Você está na página 1de 9

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE LAVRAS


DEPARTAMENTO DE AGRICULTURA

Obtenção de plantas de alho livres de vírus

Arildo da Silveira Machado

Lavras - MG
1996
Obtenção de plantas de alho livres de patogenos

1.INTRODUÇÃO

O alho (Allium sativum L.), pelas suas características acentuadas de aroma e sabor, tem
posição de destaque, como condimento, em todo o mundo. Ademais, pelas atividades
antimicrobianas, também tem sido utilizado como matéria-prima na indústria farmacêutica,
principalmente em terapias naturais (Chalfour e Carvalho, 1987). Pertence a família Liliacea,
cujo órgão de armazenamento, classificado como bulbo, é a parte comercial da planta. Sua
única via de propagação comercial é mediante o uso de bulbilhos. Isto faz com que muitas
doenças, causadas principalmente por vírus sejam perpetuadas por plantios sucessivos, os
principais danos causados pelos vírus na cultura do alho estão relacionados a degenerescência
das plantas, redução da produtividade, qualidade e redução da produtividade, e possivelmente da
capacidade de armazenamento dos bulbos (Carvalho, 1981). Em alho, as enfermidades de
etiologia viral produzem sintomas variados, ou então , são assintomáticos (latentes).
Geralmente, as infecções viróticas em alho são causadas por mais de um vírus em complexo.
A produtividade média no Brasil é baixa (4,9 t/ha), em comparação à da Noruega (22
t/ha), do Sudão (20 t/ha) e dos Estados Unidos (15 t/ha). O Brasil ocupa a quadragésima
primeira posição a nível mundial, o Estado de Santa Catarina é o maior produtor nacional e
Minas Gerias é o segundo maior produtor que produziu 14 mil toneladas em uma área de 2,3 mil
ha, com uma produtividade média de 4,7 mil kg/ha. (IBGE, 1994). Sendo que as lavouras
conduzidas com alta tecnologia, variedades nobres e adaptadas ao clima da região podem
apresentar produtividades superiores 12 mil kg/ha. Apesar desta situação, o Brasil encontra-se
como 9o maior produtor mundial - cerca de 76.000 t/ano (FAO,1991). Esta cultura é de grande
importância econômica, ocupando a quinta posição entre hortaliças de maior relevância
econômica para o Brasil, consiste em uma das principais olerícolas cultivadas em Minas Gerais,
importante para a economia de 113 municípios.
A maioria da produção nacional é sustentada por pequenos produtores que utilizam
bulbilhos inadequados ao plantio e cultivares não adaptadas com ausência de uma adubação
equilibrada e falta de controle a doenças patogênicas, apresenta vários problemas relacionados a
desequilíbrios fisiológicos, baixo nível tecnológico dos produtores. As doenças situam-se entre os
fatores que contribuem para essa baixa produtividade, entre as doenças as viroses constituem-se
um sério problema por não existirem métodos de erradicação eficientes.
As técnicas de cultura de tecidos têm sido empregadas n aobtenção de plântulas de alho
livres de vírus. A associação à termoterapia tem colaborado para o aumento da percentagem de
plantas sadias obtidas (Conci e Nome, 1991 e Pavan et al., 1991). A principal dificuldade da
cultura de tecidos para o alho é identificar, para cada variedade, qual o meio de cultura mais
apropriado para que se consiga regenerar clones, completar o seu ciclo “in vitro” com a
produção de microbulbos capazes de serem aclimatados a campo.
A identificação e caracterização das principais viroses que ocorrem no alho é complexa e
a literatura é confusa. Evidências indicam que o alho apresenta infecção múltipla formada por
dois ou mais vírus (Mohamed e Young, 1981; Dellecole e Lot, 1981; Walkey et al. 1987 e Conci
et al. 1992).
Os vírus citados com maior frequência na cultura do alho pertencem ao grupo dos
Potivírus, são o Garlic Yellow Stripe Vírus - GYSV (Paiva et al. 1984; Carvalho, 1986 e Gama e
Ávila, 1988) e Onion Yellow Dwarf Virus - OYDV (Daniels et al. 1978b; Dellecole e Lot, 1981
e Conci et al. 1992). O Garlic Yellow Streak Virus - GYSV, foi encontrado por Mohamed e
Young (1981) em cultivares de alho na Nova Zelândia, posteriormente sua ocorrência foi
relatada também por Conci et al. (1992) na Argentina.
Um vírus induzindo sintomas latentes em alho foi relatado por Conci et al. (1992), como
sendo o Carnation Latent virus (CLV), do grupo dos Carlavírus.
Graichen et al. (1990), em testes de campo, observaram que no terceiro ano de plantio
27% das plantas inicialmente sadias estavam infectadas por vírus devido a transmissão por
afídeos. O nível de reinfecção através de sucessivas gerações de multiplicação depende bastante
da tolerância da cultivar e do nível populacional dos vetores.

OBTENÇÃO DOS MERISTEMAS

Seleção e indução de brotação dos bulbilhos: os bulbos das cultivares são submetidos a
uma seleção individual, com o objetivo de se escolher aqueles de melhor aspecto fitossanitário.
As folhas que envolvem o conjunto de bulbilhos (túnicas), são removidas e mais uma vez é
realizada uma nova seleção, desta vez, para os bulbilhos.
Dos bulbilhos selecionados, são retiradas as folhas protetoras do tecido de
armazenamento e colocadas em água corrente por um período mínimo de duas horas.
Posteriormente, mergulhadas em uma solução de hipoclorito de sódio com 1% de cloro ativo
durante 10 - 15 minutos.
Em câmara de fluxo laminar, os bulbilhos lavados três vezes em água destilada e
autoclavado e inoculados em frascos com algodãoo hidrófilo umidecido com água destilada e
autoclavada por 20 minutos a 120oC e 1,3 kg/cm2.
São inoculados de 20-30 bulbilhos por frasco de acordo com o tamanho dos bulbilhos.
Após a inoculação, os recepientes contendo os bulbilhos, são incubados em sala de crescimento a
temperatura de 26o + 1°C, na ausência de luz.
Para cada cultivar, o processo de germinação deve ser conduzido escalonadamente, com o
objetivo de se obter de forma constante, plântulas de 4 dias de idade, aptas para extrair o ápice
meristemático. As cultivares precoces se encontravam aptas para se extrair o ápice meristemático
ao terceiro dia após a inoculação.

A cultura “in vitro” de meristemas é considerada um instrumento valioso na obtenção de


plantas livres de vírus e de outras patógenos, na propagação clonal rápida, no desenvolvimento
de variedades melhoradas (tolerância a doenças, a herbicidas, a salinidade e a seca), na
preservação de germoplasma e no melhor entendimento dos princípios básicos relacionadas com
fisiologia, a bioquímica e o desenvolvimento das plantas (Vaz, 1986).
Entretanto o alho tem apresentado respostas heterogêneas para diferentes cultivares
quanto as condições de multiplicação “in vitro”, exigindo estudos diferenciados para cada
cultivar. Esta disparidade é mais acentuada entre as chamadas cultivares de “alho nobre” e de
ciclo precoce ou médio. Durante o processo de multiplicação do alho “in vitro” a bulbificação
reveste-se de importância, pois a obtenção de bulbilhos de boa qualidade, com maior peso e
diâmetro contribuirá para o melhor estabelecimento das plantas “in vivo” e expressão do
potencial máximo de diferenciação dos bulbos em menor período de tempo. Dentro os fatores
que influenciam a bulbificação, o nitrogênio e a consistência do meio de cultura, e além das
condições ambientais, parecem ser os mais importantes (Mosella e Fernandez, 1985; Bhojwani,
1980, Kehr e Shaeffer, 1976, Câmara 1988).
Os dados sobre ganho de produtividade com a obtenção de plantas livres de vírus e
provenientes da termoterapia e cultura ápices caulinares, indexadas por sorologia, no Brasil e no
exterior são raros. Recentemente, Resende (1993) avaliou o comportamento, em condições de
campo de plantas de alho obtidas por cultura de meristemas, sem termoterapia. As plantas não
foram indexadas para viroses. Entretanto, observou-se um ganho de produtividade total e
comercial da ordem de 62 e 111% respectivamente, além de outras características agronômicas,
como tamanho de bulbos e bulbilhos, altura de plantas e número de folhas por planta, isto
dependendo da seleção clonal, do grau de infecção e da eficiência da limpeza clonal, Resende
1995).
A cultura de tecidos é uma das formas mais eficientes para a eliminação de viroses de
diversas cultivares que apresentam este patogeno.
Além do aumento da produtividade pela eliminação dos vírus, a cultura de meristemas
permite a multiplicação em larga escala de clones livres de vírus e manutenção de coleções de
germoplasma, e ainda permite estabelecimento de novas linhas de pesquisa com a cultura do
alho, em função das características peculiares dos clones obtidos por esta técnica.
Clones de alho obtidos por cultura de meristemas apresentam características vegetativas e
produtividade superiores ao mesmo material oriundo de multiplicação convencional (a nível de
campo). Entretanto, cultivares livres de vírus quando cultivadas no campo, principalmente
próximos a regiões produtoras ficam expostas à reinfecção pelo vírus através de seus vetores,
levando ao processo de degenerescência dessas cultivares.

O meio de cultura constitui o principal fator na regeneração de uma planta completa “in
vitro” com raízes e parte aérea normais, desenvolvidas à partir de tecidos meristemáticos
(Resende 1985). Um meio básico mais em geral é desenvolvido por Murashige e Skoog (1962).
Através de observações visuais, periódicas verificou-se que a obtenção de microbulbos maiores,
em menor período de tempo, parece ser melhorada quando as plantas foram transferidas para
meio de cultura líquido (Câmara 1988).
Geralmente a cultura de meristemas é feita usando 0,6 a 0,8% de agar como suporte.
Deromelis (1984), estudou as condições de meios de cultivo mais aconselhados na obtenção de
um maior número de flores por inflorescência de alho, observou que o cultivo de escapos em
meio líquido é mais fácil, rápido e econômico, quando comparado ao meio sólido
O vigor, produtividade e qualidade de bulbos apresentados por clones de alho
provenientes de cultura de meristemas podem ser perdidos por sussessivas gerações de
multiplicação em condições naturais de cultivo devido ao processo gradativo de infeção por
vírus.
Entretanto o alho tem apresentado respostas heterogêneas para diferentes cultivares
quanto as condições de multiplicação “in vitro”, exigindo estudos diferenciados para cada
cultivar. Esta disparidade é mais acentuada entre as chamadas cultivares de “alho nobre” e de
ciclo precoce ou médio. Durante o processo de multiplicação do alho “in vitro” a bulbificação
reveste-se de importânicia, pois a obtenção de bulbilhos de boa qualidade, com maior peso e
diâmetro contribuirá para o melhor estabelescimento das plantas “in vivo” e expressão do
potencial máximo de diferenciação dos bulbos em menor período de tempo. Dentro os fatores
que imfluenciam a bulbificação, o nitrogênio e a consistênicia do meio de cultura, e além das
condições ambientais, parecem ser os mais importantes (Daniels, 1977; Mosella e Fernandez,
1985; Bhojwani, 1980, Kehr e Shaeffer, 1976, Camara 1988).
É necessário que o meio de cultura contenha reguladores de crescimento, substâncias
responsáveis pela regulação do crescimento e desenvolvimento vegetal Resende 1985).
Reguladores de crescimento

Estudos de Bhojwani (1980), indicaram que a multiplicação do alho in vitro foi afetada pela
presença do BAP e ANA (0,508 e 0,09 mg/l) respectivamente. Walkey, Weeb, Bolland e Miller
(1987) determinaram uma combinação ótima de auxína/citocinina, conseguindo índice máximo
de multiplicação quando utilizaram 4 ou 8 mg/l de AIA ou 2 mg de BAP.
Segundo Novak, Havel e Dolezel (1986), o BAP induz a multipla formação de brotos na
cultura de meristemas. Bons resultados foram obtidos pelos autores usando uma combinação de
a,225 mg/l de BAP com 0, 186 mg/l de ANA. Doses superiores a 1 mg/l de ANA causaram
deformação das plantas (Mosella e Fernadez, 1985).
Câmara (1988), observou uma melhor tendência de crescimento da parte aérea em
cultivares de alho de ciclo médio e precoce no intervalo de combinações de ANA e BAP de 0 a
0,5 mg/l. Concentrações mais elevadas (5 mg/l) foram prejudiciais, induzindo a formação de
calos.
As citocininas compõe um grupo de reguladores de crescimento que estão envolvidas na
diferenciação e alongamento celular, crescimento e senescência foliar, dominância apical e etc.
Porém possuem efeito formidável sobre o controle da morfogênese quando em combinação com
as auxinas, e giberelinas e retardantes de crescimento (Metiver, 1979).

Extração dos meristemas

A assepsia dos bulbilhos brotados e extração dos meristemas é feita em câmra de fluxo
laminar os bulbilhos são colocados sobre placa de petri, onde corta-se as raízes e parte aérea e a
folha de reserva foi removida. Em seguida faz a desinfestação, que é a imersão em solução
contendo 0,5% de cloro ativo e 0,5ml/100ml de quemicetina diluída dez vezes, durante 10
minutos. Após este período lavar por 3 a 5 vezes em água destilada autoclavada, para remoção do
desinfetante.
Com o auxílio de estereomicroscópio (Lupa), são retirados os meristemas com 0,2 a
0,5mm e inoculados em tubos de ensaio contendo 10ml de meio MURASHIGE e SKOOG.
O meio de cultura usado para a inoculação dos meristemas, é um meio sólido "MS"
contendo 0,5ml/l de ácido acético (ANA) e 2,5ml/l de Benzilaminopurina (BAP) que são
reguladores de crescimento. Depois de ser autoclavado o meio é solidificado com uma
inclinação de 45o para facilitar a inoculação do meristema e evitar acúmolo de água. Para a
remoção do meristema é utilizado um estilete, pinça de ponta fina que depois de umedecida com
álcool é flambada após cada inoculação.
Decorridos ± 35 dias após a inoculação os mericlones obtidos são transferidos do meio
sólido para meio líquido "MS" retirando-se o nitrogênio e os reguladores de crescimento e
dobrando a concentração de sacarose (para facilitar o acúmulo de reservas).
Os bulbilhos são colhidos 40 a 50 dias após a transferência de meio, curados em local
seco e ventilado, armazenados em condições ambiente por um período suficiente para superar a
dormência e posteriormente permitir a aclimatização.

Aclimatização

O objetivo da aclimatização é através de um processo controlado, adaptar as plântulas


provenientes dos bulbilhos obtidos “in vitro” a mudanças proporcionadas pelo ambiente externo
(in vivo).
Os bulbilhos obtidos são colocados em câmara fria a 5oC por 10 dias para indução de
quebra de dormência.
Uma vez quebrada a dormência os bulbilhos podem ser plantados iniciando o processo de
aclimatação. A aclimatização consiste no plantio do material em bandejas de isopor tipo
“seedling” com 128 células usando como substrato vermiculita + composto orgânico e nutrientes
minerais. O substrato deverá ser esterelizado em estufa a 80oC por 24 horas.
O processo de aclimatação tem duração de 3 a 4 meses, exigindo bastante cuidados com
irrigação, temperatura e nutrição das plântulas, pois esta é a fase mais crítica de todo o processo,
onde se tem os maiores riscos de perdas de material.
As plantas são irrigadas diariamete com água destilada e semanalmente com uma solução
nutritiva (Hoagland ou sais do meio MS).]
Ao final desta fase cada planta origina um pequeno bulbo com 3 a 5 bulbilhos.

Indexação

A indexação tem a função de identificar os clones que realmente foram isentos de vírus
pela cultura de meristemas.
Após a fase de aclimatação os bulbos são individualmente identificados por números. De
cada bulbo retira-se um dente para proceder o teste sorológico. O teste sorológico permite
constatar se o processo de multiplicação in vitro foi ou não eficiente, identificando os clones
livres de vírus. Constitui-se em um teste rápido, prático e eficiente.
Normalmente os testes s_o realizados com anti-soro obtido a partir de folhas de plantas
infectadas pelo GYSV e OYDV, vírus de ocorrência mais generalizada nas condições brasileiras.
A identificação e caracterização das principais viroses que ocorrem no alho é complexa e
a literatura é confusa. Evidências indicam que o alho apresenta infecção múltipla formada por
dois ou mais vírus (Mohamed e Young, 1981; Dellecole e Lot, 1981; Walkey et al. 1987 e Conci
et al. 1992).

Multiplicação.

Os clones sadios, confirmados pela indexação podem ser multiplicados em ambiente de


telado, e no campo com temperaturas amenas e acompanhamento fitossanitários periódico com o
objetivo de aumentar o número de bulbos, visando a distribuição de cultivares de alho livre de
vírus aos alicultores.

Resultados de pesquisa

Segundo Resende (1995) não há no Brasil estudos sobre medidas efetivas de controle de
doenças viróticas em alho, uma vez que não se conhece a etiologia das infecções viróticas do
alho nacional. Em avaliações de campo o mesmo autor utilizando clones da cultivar Gigante
Roxo, obtidos pelo método da cultura “in vitro”, cultivo de ápices meristemáticos com 1 a 2
pares de primórdios foliares de 0,2 a 0,5 mm, foi observado aumentos de até 62% e 111,40% de
pesos total de bulbos e produção comercial e respectivamente, caracteristicas agronômicas, tais
como tamanho dos bulbos e bulbilhos também foram melhoradas.
Messiaen et al. (1981), comparando clones sadios e viróticos de duas cultivares de alho,
observaram que os clones infectados apresentaram menor largura de folhas e teor de clorofila, em
consequência dos sintomas do vírus, que os clones sadios. A Altura das plantas e o
comprimento das folhas do alho são bastante reduzidos pela presença de vírus. Carvalho et al.
(1981a), verificaram que a altura de plantas do clone “Califórnia Early”, decresceu 10.6% no
primeiro ano de reinfecção e 8.2% no segundo ano. Neste trabalho os vírus foram artificialmente
inoculados nas plantas.
Hwang et al. (1983) e Walkey e Antill (1989), observaram que clones sadios
apresentaram plantas mais altas e comprimento de folhas superiores em relação a clones
infectados de algumas cultivares de alho. Estes ensaios foram repetidos em localidades diferentes
e os mesmos resultados foram encontrados. Resultados obtidos em vários trabalhos indicam que
a altura das plantas e o comprimento das folhas do alho são bastante reduzidos pela presença de
vírus. Carvalho et al (1981a), verificaram que a altura de plantas do clone “Califórnia Early”,
decresceu 10.6% no primeiro ano de reinfecção e 8.2% no segundo ano. Neste trabalho os vírus
foram artificialmente inoculados nas plantas.
As viroses, particularmente em alho, não causam diretamente a morte das plantas
infectadas, entretanto, clones infectados tornam-se mais susceptíveis a condições adversas do
meio ambiente. Normalmente plantios realizados com bulbilhos sadios provenientes de cultura de
meristemas apresentam maior índice de sobrevivência de plantas e de bulbos colhidos, como
demonstra o trabalho de (Walkey e Antill, 1989).
Messiaen et al. (1981), estudando clones sadios e infectados de alho das cultivares
Germidour e Thermidrome, observaram aumentos de produção maiores que 50% em clones
sadios da cultivar Thermidrome e 25% na cultivar Germidour; indicando ser esta última, mais
tolerante a presença do vírus.
Resultados semelhantes foram encontrados por Walkey e Antill (1989), que avaliando
plantas sadias de quatro cultivares, encontraram aumentos significativos de produção entre 40 e
50% para maioria delas, com excessão da cultivar Fructidor, que apresentou produções
semelhantes para plantas infectadas e sadias, mostrando-se tolerante a viroses.
Carvalho et al. (1981a), observaram uma redução de 26% no peso médio de bulbos do
clone sadio Califórnia Early em dois anos de reinfecção artificial, provavelmente em função da
degenerescência provocada pela reinfecção viral.
Variações na diferenciação dos bulbos podem ocorrer dentro da mesma cultivar como
relatam Graichen et alii (1990), que ao estudar três clones da cultivar Thuringer, observaram que
o número de bulbilhos por bulbo foi significativamente aumentado em um dos clones, enquanto
nos demais permaneceu inalterado.
Bhojwani et al. (1982), observaram que plantas de alho obtidas por micropropagação “in
vitro”, comprovadamente livres de vírus de algumas cultivares comerciais da Nova Zelândia
produziram bulbos com diâmetro superior a 60 mm, considerado um bom desempenho para as
condições daquele país.
Resultados superiores para diâmetro de bulbos foram relatados também por Walkey e
Antill (1989), ao observarem que clones sadios de várias cultivares produziram maior proporção
de bulbos grandes que os clones infectados das mesmas cultivares.
A melhoria na qualidade dos bulbos em função da cultura de meristemas reflete-se no
aumento de bulbos adequados à comercialização, e portanto aumento da produção comercial
(Havraneck, 1974; Walkey E antil, 1989) em relação a produção total.
Os clones não apresentaram diferenças significativas quanto à germinação , em função de
que as viroses não afetarem a germinação, uma vez que o vírus depende para a sua perpetuação
que a planta complete o seu ciclo reprodutivo.
De um modo geral por se tratar de uma espécie apomítica obrigatória (reprodução
vegetativa) muitas doenças, principalmente virótica são multiplicadas, intensificadas e
perpetuadas através de sucessivos ciclos de reprodução assexuada da cultura. Viroses são capazes
de reduzir consideravelmente a produtividade, qualidade e, possivelmente, a longevidade dos
bulbos armazenados. Isto aliado a pequena potencialidade do germoplasma nacional tem
ocasionado baixas produções e consequente importação de alho pelo Brasil.
O uso de material propagativo de alho livre de vírus, em plantios comerciais poderá
resultar em aumentos significativos de produtividade em um grande número de cultivares
(Carvalho, 1986), apresentando maior porte das plantas, aumento no número de folhas por planta
(Hwang et al., 1983) e aumento no tamanho e peso dos bulbos, devido a redução da intensidade
de infeção por vírus das plantas como consequência da cultura de meristemas (Carvalho, 1981;
Walkey e Antill, 1989).
No Brasil (Carvalho, 1986), como em outras regiões do mundo (Moesella e Fernandez,
1985; Nome et alii, 1981 e Walkey et alii, 1987), viroses infectam provavelmente todas as
cultivares comercialmente utilizadas, podendo causar reduções na produtividade na ordem de 6 a
35%, dependendo da tolerância da cultivar.
A técnica da cultura de meristemas tem sido utilizada com bastante eficiência, no caso do
alho, visando obter plantas parcial ou totalmente livres de vírus (Carvalho et al. 1981b ; Nome et
al. 1981; Conci et al. 1986, Câmara, 1988, Peters et al. 1989).
Segundo Daniels et al. (1978a), a obtenção de plantas sadias é o primeiro passo para o
melhor conhecimento das viroses que atacam o alho, de seu agente etiológico e, principalmente
para o início da produção de bulbilhos sadios. O uso de material propagativo de alho livre de
vírus em plantios comerciais no Brasil resultará no aumento da produtividade de um grande
número de cultivares (Carvalho, 1986). Lin (1985), comparando plantas de alho obtidas por
cultura de meristemas e plantas provenientes de bulbilhos oriundos de plantios comerciais,
constatou após cinco gerações de multiplicação, que os clones obtidos pelo cultivo de
meristemas apresentavam 52.1% das plantas sadias e 21% com sintomas leves do vírus.
Enquanto plantas originadas de multiplicação convencional mostravam 7.14% de plantas livres
de vírus, 83,33% com sintomas severos e 21,43% com sintomas leves.
Resultados semelhantes foram encontrados por Walkey e Antill (1989), que avaliando
plantas sadias de quatro cultivares, encontraram aumentos significativos de produção entre 40 e
50% para maioria delas, com exceção da cultivar Fructidor, que apresentou produções
semelhantes para plantas infectadas e sadias, mostrando-se tolerante a viroses.
Garcia et al. (1989), em trabalhos realizados no Brasil com as cultivares Lavínia, Chonan,
São Lourenço e Quitéria, encontraram acréscimos médios no rendimento dessas cultivares, em
função da cultura de meristemas, de 8.8 a 38.0%. Estes autores constataram também pelas
produções obtidas que os alhos isentos de viroses são superiores àqueles com uma multiplicação
externa (campo).
Aumentos consideráveis no peso médio de bulbos foram observados por Messiaen et al.
(1981); Bhojwani et al. (1982) ; Hwang et al. (1983), Graichen et al. (1990) e Walkey e Antill
(1989), em clones de alho sadios obtidos por cultura de meristemas.
Variações na diferenciação dos bulbos podem ocorrer dentro da mesma cultivar como
relatam Graichen et alii (1990), que ao estudar três clones da cultivar Thuringer, observaram que
o número de bulbilhos por bulbo foi significativamente aumentado em um dos clones, enquanto
nos demais permaneceu inalterado.
Resultados superiores para diâmetro de bulbos foram relatados também por Walkey e
Antill (1989), ao observarem que clones sadios de várias cultivares produziram maior proporção
de bulbos grandes que os clones infectados das mesmas cultivares.
O peso e tamanho de bulbilhos são características, também muito influenciadas pela
cultura de meristemas. Segundo Messiaen et alii (1981) e Walkey e Antill (1989), clones de alho
livres de vírus apresentam peso e tamanho de bulbilhos superior a plantas infectadas, como
demonstram comparações realizadas para algumas cultivares.

Você também pode gostar