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5. USOS E FUNÇÕES
6. CARACTERIZAÇÃO TECNOLÓGICA
7) NORMAS TÉCNICAS
Tenacidade
A propriedade que a rocha tem de resistir a impacto ou choque mecânico
por essa sobre um corpo sólido, é denominada de tenacidade. Quando o
agregado destina-se ao uso em lastro ferroviário e pista de pouso de
aviões, a tenacidade passa a ser uma propriedade da maior importância.
A resistência ao impacto (NBR 8938) é realizada por meio do ensaio
Trenton, no qual fragmentos de rochas são golpeados dez vezes por um
cilindro metálico que se desloca em queda livre, através de um tubo guia,
também metálico (Foto 3) Os resultados são expressos em % em peso,
abaixo de uma granulometria preestabelecida. (FRAZÃO, 2007).
Propriedades Térmicas
O concreto pode sofrer contração e expansão devido às variações de
temperatura. Quando aquecido, o concreto se expande uniformemente, se a
temperatura varia de 0-600C. Um dos fatores que mais afetam o
coeficiente térmico de expansão linear do concreto, é o tipo de agregado.
Como o concreto é constituído essencialmente de agregado, a sua
expansão depende da composição mineralógica do agregado. O coeficiente
de expansão para minerais silicosos como o quartzo é de 12
microtensões/0C, superior a calcita (1 – 5 microtensões/0C) presente nos
calcários. A expansão térmica do concreto aumenta quando a rocha do
agregado tem maior conteúdo de sílica (SMITH & COLLIS, 2001).
Desgaste Abrasão (NBR 6465)
Segundo esta Norma, Abrasão Los Angles é o desgaste sofrido pelo
agregado, quando colocado com uma carga abrasiva, submetida a um
determinado número de rotações desta máquina (Foto 4) à velocidade de
30 a 33 rpm.
Neste teste, o agregado é submetido a uma combinação de atrição e
impacto, sendo este último mais significativo. Os índices da abrasão Los
Angels são influenciados pelas mesmas características geológicas e
clásticas que afetam os testes de impacto e de britagem, expressos na
forma de índices de britagem e impacto (SMITH & COLLIS, 2001).
Segundo este mesmo autor, há uma correlação entre os valores de abrasão
Los Angels e britagem.
No caso do agregado, na forma de fragmento, ser usado para concreto,
lastro de ferrovia e em pavimento de estrada ou de rua, estará sujeito a
desgaste tanto no processo construtivo quanto em serviço. Sendo assim, a
técnica usada para avaliar o potencial de desgaste dos agregados, é e
ensaio de abrasão
Los Angeles.
Poleg
ada
1”
25,4 - - ±7
3/4” 19,1 - - ±7
1/2” 12,7 100 - ±7
3/8” 9,5 85-100 100 ±7
N0 4 4,8 10-30 85-100 ±5
N0 10 2,0 0-10 10-40 ±5
N0 200 0,074 0-2 0-2 ±2
Fonte: Norma DNER-ES 308/97
118 Usos e Especificações
Tabela 7 – Granulometria dos Agregados para Tratamento Superficial
Duplo.
% Peso (passante) Tolerância
de faixa de
Peneira projeto
mm A1a B1a ou 2a C2a camada
camad camada
Poleg a
ada
1” 25,4 100 - - ±7
3/4 “ 19,1 90-100 - - ±7
1/2 “ 12,7 20-55 100 - ±7
3/8 “ 9,5 0-15 85-100 100 ±7
N0 4 4,8 0-5 10-30 85-100 ±5
N0 10 2,0 - 0-10 10-40 ±5
N0 200 0,074 0-2 0-2 0-2 ±2
Fonte: Norma DNER – ES 309/97
Nota: a faixa B pode ser empregada como 1a ou 2a camada.
8. DRENAGEM E FILTROS
O projeto de filtros e drenos é da maior importância para a segurança e
economia de muitas obras de engenharia, em particular daquelas expostas
aos efeitos da água sobre os materiais de apoio e das estruturas.
A drenagem é o processo pelo qual a infiltração ou o movimento das águas
subterrâneas é removido dos solos ou maciços rochosos, por meios
naturais ou artificiais. Os problemas advindos da drenagem são
solucionados aplicando-se os princípios básicos da filtração.
Os filtros têm como objetivo proteger os materiais passíveis de erosão pela
ação das águas e por outro lado, os drenos tem que garantir a capacidade
de descarga adequada.
Os agregados empregados para filtros e drenos devem ter uma
granulometria adequada e que o seu manuseio e colocação na obra devem
evitar contaminação e segregação.
A primeira exigência que os filtros e drenos têm que atender, diz respeito à
sua capacidade de evitar erosão e colmatação. A seguir vem a sua
capacidade de descarga para dar vazão, adequadamente, dos fluxos de
água a drenar, sem induzir forças de filtração ou pressões intersticiais
hidrostáticas. O método usual para projetar os drenos e filtros é o que se
refere à capacidade de descarga, tendo por base a lei de Darcy e os
métodos de malhas de filtração.
O volume total de agregados usados como meio filtrante é relativamente
pequeno, no entanto esses exercem um papel muito importante em vários
projetos (Smith e Collis, 2001).
Os três principais usos do agregado como meio filtrante são:
Manual de Agregados para Construção Civil, 2ª Edição – CETEM 119
− filtração de água;
− tratamento de efluentes;
− drenagem para camadas de solo e de outras estruturas da engenharia
civil.
Os agregados usados como meio filtrante são constituídos de: areia,
cascalho ou rocha britada. Sabe-se que os materiais usados como filtro
para água e trabalhos de tratamento de efluentes são usados, de uma
maneira geral, em pequenas quantidades. Por essa razão, devido a elevada
qualidade do agregado, nem sempre este está disponível no mercado.
Normalmente esse é produzido por encomenda, devido às especificidades
do produto.
No caso dos agregados para usar como camadas de drenagem em maciços
de barragem são projetados para fazer o melhor uso dos materiais naturais
disponíveis, pelo menor custo.
As principais propriedades de um agregado para uso como filtro, de forma
a garantir permeabilidade, facilidade de construção, estabilidade e
durabilidade são:
− tamanho das partículas;
− classificação granulométrica;
− resistência a abrasão;
− durabilidade.
Tratamento de Água Através de Filtro de Areia
Existem, principalmente, dois tipos de filtro de areia:
− filtros caracterizados por uma baixa taxa de filtração e no caso usam
areia de granulometria fina, necessitando de limpeza não frequente;
− filtros rápidos usando areia mais grossa, operando a taxas mais elevadas
de filtração e necessitando de limpeza frequente.
Areia para Camada de Filtro
Esta deve ser constituída por minerais duros, resistente a abrasão e livre de
contaminantes. Não deverá perder mais de 20% em peso, após imersão
numa solução de HCl a 20%, durante 24 h, numa temperatura a 200C.
Poderão ser usadas areias com formato arredondado ou angular, mas não
deve ser lamelar. Os filtros de areia poderão ser obtidos de depósitos de
areia, por meio de peneiramento, no entanto poderão também ser obtidos a
partir da cominuição de rochas constituídas principalmente de quartzo
(quartzitos) seguido de classificação em peneira, para adequar à
granulometria requerida para o produto (SMITH & COLLIS, 2001).
120 Usos e Especificações
Cascalho para Filtro
O uso do cascalho ou camadas de material grosso em um sistema de filtro
tem funções diversas. Este serve como suporte da areia, permitindo a água
filtrada se mover livremente na direção das camadas inferiores de
drenagem, contribuindo, assim, para que se tenha um fluxo uniforme.
Filtros para Estruturas de Engenharia Civil
Os filtros denominados de filtros de alívio para estruturas de engenharia
civil são constituídos, usualmente, de uma ou mais camadas de areia de
drenagem livre e/ou material de cascalho ou pedregulho colocado sobre ou
no interior do solo menos permeável (pérvio), para remover a água de
infiltração e com isso evitar a erosão do solo ou danificar as estruturas de
cobertura a partir de pressão ascendente (uplift). O solo que deve ser
protegido pelo filtro é normalmente denominado de base ou material de
base.
Os filtros podem ser constituídos de uma só camada ou de várias camadas,
cada uma com uma distribuição granulométrica diferente e neste caso são
conhecidas como zona de filtragem. No caso de estruturas de engenharia
de maciço de barragem, é comum projetar camadas de filtro, considerando
a disponibilidade de material natural próximo da obra, visando a redução
de custos.
Especificações de Agregados para Filtros em Estruturas de
Engenharia
Com relação aos critérios adotados para as especificações de agregados
para filtros, particularmente para estruturas de engenharia civil, há poucas
publicações. No entanto, as seguintes recomendações podem ser seguidas:
os agregados para filtro devem conter materiais duros, duráveis, limpos e
não devem conter materiais deletérios em quantidade suficiente para afetar,
de maneira adversa, a operação do filtro ou a sua longevidade. Como
materiais deletérios são citados: argila, partículas lamelares ou alongadas
muito porosas, ou materiais facilmente solúveis. Neste contexto são
recomendadas as seguintes especificações:
− densidade relativa maior do que 2,5;
− absorção de água menor do que 3%;
− valor de impacto do agregado abaixo de 30 ou valor de britagem do
agregado menor do que 30;
− índice de lamelaridade e comprimento < 30;
− abrasão Los Angeles < 40;
− valor de sanidade em sulfato de magnésio < 12 % de perda; e
− granulometria –testar de acordo com as especificações de projeto.
Manual de Agregados para Construção Civil, 2ª Edição – CETEM 121
9. PROTEÇÃO E CONTENÇÃO DE TALUDES (ENROCAMENTO)
(FRAZÃO, 2007)
Consiste no uso de blocos ou fragmentos de rocha em granulometrias pré-
estabelecidas, sem o uso de ligantes, visando:
− proteger, contra a erosão, taludes de maciço de barragens de terra, base
e pilares de pontes, taludes de estrada de terra compactada, taludes de
encosta, quebra-mar em estuário etc;
− funcionar, provisoriamente como barragem, na etapa de construção de
barragens;
− servir como corpo de transição, de forma a evitar a remoção de
partículas do aterro de terra compactada.
Para atender a essas funções, o agregado deve apresentar as seguintes
características:
− elevada durabilidade, de forma a não se degradar frente aos ciclos de
saturação e secagem resultantes da variação do nível da água nas
barragens, com as mudanças climáticas;
− elevada resistência mecânica, de forma a suportar as solicitações de
compressão, impacto, cisalhamento e desgaste no processo construtivo
e em serviço;
− os fragmentos de rocha do agregado devem ser equigranulares,
conferindo estabilidade estrutural e índices de vazios adequados às
funções desejadas.
10. CONTROLE DE EROSÃO (LOEMCO, 2003)
A erosão é considerada como um processo geológico cujo ciclo é
constituído pela própria erosão, transporte e sedimentação, derivados das
condições climáticas, das características petrográficas e mineralógicas do
solo, dentre outros.
Deve também ser considerado o fator antropogênico, com a interferência
do homem no meio ambiente, quebrando o equilíbrio natural e
contribuindo para acelerar o processo erosivo. As principais intervenções
do homem que terminam por influenciar o processo de erosão são:
− urbanização do solo, diminuindo sua capacidade de filtração e
aumentando o volume de água na superfície;
− desmatamento das florestas e perda da cobertura vegetal;
− super-exploração agrícola com perda da matéria orgânica de cobertura.
122 Usos e Especificações
As medidas corretivas para controlar a erosão são muito variadas, no
entanto as mais eficazes são:
− reflorestamento;
− lagoas de retenção de sedimentos;
− colocação de diques;
− plantações.
De uma maneira geral, os elementos para evitar ou corrigir a erosão devem
levar em consideração cada caso particular, atendendo as exigências
ambientais e estéticas relacionadas com a obra a proteger.
Controlar a erosão nas pilastras de pontes é da maior importância, de
forma a garantir a segurança da estrutura. Esse controle pode ser realizado
por:
− cimentar abaixo da cota de máxima erosão;
− fazer uma proteção com manto de cascalho.
11. COMPONENTE DE ARGAMASSA PARA ALVENARIA E
REVESTIMENTO
O saibro é resultante da segregação de rochas e tem a aparência de terra
barrosa, basicamente argila. É um material proveniente de solos que não
sejam muito arenosos e nem muito argilosos.
O saibro é usado como componente de argamassa para alvenaria e
revestimento.
12. CONTROLE DE QUALIDADE
O controle de qualidade dos agregados deve ser feito, através da realização
de ensaios tecnológicos em laboratórios especializados em agregados,
utilizando, no caso brasileiro, as Normas ABNT de caracterização
tecnológica e especificações. Poderão, por exemplo, serem usados os
limites mínimos e máximos das especificações requeridas, para os
agregados (FRAZÃO, 2007).
Não basta apenas recorrer às Normas Brasileiras ou outras como ASTM,
DIN, AFNOR, mas é aconselhável a realização de laudos técnicos por
especialistas no assunto.
No Brasil não existem, do nosso conhecimento, laboratórios acreditados
para realizar a caracterização tecnológica dos agregados da construção
civil, o que seria desejável, pelo menos, para grandes obras de construção
civil tais como barragens para geração de energia, pontes, edifícios etc.
Manual de Agregados para Construção Civil, 2ª Edição – CETEM