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As dimensões da ação humana e os valores.

O que é uma norma moral?


É uma regra de comportamento que determina o que devemos fazer para que a nossa ação
seja moralmente boa. Todas as sociedades possuem um código moral, dando-nos «receitas»
para aplicarmos a diversas situações e resolver os problemas que nos colocam. Há normas cuja
infração é considerada como moralmente mais reprovável do que o desrespeito de outras.

O que é uma norma jurídica?


São normas coativas, ou seja, são acompanhadas pela imposição de penas e punições de tipo
físico e financeiro.

A ética deontológica de Kant.


Defende que o valor moral de uma ação reside em si mesma, na sua intenção, e não nas suas
consequências. Tese que defende que há deveres absolutos que não podem em circunstancia
qualquer ser violadas. Só agindo com intenção de cumprir absolutamente o dever é que
agimos bem. Há ações que são erradas em si mesmas, por melhores que sejam as suas
consequências.

O que são ações moralmente boas?


Quando o propósito do agente é cumprir o dever pelo dever.

 Ações feitas por dever – cumprem o dever porque é correto fazê-lo, sendo o dever o
único motivo da ação.
 Ações em conformidade com o dever – cumprem o dever, não porque é correto fazê-
lo, mas porque daí resulta um beneficio ou a satisfação de um interesse.
 Ações contrárias ao dever – violam o dever.

O que é a lei moral?


Seguir a lei moral é ficar a saber como cumprir de forma moralmente correta o dever, sendo o
cumprimento deste uma ordem incondicional.

Lei moral tem uma forma imperativa categórica.


O que a lei moral ordena cumprir- o dever por puro e simples respeito pelo dever é, para Kant,
uma exigência que tema forma de um imperativo categórico. Ordena que uma ação boa seja
realizada por si mesma e não por causa dos seus efeitos ou consequências. Kant entende que
se não houvesse obrigações absolutas não haveria obrigações morais objetivas e universais.

As 2 formulas mais importantes do imperativo categórico: como saber mais


concretamente se estou a cumprir absolutamente o dever ou não.
Fórmula da lei universal.
«Age apenas segundo uma máxima tal que possas querer ao mesmo tempo que se torne lei
universal.» Ensina-nos que só devemos praticar ações que todos os outros possam imitar.

Fórmula da Humanidade ou do respeito pelas pessoas.


«Age de tal maneira que uses a humanidade, tanto a tua pessoa como na pessoa de outrem,
sempre e simultaneamente como fim e nunca apenas como meio.» Ensina-nos que cada ser
humano é um fim em si mesmo e não um simples meio. Por isso, será moralmente errado
instrumentalizar um ser humano, usá-lo como simples meio para alcançar um objetivo. Os
O que é boa vontade?
É a vontade cuja bondade não deriva dos resultados ou efeitos da ação, mas do motivo pelo
qual é realizada.

Principal critica à ética Kantiana?


A ética kantiana é incapaz de resolver situações de conflito moral. Se pudesse mentir, para
salvar a morte de inocentes, Kant não saberia responder a esta situação, uma vez que proíbe
ambas as possibilidades da ação por se revelarem incorretas.

A ética utilitarista de Mill.


Teoria consequencialista?
Defende que o valor moral de uma ação depende das usas consequências. Se as consequências
são boas, a ação é boa; se as consequências são más, a ação é moralmente errada. O motivo
ou a intenção não são decisivos porque se referem ao carácter do agente e não à ação.

Principio da utilidade ou da maior felicidade


Afirma que uma ação deve ser realizada somente se dela resultar a máxima felicidade possível
para as pessoas ou partes que por ela são afetadas.

Felicidade individual ou felicidade geral?


A felicidade de que fala o utilitarismo não é simplesmente a felicidade individual, mas também
é a felicidade geral à custa da felicidade do agente. A minha felicidade é tão importante como
a dos outros envolvidos, nem mais, nem menos.

O principio da utilidade e as normas morais.


Nas nossas decisões morais devemos ser guiados pelo principio da utilidade e não pelas
normas socialmente estabelecidas, visto em que diversas situações em que desrespeitar uma
determinada norma moral e seguir o principio da utilidade terá melhor consequências globais
do que respeitá-las.

Quais as principais objeções à teoria de Mill?


 O utilitarismo justifica a prática de ações imorais – Acontece porque o utilitarismo
apenas dá importância às consequências das ações como critério para avaliarmos a
sua moralidade. Uma pessoa pode desrespeitar uma regra moral e ainda assim agir
moralmente bem, desde que a ação proporcione uma maior felicidade global.
 O utilitarismo é excessivamente imparcial – Se seguíssemos em todas as nossas ações
o critério da imparcialidade (não distingue família e amigos na promoção da
felicidade), o mais certo era acabarmos por destruir as relações pessoais que
mantemos com as pessoas de que mais gostamos.
 O utilitarismo exige demasiado do agente moral – Seria desgastante pensar sempre no
bem-estar do todo e em beneficiar o maior número possível em tudo o que fazemos.

Dimensão pessoal e social da ética.


A moralidade é um fenómeno social, por boa parte dos nossos problemas envolverem a
relação com outros, e um fenómeno pessoal, por nos interrogarmos sobre a razão de ser de
dadas normas morais. Porque há de alguém preocupar-se com a moralidade, se isso não nos
beneficia? Então porque não havemos nós de a esquecer?
1. A moralidade como contrato social.
Na perspetiva de Hobbes, deve haver um acordo, de que cada cidadão faz parte, o contrato
social. Aqui, a moralidade é entendida como o conjunto de regras que facilitam viver em
sociedade e que, ao agir, tenhamos em conta os interesses dos outros e que estes tenham em
consideração os nossos.

2. O apelo às sanções divinas.


Este apelo às sanções divinas, a um deus que tudo vê, e que recompensa de acordo com o
mérito moral dos indivíduos , baseia-se na ideia de que Deus é o criador das leis morais que
devem governar-nos, dadas a partir dos seus mandamentos. Se esta teoria estiver correta,
embora a longo prazo, a moralidade compensa.

3. Moralidade como condição necessária da felicidade.


Esta teoria defende que a imoralidade não pode conviver com a moralidade. Somos mais
felizes quando não há conflito entre os nossos desejos e a nossa razão.

4. Egoísmo normativo ou ético.


Esta teoria defende de que todos nós em todas as nossas ações devemos fazer o que serve os
nossos interesses, dando-lhes prioridade em relação aos dos outros. Ajudar os outros não é
um dever moral pois só devemos realizar ações que tenham boas consequências para nós. Eis
duas objeções importantes:

 O egoísmo ético parece incapaz de resolver conflitos de interesses – se a defesa dos


meus interesses implica que prejudique os outros, não tenho também eu de admitir
que os outros me prejudiquem a mim?
 O egoísmo ético é incompatível com o ponto de vista moral – o ponto de vista moral
exige que superemos o nosso ponto de vista pessoal transformando-nos em
observadores ideais.

O problema da justificação do estado


Toda a nossa vida estamos sujeitos a regras de que não somos autores; quem as criou definiu
também punições para o caso de não as cumprirmos, por ter autoridade para tal. Regras essas
que têm o nome de leis e definem o que é ou não permitido fazer. São também o meio através
do qual o estado nos governa a todos nós. Mas porque razão devemos obedecer à sua
autoridade?

1.1. Aristóteles e a justificação naturalista do estado.


Para Aristóteles, o estado é uma forma natural de os indivíduos organizarem a sua vida em
sociedade. Para ele, a comunidade humana é resultado da Inter-relação entre comunidades
mais básicas, as família; com o passar do tempo várias famílias unem-se formando aldeias, que
por sua vez, formam cidades. A comunidade política – o Estado – é uma evolução natural dos
agrupamentos humanos mais simples, como a família.

Aristóteles argumenta que os seres humanos são, por natureza, animais sociais, logo, o ser
humano só se realiza vivendo em comunidade. A politica é a expressão superior da
sociabilidade humana e a Pólis, o lugar em que se pode desenvolver ao mais alto nivel, as
faculdades racionais dos humanos que por ser naturalmente sociável, é também por natureza
um animal politico.
Para Aristóteles, o Estado é uma instituição natural, justifica-se por si. Só nele se cumpre a
natureza humana e fora dele só há vida para quem não é humano.

1.2. As teorias de Hobbes e Locke.


Estas duas teorias dizem-se contratualistas uma vez que, para estes filósofos, o estado não é
uma instituição natural, mas sim o resultado de um contrato.

A teoria contratualista de Hobbes


O estado autoritário protege os seres humanos uns dos outros.

 Estado de natureza: é aquele em que todos se julgam com direito a tudo, ninguém
respeita o direito de nenhum. A vida humana é nesta situação um constante conflito e
está permanentemente ameaçada pela luta de todos contra todos.
 Razões para sair do estado de natureza: ninguém pode aceitar viver numa situação em
que não há garantia alguma de continuar a viver.
 O estado de sociedade ou paz cívica: a paz cívica e a ordem assegurada pelo estado,
valem a perda dos direitos que se possuíam antes do surgimento da sociedade politica.

Ao acentuar a necessidade de paz cívica - de ordem e de segurança - Hobbes defende que


não deve haver conflito entre governante e governados. Um só governante com poder
absoluto é única forma de controlar eficazmente o funcionamento do governo e desse
modo garantir a paz, segurança e proteção da vida dos cidadãos. Para ele, nada de mal que
possa acontecer aos seres humanos no “estado de sociedade” é comparável brutalidade,
ao medo e o risco permanente de morte violenta que caracteriza o estado natureza.

Teoria contratualista de Locke


O estado é criado para proteger a vida, a liberdade e a propriedade.

 Estado de natureza – Ao contrário de Hobbes, o estado de natureza não era um estado


lastimável e negativo, para Locke, corresponde à vida sem governantes, onde cada ser
se tinha de autogovernar.
 Porque razão vai ser necessária um Estado? – É a vontade e consentimento dos
cidadãos que cria o estado, estes, definem os termos do contrato implicitamente dado
por aqueles que irão nascer no interior da sociedade politica assim formada. Se
aceitamos algumas das vantagens de sermos governados (ver-nos protegidos, ter
acesso a cuidados de saúde, circular seguramente em vias publicas), então estamos a
dar o nosso consentimento tácito ao estado.
 Os limites da autoridade do estado – a autoridade do estado é limitada pelos direitos
naturais dos indivíduos. Os direitos que temos no estado de natureza continuam a
existir no estado de sociedade, o estado de sociedade não deve tirar-nos a vida, a
liberdade ou a propriedade. Se alguma lei ou decreto viola os direitos fundamentais,
então justifica-se a desobediência ou a resistência dos cidadãos.

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