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Redes de distribuição de água

1 Redes de distribuição de água

1.1 Definição

Conjunto de tubulações, acessórios, reservatórios, bombas, etc., que


tem por finalidade atender, dentro de condições sanitárias, de
pressão e de vazão convenientes, a cada um dos diversos pontos de
consumo de uma cidade ou setor de abastecimento.
a) Concepção geométrica:
Compostas de:
- condutos principais ou troncos: se apresentam com diâmetros
maiores e abastecem os condutos secundários;
- condutos secundários: se apresentam com diâmetros menores e
abastecem os pontos de consumo.
b) Nomenclatura:
- NÓS: - pontos de derivação de vazão;
- pontos de mudança de diâmetro;
- TRECHOS: tubulações entre dois nós;
- PONTAS SECAS: final de rede ou extremidade morta, onde não
há vazão (QJ=0).
c) Tipos:
c1- Redes ramificadas
- funcionam a partir de uma tubulação tronco;
- podem ser alimentadas por gravidade ou por bombeamento;
- a água é distribuída diretamente para os condutos secundários;
- o sentido da vazão é conhecido em qualquer trecho;
- usadas, em geral, para abastecimento de sistemas de irrigação,
pequenas comunidades, acampamentos, etc.

Figura 1 – Rede ramificada


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Redes de distribuição de água

Deficiências:
- distribuição da vazão condicionada à tubulação tronco, que é
única;
- pontos de consumo a jusante de uma interrupção ficam sem
abastecimento de água.

c2) Redes malhadas


- podem ser alimentadas por gravidade ou por bombeamento;
- tubulações tronco formam anéis ou malhas que permitem a
reversibilidade no sentido das vazões, em função da demanda;
- maior flexibilidade para manutenção;
- mínima interrupção no fornecimento de água.

Figura 2 – Rede malhada (rotadosconcursos.com.br)

d) Condições hidráulicas a serem satisfeitas:


- pressões mínimas e máximas;
- velocidades → vazões;
- diâmetros convenientes;
- topografia do terreno;
- qualidade da água.
e) Cálculos ou dimensionamentos:
- inicia-se o cálculo nos trechos finais da rede;
- caso os diâmetros devam ser determinados, utilizar a tabela
3.13, página 86 do livro texto, a partir da maior vazão no trecho;
- utilizar para o cálculo da perda de carga a equação mais
conveniente, segundo o material das tubulações e regime do
escoamento;
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Redes de distribuição de água

- lembrar sempre das condições hidráulicas a serem satisfeitas;


- utilizar a tabela 1 para facilitar os cálculos:
Explicação das colunas da tabela 1:
1– Trecho: dar nomes aos trechos se utilizando dos nós a
montante e a jusante, nesta ordem (M-J);
2- L(m): extensão de cada trecho;
3- Vazão de jusante:
- na extremidade de jusante de um ramal, verificar se é
ponta seca (QJ=0) ou não (QJ≠0);
- na extremidade de jusante de um trecho =∑ ;
4- Vazão distribuída: = ∙ ;
5- Vazão de montante: = + ;
6- Vazão fictícia: apenas para cálculo da perda de carga em
trechos onde há distribuição de vazão em marcha ou vazão
distribuída;
+
= = =0
2 √3
7- D(m): diâmetro da tubulação escolhido com base na maior
vazão do trecho e na tabela 3.13, página 86 do livro texto;
8- h (m): perda de carga no trecho;
9 e 10- Cotas piezométrica a montante (M) e jusante (J) do trecho
(z+p/ );
11 e 12- Cotas do terreno ou cotas altimétrica a montante (M) e
jusante (J) do trecho (z);
13 e 14- Cargas de pressão disponíveis a montante (M) e jusante
(J) do trecho (p/ ).

f) Equilíbrio de anéis
Nas redes malhadas admite-se que as vazões que saem das
tubulações estão concentradas nos nós e, antes de partir para o
preenchimento da tabela 1, é necessário determinar os valores e
sentidos das vazões em cada trecho por meio de um processo
iterativo, chamado Hardy-Cross, que será apresentado a seguir.
Ele deve, obrigatoriamente, atender a 2 princípios:

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Princípio 1– Continuidade:
- aplicado aos nós;
- a soma das vazões afluentes (que chegam ao nó) é igual à soma
das vazões que deixam o nó.

Figura 3 – Princípio da continuidade em um nó de uma rede malhada

Princípio 2- Conservação de energia:


- aplicado aos anéis;
- a soma das perdas de carga nos condutos que formam o anel é
zero;
- atribui-se à perda de carga a mesma direção da vazão;
- convenciona-se o sentido horário como positivo.

Figura 4 – Princípio da conservação da energia em um anel de uma rede


malhada

Processo Hardy-Cross:
- faz-se uma estimativa inicial para as vazões e seus sentidos em
todo o anel;
- dimensionam-se os diâmetros de cada trecho segundo as tabelas
3.12 e 3.13, página 86 do livro texto;

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- calculam-se as perdas de carga correspondentes, utilizando-se


das equações adequadas, e verifica-se o princípio de conservação
de energia ( h=0);
- se h=0, a estimativa inicial das vazões e seus sentidos pode ser
considerada correta e passa-se ao preenchimento global da
tabela 1;
- se h≠0, corrigem-se as vazões em Q, onde “n” é o expoente de
“Q” da equação de perda de carga utilizada.
∑ ∆ℎ
∆ =−
∑ ∆ℎ

!"# = ! +∆

Verifique o fluxograma a seguir:

Conhecem-se:
Estimam-se:
Vazões nos nós;
Comprimentos dos trechos (L);
Coeficientes de perda de carga ($). Vazões nos trechos
Q=0 (nós)

Calculam-se: Fixam-se:

Perdas de carga Diâmetros nos


nos trechos ( h) trechos (D)

h=0 FIM

Corrigem-se
h≠0 Calcula- as vazões nos
se Q trechos

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Redes de distribuição de água

Em redes malhadas mais complexas, onde existe mais de um anel


a ser equilibrado, o procedimento deve ser feito simultaneamente
para todos os anéis existentes. Existirão trechos que pertencem a
dois ou mais anéis, conforme se pode observar na figura 5, o
trecho AC.
De acordo com as estimativas, as vazões têm os sentidos indicados
na figura. Desta forma, o trecho AC no anel 1 tem sinal positivo e
o mesmo trecho no anel 2 tem sinal negativo.

Anel 2

Anel 1

Figura 5 – Redes malhadas com mais de um anel

Nestes trechos as vazões devem ser corrigidas pelos dois Q’s


obtidos segundo as seguintes equações:

∆ %&# = ∆ '()* # −∆ '()* +


∆ %&+ = ∆ '()* + −∆ '()* #

Atenção: ao realizar a correção, os valores das duas vazões devem


continuar iguais, alterando-se apenas os sinais. Não é possível se
ter no mesmo trecho dois valores de vazão!

EXERCÍCIOS

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Redes de distribuição de água

Tabela 1 – Tabela para dimensionamento de redes de distribuição de água

Carga de
Cota
Cota do terreno Pressão
Vazão (m³/s) piezométrica
Trecho D ∆h z (m) disponível
L (m) (z+p/ )
(M-J) (m) (m) p/ (m)
Jusante Distribuída Montante Fictícia
M J M J M J
QJ QD=q⋅⋅L QM= QJ+ QD QF

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