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Rodrigo Carlos Silva de Lima
rodrigo.uff.math@gmail.com
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Sumário
1 Indução 3
1.1 Princı́pio da indução finita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3
1.2 P0 :Princı́pio da boa ordenação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.3 Indução e somatórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
1.4 Indução e divisibilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
1.5 Indução e produtórios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.6 Número de elementos do conjunto das partes e indução de primeira
forma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
1.7 Indução e desigualdades . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
1.7.1 Exercı́cios . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.8 Segundo princı́pio da indução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.8.1 Teorema fundamental da aritmética . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1.8.2 Número de elementos do conjunto das partes . . . . . . . . . . . 14
3
4 SUMÁRIO
Capı́tulo 1
Indução
• ‘‘A indução matemática demonstra que podemos subir tão alto quanto quisermos
em uma escada, se mostrarmos que podemos subir o primeiro degrau (o primeiro
passo da indução) e que, de cada degrau, podemos subir o próximo ( a indução
propriamente dita)- Comentário no livro Matemática Concreta.
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6 CAPÍTULO 1. INDUÇÃO
O P.I.F, será usado para provar a maioria dos resultados neste texto, por isso ele
e de fundamental importância.
Isto é
X
n
i = 1 + 2 + 3 + ... + n = n(n + 1)/2
i=0
X
n X
n−1
i= i+n
i=0 i=0
e
X
0
i=0
i=0
X
n−1
i = (n − 1)(n)/2
i=0
X
n X
n−1
i= i+n
i=0 i=0
1.1. PRINCÍPIO DA INDUÇÃO FINITA 7
e da hipótese
X
n−1
i = (n − 1)(n)/2
i=0
substituindo a hipótese
X
n X
n−1
i= i+n
i=0 i=0
X
n
i = (n − 1)(n)/2 + n
i=0
colocando n em evidência
X
n
i = (n + 1)(n)/2
i=0
Todas as provas foram feitas em cima das definições, isso mostra a importância
de ter definições formais do que se quer provar.
Vamos agora provar o resultado acima de maneira menos formal, sem usar a
notação de somatório, e vamos mostrar um metodo de dedução para a fórmula
Também.
Informal
Tomando a soma
1 + 2 + 3 + ... + +n − 2n − 1 + n = s
n + n − 1 + n − 2 + ... + 3 + 2 + 1 = s
somando ambas termo a termo n com 1,2 com n − 1 e continuando assim, ficamos
com n termos n + 1, isto é
2s = n(n + 1)
logo
n(n + 1)
s= .
2
Essa maneira pode ser usada como dedução da fórmula porém uma prova mais
formal pode ser feita por indução novamente.
8 CAPÍTULO 1. INDUÇÃO
Para n = 1 temos
1 = 1(1 + 1)/2
1 + 2 + 3 + ... + n + n + 1
n(n + 1)
sabemos que 1 + 2 + 3 + ... + n = da hipótese, substituindo ficamos com
2
n(n + 1) (n + 1)(n + 2)
1 + 2 + 3 + ... + n + n + 1 = + (n + 1) = .
2 2
Logo esta provado.
Axioma 2. Todo conjunto não vazio de inteiros não negativos contém um elemento
mı́nimo, em sı́mbolos, para todo subconjunto S de Z, tal que S 6= ∅ e ∀p ∈ S tivermos
p ≥ 0 então S contém um elemento p0 tal que para todo p ∈ S se verifica p ≥ p0 .
ê Demonstração.
Vamos fazer a demonstração por absurdo. Considere que o princı́pio da indução
seja verdadeiro, porém o conjunto S não seja igual a Nn0 .
Como S é subconjunto de Nn0 , deve haver um conjunto S 0 tal que a proposição
P(n) seja falsa com S ∪ S 0 = Nn0 e S ∩ S 0 = ∅ pois uma proposição não pode ser
verdadeira e falsa.
O conjunto S 0 deve ser não vazio de números não negativos (pois Nn0 é um
subconjunto dos números naturais, logo seus subconjuntos só possuem elementos
não negativos) logo o princı́pio da boa ordenação é aplicável tendo o conjunto S 0 um
menor elemento l.
Esse elemento deve ser diferente de n0 pois por hipótese esse elemento pertence
a S, como l >n0 é o menor elemento de S 0 , temos que l − 1 ≥ n0 está em Nn0 e em
S, mas pelo princı́pio da indução se l − 1 ∈ S, l − 1 + 1 = l ∈ S logo chegamos a
um absurdo pois l não pode pertencer a S e S 0 , assim o princı́pio da indução está
provado.
ê Demonstração.
Vamos mostrar que P1 ⇒ P2 , o primeiro princı́pio da indução implica o segundo.
Seja U um conjunto onde são satisfeitas as condições de P2 , devemos mostrar que
U = Nn0 . Vamos denotar por An a sentença "os naturais de n0 até n (incluindo os
naturais n0 e n) estão em U. An0 é verdadeira pois por hipótese de P2 , n0 está em
10 CAPÍTULO 1. INDUÇÃO
Para n = 1 temos
X
1
1 1 1 1 (4 ) 1
= = = = .
k=1
k(k + 1)(k + 2) 1(2)(3) 6 4(2)(3) 6
X
n
1 n(n + 3)
=
k=1
k(k + 1)(k + 2) 4(n + 1)(n + 2)
1.4. INDUÇÃO E DIVISIBILIDADE 11
X
n+1
1 (n + 1)(n + 4)
= .
k=1
k(k + 1)(k + 2) 4(n + 2)(n + 3)
X
n+1
1 n(n + 3) 1
= + =
k=1
k(k + 1)(k + 2) 4(n + 1)(n + 2) (n + 1)(n + 2)(n + 3)
X
n+1
1 (n + 1)(n + 4)
= .
k=1
k(k + 1)(k + 2) 4(n + 2)(n + 3)
Para n = 1 temos
X
1
(a − 1) ak = (a − 1)(a + 1) = a2 − 1.
k=0
X
n X
n+1
n+1
Supondo que (a − 1) k
a =a − 1 vamos provar que (a − 1) ak = an+2 − 1.
k=0 k=0
Por definição de somatório e pela hipótese da indução temos
X
n+1 X
n
(a − 1) ak = (a − 1)an+1 + (a − 1) ak = an+2 − an+1 + an+1 − 1 = an+2 − 1 .
k=0 k=0
x2
C(n, x) = 1 + nx + n(n − 1) .
2
Para n = 0 temos
x2
(1 + x)0 = 1 = 1 + 0x + 0(0 − 1) =1
2
logo vale a igualdade considere agora a validade da hipótese
x2
(1 + x)n ≥ 1 + nx + n(n − 1)
2
C(n, x) ≥ 1 + nx
x2 x2
1 + nx + n(n − 1) ≥ 1 + nx ⇔ n(n − 1) ≥ 0
2 2
se n = 0 ou n = 1 vale, agora se n 6= 0, 1 vale pois temos x2 > 0.
1.7.1 Exercı́cios
X
n
n(n + 1)
1 + 2 + 3 + ... + n = i= ∀ n ∈ N. (1.1)
2
i=0
X
n
n(3n + 4)
2 + 5 + 8 + ... + 2 + 3n = 2 + 3i = ∀ n ∈ N. (1.2)
2
i=0
X
n−1
0 1 2 n−1
2 + 2 + 2 + ... + 2 = 2i = 2n − 1 ∀ n ∈ N. (1.3)
i=0
X
n
n(n + 1)(2n + 1)
2 2 2 2
1 + 2 + 3 + ... + n = i2 = ∀ n ∈ N. (1.4)
6
i=0
X
n
1 + 3 + 5 + ... + 2n − 1 = 2i − 1 = n2 ∀ n ∈ N. (1.7)
i=0
1.8. SEGUNDO PRINCÍPIO DA INDUÇÃO 15
X
n
n(n + 1)
2
3
k =
2
k=1
X
n
n(n + 1)
2
3
k =
2
k=1
Y
1
ê Demonstração. Caso n = 2 então n é produtório de primo, n = pk onde
k=1
pk = 2, provamos a base da indução .
Suponha que todo número menor que n e maior que 1 natural, possa ser escrito
como produto de primos (hipótese da indução), então vamos mostrar que n também
pode ser escrito como produto de primos .
Se n é primo, nada pecisamos fazer . Caso n não seja primo, então ele é composto,
podendo ser escrito como n = m.s, onde m e s são maiores que 1 e menores que n,
aplicamos a hipótese da indução em m e n, o que implica
16 CAPÍTULO 1. INDUÇÃO
Y
t Y
w
m= pk , s = pk
k=1 k=t+1
Y
w
n = m.n = pk
k=1
é produto de primos .
b
Propriedade 6 (Unicidade da fatoração em primos). Seja n ∈ N, n > 1. Se
Ym Y
s
n= pk = qk onde cada pk e qk são primos, não necessariamente distintos
k=1 k=1
então m = s e pk = qk ∀ k , após, se necessário, uma renomeação dos termos.
Y
m−1 Y
s−1
n = pm p k = qs qk
k=1 k=1
Y
s
pm divide o produto qk então deve dividir um dos fatores, por exemplo qs (se
k=1
não, renomeamos os termos), como pm |qs então pm = qs
Y
m−1 Y
s−1 Y
m−1 Y
s−1
pm pk = pm qk ⇒ pk = qk = n0 < n
k=1 k=1 k=1 k=1
ê Demonstração.
Iremos provar a seguinte propriedade, por indução de segunda forma . Se An
possui n elementos, então
Se A = ∅ é vazio então P(A) possui apenas um elemento que é o conjunto vazio,
portanto a base da indução está verificada, A possui 0 elementos e P(A) possui 20 = 1
elemento .
Suponha, por hipótese de indução que todo conjunto A com pelo menos k ele-
mentos possua 2k subconjuntos com k elementos, para 1 ≤ k ≤ n − 1, vamos provar
que se A possui n elementos então tem 2n subconjuntos .
Seja A = {a1 , · · · , an } então um conjunto com n elementos , para contar quantos
subconjuntos ele possui podemos separar
B possui n − 2 elementos, por isso possui 2n−2 subconjuntos por hipótese de indução ,
a cada subconjunto desses tomando a união com {an−1 } formamos no total mais 2n−2
conjunto e com união de {an } formamos mais 2n−2 e por fim com união de {an−1 , an },
formamos mais 2n−2 conjuntos, então temos no total
4.2n−2 = 22 2n−2 = 2n
subconjuntos.