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Diário Notícias Periodicidade: Diario Temática: Sociedade

Classe: Informação Geral Dimensão: 3013


Notícias Magazine Âmbito: Nacional Imagem: S/Cor
05­12­2010 Tiragem: 79040 Página (s): 20 a 30

ENTREVISTA
A verdade desabou
em cima do povo
ENTREVISTA CÉLIA ROSA
FOTOGRAFIA ALFREDO CUNHA
Em três semanas tivemos quatro dias de
descanso extra Foi a tolerância de ponto
para Lisboa a greve geral um feriado ci
vil e na próxima quarta feira teremos um
religioso Como é que avalia a nossa rela
ção com o trabalho
No nosso país um indivíduo que trabalhe
todos os dias e que tenha de assinar ponto
é visto como um falhado Quando me tor
nei professor catedrático até os meus
amigos de Arouca ficaram decepcionados
quando perceberam que a minha vida ia
continuar a fazer se das mesmas rotinas
E mais recentemente no Hospital de São
João Porto a maior parte dos professo
res da Faculdade de Medicina foram con
tra a fiscalização do horário de trabalho
empobrecimento
O dos médicos através daleitura da impres
são digital o dedómetro mas eu fui a
das famílias entris favor É humilhante É Sobretudo para
quem tem funções de direcção Mas tem
tece o A desgover de ser assim porque infelizmente muitos
de nós não cumprimos Caricaturando a
nação do país tira o coisa pode dizer se que em Portugal só
quem não sabe fazer mais nada é que tra
do sério balha isto é tem uma rotina cumpre ho
rários produz e presta contas
Manuel Sobrinho Esses traços são distintivos só dos por
tugueses
Simões médico Não este problema não é só nosso A Eu
ropa conseguiu garantir boas condições
investigador e profes de vida aos seus cidadãos à custa da ex
ploração dos povos e dos países da Ásia
sor universitário diz da América Latina e de África Uma boa
parte do Estado providência assentou
que o Portugal do na exploração das matérias primas e do
trabalho daqueles países Com o apare
século XXI continua a cimento de economias emergentes
muito competitivas e a deslocalização
ser vítima do conflito das fábricas a Europa começou a criar
menos riquezae as dificuldades em con
de interesses que seguir manter o chamado Estado social
começaram a aparecer Não é por acaso
grassa entre as con que a França tem de mudar a idade da
reforma É um sintoma
veniências dos parti Prenúncio do fim do Estado social
Com o crescimento da índia da China e
dos e dos políticos e do Brasil a Europa ressentiu se e as pes
soas começaram a perceber que vão ter
as necessidades do de mudar de vida que o tempo das mor
domias já passou
país e dos portugue Mas para nós portugueses esse tempo
mal começou
ses Uma análise Pois é mas para nós vai ser ainda pior Os
portugueses além de europeus são cul
multifacetada sobre turalmente mediterrânicos o que não
nos afasta muito dos gregos dos italianos
os últimos anos e dos espanhóis do Sul com todas as in
fluências que são ditadas pela geogra
da nossa história fia pelo clima e pela religião Sermos
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05­12­2010 Tiragem: 79040 Página (s): 20 a 30

judaico cristãos é muito diferente de aulas na faculdade onde também não fal
mos calvinistas e protestantes Além disso támos porcausa dos alunos É uma questão
nunca corremos o risco de morrer de frio e de respeito
estamos na periferia não tivemos guerras e Estão furiosos com quê
ninguém nos chateou Na verdade somos Com adesgovernação Não ésó com a desgo
muito individualistas e estamos mais próxi vernação do actual governo é com o desnor
mos dos norte africanos do que dos povos te dos últimos vinte e tal anos O que está a
do Norte da Europa Somos um país mais acontecer nos não resulta apenas da deso
mediterrânico do que atlântico com todas rientação dos últimos dois anos já há muito
as implicações que isso tem até na nossa pro que gastamos acima do que podíamos e de
dutividade víamos E o mais grave é que demos sinais er
Então a diferença entre nós e o resto da Eu rados às pessoas Agora vamos ter de evoluir
ropa sobretudo os nórdicos não está nos de novo para uma sociedade com capacida
genes de de produção real com agriculturae pesca
Claro que não A diferença entre nós e os Mas todos temos na memória os subsídios
nórdicos não está nos genes é fruto da cul que foram concedidos aos agricultores para
tura e da educação da geografia do clima e não produzirem
da religião Eles tinham frio era lhes difícil Foi terrível E para piorar as coisas muitos fi
cultivar cereais e não tinham vinho Para caram deprimidíssímos e frequentemente
sobreviverem tiveram de estimular a ino alcoólicos Destruíram as vinhas a sua ânco
vação e a cooperação Ao contrário de nós ra que lhes dava prestígio e dignidade pes
que tínhamos um bom clima uma agricul soal nas suas comunidades e começaram a
tura fértil e peixe com fartura E depois ti passar os dias na taberna Isto aconteceu em
vemos África a seguir o Brasil e logo os todo o Minho E no Alentejo também

emigrantes Não precisámos de nos orga Podemosdizerqueonossosuper Estado tem


nizar e não precisámos de nos esforçar descurado as necessidades reais dos cida
Não era preciso Não planeávamos desen dãos e da sociedade
rascávamos Continuamos assim gosta Desde o tempo do Dr Salazar que o Esta
mos de resolver catástrofes do faz questão de proteger os seus e nós
temos aprovado esse amparo Mas os nos
sos cidadãos não têm grandes conheci
Estamosfuriosos mentos e perguntam pouco até temos
É sindicalizado aquela afirmação extraordinária que é «se
Não
Ora não sabes porque perguntas »
Fez greve do temos dúvidas é que devemos pergun
Sim eu e a maioria dos professores de Ana tar Por estas e por outras nas últimas dé
tomia Patológica da Faculdade de Medici cadas dominado por ciclos eleitorais cur
na Fizemos greve e estamos furiosos mas tos o Estado passou a viver acima das suas
assegurámos o serviço no hospital e demos possibilidades e a substituir se à realidade
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E de repente a realidade caiu em cima


do povo
Os portugueses têm razões para se sen
tirem enganados ou não quiseram ver a
realidade
As duas são verdade Podemos ofuscar o
real durante algum tempo mas não para
sempre As imagens da Grécia com re
formas aos 55 anos ou até mais cedo para
as chamadas profissões de desgaste rápi
do permitiram nos perceber que se eles
tinham entrado em colapso também nós
corríamos o risco de vir a acontecer nos
o mesmo Até essa altura creio que mui
tas pessoas acreditavam lá no seu íntimo
que nem os países nem a segurança so
cial nem o Serviço Nacional de Saúde
SNS nem as câmaras municipais po
diamentrar em bancarrota Agorajá per
ceberam que isto pode mesmo entrar em
ruptura Para já reduziram até dez por
cento o ordenado dos funcionários públi
cos mas no ano que vem pode vir a ser
necessário chegar aos vinte por cento
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Os impactes da crise económico finan


ceira foram durante muito tempo menos
prezados pelos O que pensa
disso

O que senti e sinto é que se não fosse este


governo se fosse outro teria sido exacta
mente a mesma coisa Temos uma crise
económico financeira mas também te
mos uma crise de líderes os políticos
portugueses gritam muito contra o esta
do das coisas e depois para ganharem
eleições adoptam um discurso demasia
do optimista A primeira coisa que todos
os que venceram eleições nos últimos
anos fizeram foi uma vez eleitos dizer
que isto estava uma tragédia E toda agen
te sabe que a maquilhagem do défice foi
feita à custa de receitas extraordinárias
quer por governos do PS quer do PSD
Somos ingovernáveis
Os nossos líderes e os seus partidos vi
vem mais para ganhar eleições do que
para servir o país e os interesses da na
E o que é que adianta andar a ção Na administração pública até os di
que é inconstitucional e que mexe com os di rectores gerais cessam funções quando
reitos adquiridos Se não há dinheiro o que há mudança de governo Ora é óbvio
é que se faz Esta questão é que tem de ser que assim qualquer um quer que o seu
respondida partido continue no governo se não
Não há dinheiro para o Estado social mas tem corre o risco de ir para a rua O nosso in
havido para obras e infra estruturas O que dividualismo militante e a fragilidade
pensa disto
organizativa contribuem também para
Eu não sei o suficiente para perceber quan a ingovernabilidadc
do é necessário um novo aeroporto em Lis Estado é refém da administração pú O
boa ou em Beja Mas como sou um prático blica
penso que se não é preciso no imediato e O Estado deixou desenvolver no seu
temos falta de dinheiro então temos de in seio várias corporações cada uma mais
vestir na criação de riqueza e de emprego e egoísta do que a outra juizes médicos
não em obras que têm um retorno mais professores militares etc Além disto
longínquo partidarizou a administração pública e
Não quer um TGV para o Porto passou a fazer concessões despudora
Eu não O que quero é que a TAP faça voos das aos chamados novos poderes aos
mais baratos Um bilhete Porto Lisboa Por construtores à banca à comunicação
to custa 283 euros o mesmo que gasto para social Isto já não é culpa do Dr Salazar
ir a Oslo O comboio que temos o Alfa e o In
tercidades já é muito cómodo mas para ir a
Lisboa não é prático ou nos levantamos de Mudar de vida
madrugada ou perdemos metade de um dia O FMI vem aí
O que também necessitamos é de nos ligar à Todos os tipos em quem eu confio dizem
Galiza com mais eficiência porque o aero que sim por isso acredito que sim que
porto do Porto tem condições para ser o «está no vir» Ainda há dias estive numa
grande aeroporto do Noroeste peninsular reunião com João Cravinho António Bar
Se fosse governante imagina se a discutir reto e Rui Rio e esse foi um dos temas da
tantas vezes os mesmos assuntos conversa A conclusão foi de que a vinda
Não Falta me experiência política não te do FMI será provavelmente inevitável
nho treino de negociação Mas assusta me sa Sente o orgulho beliscado por ter de ser
ber que há tantas dúvidas sobre investimen o FMI a pôr ordem na nossa casa
tos monstruosos Não consigo perceber por Não de todo Mas não sei o suficiente de
que se continua a discutir a ligação de Lisboa economia para perceber o que é que a
a Madrid por TGV quando aquilo não tem hi intervenção do FMI vai implicar Vão
pótese alguma de ser sustentável mudar o sistema das reformas as
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temos » pensões os impostosNós já Chengchow onde estão sempre uns


carga fiscal enorme tenho assistido com guardas de metralhadora em riste é sim
muita tristeza ao empobrecimento da clas plesmente enorme Os hospitais não são
se média portuguesa Se a intervenção do apenas maiores são melhores do que o
FMI empobrecer ainda mais a nossa classe São João aqui no Porto ou o Santa Maria
média e as famílias mais desfavorecidos fi em Lisboa Não estamos a falar de Xan
carei muito triste gai de Hong Kong ou de Pequim essas
Pensa que esta crise vai ser pior do que as são cidades extraordinárias Estamos a
outras
falar de uma cidade de que não se ouve fa
Penso infelizmente sim E quando ouço os lar mas que tem uma universidade que é
economistas falarem ainda fico espantado uma coisa de um mundo que já não é o
Como é que eles não se aperceberam de nosso Isto para dizer que a Europa ou se
que aumentando progressivamente o défi enxerga ou desaparece
ce tínhamos uma receita para o desastre
Sei que vamos ter de mudar de vida Se ti
vermos de o fazer num contexto de protec Jovens enganados
ção da Europa e do euro prefiro a solução estado a que isto chegou era evitável
FMI a ter de saltar do euro e ir para solu Fomos sempre muito bons a avaliar
ções do domínio da magia com a desvalo meios mas nunca quisemos avaliar os
rização da moeda altivos e sós resultados Nos hospitais vejo muita
Afirmou várias vezes que o que de melhor gente preocupada em discutir o número
nos aconteceu foi a entrada no euro Foi uma dos médicos enfermeiros consultas e
oportunidade perdida exames realizados E não se discute o
Foi uma oportunidade muito mal aproveita mais importante que é a frequência das
da mas teriasido muito piorpara o país e pa complicações e da mortalidade dos
ra os portugueses se não tivéssemos entrado doentes os reinternamentos a sobrevi
Desbaratámos as vantagens da entrada no da dos doentes com cancro aos cinco
euro sem que os cidadãos tenham sido aler anos etc O que precisamos de conhecer
tados para as fragilidades que vieram com a é a quantidade e a qualidade de vida dos
moeda única Limitámo nos a ser os reci doentes que são tratados em cada um
pientes líquidos de uma quantidade enorme dos nossos hospitais mais do que avaliar
de dinheiro em vez de aproveitar esses fun os meios O mesmo sobre os blindados da
dos paradesenvolvere inovar Não é por aca PSP Não quero saber se comprámos
so que temos automóveis de luxo iates e ter dois ou seis O que precisamos de saber é
ceiras casas numa quantidade que é obscena como e quanto é que a eficiência da PSP
relativamente ao nível de vida da população aumenta com os ditos blindados Nós fu
Ainda assim defendo que se for preciso de gimos aos «finalmente» Não temos cul
vemos fazer o pino para nos mantermos no tura de avaliação
euro Prefiro ficar sob o domínio da Europa Entretanto as universidades formaram
do que ficar apenas entregue aosjogos polí muitos jovens Eles não têm lugar em Por
ticos portugueses Estamos na pontinha da tugal
Europa se isso acontecesse connosco sozi Pois não Nesta altura não há espaço pa
nhos e em roda livre seria mortal ra os jovens Os muito bons vão logo pa
Acha que os países europeus mais fortes no ra fora e os outros também vão ou como
meadamentea Alemanha vão continuara to bolseiros ou já como profissionais E eu
lerar os nossos esquemas acho que é uma boa solução para o país
Não Vão ser implacáveis porque é a Europa por exemplo entre enfermeiros mé
e o projecto União Europeia que estão em dicos e médicos dentistas temos uma le
causa Este ano só a Índia vai pôr no merca va de emigrantes diferenciados em In
do mais engenheiros do que todos os 27 paí glaterra de que nos devemos orgulhar
ses da Europa O que é que a França ou aAle Precisamos dos povos do Sul ou temos de
manha representam na competição com a rumar para sul
Índia As pessoas não têm consciência da África oferece imensas oportunidades
nossa dimensão Eu dou aulas na China em mas ainda tem problemas com a segu
Chengchow uma cidade que ninguém co rança a política a organização Há mui
nhece a sul do rio Amarelo na província de tas oportunidades de negócio no reta
Henan onde fica o templo de Shaolin Só es lho na construção nas energias até na
ta província tem cem milhões de habitantes saúde um sector que não tem um retor
e a cidade de Chengchow tem sete milhões no tão imediato mas que também é ren
É outra escala O campus universitário de dível e socialmente muito importante
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A América do Sul também é um


no a equacionar embora os estados do
Sul do Brasil sejam muito desenvolvidos
e também tenham jovens com muito
boa formação universitária
Se fosse governante o que é que mudava
Melhorava a educação mas fazia o com
seriedade Temos os miúdos na escola e
bem mas não acautelámos a qualidade
do ensino Vejam se os resultados dos
estudos PISA onde os nossos alunos
comparados com outros da mesma ida
de e de outros países da OCDE revelam
competências muito baixas nos conhe
cimentos da língua materna da mate
mática e das ciências três instrumentos
básicos Isto é um problema gravíssimo
Defraudámos as expectativas das fa
mílias
Completamente Há muitas famílias cu
jos pais fizeram sacrifícios enormes para
custear os estudos dos filhos inscritos em
universidades privadas e em cursos que
não têm saída As pessoas não entendem
Disseram lhes que o diploma era impor
tante Por outro lado não faz sentido que
tenhamos 28 cursos de arquitectura em
Portugal E outros tantos de tecnologias
da saúde Aqui no Porto em instituições
privadas os enfermeiros estão a ganhar
cerca de quatro euros por hora
Já os seus alunos têm boas perspecti
vas pois faltam médicos
Os alunos de medicina também estão
assustados com o futuro Já não sabem
se vão poder fazer a especialidade que
gostariam ou se serão forçados a adap
tar se às vagas que existirem e às condi
ções de trabalho e de remuneração que
lhes forem impostas
O SNS está ameaçado
Em termos de sustentabilidade está
Mas o último relatório do Tribunal de
Contas vem dizer que as soluções de
gestão que foram introduzidas nos hos
pitais empresa muitas vezes à revelia
dos profissionais não funcionaram
A saúde é um bem imaterial não é um
bem que se venda a retalho Como a
educação Os serviços assistenciais tam
bém vivem da manutenção do respeito
pelos pares e as hierarquias não são
apenas funcionais são também de com
petência
Ainda defende a regionalização
Sim
Enãotemequesirva sobretudo paracriar
mais uma casta de burocratas
Defendo a mas confesso que tenho mui
to medo precisamente por causa disso
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Esquemas tão aplicadas num Fundo não estão a ser


gastas e muito menos ao desbarato
e expedientes Enquanto nós desperdiçamos o que pe
Com a crise corremos o risco de nos tornar dimos emprestado
um país mais desigual Nós somos mal governados em parte por
Em relação à Europa já somos dos piores e culpa própria em parte pela escassez de
agora a desigualdade vai agravar se Quer o líderes exemplares Gosto muito dos paí
número de pobres quer a diferença entre ses nórdicos aprendi imenso lá toda a
eles e os muito ricos não cessam de aumen minha família aprendeu Na Noruega na
tar Vamos ter de criar alguns mecanismos Suécia na Finlândia não corremos o ris
de suporte para ajudar as pessoas que estão co de ser atropelados quando atravessa
aflitas e eu tendo a valorizar os mecanismos mos a rua Eles quando bebem não con
da sociedade civil por exemplo o papel das duzem vão paracasade táxi E umou ou
misericórdias A filantropia social está de tro que o faça é alvo de medidas sérias de
saproveitada há muito boa gente com repreensão económica e social e vai para
competências vontade e redes sociais a a prisão Nos países nórdicos o exemplo
funcionarem bem Não podemos deixar conta e quem não é exemplar é punido
pessoas morrer à fome e ao frio e não pode socialmente
mos deixar de dar leite às crianças Os portugueses são condescendentes
Taxar mais a riqueza pode fazer parte da Pior nós admiramos o sucesso do aldra
solução bão Em Portugal não há censura social
Taxar mais a riqueza não resolve nada pri para a esperteza saloia nem para a cor
meiro porque calculo que os poucos milha rupção a que passámos a chamar infor
res de muito ricos que temos em Portugal malidade Pelo contrário admiramos os
não têm cá a massa e se tiverem não serão esquemas os expedientes Vivemos deles
facilmente taxáveis Mais impostos tam Mas depois queixamo nos
bém não Para aumentar a produtividade A nossa tragédia é que somos um povo
temos de ser mais competitivos e receio pré moderno Não perguntamos não
que a curto prazo com ou sem FMI tenha responsabilizamos não exigimos nem
mos de baixar ainda mais os salários Uma prestamos contas Não temos a literacia
coisa é certa temos de pagar as nossas dívi nem a numeracia necessárias Outro pro
das porque se não o fizermos ninguém nos blema é a falta de transparência a opaci
empresta dinheiro dade Olhe o que se passou com o BPP e
Contacta com muitos cientistas e investiga com o BPN histórias tão mal contadas
dores estrangeiros Comoéqueelesnos vêem A evasão e a fraude fiscais são duas das
Na ciência não hágrandes diferenças entre grandes marcas nacionais A corrupção é
nós e eles Em algumas especialidades mé outro crime sem castigo
dicas também não Por exemplo os patolo Não metemos ninguém na cadeia dei
gistas que conheço têm vidas muito pareci xamos os problemas eternizarem se
das com a minha não há grandes diferen sem punições mas também não recom
ças sociais Já um reumatologista ou um pensamos ninguém O Estado é burocrá
cirurgião português que tenha actividade tico não nos deixa avançar mas dá nos
privada ganha bastante mais do que um co segurança A nossa tradição é empurrar
lega do centro da Europa os problemas com a barriga esperando
E na sociedade que se resolvam por si Quando as coisas
Na sociedade há bastantes diferenças Nós dão para o torto somos injustos ou por
não fomos eficientes em criar riqueza nem excesso ou por defeito Quem tem mui
conseguimos deixar de gastar mais do que to poder económico pode recorrer a ex
produzimos Há mais de trinta anos que vou pedientes e a mecanismos dilatórios que
E defende a criação de mais com frequência à Noruega e lembro me de são usados de maneira desproporciona
ras para além das que existem eles serem relativamente pobres quando da Quem não tem esse poder é total
Não isso não Parajá defendo que se avan nós éramos razoavelmente ricos Um médi mente vulnerável Somos demasiado to
ce com as regiões que temos e à experiên co norueguês vivia pior do que um médico lerantes somos condescendentes no
cia com líderes e profissionais que já de português um advogado também Nunca mau sentido aderimos mais ao tipo que
ram provas e sem cargos de confiança po conheci um casal norueguês da classe mé viola a lei do que ao polícia Temos afec
lítica As regiões precisam de autonomia dia que tivesse dois carros e muito menos to pelo fulano que faz umas pequenas al
e não podem ser extensões de outros po uma empregada de limpeza Eles agora vi drabices admiramos secretamente os
deres Sou a favor da regionalização dos vem com algum conforto mas nunca gasta grandes aldrabões não punimos os pre
serviços de saúde e de ensino incluindo ram mais do que aquilo que produzem As varicadores Na verdade somos contra a
as universidades receitas das reservas de petróleo e de gás es autoridade

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