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05/08/2021 INSTITUTO ZAYN - Instituto Mineiro de Formação Continuada - Geografia Formação Pedagógica R2/2019 - ETEP

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Boas-vindas

Olá!

É com grande satisfação que o ZAYN – Instituto Mineiro de Formação Continuada agradece por escolhê-lo
para realizar e/ou dar continuidade aos seus estudos. Nós do ZAYN estamos empenhados em oferecer todas as
condições para que você alcance seus objetivos, rumo a uma formação sólida e completa, ao longo do processo
de aprendizagem por meio de uma fecunda relação entre instituição e aluno.

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Prezamos por um elenco de valores que colocam o aluno no centro de nossas atividades profissionais. Temos a
convicção de que o educando é o principal agente de sua formação e que, devido a isso, merece um material
didático atual e completo, que seja capaz de contribuir singularmente em sua formação profissional e cidadã.
Some-se a isso também, o devido respeito e agilidade de nossa parte para atender à sua necessidade.

Cuidamos para que nosso aluno tenha condições de investir no processo de formação continuada de modo
independente e eficaz, pautado pela assiduidade e compromisso discente.

Com isso, disponibilizamos uma plataforma moderna capaz de oferecer a você total assistência e agilidade da
condução das tarefas acadêmicas e, em consonância, a interação com nossa equipe de trabalho. De acordo
com a modalidade de cursos on-line, você terá autonomia para formular seu próprio horário de estudo,
respeitando os prazos de entrega e observando as informações institucionais presentes no seu espaço de
aprendizagem virtual.

Por fim, ao concluir um de nossos cursos de pós-graduação, segunda licenciatura, complementação pedagógica
e capacitação profissional, esperamos que amplie seus horizontes de oportunidades e que tenha aprimorado
seu conhecimento crítico a cerca de temas relevantes ao exercício no trabalho e na sociedade que atua.
Ademais, agradecemos por seu ingresso ao ZAYN e desejamos que você possa colher bons frutos de todo o
esforço empregado na atualização profissional, além de pleno sucesso na sua formação ao longo da vida.

EDUCAÇÃO EM
DIREITOS HUMANOS ZAYN
 

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO  
EMENTA:
- Introdução: Construção dos direitos  
Na disciplina Educação em direitos humanos;
Humanos será abordado o histórico  
dos direitos humanos, bem como sua 1-Histórico dos direitos humanos;
construção no Brasil; As suas  
principais características; A 2-Principais características dos
perspectiva da educação em relação direitos humanos;  
aos direitos humanos; O direito à
3- Direitos humanos na perspectiva da  
educação como ponto importante para
o asseguramento aos outros direitos; educação;
 
A educação como direito de todos os
seres humanos independente de 4-Sobre o direito à educação;
 
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qualquer situação e a distribuição de 5- Direitos e deveres referentes à  


tarefas no que se refere a tais direitos. educação;
 
6-Educação como direito de todos;
 
7- De quem são as tarefas?
 
- Atividades;
 
- Leitura Complementar;
Organização do
- Referências. conteúdo:
Prof.ª M.ª
Jéssica de Freitas Lopes

CARACTERIZAÇÃO DA DISCIPLINA
Disciplina: EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
 

EMENTA

Na disciplina Educação em direitos Humanos será abordado o histórico dos direitos humanos,
bem como sua construção no Brasil; As suas principais características; A perspectiva da
educação em relação aos direitos humanos; O direito à educação como ponto importante para o
asseguramento aos outros direitos; A educação como direito de todos os seres humanos
independente de qualquer situação e a distribuição de tarefas no que se refere a tais direitos.

OBJETIVOS

Compreender o histórico dos direitos humanos no Brasil e destacar a educação como forma de
asseguramento dos outros direitos humanos, considerando todos os indivíduos que vivem em
sociedade.

 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

- Introdução: Construção dos direitos humanos;

1-Histórico dos direitos humanos;

2-Principais características dos direitos humanos;

3- Direitos humanos na perspectiva da educação;

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4-Sobre o direito à educação;

5- Direitos e deveres referentes à educação;

6-Educação como direito de todos;

7- De quem são as tarefas?

- Leitura Complementar;

- Referências

EDUCAÇÃO E DIREITOS HUMANOS

Introdução: Construção dos direitos humanos

Os direitos humanos foram construídos pensando a ideia de dignidade da pessoa humana, ou seja, de que todo
ser humano, independentemente de qualquer condição pessoal, deve ser igualmente reconhecido e respeitado,
e isso não pode ser tratado como instrumento de poucos, mas sim como fim de toda organização social e
política. Para se chegar a essa construção, muitas foram as lutas realizadas por camponeses, pequenos
comerciantes, trabalhadores, mulheres, intelectuais, escravos, homossexuais, jovens, indígenas, etc. Assim,
para que esses direitos sejam mantidos e aplicados na prática, e para que novos direitos sejam conquistados, é
necessário que continuemos lutando por esses objetivos (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

De tal modo, atualmente, muitos direitos estão expressos em vários tipos de documentos, um dos objetivos é ir
contra os diversos tipos de discriminação. Todo os ser humano deve ter seus direitos resguardados e quando
isso não vem a acontecer é necessário luta, organizações e manifestações.

 
1- Histórico dos direitos humanos

Na Europa e nos Estados Unidos, entre o final do século XVII e o século XVIII, ocorreu várias transformações
estruturais e políticas, que fez surgir mudanças de mentalidade, fazendo com que as pessoas passassem a se
preocupar em garantir a vida e a liberdade dos indivíduos, sem os abusos e arbitrariedades do Estado. A
Revolução Americana e principalmente a Revolução Francesa contribuíram para o surgimento de uma série de
direitos, como por exemplo, o direito à vida, à liberdade de expressão, de pensamento, a garantia de que a lei
só proibiria o que fosse prejudicial à sociedade, entre outros (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

Rizzi, Gonzalez e Ximenes (2011) destacam que, nas colônias da América do Sul e da África, ao mesmo tempo,
os povos passaram a exigir os mesmos direitos proclamados na Declaração de Independência dos Estados
Unidos da América (1776) e na Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (França, 1789).

Em muitos casos, aos movimentos de independência somaram-se as lutas contra a escravidão e a exploração
dos povos. A crescente resistência dos africanos e de seus descendentes, manifestada em insurreições
populares, foi o principal fator que inviabilizou a manutenção do regime escravocrata. A resistência indígena na
América também se valeu do ideal dos direitos humanos, sendo atual a luta pelo reconhecimento de sua
tradição cultural, pela manutenção de seu modo de vida e pela posse de suas terras originárias (RIZZI,
GONZALEZ E XIMENES, 2011).

Com isso, entendemos que o povo é o maior responsável pelas conquistas de seus direitos, uma vez, que vão à
luta e resistem em prol de uma sociedade mais justa e humanitária.
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Esses direitos acabaram influenciando as constituições de diversos países pelo mundo. Os direitos desse
período histórico são chamados civis e políticos, denominados de primeira geração. Com o início da
industrialização, a partir do século XIV, o desenvolvimento do capitalismo industrial teve como consequência a
contratação de grandes massas de pessoas, gerando, por um lado, a exploração dos (as) trabalhadores(as) e,
por outro, o enriquecimento de pequenos grupos – a burguesia. Assim se iniciam as reivindicações por direitos
econômicos, sociais e culturais, denominados de segunda geração dos direitos humanos. Tais direitos referem-
se ao trabalho e salário dignos, direito à saúde, à educação, à alimentação adequada, à organização sindical,
ao direito de greve, à previdência social, ao acesso à cultura e à moradia, entre outros. Eles tiveram sua grande
expressão no início do século XX com a Revolução Russa, a crise do capitalismo industrial e com o começo de
sua incorporação às constituições nacionais (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

Com tantas injustiças e guerras, os países elaboraram um documento com a intenção de estabelecer normas
para uma vida pacífica e digna. Esse documento é de alcance mundial e estabelece regras entre as nações e no
interior de cada país – chamado de: Declaração Universal dos Direitos Humanos. A Declaração incorpora os
direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais. Também foi criada a ONU –Organização das Nações
Unidas, com o principal propósito da manutenção da paz, evitando a repetição das barbaridades cometidas nas
duas grandes guerras mundiais (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011). Deste modo, os direitos humanos
começa a ser alvo de discussões nos mais diferentes meios, visando ser colocado em prática.

 
2- Principais características dos direitos humanos
 
2-1- Universalidade
 

Significa que os direitos humanos valem para o mundo todo. Nenhuma condição ou situação pode/deve justificar
o desrespeito à dignidade humana. Além disso, ninguém pode renunciar a seus direitos. Não importa o país em
que a pessoa tenha nascido ou esteja vivendo, seus direitos são os mesmos. O que pode mudar é a forma
como esses direitos são garantidos pelos governos. Por exemplo, o fato de uma pessoa estar fora do país em
que nasceu ou do qual é cidadão, seja ou não de forma permanente, não justifica que lhe seja negado o acesso
à saúde, à alimentação, à educação e a todos os demais direitos (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

2.2- Indivisibilidade

Todas as pessoas têm direito a gozar dos direitos em sua totalidade, sem a sua redução, sem serem obrigadas
a abrir mão de um direito para acessar outro. Por exemplo, na educação, não basta apenas garantir vagas
(acesso), é preciso que o ensino seja de qualidade e atenda às necessidades e às especificidades dos
diferentes grupos (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

2.3- Interdependência

Todos os direitos estão relacionados entre si e nenhum tem mais importância do que outro. Também não existe
direito que possa ser realizado isoladamente, desconsiderando os demais. Assim, só se pode exercer
plenamente um direito se todos os outros também são respeitados. Para desfrutar do direito à educação, por
exemplo, é necessária a garantia de outros direitos fundamentais, como a alimentação e a saúde. E a saúde
está mais protegida se a pessoa tem uma moradia digna, uma alimentação adequada e uma educação de
qualidade. Também para participar ativamente da vida política e para se inserir de forma digna no mundo do
trabalho é preciso ter acesso a uma escola de qualidade (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

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2.4- Exigibilidade e Justiciabilidade

Os direitos podem ser exigidos quando forem desrespeitados ou violados. Como os direitos são previstos em
leis nacionais e também em normas internacionais – como a Declaração Universal dos Direitos Humanos e os
Pactos de Direitos Humanos de 1966, entre outros para exigi-los, pode-se recorrer tanto ao sistema de justiça
nacional como internacional (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

É muito importante que todas as características sejam levadas em consideração.

3- Direitos Humanos na perspectiva da educação

A educação é um dos direitos humanos. Está reconhecida no art. 26 da Declaração Universal dos Direitos
Humanos de 1948:

1. Toda pessoa tem direito à instrução. A instrução será gratuita, pelo menos nos graus elementares e
fundamentais. A instrução elementar será obrigatória. A instrução técnico-profissional será acessível a todos,
bem como a instrução superior, está baseada no mérito.

2. A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do


fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a
compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as
atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz.

3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada aos seus filhos.

Tratar a educação como um direito humano significa que ela não deve depender das condições econômicas dos
estudantes ou estar sujeita unicamente às regras de mercado. Também não pode estar limitada à condição
social, nacional, cultural, de gênero ou étnico-racial da pessoa (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011). Portanto,
a educação deve ser uma forma de tratar todos sem restrição qualquer, ela deve ter como papel auxiliar na
construção e cuidados para que de fato os direitos humanos sejam mantidos.

A educação não pode ser discriminadora, ofensiva e individualista, os indivíduos precisam se reconhecerem
dentro do processo educativo, sem se sentirem deslocados. Ela deve aflorar as identidades, trabalhar em prol
das diversidades e respeitar os tantos modos de existir em sociedade.

4- Sobre o direito à educação


 

Algumas características são muito importantes quando pensamos o direito à educação, dentre elas:
 

Disponibilidade

“Significa que a educação gratuita deve estar à disposição de todas as pessoas. A primeira obrigação do Estado
brasileiro é assegurar que existam creches e escolas para todas as pessoas, garantindo para isso as condições
necessárias (como instalações físicas, professores qualificados, materiais didáticos, etc.). Deve haver vagas
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disponíveis para todos os que manifestem interesse na educação escolar. O Estado não é necessariamente o
único responsável pela realização do direito à educação, mas as normas internacionais de direitos humanos
obrigam-no a ser o principal responsável e o maior investidor, assegurando a universalização das
oportunidades.” (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

Acessibilidade

“É a garantia de acesso à educação pública, disponível sem qualquer tipo de discriminação. Possui três
dimensões que se complementam: 1) não discriminação; 2) acessibilidade material (possibilidade efetiva de
frequentar a escola graças à proximidade da moradia ou à adaptação das vias e prédios escolares às pessoas
com dificuldade de locomoção, por exemplo) e 3) acessibilidade econômica – a educação deve estar ao alcance
de todas as pessoas, independentemente de sua condição econômica, portanto, deve ser gratuita.” (RIZZI,
GONZALEZ E XIMENES, 2011).

Aceitabilidade

“Garante a qualidade da educação, relacionada aos programas de estudos, aos métodos pedagógicos, à
qualificação do corpo docente e à adequação ao contexto cultural. O Estado está obrigado a assegurar que
todas as escolas se ajustem aos critérios qualitativos elaborados e a certificar-se de que a educação seja
aceitável tanto para as famílias como para os estudantes. A qualidade educacional envolve tanto os resultados
do ensino como as condições materiais de funcionamento das escolas e a adequação dos processos
pedagógicos.” (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

Adaptabilidade

“Requer que a escola se adapte a seu grupo de estudantes; que a educação corresponda à realidade das
pessoas, respeitando sua cultura, costumes, religião e diferenças; assim como possibilite o conhecimento das
realidades mundiais em rápida evolução. Ao mesmo tempo, exige que a educação se adeque à função social de
enfrentamento das discriminações e desigualdades que estruturam a sociedade. A adaptação dos processos
educativos às diferentes expectativas presentes na sociedade pressupõe a abertura do Estado à gestão
democrática das escolas e dos sistemas de ensino.” (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

5- Direitos e deveres referentes à educação


 

O dever de respeitar significa que o Estado não deve criar obstáculos ou impedir o exercício do direito humano à
educação. Isso implica obrigações de abstenção, os Estados não devem impedir que as pessoas se eduquem,
que organizem cursos livres em suas comunidades ou pela internet, ou que abram escolas, desde que
respeitem as condições estabelecidas nas normas sobre o tema. Envolve, portanto, a liberdade de ensinar e
aprender, desde que respeitadas as normas gerais que regulamentam o ensino formal (RIZZI, GONZALEZ E
XIMENES, 2011).

O dever de proteger exige a atuação do Estado. É necessário tomar medidas para evitar que terceiros (pessoas,
grupos ou empresas, por exemplo) impeçam o exercício do direito à educação. Nem mesmos pais, mães ou
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responsáveis de uma criança ou adolescente podem impedir seu acesso à escola, cabendo ao Estado atuar na
proteção de seu direito, garantindo-lhe o acesso à escola (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

O dever de promover é a principal obrigação ativa do Estado. Refere-se às ações públicas que devem ser
adotadas para a realização e o exercício pleno dos direitos humanos. São as leis que definem como deve ser a
educação e o ensino no país, as políticas públicas que concretizam o direito à educação, o investimento em
educação e nas escolas, etc. Essas são as obrigações diretas do Estado em garantir o direito humano à
educação, por intermédio, por exemplo, da construção de escolas, do financiamento adequado e da contratação
de professores (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

6- Educação como direito de todos

O Estatuto da criança e do adolescente prevê que toda criança e adolescente tem direito à educação, sendo de
sua obrigação visar o pleno desenvolvimento da pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação
para o trabalho, assegurando-lhes: igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; direito de
ser respeitado por seus educadores; direito de contestar critérios avaliativos; direito de organização e
participação em entidades estudantis; acesso à escola pública e gratuita nas proximidades de sua residência; é
também dever do Estado assegurar ensino fundamental obrigatório e gratuito (Artigo 208 da Constituição).
(FERNANDES E PALUDETO, 2010).

Portanto, todas as pessoas tem o direito à educação, mesmo aqueles que estão privados da liberdade, por
exemplo, em presidiários.

Tanto é que de acordo com Rizzi, Gonzalez e Ximenes (2011), uma conquista importante para o reconhecimento
do direito à educação dessa população foi a aprovação da Lei n° 12.433, de 2011, que regulamenta o direito à
remissão penal pelo estudo, ou seja, o direito a reduzir um dia de pena para cada três dias de escolarização.

Segue dentre outras, algumas modalidades que não devem ser excluídas:

- Educação de jovens e adultos – EJA

“Atende aquelas pessoas que não tiveram acesso ou não terminaram o ensino fundamental ou o ensino médio
quando criança ou adolescente. A organização das aulas e os conteúdos têm que levar em consideração as
características, os interesses, as condições de vida e de trabalho e a bagagem cultural desses estudantes (LDB,
art. 37). Segundo a legislação brasileira, todas as pessoas com idade superior a 15 anos têm o direito de cursar
e concluir o ensino fundamental na modalidade EJA e todas as pessoas com mais de 18 anos têm o direito de
cursar e concluir o ensino médio na mesma modalidade.” (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

-Educação profissional e tecnológica

“Deve se articular preferencialmente com a educação de jovens e adultos e o ensino médio, bem como às
dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia. Pode ser oferecida tanto em cursos autônomos de formação
inicial e continuada ou qualificação profissional como de forma integrada à etapa de ensino médio.” (RIZZI,
GONZALEZ E XIMENES, 2011).

 
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-Educação no campo

“Para a população da zona rural, a educação básica também deve ser adaptada às características da vida no
campo e de cada região. Além de mudanças no conteúdo para torná-lo mais adequado às necessidades e
interesses dos(as) estudantes, a escola pode adaptar seu calendário às safras agrícolas (LDB, art. 28). O
fundamental é que seja respeitada a identidade da educação das pessoas que vivem no campo e que não
sejam forçadas a percorrer longas distâncias para frequentar escolas situadas nas cidades.” (RIZZI, GONZALEZ
E XIMENES, 2011).

-Educação escolar indígena

“Os povos indígenas têm direito à educação escolar bilíngue (língua materna e português). Seus objetivos são:
recuperar as memórias históricas; reafirmar as identidades étnicas; valorizar suas línguas e ciências e garantir
aos indígenas, suas comunidades e povos, o acesso às informações, conhecimentos técnicos e científicos da
sociedade nacional e demais sociedades indígenas e não índias. (CF, art. 210, § 2°; e LDB, art. 78). Nesse
caso, ganha muita relevância o respeito à adaptabilidade do ensino e a construção da proposta pedagógica
deve envolver os diferentes povos, respeitando suas demandas e particularidades.” (RIZZI, GONZALEZ E
XIMENES, 2011).

-Educação escolar quilombola

“A legislação brasileira vem reconhecendo cada vez mais o direito humano das populações quilombolas, em
uma realidade marcada por profundos conflitos pela posse da terra. Hoje os quilombos são reconhecidos como
comunidades negras rurais e urbanas habitadas principalmente por descendentes de africanos escravizados,
que mantêm laços de parentesco e de identidade.” (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

7- De quem são as tarefas?


 

Às vezes confundimos de quem são as tarefas e se faz importante conhecer para quando preciso recorrermos.

De acordo com Rizzi, Gonzalez e Ximenes (2011) os municípios devem investir prioritariamente na educação
infantil e no ensino fundamental. Para poderem atuar em outros níveis de ensino (como o ensino médio ou a
educação superior), não pode existir nenhuma criança fora da creche ou da pré-escola na cidade. (LDB, art. 11,
inciso V).

Já os estados devem investir prioritariamente nos ensinos fundamental e médio. Também estão autorizados a
investir no ensino superior público. A divisão de responsabilidades se aplica também às modalidades, por isso,
tanto os estados como os municípios devem assegurar educação de jovens e adultos na etapa de ensino
fundamental, cabendo prioritariamente ao estado assegurá-la no ensino médio e na educação profissional
(RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

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O Distrito Federal (Brasília), que é um ente federado com características específicas, reúne tanto as
responsabilidades municipais quanto estaduais. Além de manter sua rede federal de ensino superior e técnico-
profissionalizante, a União (governo federal), por meio do Ministério da Educação, coordena a política de
educação básica de todo o país, elabora normas para a sua execução e reúne e analisa informações sobre
educação (como o Censo Escolar, divulgado todos os anos). Além disso, a União deve colaborar, por meio de
transferência de recursos e assistência técnica, com o trabalho feito por estados, municípios e Distrito Federal,
“de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino”
(Constituição, art. 211, § 1°) (RIZZI, GONZALEZ E XIMENES, 2011).

Portanto, é tarefa de todos os indivíduos cobrarem seus direitos e recorrerem ao poder público sempre que
necessário.

Leitura Complementar

Educação em Direitos Humanos: de que se trata?

Maria Victoria Benevides

A Educação em Direitos Humanos parte de três pontos: primeiro, é uma educação permanente, continuada e
global. Segundo, está voltada para a mudança cultural. Terceiro, é educação em valores, para atingir corações e
mentes e não apenas instrução, ou seja, não se trata de mera transmissão de conhecimentos. Acrescente-se,
ainda, que deve abranger, igualmente, educadores e educandos, como sempre afirmou Paulo Freire.

É a formação de uma cultura de respeito à dignidade humana através da promoção e da vivência dos valores da
liberdade, da justiça, da igualdade, da solidariedade, da cooperação, da tolerância e da paz. Isso significa criar,
influenciar, compartilhar e consolidar mentalidades, costumes, atitudes, hábitos e comportamentos que
decorrem, todos, daqueles valores essenciais citados – os quais devem se transformar em práticas.

Quando falamos em cultura, não nos limitamos a uma visão tradicional de cultura como conservação, seja dos
costumes, das tradições, das crenças e mesmo dos valores – muitos dos quais devem, é evidente, serem
conservados. A cultura de respeito à dignidade humana orienta-se para a mudança no sentido de eliminar tudo
aquilo que está enraizado nas mentalidades por preconceitos, discriminação, não aceitação dos direitos de
todos, não aceitação da diferença.

No Brasil, essa mudança implica a derrocada de valores e costumes decorrentes de fatores nefastos
historicamente definidos: o longo período de escravidão (mais de 300 anos), que significou exatamente a
violação de todos os princípios de respeito à dignidade da pessoa humana, a começar pelo direito à vida; a
política oligárquica e patrimonial; o sistema de ensino autoritário, elitista e muito mais voltado para a moral
privada do que para a ética pública; a complacência com a corrupção, dos governantes e das elites, assim como
em relação aos seus privilégios; o descaso com a violência, quando exercida exclusivamente contra os pobres e
os socialmente discriminados; as práticas religiosas ligadas ao valor da caridade em detrimento do valor da
justiça; o sistema familiar patriarcal e machista; a sociedade racista e preconceituosa contra todos os
considerados diferentes; o desinteresse pela participação cidadã e pelo associativismo solidário; o
individualismo consumista.

A mudança cultural necessária deve levar ao enfrentamento de tal herança e ainda ser instrumento de reação a
duas deturpações que fermentam entre nós sobre os direitos humanos. A primeira delas, bastante difundida na
sociedade, inclusive entre as classes populares, refere-se à identificação entre direitos humanos e direitos da

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marginalidade, ou seja, são vistos como “direitos dos bandidos contra os direitos das pessoas de bem”. Essa
deturpação decorre certamente da ignorância e da desinformação mas também de uma perversa e eficiente
manipulação, sobretudo nos meios de comunicação de massa, como ocorre com certos programas de radio e
televisão, voltados para a exploração sensacionalista da violência e da miséria. Além disso, é certo que existem
grupos interessados em desmoralizar a luta pelos direitos, porque querem manter seus privilégios ou porque
querem controlar e usar a violência institucional apenas contra os “de baixo”, ou seja, aqueles considerados
membros das “classes perigosas”.

A segunda deturpação, evidente nos meios de maior nível de instrução (meio acadêmico, mas também de
políticos e empresários), refere-se à crença de que direitos humanos se reduzem às liberdades individuais. Os
liberais adeptos dessa crença aceitam direitos civís e políticos, direitos individuais à segurança e à propriedade;
mas não aceitam a legitimidade da reivindicação, em nome dos direitos humanos, dos direitos econômicos e
sociais, a serem usufruídos individual ou coletivamente, ou seja, aqueles vinculados ao mundo do trabalho, à
educação, à saúde, à previdência e seguridade social e – muito importante – o direito à segurança de todos, e
não apenas daqueles que, por situação de classe e de poder já contam com segurança privada e a pública
financiada.

Esse quadro bastante negativo da realidade brasileira não deve ser um empecilho para o nosso trabalho; pelo
contrário, deve ser incentivo para procurar mudar. Podemos ser razoavelmente otimistas, pois já existem várias
iniciativas de grupos de defesa de direitos humanos, no sistema de ensino público e privado, nos movimentos
sociais e nas ONGs em geral, como a Rede Brasileira de Educação em Direitos Humanos – além dos órgãos
oficiais, a começar pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, que tem uma seção específica para a
Educação. Ser a favor de uma educação que significa a formação de uma cultura de respeito à dignidade da
pessoa humana, significa querer uma mudança cultural, que se dará através de um processo educativo.
Significa que não estamos satisfeitos com os valores que embasam esta sociedade e queremos outros.

Direitos humanos são aqueles considerados essenciais a todas as pessoas, sem quaisquer distinções de sexo,
nacionalidade, etnia, cor da pele, faixa etária, meio socioeconômico, profissão, condição de saúde física e
mental, opinião política, religião, nível de instrução e julgamento moral.

Uma compreensão histórica traz como eixo principal o reconhecimento do direito à vida, sem o qual todos os
demais direitos perdem o sentido. Costuma-se falar em gerações de direitos humanos; não se trata de gerações
no sentido biológico, do que nasce, cresce e morre, mas no sentido histórico, de uma superação com
complementaridade. A primeira geração, contemporânea das revoluções burguesas do final do século 18 e de
todo o século 19, é a dos direitos civis e das liberdades individuais; dirige-se contra a opressão do Estado ou de
poderes arbitrários, contra as perseguições políticas e religiosas, é a liberdade de viver sem medo. A ela
correspondem os direitos de locomoção, de propriedade, de segurança e integridade física, de justiça,
expressão e opinião. Tais liberdades surgem oficialmente nas Declarações de Direitos, documentos das
revoluções burguesas do final do século 18 (na França e nos Estados Unidos) e foram acolhidas em diversas
Constituições do século 19. A segunda geração abrange indivíduos e grupos sociais; surge no início do século
20 na esteira das lutas operárias e do pensamento socialista na Europa Ocidental, explicitando-se nas
experiências da socialdemocracia, para consolidar-se, ao longo do século, nas formas do Estado do Bem Estar
Social. Refere-se ao conjunto dos direitos sociais, econômicos e culturais: os de caráter trabalhista, como
salário justo, férias, previdência e seguridade social e os de caráter social mais geral, independentemente de
vínculo empregatício, como saúde, educação, habitação, acesso aos bens culturais etc. Em complemento às
duas gerações, a terceira dimensão inclui os direitos coletivos da humanidade, como direito à paz, ao
desenvolvimento, à autodeterminação dos povos, ao patrimônio científico, tecnológico e cultural da humanidade,
ao meio ambiente ecologicamente preservado; são ditos de solidariedade planetária. Tais gerações mostram
como continua viva a bandeira da Revolução Francesa: liberdade, igualdade, fraternidade.

Direitos humanos são essenciais porque são indispensáveis para a vida com dignidade. Quando insistimos
nessa questão da dignidade, muitas vezes esbarramos numa certa incompreensão, como se o termo fosse
indefinível e tratasse de algo extremamente abstrato em relação à concretude do ser humano.

A dignidade do ser humano não repousa apenas na racionalidade; no processo educativo procuramos atingir a
razão, mas também a emoção, isto é, corações e mentes – pois não somos apenas um ser que pensa e
raciocina, mas que chora e que ri, que é capaz de amar e de odiar, de sentir indignação e enternecimento, que é
capaz da criação estética. O seu comportamento estará sempre sujeito a juízos sobre o bem e o mal. A

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dignidade decorre de características que são únicas e exclusivas da pessoa humana; além da liberdade como
fonte da vida ética, só o ser humano é dotado de vontade, de preferências valorativas, de autonomia, de
autoconsciência como o oposto da alienação. Só o ser humano tem a memória e a consciência de sua própria
subjetividade, de sua própria história no tempo e no espaço e se enxerga como um sujeito no mundo, vivente e
mortal; somente ele pode desenvolver suas virtualidades no sentido da cultura e do auto aperfeiçoamento
vivendo em sociedade e expressando-se através do amor, da razão e da criação estética, que são
essencialmente comunicativas. É o único ser histórico, em perpétua transformação pela memória do passado e
pelo projeto do futuro.

Os direitos humanos são naturais e universais, pois independem de qualquer ato normativo, e valem para todos,
além de fronteiras; são interdependentes e indivisíveis, pois não podemos separá-los, aceitando apenas os
direitos individuais, ou só os sociais, ou só os de defesa ambiental. Essa indivisibilidade é importante porque
temos exemplos históricos, também no século XX, de regimes políticos que valorizaram exclusivamente os
direitos sociais, como o regime soviético, em detrimento da liberdade; assim como temos vários regimes liberais
que pregam a liberdade, mas descartam a obrigatoriedade dos direitos sociais. Direitos humanos são históricos,
pois foram sendo reconhecidos e consagrados em determinados momentos, e é possível pensarmos que novos
direitos ainda podem ser identificados e consolidados.

Que efeitos queremos com esse processo educativo? Queremos uma formação que leve em conta algumas
premissas. Em primeiro lugar, o aprendizado deve estar ligado à vivência do valor da igualdade em dignidade e
direitos para todos e deve propiciar o desenvolvimento de sentimentos e atitudes de cooperação e
solidariedade. Ao mesmo tempo, a educação para a tolerância se impõe como um valor ativo vinculado à
solidariedade e não apenas como tolerância passiva da mera aceitação do outro, com o qual pode-se não estar
solidário. Em seguida, o aprendizado deve levar ao desenvolvimento da capacidade de se perceber as
consequências pessoais e sociais de cada escolha. Ou seja, deve levar ao senso de responsabilidade. Esse
processo educativo deve, ainda, visar à formação do cidadão participante, crítico, responsável e comprometido
com a mudança daquelas práticas e condições da sociedade que violam ou negam os direitos humanos. Mais
ainda, deve visar à formação de personalidades autônomas, intelectual e afetivamente, sujeitos de deveres e de
direitos, capazes de julgar, escolher, tomar decisões, serem responsáveis e prontos para exigir que não apenas
seus direitos, mas também os direitos dos outros sejam respeitados e cumpridos.

O que será indispensável para este processo educativo, partindo-se da constatação de que, apesar das
dificuldades, é possível desenvolver um processo educativo em direitos humanos?

Em primeiro lugar, o conhecimento dos direitos humanos, das suas garantias, das suas instituições de defesa e
promoção, das declarações oficiais, de âmbito nacional e internacional, com a consciência de que os direitos
humanos não são neutros, não são meramente declamações retóricas. Eles exigem certas atitudes e repelem
outras. Portanto, exigem também uma vivência compartilhada. A palavra deverá sempre estar ligada a práticas,
embasadas nos valores dos direitos humanos e na realidade social. Na escola, por exemplo, deverá estar
vinculada à realidade concreta dos alunos, dos professores, dos diretores, dos funcionários, da comunidade que
a cerca.

Onde podemos educar em direitos humanos? Temos várias opções, com diferentes veículos e estruturas
educacionais. Podemos fazer uma escolha, dependendo dos recursos e das condições objetivas, sociais, locais
e institucionais, de cada grupo, de cada entidade. Há que distinguir entre as possibilidades da educação formal
e da educação informal. Na educação formal, a formação em direitos humanos será feita no sistema de ensino,
desde a escola primária até a universidade. Na educação informal, será feita através dos movimentos sociais e
populares, das diversas organizações não governamentais – ONGs –, dos sindicatos, dos partidos, das
associações, das igrejas, dos meios artísticos, e, muito especialmente, através dos meios de comunicação de
massa, sobretudo a televisão.

Cumpre lembrar que esta educação formal na escola, desde a primária até a universidade e principalmente no
sistema público do ensino, resultará mais viável se contar com o apoio dos órgãos oficiais, tanto ligados
diretamente à educação como ligados à cultura, à justiça e defesa da cidadania. É por isso que valorizamos os
planos oficiais, de educação em direitos humanos na escola, tanto no nível federal como nos níveis estadual e
municipal – embora nem sempre vejamos seus resultados ou mesmo sua aplicação no quotidiano escolar. Se
escolhemos a educação formal, constatamos como a escola pública é um locus privilegiado pois, por sua
própria natureza, tende a promover um espírito mais igualitário, na medida em que os alunos, normalmente

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separados por barreiras de origem social, aí convivem. Na escola pública o diferente tende a ser mais visível e a
vivência da igualdade, da tolerância e da solidariedade impõe-se com maior vigor. O objetivo maior desta
educação na escola é fundamentar o espaço escolar como uma verdadeira esfera pública democrática.

Finalmente, qual seriam os pontos principais do conteúdo da educação em direitos humanos? Há um conteúdo
óbvio, decorrente da própria definição de direitos humanos e do conhecimento sobre as dimensões históricas,
sobre as possibilidades de reivindicação e de garantias etc. Este conteúdo deve estar efetivamente vinculado a
uma noção de direitos, mas também de deveres, estes decorrentes das obrigações do cidadão e de seu
compromisso com a solidariedade. É importante, ainda, que sejam mostradas as razões e as consequências da
obediência a normas e regras de convivência. Em seguida, este conteúdo deve conter a discussão – para a
vivência – dos grandes valores da ética republicana e da ética democrática. Os valores da ética republicana
incluem o respeito às leis legitimamente elaboradas, a prioridade do bem público acima dos interesses pessoais
ou grupais, e a noção da responsabilidade, ou seja, de prestação de contas de nossos atos como cidadãos. Por
sua vez, os valores democráticos estão profundamente vinculados ao conjunto dos direitos humanos, os quais
se resumem no valor da igualdade, no valor da liberdade e no valor da solidariedade.

Qualquer programa de direitos humanos na escola será impossível se não estiver associado à práticas
democráticas. De nada adiantará esse esforço se a própria escola não é democrática na sua relação de respeito
com os alunos, com os pais, com os professores, com os funcionários e com a comunidade que a cerca. É
nesse sentido que o programa aqui defendido serve, também, para questionar e enfrentar as contradições e os
conflitos no cotidiano das nossas escolas.

Finalmente, o educador em direitos humanos na escola sabe que não terá resultados no final do ano, como ao
ensinar uma matéria que será completada à medida que o conjunto daquele programa for bem entendido e
avaliado pelos alunos. Trata-se de uma educação permanente e global, complexa e difícil, mas não impossível.
É certamente uma utopia, mas que se realiza na própria tentativa de realizá-la, como afirma o educador Perez
Aguirre, enfatizando que os direitos humanos terão sempre, nas sociedades contemporâneas, a dupla função de
ser, ao mesmo tempo, crítica e utopia frente à realidade social.

(revisão da autora feita em abril de 2007, a partir de textos e palestras feitas no âmbito do Programa de
Educação em Direitos Humanos na FEUSP)

Disponível em: <http: gajop.org.br/justicacidada/wp-content/uploads/9benevides.pdf>

Referências Bibliográficas

FERNANDES, Angela Viana Machado; Paludeto, Melina Casari. Educação e Direitos Humanos: desafios para a
escola contemporânea. Cad. Cedes, Campinas, vol. 30, n. 81, p. 233-249, mai.-ago. 2010.

RIZZI, GONZALEZ e XIMENES. Direito Humano à Educação. Coleção Manual de Direitos Humanos – volume
07 Direito Humano à Educação – 2ª edição – Atualizada e Revisada. Plataforma Dhesca Brasil, Novembro-
2011.

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