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Ação para converter auxílio-doença em aposentadoria por

invalidez

O objetivo desse artigo é esclarecer o procedimento realizado para o


segurado que recebe o benefício de auxílio-doença ingresse com
pedido judicial de Transformar Auxílio Doença em
Aposentadoria ou até mesmo no benefício de auxílio-acidente.
Inicialmente vamos esclarecer quais são os requisitos necessários
para concessão do benefício de auxílio-doença, auxílio-acidente e
aposentadoria por invalidez.

Em seguida vamos estabelecer qual a diferença entre esses benefícios


e vamos finalizar o artigo estabelecendo quais são os dispositivos
legais que permitem o ingresso da ação para converter o auxílio-
doença em auxílio-acidente ou aposentadoria por invalidez,
concluindo com o procedimento processual onde vamos esclarecer
qual é a competência para apreciar essa ação, as provas necessárias,
o pedido de tutela de urgência, sentença e implantação do benefício.

A concessão do benefício de auxílio-doença está atrelada ao tempo da


incapacidade laboral diagnosticada pelo perito do INSS.

O primeiro critério estabelecido pela lei é que o segurado esteja


comprovadamente incapacitado para exercer a sua atividade habitual
de trabalho por um período superior à 15 dias e essa incapacidade
deve ser total e temporária.

Oportuno transcrever o artigo 59 da lei 8.213/91 que estabelece o


seguinte:

Art. 59. O auxílio-doença será devido ao segurado que, havendo


cumprido, quando for o caso, o período de carência exigido nesta Lei,
ficar incapacitado para o seu trabalho ou para a sua atividade
habitual por mais de 15 (quinze) dias consecutivos.

Assim, constata-se que o benefício de auxílio-doença é temporário e


deverá ser pago ao segurado enquanto permanecer incapacitado para
realizar a sua atividade laboral.

Na hipótese do segurado não se sentir em condições de retornar ao


trabalho após findo o prazo de recebimento do auxílio-doença, poderá
requerer a prorrogação do mesmo mediante agendamento de perícia
médica junto ao INSS.
Quando da realização da perícia de pedido de prorrogação o médico
perito do INSS pode tomar as seguintes providências:

 prorrogar o benefício por mais um período;

 cessar o benefício e determinar o retorno ao trabalho do


segurado;

 converter o auxílio-doença em auxílio-acidente ou


aposentadoria por invalidez.

Constatamos que na maioria dos casos, mesmo quando o segurado


ainda se encontra incapacitado para retornar ao trabalho, o perito do
INSS cessa o benefício de auxílio-doença e o segurado deve se
apresentar na empresa para retomar as suas atividades laborais.

Ocorre que muitas vezes o médico do trabalho ao qual o segurado é


submetido antes de retornar à empresa, constata que o trabalhador
ainda não está capacitado para retornar ao posto de trabalho e essa
situação gera grande prejuízo ao segurado que permanece sem
renda, pois não recebe o benefício e não recebe o salário da empresa,
perecendo e passando por severas dificuldades para manter o
sustento de sua família.

O requisito essencial para concessão do benefício de auxílio-acidente


é a constatação da incapacidade parcial e permanente.

Diferente do auxílio-doença que exige a incapacidade total e


temporária, o auxílio-acidente fica no meio do caminho entre o
auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez, uma vez que o
segurado não consegue obter uma recuperação total para exercer a
sua atividade laboral como antes, porém, essa incapacidade não é tão
limitadora ao ponto de inviabilizar o segurado de realizar qualquer
tipo de atividade laboral ou até a mesma atividade que exercia,
porém, com limitações.

Assim estabelece o artigo 86 da lei 8.213/91:

Art. 86. O auxílio-acidente será concedido, como indenização, ao


segurado quando, após consolidação das lesões decorrentes de
acidente de qualquer natureza, resultarem seqüelas que impliquem
redução da capacidade para o trabalho que habitualmente exercia.

Não existe na lei um procedimento para requerer diretamente o


pedido de auxílio-acidente, pois esse benefício precede de um auxílio-
doença que somente após a consolidação das sequelas ao qual o
segurado

ficou acometido é que o benefício de auxílio-doença é convertido em


auxílio-acidente.

Requisitos para obter a aposentadoria por invalidez

Diferente do auxílio-doença que exige uma incapacidade temporária,


ou seja, o segurado pode retornar ao trabalho depois que se
recuperar, e do auxílio-acidente, que exige uma incapacidade parcial,
ou seja, o segurado pode retornar ao trabalho, porém, com limitações
físicas, a aposentadoria por invalidez exige uma incapacidade total e
permanente.

Assim estabelece o artigo 42 da lei 8.213/91:

Art. 42. A aposentadoria por invalidez, uma vez cumprida, quando for
o caso, a carência exigida, será devida ao segurado que, estando ou
não em gozo de auxílio-doença, for considerado incapaz e
insusceptível de reabilitação para o exercício de atividade que lhe
garanta a subsistência, e ser-lhe-á paga enquanto permanecer nesta
condição.

Assim como ocorre com o auxílio-acidente, não existe na lei um


procedimento para requerer o benefício de aposentadoria por
invalidez. O segurado deve agendar a perícia para requerimento de
auxílio-doença e na perícia médica o perito pode constatar a
incapacidade total e permanente do segurado e conceder diretamente
esse benefício.

Porém, na prática isso não acontece. Quase todas as aposentadorias


por invalidez concedidas pelo INSS precedem da concessão do
auxílio-doença, pois o perito tem a cautela de constatar se depois de
determinado tempo afastado do trabalho o segurado terá ou não
condições clínicas de recuperar a saúde para retornar ao trabalho.

Necessário frisar que em nenhum dos três benefícios a lei estabelece


a gravidade da doença como critério de concessão.
Independentemente da gravidade clínica do segurado, o único critério
que é utilizado para concessão dos benefícios por incapacidade é a
incapacidade laboral.
Dessa forma, independentemente da doença que o segurado está
acometido, o perito do INSS fará uma análise se essa doença
incapacita o segurado de retornar ao trabalho ou não.

O procedimento processual para requerer a conversão do benefício de


auxílio-doença em aposentadoria por invalidez ou auxílio-acidente se
encontra no Código de Processo Civil, lei número 13.105/2015 e
na lei dos Juizados Especiais Federais número 10.259/2001.
Estabelece o Código de Processo Civil em seu artigo 17 que para
postular um pedido em juízo a parte deve possuir dois elementos:
interesse e legitimidade. Essa regra se aplica à lei 10.259/2001 que
regulamenta o processo nos Juizados Especiais Federais.
O segurado que ingressa com ação para converter o auxílio-doença
em aposentadoria por invalidez tem legitimidade, pois está buscando
um direito legítimo previsto na legislação, bem como possui
interesse, uma vez que o seu objetivo é obter um benefício mais
vantajoso do que o atual que está recebendo.

Por outro lado, não existe nenhuma proibição legal estabelecendo que
o segurado deve aguardar a cessação do benefício de auxílio-doença
para apenas e tão somente depois ingressar com a ação de concessão
de aposentadoria por invalidez ou concessão de auxílio-acidente.
Muitas vezes o perito do INSS realiza um diagnóstico equivocado e
não identifica, de forma adequada, o tipo de incapacidade que o
segurado está acometido, se total e permanente ou se parcial e
permanente, determinando o pagamento, de forma equivocada, do
auxílio-doença quando na verdade o segurado já deveria estar
aposentado ou recebendo o auxílio-acidente.
É plenamente possível e legal ingressar com ação judicial para
converter o benefício que o segurado está recebendo, auxílio-doença,
em um benefício mais vantajoso, aposentadoria por invalidez ou
auxílio-acidente. Referida medida judicial não traz nenhum prejuízo
no recebimento do auxílio-doença, conforme explicaremos no próximo
tópico.

Efeitos do ingresso da ação de conversão

A principal preocupação do segurado ao ingressar com a ação para


converter o auxílio-doença que está recebendo em aposentadoria por
invalidez ou auxílio-acidente é se haverá prejuízo na manutenção do
recebimento do atual benefício, pois o valor do benefício recebido
mantém o sustento da família do segurado e a sua cessação significa
um prejuízo irreparável.
Não existe nenhum prejuízo ou interferência na manutenção do
recebimento do auxílio-doença do segurado que ingressa com a ação.

O objetivo da ação é a concessão de benefício mais vantajoso, a


saber, auxílio-acidente ou aposentadoria por invalidez. O objeto do
processo não é a manutenção do auxílio-doença.

Durante a tramitação da ação o segurado pode permanecer


recebendo o benefício de auxílio-doença enquanto tramita a ação de
conversão. O perito do INSS, enquanto tramita o processo judicial,
pode convocar os

segurado e na perícia pode determinar a manutenção do auxílio-


doença ou cessá-lo, independentemente da ação judicial.

A manutenção ou cessação do auxílio-doença pelo perito do INSS em


nada interfere no andamento e no resultado da ação de conversão de
auxílio-doença em aposentadoria por invalidez.

Quando o segurado entende que a sua incapacidade é total e


permanente ou parcial e permanente, deve ingressar imediatamente
com a ação de conversão, pois, enquanto tramita o processo ele
permanece recebendo o auxílio-doença e assim não fica desprovido
de renda para prover o seu sustento.

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