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Há quem diga que no Brasil não vivemos a FOME, entretanto, essa palavra é
surpreendentemente poetizada pelo Evaristo Corrêa em Água com açúcar. A condição
de pobreza, a obrigação de conseguir alimento para a família e o desespero que a fome
causa é transformada pelo jovem em um monólogo que retrata exatamente quem somos
enquanto povo, desiguais e injustos, capazes de transformar o outro em um monstro. A
personagem criada pelo Evaristo é tão real que suas ações irreais nos arrebatam tanto
pelo inesperado, como pela verossimilhança. Não há quem leia ou escute esse texto e
não reconheça quem é esse pai de família, e o absurdo em que a nossa sociedade coloca
algumas pessoas. Água com açúcar mexe com o seu estômago, de uma forma que você
fica querendo mais e mais, mesmo sabendo que essa dor não passa.
Euler Lopes
(Em meio ao lixo um homem sai e começa um diálogo com uma boneca suja, sem olho e
sem um dos braços)
Evaristo Corrêa
08/2019