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Análise de Viabilidade Técnica e Econômica sobre Projeto de

Instalação de uma indústria de Água Mineral na Região Noroeste do


Estado do Rio Grande do Sul.

Mário Luiz Santos Evangelista


Universidade Federal de Santa Catarina – Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção –
Campus Universitário – Trindade – Florianópolis – SC.

Carlos Roberto Loro (*)


Cecília Smaneotto (*)
Sérgio Schons (*)
(*) Alunos Estagiários da Sociedade Educacional Três de Maio – SETREM – Faculdade de
Administração – FATREM – Av. Santa Rosa, 2805 – Três de Maio - RS

Summary

In the northwest region of the State of Rio Grande do Sul there was the lack of
a study more deepened about the Technical and Economical Viability of an Industry of
Mineral Water. With that intention, and even for knowing of the limitations of the
resources of the water, the researchers tried firstly to verify if there was mineral water in
the underground of the area. In second place, they passed the accomplishment of a project
of economical viability for the installation of the industry in the region. For surprise of the
group, the technical viability was verified, because there is mineral water in the
underground, original of the source of water called “Botucatu” and the economical
viability was also verified through the economical results of the project, through the
indicators Liquid Present Value and it Rates it Interns of Return, and indexes of
Profitability. Since then, they took place simulations regarding the increase of sales and
return of the project as percentile of increase of sales and rate of profitability of the
project.

Key words: Project, Technical and Economical Viability, Mineral Water

1. Introdução

As crescentes necessidades de água, a limitação dos recursos hídricos, os


conflitos entre alguns usos e os prejuízos causados pelo excesso de água existente, são
preocupações tanto a nível de planejamento quanto na gestão da sua utilização, dessa
forma, entende-se que os domínios da água se façam em termos racionais e otimizados,
devendo os mesmos integrar-se nas políticas de desenvolvimento econômico e social dos
territórios.
Assim, governos e instituições internacionais têm-se preocupado desde um
passado relativamente recente com os aspectos científicos e educacionais do planejamento
e da gestão dos recursos hídricos e com as estruturas institucionais para a respectiva
implantação, a nível nacional e regional.
O abastecimento de água potável e industrial na maioria das regiões do Brasil
realiza-se mais comumente com o aparecimento das águas superficiais (rios, lagos, etc...),
ao contrário de outras regiões, onde a fonte principal de abastecimento é a água
subterrânea, cujo uso elimina as inconveniências de um tratamento caro e permite o
abastecimento local mais acessível.
A Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul não possui uma indústria
envasadora de água mineral, primeiro porque no lençol freático existente, não tem-se
certeza de que a água seja mineral, segundo, que ela esteja de acordo com as exigências
dos órgãos competentes para liberação de exploração do produto, terceiro, que seja
suficiente para abastecer o mercado e, quarto, que possua viabilidade técnica e econômica.
Portanto, a preocupação com a qualidade de vida da população aliada a
possibilidade de realização de pesquisa para investimentos em projetos industriais, é que
conduziram a execução do referido projeto. E o desafio era de verificar o confronto entre
as etapas técnicas e econômicas do projeto, estudando-se as características da água
mineral, o mercado, através da oferta e a demanda do produto, o tamanho e a localização,
bem como os recursos necessários para o investimento, e as análises técnicas e
econômicas.

2. Metodologia
A metodologia utilizada para a realização da pesquisa quanto ao método de
abordagem, utilizou-se do método indutivo e dedutivo. Quanto ao procedimento, usou-se
os métodos: histórico, comparativo e estatístico. No que se refere as técnicas, foram as
seguintes: pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo, e testes de viabilidade técnica da
água a ser utilizada (laboratorial) e viabilidade econômica através de estudos de mercado,
tamanho do projeto, localização, engenharia do processo, engenharia econômica e as
análises, através de demonstrativos de resultados, elaboração de balanços, testes de
simulações, índices de lucratividade, rentabilidade, valor presente líquido.

3. Resultados Obtidos
3.1 Caracterização da Água
Água, nome comum que se aplica ao estado líquido do composto de hidrogênio
e oxigênio, da Formulação H2O. Sua composição foi descoberta por Cavendish (1781) a
partir de experimentos que também demonstraram que ela é formada pela combustão do
hidrogênio, Carlisle e Nicholson (1800) levaram a efeito sua análise a partir da dissociação
eletrolítica.
O volume existente de água na terra é de 1.360 Km3, dos quais 95,5% são
águas salgadas e 2,2% estão imobilizadas nas calotas polares e nas geleiras. Restando
portanto, 2,3% de água doce utilizável, incluindo aquelas dos lagos, cursos d’água e da
atmosfera, mas sobretudo a água do solo e subsolo. (LAROUSSE CULTURAL, 1999).
Segundo a ABINAM (2000), apenas 1% de toda a água é doce e pode ser utilizada para o
consumo humano e dos animais. E deste total, 97% são armazenados em fontes
subterrâneas, passíveis de aproveitamento, por intermédio de perfuração de poços e
captação artificial ou natural.
A maior parte da água se infiltra no solo, e através do contato contínuo com as
formações rochosas, a água absorve quantidades apreciáveis de substâncias minerais, que
lhes comunicam sabor particular, com efeitos benéficos para a saúde. Quando essa água
retorna à superfície naturalmente, apresenta-se sob forma de fonte natural, de água mineral
e através da perfuração de poços, até o reservatório, em uma fonte artificial de água
mineral natural. (Dicionário da Real Academia, 1984). Portanto, água mineral natural são
aquelas provenientes de fontes naturais ou de fontes artificialmente captadas de origem
subterrânea, que possuam composição química ou propriedades físicas ou físico-químicas
distintas das águas comuns, com características que lhe confiram uma ação medicamentosa
e que mantêm a pureza bacteriológica original.
O Departamento Nacional de Produção Mineral – DNPM, segundo Decreto-
Lei nº 7.841, Art. 35, de 08 de agosto de 1945, Código de Águas Minerais estabelece a
classificação quanto à composição química no Cap. VII e quanto a classificação das fontes
no Cap. VIII.
Foram realizadas sete amostras e realizadas as análises físico-químicas das
águas existentes em poços e fontes da Região Noroeste do Rio Grande do Sul. A região
mostra-se com uma grande quantidade de poços e fontes que possuem água mineral. Como
as análises constatam, as águas são caracterizadas pela alcalinidade e pela quantidade de
bicarbonato e flúor, determinando a maioria delas uma definição similar. Nos municípios
de Três de Maio, Alegria, Santa Rosa, Iraí e Cerro Largo, foram encontrados poços de
água mineral com suas análises já efetuadas, trazendo a confirmação de que região é rica
no produto.

3.2 Mercado
A pesquisa mercadológica é a parte do projeto na qual se determina o grau de
necessidade que a sociedade apresenta em relação ao consumo de água mineral natural
cuja produção é o objeto de estudo.
Segundo BUARQUE (1984, p. 40) o estudo de mercado é não somente o ponto
de partida do projeto, mas também uma de suas etapas mais importantes, pois através dele
determina-se a viabilidade ou não de continuar com as demais etapas do estudo. Para
CHIAVENATO (1994, p. 43), os recursos mercadológicos constituem os meios através
dos quais a empresa localiza entrada em contato e influencia os seus clientes ou usuários.
Já para KOTLER (1995, p.32), os consumidores favorecerão aqueles produtos que
oferecerem mais qualidade, desempenho ou características inovadoras. Os administradores
dessas organizações orientados para o produto focam sua energia em fazer produtos
superiores e melhorá-los ao longo do tempo. Por isso, entende-se que a pesquisa
mercadológica visa orientar o projeto para o mercado, estabelecendo as preferencias dos
clientes em relação ao tipo de água, embalagens, consumo, empresas concorrentes, preços
praticados e participação no mercado.
Conforme dados da Organização Internacional das Indústrias de Água Mineral
– UNESEM-GISEMES (1998), a Itália, Bélgica, Suíça, Alemanha, França e E.U.A,
possuem respectivamente um consumo per capita em litros anuais de 136,0; 117,4; 94,0;
93,4, 84,0 e 42,1. E no Brasil, o consumo per capita é de 13,2 litros anuais, inferior aos
países desenvolvidos. Segundo a Associação Brasileira de Indústrias de Águas Minerais –
ABINAM (1998), os países com maior consumo de água mineral, também estão
relacionados com o baixo índice de água doce em condições de consumo humano.
Quanto a produção mundial, os principais países produtores são E.U.A com
uma produção de 11,09 bilhões de litros, a Itália e a Alemanha com 7,7 bilhões de litros e a
França com uma produção de 6,0 bilhões de litros (DNPM, 1997).
A evolução da produção de águas minerais naturais na União Européia no
decênio 89 a 98, passou de uma produção inicial de 16,8 bilhões de litros, para 26,4 bilhões
de litros, dados informados pela Associação Portuguesa de Água Mineral – APIAM
(1998). Por isso, verifica-se que existe um crescimento significativo na produção de água
mineral na Europa, perfazendo um total de 57% na última década.
Nos últimos 10 anos o número de engarrafadoras passou de 160 para 200,
oferecendo cerca de 400 diferentes marcas, conforme dados da ABINAM (1999).
Destacando-se o Grupo Edson Queirós, com a marca Indaiá que responde por 15,2% do
mercado nacional, seguido pela marca Minalba com 3,28%; Ouro Fino, com 3,02%;
Petrópolis São Lourenço, do Grupo Perrier/Nestlé, com 2,73%; Lindóia, 219%; Água
Cristal, 2.23% e Fonte Ijuí, com 1,48%.
A marca Ouro Fino representa 74% do mercado do Estado do Paraná, e a
marca Fonte Ijuí representa 44% do mercado do Estado do Rio Grande do Sul.
Conforme informações do Departamento Nacional de Produção Mineral –
DNPM (1998), a produção de água mineral por região ocorreu na seguinte proporção:
Região Sudeste, 55%; Região Nordeste, 24%; Região Sul, 11%; Região Centro-Oeste,
5,5% e Região Norte com 4,5%.
De acordo com os dados da ABINAM (1999), o mercado brasileiro de águas
minerais naturais manteve crescimento pelo quinto ano consecutivo, período em que o
consumo dobrou praticamente de volume. O consumo de 1,552 (bilhões de litros) em 1995
passou para 3,005 (bilhões de litros) em 1999. Projetando-se um consumo de 3,550
(bilhões de litros) para 2000, perfazendo um consumo per capita 20,91
litros/habitante/ano. Para BUARQUE (1984, p. 45), se o objetivo do mercado é a
determinação da procura insatisfeita numa certa região, é fundamental conhecer a
capacidade de produção para saber então se justifica uma nova unidade de produção.
Conforme APIAM e ABINAM (1998), o consumo de bebidas no Brasil foi a
seguinte: Refrigerantes, 50,7 %; Cerveja, 37,8%; Água Mineral Natural, 11,5%, na
Alemanha o consumo de Refrigerantes foi de 31,7%; Cerveja, 31,1% e Água Mineral
Natural, 37,2%, enquanto que na França o consumo apresentou a seguinte distribuição:
Refrigerantes, 17,2%; Cerveja, 17,6% e Água Mineral Natural, 65,2%.
O consumo brasileiro está centrado nos garrafões de 20 litros, com um
percentual de 57% do consumo total de Água Mineral Natural; 3% em garrafões de 10
litros e 40% em outras embalagens. (ABINAM, 1998).

3.3 Tamanho do Projeto


De acordo com BUARQUE (1998, p. 62), se o nível de economia é
determinado pelo mercado, o dimensionamento da capacidade de produção é um trabalho
de aproximações sucessivas entre as diversas etapas, tendo por objetivo a solução ótima
quanto ao tamanho. O Rio Grande do Sul apresenta uma projeção de consumo de Água
Mineral Natural para o ano de 2000, de 201 bilhões de litros, sendo que desses, 57% são
comercializados em embalagens de 20 litros e a fatia de mercado a ser conquistada
representa 9,6% no primeiro ano de atividade da indústria, totalizando uma produção anual
de 551.150 garrafões de 20 litros.

3.4 Localização do Projeto


Conforme dados da PETROBRÁS (1999), o Aqüífero Guarani ou Botucatu, foi
descoberto na década de 50, e é a principal reserva subterrânea de Água doce da América
do Sul e um dos maiores sistemas aqüíferos do mundo, ocupando uma área total de
aproximadamente 1,2 milhões de km², localizado no subsolo do Brasil, com 70,27% do
total, seguido pela Argentina, com 18,85%; o Uruguai com 5,99% e o Paraguai, com
4,89%.
Dos 840 mil km² de área do aqüífero que pertencem ao território brasileiro,
25,36% está no Mato Grosso do Sul; 18,74% no Rio Grande do Sul; 18,53% em São
Paulo; 15,62% no Paraná; 6,54% em Goiás; 6,22% em Minas Gerais; 5,85% em Santa
Catarina e 3,14% no Mato Grosso.
Em pesquisa realizada pelo grupo de estágio, foi coletada amostra da água do
Aqüífero Guarani, formação Botucatu, no município de Santa Rosa – RS, num poço
tubular com profundidade de 1.220 metros de profundidade, na data de 21/09/2000, com
ensaio da análise físico-química pela empresa Laborquímica de Porto Alegre-RS. E o
resultado apresentou como sendo água mineral alcalino-bicarbonatada em conformidade
com a classificação das águas do Código de Águas Minerais e apresentando um pH de 8,1.
Segundo estudos realizados pela Companhia de Tecnologia de Saneamento
Ambiental – CETESB, através dos Planos de Ação de Controle – PAC, iniciado em 1990,
para a formação de uma rede de monitoramento contínuo de poços tubulares profundos de
abastecimento público. Por outro lado, o Ministério do Meio Ambiente (MMA), através da
Secretaria de Recursos Hídricos – SRH participam do projeto de gestão compartilhada,
estabelecida pelos países participantes, Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, para a
preparação do Projeto Aqüífero Guarani. A SRH/MMA constituiu a Unidade Nacional de
Preparação do Projeto – UNPP, que além da representação dos órgãos federais incluem
participantes designados pelos oitos Estados onde o aqüífero ocorre. Esse projeto consiste
na definição das formas de atuação e o conteúdo dos futuros estudos; aumento do
conhecimento e atualização da informação do aqüífero; aumento do conhecimento da
população sobre essa reserva hídrica e sistema de manejo sustentável.

3.5 Projeção Econômico-Financeira


Os investimentos totalizaram R$ 703.000,00, sendo R$ 693.207,84 em
imobilizações e R$ 9.792,16 em capital de giro.
Os custos de produção do garrafão de 20 litros determinado pelo projeto foram
de R$ 0,60 e o preço de venda foi de R$ 1,19.
A Demonstração dos Resultados do Exercício do projeto, verifica-se na Tabela
1.

TAB. 1 – Demonstração dos Resultados do Exercício – (valores em reais)


Receita Operacional Bruta 655.868,91
(-) Impostos s/ Vendas -148.554,31
(-) CPV -238.415,18
(=) Lucro Operacional Bruto 268.899,42
(-) Despesas Operacionais -139.315,40
Despesas Administrativas -91.305,80
Despesas com Vendas -46.042,00
Despesas Financeiras -1.967,61
(=) Lucro Operacional Líquido 129.584,01
(+-) Resultado Não Operacional 0
(=) Lucro Líquido Antes IR e CS 129.584,01
(-) Provisões -31.100,16
Provisões para IR (15%) -19.437,60
Provisão para CS (9%) -11.662,56
Provisão para Participações 0
(=) Lucro Líquido 98.483,85
Fonte: Grupo de Pesquisa, 2000.

De acordo com SILVA (1995, p.69), o balanço representa a posição


patrimonial da empresa em determinados momentos, composta por bens, direitos e
obrigações. O ativo mostra onde a empresa aplicou os recursos, ou seja, os bens e direitos
que possuem. O passivo mostra de onde vieram os recursos, isto é, os recursos
provenientes de terceiros e os próprios.

Na Tabela 2, observa-se o Balanço Patrimonial projetado para o ano de 2000.

TAB. 2 – Balanço Patrimonial Projetado - (valores em Reais)


ATIVO 915.145 PASSIVO 915.145
Circulante 271.851 Circulante 113.661
Disponível 116.367 Fornecedores 17.750
Caixa 3.000 Ordenados e Enc. 12.900
Bancos 113.367 Impostos a Recolher. 34.420
Direitos Realizáveis 153.538 I. R. a Recolher 19.437
Contas a Rec. 151.967 Contr. Soc. a Recolher 11.662
(-) Dupl. Desc. 0 Dividendos a Distr. 0
(-) Prov. Dev. Duv. 0 Contas a Pagar 17.489
Devedores Diversos 0 Exigível a L. Prazo 0
ICMs a Recuperar 1.571 Sociedades Control. 0
Estoques 1.945 Inst. Financeiras 0
Estoque Prod. Acab. 1.250 Resultados E. Futuros 0
Estoque Mat. Prima 695 Receitas a Realizar 0
Desp. Aprop. a Custos 0 Patrimônio Líquido 801.483
Despesas Antecipadas 0 Capital Social 703.000
Realizável L. Prazo 0 Reserva Legal 0
Contas a Receber 0 Reserva Estatutária 0
Incentivos Fiscais Apl. 0 Reserva de Capital 0
Outros Créd. a Rec. 0 Reservas de Lucro 0
Permanente 643.293 Lucro Acumulado 98.483
Investimentos 0
Part. outras Soc. 0
Imobilizado 643.293
Terrenos 66.000
Prédios 311.593
Garrafeiras 38.000
Máq. e Equipamentos 255.485
Móveis e Utensílios 22.129
(-) Depreciação - 49.913
Diferido 0
Fonte: Grupo de Pesquisa, 2000.

3.6 Análise de Viabilidade Econômica


O risco pode ser visto com relação a um ativo único ou com relação a um
portfólio – conjunto ou grupo de ativos. No sentido mais básico, risco é a chance de perda
financeira. Ativos com chances maiores de perda são vistos como mais arriscado do que
aqueles com chances menores de perdas. Colocado formalmente, o termo risco é usado
alternadamente com incerteza ao se referir à variabilidade de retornos associada a um
dado ativo. (GITMAN, 2001. p. 205). Segundo ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (1995,
p.194), o número que utiliza-se para caracterizar a distribuição de taxas de retorno é uma
medida do risco existente nesses retornos, e que não há uma definição universalmente
aceita de risco. E, que a dispersão de uma distribuição é a medida de quanto um dado
retorno pode se afastar do retorno médio. Já para CASAROTTO FILHO E KOPITTKE
(2000, p. 330) os empresários justificam a diversificação como estratégias para diminuição
do risco, sendo compreendido essa afirmativa quando examinada a expressão de variância
do rendimento de carteiras contendo ações.
De acordo com ROSS, WESTERFIELD e JAFFE (1995, p.202), o retorno
esperado é o retorno que um indivíduo espera que a ação possa proporcionar no próximo
período, e essa expectativa pode ser o retorno médio de um título obtido no passado,
utilizando informações privilegiadas ou especiais. Por outro lado, GITMAN (2001, p. 205)
entende que o retorno é o total de ganhos ou perdas ocorrido através de um dado período
de tempo, mensurado através de variações de valor mais quaisquer distribuições de caixa
no mesmo período, expressos em percentuais em relação ao valor investido inicialmente.

Equação da Taxa de Retorno

Pt – Pt-1 + Ct (1)
kt = ___________
Pt-1
Onde,
Kt = taxa de retorno durante o período t real, esperada ou exigida
Pt = preço (valor) do ativo no tempo t
P t-1 = preço (valor) do ativo no tempo t-1
Ct = caixa (fluxo) recebido do investimento do ativo no período de tempo t – 1 a t
Para GITMAN (2001, p.206), o risco pode ser avaliado usando-se a análise de
sensibilidade e distribuições de probabilidade para olhar para o comportamento dos
retornos. Segundo o qual, a análise de sensibilidade usa um número de estimativas de
retornos possíveis para obter uma percepção da variabilidade entre os resultados. Sendo
observados por três diferentes ângulos, uma estimativa pessimista (pior), uma provável
(esperada) e uma otimista (melhor), associadas a um determinado ativo. Podendo o risco
dos ativos ser mensurado através do intervalo, que é encontrado ao se subtrair o resultado
pessimista do resultado otimista. Quanto maior for o intervalo para um dado ativo, maior a
variabilidade, ou risco, diz-se que ele tem.
No que se refere a rentabilidade, de acordo com ROSS, WESTERFIELD e
JAFFE (1995, p.136), define o quociente entre o valor presente dos fluxos de caixa futuros
esperados, após o investimento inicial e o valor do investimento final.
Durante a realização do Projeto de Industrialização de Água Mineral na Região
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul, após os dados da Demonstração dos Resultados
do Exercício, elaborou-se uma simulação de aumentos de projeção de vendas e os valores
esperados de rentabilidade. Pois, segundo BUARQUE (1998, p.137), só através da
rentabilidade privada, é que o empresário procurar conhecer o retorno que o projeto gerará
sobre o capital que ele pretende investir. Por isso, procurou mostrar aos futuros
investidores quais os reflexos dos aumentos das vendas em relação ao retorno esperado dos
dividendos do projeto.

Equação da Rentabilidade

r = LL / I (2)

Onde,
r = rentabilidade
LL = Lucro Líquido
I = Investimento

Os valores da simulação realizada no projeto podem ser vistos na Tabela 03.

TAB. 03 – Taxa de Crescimento x Rentabilidade

Taxa de Crescimento (%) Rentabilidade (%)


8 23
10 25
12 26
14 27
16 29
18 30
20 32
22 34
24 36
26 38
28 40
Fonte: Grupo de Pesquisa, 2000.
Verifica-se na Tabela 03, que a taxa de crescimento de vendas média utilizada
nas simulações foram de 18%, e a rentabilidade média apresentada para esse crescimento
de vendas foi de 30%. Nota-se também que o incremento médio da taxa de crescimento
para o período foi de 13,5%, enquanto que o incremento médio da taxa de rentabilidade
para o mesmo período foi de 5,7%.
4. Conclusões
O referido projeto apresentou viabilidade técnica, pois as reservas subterrâneas
de água mineral da região atendem a produção, e isso foi confirmado porque as pesquisas
realizadas no Aqüífero “Botucatu”, o volume de água calculado existente é de
aproximadamente 50 trilhões de metros cúbicos, ou seja, maior que toda a água que corre
nos rios brasileiros.
As reservas hídricas subterrâneas de água mineral da Região Noroeste do
Estado do Rio Grande do Sul estão em conformidade com as exigências dos órgãos
competentes para liberação de exploração do produto.
O mercado possui capacidade de absorção de mais uma planta envasadora de
água mineral no Rio Grande do Sul, pois o mercado está em franca expansão com o
aumento do consumo per capita de água mineral natural pela população local.
O projeto apresentou viabilidade econômica, pois os valores de investimentos
totalizaram R$ 703.000,00, e os indicadores do projeto demonstraram viabilidade, com
uma lucratividade média encontrada de 15% ao ano. A rentabilidade média verificada foi
de 30% ao ano, um valor presente líquido de R$ 140.000,00 e um ponto de equilíbrio de
51%.
O projeto demonstrou ser viável técnica e economicamente, despertando o
interesse dos empresários e empreendedores no investimento da planta de indústria de água
mineral na Região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

Referências Bibliográficas

BRAGA, Roberto. Fundamentos e Técnicas da Administração Financeira. São Paulo:


Atlas. 1989.
BUARQUE, Cristovam. Avaliação Econômica de Projetos. Rio de Janeiro: Campus,
1989.
CASAROTO FILHO, Nelson, KOPITTKE, Bruno Hartnut. Análise de Investimentos. 8.
ed . São Paulo : Atlas.1998.
CHIAVENATO, Idalberto, Administração, Teoria, Processo e Prática, 2. ed.. São Paulo:
Makron Books, 1994;
GITMAN, Lawrence Jefferey. Princípios da Administração Financeira. São Paulo:
Harper & Row do Brasil, 1978.
KOTLER, Philip. Princípios de Marketing, Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil, 1993.
Online. Disponível na Internet http// www.abinam.com.br
Online. Disponível na Internet http// www.aguaonline.com.br
Online. Disponível na Internet http// www.aneab.com.br
Online. Disponível na Internet http// www.apiam.com.br
Online. Disponível na Internet http// www.dnpm.com.br
PADAVEZE, Clóvis Luís. Contabilidade Gerencial – Um enfoque em sistema de
informação contábil. São Paulo: Atlas. 1996.
ROSS, S., WESTERFIELD, R., JORDAN, B. Princípios de administração financeira:
Essentials of Corporate Finance. São Paulo: Atlas, 1998.
SILVA, José Pereira. Análise financeira das empresas. São Paulo: Atlas. 1989.

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