I - na hipótese do art. 9°, perda dos bens ou valores
administrativa), só passarão a produzir efeitos após o acrescidos ilicitamente ao patrimônio, ressarcimento
decurso do prazo de adaptação, previsto no artigo 6º, integral do dano, quando houver, perda da função
que é de um ano, ou seja, somente após 30/12/2017. pública, suspensão dos direitos políticos de oito a dez
anos, pagamento de multa civil de até três vezes o valor
do acréscimo patrimonial e proibição de contratar com o
Seção III
Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais
Dos Atos de Improbidade Administrativa que Atentam ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
Contra os Princípios da Administração Pública intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
Art. 11. Constitui ato de improbidade administrativa que majoritário, pelo prazo de dez anos;
atenta contra os princípios da administração pública II - na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do
qualquer ação ou omissão que viole os deveres de dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente
honestidade, imparcialidade, legalidade, e lealdade às ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da
instituições, e notadamente: função pública, suspensão dos direitos políticos de cinco
I - praticar ato visando fim proibido em lei ou a oito anos, pagamento de multa civil de até duas vezes
regulamento ou diverso daquele previsto, na regra de o valor do dano e proibição de contratar com o Poder
competência; Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou
II - retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
ofício; intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
majoritário, pelo prazo de cinco anos;
III - revelar fato ou circunstância de que tem ciência em
razão das atribuições e que deva permanecer em III - na hipótese do art. 11, ressarcimento integral do
segredo; dano, se houver, perda da função pública, suspensão dos
direitos políticos de três a cinco anos, pagamento de
IV - negar publicidade aos atos oficiais;
multa civil de até cem vezes o valor da remuneração
V - frustrar a licitude de concurso público; percebida pelo agente e proibição de contratar com o
VI - deixar de prestar contas quando esteja obrigado a Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais
fazê-lo; ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda que por
VII - revelar ou permitir que chegue ao conhecimento de intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio
terceiro, antes da respectiva divulgação oficial, teor de majoritário, pelo prazo de três anos.
medida política ou econômica capaz de afetar o preço de IV - na hipótese prevista no art. 10-A, perda da função
mercadoria, bem ou serviço. pública, suspensão dos direitos políticos de 5 (cinco) a 8
VIII - descumprir as normas relativas à celebração, (oito) anos e multa civil de até 3 (três) vezes o valor do
fiscalização e aprovação de contas de parcerias firmadas benefício financeiro ou tributário concedido. (Incluído
pela administração pública com entidades privadas. pela Lei Complementar nº 157, de 2016)
(Redação dada pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência) Parágrafo único. Na fixação das penas previstas nesta lei
IX - deixar de cumprir a exigência de requisitos de o juiz levará em conta a extensão do dano causado, assim
acessibilidade previstos na legislação.(Incluído pela Lei como o proveito patrimonial obtido pelo agente.
nº 13.146, de 2015) (Vigência)
OBS: Os referidos atos só configuram improbidade se
praticados de forma dolosa.

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- LEI 5.810/94
TABELA DAS PENALIDADES APLICÁVEIS AOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

ATOS QUE CONCESSÃO OU


PUNIÇÃO ENRIQUECIMENTO PREJUÍZO AO ATENTAM CONTRA APLICAÇÃO
ILÍCITO (art. 9º) ERÁRIO (art. OS INDEVIDA DE
10º) PRINCÍPIOS DA BENEFÍCIO
ADM. (art. 11) FINANCEIRO OU
TRIBUTÁRIO
(art. 10–A)

Perda dos bens


ou SIM SIM NÃO
valores
acrescidos
ilicitamente ao
patrimônio

Ressarcimento SIM SIM SIM


integral
do dano

Perda da função SIM SIM SIM SIM


pública

Suspensão dos DE 08 A 10 ANOS DE 05 A 08 ANOS DE 03 A 05 ANOS DE 05 A 8 ANOS


direitos
políticos

Pagamento de até 03 vezes o valor até 02 vezes o até 100 vezes o ATÉ 3 (TRÊS) VEZES O
multa do acréscimo valor valor da VALOR DO BENEFÍCIO
civil patrimonial do dano remuneração FINANCEIRO OU
percebida TRIBUTÁRIO
pelo agente CONCEDIDO

Proibição de
contratar Pelo prazo de 10 anos Pelo prazo de 05 Pelo prazo de 03
com o Poder anos anos
Público ou
receber
benefícios ou
incentivos fiscais
ou
creditícios

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CAPÍTULO IV nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando


de servidor militar, de acordo com os respectivos
Da Declaração de Bens regulamentos disciplinares.
Art. 13. A posse e o exercício de agente público ficam Art. 15. A comissão processante dará conhecimento ao
condicionados à apresentação de declaração dos bens e Ministério Público e ao Tribunal ou Conselho de Contas
valores que compõem o seu patrimônio privado, a fim de da existência de procedimento administrativo para
ser arquivada no serviço de pessoal competente. apurar a prática de ato de improbidade.
(Regulamento) (Regulamento)
Parágrafo único. O Ministério Público ou Tribunal ou
§ 1° A declaração compreenderá imóveis, móveis, Conselho de Contas poderá, a requerimento, designar
semoventes, dinheiro, títulos, ações, e qualquer outra representante para acompanhar o procedimento
espécie de bens e valores patrimoniais, localizado no País administrativo.
ou no exterior, e, quando for o caso, abrangerá os bens
e valores patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade,
filhos e de outras pessoas que vivam sob a dependência a comissão representará ao Ministério Público ou à
econômica do declarante, excluídos apenas os objetos e procuradoria do órgão para que requeira ao juízo
utensílios de uso doméstico. competente a decretação do seqüestro dos bens do
agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou
§ 2º A declaração de bens será anualmente atualizada e causado dano ao patrimônio público.
na data em que o agente público deixar o exercício do
mandato, cargo, emprego ou função. § 1º O pedido de seqüestro será processado de acordo
com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo
§ 3º Será punido com a pena de demissão, a bem do Civil.
serviço público, sem prejuízo de outras sanções cabíveis,
o agente público que se recusar a prestar declaração dos § 2° Quando for o caso, o pedido incluirá a investigação,
bens, dentro do prazo determinado, ou que a prestar o exame e o bloqueio de bens, contas bancárias e
falsa. aplicações financeiras mantidas pelo indiciado no
exterior, nos termos da lei e dos tratados internacionais.
§ 4º O declarante, a seu critério, poderá entregar cópia
da declaração anual de bens apresentada à Delegacia da Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será
Receita Federal na conformidade da legislação do proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica
Imposto sobre a Renda e proventos de qualquer interessada, dentro de trinta dias da efetivação da
natureza, com as necessárias atualizações, para suprir a medida cautelar.
exigência contida no caput e no § 2° deste artigo . § 1º As ações de que trata este artigo admitem a
celebração de acordo de não persecução cível, nos
CAPÍTULO V termos desta Lei.
Do Procedimento Administrativo e do Processo Judicial § 2º A Fazenda Pública, quando for o caso, promoverá as
ações necessárias à complementação do ressarcimento
Art. 14. Qualquer pessoa poderá representar à do patrimônio público.
autoridade administrativa competente para que seja
instaurada investigação destinada a apurar a prática de § 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo
ato de improbidade. Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto
no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965.
§ 1º A representação, que será escrita ou reduzida a (Redação dada pela Lei nº 9.366, de 1996)
termo e assinada, conterá a qualificação do
representante, as informações sobre o fato e sua autoria § 4º O Ministério Público, se não intervir no processo
e a indicação das provas de que tenha conhecimento. como parte, atuará obrigatoriamente, como fiscal da lei,
sob pena de nulidade.
§ 2º A autoridade administrativa rejeitará a
representação, em despacho fundamentado, se esta não § 5o A propositura da ação prevenirá a jurisdição do juízo
contiver as formalidades estabelecidas no § 1º deste para todas as ações posteriormente intentadas que
artigo. A rejeição não impede a representação ao possuam a mesma causa de pedir ou o mesmo objeto.
Ministério Público, nos termos do art. 22 desta lei. (Incluído pela Medida provisória nº 2.180-35, de 2001)
§ 3º Atendidos os requisitos da representação, a § 6o A ação será instruída com documentos ou
autoridade determinará a imediata apuração dos fatos justificação que contenham indícios suficientes da
que, em se tratando de servidores federais, será existência do ato de improbidade ou com razões
processada na forma prevista nos arts. 148 a 182 da Lei fundamentadas da impossibilidade de apresentação de

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- LEI 5.810/94
qualquer dessas provas, observada a legislação vigente, Art. 20. A perda da função pública e a suspensão dos
inclusive as disposições inscritas nos arts. 16 a 18 do direitos políticos só se efetivam com o trânsito em
Código de Processo Civil.(Incluído pela Medida Provisória julgado da sentença condenatória.
nº 2.225-45, de 2001) Parágrafo único. A autoridade judicial ou administrativa
§ 7o Estando a inicial em devida forma, o juiz mandará competente poderá determinar o afastamento do
autuá-la e ordenará a notificação do requerido, para agente público do exercício do cargo, emprego ou
oferecer manifestação por escrito, que poderá ser função, sem prejuízo da remuneração, quando a medida
instruída com documentos e justificações, dentro do se fizer necessária à instrução processual.
prazo de quinze dias.(Incluído pela Medida Provisória nº Art. 21. A aplicação das sanções previstas nesta lei
2.225-45, de 2001) independe:
§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta I - da efetiva ocorrência de dano ao patrimônio público,
dias, em decisão fundamentada, rejeitará a ação, se salvo quanto à pena de ressarcimento; (Redação dada
convencido da inexistência do ato de improbidade, da pela Lei nº 12.120, de 2009).
improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) II - da aprovação ou rejeição das contas pelo órgão de
controle interno ou pelo Tribunal ou Conselho de Contas.
§ 9o Recebida a petição inicial, será o réu citado para
apresentar contestação. (Incluído pela Medida Art. 22. Para apurar qualquer ilícito previsto nesta lei, o
Provisória nº 2.225-45, de 2001) Ministério Público, de ofício, a requerimento de
autoridade administrativa ou mediante representação
§ 10. Da decisão que receber a petição inicial, caberá formulada de acordo com o disposto no art. 14, poderá
agravo de instrumento. (Incluído pela Medida requisitar a instauração de inquérito policial ou
Provisória nº 2.225-45, de 2001) procedimento administrativo.
§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução consensual,
poderão as partes requerer ao juiz a interrupção do
prazo para a contestação, por prazo não superior a 90 CAPÍTULO VII
(noventa) dias. Da Prescrição
§ 11. Em qualquer fase do processo, reconhecida a Art. 23. As ações destinadas a levar a efeitos as sanções
inadequação da ação de improbidade, o juiz extinguirá o previstas nesta lei podem ser propostas:
processo sem julgamento do mérito. (Incluído pela I - até cinco anos após o término do exercício de
Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) mandato, de cargo em comissão ou de função de
§ 12. Aplica-se aos depoimentos ou inquirições confiança;
realizadas nos processos regidos por esta Lei o disposto II - dentro do prazo prescricional previsto em lei
no art. 221, caput e § 1o, do Código de Processo Penal. específica para faltas disciplinares puníveis com
(Incluído pela Medida Provisória nº 2.225-45, de 2001) demissão a bem do serviço público, nos casos de
Art. 18. A sentença que julgar procedente ação civil de exercício de cargo efetivo ou emprego.
reparação de dano ou decretar a perda dos bens havidos III - até cinco anos da data da apresentação à
ilicitamente determinará o pagamento ou a reversão dos administração pública da prestação de contas final pelas
bens, conforme o caso, em favor da pessoa jurídica entidades referidas no parágrafo único do art. 1o desta
prejudicada pelo ilícito. Lei. (Incluído pela Lei nº 13.019, de 2014) (Vigência)
CAPÍTULO VIII
CAPÍTULO VI Das Disposições Finais
Das Disposições Penais Art. 24. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 19. Constitui crime a representação por ato de Art. 25. Ficam revogadas as Leis n°s 3.164, de 1° de junho
improbidade contra agente público ou terceiro de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro de 1958 e demais
beneficiário, quando o autor da denúncia o sabe disposições em contrário.
inocente.
Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171° da
Pena: detenção de seis a dez meses e multa. Independência e 104° da República.
Parágrafo único. Além da sanção penal, o denunciante FERNANDO COLLOR
está sujeito a indenizar o denunciado pelos danos
Célio Borja
materiais, morais ou à imagem que houver provocado.

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LEI DO PROCESSO ADMINISTRATIVO (LEI 9784/99) àquelas estritamente necessárias ao atendimento do


interesse público; (razoabilidade e proporcionalidade)
VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito que
determinarem a decisão; (motivação)
1. Finalidade da lei: Esta Lei estabelece normas básicas
VIII – observância das formalidades essenciais à garantia
sobre o processo administrativo no âmbito da
dos direitos dos administrados; (obediência à forma)
Administração Federal direta e indireta, visando, em
especial, à proteção dos direitos dos administrados e ao IX - adoção de formas simples, suficientes para propiciar
melhor cumprimento dos fins da Administração. adequado grau de certeza, segurança e respeito aos
direitos dos administrados; (formalismo moderado)
OBS: Os preceitos desta Lei também se aplicam aos
órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário da União, X - garantia dos direitos à comunicação, à apresentação
quando no desempenho de função administrativa. de alegações finais, à produção de provas e à
interposição de recursos, nos processos de que possam
resultar sanções e nas situações de litígio; (contraditório
2. Conceitos iniciais: e ampla defesa)
I - órgão - a unidade de atuação integrante da estrutura XI - proibição de cobrança de despesas processuais,
da Administração direta e da estrutura da Administração ressalvadas as previstas em lei; (gratuidade)
indireta;
XII - impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem
II - entidade - a unidade de atuação dotada de prejuízo da atuação dos interessados; (oficialidade)
personalidade jurídica;
XIII - interpretação da norma administrativa da forma
III - autoridade - o servidor ou agente público dotado de que melhor garanta o atendimento do fim público a que
poder de decisão. se dirige, vedada aplicação retroativa de nova
interpretação. (segurança jurídica)

3. Princípios expressos na lei: legalidade, finalidade,


motivação, razoabilidade, proporcionalidade, 4. Direitos dos administrados (particulares) – sem
moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança prejuízo de outros assegurados:
jurídica, interesse público e eficiência.
I - ser tratado com respeito pelas autoridades e
3.1 Aplicação dos princípios aos processos servidores, que deverão facilitar o exercício de seus
administrativos (requisitos a serem observados): direitos e o cumprimento de suas obrigações;
Nos processos administrativos serão observados, entre II - ter ciência da tramitação dos processos
outros, os critérios de: administrativos em que tenha a condição de interessado,
I - atuação conforme a lei e o Direito; (legalidade) ter vista dos autos, obter cópias de documentos neles
contidos e conhecer as decisões proferidas;
II - atendimento a fins de interesse geral, vedada a
renúncia total ou parcial de poderes ou competências, III - formular alegações e apresentar documentos antes
salvo autorização em lei; (indisponibilidade do interesse da decisão, os quais serão objeto de consideração pelo
público) órgão competente;

III - objetividade no atendimento do interesse público, IV - fazer-se assistir, facultativamente, por advogado,
vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; salvo quando obrigatória a representação, por força de
(impessoalidade) lei.

IV - atuação segundo padrões éticos de probidade,


decoro e boa-fé; (moralidade) 5. Deveres dos administrados:
V - divulgação oficial dos atos administrativos, São deveres do administrado perante a Administração,
ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na sem prejuízo de outros previstos em ato normativo:
Constituição; (publicidade)
I - expor os fatos conforme a verdade;
VI - adequação entre meios e fins, vedada a imposição de
II - proceder com lealdade, urbanidade e boa-fé;
obrigações, restrições e sanções em medida superior
III - não agir de modo temerário;

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DIREITO ADMINISTRATIVO
- LEI 5.810/94
IV - prestar as informações que lhe forem solicitadas e 7. Dos interessados
colaborar para o esclarecimento dos fatos.
São legitimados como interessados no processo
administrativo:
6. Início do processo: a pedido ou de ofício. I - pessoas físicas ou jurídicas que o iniciem como
titulares de direitos ou interesses individuais ou no
Quando a pedido é feito pela via de requerimento
exercício do direito de representação;
escrito, a não ser que se admita a solicitação oral. Pode
ser individual ou coletivo, quando os pedidos de uma II - aqueles que, sem terem iniciado o processo, têm
pluralidade de interessados tiverem conteúdo e direitos ou interesses que possam ser afetados pela
fundamentos idênticos, salvo proibição prevista em lei. decisão a ser adotada;
Para facilitar o exercício do direito dos administrados, os III - as organizações e associações representativas, no
órgãos e entidades administrativas deverão elaborar tocante a direitos e interesses coletivos;
modelos ou formulários padronizados para assuntos que
IV - as pessoas ou as associações legalmente constituídas
importem pretensões equivalentes.
quanto a direitos ou interesses difusos.
O requerimento deve conter:
OBS: São capazes, para fins de processo administrativo,
I - órgão ou autoridade administrativa a que se dirige; os maiores de dezoito anos, ressalvada previsão especial
em ato normativo próprio.
II - identificação do interessado ou de quem o
represente;
III - domicílio do requerente ou local para recebimento 8. Da competência
de comunicações;
A competência é irrenunciável e se exerce pelos órgãos
IV - formulação do pedido, com exposição dos fatos e de administrativos a que foi atribuída como própria, salvo
seus fundamentos; os casos de delegação e avocação legalmente admitidos.
V - data e assinatura do requerente ou de seu Um órgão administrativo e seu titular poderão, se não
representante. houver impedimento legal, delegar parte da sua
competência a outros órgãos ou titulares, ainda que
OBS: É vedada à Administração a recusa imotivada de
estes não lhe sejam hierarquicamente subordinados,
recebimento de documentos, devendo o servidor
quando for conveniente, em razão de circunstâncias de
orientar o interessado quanto ao suprimento de
índole técnica, social, econômica, jurídica ou territorial.
eventuais falhas.
Note-se que é possível também a delegação dos órgãos
colegiados aos seus respectivos presidentes.
Sobre a delegação:

É precária (revogável a qualquer tempo pelo delegante)

O ato e sua revogação devem ser publicados por meio oficial

Delegação O ato de delegação especificará as matérias e poderes transferidos, os


limites da atuação do delegado, a duração e os objetivos da delegação e o
recurso cabível, podendo conter ressalva de exercício da atribuição
delegada.

As decisões adotadas por delegação devem mencionar explicitamente esta


qualidade e considerar-se-ão editadas pelo delegado.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

ATENÇÃO: Não podem ser objeto de delegação:


I - a edição de atos de caráter normativo;
II - a decisão de recursos administrativos;
III - as matérias de competência exclusiva do órgão ou autoridade.

Tomada da competência atribuída ao órgão hierarquicamente inferior

Temporária
Avocação

Excepcional

Por motivos relevantes devidamente justificados

OBS1: Os órgãos e entidades administrativas divulgarão Os atos do processo devem ser produzidos por escrito,
publicamente os locais das respectivas sedes e, quando em vernáculo, com a data e o local da sua realização e a
conveniente, a unidade fundacional competente em assinatura da autoridade responsável.
matéria de interesse especial. Salvo imposição legal, o reconhecimento de firma
OBS2: Inexistindo competência legal específica, o somente será exigido quando houver dúvida de
processo administrativo deverá ser iniciado perante a autenticidade.
autoridade de menor grau hierárquico para decidir. A autenticação de documentos exigidos em cópia poderá
9. Impedimentos para atuar no processo: ser feita pelo órgão administrativo.
I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; O processo deverá ter suas páginas numeradas
II - tenha participado ou venha a participar como perito, seqüencialmente e rubricadas.
testemunha ou representante, ou se tais situações
ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e 11.2 Do tempo de produção dos atos do processo:
afins até o terceiro grau; Os atos do processo devem realizar-se em dias
III - esteja litigando judicial ou administrativamente com úteis, no horário normal de funcionamento da repartição
o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. na qual tramitar o processo. Serão concluídos depois do
OBS: A autoridade ou servidor que incorrer em horário normal os atos já iniciados, cujo adiamento
impedimento deve comunicar o fato à autoridade prejudique o curso regular do procedimento ou cause
competente, abstendo-se de atuar. A omissão do dever dano ao interessado ou à Administração.
de comunicar o impedimento constitui falta grave, para ATENÇÃO: Inexistindo disposição específica, os atos do
efeitos disciplinares. órgão ou autoridade responsável pelo processo e dos
administrados que dele participem devem ser praticados
10. Suspeição no prazo de cinco dias, salvo motivo de força maior. Este
Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor prazo previsto neste artigo pode ser dilatado até o
que tenha amizade íntima ou inimizade notória com dobro, mediante comprovada justificação.
algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, 11.3 Do lugar de produção dos atos do processo: Os atos
companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. do processo devem realizar-se preferencialmente na
O indeferimento de alegação de suspeição poderá ser sede do órgão, cientificando-se o interessado se outro
objeto de recurso, sem efeito suspensivo. for o local de realização.

11. Da forma, tempo e lugar dos atos do processo 12. Da comunicação dos atos: O órgão competente
perante o qual tramita o processo administrativo
11.1 Da forma: determinará a intimação do interessado para ciência de
Os atos do processo administrativo não dependem de decisão ou a efetivação de diligências.
forma determinada senão quando a lei expressamente a
exigir.

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OBS: As intimações serão nulas quando feitas sem 13. Da instrução (produção de provas):
observância das prescrições legais, mas o
a) De ofício (por atuação do próprio órgão responsável
comparecimento do administrado supre sua falta ou
pelo processo) ou por atuação do interessado.
irregularidade.
O interessado poderá, na fase instrutória e antes da
O desatendimento da intimação não importa o
tomada da decisão, juntar documentos e pareceres,
reconhecimento da verdade dos fatos, nem a renúncia a
requerer diligências e perícias, bem como aduzir
direito pelo administrado. No prosseguimento do
alegações referentes à matéria objeto do processo.
processo, será garantido direito de ampla defesa ao
interessado. OBS: Quando o interessado declarar que fatos e dados
estão registrados em documentos existentes na própria
Além disso, nem tudo deve ser objeto de intimação,
Administração responsável pelo processo ou em outro
apenas os atos do processo que resultem para o
órgão administrativo, o órgão competente para a
interessado em imposição de deveres, ônus, sanções ou
instrução proverá, de ofício, à obtenção dos documentos
restrição ao exercício de direitos e atividades e os atos de
ou das respectivas cópias.
outra natureza, de seu interesse.
b) O órgão competente para a instrução fará constar dos
autos os dados necessários à decisão do processo.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

c) Os atos de instrução que exijam a atuação dos g) Recusa de provas: Somente poderão ser recusadas,
interessados devem realizar-se do modo menos oneroso mediante decisão fundamentada, as provas propostas
para estes. pelos interessados quando sejam ilícitas, impertinentes,
desnecessárias ou protelatórias.
d) São inadmissíveis no processo administrativo as
provas obtidas por meios ilícitos.
ATENÇÃO: Os elementos probatórios deverão ser
considerados na motivação do relatório e da decisão.
e) Instrumentos de participação dos administrados:
h) Participação de terceiros na produção das provas:
1. Consulta Pública: Quando a matéria do processo
Quando for necessária a prestação de informações ou a
envolver assunto de interesse geral, o órgão competente
apresentação de provas pelos interessados ou terceiros,
poderá, mediante despacho motivado, abrir período de
serão expedidas intimações para esse fim,
consulta pública para manifestação de terceiros, antes
mencionando-se data, prazo, forma e condições de
da decisão do pedido, se não houver prejuízo para a
atendimento.
parte interessada.
OBS: Não sendo atendida a intimação, poderá o órgão
OBS: A abertura da consulta pública será objeto de
competente, se entender relevante a matéria, suprir de
divulgação pelos meios oficiais, a fim de que pessoas
ofício a omissão, não se eximindo de proferir a decisão.
físicas ou jurídicas possam examinar os autos, fixando-se
prazo para oferecimento de alegações escritas. i) Solicitações ao interessado: Quando dados, atuações
ou documentos solicitados ao interessado forem
OBS2: O comparecimento à consulta pública não
necessários à apreciação de pedido formulado, o não
confere, por si, a condição de interessado do processo,
atendimento no prazo fixado pela Administração para a
mas confere o direito de obter da Administração
respectiva apresentação implicará arquivamento do
resposta fundamentada, que poderá ser comum a todas
processo.
as alegações substancialmente iguais.
Os interessados serão intimados de prova ou diligência
ordenada, com antecedência mínima de três dias úteis,
2. Audiência pública: Antes da tomada de decisão, a juízo mencionando-se data, hora e local de realização.
da autoridade, diante da relevância da questão, poderá
j) Pareceres: Quando deva ser obrigatoriamente ouvido
ser realizada audiência pública para debates sobre a
um órgão consultivo, o parecer deverá ser emitido no
matéria do processo.
prazo máximo de quinze dias, salvo norma especial ou
Quando necessária à instrução do processo, a audiência comprovada necessidade de maior prazo.
de outros órgãos ou entidades administrativas poderá
Se um parecer obrigatório e vinculante deixar de ser
ser realizada em reunião conjunta, com a participação de
emitido no prazo fixado, o processo não terá seguimento
titulares ou representantes dos órgãos competentes,
até a respectiva apresentação, responsabilizando-se
lavrando-se a respectiva ata, a ser juntada aos autos.
quem der causa ao atraso.
Se um parecer obrigatório e não vinculante deixar de ser
3. Outros meios: Os órgãos e entidades administrativas, emitido no prazo fixado, o processo poderá ter
em matéria relevante, poderão estabelecer outros meios prosseguimento e ser decidido com sua dispensa, sem
de participação de administrados, diretamente ou por prejuízo da responsabilidade de quem se omitiu no
meio de organizações e associações legalmente atendimento.
reconhecidas.
Quando por disposição de ato normativo devam ser
ATENÇÃO: Os resultados da consulta e audiência pública previamente obtidos laudos técnicos de órgãos
e de outros meios de participação de administrados administrativos e estes não cumprirem o encargo no
deverão ser apresentados com a indicação do prazo assinalado, o órgão responsável pela instrução
procedimento adotado. deverá solicitar laudo técnico de outro órgão dotado de
f) Ônus da prova: Cabe ao interessado a prova dos fatos qualificação e capacidade técnica equivalentes.
que tenha alegado, sem prejuízo do dever atribuído ao k) Manifestação dos interessados: Encerrada a instrução,
órgão competente para a instrução. o interessado terá o direito de manifestar-se no prazo
máximo de dez dias, salvo se outro prazo for legalmente
fixado.

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l) Medidas cautelares: Em caso de risco iminente, a serão parte integrante do ato. (motivação aliunde ou por
Administração Pública poderá motivadamente adotar referência).
providências acauteladoras sem a prévia manifestação OBS1: Na solução de vários assuntos da mesma natureza,
do interessado. pode ser utilizado meio mecânico que reproduza os
m) Direito de vista: Os interessados têm direito à vista do fundamentos das decisões, desde que não prejudique
processo e a obter certidões ou cópias reprográficas dos direito ou garantia dos interessados.
dados e documentos que o integram, ressalvados os OBS2: A motivação das decisões de órgãos colegiados e
dados e documentos de terceiros protegidos por sigilo ou comissões ou de decisões orais constará da respectiva
pelo direito à privacidade, à honra e à imagem. ata ou de termo escrito.
n) Relatório: O órgão de instrução que não for
competente para emitir a decisão final elaborará
relatório indicando o pedido inicial, o conteúdo das fases 16. Da desistência e outros casos de extinção do
do procedimento e formulará proposta de decisão, processo
objetivamente justificada, encaminhando o processo à O interessado poderá, mediante manifestação escrita,
autoridade competente. desistir total ou parcialmente do pedido formulado ou,
ainda, renunciar a direitos disponíveis. Havendo vários
interessados, a desistência ou renúncia atinge somente
14. Do dever de decidir quem a tenha formulado.
A Administração tem o dever de explicitamente emitir OBS: A desistência ou renúncia do interessado, conforme
decisão nos processos administrativos e sobre o caso, não prejudica o prosseguimento do processo, se
solicitações ou reclamações, em matéria de sua a Administração considerar que o interesse público
competência. assim o exige.
Concluída a instrução de processo administrativo, a O órgão competente poderá declarar extinto o processo
Administração tem o prazo de até trinta dias para quando exaurida sua finalidade ou o objeto da decisão
decidir, salvo prorrogação por igual período se tornar impossível, inútil ou prejudicado por fato
expressamente motivada. superveniente.

15. Motivação (exposição escrita dos motivos): 17. Da anulação, revogação e convalidação.
Os atos administrativos deverão ser motivados, com a) Anulação: Considera-se exercício do direito de anular
indicação dos fatos e dos fundamentos jurídicos, qualquer medida de autoridade administrativa que
quando: importe impugnação à validade do ato. A Administração
I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses; deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício
II - imponham ou agravem deveres, encargos ou sanções; de legalidade.

III - decidam processos administrativos de concurso ou ATENÇÃO: O direito da Administração de anular os atos
seleção pública; administrativos de que decorram efeitos favoráveis para
os destinatários decai em cinco anos, contados da data
IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de processo em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. No
licitatório; caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de
V - decidam recursos administrativos; decadência contar-se-á da percepção do primeiro
pagamento.
VI - decorram de reexame de ofício;
b) Revogação: A Administração pode revogar os atos
VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada sobre a
administrativos por motivo de conveniência ou
questão ou discrepem de pareceres, laudos, propostas e
oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
relatórios oficiais;
c) Convalidação: Em decisão na qual se evidencie não
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
acarretarem lesão ao interesse público nem prejuízo a
convalidação de ato administrativo.
terceiros, os atos que apresentarem defeitos sanáveis
ATENÇÃO: A motivação deve ser explícita, clara e poderão ser convalidados pela própria Administração.
congruente, podendo consistir em declaração de
concordância com fundamentos de anteriores pareceres,
informações, decisões ou propostas, que, neste caso,

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DIREITO ADMINISTRATIVO

18. Do recurso administrativo e da revisão

ATENÇÃO: Se o recorrente alegar que a decisão Acolhida pelo Supremo Tribunal Federal a reclamação
administrativa contraria enunciado da súmula fundada em violação de enunciado da súmula
vinculante, caberá à autoridade prolatora da decisão vinculante, dar-se-á ciência à autoridade prolatora e ao
impugnada, se não a reconsiderar, explicitar, antes de órgão competente para o julgamento do recurso, que
encaminhar o recurso à autoridade superior, as razões da deverão adequar as futuras decisões administrativas em
aplicabilidade ou inaplicabilidade da súmula, conforme o casos semelhantes, sob pena de responsabilização
caso. pessoal nas esferas cível, administrativa e penal.

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Considera-se prorrogado o prazo até o primeiro dia útil
Têm legitimidade para interpor recurso administrativo: seguinte se o vencimento cair em dia em que não houver
I - os titulares de direitos e interesses que forem parte expediente ou este for encerrado antes da hora normal.
no processo;
II - aqueles cujos direitos ou interesses forem Os prazos expressos em dias contam-se de modo
indiretamente afetados pela decisão recorrida; contínuo.
III - as organizações e associações representativas, no Os prazos fixados em meses ou anos contam-se de data
tocante a direitos e interesses coletivos; a data. Se no mês do vencimento não houver o dia
IV - os cidadãos ou associações, quanto a direitos ou equivalente àquele do início do prazo, tem-se como
interesses difusos. termo o último dia do mês.
Interposto o recurso, o órgão competente para dele Salvo motivo de força maior devidamente comprovado,
conhecer deverá intimar os demais interessados para os prazos processuais não se suspendem.
que, no prazo de cinco dias úteis, apresentem alegações.
20. Das sanções
As sanções, a serem aplicadas por autoridade
O recurso não será conhecido quando interposto: competente, terão natureza pecuniária ou consistirão
I - fora do prazo; em obrigação de fazer ou de não fazer, assegurado
sempre o direito de defesa.
II - perante órgão incompetente (será indicada ao
recorrente a autoridade competente, sendo-lhe 21. Das disposições finais
devolvido o prazo para recurso); Os processos administrativos específicos continuarão a
III - por quem não seja legitimado; reger-se por lei própria, aplicando-se-lhes apenas
subsidiariamente os preceitos desta Lei.
IV - após exaurida a esfera administrativa.
Terão prioridade na tramitação, em qualquer órgão ou
instância, os procedimentos administrativos em que
ATENÇÃO: O não conhecimento do recurso não impede figure como parte ou interessado:
a Administração de rever de ofício o ato ilegal, desde que I - pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta)
não ocorrida preclusão administrativa. anos;
II - pessoa portadora de deficiência, física ou mental;
O órgão competente para decidir o recurso poderá II - pessoa portadora de tuberculose ativa, esclerose
confirmar, modificar, anular ou revogar, total ou múltipla, neoplasia maligna, hanseníase, paralisia
parcialmente, a decisão recorrida, se a matéria for de sua irreversível e incapacitante, cardiopatia grave, doença de
competência. Caso haja a possibilidade de decorrer Parkinson, espondiloartrose anquilosante, nefropatia
gravame à situação do recorrente, este deverá ser grave, hepatopatia grave, estados avançados da doença
cientificado para que formule suas alegações antes da de Paget (osteíte deformante), contaminação por
decisão. radiação, síndrome de imunodeficiência adquirida, ou
outra doença grave, com base em conclusão da medicina
especializada, mesmo que a doença tenha sido contraída
Os processos administrativos de que resultem sanções
após o início do processo.
poderão ser revistos, a qualquer tempo, a pedido ou de
ofício, quando surgirem fatos novos ou circunstâncias OBS: A pessoa interessada na obtenção do benefício,
relevantes suscetíveis de justificar a inadequação da juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à
sanção aplicada. autoridade administrativa competente, que determinará
as providências a serem cumpridas.
Da revisão do processo não poderá resultar agravamento
da sanção. Deferida a prioridade, os autos receberão identificação
própria que evidencie o regime de tramitação prioritária.

19. Dos prazos


Os prazos começam a correr a partir da data da
cientificação oficial, excluindo-se da contagem o dia do
começo e incluindo-se o do vencimento.

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DIREITO ADMINISTRATIVO

LEI COMPLEMENTAR Nº 8.937, DE 2 DE DEZEMBRO DE socioeducativos, propiciando sua efetiva reintegração


2019 social;
VI - busca da participação e compromisso da sociedade,
com estímulo e facilitação da sua atuação no cotidiano
do Sistema Estadual de Administração Penitenciária
Dispõe sobre a transformação da através do estabelecimento de parcerias;
Superintendência do Sistema Penitenciário
VII - utilização de sistema integrado de informações e de
do Estado do Pará - SUSIPE, em Secretaria
dados disponíveis;
de Estado de Administração Penitenciária -
SEAP, e dá outras providências VIII - acompanhamento da execução penal no âmbito
estadual;
IX - administração da política estadual penitenciária;
A ASSEMBLEIA LEGISLATIVA DO ESTADO DO PARÁ estatui
e eu sanciono a seguinte Lei: X - monitoramento do cumprimento das penas;
XI - ressocialização do reeducando com cidadania;
CAPÍTULO I XII - qualificação e profissionalização do reeducando;
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES XIII - classificação dos reeducandos por níveis de
personalidade, risco periculosidade e resposta à
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a transformação da
ressocialização;
Superintendência do Sistema Penitenciário do Estado do
Pará, criada pela Lei n° 4.713, de 26 de maio de 1977, XIV - implantação, mobilidade e movimentação da
transformada em Autarquia pela Lei nº 6.688, de 13 de população de reeducandos sob a administração do
setembro de 2004, e reestruturada pela Lei nº 8.322, de Sistema Estadual de Administração Penitenciária;
15 de dezembro de 2015, em Secretaria de Estado de
XV - sistematização de monitoramento eletrônico de
Administração Penitenciária – SEAP
reeducandos;
XVI - estimular a inclusão dos egressos do Sistema
CAPÍTULO II Estadual de Administração Penitenciária junto ao
mercado de trabalho.
DO SISTEMA ESTADUAL DE ADMINISTRAÇÃO
PENITENCIÁRIA
Art. 2° O Sistema Estadual de Administração CAPÍTULO III
Penitenciária, atividade permanente do Estado do Pará,
DA NATUREZA E FINALIDADE
essencial à administração penitenciária, constitui-se
pelos estabelecimentos penais e tem por finalidade Art. 4º A Secretaria de Estado de Administração
efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e Penitenciária - SEAP, órgão da Administração Direta do
proporcionar condições para a harmônica integração Poder Executivo, subordinada diretamente ao
social do condenado, do internado e do preso provisório, Governador do Estado do Pará, tem por missão
observando a promoção da cidadania, a dignidade institucional planejar, coordenar, implementar, fi
humana e os direitos e garantias fundamentais. scalizar e executar a custódia, reeducação e reintegração
social de pessoas presas, internadas e egressos, em
Art. 3º São diretrizes do Sistema Estadual de
cumprimento ao disposto na Lei Federal nº 7.210, de 11
Administração Penitenciária do Estado do Pará:
de julho de 1984 – Lei de Execução Penal.
I - formulação da política estadual penitenciária;
II - execução das atividades voltadas para a
CAPÍTULO IV
administração prisional e a identificação penitenciária;
DAS FUNÇÕES BÁSICAS
III - planejamento estratégico e sistêmico;
Art. 5º São funções básicas da Secretaria de Estado de
IV - garantia da execução penal com segurança,
Administração Penitenciária - SEAP:
humanização e proteção aos direitos humanos;
I - propor, implementar e executar a Política
V - promoção da reinserção social do privado de
Penitenciária no Estado, estabelecendo suas diretrizes;
liberdade através de processos laborais e

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DIREITO ADMINISTRATIVO
- LEI 5.810/94
II - cumprir no âmbito de sua competência, a Lei Federal V - Gabinete do Secretário;
nº 7.210, de 11 de julho de 1984 e outros normativos que
VI - Corregedoria Geral Penitenciária:
tratem de execução penal;
a) Corregedoria Penitenciária Metropolitana;
III - gerir o Sistema Estadual de Administração
Penitenciária, manter e administrar por meio de seus b) Corregedoria Penitenciária do Interior.
estabelecimentos penais, a custódia de presos VII - Consultoria Jurídica;
provisórios, condenados e submetidos à medida de
segurança detentiva, em consonância com o disposto em VIII - Núcleo de Comunicação;
sentença ou decisão criminal; IX - Núcleo de Planejamento, Estatística e Orçamento:
IV - normatizar os procedimentos administrativos e a) Gerência de Estatística e Orçamento.
operacionais das unidades prisionais do Sistema Estadual
de Administração Penitenciária, padronizando as rotinas X - Núcleo de Controle Interno;
e processos de trabalho; XI - Núcleo de Tecnologia da Informação;
V - dimensionar e disciplinar a ocupação e a lotação das a) Gerência de Infraestrutura, Atendimento e Suporte
unidades prisionais existentes no Estado; Técnico;
VI - planejar, coordenar, implementar, executar e b) Gerência de Desenvolvimento e Manutenção de
fiscalizar programas, projetos e ações que assegurem os Sistemas.
direitos de pessoas presas, internadas e egressos,
XII - Diretoria de Reinserção Social:
especialmente aqueles relacionados à reintegração
social, ao trabalho, à educação e à saúde; a) Coordenadoria de Educação Prisional:
VII - fomentar e realizar por meio da articulação com a.1) Gerência de Ensino Profi ssionalizante;
instituições de ensino e sociedade civil organizada,
a.2) Gerência de Ensino Acadêmico;
estudos e pesquisas com vistas ao aprimoramento da
execução da política penitenciária em seus vários b) Coordenadoria de Trabalho e Produção:
aspectos; b.1) Gerência de Comercialização;
VIII - promover a articulação e a integração da Secretaria b.2) Gerência de Pecúnia;
de Estado de Administração Penitenciária com os demais
órgãos do Sistema Nacional de Segurança Pública, c) Coordenadoria de Assistência ao Egresso e Família.
Sistema de Justiça Criminal e entidades voltadas à XIII - Diretoria de Assistência Biopsicossocial:
recuperação social de pessoas presas;
a) Coordenadoria de Saúde Prisional:
IX - desenvolver protocolos de classifi cação de pessoas
presas, com vistas a individualizar a custódia cautelar e a a.1) Gerência de Saúde Física e Mental;
execução da pena, de forma a promover o tratamento a.2) Gerência de Biomedicina.
penitenciário adequado;
b) Coordenadoria de Assistência Social.
X - elaborar planos de aplicação do Fundo Penitenciário
e promover sua execução. XIV - Diretoria de Execução Criminal:
a) Coordenadoria de Procedimento de Custódia;

CAPÍTULO V b) Coordenadoria de Presos Sentenciados;

DA ESTRUTURA BÁSICA c) Coordenadoria de Controle e Arquivo Penitenciário.

Art. 6º A estrutura básica da Secretaria de Estado de XV - Diretoria de Administração Penitenciária:


Administração Penitenciária - SEAP, possui a seguinte a) Coordenadoria de Estatística Prisional;
composição:
b) Coordenadoria de Unidades Metropolitanas;
I - Conselho Penitenciário;
c) Coordenadoria de Unidades do Interior;
II - Conselho de Política Criminal e Penitenciária;
d) Unidades Prisionais:
III - Secretário de Estado de Administração Penitenciária;
d.1) Coordenadoria Administrativa de Unidade Prisional;
IV - Secretário Adjunto;
d.2) Coordenadoria de Segurança de Unidade Prisional;

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DIREITO ADMINISTRATIVO

d.3) Gerência Administrativa de Unidade Prisional; Secretaria de Estado de Administração Penitenciária, é


órgão consultivo e fiscalizador da execução da pena,
d.4) Gerência de Segurança de Unidade Prisional.
constituído por sete membros efetivos e igual número de
XVI - Escola de Administração Penitenciária: suplentes, da seguinte forma:
a) Coordenadoria de Educação em Serviços Penais; I – um representante da Secretaria de Administração
b) Coordenadoria de Planejamento e Pesquisa; Penitenciária;

c) Coordenadoria de Apoio Pedagógico. II - um representante da Procuradoria Regional da


República;
XVII - Diretoria de Logística, Patrimônio e Infraestrutura:
III - um representante do Ministério Público do Estado;
a) Coordenadoria de Transporte;
IV - um representante da Defensoria Pública do Estado;
b) Coordenadoria de Engenharia e Arquitetura:
V - um representante da Ordem dos Advogados do Brasil,
b.1) Gerência de Serviços Gerais. Seção Pará;
c ) Coordenadoria de Material, Patrimônio e VI - um representante da Secretaria de Estado de
Documentação: Segurança Pública e Defesa Social;
c.1) Gerência de Compras; VII - um representante escolhido dentre professores e
c.2) Gerência de Almoxarifado; profi ssionais da área do Direito Penal, Processual Penal,
Penitenciário e ciências afi ns;
c.3) Gerência de Patrimônio;
VIII - um representante da Defensoria Pública da União;
c.4) Gerência de Arquivo Geral e Protocolo.
IX - um representante do Conselho Regional de
XVIII - Diretoria de Administração de Recursos: Medicina;
a) Coordenadoria de Recursos Financeiros. X - um representante do Conselho Regional de
XIX - Diretoria de Gestão de Pessoas: Psicologia;
a) Coordenadoria de Assistência e Valorização do XI - um representante da Assembleia Legislativa do
Servidor; Estado do Pará;
b) Coordenadoria de Recursos Humanos: XII - um representante do Poder Judiciário, das Varas de
Execução Penal.
b.1) Gerência de Folha de Pagamento.
§ 1º Os membros serão nomeados pelo Governador do
XX - Diretoria de Licitação, Contratos e Convênios:
Estado do Pará para um mandato de quatro anos.
a) Coordenadoria de Convênios;
§ 2º VETADO.
b) Coordenadoria de Contratos;
§ 3º O Presidente do Conselho será escolhido e nomeado
c) Coordenadoria de Lici tação. pelo Governador do Estado, dentre os Conselheiros
efetivos.
Parágrafo único. O detalhamento das competências das
unidades administrativas e o organograma da SEAP será Art. 8º Compete ao Conselho Penitenciário:
estabelecido em Regimento Interno homologado por ato
I - emitir parecer sobre livramento condicional, indulto e
do Chefe do Poder Executivo.
comutação de pena;
II - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena,
CAPÍTULO VI excetuada a hipótese de pedido de indulto com base no
estado de saúde do preso;
DOS ÓRGÃOS DE ATUAÇÃO COLEGIADA
III - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais;
SEÇÃO I
IV - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano,
CONSELHO PENITENCIÁRIO
ao Conselho Estadual de Política Criminal e Penitenciária,
Art. 7º O Conselho Penitenciário, criado pela Lei nº 2.517, relatório dos trabalhos efetuados no exercício anterior;
de 9 de novembro de 1925 e regulamentado pelo
V - supervisionar os patronatos, bem como a assistência
Decreto 418, de 4 de novembro de 1979, vinculado à
aos egressos.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
- LEI 5.810/94
Parágrafo único. As normas de funcionamento do V - elaborar programa nacional penitenciário de
Conselho Penitenciário e o detalhamento de suas formação e aperfeiçoamento do servidor;
atribuições devem ser fixadas em seu Regimento
VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e construção
Interno, homologado por ato do Chefe do Poder
de estabelecimentos penais e casas de albergados;
Executivo.
VII - estabelecer os critérios para a elaboração da
estatística criminal;
Seção II
VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos penais,
Do Conselho Estadual de Política Criminal e bem como informar-se, mediante relatórios do Conselho
Penitenciária Penitenciário, requisições, visitas ou outros meios,
acerca do desenvolvimento da execução penal no Estado
Art. 9º O Conselho Estadual de Política Criminal e
do Pará, propondo às autoridades dela incumbida às
Penitenciária, instituído pelo Decreto nº 4.853, de 28 de
medidas necessárias ao seu aprimoramento;
maio de 1987, vinculado à Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária, é órgão consultivo, IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade
constituído por 12 (doze) membros e igual número de administrativa para instauração de sindicância ou
suplentes da seguinte forma: procedimento administrativo, em caso de violação das
normas referentes à execução penal;
I - Secretário de Estado de Administração Penitenciária,
que o presidirá; X - representar à autoridade competente para a
interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento
II - um representante da Defensoria Pública da União;
penal.
III - um representante da Secretaria de Estado de
§ 2º Os membros serão nomeados pelo Governador do
Segurança Pública e Defesa Social;
Estado do Pará para um mandato de dois anos.
IV - um representante da Secretaria de Estado de
§ 3º VETADO.
Assistência, Social, Trabalho, Emprego e Renda;
§ 4º As normas de funcionamento do Conselho Estadual
V - um representante da Fundação de Atendimento
de Política Criminal e Penitenciária e o detalhamento de
Socioeducativo do Pará;
suas atribuições devem ser fixadas em seu Regimento
VI - um representante do Ministério Público Estadual; Interno, homologado por decreto do Chefe do Poder
VII - um representante da Defensoria Pública do Estado; Executivo.

VIII - um representante da Ordem dos Advogados do


Brasil - Seção do Pará - OAB-Pa; CAPÍTULO VII
IX - dois Professores universitários das áreas de Direito DAS COMPETÊNCIAS DAS UNIDADES
Penal Processual Penal, Penitenciário ou ciências ADMINISTRATIVAS
correlatas;
Art. 10. São competências das unidades de atuação
X - dois membros representativos da comunidade. estratégica da Secretaria de Estado de Administração
§ 1° Ao Conselho Estadual de Política Criminal e Penitenciária - SEAP:
Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âmbito I - Gabinete do Secretário: assistir ao titular da Secretaria
federal ou estadual, incumbe: e executar todas as atividades administrativas e de
I - propor diretrizes da política criminal quanto à assessoramento direto e imediato ao titular;
prevenção do delito, administração da Justiça Criminal e II - Corregedoria Geral Penitenciária: apurar e investigar,
execução das penas e das medidas de segurança; no âmbito da Secretaria, fatos passíveis de
II - contribuir na elaboração de planos nacionais de irregularidades, realizar inspeções, controles, correições,
desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da instaurar procedimentos, requisitar informações,
política criminal e penitenciária; constituir comissões, propor e sugerir medidas
necessárias a apuração de eventual responsabilidade
III - promover a avaliação periódica do sistema criminal funcional;
para a sua adequação às necessidades do Estado do Pará;
III - Consultoria Jurídica: prestar assessoria jurídica,
IV - estimular e promover a pesquisa criminológica; analisar e emitir parecer sobre os aspectos formais e
legais, elaborar ou analisar minutas de projetos de lei,

70
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DIREITO ADMINISTRATIVO

atos administrativos e outros instrumentos jurídicos f) a atividade religiosa;


congêneres de interesse da Secretaria;
g) a oferta de atividade laboral;
IV - Núcleo de Comunicação: executar, em consonância
h) recreação e prática desportiva.
com as diretrizes e normas estabelecidas pelo Governo
do Estado, às atividades de comunicação social, XI - Hospital Geral Penitenciário: a custódia dos
compreendendo imprensa, publicidade, propaganda, inimputáveis e semi-imputáveis, na forma dos arts. 99 a
relações públicas e promoção de eventos da Secretaria; 101 da Lei nº 7.210, de 1984, Lei de Execução Penal;
V - Núcleo de Planejamento, Estatística e Orçamento: XII - Diretoria de Reinserção Social: planejar, coordenar,
orientar, coordenar e supervisionar a elaboração do supervisionar, executar, monitorar, promover, fomentar
planejamento estratégico da Secretaria em articulação e avaliar as atividades de assistência ao egresso e família,
com as unidades que a integram, bem como orientar e dar educação prisional e laboral à pessoa presa e
acompanhar as unidades administrativas nos trabalhos internada do Sistema Estadual de Administração
de elaboração e consolidação do orçamento e de dados Penitenciária;
estatísticos, dos planos, programas e atividades em XIII - Escola de Administração Penitenciária: planejar,
consonância com o planejamento estratégico da coordenar, desenvolver e executar, direta ou
Secretaria; VI - Núcleo de Controle Interno: executar e indiretamente, os programas de formação e capacitação
controlar, em consonância com as normas da Auditoria- continuada dos servidores, programas e projetos de
Geral do Estado e outras afetas a matéria, as atividades pesquisa no âmbito da instituição, bem como a
de controle interno no âmbito da SEAP; articulação e o intercâmbio com organismos e
VII - Núcleo de Tecnologia da Informação: planejar, instituições congêneres;
controlar e executar ações de desenvolvimento e XIV - Diretoria de Assistência Biopsicossocial: planejar,
suporte de sistemas, administração de banco de dados e coordenar, executar, supervisionar, monitorar,
de redes e atendimento ao usuário no âmbito interno da promover e avaliar as atividades de assistência
Secretaria; VIII - Diretoria de Execução Criminal: planejar, biopsicossocial e de promoção à saúde e prevenção de
controlar, desenvolver, implementar, coordenar, doenças de pessoas presas e internadas no Sistema
supervisionar, promover e avaliar as atividades Estadual de Administração Penitenciária;
administrativas de execução criminal de pessoas presas
e internadas no Sistema Estadual de Administração XV - Diretoria de Logística, Patrimônio e Infraestrutura
Penitenciária; compete, planejar, elaborar, supervisionar, analisar,
executar, monitorar, acompanhar, e avaliar as atividades
IX - Diretoria de Administração Penitenciária: planejar, voltadas para a gestão dos recursos materiais e
coordenar, desenvolver, promover, supervisionar, patrimoniais, transporte, serviços gerais, documentação,
monitorar e avaliar todas as atividades relacionadas à arquivo, protocolo, engenharia e arquitetura, bem como
inclusão, classificação, custódia, remoção de pessoa manutenção das instalações físicas da Secretaria;
presa ou internada nas unidades prisionais da região
metropolitana e do interior do Estado, e à estratifi cação XVI - Diretoria de Administração de Recursos: planejar,
de dados da população carcerária, com observância da elaborar, desenvolver, implementar, coordenar,
legislação vigente e dos princípios e valores referentes à acompanhar, executar, controlar, supervisionar e avaliar
dignidade da pessoa humana; as atividades da área de fi nanças da Secretaria;

X - Unidades Prisionais: a custódia do preso condenado, XVII - Diretoria de Gestão de Pessoas: planejar,
do submetido à medida de segurança e do preso desenvolver, implementar, coordenar, acompanhar,
provisório, devendo contar em suas dependências, de executar, supervisionar, promover e avaliar as atividades
acordo com sua natureza e capacidade, com áreas e de gestão de pessoas, assistência e valorização do
serviços destinados a promover: servidor da Secretaria;

a) assistência material; XVIII - Diretoria de Licitações, Contratos e Convênios:


planejar, elaborar, controlar, supervisionar e promover
b) assistência à saúde; as licitações em geral, bem como a gestão dos contratos,
c) assistência jurídica; convênios, termos de parceria, termos de cooperação e
outros instrumentos congêneres.
d) a oferta de atividade educacional;
e) assistência social;

71
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DIREITO ADMINISTRATIVO
- LEI 5.810/94
CAPÍTULO VIII Art. 15. Fica alterada a denominação dos cargos de
Técnico em Administração e Finanças, para Técnico de
DAS ATRIBUIÇÕES
Gestão Pública, respeitadas as diversas graduações.
Art. 11. Ao Secretário, além das competências previstas
Art. 16. Os cargos de Agentes Prisionais, ocupados e
na Constituição do Estado do Pará, cabem as seguintes
vagos, criados pela Lei nº 8.322, de 14 de dezembro de
atribuições:
2015, fi cam transformados em Agentes Penitenciários.
I - auxiliar o Governador do Estado no exercício da
Art. 17. A Gratifi cação de Risco de Vida, criada pela Lei
direção superior da Administração Penitenciária do
nº 6.688, de 13 de setembro de 2004, tem por fi m
Estado do Pará;
remunerar o servidor do quadro de pessoal da SEAP, em
II - exercer a administração da Secretaria de Estado de razão do risco à integridade física que a natureza do
Administração Penitenciária, praticando todos os atos trabalho e o desempenho de suas atividades exijam,
necessários ao cumprimento da sua missão institucional. sejam estas exercidas de maneira frequente, direta ou
Art. 12. Ao Secretário Adjunto, cabem as seguintes indiretamente pelo servidor, no percentual de 60%
atribuições: (sessenta por cento).

I - substituir o Secretário nas suas faltas e impedimentos; § 1º A gratificação de que trata o caput deste artigo será
concedida ao servidor cedido para exercer suas
II - auxiliar diretamente o Secretário no desempenho de atividades na Secretaria, enquanto perdurar a cessão.
suas atribuições;
§ 2º É vedada a percepção da Gratifi cação de Risco de
III - exercer no âmbito de sua competência as atribuições Vida ao servidor integrante do quadro de pessoal da
delegadas pelo Secretário de Estado de Administração SEAP, que se encontrar na condição de cedido para
Penitenciária; outros órgãos/entidades.
IV - submeter à apreciação do Secretário os assuntos que § 3º Por meio de Ato do Chefe do Poder Executivo, o
excedam a sua competência. percentual da gratificação a que se refere o caput poderá
ser majorada para até 100% (cem por cento) do
vencimento-base do cargo/função dos servidores
CAPÍTULO IX lotados nas unidades prisionais, incluído os cargos em
DO QUADRO DE PESSOAL comissão, observados os limites impostos pela Lei de
Responsabilidade Fiscal.
Seção I
Art. 18. O servidor ocupante do cargo de Agente
Das Disposições Gerais
Penitenciário faz jus à Gratifi cação de Tempo Integral,
Art. 13. O quadro de pessoal da Secretaria de Estado de no percentual de 70% (setenta por cento) incidente
Administração Penitenciária, é constituído pelos cargos sobre o vencimento-base.
de provimento efetivo, ocupados e vagos, e de cargos
Parágrafo único. O servidor ocupante do cargo de Agente
comissionados e funções gratifi cadas, oriundos da
Penitenciário, cumprirão sua jornada diária em regime
SUSIPE.
de tempo integral, que ocorrerá através de escala de
serviço, defi nida periodicamente, por ato do Secretário
de Estado de Administração Penitenciária.
SEÇÃO II
Art. 19. O regime de plantão de que trata a Lei nº 6.106,
DO QUADRO DE PESSOAL DE PROVIMENTO EFETIVO
de 14 de janeiro de 1998, será adotado nas unidades
Art. 14. O Quadro de cargo de provimento efetivo da prisionais e central de controle prisional para
SEAP está previsto no Anexo I desta Lei. cargo/função de Agente Penitenciário, Técnico em
§ 1º As atribuições e os requisitos gerais para provimento Gestão Penitenciária e Técnico de Enfermagem que
dos cargos de que trata o caput deste artigo estão exerçam suas atividades profi ssionais fora do seu
previstos no Anexo II desta Lei. expediente normal de trabalho.

§ 2º Ficam em quadro suplementar os cargos vagos e § 1º O regime de plantão, que trata o caput deste artigo,
ocupados de provimento efetivo e as funções a ser aplicado na SEAP, será no mínimo de 6 (seis) e no
permanentes da SUSIPE, que não se ajustarem ao máximo de 12 (doze) horas, de acordo com a
previsto nos Anexos I e II desta Lei. necessidade de serviço.

72
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DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º Os valores da Gratificação de Plantão serão de R$ SEAP, podendo a qualquer tempo ser dispensado da
99,25 (noventa e nove reais e vinte e cinco centavos) função, quando cessará o seu pagamento.
para 6 (seis) horas e de R$ 198,50 (cento e noventa e oito
reais e cinquenta centavos) para 12 (doze) horas,
reajustável no mesmo índice de reajuste geral aplicado Seção III
aos servidores públicos do Poder Executivo Estadual e Dos Cargos de Provimento em Comissão
não incorporará à remuneração e aos proventos de
aposentadoria. Art. 22. O Quadro de Cargos de Provimento em Comissão
da Secretaria de Estado de Administração Penitenciária,
§ 3º Somente será permitido o limite máximo mensal de com denominação, quantidade, código e padrão, passa a
8 (oito) plantões, por servidor. ser o constante no Anexo III desta Lei.
§ 4º Os servidores ocupantes de cargo em comissão ou § 1º Ficam transformados, sem alteração do padrão
designados para exercer função gratifi cada não farão jus remuneratório, os cargos em comissão, oriundos da
à percepção da Gratifi cação de Plantão. SUSIPE, de Procurador-Chefe, padrão GEP-DAS-011.5,
§ 5º As escalas de plantão serão organizadas em estreita para Coordenador da Consultoria Jurídica, padrão
observância às necessidades de serviço, sem prejuízo da GEPDAS-011.5, de Assessor de Comunicação Social, GEP-
jornada de trabalho e aprovadas pelo Secretário de DAS-012.4, para Coordenador do Núcleo de
Estado de Administração Penitenciária. Comunicação, padrão GEP-DAS-011.4, que passam a
integrar o Anexo III desta Lei.
Art. 20. A Gratificação de Supervisão de Equipe
Penitenciária - GSEP, criada pela Lei nº 8.322, de 14 de § 2º Os atuais ocupantes dos cargos em comissão,
dezembro de 2015, tem a finalidade de remunerar o oriundos da SUSIPE, terão seus atos de nomeação
servidor ocupante de cargo/função de Agente apostilados de acordo com o quadro de cargos em
Penitenciário designado para o exercício da função de comissão da SEAP, previsto no Anexo III desta Lei.
supervisionar as equipes de Agente Penitenciário, nas § 3º Os ocupantes dos cargos de provimento em
unidades prisionais do Estado, no valor de R$ 487,19 comissão de Diretor da Unidade Prisional, deverão
(quatrocentos e oitenta e sete reais e dezenove satisfazer os seguintes requisitos:
centavos) reajustável no mesmo índice de reajuste geral
aplicado aos servidores públicos do Poder Executivo I - portador de certificado de curso superior ou diploma
Estadual e não incorporará aos proventos de de graduação de nível superior para os cargos de
aposentadoria. código/padrão GEP-DAS-011.5 e GEPDAS-011.4;

Parágrafo único. A Gratificação de Supervisão de Equipe II - comprovada experiência na área de segurança;


Penitenciária (GSEP) será concedida ao servidor por ato III - possuir bons antecedentes cíveis e criminais;
específico do Secretário da SEAP, podendo a qualquer
tempo ser dispensado da função, quando cessará o seu IV - não ter sido condenado em processo administrativo
pagamento. disciplinar;

Art. 21. A Gratificação de Supervisão de Serviços Técnicos V - ter sido aprovado em pesquisa social.
Penitenciários (GSTP), criada pela Lei nº 8.322, de 14 de
dezembro de 2015, tem a finalidade de remunerar o
Seção IV
servidor a chefiar os serviços técnicos nas unidades
prisionais do Estado, no valor de R$ 487,19 Do Ingresso
(quatrocentos e oitenta e sete reais e dezenove
Art. 23. O ingresso nos cargos de provimento efetivo do
centavos) reajustável no mesmo índice de reajuste geral
quadro de pessoal da SEAP dar-se-á mediante prévia
aplicado aos servidores públicos do Poder Executivo
aprovação em concurso público de provas ou de provas
Estadual e não incorporará aos proventos de
e títulos, atendidas as peculiaridades do cargo, o qual
aposentadoria.
poderá ser regionalizado.
Parágrafo único. A Gratificação de Supervisão de Serviços
§ 1º Para o cargo de Agente Penitenciário, além das
Técnicos Penitenciários (GSTP) será concedida ao
etapas referidas no caput deste artigo, o concurso
servidor ocupante de cargo/ função, responsável nas
compreenderá ainda as seguintes etapas: a realização de
unidades prisionais pelos serviços de Reinserção Social,
exames de habilidades e conhecimentos, de avaliação
Assistência Biopsicossocial, Controle de Prontuários e
psicológica, de exame médico, de prova de aptidão física,
Manutenção Predial, por ato específico do Secretário da

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DIREITO ADMINISTRATIVO
- LEI 5.810/94
de investigação de antecedentes pessoais e de curso de § 2º A classificação final do candidato no concurso
formação profi ssional. público será a resultante da média geral das disciplinas
do Curso de Formação Profissional, de que tratam os §
§ 2º Poderão ser reservadas até 30% (trinta por cento)
2º e § 3º do art. 30 desta Lei, sendo rigorosamente
do total de vagas ofertadas para o cargo de provimento
obedecida para fins de lotação.
efetivo de Agente Penitenciário, aos candidatos do sexo
feminino, em razão da necessidade de atuação nas ações Art. 25. O exame de habilidades e conhecimentos será
de revista no controle de acesso das unidades prisionais aferido por meio da aplicação de prova objetiva, com
e ainda, em atendimento às disposições constantes do conteúdo a ser definido em edital de concurso, e prova
art. 77, § 2º, da Lei Federal nº 7.210, de 11 de julho de discursiva, que consistirá na elaboração de texto
1984 – Lei de Execução Penal. narrativo, dissertativo e/ou descritivo.
§ 3º É vedado o ingresso no cargo de provimento efetivo § 1º Será considerado classificado para a etapa seguinte
de Agente Penitenciário de candidato portador de do concurso o candidato que obtiver aproveitamento
necessidades especiais, em virtude das atribuições e igual ou superior a 50% (cinquenta por cento) da prova
especificidades do cargo, de acordo com o art. 39 inciso objetiva e 40% (quarenta por cento) da prova subjetiva e
II, do Decreto Federal nº 3.298, de 20 de dezembro de limites quantitativos estabelecidos em edital de
1999, que regulamenta a Lei Federal nº 7.853, de 24 de concurso.
outubro de 1989.
§ 2º Em caso de empate na primeira etapa do concurso,
Art. 24. O concurso público de que trata o art. 23, será terá preferência o candidato:
constituído de duas fases, observadas as peculiaridades
I - com idade igual ou superior a sessenta anos, nos
do cargo de provimento efetivo a que concorre o
termos da Lei Federal nº 10.741, de 2003 (Estatuto do
candidato:
Idoso);
I - a primeira fase será composta das seguintes etapas,
II - maior nota na prova objetiva;
assim definidas:
III - maior nota na prova discursiva.
a) exame de habilidades e conhecimentos aferidos por
meio de aplicação de prova objetiva e de prova Art. 26. A avaliação psicológica consistirá na aplicação de
discursiva, de caráter eliminatório e classifi catório; procedimentos objetivos e científicos, a fim de
identificar no candidato a aptidão para o exercício do
b) avaliação psicológica, de caráter eliminatório;
cargo de provimento efetivo a que concorre, observando
c) exame médico, de caráter eliminatório; o disposto na Resolução do Conselho Federal de
Psicologia (CFP) n° 01/2002.
d) prova de aptidão física, de caráter eliminatório,
somente para o cargo de Agente Penitenciário; § 1º A avaliação de que trata o caput deste artigo será
realizada mediante o emprego de um conjunto de
e) investigação social para verifi cação de antecedentes
instrumentos e técnicas científicas que propiciem um
pessoais, de caráter eliminatório, observado o disposto
diagnóstico a respeito do desempenho do candidato ao
no art. 29 desta Lei;
cargo de provimento efetivo pretendido e sobre as
f) avaliação de títulos, de caráter classificatório, para os condições psicológicas para o porte e uso de arma de
cargos de nível superior, sendo, porém, facultada a sua fogo para o candidato ao cargo de provimento efetivo de
exigência. Agente Penitenciário.
II - a segunda fase será a etapa concernente à realização § 2º Na avaliação psicológica serão utilizados
do curso de formação profissional, de caráter instrumentos definidos de acordo com o perfil
eliminatório e classificatório para o provimento dos profissiográfico exigido ao candidato, a qual será
cargos de Agente Penitenciário. composta das seguintes fases:
§ 1° Será considerado aprovado no concurso público, I - aplicação coletiva ou individual dos testes de
após a realização da primeira fase, o candidato que personalidade, de inteligência e de habilidades
atender aos requisitos de carga horária, frequência e específicas;
nota mínima exigidos no Curso de Formação Profissional,
II - entrevista individual e/ou dinâmica de grupo.
em conformidade com os parâmetros estabelecidos no
art. 30 desta Lei. § 3º Por ocasião da avaliação psicológica a que se refere
o caput deste artigo serão observados os seguintes
requisitos psicológicos:

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I - inteligência, no mínimo, mediana; § 2º O candidato submetido à avaliação médica deverá


apresentar à junta médica os exames complementares
II - controle e equilíbrio emocional;
(médicos e laboratoriais).
III - atenção, percepção e memória;
§ 3º A junta médica poderá solicitar ainda, a realização
IV - resistência à pressão e frustração; de outros exames laboratoriais e complementares, além
V - agressividade controlada; dos previstos, para fins de elucidação diagnóstica.

VI - facilidade de se relacionar e de se comunicar; § 4º O candidato deverá providenciar, às suas expensas,


os exames complementares (médicos e laboratoriais)
VII - iniciativa e dinamismo; necessários.
VIII - controle da ansiedade e da impulsividade. § 5º Os exames laboratoriais e médicos apresentados
§ 4º Para efeito de aferição dos requisitos psicológicos serão avaliados pelas juntas médicas, em
tratados no caput deste artigo serão consideradas as complementação à avaliação clínica.
seguintes características: § 6º As juntas médicas, após a análise da avaliação clínica
I - prejudiciais: controle emocional inadequado, e dos exames complementares (médicos e laboratoriais)
tendência depressiva, impulsividade inadequada, dos candidatos, emitirão parecer conclusivo da aptidão
agressividade inadequada, inteligência abaixo da média; ou inaptidão de cada um.

II - indesejáveis: capacidade de análise, síntese e Art. 28. A prova de aptidão física consistirá na aplicação
julgamento inadequados, resistência à frustração de testes físicos que o candidato se submeterá, cujas
inadequada e flexibilidade inadequada; modalidades e métodos de aferição exigidos serão defi
nidos por meio de ato do Secretário de Estado de
III - restritivas: sociabilidade inadequada, maturidade Administração Penitenciária, com base em fundamentos
inadequada, tenção, percepção e memória com técnicos e constarão das normas editalícias do concurso
percentuais inferiores. público. Parágrafo único. Será considerado apto o
§ 5º Será considerado inapto o candidato que incorrer candidato que cumprir com êxito os tempos, repetições
em um dos critérios abaixo estabelecidos: e distâncias mínimas exigidas para os exercícios
aplicados, de acordo com as regras e os procedimentos
I - quatro características prejudiciais;
estabelecidos.
II - três características prejudiciais e duas indesejáveis;
Art. 29. A investigação social para verificação dos
III - duas características prejudiciais, duas indesejáveis e antecedentes pessoais do candidato dar-se-á durante
uma restritiva; todo o transcurso do concurso, incluindo primeira e
segunda fases, por meio de investigação no âmbito
IV - três características indesejáveis;
social, funcional, civil e criminal, a fim de buscar os
V - duas características prejudiciais, uma indesejável elementos que demonstrem possuir idoneidade moral e
e/ou uma restritiva; conduta ilibada, imprescindíveis para o exercício das
VI - duas características indesejáveis e duas restritivas; atribuições inerentes ao cargo de provimento efetivo a
que concorre.
VII - uma prejudicial, duas indesejáveis e uma restritiva.
Parágrafo único. Deverá ser constituída comissão para
§ 6º Será considerado apto o candidato que, submetido fins de avaliação dos dados apurados na investigação de
a todas as etapas da avaliação psicológica, não se que trata o caput deste artigo, a qual considerará apto
enquadrar em nenhum dos critérios defi nidos no § 5º ou inapto o candidato.
deste artigo.
Art. 30. O Curso de Formação Profissional será regido por
Art. 27. A avaliação médica consiste em aferir se o normas e regras definidas em ato do Secretário de
candidato goza de boa saúde física e psíquica para Estado de Administração Penitenciária, publicadas no
suportar os exercícios a que será submetido durante o Diário Oficial do Estado, onde constarão informações
Curso de Formação Profissional e para desempenhar as referentes à grade curricular, carga horária, regime
tarefas típicas da categoria funcional. disciplinar, critérios de frequência e assiduidade,
§ 1º A avaliação médica será composta de avaliação critérios de avaliação, critérios de classificação, entre
clínica, realizada por junta médica e de exames outras.
complementares (médicos e laboratoriais).

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DIREITO ADMINISTRATIVO
- LEI 5.810/94
§ 1º A carga horária do Curso de Formação Profissional CAPÍTULO X
de que trata o caput deste artigo não poderá ser inferior
DOS GRUPOS ESPECIAIS DE OPERAÇÕES
a:
PENITENCIÁRIAS
I - 300 (trezentas) horas/aula, para o cargo de
Art. 33. Os Grupos Especiais de Operações Penitenciárias
provimento efetivo de Agente Penitenciário.
- GOPE serão constituídos por ato do Secretário de
§ 2º A avaliação do processo de ensino-aprendizagem Estado de Administração Penitenciária, composto por
obedecerá aos seguintes critérios: servidores ocupantes do cargo de provimento efetivo de
Agente Penitenciário cujas atribuições serão defi nidas
I - nota mínima para aprovação por disciplina: 6 (seis);
através de Procedimento Operacional Padrão - POP, em
II - frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento), ato normativo do Secretário de Estado de Administração
da carga horária prevista por disciplina. Penitenciária.
§ 3º Para efeito de classificação final a média do
candidato no Curso de Formação será resultante da soma
CAPÍTULO XI
das notas finais de cada disciplina, dividido pelo número
de disciplinas do curso, não podendo ser inferior a 7 DO FUNDO PENITENCIÁRIO DO ESTADO DO PARÁ
(sete).
Art. 34. O Fundo Penitenciário do Estado do Pará, criado
§ 4º Em caso de empate na nota fi nal do curso, terá pela Lei nº 8.322, de 14 de dezembro de 2015, com a
preferência o candidato que, na seguinte ordem: finalidade de proporcionar recursos e meios para
financiar e apoiar as atividades e programas de
I - obtiver maior nota no eixo “Disciplina e Segurança”;
modernização e aprimoramento da Secretaria de Estado
II - obtiver maior nota no conceito individual observados de Administração Penitenciária - SEAP.
pelos docentes e coordenação nos seguintes quesitos:
Parágrafo único. O Fundo Penitenciário do Estado do
disciplina, pontualidade, senso de responsabilidade,
Pará - FUNPEP é vinculado a Secretaria de Estado de
comportamento moral e social, assiduidade e
Administração Penitenciária - SEAP.
participação nas atividades programadas;
Art. 35. Constituem receitas do Fundo Penitenciário do
III - maior frequência no curso;
Estado do Pará - FUNPEP:
IV - maior idade.
I - as provenientes de transferência do Fundo
Art. 31. A nomeação e posse no cargo de provimento Penitenciário Nacional - FUNPEN;
efetivo dar-se-á após a conclusão, com aproveitamento
II - dotações orçamentárias do Estado;
e homologação do resultado final do Curso de Formação
Profissional. III - doações, legados, contribuições em dinheiro,
valores, bens móveis e imóveis que sejam recebidos de
§ 1º A escolha das vagas para lotação obedecerá
organismos ou entidades nacionais ou internacionais,
rigorosamente a classificação e vagas disponibilizadas
bem como de pessoas físicas e jurídicas, nacionais ou
para o respectivo grupo de formação, observados os
estrangeiras;
critérios de regionalização do concurso.
IV - auxílios, subvenções, contribuições ou transferências
§ 2º É vedado o aproveitamento da média final
resultantes de convênios com entidades públicas ou
classificatória de cada grupo na escolha das vagas de
privadas, nacionais ou estrangeiras;
lotação disponibilizadas a eventuais grupos de formação
anteriores ou posteriores, do mesmo certame eletivo. V - rendimentos decorrentes da aplicação de seu
patrimônio;
Art. 32. O candidato matriculado no Curso de Formação
Profissional receberá bolsa mensal, no percentual de VI - saldos apurados no exercício anterior;
100% (cem por cento) do vencimento-base dos cargos de
VII - recursos decorrentes da comercialização dos
nível fundamental.
produtos originários de projetos e/ou atividades
Parágrafo único. A bolsa de estudos não configura produtivas desenvolvidas nas Unidades Prisionais;
qualquer vínculo empregatício do aluno com a Secretaria
VIII - outros recursos que legalmente lhe forem
de Estado de Administração Penitenciária, constituindo-
atribuídos.
se apenas de uma ajuda transitória, durante a realização
do Curso de Formação Profissional. Parágrafo único. Os recursos do Fundo Penitenciário do
Estado do Pará - FUNPEP serão movimentados em conta

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SECRETARIA DE ESTADO DE ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA - SEAP
DIREITO ADMINISTRATIVO

específica aberta no Banco do Estado do Pará S.A - § 1º O Conselho Gestor do FUNPEP é presidido pelo
BANPARÁ, salvo disposição em contrário. Secretário de Estado de Administração Penitenciária e na
sua ausência ou impedimento, pelo Secretário Adjunto.
Art. 36. Os recursos do Fundo Penitenciário do Estado do
Pará - FUNPEP serão aplicados em: § 2º Os membros do Conselho Gestor do FUNPEP serão
nomeados por ato do Governador do Estado e devem ser
I - reforma, ampliação e construção de Unidades
substituídos em suas faltas e impedimentos, pelos seus
Prisionais do Estado;
substitutos legais.
II - renovação e ampliação da frota de veículos da
§ 3º O exercício da função de membro do Conselho
Secretaria de Estado de Administração Penitenciária;
Gestor do FUNPEP é considerado atividade pública
III - aquisição de material permanente, equipamentos e relevante e não importará no pagamento de jetons ou
ativos de segurança destinados ao funcionamento qualquer outro tipo de remuneração por participação
Secretaria de Estado de Administração Penitenciária; em reunião.
IV - manutenção das Unidades Prisionais; § 4º As normas de funcionamento do Conselho Gestor
V - incentivo a programas relacionados ao ensino e do FUNPEP e o detalhamento de suas atribuições, devem
atividades profissionalizantes da pessoa presa, internada ser fixadas em seu Regimento Interno, homologado por
ou egresso do Sistema Estadual de Administração decreto pelo Chefe do Poder Executivo.
Penitenciária; § 5º Os atos do Conselho Gestor do FUNPEP, quando
VI - na formação, aperfeiçoamento e especialização dos necessário, serão convertidos na forma de resolução, a
servidores do órgão gestor do Sistema Estadual de ser assinada pelo seu Presidente.
Administração Penitenciária Art. 39. O Fundo Penitenciário do Estado do Pará -
VII - nas publicações e na realização de pesquisa científica FUNPEP será regulamentado por decreto do Chefe do
em matéria de Execução Penal, Criminológica ou Gestão Poder Executivo Estadual.
Prisional;
VIII - na participação de representantes ofi ciais em CAPÍTULO XII
eventos científicos, realizados no Brasil ou no exterior,
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
em matéria de Execução Penal, Criminológica ou Gestão
Prisional; Art. 40. Ficam extintos um cargo de Secretário
Extraordinário, criado pela Lei nº 6.378, de 12 de julho
IX - atendimento ao custodiado em cumprimento aos
de 2001, o cargo de Superintendente e o cargo de
arts. 10 e 11 da Lei nº 7.210, de 1984, no que couber.
Diretor-Geral Penitenciário, padrão GEP-DAS-011.6,
Parágrafo único. A aplicação dos recursos previstos neste constantes no Anexo III da Lei nº 8.322, de 14 de
artigo far-se-á por dotação consignada na Lei dezembro de 2015.
Orçamentária Anual ou em créditos adicionais.
Art. 41. Ficam criados o cargo de Secretário de Estado de
Art. 37. A gestão do FUNPEP e a administração de seus Administração Penitenciária e o cargo de Secretário
recursos serão exercidas por um Conselho Gestor. Adjunto de Administração Penitenciária.
Art. 38. O Conselho Gestor do FUNPEP é integrado pelos Art. 42. A concessão e o credenciamento do uso de porte
seguintes membros: de arma de fogo ao servidor ocupante do cargo de
I - Secretário de Estado de Administração Penitenciária; provimento efetivo de Agente Penitenciário, cujas
hipóteses de manutenção, suspensão e retirada do
II - Secretário Adjunto; direito ao porte, serão reguladas por Portaria do
III - Diretor de Reinserção Social; Secretário de Estado de Administração Penitenciária, nos
termos da Legislação vigente.
IV - Diretor de Administração de Recursos;
Art. 43. Fica criada a identificação funcional do servidor
V - Diretor de Logística, Patrimônio e Infraestrutura; penitenciário, a ser expedida pela Secretaria de Estado
VI - Coordenador do Núcleo de Planejamento; de Administração Penitenciária, devendo constar
informações do porte de arma de fogo nos casos em que
VII - Coordenador da Consultoria Jurídica.
couber e constitui prova de identidade civil para todos os
fins legais e regulamentada por ato do Chefe do Poder
Executivo.

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DIREITO ADMINISTRATIVO
- LEI 5.810/94
Art. 44. São considerados no exercício de função de
natureza policial civil, policial militar ou bombeiro-militar
ou de interesse policial civil, policial militar ou bombeiro-
militar, os policiais civis, policiais-militares e bombeiros-
militares da ativa cedidos à Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária.
Art. 45. Os cargos de Consultor Jurídico do Estado, que se
encontram no quadro de pessoal da Secretaria de Estado
de Segurança Pública e Defesa Social, por força do
disposto no art. 61 da Lei nº 8.322 de 14 de dezembro de
2015, passam a integrar o quadro de Pessoal da
Secretaria de Estado de Administração Penitenciária.
Art. 46. Os cargos de Procuradores Autárquicos,
previstos no Anexo II da Lei nº 6.873, de 28 de junho de
2006, da Superintendência do Sistema Penitenciário do
Estado do Pará - SUSIPE, serão redistribuídos para outras
Autarquias e Fundações.
Art. 47. Fica incluída no Anexo II da Lei nº 6.872, de 28 de
junho de 2006, a Secretaria de Estado de Administração
Penitenciária, com o quantitativo de cargos efetivos de
Consultor Jurídico do Estado, nas respectivas classes,
conforme Anexo I desta Lei.
Parágrafo único. Fica excluída do Anexo II da Lei nº 6.873,
de 28 de junho de 2006, a Superintendência do Sistema
Penitenciário do Pará - SUSIPE e o quantitativo de cargos
efetivos de Procurador Autárquico, das respectivas
classes.
Art. 48. Fica alterada a redação do inciso V, alínea “e”, do
art. 3º da Lei nº 7.584, de 28 de dezembro de 2011, para
Secretaria de Estado de Administração Penitenciária.
Art. 49. Fica excluída do inciso VIII do art. 5º da Lei nº
8.096, de 1º de janeiro de 2015, a Superintendência do
Sistema Penitenciário do Estado do Pará. Art. 50. Esta Lei
entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 51. Fica incluída no inciso I do art. 5º da Lei nº 8.096,
de 1º de janeiro de 2015, a Secretaria de Estado de
Administração Penitenciária.
PALÁCIO DO GOVERNO, 2 de dezembro de 2019.
HELDER BARBALHO
Governador do Estado

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