Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
www.sabo.com.br
Do vapor ao
hidrogênio:
como serão os
combustíveis do futuro
TUDO COMEÇOU NA ÁGUA E PODE VOLTAR A SER MOVIDO A ÁGUA,
OU PELO MENOS ALGO PARECIDO COM ISSO. VAMOS SABER COMO
TUDO COMEÇOU E QUAIS AS TECNOLOGIAS QUE ESTÃO SENDO
DESENVOLVIDAS PARA SUBSTITUIR OS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS E
OFERECER OPÇÕES SUSTENTÁVEIS PARA OS MOTORES DO FUTURO.
CARVÃO URÂNIO
118
anos
106
anos
59
anos
46
anos
Como podemos ver, os preciosos recursos de energia que foram acumulados ao longo
de centenas de milhões de anos também são limitados.
Plataforma de petróleo: extração de um recurso natural que estará disponível por mais meio século, no máximo
Qual será o combustível do futuro?
Junto da automação dos carros, motivada pela segurança viária, os estudos sobre novos
combustíveis dominam os centros de pesquisa de montadoras e empresas de energia.
O desafio é criar uma fonte renovável que possa ser utilizada em larga escala no mundo, a
fim de diminuir as emissões de poluentes.
Sabemos que os combustíveis fósseis, em especial o petróleo, estão com os dias contados.
Além de ser usado como combustível para carros e aviões, há ainda uma ampla demanda
dessa matéria-prima para produção de plásticos e outros derivados.
Como o petróleo é o recurso mais utilizado no mundo, é importante considerar suas
características e usá-lo de forma racional e que seja muito bem aproveitado, pois sabemos
que em um futuro breve o combustível para veículos terá de ser substituído.
O futuro do transporte passa pelos combustíveis alternativos. E o mercado já oferece
boas opções, muito mais limpas e renováveis.
O uso de combustíveis alternativos frente aos tradicionais vem cada vez mais chamando
a atenção do mercado. Isso porque as reservas dos compostos de origem fóssil, como a
gasolina e o diesel, podem chegar ao fim num futuro próximo. Além disso, os combustíveis
tradicionais afetam diretamente o meio ambiente.
A boa notícia é que a corrida para desenvolver os combustíveis alternativos está bastante
avançada. Um estudo da Carbon Tracker, organismo independente que realiza análises
sobre o impacto da transição energética nos mercados, aponta que, a partir de 2023, fontes
renováveis de energia devem ocupar mais espaço do que combustíveis fósseis.
BIODIESEL
Um combustível 100%
extraído de óleos
vegetais, que reduz a
emissão de CO2 em
até 66%
BIOMETANO
No Brasil, ele está presente na maioria dos postos de combustíveis. Entre os combustíveis
renováveis, o bioetanol possivelmente é o mais conhecido. Diferentemente do etanol
tradicional, produzido a partir de composições fósseis, o bioetanol utiliza como matéria-
prima os vegetais.
A principal fonte de extração no país é a cana-de-açúcar, porém um grupo de pesquisa da
Universidade Federal do Ceará identificou que o caju pode ser também uma boa alternativa
para a sua produção. Já nos Estados Unidos, o milho é utilizado como matéria-prima,
enquanto na França utiliza-se majoritariamente a beterraba.
Além da origem renovável, quando comparado à gasolina, esse combustível pode
proporcionar redução de 60% de emissões dos gases responsáveis pelo efeito estufa.
Atualmente, o bioetanol é o único combustível líquido prontamente disponível para ser
utilizado na substituição parcial da gasolina, o que representa um grande avanço, não é
mesmo?
A Nissan, em parceria
com a Unicamp,
desenvolve a
tecnologia de célula
de combustível a
partir do bioetanol
Tanque de GNV em
carro bicombustível
(Flex – gasolina ou
álcool – e GNV)
ENERGIA ELÉTRICA
Carros elétricos estão
na dianteira dos novos
projetos de todas as
montadoras. O gargalo
desta tecnologia
ainda é a rede de
abastecimento.
Cada vez mais veículos são movidos a energia elétrica. Apesar do alto investimento na
sua aquisição, há uma significativa economia em manutenção. Inclusive, polui menos do que
a gasolina, por exemplo.
Por tudo isso, os carros movidos a eletricidade vêm ganhando cada vez mais espaço
ao redor do mundo. O sistema funciona com uma bateria que armazena a energia e pode
Esquema de instalação da tecnologia
em veículos elétricos
ser recarregada por meio de um sistema similar às tomadas tradicionais. No Brasil, ainda
são poucos os pontos de recarga disponíveis. A grande vantagem é a redução dos custos
relacionados ao abastecimento e à baixíssima emissão de gases, mas isso não é novidade.
Hoje, todas as montadoras já possuem projetos ou mesmo veículos rodando com energia
elétrica ou sistemas híbridos, que combinam motores tradicionais a combustão interna
com propulsores alimentados por eletricidade. Vale lembrar que, para alcançar o ideal de
sustentabilidade, os modelos com motores alimentados por eletricidade devem obter a
energia de fontes renováveis, tais como a eólica, o que também vem crescendo a cada dia.
O HVO é um
combustível
reciclado a partir de
óleos usados
O Ford Transit,
movido a óleo vegetal
hidrogenado, já circula
pelos países da Europa
HIDROGÊNIO
Antes, um esclarecimento
Embora muitas vezes confundido com uma fonte de energia, o hidrogênio é, na verdade,
um combustível artificial, como a gasolina, que pode ser usado para transportar e armazenar
energia. Diferentemente dos combustíveis fósseis, sua promessa de longo prazo reside na
capacidade de se separar da água por meio de eletrólise, usando energia solar ou outras
formas de energia renovável.
Sua aplicação mais divulgada é em transporte. O gás hidrogênio é armazenado em um
tanque a bordo até ser combinado com oxigênio em uma célula a combustível, onde o
processo de eletrólise é essencialmente invertido, liberando energia química por meio de
uma carga elétrica. Essa eletricidade pode ser usada para alimentar motores elétricos em
carros, ônibus, barcos e outros veículos.
Esquema de funcionamento do motor a hidrogênio do Toyota Mirai
No curto prazo, essas células de combustíveis também são consideradas uma fonte
promissora de eletricidade para algumas indústrias e prédios, particularmente aquelas
que exigem energia de backup constante durante apagões. Nesta aplicação, o hidrogênio
é frequentemente derivado do gás natural e do propano, que já possuem sistemas de
distribuição estabelecidos.
A utilização de combustíveis fósseis para gerar hidrogênio pode resultar em emissões
modestamente menores de CO2 (gás carbônico) e outros poluentes do que usar esses
combustíveis como fontes de energia convencionais, embora isso dependa da eficiência
das tecnologias envolvidas. Para obter maiores reduções, o CO2 pode ser manipulado em
processo que ainda permanece em formato experimental e extremamente caro.
No entanto, quando o processo de separação de hidrogênio é baseado em fontes de
energia renováveis, o uso de hidrogênio é essencialmente livre de poluição e seus únicos
subprodutos gerados são água e calor.
Nos veículos movidos a hidrogênio, existem tanques de hidrogênio que se mesclam
com o oxigênio presente no combustível. Por meio desse processo, é gerada a eletricidade
necessária para movimentar os motores elétricos do veículo.
Modelo em corte do Toyota Mirai. Destaque para o tanque
de armazenamento de hidrogênio.
Para entender melhor como funcionam esses tanques de hidrogênio, é preciso considerar
primeiramente que, assim como acontece com os veículos movidos a gasolina e com os
carros elétricos, a energia que será usada por esses automóveis necessita ser armazenada
em algum local. Com os carros elétricos, por exemplo, essa eletricidade é guardada por
meio das baterias de lítio, enquanto nos veículos movidos a hidrogênio, o armazenamento
é feito nesses tanques específicos, capazes de aguentar as temperaturas baixíssimas do
hidrogênio, que podem chegar a -36 0C.
Já para compreender a movimentação da corrente elétrica, quando esse modelo de
veículo está em funcionamento, o hidrogênio é expelido do tanque para, então, entrar em
contato direto com o ar, ou seja, com o oxigênio. O resultado dessa reação entre ambos os
elementos faz com que o automóvel libere vapor de água por meio de seu tubo de escape, e
o “choque” entre o oxigênio e o hidrogênio é o fator que cria essa corrente elétrica essencial
para nutrir o motor elétrico.
Isso significa que, por mais que esses veículos sejam movidos a hidrogênio, o seu motor
depende diretamente de eletricidade, da mesma forma que acontece com os já conhecidos
automóveis elétricos. Desse modo, é possível dizer que esses carros mesclam duas tecnologias
distintas para formar um veículo ambientalmente correto e com uma excelente autonomia.
Carros movidos a hidrogênio:
vantagens e desvantagens
As características tecnológicas dos veículos movidos a hidrogênio fazem com que
eles sejam revolucionários e apresentem boas vantagens, mas também existem certas
inconveniências a serem consideradas.
Vantagens
• Não há emissões de poluentes
Em um mundo onde a consciência ambiental é crescente, o fato de os veículos movidos
a hidrogênio não emitirem poluentes na atmosfera é, sem dúvidas, uma de suas maiores
vantagens. Porém vale destacar que mesmo que esse tipo de automóvel não gere poluentes,
os processos utilizados para obter o hidrogênio fazem uso de outras energias, o que acaba
gerando alguma poluição.
De qualquer forma, em alguns países, como é o caso da Espanha, esses automóveis
já estão sendo classificados como “veículos verdes”, o que permite certos benefícios aos
proprietários, como acessar e estacionar em zonas que são restritas a outros modelos de
veículos. Com o passar dos anos, essa tendência deverá chegar a vários outros países.
• Reabastecimento ágil e fácil
Outra vantagem importante é a agilidade com que é feito o abastecimento desses veículos,
muito mais eficaz do que o que ocorre com os automóveis elétricos, por exemplo. Em cerca
de cinco minutos eles já ficam completamente carregados, sendo um processo apenas um
pouco mais demorado do que os carros movidos a gasolina, que são reabastecidos em cerca
de dois minutos.
• Ótima autonomia
A questão da autonomia é outro diferencial que merece ser mencionado entre os automóveis
movidos a hidrogênio e aqueles de origem elétrica. Os modelos mais modernos de carros
que utilizam o hidrogênio já estão apresentando uma autonomia de aproximadamente 600
km até que precisem ser reabastecidos. Além disso, a expectativa é de que essa autonomia
continue sendo aprimorada e alcance números ainda melhores em um futuro próximo.
Há dois anos, um estudo da empresa concluiu que carros a combustão interna só estarão
no mercado até 2070. No entanto a Shell acredita que, durante a transição para o hidrogênio,
o uso de gás natural e eletricidade vai crescer, mas, ao menos até 2035, a maioria dos carros
ainda vai usar combustíveis à base de petróleo.
O invento japonês
Em 2008, uma empresa japonesa, a Genepax, anunciou o desenvolvimento do primeiro
veículo movido a água. Segundo a companhia, o protótipo H2O Power funciona totalmente a
água e a ar. O sistema gera energia pelo fornecimento da água e do ar, produzindo hidrogênio.
O combustível passa por eletrodos, que contêm um material capaz de discriminar a água
em hidrogênio e oxigênio por meio de uma reação química. O anúncio, de acordo com o
site oficial da empresa, vai revolucionar a indústria automotiva com veículos capazes de se
locomoverem por uma hora, a uma velocidade de até 50 km/h, com apenas 1 litro de água.
A comunidade científica recebeu a notícia com enorme desconfiança, pois o projeto não foi
plenamente aberto aos cientistas, deixando dúvidas acerca do funcionamento da invenção.
Carro israelense movido a água. Baterias com placas de alumínio
abastecidas com água destilada geram energia para mover o veículo.
www.sabo.com.br