CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
2013
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CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM
2013
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COMISSÃO EXAMINADORA
__________________________________________________
Prof. Dr. Edison Thaddeu Pacheco
Orientador
__________________________________________________
Prof. Dr. Iouri Kalinine
__________________________________________________
Prof. Me. Sharinna Venturim Zanuncio
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AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus que iluminou minha mente durante todo esse tempo
e poder concluir mais essa conquista na minha vida.
RESUMO
ABSTRACT
The dimension stone industry is very important for the Brazilian economy, and
especially for Espírito Santo. The stone sector in the state ended the year 2011 with
$ 1.3 billion in exports, accounting for 7% of GDP of Espírito Santo. It has about
1,700 businesses and generates about 20,000 direct jobs. These industries generate
various impacts on the environment and the human being, and these caused both
the mining process as milling. The aim of this paper is to report how is the production
process of ornamental rocks from beginning to end, highlighting their impacts on the
environment and the people who are around you, seeking sustainable alternatives or
reduce the impact on the environment and measures promote a reduced risk in which
workers are exposed. To carry out this work the methodology adopted was first
reviewing bibliographies and practice visits in mines (quarries) and processing
(sawmills and marble), responsible for the complete production of ornamental rocks,
trying to analyze the main impacts. Therefore, this work will be sought the best ways
to reduce the impacts to humans and the environment caused. For a company with
responsibility to adopt measures of commitment to the environment and society.
LISTA DE SIGLAS
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE TABELAS
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................... 12
3 IMPACTOS CAUSADOS............................................................................................ 26
3.1 Impactos Causados na Lavra .................................................................................. 26
3.1.1 Impactos Causados ao Meio Ambiente na Lavra ................................................. 26
3.1.2 Impactos Causados ao Ser Humano na Lavra ..................................................... 29
3.2 Impactos Causados no Beneficiamento .................................................................. 32
3.2.1 Impactos causados ao meio ambiente no beneficiamento ................................... 32
3.2.2 Impactos causados ao ser humano no beneficiamento ....................................... 35
5 CONCLUSÃO.......................................................................................................... ... 53
6 REFERÊNCIAS........................................................................ .................................. 54
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1 INTRODUÇÃO
Por muito tempo essas operações foram realizadas sem preocupação com o meio
ambiente e com a saúde e segurança do trabalhador desses locais. Muitas pedreiras
foram abertas em locais impróprios, como na beira de rios e lagos, assim como
também muitas serrarias eliminavam seus resíduos sem cuidado algum, devastando
o ambiente, podendo contaminar até mesmo o lençol freático. O que deixou um
imenso dano a fauna e flora. Com a falta de conscientização, a preocupação com o
trabalhador também era a mínima possível, por isso o índice de acidentes era
constante.
Nessas últimas décadas começou a surgir uma preocupação maior com o meio
ambiente em todo o mundo, principalmente sobre a escassez de água potável, e no
Brasil não foi diferente. Começaram várias campanhas para prevenção ambiental.
Desde então os problemas ambientais passaram a chamar cada vez mais atenção.
Por isso, a cada dia novas leis são criadas para um maior controle, além disso,
novos institutos e órgão estão sendo formados com propósito de fiscalizar cada vez
mais os infratores. Os alvos dessa fiscalização podem ser tanto pessoas físicas ou
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jurídicas, mas o foco principal são as empresas que trabalham com a exploração de
produtos não renováveis e que utilizam água no seu sistema produtivo, como por
exemplo, as indústrias de lavra e beneficiamento de rochas ornamentais.
Portanto, este trabalho tem como objetivo investigar o processo produtivo das rochas
ornamentais e analisar os impactos gerados seja eles ao meio ambiente ou ao ser
humano. Buscando encontrar soluções para reduzir os danos e os rejeitos
produzidos na lavra e no beneficiamento, e se possível à utilização desses como
matéria prima para outra cadeia produtiva. E estudar métodos para diminuir o mal
causado as pessoas que estão inseridas nesses processos.
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2 REVISÃO DE LITERATURA
Para auxiliar na divulgação das novas descobertas o setor conta com duas feiras
internacionais, uma que acontece em Cachoeiro de Itapemirim (Cachoeiro Stone
Fair), geralmente no mês de agosto, e outra em Vitória (Vitória Stone Fair) em
fevereiro. Elas possibilitam que os empresários fiquem por dentro das novas
tecnologias de beneficiamento além de divulgar seus materiais aos visitantes que
veem de diversas regiões do país e do exterior.
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Na lavra ocorre a retirada da matéria prima, o produto dessa lavra são os blocos de
formato retangulares e medidas variadas. No beneficiamento primário, segunda
etapa, conhecida como serragem ou desdobramento, é o processo em que o bloco é
transformado em chapas, essa fase marca a primeira etapa do beneficiamento. A
terceira etapa, do beneficiamento final¸ onde o beneficiador dará o último acerto de
acordo com a necessidade do cliente, podendo ser polida, cortada e trabalhada aos
detalhes.
Nessa etapa é importante fazer a análise de qual forma de lavra será adotada na
extração. Esse estudo mostra qual melhor maneira de trabalho reduz os custos e os
impactos no meio ambiente e proporciona uma boa produtividade.
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De acordo com Cabello et al (2012) a forma de como a lavra vai ser feita depende da
característica da rocha, condições topográficas, afloramento, fratura, tipo e
espessura da cobertura, entre outros. As pedreiras estão em busca de um sistema
de produção em que haja maiores recuperações e melhor qualidade do produto com
menores taxas de resíduos. Mas infelizmente, devido ao alto custo da consultoria,
várias empresas não fazem esse estudo, assim não sabem qual técnica e forma de
lavra é melhor para seu beneficiamento.
Reis (2003) nos mostra que as rochas ornamentais podem ser lavradas de dois
modos, em maciços rochosos ou em matacões. Os métodos de lavra é um conjunto
de planejamento, dimensionamento e execução de tarefas, onde haja harmonia
entre as tarefas e os equipamentos dimensionados. Deve-se também observar se o
material está ideal para ser lavrado, observando se existem impurezas, trincas, entre
outros.
Giaconi (1998) finaliza dizendo que um projeto bom deve se escolher o melhor
método de lavra e o uso de tecnologias adequadas para realização do trabalho,
indicando a quantidade que se deseja produzir, levando em consideração cada
detalhe da jazida. Jugasse o melhor método o que proporcionara melhor custo
benefício.
a) Lavra subterrânea
Essa forma de lavra é marcada pelo fato de agredir pouco o meio ambiente. O difícil
é manter a estabilidade da mina, por isso, o risco de acidentes sérios é muito
grande.
Segundo Chiodi Filho (1998) esse método pode ser utilizado em locais acidentados
com rochas valorizadas, mas com fraturamentos complexos. A energia resultante da
detonação é elevada, o que pode gerar desmoronamentos incontroláveis. Por isso
nesse processo a quantidade de refugo produzido é muito grande. Nos granitos de
Palma (Itália) algumas detonações chegam a desmontar 5.000m³ de rocha.
Reis e Souza (2003) concluem que esse método exige pouco conhecimento técnico
e seu custo de operação e investimento inicial é baixo. Seu custo é comparado ao
da lavra por matacões, entretanto, esse exige maiores equipamentos de limpeza
para a grande quantidade de refugo.
Para Chiodi Filho (1998) esse processo é indicado para terrenos menos
acidentados, onde o maciço é fatiado horizontalmente ou verticalmente. As fatias
horizontais são indicadas quando o terreno possui inclinação de até 40°, enquanto
na vertical o terreno não é abundante e o relevo muito inclinado. Esse tipo de lavra é
dividido de duas formas: bancadas baixas e bancadas altas.
- Bancadas baixas:
De acordo com Matta (2003), essa forma de extração é usada para jazidas ditas
homogêneas, e a altura da bancada corresponde ao tamanho do bloco que será
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Muitas vezes essas bancadas são utilizadas por pedreiras que estão na fase inicial,
pois elas não conseguem no início de suas atividades lavrarem bancas com mais de
3 metros de altura. Também são usadas quando não é possível lavrar em
profundidade.
- Bancadas altas:
Chiodi Filho (1998) mostra que geralmente as lavras por bancadas altas são para
produção em grande escala desdobrando blocos primários, secundários e terciários.
Segundo ele, o bloco primário possui entre 6 a 8 metros de altura, ou mais
amplamente 4 a 16 metros, espessura entre 3 a 6 metros e largura de 15 a 40
metros. Podendo atingir até 2.000m³.
Segundo Reis e Souza (2003) são várias as tecnologias de corte disponíveis, mas a
mais utilizada é a do fio diamantado. Também afirmam que esse processo é
marcado pela grande quantidade de perfurações que são feitas no bloco primário e
no secundário até chegar ao terciário, bloco ideal para se comercializar.
Para Matta (2003) essas formas de lavra são variações da lavra em bancadas, ela é
caracterizada pela depressão formada no terreno, esse método geralmente é
aplicado em jazidas que se encontram em planícies, e suas depressões são
limitadas ao nível do lençol freático, por isso inundações são frequentes e às vezes é
necessário o uso de bomba d’água para continuar o processo de produção.
Reis e Souza (2003) afirmam que essa lavra causa uma mínima poluição visual, pois
só é possível vê-las de níveis mais elevados. O acesso ao fundo da lavra é feito por
escadas ou guindastes. Na do tipo poço, as laterais são ainda mais inclinada, e com
pouco espaço para manobras, o que torna o ambiente ainda mais propício a
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Chiodi Filho (1998) lembra que a evolução da lavra em fossa e poço pode se tornar
uma lavra subterrânea pelas aberturas de galerias a partir do piso da lavra. Porém,
devido ao aumento do custo, essa forma deve ser adotada somente por materiais
excelentes.
Os matacões são partes dos maciços que se desprenderam com o passar do tempo
por causa das ações de intemperes em suas fraturas, sua forma geralmente é
arredondada devido à esfoliação concêntrica, eles foram deslocados dos maciços
através do rolamento (CHIODI FILHO, 1998).
2.5.1 Desdobramento
Essa parte do corte do bloco costuma ser realizada por teares multilâminas, que é
composto por lâminas de aço que trabalham com um movimento pendular e com o
uso de granalha para auxiliar o corte na abrasão ou com lâminas diamantadas que
trabalham com movimento horizontal para não quebrar os diamantes, elas são muito
utilizadas para serrar mármores; ou corte com discos diamantados (conhecido como
talha-bloco), é um aparelho que corta com auxílio de discos de grande dimensão; ou
por fim corte com tear de fio diamantado (multifio diamantado), maior tecnologia
atualmente quando se trata de serragem de rochas ornamentais.
Teares Multilâminas:
É uma máquina composta por um quadro, sustentado por quatro pilares, em que são
colocadas as lâminas, e realiza movimento pendular (caso esteja usando lâminas de
aço) ou movimento horizontal (caso esteja usando lâminas diamantadas). Esse
movimento é exercido por um motor elétrico, que por correias é ligado a um
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“volante”, uma roda de ferro com cerca de três metros de diâmetro, esse sistema cria
uma inércia que através de um “braço” transmite o movimento ao quadro onde se
encontra a lâmina.
O bloco é colocado debaixo do tear por meio de um carro transportador, que desce o
quadro de lâminas em movimento sobre o bloco, iniciando o corte por meio do atrito.
Esse trabalho é todo feito em contato com a lama abrasiva, geralmente composto de
água, granalha de aço, cal e pó de pedra. Além de refrigerar o atrito gerado, essa
lama que circula no processo, ajuda no corte, transportando a granalha até a
superfície inferior da lâmina. Por isso esse processo apresenta um sistema de
abrasão onde há três corpos, a lâmina, a lama e a rocha.
O tear a fio diamantado é basicamente uma estrutura de ferro com vários rolos
cilíndricos de tamanhos diferentes por onde passa o fio diamantado. Esses rolos são
independentes, por isso cada fio mantém sempre uma tensão própria e giram pelo
torque de um motor elétrico. O bloco de rocha é colocado debaixo da máquina, os
fios, já em movimento, descem sobre o bloco, começando assim a serragem, que
também utiliza água para refrigerar o sistema. Esse sistema compõe uma abrasão a
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dois corpos, apenas o abrasivo e a rocha, diferente dos teares tradicionais como
citado anteriormente.
De acordo com Reckelberg (2011), esses novos teares devem mudar a estrutura das
empresas, eles podem ser instalados ao ar livre, e sua operação pode ser feita por
apenas duas pessoas, uma operando a máquina e outra movimentando os
materiais, assim tendo um custo fixo menor. Ainda cita que os teares multifios
possuem uma grande facilidade de montagem, podendo, dependendo do caso, ser
transportado de um local para outro por caminhão trucado. Além de produzir um
resíduo mais fácil de ser reaproveitado e que polui menos o meio ambiente.
Por fim, Martignoni (2013), finaliza dizendo os teares multifios é a realidade do setor
de rochas ornamentais quando se fala em modernidade e produtividade, e a
tendência é que todas as empresas substituam seus teares tradicionais. Também diz
que essa tecnologia é o presente, e que nenhum empresário deve adquirir um
produto que não seja tecnologia de ponta.
Essas etapas de levigamento, polimento e lustro é feito por uma polideira, que pode
ser: manual de bancada fixa; de ponte móvel com bancada fixa ou por uma polideira
multicabeças. Para realização dessas atividades, elas possuem uma ou mais
cabeças que possui um satélite, onde são colocados os rebolos abrasivos
necessários. Esse satélite gira os abrasivos e lança água no seu interior para
refrigerar abrasão e retirar os resíduos produzidos.
De acordo com Azeredo et al. (2008), para realizar o polimento das rochas
ornamentais é necessário o uso de coroas abrasivas, que são colocadas no
cabeçote giratório (satélite). A partir desse processo é possível obter uma superfície
lisa e plana. Ressalta ainda que nessa etapa é necessário o fluxo de água constante
para promover a limpeza e refrigeração do sistema. Segue abaixo as máquinas mais
usadas para fazer o polimento:
A politriz manual de bancada fixa é uma polideira muito simples, contém apenas
uma cabeça, seu trabalho é quase todo manual, possui uma baixa produtividade e a
qualidade do acabamento depende da percepção do operador, ele também é quem
vai definir quanto tempo, qual pressão e quais movimentos irá fazer sobre a chapa.
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A politriz por ponte móvel com bancada fixa é uma polideira semiautomática, é uma
ponte que anda em cima de trilhos, possibilitando movimentos transversais e
longitudinais manuais ou automáticos, assim, conseguem ter uma maior produção e
qualidade. Elas podem ter uma ou mais cabeças.
Segundo Silveira (2007) a etapa de polimento busca conferir brilho ao material, além
de fechar seus poros superficiais impedindo a infiltração de água, que impede que a
rocha sofra alteração pelo processo de hidrólise.
Esse processo é feito por uma polideira, onde a chapa é submetida ao atrito giratório
com abrasivos de diferentes granulações, do grão grosso até o mais fino, buscando
sempre deixar a superfície a mais lisa possível.
Por fim, após essas etapas temos o corte e acabamento das chapas. Esse processo
é feito a partir da finalidade da peça e da necessidade do cliente. Os equipamentos
mais comuns para fazer o corte da chapa são: a cortadeira longitudinal, transversal e
cortadeira de fresa semiautomática, ambas utilizam um disco e faz o uso da água
para realizar o corte. Já para realização do acabamento é possível ser manual com
lixadeiras, acabamento com fresadoras de borda e com máquinas automáticas,
todas essas utilizam lixas e algumas usam água para evitar a poeira e ajudar na
qualidade do acabamento. E também, quando é necessário, há a furadeira de
bancada no caso de pias.
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3 IMPACTOS CAUSADOS
Como toda atividade mineradora a lavra de rochas ornamentais causa diversos tipos
de desequilíbrios ambientais. Aguiar (2008) define o impacto ambiental como sendo
de caráter determinístico, uma vez que é caracterizada como qualquer mudança das
propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, provocada por
qualquer modo de matéria ou energia provocada por atividades humanas que, de
forma direta ou indireta, afetam: I – a segurança, a saúde e o bem-estar da
população; II - as atividades econômicas e sociais; III - a biota; IV - as condições
sanitárias estéticas e do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais.
Dessa forma, separaremos os impactos notificando sua interferência no meio
ambiente ou no na vida do ser humano.
Fabri (2008) constatou que para a extração do bloco os principais problemas são: a
desordem da superfície, retirada da vegetação, remoção do solo, geração e
acomodação de rejeitos de forma imprópria, criação de estradas sem planejamento,
degradação do ao redor da lavra, principalmente em terrenos arrendados, aumento
do índice de poeira e a poluição sonora.
Pra uma organização iniciar a atividade de lavra ela deve estar provida de todas as
licenças exigidas pela legislação. Os impactos causados nas lavras são inevitáveis,
porém a empresa extrativista deve trabalhar buscando deteriorar o menos possível o
meio ambiente e promover a recuperação da área sempre que possível visando
minimizar os estragos causados.
Sousa (2007) mostra que logo após a liberação de extração, na preparação da lavra,
ocorre um aumento no fluxo de carros, caminhões e máquinas que produzem ruídos
e poeira em grandes proporções, agravando com vibrações quando inicia a
extração, geradas pelas explosões e máquinas de perfuração, além de cascalhos de
pedras, que são acomodados em depósitos de rejeitos, esses depósitos quando
estão cheios são instáveis e formam um montante contendo solo, pedra e
vegetação, no período de chuva ele não consegue segurar seus componentes que
vão para regiões mais baixas ou em rios e lagos.
Assim como no meio ambiente o processo de lavra também causa danos nas
pessoas que estão ao redor. Muitas vezes esses impactos alteram a vida do
trabalhador vagarosamente tirando sua saúde.
Na gravura abaixo (figura 2), pode-se observar como a poeira é intensa no momento
da perfuração da rocha. Isso ocorre, pois o ar que gira a broca na perfuração
também promove a limpeza do furo, liberando assim micros partículas da rocha que
forma a poeira mineral. Considerada altamente prejudicial à saúde humana.
subterrânea ou a céu aberto, em que haja perfuração de rocha que contenha silício,
os trabalhadores tem sério risco de adquirir a silicose, uma doença pulmonar crônica
e incurável, que leva o operário a invalidez ou incapacidade do trabalho, ela é
causada pela inalação de poeira que contenha pequenas partículas de sílica livre
cristalina.
Araujo Neto (2006) explica que em diversas etapas dos serviços na pedreira tem a
propagação de altos ruídos. De início é causado por caminhões e máquinas que
fazem a limpeza da rocha e do terreno, posteriormente se da pela utilização de
perfuratrizes que fazem furos de forma ordenada na rocha para sua divisão, seja por
meio de cunhas de pressão ou de explosivos. A detonação tem um poder sonoro
muito elevado propagando alto nível de pressão sonora a uma grande distância.
Ainda afirma que essa pressão causa danos mecânicos ao ouvido, e quando essa
exposição é conciliada com vibrações o dano é ainda maior.
Moura e Leite (2011) mostra que a obtenção de chapas pode ser feita através da
serragem pelo fio diamantado ou usando a lama abrasiva. E que a maioria das
indústrias utiliza a lama abrasiva, que tem por objetivo lubrificar o corte, refrigerar as
lâminas, evitar a oxidação das chapas e servir de veículo abrasivo que transporta a
granalha.
A atividade de polimento também produz lama, que além de ser produzida em menor
escala se comparado ao processo de serragem, contém maiores quantidades de
resíduos tóxicos que prejudicam o meio ambiente. Eles estão presentes nos
abrasivos magnesianos, resinoides, nas resinas que são usadas nas chapas, entre
outros. Por isso deve-se ter muito cuidado na sua destinação. Na fotografia abaixo
(figura 4) pode-se ver a lama abrasiva após a secagem no filtro prensa.
Paldés (2009) explica que o beneficiamento das rochas ornamentais também gera
muito desperdício sobre a matéria prima usada, esses chamados de cacos ou lixo
industrial. Ele explica que um bloco vem da pedreira com suas superfícies
irregulares devido ao corte com martelos pneumáticos sem uso de esquadro e
prumo. Depois do beneficiamento essas superfícies irregulares geram perdas, tanto
na área útil da chapa quanto nas laterais não serradas do bloco.
de rochas são produzidos desde a serragem do bloco até o corte das chapas. Na
imagem abaixo se pode observar os casqueiros, laterais do bloco que sobram após
a serragem (figura 5), e uma montanha composta desse casqueiro acumulado no
pátio da empresa aguardando um destino (figura 6).
Solo: o solo é afetado pela lama abrasiva, que pode o contaminar, e também
por fragmentos de rocha gerados na serragem e no corte, que se descartados
em grande quantidade pode impedir o crescimento da vegetação além de
causar um desagradável impacto visual.
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Para Santos (2005) um dos principais riscos que o trabalhador fica exposto no
trabalho são as poeiras que podem gerar várias complicações ao sistema
respiratório, sendo a Silicose a pior delas, ela é uma doença causada pela inalação
de poeira contendo sílica, é incurável e irreversível. Essa poeira é encontrada
principalmente nas marmorarias que fazem acabamento. Logo abaixo (figura 7),
pode-se observar como é feito o acabamento na rocha após o corte:
máquinas causam com a rocha. Na maioria das vezes esse atrito supera 90db. Em
uma escala de 8 horas diárias, que é praticada pelas maiorias das empresas, a
tolerância máxima permitida é de 85db (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO,
2011).
Na imagem abaixo (figura 8), mostra funcionários arrumando a carga de chapas que
acabou de ser serrada em um tear multilâminas. Após a serragem é necessário
escorar todas as chapas para que não caiam ao serem retiradas do tear.
Ruído: o sistema produtivo das rochas é marcado pela abrasão das máquinas
com a rocha, seja na serragem, no polimento ou no corte, por esse motivo a
geração de ruídos é intensa podendo causar problemas de audição no
trabalhador.
É importante que todos tomem consciência sobre a importância do homem ter uma
relação sustentável com o meio ambiente e a sociedade. Para garantir isso é
necessário produzir e preservar o meio ambiente da melhor forma possível
buscando medidas realistas para cada setor e com as pessoas que ali se encontram.
Dessa forma serão discutidas algumas formas de como os impactos causados na
produção das rochas ornamentais podem ser amenizados para reduzir os danos
gerados na etapa da lavra e do beneficiamento.
Os sedimentos que saem da lavra principalmente pela água podem afetar rios e
córregos que estão ao redor causando assoreamento. Para diminuir esse problema
podem ser feitas escavações de lagoas em locais estratégicos para conter os
sedimentos dispersos. Deve-se também evitar a modificação da área durante a
mineração e construir terraços ou banquetas com solo compactado ao pé das
escavações ou da mineração, isso diminui a velocidade das enxurradas e contém os
sedimentos carregados pela água (AMBIENTE BRASIL, 2000).
Essas lagoas construídas podem servir também para a reutilização da água usada
na perfuração, nos martelos pneumáticos, e no corte, no fio diamantado. Criando
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Com isso, o minerador fica limitado ao uso temporal do solo, ou seja, somente
enquanto estiver com a atividade de mineração ativa, após o término da mineração é
preciso recuperar o local degradado colocando-o em bom estado de conservação,
possibilitando o seu uso futuro.
Uma forma de manejo para reutilização do solo rico em material orgânico, que será
retirado do local da mineração, é remover esse solo e armazená-lo junto com a
vegetação do mesmo local, esse solo pode ser armazenado com até 1,5 metros de
altura por 3 a 4 metros de largura e o comprimento que for necessário. É importante
que esse solo fique protegido do sol por uma cobertura de palha vegetal.
Posteriormente o local que for utilizar o solo, deverá ser escarificado (movimentado o
solo) em curvas de nível com pelo menos 1 metro de profundidade, para tornar
menos compacto. Depois da aplicação do solo deverá ser feito outra escavação.
Assim o solo estará pronto para o cultivo de gramíneas, arbustos e até mesmo
árvores. No caso de um reflorestamento, essa escolha deve-se levar em conta a
composição da vegetação da região as espécies pioneiras e secundárias deverão
ter prioridade na seleção das espécies (AMBIENTE BRASIL, 2000).
Percebe-se então que todas essas medidas não são surpresa ao minerador, com um
bom planejamento é possível saber todas as ações que agridem e preservam o meio
ambiente mesmo antes de começar as atividades. É sempre aconselhável à
orientação de um especialista sobre o assunto, seja um geólogo, engenheiro ou
técnico do meio ambiente, para obter assim um melhor rendimento da mina e evitar
problemas futuros.
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Para a lavra funcionar corretamente é necessário que seus operários estejam com
saúde e dispostos ao trabalho. Por isso é importante conhecer e buscar maneiras de
reduzir os riscos que podem alterar a sua saúde e integridade física. Como visto
anteriormente, os principais riscos que podem afetar os trabalhadores estão ligados
à atmosfera com poeira mineral (sílica), sonoros e ergonômicos.
Segundo norma do DNPM, item 9.1 (Prevenção de Poeiras Minerais), nos locais da
mineração onde existe a geração de poeira é preciso ser feito um monitoramento
periódico do trabalhador e analisar sua exposição. Quando esse nível é elevado e
ultrapassa os limites de tolerância estabelecidos pela NRM (Normas Reguladoras de
Mineração) é necessária à tomada de medidas técnicas ou administrativas para
eliminar, reduzir ou neutralizar esse efeito sobre a saúde do trabalhador.
Caso esse mecanismo umidificado venha a falhar, para a produção não ser
interrompida, é necessário fornecer, controlar e cobrar a utilização de equipamentos
de proteção respiratória individual, o EPI (equipamento de proteção individual). Os
responsáveis pela escolha dos EPIs, integrantes do SESMT (Serviço Especializado
em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho) e da CIPA (Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes) devem estar sempre atentos às mudanças e novidades
dos equipamentos disponíveis no mercado e nas mudanças do processo produtivo,
analisando se a eficiência do equipamento procede (BELTRAME, 2010).
Araujo Neto (2006) explica que para reduzir os ruídos de explosões gerados na
mineração ao trabalhador e as comunidades vizinhas, algumas medidas pode ser
tomadas, como iniciar detonação pelo fundo do furo, evitar, e se possível eliminar,
desmontes secundários e implantar uma barreira entre a mina e a comunidade
(plantação de árvores).
Função / EPI
Cinto de Segurança
Óculos de proteção
Bota de Borracha
Bloqueador solar
Luva de Raspa
Respirador
Capacete
Manobreiro R E R R E E R R R
Enc. Geral R E R R E E R R
Op. de Fio R E R R E E R R R E E
Marteleteiro R R R R E E R R R R R
Aux. Serv. Gerais E E E R R E E E E R R R
Op. Pá Carregadeira R R R R E E E R R
Blaster R R R R E E R R R R R
Almoxarife R R R R
Chefe de Equipe R E R R E E R
Gerente de R E R R E R R
Mineração
Aux. Manobreiro R E R R E E R R R
Motorista R R R R R
Op. Escavadeira R R R R E E E R R
Legenda: R = Uso de Rotina e E = Uso Eventual
Fonte: Pesquisa do autor.
Uma maneira de diminuir essa contaminação do solo e da água é fazendo com que
a água da produção seja reciclada, sendo utilizada novamente pelo sistema, e sua
lama, sendo destinada a um local legalizado preparado para o recebimento. Para
isso acontecer a lama deve ser filtrada para retirada da água. O modo mais prático
para esse trabalho é a implantação de um filtro-prensa.
Os teares multifios geram uma lama abrasiva muito menos agressiva ao ambiente
do que a do tear multilâminas visto que é apenas pó de rocha e o material que
desgasta do fio, muito pouco se comparado ao desgaste da lâmina. Enquanto um
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tear de fio serra dezenas de blocos, um tear de lâmina serra em média três blocos.
Por isso seu descarte poderia ser muito mais fácil, mas infelizmente as maiorias das
serrarias também realizam polimento, e a lama da serragem é misturada com a do
polimento na hora da secagem, acrescentando outros componentes em sua fórmula.
Outra norma que também busca diminuir o índice de acidentes nas empresas é a
NR 5, conhecida como Cipa (Comissão Interna De Prevenção De Acidentes). Ela
tem a função de prevenir acidentes e doença do trabalho promovendo a saúde do
trabalhador. Seus membros são eleitos pelos empregados e indicados pelo
empregador. Eles são treinados para estudar o ambiente, as condições de trabalho
e os riscos presentes no processo produtivo. É feito uma reunião mensal onde é
colocadas sugestões de como pode ser diminuído os riscos de acidente na
instituição.
Mota et al (2011) explica que o descarte da lama abrasiva está cada vez mais difícil
para as empresas e é uma preocupação para sociedade e ambientalistas. Por isso
ele mostra que os resíduos oriundos do beneficiamento das rochas ornamentais
podem ser reciclados na confecção de tijolos ecológicos, visando antes de tudo uma
redução no impacto ambiental.
Para Lima (2011) com o grande déficit habitacional brasileiro o tijolo ecológico pode
ser usado para construção de casas populares, reduzindo o custo e mantendo a
segurança e qualidade da obra. E esses recursos naturais faria com que a
construção civil adquira novos conceitos e adote técnicas visando à
sustentabilidade.
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Para a produção do bloco ecológico Mota et al (2011) utilizou solo do tipo massame
que atende a ABNT, cimento CPII-F-32, lama abrasiva (composta por água, cal,
granalha e pó de granito) e água potável. Para chegar ao resultado ideal foi feito 4
proporções de cimento, solo e resíduo granítico sendo 1:7:2, 1:6:3, 1:5:4 e 1:4,5:4,5
respectivamente, também foram feitas 3 proporções diferentes na relação
água/cimento chamados de T1, T2 e T3 sendo 1; 0,86 e 0,72 respectivamente. Os
tijolos foram confeccionados com 25 centímetros de comprimento 6,5 centímetros de
altura e 12,5 centímetros de largura. Foram feitos com 7, 28 e 60 dias de cura, testes
de absorção de água, onde o corpo ficou 24 horas em uma estufa a 110 °C e depois
ficou 24 horas submersa e pesados novamente conforme NBR 10836/94.
Lima (2011) revela que o processo de produção dos tijolos ecológicos com resíduos
de granito é bem simples. Basta uma mistura dos ingredientes: cimento, solo e dos
resíduos nas proporções adequadas. No Brasil eles são feitos por prensas em
variadas formas e tamanhos de acordo com o projeto. Na tabela abaixo (tabela 3) é
possível observar quais os tipos, as dimensões, forma de uso e um exemplo de
como são.
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Segundo os estudos de Lima (2011) os melhores resultados foram obtidos com 30%
de resíduo de granito e 70% de solo. Verificou também que a resistência, absorção e
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Mothé Filho et al (2005) explica que o rejeito da rocha estudada é uma fonte para
criação de um material cerâmico, sendo que sua resistência é proporcional a
temperatura de queima, altas temperaturas geram maior resistência, deixando-o
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muito semelhante a rocha natural usada (“granito rosa bavena”). E conclui que a
qualidade do material produzido torna promissor o uso dos rejeitos para produção de
cerâmicos, e apresenta vantagem de diminuir a quantidade de rejeito que seria
descartada no meio ambiente agregando valor ao resíduo indesejável.
Menezes et al (2002) mostra que ao reutilizar um resíduo como matéria prima para
outra cadeia produtiva são encontradas várias vantagens, em que se destaca a
redução do volume de extração de matérias-primas, diminuição do consumo de
energia, menores emissões de poluentes e melhoria na saúde e segurança da
população. Sendo que a vantagem mais visível é a preservação dos recursos
naturais, preservando sua vida útil e diminuindo a destruição da paisagem, fauna e
flora.
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5 CONCLUSÃO
Todo dia é possível ver programas que visam respeito ao meio ambiente e aos
trabalhadores, seja por meio de palestras, simpósios ou até mesmo nos jornais e
revistas. Essas maneiras citadas neste trabalho têm por finalidade conscientizar e
propor melhores formas de trabalho. Portanto é recomendável que as empresas
adotem essas maneiras respeitando o ambiente e seus colaboradores, pois a
tendência é só aumentar as preocupações e fiscalizações relacionadas a eles,
exigindo assim que haja mudanças na maneira de produzir compatível com as
regras atuais.
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6 REFERÊNCIAS
ARAUJO NETO, Tito Luiz de. Problemas gerados pela extração de rochas e
propostas para mitigação do impacto sonoro. Rio de Janeiro, 2006. Disponível
em: < http://teses.ufrj.br/COPPE_M/TitoLuizDeAraujoNeto.pdf >. Acesso em : 26 de
ago. 2013.
FABRI, Érika Silva; CARNEIRO, Maurício Antônio; LEITE, Mariangela Garcia Praça.
Diagnóstico dos processos de licenciamento e fiscalização das pedreiras de rochas
ornamentais na região centro-sul de Minas Gerais. Rem: Rev. Esc. Minas, Ouro
Preto, v.61, n.3, July/Sept. 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0370-4672008000300003&script=sci_arttext
>. Acesso em: 15 de jun. 2013.
<http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/18/18132/tde-31102007-
095421/publico/tese.pdf>. Acesso em: 30 de abr. 2013.