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Fundamentos da Educação
Governador
Cid Ferreira Gomes
Vice Governador
Domingos Gomes de Aguiar Filho
Secretária da Educação
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Secretário Adjunto
Maurício Holanda Maia
Secretário Executivo
Antônio Idilvan de Lima Alencar
Sumario
Pedagogia liberal
• Tradicional
• Renovada progressivista
• Renovada não-diretiva
• Tecnicista
Pedagogia progressista
• Libertadora
• Libertária
• Crítico-social dos conteúdos
É evidente que tanto as tendências quanto suas manifestações não são puras nem
mutuamente exclusivas o que, aliás, é a limitação principal de qualquer tentativa de
classificação. Em alguns casos as tendências se complementam, em outros, divergem. De
qualquer modo, a classificação e sua descrição poderão funcionar como um instrumento de
análise para o professor avaliar a sua prática de sala de aula.
Pedagogia Liberal
A educação brasileira, pelo menos nos últimos cinqüenta anos, tem sido marcada
pelas tendências liberais, nas suas formas ora conservadora, ora renovada. Evidentemente
tais tendências se manifestam, concretamente, nas práticas escolares e no ideário
pedagógico de muitos professores, ainda que estes não se dêem conta dessa influência.
A pedagogia liberal sustenta a idéia de que a escola tem por função preparar os
indivíduos para o desempenho de papéis sociais, de acordo com as aptidões individuais,
por isso os indivíduos precisam aprender a se adaptar aos valores e às normas vigentes na
sociedade de classes através do desenvolvimento da cultura individual. A ênfase no
aspecto cultural esconde a realidade das diferenças de classes, pois, embora difunda a
idéia de igualdade de oportunidades, não leva em conta a desigualdade de condições.
Historicamente, a educação liberal iniciou-se com a pedagogia tradicional e, por razões de
pioneiros da educação nova, entre os quais se destaca Anísio Teixeira (deve-se destacar,
também a influência de Montessori, Decroly e, de certa forma, Piaget); a renovada não-
diretiva orientada para os objetivos de auto-realização (desenvolvimento pessoal) e para as
relações interpessoais, na formulação do psicólogo norte-americano Carl Rogers.
Dá-se, portanto, muito mais valor aos processos mentais e habilidades cognitivas do que a
conteúdos organizados racionalmente. Trata-se de "aprender a aprender", ou seja, é mais
importante o processo de aquisição do saber do que o saber propriamente dito.
Qualquer sistema instrucional (há uma grande variedade deles) possui três
componentes básicos: objetivos instrucionais operacionalizados em comportamentos
Pedagogia Progressista
não no sentido do professor que se ausenta (como em Rogers), mas que permanece vigi-
lante para assegurar ao grupo um espaço humano para "dizer sua palavra" para se exprimir
sem se neutralizar.
Se os alunos são livres frente ao professor, também este o é em relação aos alunos
(ele pode, por exemplo, recusar-se a responder uma pergunta, permanecendo em silêncio).
Entretanto, essa liberdade de decisão tem um sentido bastante claro: se um aluno resolve
não participar, o faz porque não se sente integrado, mas o grupo tem responsabilidade
sobre este fato e vai se colocar a questão; quando o professor se cala diante de uma per-
gunta, seu silêncio tem um significado educativo que pode, por exemplo, ser uma ajuda
para que o grupo assuma a resposta ou a situação criada. No mais, ao professor cabe a
função de "conselheiro" e, outras vezes, de instrutor-monitor à disposição do grupo. Em
nenhum momento esses papéis do professor se confundem com o de "modelo", pois a
pedagogia libertária recusa qualquer forma de poder ou autoridade.
Se a escola é parte integrante do todo social, agir dentro dela é também agir no
rumo da transformação da sociedade. Se o que define uma pedagogia crítica é a
consciência de seus condicionantes histórico-sociais, a função da pedagogia "dos
conteúdos" é dar um passo à frente no papel transformador da escola, mas a partir das
condições existentes.
Assim, a condição para que a escola sirva aos interesses populares é garantir a
todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos escolares básicos que tenham
ressonância na vida dos alunos. Entendida nesse sentido, a educação é "uma atividade
mediadora no seio da prática social global", ou seja, uma das mediações pela qual o aluno,
pela intervenção do professor e por sua própria participação ativa, passa de uma
experiência inicialmente confusa e fragmentada (sincrética) a uma visão sintética, mais
organizada e unificada.
Em outras palavras, uma aula começa pela constatação da prática real, havendo,
em seguida, a consciência dessa prática no sentido de referi-la aos termos do conteúdo
proposto, na forma de um confronto entre a experiência e a explicação do professor. Vale
dizer: vai-se da ação à compreensão e da compreensão à ação, até a síntese, o que não é
outra coisa senão a unidade entre a teoria e a prática.
provimento das condições em que professores e alunos possam colaborar para fazer
progredir essas trocas.
Sabemos que as tendências espontâneas e naturais não são “ naturais”´, antes são
tributárias das condições de vida e do meio. Não são suficientes o amor, a aceitação, para
que os filhos dos trabalhadores adquiram o desejo de estudar mais, de progredir: é
necessária a intervenção do professor para levar o aluno a acreditar nas suas
possibilidades, a ir mais longe, a prolongar a experiência vivida.
Resulta com clareza que o trabalho escolar precisa ser avaliado, não como
julgamento definitivo e dogmático do professor, mas como uma comprovação para o aluno
de seu progresso em direção a noções mais sistematizadas. O esforço de elaboração de
uma pedagogia “dos conteúdos” está em propor modelos de ensino voltados para a
interação conteúdos-realidades sociais; portanto, visando avançar em termos de uma
articulação do político e do pedagógico, aquele como extensão deste, ou seja, a educação
"a serviço da transformação das relações de produção".
Mas o que será mais democrático: excluir toda forma de direção, deixar tudo à livre
expressão, criar um clima amigável para alimentar boas relações, ou garantir aos alunos a
aquisição de conteúdos, a análise de modelos sociais que vão lhes fornecer instrumentos
para lutar por seus direitos? Não serão as relações democráticas no estilo não-diretivo uma
forma sutil de adestramento, que levaria a reivindicações sem conteúdo? Representam a
as relações não-diretivas as reais condições do mundo social adulto? Seriam capazes de
promover a efetiva libertação do homem da sua condição de dominado?
um professor que intervém, não para se opor aos desejos e necessidades ou a liberdade e
autonomia do aluno, mas para ajudá-lo a ultrapassar suas necessidades e criar outras,
para ganhar autonomia, para ajudá-lo no seu esforço de distinguir a verdade do erro, para
ajudá-lo a compreender as realidades sociais e sua própria experiência.
Exercício
Tem como objetivo principal refletir o papel do educador junto ao educando conforme
suas práticas pedagógicas em sala. Saber escolher a pedagogia de trabalho a ponto de
obter sucesso e um “feedback” proveitoso constitui sua principal meta. Assim, a partir de
aportes teóricos sugeridos por Libâneo e Saviani, as tendências serão elencadas e
classificadas adequadamente e certamente proporcionará uma reflexão sobre a condução
da prática docente.
Ultimamente, o tema educação é chega aos confins da escola para passar a ser um
assunto do debate em todos os setores, em particular no mundo da produção que na
atualidade move os maiores recursos.
Transversalidade e Interdisciplinaridade
várias áreas e a sua abordagem conjunta, propiciando uma relação epistemológica entre as
disciplinas. Com ela aproximamo-nos com mais propriedade dos fenômenos naturais e
sociais, que são normalmente complexos e irredutíveis ao conhecimento obtido quando são
estudados por meio de uma única disciplina. As interconexões que acontecem nas
disciplinas são causa e efeito da interdisciplinaridade.
As disciplinas passam, então, a girar sobre esse eixo. De certo modo podemos dizer
que temos então um fenômeno similar ao observado na Física com o disco de Newton:
neste, a mistura das cores recupera a luz branca; no nosso caso, a total interação entre as
disciplinas faz com que possamos recuperar adequadamente a realidade, superando a
fragmentação e tendo a visão do todo.
ética, meio ambiente, saúde, trabalho e consumo, orientação sexual e pluralidade cultural.
Sejam ou não trabalhados como um eixo unificador, tal como sugerido acima, é importante
ressaltar que:
2. Devem ser trabalhados de modo coordenado e não como um intruso nas aulas.
O risco de que um tema transversal apareça como um "intruso" é grande. Não sendo
algo diretamente pertinente às disciplinas e principalmente não havendo o hábito do
professor de ocupar-se dele, pode acontecer que seja visto não como um enfoque a ser
colocado ao longo de toda a aprendizagem, mas como algo que aparece esporadicamente,
interrompendo as demais atividades.
Seguindo no exemplo do bolo, o tema transversal não pode ser um caroço que se
encontra repentinamente e no qual corremos o risco de quebrar um dente... No máximo,
pode aparecer como uma uva passa ou uma fruta cristalizada, algo que percebemos ser
diferente, mas que harmoniza-se com o restante do bolo. Entretanto, quanto mais diluído
ele estiver na massa, melhor.
Por exemplo, não faz sentido que um professor de História, ou de Biologia, de
repente interrompa o seu assunto para dizer: agora vamos tratar de ética. Mas, sempre que
estiver fazendo uma análise histórica, o professor terá a preocupação de abordar os
aspectos éticos envolvidos; ao dar uma aula sobre problemas ambientais ou sobre
biotecnologia, haverá também um enfoque ético.
Temos essa experiência, infelizmente, com a maior parte das coisas que são
"públicas". Se não se definem encarregados para uma determinada função, porque todos
deveriam preocupar-se com aquilo, é muito freqüente que na verdade aquela necessidade
fique a descoberto. Por isso, convém salientar novamente que é necessário um estudo
conjunto, por parte da escola, para definir como cada disciplina irá tratar os temas
transversais e verificar se eles estão sendo suficientemente abordados.
Isso não exclui, naturalmente, certa flexibilidade com o planejamento. Temas que
têm tamanha relação com a vida, com o cotidiano, certamente aparecem nos momentos
mais inesperados e o professor deve estar preparado para não desperdiçar ocasiões que
muitas vezes são preciosas.
Interdisciplinaridade
1. Os PCNs
2. Os TTs
3. Os TTs e gênero
2. Deste modo, também a universidade não foi ouvida na preparação dos PCNs. Na
proposta de governo de Fernando Henrique Cardoso, o ensino básico partiria das
contribuições científicas e tecnológicas da universidade. Há, portanto, uma contradição
entre a posição da universidade proclamada na proposta do então candidato FHC e a
posição que a universidade ocupa de fato em seu governo. Vale notar que, os PCNs não
foram elaborados a partir de uma convocação dos docentes e pesquisadores das
universidades, mas por professores e professoras de uma escola privada de São Paulo e
por César Coll, um consultor espanhol. Tal processo de elaboração torna nula a
propaganda que o documento de introdução aos PCNs faz, ao afirmarem que eles resultam
de “pesquisas nacionais e internacionais, dados estatísticos sobre desempenho de alunos
do ensino fundamental e experiências de sala de aula difundidas em encontros seminários
e publicações.”
Pensar a escola como onipotente significa pensá-la como a única instituição social
responsável pela transformação social. Assim, a escola é percebida como se estivesse
“acima” da sociedade e, portanto, não sofresse a ação de causas externas para o fracasso
escolar. A desigualdade na distribuição na renda e a pobreza de grande parte da população
são causas externas para o insucesso da escola no Brasil. Contudo, os PCNs não levam
tais fatores em conta e, ainda, afirmam que os recursos aplicados em educação em nosso
país não são insuficientes, mas apenas mal aplicados.
1. Ética
2. Meio Ambiente
3. Saúde
4. Pluralidade Cultural
5. Orientação Sexual.
Há a esperança, por parte dos idealizadores, que os TTs sejam debatidos no interior
das disciplinas. O tratamento denominado transversal garantiria que os temas não fossem
contemplados por apenas uma área do conhecimento, ou que constituíssem novas áreas.
Todas as áreas consideradas “convencionais” são responsabilizadas pelo acolhimento das
questões dos TTs. Os conteúdos e objetivos das disciplinas devem visar aos temas
considerados “da convivência social”. Deste modo, é muito salientado no documento de
Apresentação dos TTs que estes devem ocupar o mesmo lugar de importância que as
áreas dos PCNs. Contudo, colocar esta idéia em prática, depende de uma série de fatores.
1.A maioria dos temas corresponde a tópicos que, até nossos dias, foram
oficialmente silenciados ou tratados de modo ambíguo, nas práticas escolares e sociais.
Talvez, por esse motivo as professoras tenham tal aspecto como uma lacuna em sua
formação. Deste modo, desenvolver o “projeto de educação comprometida com o
desenvolvimento da capacidades que permitam intervir na realidade para transformá-la”
(1997, p.27), proposto pelo texto de apresentação dos TTs seja algo distante das
possibilidades de trabalho da maioria das educadoras. Assim como pode representar uma
imposição e um tarefa impossível, em vista das características de sua formação para a
docência, a organização dos conteúdos em torno de projetos, como prevê a política
educacional em questão. Vale notar que, no documento de Apresentação dos TTs, há o
2. Por outro lado, o fato de conteúdos como Ética, Meio Ambiente ou Orientação
Sexual não terem sido, até os dias de hoje, contemplados nos currículos oficiais não
significa que não foram abordados em meio aos conteúdos e às múltiplas vivências e
experiências escolares. Nesse sentido, a nova proposta de TTs estaria, mais uma vez,
impondo a sua visão, sem considerar as demais em plena vigência nas realidades
escolares.
Os Temas Transversais
Esse trabalho requer uma reflexão ética como eixo norteador, por envolver
posicionamentos e concepções a respeito de suas causas e efeitos, de sua dimensão
histórica e política. A ética é um dos temas mais trabalhados do pensamento filosófico
contemporâneo, mas é também um tema presente no cotidiano de cada um, que faz parte
do vocabulário conhecido por quase todos.
A reflexão ética traz à luz a discussão sobre a liberdade de escolha. A ética interroga
sobre a legitimidade de práticas e valores consagrados pela tradição e pelo costume.
Abrange tanto a crítica das relações entre os grupos, dos grupos nas instituições e perante
elas, quanto a dimensão das ações pessoais. Trata-se, portanto de discutir o sentido ético
da convivência humana nas suas relações com várias dimensões da vida social: o
ambiente, a cultura, a sexualidade e a saúde.
Muitas questões sociais poderiam ser eleitas como temas transversais para o
trabalho escolar, uma vez que o que os norteia, a construção da cidadania e a democracia,
são questões que envolvem múltiplos aspectos e diferentes dimensões da vida social.
9 Urgência social
Esse critério indica a preocupação de eleger como Temas Transversais questões
graves, que se apresentam como obstáculos para a concretização. Há mais um Tema
Transversal proposto sob o título provisório “Trabalho, Consumo e Cidadania”, cujo
documento está ainda em elaboração, da plenitude da cidadania, afrontando a dignidade
das pessoas e deteriorando sua qualidade de vida.
9 Abrangência nacional
Por ser um parâmetro nacional, a eleição dos temas buscou contemplar questões
que, em maior ou menor medida e mesmo de formas diversas, fossem pertinentes a todo o
País. Isso não exclui a possibilidade e a necessidade de que as redes estaduais e
municipais, e mesmo as escolas, acrescentem outros temas relevantes à sua realidade.
Temas Transversais
A seguir, serão descritos em linhas gerais os temas escolhidos. Para cada um deles
existe um documento específico no qual são aprofundados e apresentados seus objetivos,
conteúdos e orientações didáticas.
ÉTICA
A Ética diz respeito às reflexões sobre as condutas humanas. A pergunta ética por
excelência é: “Como agir perante os outros?”. Verifica-se que tal pergunta é ampla,
complexa e sua resposta implica tomadas de posição valorativas. A questão central das
preocupações éticas é a da justiça entendida como inspirada pelos valores de igualdade e
eqüidade.
Na escola, o tema Ética encontra-se, em primeiro lugar, nas próprias relações entre
os agentes que constituem essa instituição: alunos, professores, funcionários e pais. Em
segundo lugar, o tema Ética encontra-se nas disciplinas do currículo, uma vez que, sabe-
se, o conhecimento não é neutro, nem impermeável a valores de todo tipo. Finalmente,
encontra-se nos demais Temas Transversais, já que, de uma forma ou de outra, tratam de
valores e normas. Em suma, a reflexão sobre as diversas faces das condutas humanas
deve fazer parte dos objetivos maiores da escola comprometida com a formação para a
cidadania.
Partindo dessa perspectiva, o tema Ética traz a proposta de que a escola realize um
trabalho que possibilite o desenvolvimento da autonomia moral, condição para a reflexão
ética. Para isso foram eleitos como eixos do trabalho quatro blocos de conteúdo: Respeito
Mútuo, Justiça, Diálogo e Solidariedade, valores referenciados no princípio da dignidade do
ser humano, um dos fundamentos da Constituição brasileira.
PLURALIDADE CULTURAL
MEIO AMBIENTE
A vida cresceu e se desenvolveu na Terra como uma trama, uma grande rede de
seres interligados, interdependentes. Essa rede entrelaça de modo intenso e envolve
conjuntos de seres vivos e elementos físicos. Para cada ser vivo que habita o planeta
existe um espaço ao seu redor com todos os outros elementos e seres vivos que com ele
interagem, por meio de relações de troca de energia: esse conjunto de elementos, seres e
relações constitui o seu meio ambiente.
Explicado dessa forma, pode parecer que, ao se tratar de meio ambiente, se está
falando somente de aspectos físicos e biológicos. Ao contrário, o ser humano faz parte do
meio ambiente e as relações que são estabelecidas — relações sociais, econômicas e
culturais — também fazem parte desse meio e, portanto, são objetos da área ambiental. Ao
longo da história, o homem transformou-se pela modificação do meio ambiente, criou
cultura, estabeleceram relações econômicas, modos de comunicação com a natureza e
com os outros.
Mas é preciso refletir sobre como devem ser essas relações socioeconômicas e
ambientais, para se tomar decisões adequadas a cada passo, na direção das metas
desejadas por todos: o crescimento cultural, a qualidade de vida e o equilíbrio ambiental.
SAÚDE
O nível de saúde das pessoas reflete a maneira como vivem, numa interação
dinâmica entre potencialidades individuais e condições de vida. Não se pode compreender
ou transformar a situação de um indivíduo ou de uma comunidade sem levar em conta que
ela é produzida nas relações com o meio físico, social e cultural. Falar de saúde implica
levar em conta, por exemplo, a qualidade do ar que se respira, o consumismo desenfreado
e a miséria, a degradação social e a desnutrição, formas de inserção das diferentes
parcelas da população no mundo do trabalho, estilos de vida pessoal.
ORIENTAÇÃO SEXUAL
A abordagem do corpo como matriz da sexualidade tem como objetivo propiciar aos
alunos conhecimento e respeito ao próprio corpo e noções sobre os cuidados que
necessitam dos serviços de saúde. A discussão sobre gênero propicia o questionamento de
papéis rigidamente estabelecidos a homens e mulheres na sociedade, a valorização de
cada um e a flexibilização desses papéis. O trabalho de prevenção às doenças
sexualmente transmissíveis/AIDS possibilita oferecer informações científicas e atualizadas
sobre as formas de prevenção das doenças. Deve também combater a discriminação que
atinge portadores do HIV e doentes de AIDS de forma a contribuir para a adoção de
condutas preventivas por parte dos jovens.
TEMAS LOCAIS
Tomando-se como exemplo o caso do trânsito, vê-se que, embora esse seja um
problema que atinge uma parcela significativa da população, é um tema que ganha
significação principalmente nos grandes centros urbanos, onde o trânsito tem sido fonte de
intrincadas questões de natureza extremamente diversa. Pense-se, por exemplo, no direito
ao transporte associado à qualidade de vida e à qualidade do meio ambiente; ou o
desrespeito às regras de trânsito e a segurança de motoristas e pedestres (o trânsito
brasileiro é um dos que, no mundo, causa maior número de mortes). Assim, visto de forma
ampla, o tema trânsito remete à reflexão sobre as características de modos de vida e
relações sociais.
A Transversalidade
Por tratarem de questões sociais, os Temas Transversais têm natureza diferente das
áreas convencionais. Sua complexidade faz com que nenhuma das áreas, isoladamente,
seja suficiente para abordá-los. Ao contrário, a problemática dos Temas Transversais
atravessa os diferentes campos do conhecimento.
Diante disso optou-se por integrá-las no currículo por meio do que se chama de
transversalidade: pretende-se que esses temas integrem as áreas convencionais de forma
a estarem presentes em todas elas, relacionando-as às questões da atualidade.
Dessa forma o estudo do corpo humano não se restringe à dimensão biológica, mas
coloca esse conhecimento a serviço da compreensão da diferença de gênero (conteúdo de
Orientação Sexual) e do respeito à diferença (conteúdo de Ética).
É também preciso ter conhecimentos sobre Meio Ambiente, uma vez que a saúde
das pessoas depende da qualidade do meio em que vivem. Conhecimentos de Língua
Portuguesa e Matemática também comparecem: questões de saúde são temas de debates
na imprensa, informações importantes são veiculadas por meio de folhetos; a leitura e a
compreensão de tabelas e dados estatísticos são essenciais na percepção da situação da
saúde pública. Portanto, o tema Saúde tem como especificidade o fato de, além de
conhecimentos inerentes a ele, nele convergirem conhecimentos de áreas distintas.
Indo além do que se refere à organização dos conteúdos, o trabalho com a proposta
da transversalidade se define em torno de quatro pontos:
9 Os temas não constituem novas áreas, pressupondo um tratamento integrado
nas diferentes áreas;
9 A proposta de transversalidade traz a necessidade de a escola refletir e atuar
conscientemente na educação de valores e atitudes em todas as áreas,
garantindo que a perspectiva político-social se expresse no direcionamento do
trabalho pedagógico;
9 Influencia a definição de objetivos educacionais e orienta eticamente as
questões epistemológicas mais gerais das áreas, seus conteúdos e, mesmo,
as orientações didáticas;
9 A perspectiva transversal aponta uma transformação da prática pedagógica,
pois rompe a limitação da atuação dos professores às atividades formais e
amplia a sua responsabilidade com a sua formação dos alunos.
9 Os Temas Transversais permeiam necessariamente toda a prática educativa
que abarca relações entre os alunos, entre professores e alunos e entre
diferentes membros da comunidade escolar;
TRANSVERSALIDADE E INTERDISCIPLINARIDADE
definindo uma perspectiva para o trabalho educativo que se faz a partir delas.
É preciso atentar para o fato de que a possibilidade de inserção dos Temas
Transversais nas diferentes áreas (Língua Portuguesa, Matemática, Ciências Naturais,
História, Geografia, Arte e Educação Física) não é uniforme, uma vez que é preciso
respeitar as singularidades tanto dos diferentes temas quanto das áreas.
Existem afinidades maiores entre determinadas áreas e determinados temas, como
é o caso de Ciências Naturais e Saúde ou entre História, Geografia e Pluralidade Cultural,
em que a transversalidade é fácil e claramente identificável. Não considerar essas
especificidades seria cair num formalismo mecânico.
BIBLIOGRAFIA
Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!