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Capítulo 5

ANÁLISE DA COR EM PRODUTOS INDUSTRIAIS


Simone Melo da Rosa
Artista Plástica

Esse capítulo propõe subsídios para compreensão do


uso e significado das cores, visando à aplicação de sua aná-
lise em produtos industriais. Para isso, são necessários o
conhecimento de seus conceitos, suas funções, suas influ-
ências psicológicas e suas formas de percepção. Tais co-
nhecimentos além de esclarecerem as facetas da percepção
da cor, contribuem contribuir no desenvolvendo da sensibili-
dade. Tendo em vista que, na escolha das cores não exis-
tem regras, as opções baseiam-se na função e fundamenta-
se na sensibilidade.

COMPREENDENDO A COR
Para compreender a cor em sua função, nomenclatura
e conceitos, é necessário entender como funciona a sua
percepção. Esse mecanismo funciona a partir da luz, artifici-
al ou natural, que é o elemento essencial para a existência
da cor. É feita uma interação através do olho humano, que
age como mecanismo de percepção. Como já vimos na aná-
lise da forma, a luz constitui um meio de perceber as formas
e cores, sem ela não enxergaríamos o que nos rodeia. Re-
lembrando a análise da forma, essa luz é constituída por
ondas eletromagnéticas de comprimento extremamente pe-
queno – 400 e 800 nm (nanômetro) – que integram a visão,
formando um espectro visual do vermelho ao violeta.
[C1] Comentário: Qual é o sujeito dessa
Resumidamente, o olho humano é um aparelho que frase? Retina, nervo ótico ou olho? Considere
que há muitas informações nesse parágrafo.
recebe somente ondas de energia radiante, de comprimento Portanto, é preciso explicitar os sujeitos. Se a
segunda frase estiver se referindo a nervo óti-
certo (ondas de luz). Compara-se a uma máquina fotográfica co, é possível dizer “Este, por sua vez, é um
com a objetiva sempre aberta, recebendo, através da retina aparelho....”. Mas se estiver se referindo a o-
lho humano, sugere-se: “Assim, o olho é um
(formada por diversas camadas de células), imagens em aparelho...”
[C2] Comentário: Não há alguma palavra
forma invertida, que são mudadas rapidamente quando al- que defina “retina” – algum substantivo que
possa ser colocado antes do verbo? Por exem-
cançam o cérebro por meio do nervo ótico, conforme mostra plo: “através do coração (órgão formado
a figura 1. por....”

FIGURA 1 - Morfologia do olho humano.

Uma das propriedades da luz é a refração, que consis-


te na capacidade de reduzir sua velocidade ao atravessar
um meio de transporte, vidro ou água, por exemplo. Essa
redução é a causa de um desvio do raio luminoso, ao sair de

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um meio e penetrar em outro. A propriedade de refratar a luz
também existe no olho humano. Os raios luminosos que a-
tingem a retina sofrem a primeira retração ao entrarem em
contato com a córnea, e assim sucessivamente até o humor
vítreo, completando assim a percepção da forma aliada à da
cor, e registrando imagens no cérebro, para posteriores ana-
logias e identificação de familiaridades no reconhecimento
do mundo que nos cerca. Auxiliando, desse modo, a aceita-
bilidade dos produtos.

UM BREVE HISTÓRICO
O ser humano sempre usou as cores como fator de di-
ferenciação. Com ela, podemos distinguir povos e identificar
épocas. Da pré-história à idade média a cor foi usada desde
a forma mais opaca à sua luminosidade máxima, como é o
caso dos vitrôs. Já na renascença1, enquanto a cor na arqui-
tetura teve aspectos decorativos, nas artes plásticas passou
a ser o elemento individualizador, e Leonardo da Vinci2 con-
tribuiu com teorias a respeito do tema.
Após o Renascimento, outros movimentos conferem à

1
Renascença – Período iniciado na Itália, estende-se pelo século XV e
pelo XVI. Corresponde a redescoberta da antiguidade, virando as costas
para o mundo medieval, recolocando o homem no centro das artes como
escala principal e referência absoluta.
2
Leonardo da Vinci (1452-1519) – Foi um dos gênios mais completos da
humanidade, conquistou uma posição elevada na história da arte como
pintor. Realizou múltiplas investigações em diversos campos do conheci-
mento científico, não tendo realizado na prática os resultados da maioria
dessas investigações, deixou anotações de extrema valia para gerações
posteriores, como é o caso de suas teorias sobre as cores.

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cor, desde um caráter dinâmico (explorando sua dramatici-
dade) até um caráter mais espiritual. Vários estilos procura-
vam realismo, cada um de sua maneira, num sentido psico-
lógico. Procuravam saciar o desejo do ser humano de re-
produzir o colorido da natureza, transformando a cor em
meio de expressão. Mas para representar as cores, era pre-
ciso entender o seu funcionamento; aliás, o seu entendimen-
to sempre despertou a curiosidade.
[C3] Comentário: Lembre-se de que você
No decorrer dos séculos, pode-se citar cientistas e es- começou o artigo usando o impessoal. É ne-
cessário manter essa forma de tratamento até o
tudiosos que se dedicaram em pesquisar as cores.No século fim. Ou troque para a 1ª pessoa desde o início
do texto. Ok? Se você optar pelo impessoal,
XVI, alguns filósofos já definiram a cor como sensação. E, diga: “pode-se citar...”
por volta de 1665, Newton3 preocupou-se em estabelecer os
critérios enquanto fenômeno físico, compreendendo de for-
ma sistemática os estudos dos fenômenos luminosos, com
base na luz solar. Suas investigações possibilitaram alcan-
çar o mais alto grau de conhecimento, na época, sobre re-
flexão, refração e cor luz.
No início do século XIX, a cor inicia uma nova fase de
sua aplicação, algo já semelhante à atualidade, em que se
[C4] Comentário: Nem sempre o gerúndio
procura tocar a sensibilidade. Nesse período, vários estudi- deixa clara a relação entre as idéias. Veja se
não seria conveniente dizer: “em que se procu-
osos despertam para o estudo científico da cor. Entre eles, ra tocar....”
Goethe4, que em contraposição a Newton, considerava a cor [C5] Comentário: quem despertou para o
estudo? Explicite o sujeito.
como um efeito compreendendo as cores como elemento in-

3
Isaac Newton (1642 – 1727) - Foi o descobridor em 1707, da decompo-
sição da luz branca e da desigual refletabilidade das cores.
4
Goethe – Pesquisador que difundiu suas pesquisas no início do século
XIX e, exerce ainda a maior influência sobre os intelectuais e artistas con-
temporâneos.

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tegrante das coisas, num sentido primeiramente fisiológico,
depois físico e químico.
No final do século XIX, o impressionismo5 representou
uma verdadeira revolução cromática, pois os artistas da é-
[C6] Comentário: Não está
poca registram a impressão causada pela luz em suas pintu- muito clara essa informação. Tam-
bém falta o sujeito (seria o impres-
ras, refletindo desse modo os estudos realizados até então. sionismo?). Veja se poderia ser as-
Já no século XX, observa-se uma maior integração da sim: “pois possibilitou registrar a
impressão....”
cor com a forma e, na segunda metade desse mesmo sécu-
lo, procurou-se adequar à comunicação visual. Houve um
maior entendimento da força comunicativa da imagem e do
impacto exercido pela cor. Atualmente, a tendência de colo-
rir em demasia talvez exista em contraposição aos frios e
deprimentes espaços cinzentos dos atuais grandes centros.
A publicidade também se apresenta numa multiplicidade de
cores a fim de despertar a atenção do público, devido às va-
riadas opções existentes no mercado. E o produto industrial
se faz valer da cor para alcançar visibilidade frente aos con-
sumidores.

CONCEITUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO
Quando um raio de luz branca incide sobre um corpo,
refletindo na retina, é absorvido totalmente ou em parte, pois
cada corpo tem uma característica peculiar de absorver e re-
[C7] Comentário: Confira a
fletir a luz branca, chamada de freqüência. Ao olhar-se um uniformidade no tratamento. Se
você tiver optado pela 1º pessoa do
corpo de uma determinada cor, significa que houve uma ab- plural, diga “Ao olharmos...” Mas
se você manteve o impessoal, diga
5 “Ao olhar-se um corpo...”
Impressionismo – Surgiu por volta de 1870, esse movimento artístico re-
gistrou os efeitos da luz.

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sorção de todas as freqüências correspondentes às demais
cores e uma reflexão da cor referente a desse corpo. Por-
[C8] Comentário: Se você decidiu pela
tanto, uma onda luminosa atravessa os olhos, causando 1ªpessoa, não mude. Mas se optou pelo impes-
soal, diga apenas “atravessa os olhos”. O
uma sensação cromática, resultante da impressão produzida mesmo vale para “pelo cérebro” (que vem a
seguir).
pelo cérebro, em relação aos raios de luz composta e refle-
[C9] Comentário:
tida. Desse modo todos os corpos ao serem iluminados têm
a propriedade de refletir toda ou parte da luz que recebem,
conforme a sua cor, causando uma sensação cromática.
Com isso, a análise da cor se dará basicamente ao nível das
sensações causadas pelas cores dos produtos em relação
ao consumidor.
Os estímulos que causam essas sensações referem-
se à cores-luz e cores-pigmento. A cor-luz é obtida por adi-
ção ou síntese aditiva, sendo também chamadas de cores
aditivas. As cores-pigmento são também denominadas de
cores de refletância, cores subtrativas ou cores-tinta, são re-
feridas como subtrativas porque, quando se pinta um objeto,
[C10] Comentário: está-se
está-se subtraindo a luz para obtenção da cor.
Cores indecomponíveis são aquelas que misturadas
em proporções variáveis produzem todas as cores do es-
pectro, são ditas Cores primárias. As primárias, em cor-luz,
são: vermelho, verde e azul-violetado, a mistura dessas três
luzes coloridas produz o branco. As primárias físico-
químicas, em cor-pigmento (utilizada na maioria dos produ-
tos industriais) são: o magenta (vermelho violetado), o ama-
relo e o ciano (azul esverdeado). A mistura dessas cores
produz, por síntese subtrativa, o cinza-neutro.

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Tradicionalmente, estuda-se a classificação das cores-
pigmento em um círculo cromático conforme exemplificado
na figura 2, no qual se pode identificar as cores primárias,
secundárias, terciárias, análogas e completares.

FIGURA 2 - Círculo cromático

As cores secundárias, em cor-tinta são o laranja,


resultante da mistura do magenta com o amarelo; o verde,
da mistura do azul com o amarelo; e o roxo, magenta com
azul. As cores não estão dispostas no círculo ao acaso, as
complementares estão em posições opostas determinando.
Com isso constatamos que toda cor possui uma outra cor
que a complementa: o amarelo é complementar do roxo,
porque este é a fusão do azul com o magenta, que, junta-
mente com o amarelo, formam as três cores primárias. Pela
mesma razão, o vermelho tem o verde como complementar,
pois este é formado pelo azul e amarelo. O azul tem como
complementar o laranja, que é o resultado do magenta com
o amarelo. Podemos comprovar suas complementares se fi-
[C11] Comentário: Se se fixar
xarmos em um ponto magenta por alguns minutos, e logo se ...
desviar o olhar para uma parede branca, nosso olho, satu- [C12] Comentário: se desviar
o olhar...
rado de magenta, enxergará o mesmo ponto, porém na
[C13] Comentário: se se ob-
complementar; ou se observarem os negativos dos filmes servarem

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coloridos, todas as cores do negativo serão complementares
opostas as da realidade. Transportando esse conceito para
produto, usa-se toda vez que se necessita dar a mesma im-
portância a dois elementos que deverão ser de cores dife-
rentes, ou quando se necessita contraste em um mesmo
produto.
Existem outras classificações das cores como Cores
terciárias, resultantes da mistura de uma cor primária com
uma secundária; ou classificadas quanto à sensação térmica
de frio ou calor dependendo da relação existente com as
demais cores. A princípio, as cores quentes são o vermelho
e o amarelo e as demais cores em que estas predominem.
As cores frias são o azul e o verde, bem como as outras
cores predominantes por eles. Podem os verdes, violácios,
carmins e uma infinidade de outras cores serem classifica-
das tanto como cores-quentes quanto como cores-frias, de-
pendendo da percentagem de azuis, vermelhos e amarelos
existentes. Em produtos industriais podemos nos valer des-
se recurso para compensarmos sensações quentes ou frias,
procurando o equilíbrio.
As cores análogas, como o nome sugere, consistem
nas cores que se encontram uma ao lado da outra no círculo
cromático. Basicamente possuem a mesma origem, partici-
pam da mesma gama de matizes, por exemplo, as matizes
de laranja que surge do amarelo com o vermelho magenta.
[C14] Comentário: Pode-se
Pode-se classificar uma cor quanto a seu tom, satura-
ção e luminosidade. A variação qualitativa da cor chama-se

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tom. A fusão isoladamente de branco, preta e cinza a uma
determinada cor resulta, respectivamente, em uma matiz,
um sombreamento e uma tonalidade. Quando uma cor está
exatamente no comprimento de onda que lhe corresponde
no espectro solar, não existindo nem preto, nem branco em
sua composição, denomina-se saturação da cor. Chama-se
de luminosidade a característica que qualquer cor possui
de refletir a luz branca. Qualquer variação que se verifique
na mesma cor, seja no tom, na saturação ou na luminosida-
de, denomina-se escala cromática, a qual é produzida com
modulações de intervalos contínuos. É usada a escala para
auxiliar na determinação das cores de produtos.
Quanto à combinação das cores poderá ser monocro-
mática, usando-se uma só cor em sua variada escala cro-
mática, ou policromática, quando é usada simultaneamente
mais de uma cor. Podendo ou não haver contraste, que é a
interação e diferenciação entre cores, tons, matizes, texturas
e luminosidade. Essa interação induz a uma modificação re-
cíproca, pois uma interfere na visibilidade da outra.

PERCEPÇÃO DAS CORES


Enquanto a sensação cromática envolve aspectos físi-
cos (luz) e fisiológicos (o olho humano), a percepção da cor
envolve aspectos físicos, psíquicos e intelectuais. Com a
[C15] Comentário: distin-
percepção, distinguem-se três características principais que guem-se
correspondem aos parâmetros básicos da cor: matiz (com-

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primento de onda), valor (luminosidade ou brilho) e croma
(saturação ou pureza da cor). Segundo as teorias da ges-
talt6, as quais abriram caminho para compreensão das estru-
turas e significados das cores, a percepção humana é um
conjunto coordenado de impressões. As cores provocam
sensações dinâmicas, como é o caso do amarelo que é ex-
[C16] Comentário: não é “excêntrico”?
cêntrico, tende a invadir o espaço circundante, com inclina- Ou você está se referindo a alguma palavra
técnica da sua área?
ção para se expandir e avançar; o vermelho que é estático,
fixo, próximo, tende ao equilíbrio sobre si mesmo; o azul que
é concêntrico, vazio, profundo, distante, fechado sobre si
mesmo. Também as cores claras e quentes elevam, dilatam,
ampliam e alargam; já as cores escuras e frias se retraem,
abaixam, fecham, estreitam, pesam e comprimem.
A visão difere sensivelmente de um indivíduo para ou-
tro. Vários fatores influenciam a percepção da cor, como, o
estado fisiológico e psíquico do indivíduo. Algumas pessoas,
por exemplo, quando se sentem doentes, tristes ou nervo-
sas, dão preferência para o marrom, enquanto que para ou-
[C17] Comentário: Não entendi. Seria
tras essa cor aparenta descrição. Da mesma forma, quando “para o marrou, ou para outras cores que apa-
rentam descrição” OU “para o marrom, já que
se sentem alegres, felizes, escolhem o azul, que para outras essa cor aparenta descrição” ? OU AINDA:
pode parecer cansativa. Com isso, é constatado o fator psi- “enquanto que, para outras, essa cor aparenta
descrição” ?
cológico das cores.
Além disso, as cores são preferidas de acordo com o
temperamento e a personalidade. As mais introvertidas pre-

6
Gestalt – Termo alemão relacionado ao movimento Gestaltismo, que es-
tudou a percepção da forma, com base na filosofia e psicologia. Teve
grande destaque na primeira metade do século XX e até hoje influencia o
pensamento de muitos teóricos, em várias áreas do saber humano.

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ferem os tons de azul e as cores frias, enquanto que as mais
comunicativas, o laranja e as cores quentes. Os intelectuais
sentem-se atraídos pelo amarelo e as pessoas relacionadas
às artes pela púrpura e violeta. Cada pessoa capta o mundo
conforme a estrutura de seus sentimentos, com base nas
suas diferenciações biológicas e psicológicas.
[C18] Comentário: Costuma-
Costuma-se associar o processo de preferência das se
cores ao gosto, a um sentido apenas psicológico. Porém de-
[C19] Comentário: Porém,
ve-se associá-lo, principalmente, ao grau de sensibilização deve-se associá-lo, principalmente,
...
e conhecimento que o indivíduo possui em relação à cor.
Um indivíduo poderá perceber certa cor como agradável e
outro poderá percebê-la diferente. Portanto, os fatores que
influenciam a escolha das cores estão relacionados a aspec-
tos sociológicos, psicológicos e fisiológicos, como é o caso
da diferença das cores, entre os sexos, idades e classes so-
ciais. Dessa forma, a escolha da cor de um produto deve
observar o público com base em seu perfil psicológico, le-
vando-se em conta suas culturas e etnias.
A cor é um elemento eficaz nas mãos de quem cria
produtos, ela poderá determinar sua ascensão ou queda.
Pois age tanto sobre quem a usou quanto sobre quem a flui-
rá, de forma tríplice: impressionando a retina, provocando
emoção e comunicando uma idéia.
Como componente de um espaço, a cor pode agir indi-
retamente para reduzir ou aumentar a ação psicológica ou
fisiológica das características desse espaço, como, por e-
xemplo, na contribuição para aumentar ou reduzir a impres-

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são de expansão de um ambiente. Essa impressão é válida
[C20] Comentário: Ao olhar-se para...”
também para os objetos, se olharmos para determinadas co-
[C21] Comentário: dá-se
res, dá-se um valor psicológico de peso. É o caso de objetos
escuros parecerem mais pesados que os de cores claras.
Esse é um efeito fisiológico da cor, através dele tem-se o
efeito de proximidade causado pela cor escura e o de afas-
tamento causado pela cor clara, que recuam e avançam de
um ponto de vista ilusório, modificam a aparência de tama-
nho dos corpos.

COR COMO SENSAÇÃO


A cor é percebida pela retina e levada ao cérebro,
dando origem aos fenômenos psicológicos influenciadores
[C22] Comentário: tornando o quê? Você
do comportamento humano, tornando-o, por exemplo, mais está se referindo aos fenômenos psicológicos?
Se for, diga “tornando-os mais...”. Mas se vo-
alegres ou tristes, cansadas ou dinâmicas. As cores- cê estiver se referindo a “comportamento hu-
mano”, diga “tornando-o mais alegre ou triste,
quentes, embora alegres, trazem cansaço, se associada à cansado ou dinâmico”. Mas se, ainda, você es-
luz ao calor. Em contrapartida, as cores-frias podem causar tá se referindo a cor, diga “tornando as cores
mais alegres, ....”
descanso, pois estão associadas à água, à atmosfera e ao
frio, mas ao mesmo tempo podem levar a monotonia.
As cores fazem parte da vida do ser humano, impres-
sionam a psique, com base nisso os cientistas determinaram
suas sensações psicológicas. Esse tipo de estudo em rela-
ção à cor torna-se um pouco subjetivo e às vezes contestá-
vel, porém necessário no processo de sensibilização, que a-
liado ao conhecimento da origem das cores, é bastante rele-
vante à análise de produtos industriais. Com base nisso é

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destacado uma relação de sensações, tendo como principal
referência FARINA (2000):

SENSAÇÃO ACROMÁTICA

Branco: Essa palavra vem do germânico blank (bri-


lhante), simboliza a luz. Se para os ocidentais simboliza vida
e o bem, para os orientais é a morte. É purificador e trans-
formador, representa a perfeição, estimula a humildade e a
imaginação criativa.
• Associação material: batismo, casamento, lírio, neve.
• Associação afetiva: simplicidade, limpeza, juventude, oti-
mismo, paz, pureza, inocência, dignidade, afirmação, alma.
Preto: É derivada do latim niger (escuro, preto, negro).
Nós utilizamos o vocabulário “preto”, cuja etimologia é con-
trovertida. É expressivo e angustiante ao mesmo tempo. Ë
alegre quando combinado com certas cores. Às vezes tem
conotação de nobreza, seriedade. É considerada uma capa
de aço, onde o que está fora não entra e o que está dentro
não sai.
• Associação material: sujeira, sombra, noite, carvão, morte.
• Associação afetiva: mal, miséria, pessimismo, sordidez,
tristeza, desgraça, temor, negação, melancolia, angústia,
renúncia e intriga.
Cinza: Vem do latim cinicia ou do germânico gris; nós
utilizamos o termo de origem latina. Simboliza a posição in-
termediária entre a luz e a sombra. É a mistura do preto e do
branco, portanto não é cor. Mantém-se neutro quando utili-

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zado juntamente com outras cores. Causa sensação de so-
briedade.
• Associação material: pó, chuva, ratos, neblina, máquinas,
fumaça.
• Associação afetiva: tédio, tristeza, decadência, velhice, de-
sânimo, seriedade, passado, finura, pena, aborrecimento.

SENSAÇÃO CROMÁTICA

Vermelho: No latim vermiculus é um verme ou inseto


(cochonilha), da qual é extraído uma substância escarlate.
• Associação material: rubi, guerra, sinal de parada, perigo,
fogo, chama, sangue, combate, lábios, mulher, feridas.
• Associação afetiva: força, energia, revolta, movimento, pai-
xão, vulgaridade, poderio, calor, violência, agressividade.
• Vermelho – alaranjado: associado ao fogo, estimula rea-
ções diretas e até agressivas. Sugere força, valentia, persis-
tência, ofensa, desejo, dominação, sensualidade, entusias-
mo e vigor. Simboliza a aproximação e encontro.
Laranja: Origina-se do persa narang, através do árabe
naranja, simboliza o flamejar do fogo.
• Associação material: outono, laranja, fogo, sol, luz, calor,
perigo, aurora.
• Associação afetiva: força, dureza, euforia, energia, alegria,
advertência, tentação, prazer, senso de humor.É estimulante
do apetite. É a cor do equilíbrio. Fornece grande visibilidade.
Amarelo: Do latim amaryllis, simboliza luz irradiante.
• Associação material: flores, luz, topázio, verão e calor.

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• Associação afetiva: conforto, alerta, gozo, orgulho, espe-
rança, idealismo, ódio, espontaneidade, variabilidade, eufo-
ria, originalidade e expectativa. Ativa o intelecto, a comuni-
cação, a concentração, a disciplina, a atenção aos detalhes
e a harmonia do todo. É aconchegante, positivo e está as-
sociado à flexibilidade, indicando noções de profundidade.
Verde: Vem do latim viridis. Simboliza a faixa harmo-
niosa que se interpõe entre o céu e o sol.
• Associação material: umidade, frescor, primavera, bos-
ques, águas claras, folhagens, tapete de jogos, mar, verão,
planície e natureza.
• Associação afetiva: bem estar, paz, Saúde, ideal, abun-
dância, tranqüilidade, segurança, equilíbrio, esperança, se-
renidade, juventude, suavidade, Crença, firmeza, coragem,
descanso, liberdade, tolerância. Estimula momentos de re-
pouso e equilíbrio. Em tons claros, transmite a sensação de
frescor e espaço; em tons escuros é frio e deprimente.
Azul: Tem origem no árabe e no persa lázúrd, por la-
zaward. É a cor do céu sem nuvens. Dá a sensação de infi-
nito.
• Associação material: frio, mar, céu, gelo e água.
• Associação afetiva: espaço, viagem, verdade, afeto, inte-
lectualidade, paz, serenidade, infinito, confiança e amizade.
Azul Claro: transmite calma, paz, pureza e delicadeza.
É a cor da purificação, tem o poder de desintegrar as ener-
gias negativas.
Azul Escuro: Transmite frieza e formalidade. É depri-

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mente, estimula a introversão.
Roxo: Vem do latim russeus (vermelho carregado).
Cor que possui um forte poder microbicida.
• Associação material: igreja, aurora, sonho, mar profundo.
• Associação afetiva: fantasia, mistério, profundidade, eletri-
cidade, dignidade, justiça, grandeza, misticismo, luxo, opu-
lência, nobreza, pompa, espiritualidade, calma e tristeza.

APLICAÇÃO EM PRODUTOS INDUSTRIAIS


Se considerarmos a cor como impressão visual produ-
zida pelos raios de luz decomposta, para uma boa percep-
ção dessa impressão é necessário usá-la de forma harmôni-
ca. Para isso tem-se que desenvolver a sensibilidade, pre-
tendida principalmente através do conhecimento.
O conhecimento da etnologia poderá auxiliar na com-
preensão de seu significado específico, significado esse pre-
tendido na sua aplicação, pois essas não deverão ser esco-
lhidas por acaso ou pelo gosto pessoal. A cor aplicada nos
produtos industriais requerer o conhecimento de seus con-
ceitos e classificações. E, principalmente, conhecimento do
perfil do público a ser atingido e suas preferências.
Tendo em vista que as cores podem alterar o compor-
tamento do ser humano, e uma cor mal usada pode influen-
ciar no ciclo de vida de um produto, o planejamento ade-
quado do seu uso requer sensibilidade e conhecimento para
atingir os objetivos a que se propõem, em sua multiplicidade

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de usos e funções.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
- ARNHEIM, Rudolf. Arte e Percepção Visual: Uma Psicologia
da Visão Criadora; tradução de Ivone Terezinha de Faria. São
Paulo, Livraria Pioneira, Editora da USP, 1980.
- FARINA, Modesto. Psicodinâmica das cores em publicidade.
São Paulo: Ed. Edgard Blücher e EDUSP, 1975.
__________? Psicodinâmica das cores em comunicação. São
ª
Paulo: Ed. Edgard Blücher e EDUSP, 3 edição, 2000.
- GOETHE, J.W. Doutrina das cores. Literatura alemã traduzida
por Marco Giannotti. São Paulo: Nova Alexandria, 1993.
-- PEDROSA, Israel. Da Cor a Cor Inexistente. Rio de Janeiro:
Léo Christiano Editorial, 1977.

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