Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ENTREVISTA
A verdade desabou
em cima do povo
ENTREVISTA CÉLIA ROSA
FOTOGRAFIA ALFREDO CUNHA
Em três semanas tivemos quatro dias de
descanso extra Foi a tolerância de ponto
para Lisboa a greve geral um feriado ci
vil e na próxima quarta feira teremos um
religioso Como é que avalia a nossa rela
ção com o trabalho
No nosso país um indivíduo que trabalhe
todos os dias e que tenha de assinar ponto
é visto como um falhado Quando me tor
nei professor catedrático até os meus
amigos de Arouca ficaram decepcionados
quando perceberam que a minha vida ia
continuar a fazer se das mesmas rotinas
E mais recentemente no Hospital de São
João Porto a maior parte dos professo
res da Faculdade de Medicina foram con
tra a fiscalização do horário de trabalho
empobrecimento
O dos médicos através daleitura da impres
são digital o dedómetro mas eu fui a
das famílias entris favor É humilhante É Sobretudo para
quem tem funções de direcção Mas tem
tece o A desgover de ser assim porque infelizmente muitos
de nós não cumprimos Caricaturando a
nação do país tira o coisa pode dizer se que em Portugal só
quem não sabe fazer mais nada é que tra
do sério balha isto é tem uma rotina cumpre ho
rários produz e presta contas
Manuel Sobrinho Esses traços são distintivos só dos por
tugueses
Simões médico Não este problema não é só nosso A Eu
ropa conseguiu garantir boas condições
investigador e profes de vida aos seus cidadãos à custa da ex
ploração dos povos e dos países da Ásia
sor universitário diz da América Latina e de África Uma boa
parte do Estado providência assentou
que o Portugal do na exploração das matérias primas e do
trabalho daqueles países Com o apare
século XXI continua a cimento de economias emergentes
muito competitivas e a deslocalização
ser vítima do conflito das fábricas a Europa começou a criar
menos riquezae as dificuldades em con
de interesses que seguir manter o chamado Estado social
começaram a aparecer Não é por acaso
grassa entre as con que a França tem de mudar a idade da
reforma É um sintoma
veniências dos parti Prenúncio do fim do Estado social
Com o crescimento da índia da China e
dos e dos políticos e do Brasil a Europa ressentiu se e as pes
soas começaram a perceber que vão ter
as necessidades do de mudar de vida que o tempo das mor
domias já passou
país e dos portugue Mas para nós portugueses esse tempo
mal começou
ses Uma análise Pois é mas para nós vai ser ainda pior Os
portugueses além de europeus são cul
multifacetada sobre turalmente mediterrânicos o que não
nos afasta muito dos gregos dos italianos
os últimos anos e dos espanhóis do Sul com todas as in
fluências que são ditadas pela geogra
da nossa história fia pelo clima e pela religião Sermos
Diário Notícias Periodicidade: Diario Temática: Sociedade
judaico cristãos é muito diferente de aulas na faculdade onde também não fal
mos calvinistas e protestantes Além disso támos porcausa dos alunos É uma questão
nunca corremos o risco de morrer de frio e de respeito
estamos na periferia não tivemos guerras e Estão furiosos com quê
ninguém nos chateou Na verdade somos Com adesgovernação Não ésó com a desgo
muito individualistas e estamos mais próxi vernação do actual governo é com o desnor
mos dos norte africanos do que dos povos te dos últimos vinte e tal anos O que está a
do Norte da Europa Somos um país mais acontecer nos não resulta apenas da deso
mediterrânico do que atlântico com todas rientação dos últimos dois anos já há muito
as implicações que isso tem até na nossa pro que gastamos acima do que podíamos e de
dutividade víamos E o mais grave é que demos sinais er
Então a diferença entre nós e o resto da Eu rados às pessoas Agora vamos ter de evoluir
ropa sobretudo os nórdicos não está nos de novo para uma sociedade com capacida
genes de de produção real com agriculturae pesca
Claro que não A diferença entre nós e os Mas todos temos na memória os subsídios
nórdicos não está nos genes é fruto da cul que foram concedidos aos agricultores para
tura e da educação da geografia do clima e não produzirem
da religião Eles tinham frio era lhes difícil Foi terrível E para piorar as coisas muitos fi
cultivar cereais e não tinham vinho Para caram deprimidíssímos e frequentemente
sobreviverem tiveram de estimular a ino alcoólicos Destruíram as vinhas a sua ânco
vação e a cooperação Ao contrário de nós ra que lhes dava prestígio e dignidade pes
que tínhamos um bom clima uma agricul soal nas suas comunidades e começaram a
tura fértil e peixe com fartura E depois ti passar os dias na taberna Isto aconteceu em
vemos África a seguir o Brasil e logo os todo o Minho E no Alentejo também