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FALÁCIA NÃO FORMAL DE AMBIGUIDADE DO TIPO

ANFIBOLOGIA

Introdução:

Quando cotidianamente diz-se que algo ocorre “por causa disso e daquilo”, como
acontece em um debate ou numa simples explicação; quando diante de algumas informações
conclui-se algo novo, enfim, toda vez que coisas como essas acontecem, se está expressando
conhecimento por meio de um argumento ou produzindo-o mentalmente por meio do
raciocínio. A lógica é a responsável por estudar a forma correta de realizar essas operações
para que se chegue - ou se expresse - corretamente um conhecimento por meio do raciocínio
ou argumento. Para Copi (1978, p. 19), “o estudo da lógica é o estudo dos métodos e
princípios usados para distinguir o raciocínio correto do incorreto”.

Também pode-se dizer que a lógica é uma malha de estruturas normativas, ou seja,
dentro de um sistema lógico existem regras que orientam a forma correta de pensar. Além
disso ela também é como que o instrumento pelo qual todas as ciências se fazem
comunicáveis e comprováveis.

“A esse conjunto de regras é que se chama lógica, ou seja, a ciência dos


pensamentos enquanto pensamentos, prescindindo dos outros aspectos e dos
outros elementos que se relacionam com eles, e que formam os objetos de
outras ciências” (SANTOS, 1959, p. 06).

O argumento, objeto de estudo da lógica, é a forma como se articulam alguns pré-


conhecimentos a fim de produzir um novo. O argumento segue uma estrutura que contém
esses pré-conhecimentos, que são chamados de premissas, e uma conclusão resultante das
relações entre as premissas. Ou seja, as premissas comprovam aquilo que é concluído. Para
essa relação das premissas com a conclusão dá-se o nome de inferência.

Existem três tipos de argumentos: dedutivos, indutivos e de analogia. Dedutivos são os


argumentos que partem de informações mais gerais, que na lógica chamamos de premissas
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universais, e resultam em uma nova informação, que é uma conclusão particular; argumentos
dedutivos podem ser válidos ou não. Exemplo clássico é: todo homem é mortal, Sócrates é
homem, logo, Sócrates é mortal. Os indutivos, ao contrário, usam de premissas particulares e
inferem uma conclusão universal. Isso acontece quando encontramos algo em comum em
casos particulares e diante disso concluímos um conhecimento mais geral, como nas ciências
empíricas, esses argumentos podem ser prováveis ou não. Pode-se também argumentar com
analogia, quando por meio de certa semelhança entre duas ou mais coisas conclui-se a
possibilidade de uma outra, é um tipo de argumento de certa forma incerto.

Falácias:

A falácia é uma forma incorreta de expressar um argumento. Ela ocorre quando se


quer provar ou negar algo com um argumento que não segue uma estrutura coerente, ou seja,
não possui premissas que comprovem aquilo que se quer concluir. Muitas falácias têm um
grande poder de persuasão e são com frequência usadas, de forma intencional, para convencer
determinadas ideias.

Portanto, definimos falácia como uma forma de raciocínio que parece


correta, mas que, quando não examinada cuidadosamente, não o é. É
proveitoso estudar tais raciocínios, pois a familiaridade com eles e seu
entendimento impedirão que sejamos iludidos. Estar prevenido é estar
armado de antemão. (COPI, 1978, p.73)

Elas têm um poder de convencimento, porque, ao invés de se usar proposições


verdadeiras que inferem em uma conclusão, são usadas inúmeras outras formas que não
correspondem com o raciocínio lógico, mas que são psicologicamente persuasivas por conta
da forma, as vezes até intimidadora e ofensiva, que possuem. Acontece também que muitas
vezes as falácias são usadas de forma acidental, por falta de atenção ou pouco conhecimento
das exigências básicas de um argumento logicamente válido.

As falácias podem ser definidas entre formais e não formais. Formais são aquelas que
possuem um erro na estrutura lógica. Na filosofia aristotélica, são aquelas que possuem
aparência de um silogismo, mas violam uma ou mais de suas regras. Não formais são aquelas

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que não possuem a estrutura lógica, não são como silogismos. As falácias são classificadas
em dois grupos: relevância e ambiguidade.

De relevância acontece quando um argumento possui premissas que não inferem


diretamente na conclusão. Acontece quando algo é afirmado, mas as justificativas que são
dadas não comprovam verdadeiramente a conclusão. Há alguns tipos de falácia de relevância:
Argumentum ad Baculum, Argumentum ad Hominem (dos tipos ofensivo, circunstancial e
poço envenenado), Argumentum ad Ignorartiam, Argumentum ad Misericordiam,
Argumentum ad Populum, Argumentum ad Verecundiam, Petitio Principii, Acidente,
Acidente Convertido, Falsa Causa e Ignoratio Elenchi.

A de ambiguidade acontece quando há palavras, ou a própria estrutura da frase, com


mais de um sentido interpretativo, isto é, possui palavras ou frases ambíguas. As vezes dão
conclusões falsas ou mais de uma possibilidade de conclusão. Os tipos de falácias não formais
de ambiguidade são: Equivoco, Anfibologia, Ênfase, Composição e Divisão

Anfibologia:

A falácia atribuída a este grupo foi a falácia não formal de ambiguidade, do tipo
anfibologia. São aquelas falácias que ao serem lidas, percebe-se que a construção de sua frase
possui mais de uma possibilidade de interpretação, portando, nela, a ambiguidade está na
frase. “Um enunciado é anfibológico, quando seu significado não é claro, pelo modo confuso
ou imperfeito como suas palavras são combinadas. [...] A anfibologia manifesta-se,
frequentemente, nas manchetes dos jornais e nas pequenas notícias” (COPI, 1978, p. 92-93).
Para Warat (1984, p. 39) “pode-se falar também em anfibologia para fazer referência a
expressões significativamente anêmicas (cujo sentido só pode ser preenchido
contextualmente)”.

Ao utilizar-se a anfibologia, induz-se o interlocutor a aceitar a conclusão, se utilizando


de um jogo sintagmático que sugere um outro sentido para a conclusão, sendo este sentido
geralmente aceito. É possível também que, com um uso presumivelmente padronizado, ela
ajude a aceitação de algo que não seria aceito sem explicitar o significado de base (Cf.
WARAT, 1984, p. 39).

Tem-se como um exemplo: “Jovem que transportava uma cadeira acabou quebrando o
braço”. Nesta frase é fácil de perceber que existem duas possibilidades de interpretação: ou o
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jovem quebrou seu próprio braço ou quebrou o braço da cadeira. A frase teria seu sentido
mais nítido se fosse escrita “Jovem quebra o braço ao transportar cadeira”, significando que o
braço do rapaz quebrou, ou “Jovem quebra o braço de cadeira ao transportá-la”, exprimindo
que o braço do móvel foi danificado pelo jovem durante o transporte.

Conclusão:

Por fim, o grupo concluiu que a lógica é importante, visto que ela nos permite
conhecer a forma correta de raciocinar e expressar argumentos, pois essas são umas das
principais atividades da filosofia, pensar e expressar conhecimentos. A lógica também auxilia
mostrando a forma correta de relacionar os fatos que estão ao redor, afim de tirar deles novas
conclusões. Juntamente com o estudo da lógica estão o conhecimento das falácias, da mesma
forma, ter consciência delas, saber quais os seus tipos, como e quando acontecem, é essencial
para não cairmos no erro de justificar opiniões sem reais fundamentos. Também para não ser
enganados por esses falsos argumentos, tão frequentemente usados no dia a dia.

Referências:

COPI, Irving Marmer. Introdução à Lógica. Tradução de Álvaro Cabral. 2 ed. São Paulo:
Mestre Jou, 1978.

SANTOS, Mário Ferreira dos. Lógica e Dialética. 4 ed. Manaus: Livraria e Editora Logos,
1959.

WARAT, Luis Alberto. Técnicas Argumentativas na Prática Judicial. Sequência: Estudos


Jurídicos e Políticos. Florianópolis, v. 05, n. 09, p. 35-56, 1984. Disponível em:
https://periodicos.ufsc.br/index.php/sequencia/article/view/16731/15302. Acesso em: 13 jun.
2021.

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