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UNESP - Universidade Estadual Paulista - Júlio de Mesquita Filho

Campus de Rio Claro


IGCE – Instituto de Geociências e Ciências Exatas

A Importância do Balanço de Radiação para


os Seres Vivos

Disciplina: Bioclimatologia
Alunos:
Anderson Fernando Guarda
Gilvan Charles Cerqueira de Araújo
Jaime Lopes Batista
Ronaldo Gentil
Silas Nogueira de Melo

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A Importância do Balanço de Radiação para
os Seres Vivos

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ÍNDICE GERAL

1. Introdução.......................................................................................................................... 5
2. Resgate dos conceitos principais que norteiam o tema...................................................... 5
2.1 Radiação Solar ............................................................................................................ 5
2.2 Albedo ......................................................................................................................... 8
2.2.1 Fatores que influenciam o albedo da Terra........................................................... 8
2.3 Insolação Solar ............................................................................................................ 9
3. O Balanço de Radiação Solar ............................................................................................ 9
3.1 Introdução e Definições ............................................................................................... 9
3.2 Radiação Solar e Terrestre ........................................................................................ 10
3.3 Processos que Atenuam a Entrada de Radiação Solar na Superfície Terrestre......... 11
3.4 Instrumentos que Medem a Radiação Solar .............................................................. 12
4. O efeito estufa.................................................................................................................. 13
4.1 Balanço de energia .................................................................................................... 14
4.2 Conseqüências do aumento do efeito estufa ............................................................. 15
5. A Importância do Balanço de Radiação para os seres vivos ............................................ 16
5.1 Radiação Solar e Plantas........................................................................................... 16
5.1.1 Estratégias de Adaptação................................................................................... 17
5.1.2 Temperatura do ar e evapotranspiração............................................................. 19
5.2 Radiação Solar e Agricultura...................................................................................... 20
5.3 Radiação Solar e a Vida nos Mares ........................................................................... 26
5.4 A Radiação Solar e o Ser Humano ............................................................................ 27
5.5 Crime e Temperatura ................................................................................................. 28
6. Considerações Finais....................................................................................................... 30
7. Referências Bibliográficas................................................................................................ 31

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Tipos de Radiação por comprimento de onda (Espectro visível da Luz) ........ 7
Figura 2. Comprimento de ondas do Espectro Visível da Luz ....................................... 7
Figura 3. Balanço de radiação da Terra: onda curta e longa....................................... 11
Figura 4. Equipamentos utilizados para medir radiação e insolação ........................... 12
Figura 5. Demonstração do funcionamento do efeito estufa ....................................... 14
Figura 6. Demonstração do balanço de energia.......................................................... 15
Figura 7. Esquema de fotoperiodismo ........................................................................ 18
Figura 8. Marcha de ETp, calculada segundo Thomthwaite, da evaporação à sombra,
obtida em evaporímetro de Piche, da umidade relativa do ar e da precipitação
pluvial, para a localidade de Ribeirão Preto, SP. Valores mensais médios para o
período de 1950 a 1960. ..................................................................................... 20
Figura 9. Casa de vegetação ...................................................................................... 23
Figura 10. Radiação e reirradiação em superfícies vegetadas.................................... 24
Figura 11. Esquema simples de fotossíntese.............................................................. 26
Figura 12. Zonas do oceano ....................................................................................... 27
Figura 13. Comparação entre temperatura do ar e a ocorrência de Crimes Contra a
Pessoa na cidade de Belém-PA.......................................................................... 29
Figura 14. Comparação entre temperatura do ar e a ocorrência de Crimes Contra o
Patrimônio na cidade de Belém-PA..................................................................... 29

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O Balanço de Radiação e sua importância para os seres vivos

1. Introdução

A radiação solar é a principal fonte de energia para os processos físicos,


químicos, fisiológicos e biológicos que ocorrem na biosfera. Sendo assim, o
conhecimento da quantidade de radiação solar que chega à superfície é de extrema
importância para diversas atividades antrópicas, principalmente se tratando do
aproveitamento racional dos recursos naturais.

A vida animal e vegetal na superfície terrestre é função do condicionamento da


energia disponível. A energia disponível, além de condicionar os mecanismos
fisiológicos dos seres vivos, também estabelece os diferentes fenômenos físicos
continuamente (OMETO,1981). Assim, o balanço de radiação é utilizado nos
processos de: aquecimento do ar e do solo; transferência da água, na forma de vapor,
da superfície para a atmosfera através da evapotranspiração; e é utilizado no
metabolismo das plantas, especialmente na fotossíntese.

Este trabalho segue no intuito de levantar uma discussão sobre a importância


do balanço de radiação para os seres vivos, englobando a vegetação natural, a
vegetação cultivada (agricultura), a sociedade humana e a vida nos mares.

Porém, antes de se chegar a este tópico será realizado um resgate dos


principais conceitos que norteiam o assunto, levantando citações de grandes autores,
principalmente no que se refere à definição científica do conceito de balanço de
radiação. Após isso também será levantado a temática do efeito estufa, no sentido de
explicar as relações entre a radiação emitida pelo Sol e a radiação refletida, absorvida
e emitida pelo sistema Terra-Atmosfera, e os efeitos desse fenômeno sobre a vida na
biosfera.

2. Resgate dos conceitos principais que norteiam o tema

2.1 Radiação Solar

Todos os corpos sejam eles geleiras, nuvens, pessoas, objetos, planetas,


fornos, estrelas emitem ou refletem energia radiante. Quanto maior a sua temperatura,
mais emitem. Se nosso planeta estivesse isolado no espaço, iria emitindo radiação,
perdendo energia térmica e resfriando-se. Como estamos perto do Sol, o que a Terra

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perde para o espaço é compensado pela radiação solar que é absorvida de nossa
estrela. O Sol está a 5770K (mais ou menos 5500°C). Sua superfície emite 68 milhões
de watts por cada metro quadrado. A Terra se encontra a 150 milhões de kilômetros
de distância, de forma que a radiação que chega a nossa órbita é apenas 1360
watts/m2 (S = constante solar).

A temperatura (média) de nosso planeta fica em torno de 15°C. Os continentes,


os oceanos, as nuvens e os gases atmosféricos absorvem a radiação de ondas curtas,
emitindo e absorvendo radiação térmica (ou de onda longa), de acordo com suas
temperaturas e sua composição física e química e trocam calor entre si de diversas
formas: misturando massas de ar, transportando massas de vapor e calor sensível,
evaporando e precipitando água (processos termodinâmicos).

A distribuição horizontal e vertical da temperatura, umidade e ventos (incluída


a presença de nuvens, aerossol e diversos gases atmosféricos) influenciam no
balanço de energia sobre um dado local ou região. Esse balanço é variável no tempo
mas tende a "fechar" em cada local no período de um ano. Suas características
definem o clima regional. Os satélites meteorológicos permitem o sensoriamento
remoto da atmosfera e da superfície terrestre. Eles transportam sensores que medem
diversas características da radiação que emerge do planeta. Com base nestas
medidas, pode-se deduzir a temperatura e composição da atmosfera em diversas
altitudes (perfis atmosféricos). A vantagem dos satélites é que permitem observar
continuamente e com detalhes grandes áreas do planeta.

A radiação é medida com base na concepção da luz entendida como ondas,


daí podermos separar os tipos de radiação de acordo com o comprimento de ondas e
partir disso chegar aos dados, por exemplo, da temperatura média de cada faixa de
comprimento de onde dentro do espectro da luz visível ou não.

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Espectro Eletromagnético

Figura 1. Tipos de Radiação por comprimento de onda (Espectro visível da Luz)

Radiação solar

Figura 2. Comprimento de ondas do Espectro Visível da Luz

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Tabela 1. Cores e comprimento de ondas do Espectro de Radiação
Cores λ (µm)

Violeta 0,38 a 0,42

Azul 0,42 a 0,49

Verde 0,49 a 0,54

Amarelo 0,54 a 0,59

Laranja 0,59 a 0,65

Vermelho 0,65 a 0,76

2.2 Albedo

Em termos gerais, o albedo é a medida da quantidade de radiação solar


refletida por um corpo ou uma superfície, sendo calculado como a razão entre a
quantidade de radiação refletida e a quantidade de radiação recebida. Em termos
geográficos, o albedo representa a relação entre a quantidade de luz refletida pela
superfície terrestre e a quantidade de luz recebida do Sol.

Esta relação varia fortemente com o tipo de materiais existentes à superfície:


por exemplo, em regiões cobertas por neve, o albedo ultrapassa os 80%, enquanto
num solo escuro, não vai além dos 10%. Na sua globalidade, o albedo médio da
Terra é de cerca de 37%. O albedo varia também com a inclinação (ou obliqüidade)
dos raios solares - quanto maior essa inclinação, maior será o albedo.

2.2.1 Fatores que influenciam o albedo da Terra

Os principais fatores que influenciam o albedo na Terra são:

1. Quantidade e tipos de nuvens na atmosfera


2. Quantidade de material particulado na atmosfera
3. Quantidade de neve e corpos d'água na superfície
4. Tipo de cobertura vegetal, incluindo as culturas agrícolas
5. Tipo de cobertura artificial do solo nos meios urbanos

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6. Tipo de solo nos terrenos arados
7. Quantidade de água retida pelas partículas dos solos

2.3 Insolação Solar

A quantidade de energia solar que chega, por unidade de tempo e por unidade
de área, a uma superfície perpendicular aos raios solares, à distância média Terra-Sol,
se chama constante solar.

Em geral estamos interessados em conhecer a quantidade de energia por


unidade de área e por unidade de tempo que chega em um determinado lugar da
superfície da Terra, que chamamos insolação do lugar. A insolação varia de acordo
com o lugar, com a hora do dia e com a época do ano.

3. O Balanço de Radiação Solar

3.1 Introdução e Definições

Para entendermos melhor o que vem a ser o balanço de radiação, achamos melhor
expor as definições segundo alguns autores ou órgãos de pesquisa. Essas definições,
propositalmente, estão em ordem cronológica, para notarmos qualquer modificação
em seu conceito com o passar dos anos.

A começarmos pelo professor Tubelis (1937), o balanço de radiação de uma


superfície é a contabilização entre o recebimento e a devolução de radiação por essa
superfície. Para ele, a soma dos balanços de radiação de ondas curtas e longas é
denominada de balanço de radiação ou saldo de radiação.

Já Ayoade (1988), fala que balanço de radiação significa a diferença entre a


quantidade de radiação que é absorvida e emitida por um dado corpo ou superfície.
Em geral, o balanço de radiação na superfície terrestre é positivo de dia e negativo à
noite. Também no decorrer do ano como um todo, o balanço de radiação na superfície
da Terra é positivo, enquanto o da atmosfera é negativo. Para o sistema Terra-
atmosfera como um todo, o balanço é positivo entre as latitudes de 30ºS e 40ºN, e
negativo no restante. Esses padrões de balanço de radiação têm implicações na
circulação geral da atmosfera.

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Segundo o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), balanço de
radiação é a diferença entre a entrada e a saída de elementos de um sistema. As
componentes principais do sistema terrestre importantes para o balanço de radiação
são: superfície, atmosfera e nuvens. Esta breve explicação se traduz na singela
expressão: Entrada - Saída = Balanço.

Porém para que possamos entender esse processo mais claramente,


precisamos fazer uma diferenciação de alguns tipos de radiação e resgatar alguns
conceitos de climatologia, que é o que faremos agora.

3.2 Radiação Solar e Terrestre

Todos os corpos (geleiras, nuvens, pessoas, objetos, planetas, fornos, estrelas)


emitem ou refletem energia radiante. Quanto maior as suas temperaturas mais
emitem. Se nosso planeta estivesse isolado no espaço, iria emitindo radiação,
perdendo energia térmica e resfriando-se. Como estamos perto do Sol, o que a Terra
perde para o espaço é compensado pela radiação solar que é absorvida de nossa
estrela.

Verifica-se que a grande parte da radiação emitida pelo Sol se encontra na


faixa espectral em torno de 0,5 m. E a radiação terrestre se concentra na faixa de 10
m. Por esta razão, a radiação solar é denominada radiação de ondas curtas e a
terrestre radiação de ondas longas.

Como ilustra a Figura 3 , os continentes, os oceanos, as nuvens e os gases


atmosféricos absorvem a radiação de ondas curtas, emitindo e absorvendo radiação
térmica (ou de onda longa), de acordo com suas temperaturas e sua composição física
e química e trocam calor entre si de diversas formas: misturando massas de ar,
transportando massas de vapor e calor sensível, evaporando e precipitando água
(processos termodinâmicos).

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Figura 3. Balanço de radiação da Terra: onda curta e longa

3.3 Processos que Atenuam a Entrada de Radiação Solar na Superfície


Terrestre

O primeiro é o espalhamento pelas partículas da atmosfera, tais como


moléculas dos gases, cristais e impurezas. Embora a radiação solar incida em linha
reta, os gases e aerossóis podem causar o seu espalhamento. Esta insolação difusa é
constituída de radiação solar que é espalhada ou refletida de volta para a Terra
causando claridade do céu durante o dia e a iluminação de áreas que não recebem
iluminação direta do Sol.

O segundo processo de atenuação é a absorção seletiva por certos


constituintes atmosféricos para certos comprimentos de onda (oxigênio, ozônio, gás
carbônico e vapor d’água são os principais absorvedores). Quando uma molécula
absorve energia na forma de radiação esta energia é transformada em movimento
molecular interno causando o aumento da sua temperatura. Por isso, os gases que
absorvem melhor a radiação têm papel importante no aquecimento da atmosfera.

O terceiro processo é a reflexão e absorção pelas nuvens. O albedo dos topos


de nuvens depende de sua espessura, variando de menos de 40% para nuvens finas
a 80% para nuvens espessas. Já o albedo da Terra como um todo é 30%.

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No capítulo 4, no item que vai tratar do balanço de energia do Sistema Terra-
Atmosfera, será quantificado de maneira mais precisa esses processos que atenuam a
entrada de radiação solar na superfície terrestre.

3.4 Instrumentos que Medem a Radiação Solar

Actinógrafo é um instrumento usado para medir a radiação global (Figura 4).


Este instrumento é composto de sensores baseados na expansão diferencial de um
par bimetálico. Os sensores são conectados a uma pena que, quando de sua
expansão, registram o valor instantâneo da radiação solar. Sua precisão encontra-se
na faixa de 15 a 20% e é considerado um instrumento de terceira classe.

O heliógrafo é um aparelho usado para indicar a insolação atmosférica em uma


dada localização (Figura 4). Os raios solares são focalizados por uma esfera de cristal
em uma fita de papelão. A insolação é dada pelo comprimento da carbonização da fita.

Os satélites meteorológicos permitem o sensoriamento remoto da atmosfera e


da superfície terrestre. Eles transportam sensores que medem diversas características
da radiação que emerge do planeta. Com base nestas medidas, pode-se deduzir a
temperatura e composição da atmosfera em diversas altitudes (perfis atmosféricos). A
vantagem dos satélites é que permitem observar continuamente e com detalhes
grandes áreas do planeta.

Actinógrafo bimetálico Heliógrafo

Figura 4. Equipamentos utilizados para medir radiação e insolação

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4. O efeito estufa

Efeito Estufa é um fenômeno natural causado pelo acúmulo de gases na


atmosfera, principalmente vapor d’água e dióxido de carbono, que provocam a
retenção do calor na superfície da Terra. Esse fenômeno natural age mantendo a
temperatura da Terra acima da que seria na ausência de atmosfera, permitindo assim
que ocorra a vida da forma como a conhecemos, pois se não houvesse o efeito estufa
a temperatura média da Terra seria de -18° C, ao in vés dos 15°C que se tem hoje.

Alguns gases que compõe a atmosfera permitem a passagem da radiação


solar (em ondas curtas), e absorvem grande parte do calor (a radiação infravermelha
térmica – ondas longas), emitido pela superfície aquecida da Terra. Esse mecanismo
impede que o calor em forma de radiação infravermelha volte diretamente para o
espaço.

A radiação infravermelha é capturada pelos gases estufa que se aquecem e


aumentam a temperatura do ar. Os principais gases do efeito estufa são o vapor de
água e o dióxido de carbono (CO2). Vale ressaltar que ao contrário da radiação de
onda curta emitida pelo Sol, a radiação da Terra ocorre sob a forma de onda longa
(radiação infravermelha) e é por isso mais facilmente absorvida pelo vapor de água e
dióxido de carbono existentes na atmosfera. Da radiação emitida pelo globo terrestre
(a parte sólida da Terra), cerca de 90% é absorvida pela atmosfera, que irradia cerca
de 80% de novo para o solo. Deste modo, a atmosfera atua como uma estufa.

A Figura 5 a seguir, retirada do site do INPE, demonstra o funcionamento do


efeito estufa.

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Figura 5. Demonstração do funcionamento do efeito estufa

4.1 Balanço de energia

Da forma como está composto atualmente, o sistema Terra-Atmosfera está em


equilíbrio, pois toda a energia que entra é igual à energia que sai.

O Sol emite radiação de onda curta, sendo que essa emissão fornece a
energia para toda a vida natural e movimentos no nosso planeta. Quando atinge a
Terra a radiação solar é refletida, retrodifundida e absorvida por vários elementos,
sendo que 6% dessa radiação é retrodifundida para o espaço pelo ar, 20% é refletida
pelas nuvens e 4% pela superfície da Terra. Sendo assim constata-se que 30% da
radiação é refletida diretamente para o espaço. As nuvens absorvem 3% da radiação
solar restante, ao passo que o vapor de água, as poeiras, o O3 e outros componentes
no ar contam com mais 16% de absorção. Portanto apenas 51% da radiação solar
incidente atinge verdadeiramente a superfície terrestre.

A Figura 6 a seguir, retirada do site do INPE, demonstra e quantifica esses


mecanismos.

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Figura 6. Demonstração do balanço de energia

Para que haja o equilíbrio energético, toda a radiação absorvida pela Terra
deve ser emitida novamente para o espaço. Porém, se houver um aumento do gás
carbônico, que vem sendo favorecido pela poluição oriunda das atividades antrópicas,
poderá ocorrer um aumento do efeito estufa e, portanto, sairá menos radiação do que
entra, causando um desequilíbrio no balanço de energia. Essa diferença causará o
aquecimento da baixa atmosfera, aumentando a temperatura média da Terra e
causando diversos desequilíbrios ambientais.

4.2 Conseqüências do aumento do efeito estufa

De acordo com a literatura são várias as possíveis conseqüências que o


aumento dos gases do efeito estufa podem estar causando, ressaltando que esse
processo é potencializado pelas atividades humanas poluidoras. A seguir serão
destacados alguns dos possíveis desequilíbrios ambientais causados pelo aumento da
temperatura média da Terra:

• Aumento do nível dos oceanos: com o aumento da temperatura média no


mundo, está em pauta o derretimento das calotas polares. Ao aumentar o nível da
águas dos oceanos, pode ocorrer, futuramente, a submersão de muitas cidades
litorâneas;

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• Crescimento e surgimento de desertos: o aumento da temperatura provoca
a morte de várias espécies animais e vegetais sensíveis a alterações ambientais,
desequilibrando vários ecossistemas. Somado ao desmatamento que vem ocorrendo,
principalmente em florestas de tropicais, a tendência é aumentar cada vez mais as
regiões desérticas do planeta Terra;
• Aumento de furacões, tufões e ciclones: o aumento da temperatura das
águas oceânicas faz com que ocorra maior evaporação, potencializando estes tipos de
catástrofes climáticas;
• Ondas de calor: regiões de temperaturas amenas têm sofrido com as ondas
de calor. No verão europeu, por exemplo, tem se verificado uma intensa onda de calor,
provocando até mesmo mortes de idosos e crianças.

5. A Importância do Balanço de Radiação para os seres vivos

5.1 Radiação Solar e Plantas

A vida é a mais elaborada forma já identificada de processamento de matéria,


necessitando de energia para a sustentação de seus processos. Segundo Gates
(1965) e citado por Leitão & Oliveira (2000, apud Mendonça e Batista, 2008), os
vegetais absorvem cerca de 50% da radiação de ondas curtas incidentes e 97% da
radiação de ondas longas proveniente da atmosfera. A razão entre as radiações de
ondas curtas refletidas e incidentes é denominada coeficiente de reflexão ou albedo. O
desenvolvimento de uma planta ou o processamento de alimentos em um animal são
demandas bioquímicas, de transformação energética. Uma simples folha de qualquer
vegetal não poderia se formar se não fosse a energia radiante recebida do Sol, que
permite a fotossíntese (Menezes & Canato Júnior, 2001, apud Mendonça e Batista,
2008), formando os carboidratos ou hidratos de carbono (açúcares, amido e celulose).
Os açúcares são misturas heterogêneas de composição variável sendo fornecedores
de parte da energia para a sobrevivência dos seres vivos. (Pitombo & Lisboa, 2001,
Mendonça e Batista, 2008). O açúcar da cana é o exemplo mais comum de sacarose.

Se aceita hoje que, entre as condições planetárias básicas para que possa
existir vida tal como a conhecemos, seja essencial a presença de água no estado
líquido, em quantidade suficiente e energia solar em quantidade adequada,
fornecendo luz e calor (Pitombo & Lisboa, 2001, apud Mendonça e Batista, 2008).

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Na superfície do planeta, a radiação solar condiciona a evaporação da água
em superfícies líquidas e do solo úmido e é necessária para o desenvolvimento
vegetal.(Henrique, 2006, apu Mendonça e Batista, 2008). Sendo também fator
condicionante das temperaturas do ar e do solo (Pereira et al., 2002, apud Mendonça
e Batista, 2008).

5.1.1 Estratégias de Adaptação

A habilidade do indivíduo em competir em condições de maior ou menor


luminosidade depende de estruturas morfológicas e fisiológicas (estratégias
adaptativas). Por exemplo, já que altura da planta em relação a altura da comunidade
determina em grande parte a quantidade de luz recebida, ramos lenhosos permitem o
desenvolvimento em altura e a obtenção de mais luz, mas essas estruturas usam
energia e nutrientes que são limitados e poderiam ser alocados pela planta a outras
estruturas. Com efeito, se observa que a taxa de crescimento diminui no sentido algas-
ervas-arbustos-árvores (Tilman 1988, apud Pillar, 1995).

Pelo mesmo motivo, algas podem sobreviver com muito menos luz (ponto de
compensação mais baixo) do que plantas terrestres porque apresentam menor
proporção de tecidos não fotossintetizantes (Daubenmire 1974, apud Pillar, 1995).
Sementes de árvores são mais pesadas do que as de ervas, pois quando há menos
luz as plântulas (embrião vegetal já desenvolvido e ainda encerrado na semente) têm
que dispor de mais reservas (Tilman 1988, apud Pillar, 1995).

Plantas são classificadas ecologicamente de acordo com seus requerimentos


relativos de luz e sombra. São heliófitas as que crescem melhor em locais bem
iluminados e umbrícolas as que crescem melhor com menor intensidade luminosa. Na
verdade, em condições naturais, o fato de uma planta preferir condições de maior ou
menor luminosidade não pode ser isolado de outros fatores, como temperatura,
umidade do solo, vento etc., que variam concomitantemente com a radiação solar.
Com efeito, tem sido observado que alguns caracteres morfológicos e anatômicos
associados a heliofitismo também estão associados a xeromorfismo (necessidade de
pouca água). Assim, folhas tendem a ser menores e mais espessas com o aumento da
intensidade de luz através do dossel - estrato superior da formação vegetal nas
florestas - (Schimper 1898:8, Cain et al. 1951, Parkhurst & Loucks 1972, Lausi & Nimis
1986, Bongers & Popma 1988, apud Pillar, 1995), folhas compostas são mais comuns
em plantas que invadem espaços iluminados deixados por árvores mortas (Givnish
1978, Stowe & Brown 1981, apud Pillar, 1995), as folhas são mais inclinadas e tendem

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a apresentar células menores e isodiamétricas em plantas mais altas em vegetação
desértica (Lausi & Nimis 1986, apud Pillar, 1995), a densidade de estômatos
(estruturas celulares que têm a função de realizar trocas gasosas entre a planta e o
meio ambiente) é maior em heliófitas e xerófitas (Lausi et al. 1989, apud Pillar, 1995),
e folhas com estômatos em ambas a as faces da folha são mais freqüentes em plantas
que crescem em sítios ensolarados ou mais secos (Wood 1934, Lausi et al. 1989,
apud Pillar, 1995).

A duração do fotoperíodo (duração do dia) funciona como um regulador de


processos de diferenciação nas plantas. O estímulo é percebido pelo pigmento
fitocromo nas folhas e transmitido a outras partes da planta. Durante o ano, na medida
em que o fotoperíodo se modifica diferentes processos na planta são ativados ou
desativados quando a duração do dia, indicando a estação, se torna adequada. Pelo
processo de seleção natural as plantas tendem a ajustar-se aos ciclos climáticos
anuais de tal forma que pelo menos alguns de seus processos são controlados pelo
ciclo anual de fotoperíodos. Assim, por exemplo, espécies com florescimento
determinado pelo fotoperíodo têm ocorrência restrita a latitudes onde podem manter
uma disseminação eficiente. Quanto à duração do dia, plantas de dias curtos
apresentam resposta quando o período de iluminação passa a ser inferior a um certo
número de horas por dia, e plantas de dias longos apresentam resposta quando o
período de iluminação passa a ser superior a um certo número de horas por dia.

Figura 7. Esquema de fotoperiodismo

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Quanto maior a superfície contínua da folha, mais espessa é a camada limite
porque é mais difícil o fluxo livre do ar ao redor da folha. Portanto, folhas grandes têm
menor perda por convecção do que folhas pequenas ou folhas compostas, e tendem a
aquecer mais quando expostas a sol. Folhas pequenas ou folhas compostas trocam
calor mais rapidamente, e assim mantém-se em temperaturas mais baixas (Givnish
1979, apud Pillar, 1995).

Givnish (1979, apud Pillar, 1995) explica o valor adaptativo da variação do


tamanho de folha considerando o seu efeito na temperatura da folha e na taxa de
respiração. A camada mais fina de ar associada à superfície de folhas menores
permite que troquem calor mais rapidamente do que folhas maiores, evitando portanto
um aumento excessivo de temperatura e os custos adicionais em tecido improdutivo
(não fotossintético) como raízes e xilema associados com o aumento da transpiração
decorrente do aumento da temperatura. Portanto, folhas menores são mais eficientes
quando a umidade do solo é limitante.

5.1.2 Temperatura do ar e evapotranspiração

O aquecimento e resfriamento do ar são determinados pelo balanço de


radiação da superfície do solo e vegetação. As trocas de calor do ar com as
superfícies se dão por condução e convecção, gerando movimentos turbulentos do ar
(vento). Junto com o calor, o vento transfere vapor d'água, energia cinética, gás
carbônico e poluentes. O movimento de massas de ar em escala continental determina
em grande parte o clima regional. Latitude, altitude e distância de grandes corpos
d'água (continentalidade) são os fatores mais importantes que afetam a variação
geográfica da temperatura. A temperatura de um corpo d'água se altera mais
lentamente do que a superfície terrestre porque a água reflete mais radiação, perde
calor por evaporação, tem um calor específico alto, e redistribui o calor através de
convecção. Assim, as variações diárias e anuais de temperatura são maiores em
locais mais distantes do mar. O efeito da continentalidade é maior no hemisfério norte.
O clima também é afetado por correntes marinhas. Correntes quentes transferem calor
de latitudes mais baixas para latitudes mais altas; correntes frias fazem o inverso.

O conceito de evapotranspiração potencial, o mais significativo avanço no


conhecimento dos aspectos da umidade climática, foi introduzido em 1944 por
Thornthwaite, quando trabalhava com problemas de irrigação, no México (MATHER,
1958). A evapotranspiração potencial (ETp) passou a ser considerada, como a chuva,

19
um elemento meteorológico padrão, fundamental, representando a chuva necessária
para atender às carências de água da vegetação.

Figura 8. Marcha de ETp, calculada segundo Thomthwaite, da evaporação à


sombra, obtida em evaporímetro de Piche, da umidade relativa do ar e da
precipitação pluvial, para a localidade de Ribeirão Preto, SP. Valores mensais
médios para o período de 1950 a 1960.

O Evaporímetro de Piche se constitui em um Aparato para medir a quantidade


de água que se evapora na atmosfera durante um intervalo de tempo dado a partir de
um papel de filtro poroso na parte inferior, permanentemente umedecido com água
destilada. as unidades são o mL e o mm de água evaporada.

5.2 Radiação Solar e Agricultura

Como já apresentado algumas páginas atrás, o sol é a principal fonte de


energia para a superfície da Terra. Existem outras fontes de calor, tais como o calor do
centro da Terra e os materiais radioativos que existem no interior do planeta, porém se
desconsiderarmos essas fontes, o erro é desprezível para o estudo dos processos

20
físicos e biológicos existentes no campo da agrometeorologia. A radiação solar,
principalmente no que diz respeito à agricultura é tratada no campo da
agrometeorologia, e esses estudos que tratam sobre a energia recebida do sol são
fundamentais em numerosos campos da ciência pura e aplicada, pois todo organismo,
planta ou animal na superfície da Terra está mergulhado neste ambiente de radiação,
respondendo de acordo. Também chamada de meteorologia agrícola, esse ramo da
ciência tem como principal objetivo melhorar a produção agrícola pela previsão mais
precisa e pelo controle do meio atmosférico. O desenvolvimento da meteorologia
agrícola depende da compreensão das respostas biológicas ao meio atmosférico, mais
do que simplesmente a compressão do meio atmosférico.

Em agricultura, a produção agrícola é diretamente proporcional a intensidade


de radiação solar que incide sobre uma determinada área, quando não existem outros
fatores limitantes como falta de água, deficiência de elementos minerais, má estrutura
do solo etc. Assim a importância da radiação solar para a agricultura pode ser definida
como a exploração da radiação solar, desde que haja um suprimento de água e
nutrientes para manutenção e crescimento das plantas (Monteith, 1958). A quantidade
de radiação solar que atinge a superfície da Terra em dado local, tempo e época do
ano são fundamentais para a produtividade de uma cultura, devido a sua
proporcionalidade com relação à quantidade e distribuição durante o ano. A planta
responderá a quantidades instantâneas da radiação solar e valores máximos durante o
dia são críticos para determinados processos da planta, por exemplo, crescimento,
fotossíntese, aumento de peso úmido, reserva de açúcar, absorção de água etc.,
dependem, sobretudo da quantidade de radiação solar que atinge a planta nas
diversas horas do dia. A temperatura da planta, que governa a taxa de processos
biológicos, depende da radiação solar incidente sobre a planta.

A intensidade da radiação afeta separadamente o desenvolvimento das células


vegetais, por exemplo, uma planta que tem seu habitat num ambiente escuro,
experimenta queimaduras e perfurações, principalmente provocadas pelos raios
ultravioleta, quando exposta diretamente à radiação solar. A Comissão Holandesa de
Irrigação Vegetal (1953) (citado por Mota, 1979) estabeleceu os efeitos específicos
causados por determinadas faixas do espectro solar, estabelecendo oito divisões, com
características próprias, que são:

1a faixa: Radiação com comprimento de onda maior que 1,0 mícronmetro (µm)

• Não causa danos às plantas e é absorvida. O aproveitamento é sob a forma


de calor, sem que haja interferência com os processos biológicos.

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2a faixa: Radiação entre 1,0 µm e 0,72 µm

• Esta é a região que exerce efeito sobre o crescimento das plantas. O trecho
mais próximo a 1,0 µm é importante para o fotoperiodismo, germinação de
sementes, controle de floração e coloração do fruto.

3a faixa: Radiação entre 0,72 µm e 0,61 µm

• Esta região espectral é fortemente absorvida pela clorofila. Gera forte


atividade fotossintética, apresentando em vários casos, também, forte
atividade fotoperiódica.

4a faixa: Radiação entre 0,61µm e 0,51 µm

• É uma região espectral de baixo efeito fotossintético e de fraca ação sobre


a formação da planta. Corresponde à região verde do espectro.

5a faixa: Radiação entre 0,51 µm e 0,40 µm

• Esta é essencialmente a região mais fortemente absorvida pelos pigmentos


amarelos e pela clorofila. Corresponde a parte do azul e parte do violeta do
espectro de radiação solar, e é também, região de grande atividade
fotossintética, exercendo ainda vigorosa ação na formação da planta.

6a faixa: Radiação entre 0,40 µm e 0,32 µm

• Esta faixa exerce efeitos nocivos na formação do vegetal. As plantas


tornam-se mais baixas e as folhas mais grossas.

7a faixa: Radiação entre 0,32 µm e 0,28 µm

• É prejudicial à maioria das plantas.

8a faixa: Radiação com comprimento de onda menor do que 0,28 µm

• Mata rapidamente as plantas submetidas a esta faixa de radiação solar.

22
Essa divisão por faixas do espectro é importante até mesmo para a adequação
ou ambientação das plantas em diferentes locais do planeta. Além disso, em casa de
vegetação onde a radiação solar precisa ser complementada por outra fonte de
energia, considerando que em alguns lugares o número de horas de brilho solar é
pequeno, lâmpadas incandescentes são usadas para a geração de radiação na faixa
do espectro correspondente ao vermelho e ao amarelo e, algumas vezes na faixa do
infravermelho (próximo) e pequenas quantidades na faixa do azul e do violeta. Por
exemplo, algumas espécies vegetais como girassol, repolho, alface, espinafre,
rabanete e outras são extremamente sensíveis a deficiência de radiação na faixa do
azul ao violeta, reagindo com forte elongação. Para tanto, lâmpadas de mercúrio com
bulbos de quartzo ou tubos luminosos cheios de vapor de mercúrio, devem ser
incluídos, por emitirem radiação com comprimentos de onda correspondentes do azul
ao violeta e ultravioleta.

Figura 9. Casa de vegetação

A transferência de calor nas plantas que assim como os animais precisam


regular suas temperaturas para funcionar a um ótimo de eficiência fisiológica são
conseguidos através de três mecanismos, que são a transpiração, convecção e
radiação. A temperatura das plantas afeta a atividade fotossintética embora a

23
fotossíntese seja primariamente dependente da luz. O processo de fotossíntese
aumentará ou diminuirá, se a temperatura das plantas subir ou diminuir muito, e
atingirá um ótimo num nível intermediário de temperatura. A radiação é
quantitativamente o mais importante dos três processos para regulação de
temperatura e com relação a esta, existem duas formas que são as radiações solar e
termal. A radiação solar é absorvida pelas plantas de maneira diferente para cada
comprimento de onda do espectro. A radiação termal é a energia emitida por qualquer
objeto mais quente que o zero absoluto. Objetos com a temperatura entre 0 e 50 ºC,
por exemplo, irradiam somente em comprimentos de onda infravermelho.

Figura 10. Radiação e reirradiação em superfícies vegetadas

A energia solar que incide numa arvore ou em um pé de milho, inclui não


somente a luz solar direta, mas também a luz solar que foi dispersa pela atmosfera e a
luz solar que é refletida debaixo para cima pela superfície pela superfície da terra e de
cima para baixo pelas nuvens. A radiação solar afeta a superfície da terra somente
entre o nascer e o pôr do sol. A radiação termal, por outro lado está sempre presente

24
no ambiente emitindo constantemente energia. Ao fim de um dia a quantidade total de
energia termal irradiada do solo e da atmosfera pode ser igual ou exceder a radiação
solar. Se as plantas continuamente absorvessem energia, sem dissipar nenhuma, a
sua temperatura aumentaria constantemente até sofrer a morte pelo calor. Entretanto
mais da metade da energia que elas absorvem é dissipada pela reirradiação.

Descrevendo sobre a radiação solar, comunidade vegetal e a agricultura em


geral, a radiação solar incidente sobre um dossel (comunidade de plantas), as plantas
vão alterar não somente a quantidade de radiação que chega ao solo, mas também a
qualidade desta radiação. Devido ao fato de a radiação ser absorvida,
preferencialmente na faixa do visível as propriedades espectrais da luz no interior de
um dossel são importantes para o desenvolvimento das plantas, as relações hídricas e
outros

A quantidade e qualidade (distribuição espectral) da radiação de ondas curtas


têm papel importante na regulação do crescimento e desenvolvimento vegetal.
Segundo Best (1962) citado por Mota (1979) os efeitos da radiação solar sobre uma
planta podem ser classificados das seguintes maneiras: processos de fotoenergia que
inclui a fotossíntese, e processos de fotoestímulos que incluem os processos de
movimento e de formação das plantas. Em geral, os processos de fotoenergia
requerem uma intensidade de radiação mais alta do que os processos de
fotoestímulos. Os processos formativos são freqüentemente determinados pelas
extensões relativas de luz e períodos escuros, aos quais as plantas são expostas.
Este fenômeno é conhecido como fotoperiodismo.

Da radiação solar que chega a superfície da terra, parte é utilizada pelas


plantas para a síntese de ligações químicas ricas em energia e compostos de carbono
reduzidos (açúcares). Este processo é chamado de fotossíntese e é característicos
das plantas e o principal responsável pela introdução da energia livre na biosfera, e
conseqüentemente, pela produtividade primária dos ecossistemas. Para que ocorra o
efeito direto na radiação é necessário que ela seja absorvida por pigmentos
(fotorreceptores) responsáveis pela iniciação dos processos. Em termos da
fotossíntese o principais pigmentos responsáveis pela absorção da radiação solar
pelas plantas são as clorofilas. O espectro de absorção destes elementos se
assemelha bastante ao espectro de ação da fotossíntese mostrando, desta forma que
são elas (as clorofilas) os principais responsáveis pelo processo de fotossíntese. Esta
radiação compreendida entre os comprimentos de onda de 0,4 – 0,7 µm e é chamada
de radiação fotossinteticamente ativa. Os efeitos da radiação solar sobre a
fotossíntese ocorrem na absorção da luz pelas moléculas de clorofila, que resulta uma

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série de processos físico-químicos e metabólicos culminando com a produção de
carboidratos. A fotossíntese pode ser dividida em três processos principais:
fotoquímico, onde a luz é o elemento principal, gerador do processo de transferência
de energia através de uma cadeia de transporte de elétrons, e bioquímico, onde
processos enzimáticos ativados (em alguns casos pela luz) vão unir o CO2 atmosférico
com a ribose 1,5 bisfosfato, gerando ao final açúcares mais complexos (glicose e
sacarose).

Figura 11. Esquema simples de fotossíntese

5.3 Radiação Solar e a Vida nos Mares

As radiações solares que chegam até o planeta produzem efeitos de luz e calor
sobre os mares. Esses efeitos variam com a profundidade: quanto mais profundas
forem as regiões do mar, menos luz e calor elas recebem. Por causa disso, surgem
regiões muito diferentes, que tornam possível a existência de uma grande variedade
de seres vivos. Podemos assim observar três regiões distintas: eufótica, disfótica e
afótica.

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Figura 12. Zonas do oceano

Zona eufótica - Região de grande luminosidade, que vai até aproximadamente


oitenta metros de profundidade. Aí a luz penetra com grande intensidade,
possibilitando um ambiente favorável à vida de organismos fotossintetizantes, como as
algas, e muitos animais que se alimentam delas.

Zona disfótica - Região em que a luz apresenta dificuldade de penetrar,


tornando-se difusa. Esta região vai até cerca de duzentos metros de profundidade e
também abriga organismos fotossintetizantes, embora em proporção menor que a da
zona eufótica.

Zona afótica - Região totalmente escura, que vai além dos duzentos metros de
profundidade. Aí não é possível a existência de animais herbívoros.

5.4 A Radiação Solar e o Ser Humano

A percepção fisiológica da temperatura experimentada pelos seres humanos é


conseqüência da vestimenta usada por eles, e dependerá da temperatura do ar. As

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conseqüências do calor, sendo o aumento dos ritmos cardíacos, a elevação da
temperatura do corpo, a dilatação dos vasos e a transpiração, provocariam hesitação,
agressividade e explosões emocionais.

5.5 Crime e Temperatura

A temperatura do ar está diretamente relacionada com a chegada de energia


solar à superfície do planeta, ocorrendo as máximas, normalmente, entre 14 e 15
horas e as mínimas, antes do nascer do sol.

Pode-se citar como outro exemplo o fato de que a temperatura experimentada


por um organismo vivo, incluindo o homem, conhecida como temperatura fisiológica,
depende da temperatura do ar e também da taxa de perda de calor proveniente
daquele organismo. Isto quer dizer que a temperatura fisiológica é uma função do
meio ambiente térmico circundante e da eficiência e da velocidade da evaporação, que
são elementos meteorológicos (Ayoade, 1996, apud Silva Jr., Farias e Oliveira, 2002).

Um estudo feito por João de Athaydes Silva Júnior, Lídia Maria G. Farias e
Maria do Carmo Felipe de Oliveira, respectivamente Aluno de Graduação em
Meteorologia da UFPa; Professora do Departamento de Meteorologia da UFPa e
Aluna de Graduação em Direito da UFPa, para o XII Congresso Brasileiro de
Meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, de 2002 tem entre outras a intenção de relacionar
variação anual da criminalidade com a variação anual da temperatura média do ar na
Grande Belém, usando dados da temperatura do ar média mensal, referentes ao
período de 1997 e 1998, da Estação Meteorológica nº 82193 do INMET/2ºDISME.

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Figura 13. Comparação entre temperatura do ar e a ocorrência de Crimes Contra
a Pessoa na cidade de Belém-PA

Figura 14. Comparação entre temperatura do ar e a ocorrência de Crimes Contra


o Patrimônio na cidade de Belém-PA

Segundo os gráficos acima, são estabelecidas relações entre a temperatura e


o aumento da criminalidade contra a pessoa e o patrimônio, dando à notar que do
aumento da temperatura, há um aumento na criminalidade.

Se fizermos um analise dos gráficos acima, notaremos realmente um aumento


da taxa de criminalidade junto com o aumento de temperatura, porém, é necessário
lembrar que a criminalidade analisada sem o fator aumento de temperatura, tem seus
outros elementos de subidas e quedas, não implicando desta forma na seguinte

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questão: Temperatura baixa/criminalidade baixa, temperatura média/criminalidade
média e temperatura alta/criminalidade alta durante o decorrer do ano. Os quadros
apresentados acima indicam tão e somente que em picos elevados de temperatura há
um aumento no número de crimes.

6. Considerações Finais

Este trabalho contribuiu para ampliar nossos conhecimentos sobre os efeitos e


importância da radiação solar como um todo, atingindo uma abrangência de análise
muito importante no que tange à formação curricular da geografia, fazendo uma ponte
intrínseca entre conceitos de áreas diversas da Ciência.

Por se tratar de um tema amplo e complexo, é contundente relevar o caráter


preliminar de tal trabalho, pois há muito o que se aprofundar, em todas as questões
referentes à radiação solar, balanço de radiação e tudo o que estiver no âmbito da
análise da Luz como componente e estruturante da vida e do meio.

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7. Referências Bibliográficas

AYOADE, J.O. Introdução à climatologia para os trópicos. 8aed. Rio de


Janeiro: Bertrand Brasil. 2002, 332 p. (Trad. Maria Juraci Zani dos Santos).

CAMARGO, A.P.;CAMARGO,B.P.,UMA REVISÃO ANALÍTICA DA


EVAPOTRANSPIRAÇÃO POTENCIAL , Bragantia vol.59 no.2 Campinas 2000,
doi: 10.1590/S0006-87052000000200002.

HAWKING, S. Uma breve história do tempo: do Big Bang aos Buracos


Negros; Rio de Janeiro: Rocco; 1996.

MOTA, FERNANDO SILVEIRA DA, 1929 – Meteorologia Agrícola/ FERNANDO


SILVEIRA DA MOTA. – SÃO PAULO : NOBEL, 1983. (BIBLIOTECA RURAL).

OMETO, J.C. - Bioclimatologia Vegetal, Editora Agronômica Ceres Ltda. São


Paulo, 1981,430p.

Pillar, V.D. 1995. Clima e vegetação. UFRGS, Departamento de Botânica.


Disponível em: http://ecoqua.ecologia.ufrgs.br

TUBELIS, A., NASCIMENTO, F.J.L. Meteorologia Descritiva: Fundamentos e


Aplicações Brasileiras. S. Paulo: Nobel, 1982, 374p.

Silva Junior, J. A.; Farias, L. M. G.; Oliveira, M. C. F. ESTUDO COMPARATIVO


ENTRE A TEMPERATURA MÉDIA MENSAL DO AR E O ÍNDICE ANUAL DE
CRIMINALIDADE NA GRANDE BELÉM-PA, XII Congresso Brasileiro de
meteorologia, Foz de Iguaçu-PR, 2002.

Sites consultados no período de 01 a 12 de Maio

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http://74.125.47.132/search?q=cache:dyyWHNQMP_UJ:www.ufrgs.br/agropfagrom
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http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-87052000000200002

http://www.portalbrasil.net/educacao_seresvivos_biosfera.htm

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http://www.guia.heu.nom.br/sol.htm

http://videoseducacionais.cptec.inpe.br/

32

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