Você está na página 1de 9

1.

INTRODUÇÃO AOS MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO


Os materiais de construção são definidos como todo e qualquer material utilizado na construção
de uma edificação, desde a locação e infraestrutura da obra até a fase de acabamento, passando
desde um simples prego até os mais conhecidos materiais, como o cimento.
A expressão “materiais de construção”, portanto, abrange uma gama extensa de materiais, dos
quais estudaremos alguns dos principais, que denominamos “Materiais de Construção Básicos”.
Na construção civil temos materiais que são utilizados a muitos anos da mesma forma, como o
concreto, e outros que evoluem constantemente. E a evolução dos materiais de construção não é
um processo recente, pois teve início desde os povos primitivos, que utilizavam os materiais assim
como os encontravam na natureza, sem qualquer transformação. Com a evolução do homem
surgem necessidades que levam à transformação desses materiais de uma maneira simplificada, a
fim de facilitar seu uso ou de criar novos materiais a partir deles. Assim, o homem começa a
moldar a argila, a cortar a madeira e a lapidar a pedra. Outro exemplo de evolução foi a descoberta
do concreto que surgiu da necessidade do homem de um material resistente como a pedra, mas
de moldagem mais fácil.
Perceba que os materiais continuam evoluindo para satisfazer as necessidades do homem e de
forma cada vez mais rápida, com exigências cada vez maiores quanto a sua qualidade, durabilidade
e custo. Além disso, há um cenário sustentável no qual a produção e o emprego dos materiais de
construção devem considerar a questão ambiental.
Nenhuma obra é feita sem materiais e a qualidade e durabilidade de uma construção dependem
diretamente da qualidade e da durabilidade dos materiais que nela são empregados. Por isso, é
necessário que o responsável técnico de uma edificação tenha em mente a importância de
conhecer as propriedades e aplicações mais adequadas para cada material.
Para Silva (1985), na hora de escolher os materiais que irá utilizar o responsável técnico por uma
edificação deve analisá-los de acordo com seguintes aspectos:

a) Condições técnicas

O material deve possuir propriedades que o tornem adequado ao uso que se pretende fazer dele.
Entre essas propriedades estão a resistência, a trabalhabilidade, a durabilidade, a higiene e a
segurança.

b) Condições econômicas

O material deve satisfazer as necessidades de sua aplicação com um custo reduzido não só de
aquisição, mas de aplicação e de manutenção, visto que muitas obras precisam de serviços de
manutenção depois de concluídas e que da manutenção depende a durabilidade da construção.

c) Condições estéticas:

O material utilizado deve proporcionar uma aparência agradável e conforto ao ambiente onde for
aplicado.
Os materiais de construção podem ser classificados de acordo com diferentes critérios. Entre os
critérios apresentados por Silva (1985) podemos destacar como principais a classificação quanto à
origem e à função.

Quanto à origem ou modo de obtenção os materiais de construção podem ser classificados em:
• Naturais: são aqueles encontrados na natureza, prontos para serem utilizados. Em alguns casos
precisam de tratamentos simplificados como uma lavagem ou uma redução de tamanho para
serem utilizados. Como exemplo desse tipo de material, temos a areia, a pedra e a madeira.
• Artificiais: são os materiais obtidos por processos industriais. Como exemplo, podem-se citar os
tijolos, as telhas e o aço.
• Combinados: são os materiais obtidos pela combinação entre materiais naturais e artificiais.
Concretos e argamassas são exemplos desse tipo de material.
Quanto à função onde forem empregados, os materiais de construção podem ser classificados em:
• Materiais de vedação: são aqueles que não têm função estrutural, servindo para isolar e fechar
os ambientes nos quais são empregados, como os tijolos de vedação e os vidros.
• Materiais de proteção: são utilizados para proteger e aumentar a durabilidade e a vida útil da
edificação. Nessa categoria podemos citar as tintas e os produtos de impermeabilização.
• Materiais com função estrutural: são aqueles que suportam as cargas e demais esforços
atuantes na estrutura. A madeira, o aço e o concreto são exemplos de materiais utilizados para
esse fim.

2. PROPRIEDADES GERAIS DOS MATERIAIS

São as qualidades exteriores que caracterizam e distinguem os materiais. Um determinado


material é conhecido e identificado por suas propriedades e por seu comportamento perante
agentes exteriores. Bauer (2008) define algumas das principais propriedades dos materiais dentre
as quais podemos citar as mais importantes ao nosso estudo é:
Extensão: a propriedade que possuem os corpos de ocupar um lugar no espaço.
Massa: a quantidade de matéria e é constante para o mesmo corpo, esteja onde estiver.
Peso: definido como a força com que a massa é atraída para o centro da Terra (varia de local para
local).
Volume: o espaço que ocupa determinada quantidade de matéria.
Massa específica: a relação entre sua massa e seu volume.
Peso específico: a relação entre seu peso e seu volume.
Densidade: a relação entre sua massa e a massa do mesmo volume de água destilada a 4ºC.
Porosidade: a propriedade que tem a matéria de não ser contínua, havendo espaços entre as
massas.
Página 4 de 177
Dureza: definida como a resistência que os corpos opõem ao serem riscados.
Tenacidade: a resistência que o material opõe ao choque ou percussão.
Maleabilidade ou Plasticidade: a capacidade que têm os corpos de se adelgaçarem até formarem
lâminas sem, no entanto, se romperem.
Ductibilidade: a capacidade que têm os corpos de se reduzirem a fios sem se romperem.
Durabilidade: a capacidade que os corpos apresentam de permanecerem inalterados com o
tempo.
Desgaste: a perda de qualidades ou de dimensões com o uso contínuo.
Elasticidade: a tendência que os corpos apresentam de retornar à forma primitiva pós a aplicação
de um esforço.

1. ESFORÇOS MECÂNICOS
Os materiais de construção estão constantemente submetidos a solicitações como cargas, peso
próprio, ação do vento, entre outros, que chamamos de esforços. Dependendo da forma como os
esforços se aplicam a um corpo, recebe uma denominação. Os principais esforços aos quais os
materiais podem ser submetidos são:

• Compressão: esforço aplicado na mesma direção e sentido contrário que leva a um


“encurtamento” do objeto na direção em que está aplicado. A COMPRESSÃO ocorre quando a
força axial aplicada estiver atuando como sentido dirigido para o interior da peça. Com isso a peça
sofre deformações. Em um primeiro momento, sofre DEFORMAÇÃO ELÁSTICA, porém, quando
atinge sua tensão de escoamento, a peça passará a entrar em sua DEFORMAÇÃO PLÁSTICA, ou
seja: o material estará sendo deformado permanentemente.

• Tração: esforço aplicado na mesma direção e sentido contrário que leva o objeto a sofrer um
alongamento na direção em que o esforço é aplicado. A TRAÇÃO ocorre quando a força axial
aplicada estiver atuando com o sentido dirigido para o exterior da peça. A tração faz com que a
peça se alongue no sentido da força e fique mais fina. O esforço da tração causa uma
reorganização na estrutura molecular da peça movimentando os átomos a fim de se agruparem o
máximo possível até um certo limite.

• Flexão: esforço que provoca uma deformação na direção perpendicular ao qual e aplicado. A
FLEXÃO é um esforço físico no qual se caracteriza pela deformação perpendicularmente à força
cortante. Na flexão a face onde se aplica à força fica comprimida enquanto a face oposta é
tracionada.
• Torção: esforço aplicado no sentido da rotação do material. Forças que atuam em um plano
perpendicular ao eixo e a cada seção transversal da peça, tendendo a girar em relação ao eixo.

• Cisalhamento: esforço que provoca a ruptura por cisalhamento. O CISALHAMENTO é a força que
atua paralelamente a um plano da peça, ao contrário da força de compressão e tração. A
resistência ao cisalhamento é a capacidade de um material para resistir às forças que tentam fazer
com que a estrutura interna do material a deslizar contra si mesmo.

3. CONTROLE DA QUALIDADE DOS MATERIAIS


• CONTROLE DE PRODUÇÃO

INDÚSTRIA

• inspeção visual
• lotes
• amostragem
• ensaio de qualificação
• decisão

CANTEIRO
• controle matéria prima
• controle materiais
• controle execução

CONTROLE DE RECEBIMENTOCANTEIRO

• Através de ensaios de laboratórios


Em laboratórios os ensaios se dividem em:
• Ensaios gerais: físicos ou mecânicos;

FÍSICOS

• massa específica
• porosidade
• permeabilidade
• aderência
• dilatação termica
• condutibilidade térmica e acústica

MECÂNICOS Estáticos
• tração
• compressão
• flexão
• torção
• cisalhamento
• desgaste

Dinâmicos
• flexão
• tração
• compressão

Fadiga
• flexão
• tração
• compressão
• Ensaios especiais: metalográficos ou tecnológicos.

METALOGRÁFICOS
• macrográfico
• micrográfico

TECNOLÓGICOS
• dobramento
• maleabilidade
• soldabilidade
• fusibilidade
4. O PAPEL DA TECNOLOGIA NA ATUAL ENGENHARIA
CIVIL
Atualmente, observa-se um avanço na concepção de projetos, graças aos conhecimentos extraídos
de pesquisas de materiais e de protótipos estruturais, que têm levado os engenheiros estruturais a
projetar e dimensionar estruturas onde são exigidas altas tensões de trabalho para o concreto e
aço, partindo do pressuposto que estas estruturas serão muito bem executadas.
Os engenheiros construtores são também conduzidos a lançar mão de modernos e sofisticados
equipamentos, visando prioritariamente à rapidez de execução.
Para garantir a qualidade da execução, o engenheiro construtor deve exercer nas matérias primas e
no concreto o Controle da produção.
Fica a cargo dos engenheiros fiscalizadores a preocupação com a qualidade final do produto e
exercem o Controle da aceitação.
Os engenheiros projetistas devem elaborar bons projetos tecnológicos, que apresentem
especificações estabelecendo índices de qualidade para os materiais, que estes materiais possam
ser facilmente adquiridos ou produzidos e que possuam durabilidade. Associados aos projetos
devem ser elaborados manuais para execução da obra e para sua manutenção após concluída.

5. NORMALIZAÇÃO
É o processo de formular e aplicar normas visando:

• acesso automático a atividades específicas;


• otimização e economia;
• funcionalidade;
• segurança;
• benefício e resguardo dos interesses, atendendo padrões nacionais e internacionais.

5.1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA

A normalização surgiu da necessidade dos seres humanos de trocar produtos e serviços. Era
preciso avaliar uma grandeza de medida através da comparação com uma grandeza da mesma
espécie. A primeira iniciativa foi a comparação com elementos da natureza, tais como: pé, palmo,
braço, passo, vara e assim por diante.
O sistema foi evoluindo gradativamente e em 29 de novembro de 1800 foi introduzida na França a
regulamentação do sistema métrico. Consistindo de barras fundidas correspondentes ao padrão de
medida estipulado e que era definido como sendo a décima milionésima parte do quadrante
terrestre.
A normalização metódica e sistemática desenvolveu-se a partir do século XVIII e XIX, com o
descobrimento das ciências naturais e descobrimentos técnicos (Revolução Francesa) e da
Revolução Industrial, que introduziu a fabricação em série, podendo serem listados os seguintes
eventos principais:

• 1839 – Sir Joseph Whitworth – padronizou uma rosca para parafuso;


• 1873 – aparição das primeiras normas para chapas e fios;
• 1876 – Mevil Dewey desenvolve a classificação bibliográfica decimal;
• 1877 – editada norma para especificação e ensaio de cimento Portland;
• 1883 – fabricantes alemães criam os formatos normalizados de papel;
• 1898 – conferência internacional em Zurique adota a rosca SI;
• 1907 – na Suécia cria-se a primeira norma eletrotécnica;
• 1940 – fundação da ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas;
• 1947 – fundação da ISO – International Standartization Organization;
• 1973 – criação do Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial,
no Brasil.

5.2 ENTIDADES NORMALIZADORAS

No Brasil, a normalização cabe à ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas, mas em


setores específicos, outras entidades têm o mesmo objetivo. Como exemplo:
ABCP – Associação Brasileira de Cimento Portland; IBRACON – Instituto Brasileiro do Concreto;
IBP – Instituto Brasileiro do Pinho, que também estabelecem normas nos seus respectivos campos
de atuação.
Nos Estados Unidos, esta responsabilidade cabe à ASTM – American Society for Testing Materials e
à ASA – American Standart Association e em setores específicos, como para as estradas existe a
AASHO – American Association of State Highway Officials.
Na Alemanha, a DIN – Deutsch Industrie Normen, na França, a AFNOR – Association Française de
Normalisation, na Inglaterra, a BS – British Standarts Institution e na Noruega, a NSF – Norges
Standardiserings-Forbund.
Página 9 de 177
Estas entidades são coordenadas pela ISO – International Standartization Organization e por
Comitês Continentais, tais como o COPANT – Comissão Panamericana de Normas Técnicas.
Entre as organizações estrangeiras em campo específico, podem ser citados o CEB – Comité
Européen du Béton, o RILEM – Réunion Internationale des Laboratoires d’éssais et de Recherches
sur Les Materiaux et les Structures, o PCA – Portland Cement Association e o ACI – American
Concrete Institute.

5.3 TIPOS DE NORMAS

NORMAS – que dão as diretrizes para cálculo e métodos de execução de obras e serviços, assim
como as condições mínimas de segurança;
ESPECIFICAÇÕES - que estabelecem as prescrições para os materiais;
MÉTODOS DE ENSAIOS – que estabelecem os processos para a formação e o exame de amostras;
PADRONIZAÇÕES – que estabelecem as dimensões para os materiais e produtos;
TERMINOLOGIAS – que regularizam a nomenclatura técnica;
SIMBOLOGIA – para convenções de desenhos;
CLASSIFICAÇÕES – para ordenar e dividir conjuntos de elementos.

5.4 CERTIFICAÇÃO

As Entidades Normalizadoras concedem marcas de conformidade, ou seja, reconhecem


publicamente os materiais que estão de acordo com suas especificações, desde que solicitado. Em
alguns casos, essa conformidade pode ser indicada por um símbolo a ser afixado no material ou na
embalagem, tal como o exemplo da figura seguinte.

5.5 OBJETIVOS DA NORMALIZAÇÃO

Os objetivos principais da normalização são:


- Economia: proporcionar a redução da crescente variedade de produtos e procedimentos.
- Comunicação: proporcionar meios mais eficientes na troca de informações entre fabricante e
cliente, melhorando a confiabilidade das relações comerciais e de serviços.
- Segurança: proteger a vida humana e a saúde.
- Proteção ao consumidor: prover a sociedade de meios eficazes para aferir a qualidade dos
produtos.
- Eliminação de barreiras técnicas e comerciais: evitar a existência de regulamentos conflitantes
sobre produtos e serviços em diferentes países, facilitando assim, o intercâmbio comercial.

a. PRINCÍPIOS DA NORMALIZAÇÃO

Segundo a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) o processo de elaboração de normas


técnicas está apoiado em princípios, que são fundamentais para que todos os objetivos da
normalização sejam atendidos e para que ela seja eficaz na sua aplicação e reconhecida por todos.

Voluntariedade – A participação em processo de normalização não é obrigatória e depende de


uma decisão voluntária dos interessados. Essa vontade de participar é imprescindível para que o
processo de elaboração de normas ocorra. Outro aspecto que fundamenta a voluntariedade do
processo de normalização é o fato de que o uso da norma também não é obrigatório, devendo ser
resultado de uma decisão em que são percebidas mais vantagens no seu uso do que no não uso.
Representatividade – É preciso que haja participação de especialistas cedidos por todos os setores
– produtores, organizações de consumidores e neutros (outras partes interessadas tais como
universidades, laboratórios, institutos de pesquisa, órgãos do governo), de modo que a opinião de
todos seja considerada no estabelecimento da norma. Dessa forma, ela de fato reflete o real
estágio de desenvolvimento de uma tecnologia em um determinado momento, e o entendimento
comum vigente, baseado em experiências consolidadas e pertinentes.
Paridade – Não basta apenas a representatividade, é preciso que as classes (produtor, consumidor
e neutro) estejam equilibradas, evitando-se assim a imposição de uma delas sobre as demais por
conta do maior número de representantes. Assim, deve-se buscar assegurar o equilíbrio das
diferentes opiniões no processo de elaboração de normas.
Atualização – A atualização do processo de desenvolvimento de normas, com a adoção de novos
métodos de gestão e de novas ferramentas de tecnologia da informação, contribui para que o
processo de normalização acompanhe evolução tecnológica. Esse princípio de atualização deve ser
constantemente perseguido para que a normalização atenda à intensa demanda considerando que
uma norma defasada tecnologicamente fatalmente cairá no desuso.
Transparência – Todas as partes interessadas devem ser disponibilizadas, a qualquer tempo, as
informações relativas ao controle, atividades e decisões sobre o processo de desenvolvimento de
normas técnicas.
Simplificação – O processo de normalização deve ter regras e procedimentos simples e acessíveis,
que garantam a coerência, a rapidez e a qualidade no desenvolvimento e implementação das
normas.
Consenso – Para que uma norma tenha seu conteúdo o mais próximo possível da realidade de
aplicação, é necessário que haja consenso entre os participantes de sua elaboração. Consenso é
processo pelo qual um Projeto de Norma deve ser submetido, compreendendo as etapas de
análise, apreciação e aprovação por parte de uma comunidade, técnica ou não. A finalidade desse
processo de consenso é o de atender aos interesses e às necessidades da coletividade, em seu
próprio beneficio. Não é uma votação, mas um compromisso de interesse mútuo, não devendo,
portanto, ser confundido com unanimidade.
b. BENEFÍCIOS DA NORMALIZAÇÃO

A ABNT também enfatiza que os benefícios da normalização ajudam a:

- Organização do mercado;
- Constituição de uma linguagem única entre produtor e consumidor;
- Melhora da qualidade de produtos e serviços;
- Orientar as concorrências públicas;
- Produtividade aumentar, com consequente redução dos custos de produtos e serviços, a
contribuição para o aumento da economia do país e o desenvolvimento da tecnologia nacional

Você também pode gostar