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ENSAIOS TECNOLÓGICOS

COTIL/UNICAMP
Prof. Maicon Carlos Barbosa
INTRODUÇÃO
Imagina você utilizando uma chave para abrir a porta da sua
casa e ao dar a primeira volta na fechadura ela quebrasse na sua
mão?

Ou você dirigindo seu carro, de repente iniciasse uma chuva de


granizo e a primeira pedra que atinge seu para-brisa o quebra
inteiro?

Devido as aplicações de cada produto ou peça, devemos saber


as características de cada material a ser utilizado, por exemplo,
o ferro fundido é duro, porém frágil, o aço é resistente, o vidro é
transparente, porém frágil, o plástico é impermeável, entre
outros materiais que temos disponíveis.

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INTRODUÇÃO
Temos algumas propriedades dos materiais que são estudadas,
como:
•Dureza
•Fragilidade
•Resistência
•Impermeabilidade
•Elasticidade
•Condução de calor

Essas propriedades dos materiais são divididas em dois grupos,


propriedades físicas e propriedades químicas.

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INTRODUÇÃO
As propriedades físicas determinam como o material irá agir em
suas condições do processo de fabricação e utilização. Essas
propriedades tem outra divisão, entre mecânica, térmica e
elétrica.

As propriedades químicas determinam como o material irá agir


quando entrar em contato com outros materiais ou com o
ambiente em que será aplicado. Elas se apresentam sob a forma
de ausência ou presença de corrosão, de ácidos e de soluções
salinas. Por exemplo, o alumínio quando entra em contato com
o ambiente, resiste bem a corrosão, agindo de forma bem
diferente do ferro, que na mesma condição, se enferruja, ou
seja, não apresentando resistência a corrosão.

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INTRODUÇÃO
As propriedades mecânicas aparecem quando o material está
aplicado a esforços de forma mecânica, ou seja, irão determinar
a capacidade do material em transmitir ou resistir a esforços
que lhe serão aplicados.

No ponto de vista da indústria mecânica, essa propriedade é


considerada a mais importante para a escolha da matéria-prima
que será utilizada no produto.

Dentro das propriedades mecânicas, a resistência mecânica é


considerada como a mais importante. Ela permite que o
material a resistir a esforços, como compressão e tração.

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INTRODUÇÃO
A elasticidade é a característica do material de se deformar
quando submetido a uma força e de voltar a sua forma original
quando a força for encerrada.

A plasticidade é a característica do material de se deformar


quando submetido a uma força e de permanecer da forma em
que a força o deixou quando a mesma desaparecer. Essa
característica é de extrema importância para o processo de
estamparia, por exemplo. Essa característica irá determinar se o
material é dúctil ou maleável.

A dureza é a característica do material relacionada a resistência


do material à penetração, ao desgaste e à deformação plástica.
Em grande parte dos casos, os materiais duros são considerados
6 materiais frágeis.
INTRODUÇÃO
A fragilidade é a característica do material que apresenta a
resistência do material a choques físicos. Por exemplo, o vidro é
um material duro e frágil.

As propriedades térmicas determinam como o material irá se


comportar quando submetido a variações de temperatura. É
uma característica importante para a fabricação de ferramentas
de corte.

As propriedades elétricas determinam como o material irá se


comportar quando submetido a passagem de uma corrente
elétrica.
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INTRODUÇÃO
As propriedades químicas determinam como o material irá se
comportar quando submetido ao contato com outros materiais.
Apresentam-se como presença ou ausência de resistência a
corrosão, aos ácidos e às soluções salinas.

Nós iremos dar ênfase nas principais propriedades mecânicas,


como elas são compreendidas, como são feitos os ensaios e os
principais assuntos relacionados a cada tipo de ensaio, como os
métodos e materiais necessários.

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ENSAIOS MECÂNICOS
As propriedades dos materiais fazem parte de qualquer projeto
mecânico. São essas propriedades que irão determinar qual
material deverá ser utilizado, para que não ocorram níveis
inaceitáveis de deformação do material ou até mesmo falhas
quando o material estiver em serviço, ou o encarecimento do
produto em função de um superdimensionamento dos
componentes que serão aplicados no projeto.

As propriedades mecânicas de um material são verificadas


através da execução de ensaios programados, que reproduzem
as condições de serviço do material. Alguns fatores são levados
em consideração, como o tipo de carga aplicada, a duração de
aplicação da carga, condições ambientais, entre outras
informações relevantes.
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ENSAIOS MECÂNICOS
Por exemplo, a carga pode ser de tração, compressão ou
cisalhamento e a sua magnitude pode ser de forma constante
ao longo do período de aplicação ou flutuar.

O período de aplicação pode ser de poucos segundos ou pode


estender por um período de anos.

As condições ambientais são destacadas pela temperatura de


aplicação, pois é de extrema importância. O material pode ser
aplicado a temperaturas extremas, como abaixo de 0°C, ou até
mesmo o oposto, acima de 150°C.

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ENSAIOS MECÂNICOS
Como esses ensaios são de importantes para um grande público
interessado no material, temos definido algumas normas que
coordenam como o ensaio deve ser realizado e até define a
nomenclatura baseada ao resultado do ensaio realizado.

Nos EUA temos a ASTM (Amecican Society of Testing and


Materials) e no Brasil temos a ABNT (Associação Brasileira de
Normas Técnicas) como responsável por definições desses
padrões.

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ENSAIOS MECÂNICOS
Os ensaios mecânicos podem ser classificados como:

a)Integridade geométrica e dimensional da peça ou


componente.
Eles são classificados como:
• Destrutivos: quando após a execução do ensaio, provocam a
inutilização da peça (como por exemplo, os ensaios de
tração, dureza, fadiga, entre outros)
• Não-destrutivos: quando após a execução do ensaio, não
provocam a inutilização da peça, ou seja, não comprometem
a integridade do material (como por exemplo, os ensaios de
raio-X, ultrassom, entre outros).

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ENSAIOS MECÂNICOS
b) Velocidade de aplicação da carga.
Eles são classificados como:
• Estáticos: quando a carga é aplicada lentamente, induzindo
estados de equilíbrio, caracterizando um processo quase-
estático (como por exemplo, ensaios de tração, compressão,
flexão e dureza).
• Dinâmicos: quando a carga é aplicada rapidamente ou
ciclicamente (como os ensaios de fadiga e impacto).
• Carga constante: quando a carga é aplicada durante um
longo período (como por exemplo, o ensaio de fluência).

Agora iremos nos aprofundar em cada ensaio, iniciando pelos


ensaios destrutivos.

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ENSAIO DE TRAÇÃO

COTIL/UNICAMP
Prof. Jorge Rossi Jr.
ENSAIOS DE TRAÇÃO
O ensaio de tração tem o objetivo de evidenciar como um
determinado material irá reagir ao ser uma tensão (força) que
irá alongar o corpo de prova até a sua ruptura (quebra).

A ideia é conhecer os valores das tensões de cada material. Para


isso, antes de entrarmos diretamente na realização do ensaio,
precisamos compreender a física por trás do mesmo.

Iremos ver um pouco da deformação, alongamento, cálculo da


tensão,

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ENSAIOS DE TRAÇÃO
Pense em um corpo de prova fixo em uma
de suas extremidades e na outra,
submetido a uma força (“F”). Se essa força
for axial (aplicada no sentido do eixo),
dizemos que a força é perpendicular à
seção transversal do corpo.
Como a força F está sendo aplicada para a parte de fora do
material, dizemos que está sofrendo uma força axial de tração.
A aplicação dessa força produz uma
deformação no corpo, ou seja, aumento de
seu comprimento e diminuição da sua área
da seção transversal.

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ENSAIOS DE TRAÇÃO
 

17
ENSAIOS DE TRAÇÃO
 

18
ENSAIOS DE TRAÇÃO
 

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ENSAIOS DE TRAÇÃO
Na física, existem dois tipos de deformações, a deformação
elástica e a deformação plástica.
Deformação elástica: não é
permanente. Quando é finalizado o
esforço, o material volta para a sua
forma original.

Deformação plástica: é permanente.


Quando é finalizado o esforço, o
material fica com uma deformação
residual, não retornando a sua forma
original.

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ENSAIOS DE TRAÇÃO
Na física, existem dois tipos de deformações, a deformação
elástica e a deformação plástica.
Deformação elástica: não é
permanente. Quando é finalizado o
esforço, o material volta para a sua
forma original.

Deformação plástica: é permanente.


Quando é finalizado o esforço, o
material fica com uma deformação
residual, não retornando a sua forma
original.

21
ENSAIOS DE TRAÇÃO
 

22
ENSAIOS DE TRAÇÃO
Exercício:

Sabendo que a tensão sofrida por um corpo é de 20 MPa, qual


seria o valor dessa tensão em kgf/mm²?

Neste mesmo corpo, temos uma força de 30 kgf. Qual a seção


do corpo em mm²?

23
ENSAIOS DE TRAÇÃO
Precisamos compreender agora o diagrama de tensão x
deformação. Esse diagrama apresenta a deformação que o
material sofre quando submetido a uma tensão conhecida.

Nele temos o eixo das abscissas (x) representando os valores de


deformação, indicados pela letra grega ε (épsilon) e o eixo das
ordenadas (y) representando a tensão, indicada pela letra T.

24 ε
ENSAIOS DE TRAÇÃO
Ao se analisar o diagrama, é possível conhecer as propriedades
do material. Podemos verificar a fase elástica e a fase plástica.

O ponto determinado A é chamado de limite elástico.


Ele mostra que se o ensaio for interrompido antes que a tensão
atinja o valor indicador, o corpo volta ao seu estado natural,
como um elástico.
Nesta fase, os metais obedecem a lei de Hooke.

25
ENSAIOS DE TRAÇÃO
 

26
ε
ENSAIOS DE TRAÇÃO
A lei de Hooke é valida somente até um ponto do
gráfico, representado abaixo por A’, pois a partir
desse ponto, a deformação deixa de ser
proporcional. Esse ponto é chamado de limite de
proporcionalidade.
ε

O gráfico também nos mostra uma outra


propriedade do material, chamada de
escoamento. Ele é o ponto em que finaliza a fase
elástica e se inicia a fase plástica, deformando
permanentemente o material sem que haja um ε
aumento da carga.

27
ENSAIOS DE TRAÇÃO
 

Continuando a tracionar, chegamos a ruptura


do material, onde ocorre o limite de ruptura
(C). Note que a tensão no limite de ruptura (C) C

é menor que o limite de resistência (B) devido


a diminuição da área do material quando
28 chega na carga máxima.
ε
ENSAIOS DE TRAÇÃO
A diminuição da seção transversal do corpo é que leva o
material a ruptura.
A estricção determina a ductilidade do material. Quanto maior
for a porcentagem de estricção, mais dúctil será o material.

Logo, já conseguimos analisar os principais elementos listados


no diagrama de tensão x deformação.

A Limite elástico
A’ Limite de proporcionalidade
B Limite de resistência
C Limite de Ruptura
ε

29
ε
ENSAIOS DE TRAÇÃO
Exercício:
1)Compare as regiões dos corpos de prova A
e B. Qual corpo de prova apresenta um
material dúctil e por que?

2)Analise o diagrama ao lado. Qual letra


representa a região de escoamento?
ε

3)Dois matérias (A e B) foram submetidos ao


ensaio de tração e apresentam os diagramas
ao lado. Qual dos materiais apresenta a
maior deformação permanente?
30
ε
ε
ENSAIOS DE TRAÇÃO
Já vimos sobre os principais cálculos e as análises gráficas,
agora iremos aprofundar um pouco mais sobre o ensaio.

Como mencionado anteriormente, os ensaios são


regulamentados por normas. O ensaio de tração é
regulamentado pela “NBR 6152 – Materiais Metálicos – Ensaio
de tração à temperatura ambiente”.

A norma determina vários padrões, deste termos e definições,


até ao corpo de prova, marcações em seu comprimento,
incerteza dos equipamentos, condições para a realização do
ensaio, determinação do alongamento e da tensão, entre
outros assuntos relevantes.

31
ε
ENSAIOS DE TRAÇÃO
O corpo de prova pode variar sua forma e dimensão
dependendo de onde eles são retirados.

Usualmente, eles são obtidos pela usinagem de uma amostra


do produto ou por forjamento ou fundição. Porém produtos de
seção constante (barras, fios, ets), e corpo de prova fundidos
(FoFo maleável, FoFo branco ou ligas não ferrosas) podem ser
utilizados sem o processo de usinagem.

A seção transversal pode ser circular, quadrada, retangular,


anelar ou depender da forma de onde será retirado.

32
ε
ENSAIOS DE TRAÇÃO
Para cada tipo de perfil, existe um tipo de preparação do corpo
de prova diferente. Logo, primeiro precisamos identificar o seu
formato para adequá-lo ao padrão da norma. Outras normas
internacionais podem auxiliar nesta preparação

Ele pode ter o formato de fio, barras, perfis diversos, chapas,


tubo entre outros. Alguns exemplos são:

Seção retangular

Seção circular

Seção quadrada

33 Seção hexagonal
ENSAIOS DE TRAÇÃO
O equipamento em que fazemos o ensaio se chama máquina
universal. Ela tem esse nome pois é possível realizar diversos
ensaios. Abaixo segue uma ilustração.

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ENSAIOS DE TRAÇÃO
O corpo de prova é fixo nas extremidades da máquina, em uma
posição que permite ao equipamento aplicar uma força axial
para fora, com a finalidade de aumentar seu comprimento.

Essa máquina é hidráulica, movida pela pressão do óleo e ligada


a um dinamômetro, o qual mede a força aplicada no corpo.

O registrador é um equipamento que traça o diagrama de força


deformação em um papel milimetrado, à medida em que o
ensaio é realizado.

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ENSAIOS DE TRAÇÃO
Os corpos de prova apresentam as seguintes áreas:

Parte útil: região onde são feitas as medidas das propriedades.


Cabeça: região extrema que serve para fixar o corpo a máquina.
Raio de concordância: localizado na zona de concordância, com
a ideia de evitar que a ruptura ocorra fora da parte útil do corpo
36
ENSAIOS DE TRAÇÃO
A cabeça do corpo de prova pode ser fixada de diversas formas.
Entre as mais comuns estão:

37
ENSAIOS DE TRAÇÃO
Podemos também retirar corpos de prova de materiais
soldados. Neste caso, eles determinam apenas o limite de
resistência a tração, pois o ensaio irá tracionar simultaneamente
dois materiais com propriedades diferentes (metal de base e
metal de solda).

O corpo de prova pode ser retirado no meio ou no sentido


longitudinal da solda, como podemos ver na figura abaixo.

38
ENSAIOS DE TRAÇÃO
Depois de obter o corpo de prova, precisamos medir o
comprimento da parte útil. Após isso, fazemos divisões em seu
comprimento com marcações. Essas marcações de preferência
são de 5 em 5 milímetros. Elas auxiliaram a detectar a
deformação do material. Os valores podem alterar de acordo
com o corpo de prova.

39
ENSAIOS DE TRAÇÃO
Exercícios:
1)Com base no desenho abaixo, qual letra identifica a parte útil
do corpo de prova?

2)Segundo a NBR 6152, o comprimento da parte útil é


relacionado a seção transversal, conforme a constante K. Qual é
o seu valor?

3)Qual das figuras abaixo apresenta um corpo de prova com


fixação por flange?

40
ENSAIOS DE TRAÇÃO
 

O alongamento é a primeira coisa


que iremos verificar.
O alongamento elástico pode ser
medido de forma direta, através
de um aparelho chamado
extensômetro, que é acoplado ao
corpo de prova.

41
ENSAIOS DE TRAÇÃO
Caso façamos o cálculo de alongamento, precisaremos juntar as
duas partes do corpo de prova da melhor maneira possível.

Após isso, deverá ser medido o seu comprimento final para a


execução do cálculo.

42
ENSAIOS DE TRAÇÃO
O limite elástico é de grande importância, pois precisamos
identifica-lo, para caso aplicável, a tensão não ultrapasse esse
limite, para que o material não sofra deformações permanentes.

Para a determinação dessa propriedade, iremos verificar um


método conhecido como limite Johnson. Ele foi elaborado por
um cientista em 1939.

Para elaborar esse método, precisaremos ter o diagrama de


tensão x deformação já traçado.

Agora continuaremos com os passos a seguir:

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ENSAIOS DE TRAÇÃO
1. Trace uma reta perpendicular ao
eixo das tensões, fora da região da
curva do material (reta FD).

2. Prolongue a reta da zona elástica a


partir do ponto 0, até cortar a reta
FD. O ponto em que cortar a reta FD,
deve nomeá-lo de ponto E.

3. Remarque o ponto D, onde o


seguimento FD seja 1,5 vezes maior
que o seguimento FE

44
ENSAIOS DE TRAÇÃO
4. Trace a reta 0D.

5. Trace uma reta MN paralela a 0D,


tangenciando a curva do diagrama.
Determine esse ponto de A. Trace
uma reta paralela ao eixo da
deformação para encontrar o valor
de tensão correspondente ao limite
Johnson.

45
ENSAIOS DE TRAÇÃO
O limite de escoamento é alternativa para o limite elástico em
algumas ocasiões, pois ele evidencia o inicio da deformação
permanente.

Ele pode ser obtido através da parada


do ponteiro na escala de força
durante a realização do teste ou
analisando o gráfico.

Porém em alguns metais, esse fenômeno ocorre muito rápido


ou não apresentam o escoamento.

Devido a isso, foram adotados alguns métodos para determinar


esse limite.
46
ENSAIOS DE TRAÇÃO
O valor convencionado (n) corresponde a uma porcentagem do
alongamento total do metal. Os valores de uso frequente são:

•n = 0,2% → metais e ligas metálicas em geral;


•n = 0,1% → ações ou ligas não ferrosas mais duras;
•n = 0,2% → aços-mola;

Graficamente, o limite de escoamento dos


materiais citados pode ser determinado
pelo traçado de uma linha paralela ao
trecho reto do diagrama tensão x defor-
mação, a partir do ponto n. Quando a linha
interceptar a curva, o limite de escoamento
estará determinado
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ENSAIOS DE TRAÇÃO
O limite de resistência é utilizado para a especificação dos
materiais, pois é o único valor preciso que se pode obter no
ensaio de tração e é utilizado como base de cálculo de todas as
outras tensões determinadas neste ensaio.

Por exemplo, o limite de resistência de um aço 1080 apresenta


um limite de resistência de aproximadamente 700 MPa. Ao
comparar com outros materiais, como o aço 1020, ele apresenta
limite de 400 MPa, ou seja, 300 MPa abaixo do outro aço.

Esses valores servirão de base para o controle de qualidade das


ligas.

48
ENSAIOS DE TRAÇÃO
O limite de ruptura é difícil de se determinar.

Não existe uma forma de parar o ponteiro da força no instante


exato em que ocorre a ruptura.

Além disso, o limite de ruptura não serve para caracterizar o


material, pois quanto mais dúctil ele é, mais se deforma antes
de ocorrer a ruptura.

A estricção (Z) é uma medida da  


ductilidade do material. Ela pode ser
calculada pela seguinte formula.

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ENSAIO DE COMPRESSÃO

COTIL/UNICAMP
Prof. Maicon Carlos Barbosa
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Assim como o ensaio de tração, no ensaio de compressão é feito
um esforço axial, porém no ensaio de compressão, tende a
provocar um encurtamento do corpo de prova.

No ensaio de compressão, o
corpo de prova é submetido
a uma força axial para
dentro, distribuída de forma
uniforme em toda a seção
transversal do corpo

51
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Ele também é executado na máquina universal de ensaios, com
a adaptação de duas placas lisas, sendo uma fixa e outra móvel,
e entre elas é apoiado o corpo de prova e mantido firme
durante o processo de compressão.

Neste ensaio, da mesma forma que no ensaio de tração, o corpo


é submetido a um esforço e sofre uma deformação, podendo ela
ser elástica ou plástica.

Ele é usado principalmente quando se deseja conhecer o


comportamento de um material quando submetido a
deformações grandes e permanentes, como ocorre em
aplicações de fabricação ou quando o material é frágil sob
tração.
52
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Na fase elástica, o corpo volta ao tamanho original quando se
retira a carga de compressão.

Na fase plástica, o corpo retém uma deformação residual após


ser descarregado

53
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Utilizamos também a lei de Hooke. Na compressão as fórmulas
para cálculo de tensão, deformação e módulo de elasticidade
são semelhantes.

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ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Exercício:

Um corpo de prova de aço com diâmetro de 20mm e


comprimento de 60 mm será submetido a um ensaio de
compressão.

Se for aplicada uma força de 100.000N, qual a tensão absorvida


pelo corpo de prova (T) e qual será a deformação do mesmo (ε)?
O módulo de elasticidade do aço é igual a 210.000 MPa.

     

55
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
O ensaio de compressão não é muito utilizado em metais em
razão de dificuldades para medir as propriedades avaliadas. Os
valores numéricos são de difíceis verificações e podem levar a
erros.

Um dos problemas que sempre ocorre no ensaio de compressão


é o atrito entre o corpo de prova e a placa da máquina.

A deformação lateral do corpo é barrada pelo atrito e para


diminuir esse problema, é necessário revestir as faces superior e
inferior do corpo de prova com matérias de baixo atrito (como
por exemplo, parafina e teflon).

56
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Para auxiliar, podem ser feitos sulcos usinados na base do
material para reter o material de lubrificação utilizado.

Devido ao ensaio, o material terá o comportamento abaixo,


chamado de efeito barril.

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ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Outro problema que é comum ocorrer é a flambagem. Ela é um
encurvamento do corpo de prova. Isso pode ocorrer da
instabilidade na compressão do metal dúctil.

Ela ocorre principalmente em corpos de prova em que o


comprimento é maior em relação ao diâmetro. Por esse motivo,
dependendo do grau de ductilidade do material, é necessário
limitar o seu comprimento, que deve ter de 3 a 8 vezes o valor
do seu diâmetro. Para evitar a flambagem, precisamos ter as
placas paralelas.

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ENSAIOS DE COMPRESSÃO
A flambagem pode ocorrer de diversas formas, como podemos
observar na figura abaixo.

59
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Deve-se evitar a flambagem do corpo de prova, que pode
ocorrer devido a:

•Instabilidade elástica causada pela falta de unixialidade na


aplicação da carga

•Comprimento excessivo do corpo de prova

•Torção do corpo de prova no momento inicial de aplicação da


carga

60
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Nos materiais dúcteis, a compressão vai provocando uma
deformação na lateral do corpo. Essa deformação prossegue
com o ensaio, até o corpo de transformar em um disco, sem que
ocorra a ruptura.

O ensaio de compressão em materiais dúcteis fornece apenas as


propriedades mecânicas referentes a zona elástica.

61
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Na figura abaixo, conseguimos ver a diferença de um ensaio de
compressão com metais dúcteis (a) e metais frágeis (b).

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ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Abaixo temos alguns exemplos de corpo de prova sem aplicação
do ensaio e a diferença do corpo de prova em relação aos
materiais dúcteis e frágeis.

63
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
As propriedades mecânicas mais avaliadas por meio desse
ensaio são: limite de escoamento, limite de resistência, limite
de proporcionalidade e módulo de elasticidade.

Para definir o limite de escoamento quando o material ensaiado


não apresenta um patamar de escoamento nítido, se adota um
deslocamento da origem (0 do gráfico) no eixo da deformação
de 0,002% ou 0,2% em relação a deformação e é construída
uma reta paralela à região elástica do gráfico.

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ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Em materiais frágeis, a fase elástica é muito pequena, tornando
difícil de determinar com precisão as propriedades relativas a
esta fase.

A única propriedade mecânica que é avaliada nos ensaios de


compressão de materiais frágeis é o seu limite de resistência à
compressão.

O limite de resistência é a tensão máxima que o material pode


suportar antes que aconteça a fratura. Essa tensão máxima é
determinada dividindo a carga máxima aplicada pela área da
seção inicial do corpo de prova.

65
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Os materiais extremamente dúcteis raramente são submetidos
ao ensaio de compressão, pois a amostra é submetida a esforços
de atrito junto às placas da máquina na tentativa de
deformação, dando origem a um complicado estado de tensões.

Durante a compressão, o material dúctil se expande na direção


radial entre as placas da máquina.

Porém as faces do corpo de prova que estão em contato direto


com a placa sofrem uma resistência que se opõe ao escoamento
do material, do centro para as extremidades, devido às forças de
atrito que atuam nessas interfaces.

66
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Durante a realização do ensaio, devemos monitorar
continuamente a aplicação da carga e o deslocamento das
placas ou deformação do corpo de prova.

Para isso, algumas precauções devem ser tomadas para a


determinação correta das propriedades.

•As faces das placas de carga e do corpo de prova devem ser


limpas e o corpo de prova deve ser cuidadosamente
centralizado na placa que contém referencias guias.

•A carga deve ser aplicada continuamente a uma velocidade de


0,3 a 0,8 Mpa por segundo. Não podemos fazer nenhum ajuste
enquanto o corpo de prova estiver se deformando.
67
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Exercício:

Qual o limite de resistência à compressão de um material que


tem 400 mm² de área da seção transversal e se que se rompeu
com uma carga de 760 kN?

68
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
O ensaio de compressão pode ocorrer também em produtos
acabados, como tubos e molas.

Nos tubos, consiste em colocar uma


amostra do tubo deitada entre as
placas da máquina de compressão e
aplicar carga até achatar a amostra.

A distância entre as placas, que varia de acordo com o tubo,


deve ser registrada. O resultado é avaliado pelo aparecimento
ou não de fissuras, ou seja, rachaduras.

É possível avaliar qualitativamente a ductilidade do material, do


tubo e do cordão de solda, pois quanto mais o tubo de deformar
69 sem trinca, mais dúctil será o material.
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Já no ensaio de molas, o ensaio é utilizado para determinar a
constante elástica de uma mola, ou para verificar sua
resistência, ou seja, a capacidade do material sujeito a uma
determinada carga, faz-se o ensaio de compressão.

Para determinar a constante da mola, é feito um gráfico tensão


x deformação, obtendo-se um coeficiente angular que é a
constante da mola, ou seja, o módulo de elasticidade.
Por outro lado, para verificar
a resistência da mola, aplica-
se cargas predeterminadas e
mede-se a altura da mola
após cada carga.
70
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Uma das normas técnicas mais utilizadas para o ensaio de
compressão é a ASTM E9, onde são verificadas algumas
precauções quanto a realização do ensaio, como:

•Durante o ensaio, tanto a aplicação da carga quanto o


deslocamento das placas ou a deformação do corpo devem ser
monitoradas continuamente

•A flambagem exige um cuidado especial, pois ela pode ocorrer


em função dos seguintes fatores: instabilidade elástica causada
pela falta de uniaxialidade na aplicação da carga, comprimento
excessivo do corpo de prova, e torção do corpo de prova no
momento inicial de aplicação da carga

71
ENSAIOS DE COMPRESSÃO
• Os corpos de prova deverão ser preferencialmente
confeccionados na forma cilíndrica e divididos em três
categorias, para o caso de materiais metálicos: curtos,
médios e longos, conforme suas dimensões, apresentadas na
a seguir. No caso de chapas, podem-se utilizar corpos de
prova com dimensões retangulares e/ou quadradas.

• Normalmente, as velocidades de ensaio ou deslocamento são


da ordem de 0,005mm/mm.min

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ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Para materiais dúcteis, como o cobre, por exemplo, em relação
ao aspecto da fratura, apresentam uma deformação excessiva,
que resulta em uma dilatação transversal pronunciada,
causando um aumento irregular no seu diâmetro, maior na
região central e menor na região em contato com as placas da
máquina de ensaio, conferindo-lhes a forma de barril, como
verificada anteriormente.

Em materiais frágeis, a ruptura ocorre nos planos de máximas


tensões cortantes, normalmente a 45° do eixo de aplicação da
carga, como nos casos de ferro fundido e do concreto.

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ENSAIOS DE COMPRESSÃO
Abaixo temos um diagrama tensão x deformação comparativo
de ferro fundido em tração e compressão.

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ENSAIO DE DOBRAMENTO /
FLEXÃO

COTIL/UNICAMP
Prof. Maicon Carlos Barbosa
ENSAIOS DE DOBRAMENTO - FLEXÃO

O ensaio de dobramento também é chamado de ensaio de


flexão. Logo entenderemos a diferença de nomenclatura.

Como podemos observar nas figuras abaixo, a figura da


esquerda apresenta um corpo apoiado em suas extremidades e
a figura da direita mostra um corpo fixo em apenas uma
extremidade, deixando a extremidade oposta livre.

Esses dois corpos estão sofrendo a ação de uma força F, que age
na direção perpendicular aos eixos dos corpos.
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ENSAIOS DE DOBRAMENTO - FLEXÃO

A força F faz uma região do corpo de prova se contrair, devido à


compressão, enquanto a outra região se alonga, devido à tração.
Entre essas regiões existe uma linha, onde mantém a dimensão
do corpo inalterada para materiais homogêneos. Essa linha é
chamada de linha neutra.

77
ENSAIOS DE DOBRAMENTO - FLEXÃO

Quando a força provoca somente uma deformação elástica no


material, ou seja, o material retorna a sua condição original,
dizemos que se trata de um esforço de flexão.

Quando a força provoca uma deformação plástica no material,


ou seja, o material não retorna a sua condição original, dizemos
que se trata de um esforço de dobramento.

Devido a isso, podemos utilizar essas duas nomenclaturas.

Elas representam etapas diferentes da aplicação de um mesmo


esforço, sendo a flexão associada a fase elástica e o
dobramento a fase plástica.

78
ENSAIOS DE DOBRAMENTO - FLEXÃO

Em algumas aplicações industriais com materiais de alta


resistência, é muito importante conhecer como o material irá
reagir quando submetido a esforços de flexão. Neste caso, o
ensaio é interrompido no final da fase elástica e são analisadas
as propriedades mecânicas dessa fase

Quando se trata de materiais dúcteis, é prioritário conhecer


como o material suporta o dobramento. Neste caso, é feito
diretamente o ensaio de dobramento, que fornece apenas os
dados qualitativos.

79
ENSAIOS DE DOBRAMENTO - FLEXÃO

O ensaio de flexão e o ensaio de dobramento utilizam


praticamente a mesma montagem, adaptada para a máquina
universal de ensaios.

•Apresenta dois roletes, com


diâmetros determinados em função
do corpo de prova, que funcionam
como apoios, afastados entre si em
uma distância pré –estabelecida.
•Um cutelo (martelo) semicilíndrico,
ajustado à parte superior da máquina.

80
ENSAIOS DE DOBRAMENTO - FLEXÃO

Os ensaios podem ser feitos em corpos de prova ou em


produtos, preparados de acordo com as normas técnicas
específicas.

Mesmo que os ensaios de dobramento e de flexão utilizem a


mesma máquina e os mesmos dispositivos, na prática não é
normal que os dois ensaios sejam feitos juntos.

Devido a isso, iremos aprofundar um pouco mais em cada um


dos ensaios, para compreender eles separadamente.

81
ENSAIOS DE DOBRAMENTO
O ensaio de dobramento consiste em dobrar o corpo de prova,
que normalmente se encontra no formato de eixo retilíneo e
com seção circular (sendo maciça ou tubular), retangular ou
quadrada, assentado em dois apoios – como visto
anteriormente – afastados a uma distância especificada, de
acordo com o tamanho do corpo de prova.

Através do cutelo, aplica-se um esforço perpendicular ao eixo do


corpo de prova até que seja atingido o ângulo desejado.

82
ENSAIOS DE DOBRAMENTO
Neste ensaio, na maioria das vezes, o valor da carga não
importa.
A severidade do ensaio aumenta com a redução do diâmetro do
cutelo. Geralmente esse diâmetro é função do diâmetro do
corpo de prova ou da espessura dele. O ângulo de dobramento
também determina a severidade do ensaio. Geralmente
trabalha-se com ângulos de 90, 120 ou 180°.

Ao se atingir o ângulo determinado, é examinado a zona


tracionada a olho nu, para verificar se a área apresenta trincas
fissuras ou fendas.

Caso o material apresenta as falhas citadas acima, o material


será reprovado no ensaio.
83
ENSAIOS DE DOBRAMENTO
Para o processo de dobramento existem dois processos, o
dobramento livre e o dobramento semiguiado.

Dobramento livre: é obtido pela


aplicação de força nas extremidades do
corpo de prova. Não há aplicação de
força no ponto máximo de dobramento.

Dobramento semiguiado: o dobramento


vai ocorrer em uma região determinada
pela posição do cutelo.

84
ENSAIOS DE DOBRAMENTO
Para a construção civil, esse ensaio é de extrema importância
para as barras de aço, pois elas devem suportar a dobramentos
severos durante a sua utilização e também devem apresentar a
resistência mecânica necessária. Essas informações são
importantes e são normalizadas e classificadas conforme
normas técnicas.

Neste caso, as barras são dobradas até atingir o ângulo de 180°


com o cutelo de dimensão especificada para cada tipo de aço
utilizado. O dobramento normalmente é do tipo semiguiado.

A aprovação da barra é dada pela ausência de fissuras ou fendas


na área tracionada do corpo de prova.

85
ENSAIOS DE DOBRAMENTO
Em corpos de prova soldados, retirados de chapas ou tubos
soldados, é realizado geralmente para a qualificação do
soldador e para avaliação do processo de solda.

Na avaliação de qualidade da solda, costuma-se medir o


alongamento da face da solda. O resultado serve para
determinar se a solda é apropriada ou não para a aplicação da
peça.

86
ENSAIOS DE DOBRAMENTO
A avaliação dos resultados é feita por meio de normas técnicas.
Por exemplo, a norma ASME, seção IX, Item QW-163 irá
especificar que o ensaio é aceitável se não ocorrer trincas e
descontinuidades maiores que 3,2mm na solda ou entre a zona
de ligação, medidos em qualquer direção.

Trincas com origem a partir das bordas do corpo de prova


ensaiado devem ser desconsideradas, a menos que evidenciem
a presença de outra descontinuidade.

87
ENSAIOS DE DOBRAMENTO
Embora o ensaio de dobramento forneça apenas resultados
qualitativos (verificar o comportamento ao invés de medir os
valores), o ensaio é um meio bastante simples e eficaz para
detectar problemas metalúrgicos e de compacidade que podem
afetar o comportamento dos materiais em serviço.

Devido a sua simplicidade, o ensaio de dobramento é


grandemente utilizado nas indústrias e laboratórios com o
objetivo de verificar a capacidade de deformação do material,
na detecção de defeitos de compacidade e metalúrgicos e para
obter valores comparativos de ductilidade dos materiais.

88
ENSAIOS DE DOBRAMENTO
Os parâmetros do ensaio, tais como dimensões do corpo de
prova, distância dos apoios, diâmetro do cutelo, ângulo de
dobramento e os critérios de aceitação do material são
definidos por normas ou códigos de fabricação.

Uma das normas que utilizamos é a ABNT NBR ISO 7438:2016 -


Ensaio de dobramento.

89
ENSAIOS DE DOBRAMENTO
Quando fazemos o ensaio de dobramento em materiais frágeis,
encontramos uma dispersão muito elevada de resultados.

Entre as causas está a ruptura prematura pela própria


característica frágil do material.

Entretanto, é possível utilizar um procedimento do teste para


determinar as características de flexão do material (parte
elástica). Logo, para materiais frágeis, o ensaio de dobramento
torna-se um ensaio de flexão.

90
ENSAIOS DE DOBRAMENTO
É normal aplicar o teste para materiais como ferro fundido
cinzento, aços ferramenta e carbonetos sinterizados.

Esses corpos de prova de seção transversal retangular ou


circular, são submetidos a carregamento transversal como no
dobramento convencional que vimos.

A carga é aumentada lentamente até que ocorra a ruptura.

91
ENSAIOS DE FLEXÃO
O ensaio de flexão pode ser realizado em materiais frágeis e em
materiais resistentes, como o caso do ferro fundido, aços,
estruturas de concreto e outros materiais, que em seu uso são
submetidos a situações onde o principal esforço é a flexão.

A realização do teste é bem semelhante ao já visto no ensaio de


dobramento, porém para o ensaio de flexão é colocado um
extensômetro no centro do corpo de prova na sua parte interior,
para que seja encontrado a medida da deformação, que neste
caso chamamos de flexa (f), correspondente à posição de flexão
máxima.

92
ENSAIOS DE FLEXÃO
Nos materiais frágeis, as flechas medidas são muito pequenas.
Consequentemente, para determinar a tensão de flexão,
utilizamos a carga que provoca a fatura do corpo de prova.

Ou seja, para esse teste, a carga aplicada volta a ser de extrema


importância para o seu resultado e para a sua análise.

Além disso, o ensaio de flexão nos fornece dados que nos


permite avaliar diversas propriedades mecânicas do material.

Uma dessas propriedades que temos a condição de analisar é a


tensão de flexão.

93
ENSAIOS DE FLEXÃO
Mas antes, precisamos entender como é calculada a tensão de
flexão. Ela é baseada no momento fletor. Vamos ao exemplo

A barra abaixo está apoiada em dois pontos. Se aplicarmos um


esforço próximo a um dos apoios, a flexão da barra será
pequena. Se aplicarmos o mesmo esforço no ponto central da
barra, a flexão será máxima.

94
ENSAIOS DE FLEXÃO
Logo, a flexão da barra não depende somente da força, mas
também da distância onde a força é aplicada em relação ao
ponto de apoio.

O produto da força pela distância do ponto de aplicação da força


é o que chamamos de momento, neste caso da flexão, o
momento fletor (Mf).

No ensaio de flexão, a força é sempre aplicada na região média


do corpo de prova e se distribui uniformemente pelo corpo. Na
fórmula para calcular o momento fletor, considera-se a metade
do valor da força (1) e a metade do comprimento útil do corpo
(2).
   
(1) (2)
95
ENSAIOS DE FLEXÃO
A fórmula matemática para calcular o momento fletor (Mf) é:
 

Outro elemento importante é o momento de inércia da seção


transversal (J). A forma do material influencia muito sua
resistência a flexão.

A forma do material influencia muito a resistência do mesmo a


flexão.

Vamos a um exemplo para nos ajudar no entendimento.

96
ENSAIOS DE FLEXÃO
Imagine a seguinte experiência:

Consiga uma régua de plástico ou de madeira e coloque-a


deitada sobre dois pontos de apoio. Após isso, aplique uma
força na parte central da régua, como a figura abaixo.

97
ENSAIOS DE FLEXÃO
Agora com a mesma régua, faça a mesma experiência, porém
apoiando-a em pé, como mostra a figura abaixo.

Aplique a mesma força feita anteriormente e verifique se a flexa


está presente da mesma forma.

98
ENSAIOS DE FLEXÃO
No primeiro caso, tivemos uma grande flexão, porém no
segundo, a flexão foi quase nula.

Isso acontece porque alteramos a forma da superfície sobre a


qual estava sendo aplicada a força. Para cada formato, existe um
momento de inércia diferente. Os formatos mais utilizados são
calculado através das fórmulas abaixo:
 
•Para seção circular:

 
•Para seção retangular:

99
ENSAIOS DE FLEXÃO
Agora precisamos compreender o módulo de resistência da
seção transversal (W). É uma medida de resistência em relação a
um momento. Esse módulo significa para a flexão o mesmo que
a área da seção transversal significa para a tração.

O valor do módulo é conhecido dividindo o valor do momento


de inércia (J) pela distância da linha neutra à superfície do corpo
de prova (c).  

No corpo de prova de seção circular de materiais homogêneos,


a distância c equivale a metade do diâmetro. Em seções
retangulares ou quadradas, considera-se a metade do valor da
altura.
100
ENSAIOS DE FLEXÃO
Com todas as informações passadas, agora podemos apresentar
a fórmula para o cálculo da tensão de flexão (TF).
 

Uma vez realizado o ensaio, podemos substituir os dados da


fórmula acima. , deixando-a assim:

101
ENSAIOS DE FLEXÃO
O valor da carga obtida no ensaio varia conforme o material seja
dúctil ou frágil.

Para os materiais dúcteis, consideramos a força obtida no limite


de elasticidade.

Para os materiais frágeis, consideramos a força registrada no


limite de ruptura do corpo de prova.

102
ENSAIOS DE FLEXÃO
Outras informações que conseguimos obter no ensaio de flexão
é a flexa máxima e o módulo de elasticidade.

A flexa máxima (f) pode ser obtida diretamente pelo


extensômetro ou calculada através da fórmula.
 

A fórmula para o cálculo do módulo de elasticidade (E) é:


 

103
ENSAIOS DE FLEXÃO
Exemplo:

Efetuado um ensaio de flexão num corpo de prova de seção


circular, com diâmetro de 50mm e 685mm de comprimento,
registrou-se uma flexa de 1,66mm e a carga aplicada ao atingir o
limite elástico foi de 1.600 N. Calcule:

a)Tensão de flexão (TF)

b)Módulo de elasticidade (E)

104
ENSAIOS DE FLEXÃO
Vamos iniciar determinando a tensão de flexão. Para isso,
precisamos analisar a fórmula:

Conhecemos o valor de F (1.600 N), o valor de L (685 mm) e o


valor de c (25 mm). Porém ainda não temos o valor do módulo
de inércia da seção transversal (J). Como o nosso corpo de prova
é de seção circula, temos o seguinte cálculo:

105
ENSAIOS DE FLEXÃO
Agora podemos calcular a tensão de flexão. Basta substituir as
variáveis pelos valores que conhecemos.

106
ENSAIOS DE FLEXÃO
Já calculamos o valor da tensão de flexão. Agora precisamos
calcular o módulo de elasticidade (E). Uma vez que já
conhecemos todos os valore, agora é somente a fórmula.

107
ENSAIO DE CISALHAMENTO

COTIL/UNICAMP
Prof. Maicon Carlos Barbosa
ENSAIO DE CISALHAMENTO
O ensaio de cisalhamento é feito para identificar a resistência do
material à cortes. Para esse ensaio, as forças são aplicadas no
eixo perpendicular do corpo de prova, diferentemente do visto
no ensaio de tração e compressão.

Esse ensaio é importante principalmente para o processo de


estamparia em que envolve o corte de chapas, uniões de chapas
por solda, rebite ou parafuso, onde a força cortante é o
principal esforço que as uniões vão ter de suportar.

É através do ensaio de cisalhamento que determinamos a


resistência ao cisalhamento de cada material.

109
ENSAIO DE CISALHAMENTO
A forma em que o produto se encontra afeta diretamente o
resultado do ensaio. Devido a esta razão, frequentemente o
ensaio de cisalhamento é feito em produtos acabados, como
rebites, parafusos, pinos, cordões de solda, barras e chapas.
Esse é um motivo pelo qual não existe um padrão para o seu
corpo de prova.

Da mesma forma que os ensaios anteriores, a velocidade de


aplicação da carga deve ser lenta, para não afetar o resultado do
ensaio.

Normalmente é realizado o ensaio na máquina universal de


ensaios, adaptando-se alguns dispositivos para conseguir a força
cortante.
110
ENSAIO DE CISALHAMENTO
Para o ensaio de pinos, rebites e parafusos, é
utilizado um dispositivo semelhante aos
representados ao lado.

Esse dispositivo é fixado na máquina de ensaios


e os rebites, parafusos ou pinos são inseridos
entre duas partes móveis.

Ao aplicar uma tensão de tração ou


compressão no dispositivo fixado à máquina
universal de ensaio, é transmitido uma força
cortante para a seção transversal do produto
ensaiado. Essa força é aumentada até que
ocorra a ruptura do corpo.
111
ENSAIO DE CISALHAMENTO
No caso de ensaio de solda, utiliza-se corpo de prova
semelhante ao mostrado anteriormente. No lugar dos pinos,
parafusos ou rebites, é utilizado uma junção soldada.

Para o ensaio de barras, utiliza-se o


dispositivo ao lado.

No caso de chapas, é utilizado um


dispositivo de estampo para corte,
como mostrado ao lado, com o
punção cilíndrico.

112
ENSAIO DE CISALHAMENTO
Para determinar a tensão de cisalhamento, ou seja, o valor da
força que provoca a ruptura da seção transversal do corpo de
prova, usaremos a fórmula a seguir:
 

Onde:
TC → tensão de cisalhamento
F → força cortante
S → seção transversal (área do corpo).

113
ENSAIO DE CISALHAMENTO
Exercício:

Observe a peça abaixo. Ela apresenta um rebite de 20mm de


diâmetro que será usado para unir duas chapas de aço, devendo
suportar um esforço cortante de 29400 N. Qual a tensão de
cisalhamento sobre a seção transversal do rebite?

   

114
ENSAIO DE CISALHAMENTO
Uma curiosidade. Ao realizar sucessivos ensaios de
cisalhamento, mostrou-se que existe uma relação constante
entre a tensão de cisalhamento e a tensão de tração.

Na prática, considera-se que a tensão de cisalhamento (TC)


equivale a 75% da tensão de tração (T).

Devido a essa relação, em muitos casos, em vez de realizar o


ensaio de cisalhamento, que exige dispositivos específicos,
utiliza-se os dados do ensaio de tração, que são facilmente
disponíveis.

115
ENSAIO DE CISALHAMENTO
Em inúmeras ocasiões, precisaremos resolver a quantidade de
rebites, parafusos ou pinos que utilizaremos nos projetos para
unir duas chapas sem que ocorra o cisalhamento do material.

Sabemos que a tensão de cisalhamento de cada rebite suporta é


igual a:  

Ainda não temos a quantidade necessária para suportar tal


força. Devido a isso, usaremos o número de rebites como a
variável n. Logo, a tensão será distribuída pela área de cada
rebite, multiplicada pelo número de rebites utilizados.
 

116
ENSAIO DE CISALHAMENTO
Isolando o n, que é a variável que queremos descobrir,
chegamos a fórmula para o cálculo do número de rebites:
 

Agora, com essas informações, iremos fazer um exemplo para


verificarmos a utilização das fórmulas.

117
ENSAIO DE CISALHAMENTO
Sabendo que para a montagem abaixo, sabemos que:
•As chapas suportarão uma força cortante (F) de 20 kN;
•O diâmetro (D) de cada rebite é de 4 mm
•A tensão de tração (T) suportada por cada rebite é de 650 MPa;

Logo, sabemos que a tensão de cisalhamento (TC) corresponde


a 75% da tensão de tração.

118
ENSAIO DE CISALHAMENTO
 

 
119
ENSAIO DE CISALHAMENTO
Exercício:

1)Um rebite é usado para unir duas chapas de aço. O diâmetro


do rebite é de 6 mm e o esforço cortante é de 10.000 N. Qual a
tensão de cisalhamento no rebite.

2)Duas chapas de aço deverão ser unidas por meio de rebites.


Sabendo que as chapas deverão resistir a uma força cortante de
30 kN e que o número máximo de rebites que podemos colocar
na junção é 3, qual deverá ser o diâmetro de cada rebite? Utilize
a tensão de tração do material do rebite igual a 650 MPa.

120
ENSAIO DE EMBUTIMENTO

COTIL/UNICAMP
Prof. Maicon Carlos Barbosa
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
O ensaio de embutimento é feito antes do processo de
estamparia com a finalidade de validar a matéria prima e
verificar se será possível conformar o material para chegar na
dimensão solicitada através das propriedades mecânicas e
estruturais das peças.

A operação de estampagem é dividida em dois tipos de


deformação, o estiramento que é o afinamento da chapa e a
estampagem/embutimento que é arraste da chapa para dentro
do punção.

122
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
A ductilidade (capacidade de estirar-se sem se romper, flexível,
elástico) é uma característica básica para que o produto possa
ser estampado. Mas a chapa pode apresentar diversas
pequenas heterogeneidades que podem afetar o resultado do
ensaio, diferente de outros ensaios como o de tração ou de
compressão. Ao se deformar a frio, a chapa pode apresentar
pequenas trincas devido a essa heterogeneidade.

Além de trincas, a peça pode apresentar diversos outros


problemas, como enrugamento, distorção, textura superficial
rugosa, fazendo lembrar o aspecto de uma casca de laranja.
Todas as falhas são relacionadas a matéria-prima.

O ensaio de embutimento foi desenvolvido para evitar as falhas


123 antes do processo.
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
Trincas

Enrugamento

Distorção

Textura superficial rugosa


(casca de laranja)
124
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
Esse tipo de ensaio vai seguir algumas normas. As principais
utilizadas são:

•ASTM E643-84:1995 – Método de teste padrão para


deformação com punção esférico em material de chapa
metálica (Standard Test Method for Ball Punch Deformation of
Metallic Sheet Material)

•ISO 20482:2013 – Materiais metálicos – Chapas e tiras –


Ensaio de embutimento Erichsen (Metallic materials — Sheet
and strip — Erichsen cupping test)

•NBR 16281:2014 - Determinação do índice de embutimento


em chapas de aço pelo método Erichsen
125
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
O ensaio de embutimento reproduz , em condições controladas,
a estampagem de uma cavidade previamente estabelecida.

O ensaio permite deformar o material quase na mesma


condição obtida pelo processo de estampagem, porém de
maneira controlada, para minimizar a variação nos resultados.

126
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
Porém antes de começarmos a falar do ensaio de embutimento,
precisamos compreender como funciona o processo de
estampagem.

No processo de estampagem, ocorre simultaneamente o


estiramento do material e o embutimento.

Estiramento Embutimento

127
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
Agora, iremos ver a diferença entre o estiramento e o
embutimento.

No estiramento, o recorte (blank) fica preso em sua periferia e a


profundidade é atingida às custas da espessura da chapa,
gerando um afinamento na espessura da chapa.

Já no embutimento, permite-se que o recorte (blank) se mova


para dentro da matriz e a espessura permanece nominalmente
a mesma.

128
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
Existem alguns ensaios padronizados para avaliar a capacidade
de estampagem de chapas.

Os mais utilizados são os ensaios de embutimento Erichsen e


Olsen.

Eles são ensaios qualitativos e, devido a isso, os resultados


obtidos constituem apenas uma indicação do comportamento
do material durante o processo de estampagem.

129
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
O ensaio é realizado por meio de dispositivos acoplados a um
equipamento que transmitirá força. Pode ser feito na máquina
universal, adaptada com os dispositivos próprios, ou em uma
máquina específica para este ensaio.

A chapa é presa entre a matriz e um anel


de fixação, que tem o objetivo de impedir
que o material deslize para dentro da
matriz. Depois, um punção aplica uma
carga que força a chapa a se abaular até
que a ruptura aconteça.

Um relógio mede a penetração do punção na chapa e o


resultado do ensaio é a medida da profundidade do copo
130 formado pelo punção no momento de ruptura.
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
Ao acontecer a ruptura, a chapa faz um estalo característico e o
dinamômetro ligado ao punção sofre uma queda brusca.

Além de verificar a profundidade do copo, a análise da


superfície externa da chapa permite verificar se ela é perfeita ou
se fica rugosa devido à granulação, por ter sido usado um
material inadequado.

131
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
No ensaio de Erichsen, o punção tem cabeça esférica de 20mm
de diâmetro e a carga aplicada no anel de fixação é de
aproximadamente 1.000 kgf.

O atrito entre o punção e a chapa pode afetar o resultado do


ensaio. Por isso, o punção deve ser lubrificado com graxa
grafitada, de composição determinada em norma técnica, para
que o nível de lubrificação seja o mesmo.
132
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
Existem diversas especificações de chapas de conformação a
frio, que estabelecem um valor mínimo para o índice Erichsen,
de acordo com a espessura da chapa ou de acordo com o tipo
de estampagem pelo qual a chapa foi produzida (média,
profunda ou extra profunda).

A altura h do copo é o índice Erichsen de embutimento.

133
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
O ensaio Olsen utiliza um punção esférico de 22,2mm de
diâmetro, diferente do ensaio Erichsen, e usam discos de 76mm
de diâmetro.

Olsen verificou que supostamente duas chapas semelhantes,


com a mesma medida do copo, precisam de cargas diferentes
para serem deformadas. Uma necessitava de carga diferente,
porém para o mesmo resultado de deformação.

134
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
Para Olsen é necessário medir o valor da carga no instante da
trinca.

Isso é importante porque em uma operação de estampagem,


deve-se dar preferência a chapa que se deforma sobre a ação de
menor carga, de modo a não sobrecarregar e danificar o
equipamento de prensagem.

135
ENSAIOS DE EMBUTIMENTO
Abaixo temos uma figura ilustrando as principais diferenças
entre o ensaio Erichsen e Olsen.

Como vimos, em ambos podemos utilizar os mesmos


equipamentos, porém com uma diferença do punção e da
abertura da matriz.

136
ENSAIO DE TORÇÃO

COTIL/UNICAMP
Prof. Maicon Carlos Barbosa
ENSAIOS DE TORÇÃO
Como o próprio nome já diz, neste ensaio, iremos estudar o
comportamento do material quando submetido ao esforço de
torção.

Esse assunto interessa muito mais do que parece em primeira


vista, porque vivemos rodeados por situações em que os
esforços de torção estão presentes.

Por exemplo, já aconteceu de estar apertando um parafuso e


ficar com dois pedaços de parafuso na mão? O esforço de torção
é o responsável por estragos como esse.

138
ENSAIOS DE TORÇÃO
Outro caso que pode aparecer bastante o esforço de torção é
em um virabrequim de automóvel, em eixos de máquinas,
polias, molas helicoidais e brocas.

Esses materiais quebram normalmente porque não resistiram


ao esforço de torção.

139
ENSAIOS DE TORÇÃO
A torção é diferente da compressão, tração e do cisalhamento,
porque nestes casos, o esforço aplicado é no sentido
longitudinal ou transversal. Na torção, o esforço é aplicado no
sentido de rotação.

A execução do ensaio de torção é relativamente simples, porém


para obter as propriedades do material são necessários cálculos
matemáticos.

Como na torção uma parte do material esta sendo tracionada e


outra comprimida, em casos de rotina, podemos usar os dados
do ensaio de tração para prever como o material ensaiado irá se
comportar quando sujeito a torção.

140
ENSAIOS DE TORÇÃO
Agora vamos ao conceito de torção e rotação. Pensemos num
corpo cilíndrico, preso por uma das suas extremidades.

Imagine que este corpo passe a sofrer a ação de uma força de


rotação aplicada na extremidade solta do corpo.

141
ENSAIOS DE TORÇÃO
O corpo tenderá a girar no sentido da força e, como a outra
extremidade está engastada (presa / apoiada), ela sofrerá uma
torção sobre seu próprio eixo. Se um certo limite de torção for
ultrapassado, esse corpo de prova se romperá.

Uma situação que nos ajude a entender melhor é o eixo de


transmissão dos caminhões. É um ótimo exemplo para ilustrar
como é a atuação desse esforço.

142
ENSAIOS DE TORÇÃO
Uma ponta do eixo está ligada à roda, por meio do diferencial
traseiro. A outra ponta está ligada ao motor, por intermédio da
caixa de câmbio.

O motor transmite uma força de rotação a uma extremidade do


eixo. Na outra extremidade, as rodas oferecem resistência ao
movimento.
143
ENSAIOS DE TORÇÃO
Como a força que o motor transmite é maior que a força
resistente da roda, o eixo tende a girar e por consequência, a
movimentar a roda.

Esse esforço provoca uma deformação elástica no eixo, como


podemos verificar na figura abaixo.

144
ENSAIOS DE TORÇÃO
Analisando com atenção a figura anterior, observamos:

• D é o diâmetro do eixo

• L é o comprimento do eixo

• A letra grega minúscula φ (fii) é o


ângulo de deformação longitudinal.

• A letra grega minúscula θ (teta) é o


ângulo de torção, medido na seção
transversal do eixo

• No lugar da força de rotação, aparece


um elemento novo, o Mt, que
145 representa o momento torsor.
ENSAIOS DE TORÇÃO
Agora precisamos entender o que é o momento torsor e como
ele age nos esforços de torção.

Já aconteceu de você ter que trocar o pneu de um carro com


uma chave de boca com o braço curto? É capaz de você ter
dificuldades em soltar os parafusos da roda quando estiver com
esse tipo de chave.

146
ENSAIOS DE TORÇÃO
Um artifício simples ajuda a reduzir bastante a dificuldade em
realizar essa tarefa. Basta encaixar um cano na haste da chave,
de modo que a alongar o comprimento do braço (c).

Fica claro que o alongamento do braço da chave é o fator que


facilita o afrouxamento dos parafusos, sob efeito do momento
da força aplicada.

147
ENSAIOS DE TORÇÃO
Momento de uma força é o produto da intensidade da força (F)
pela distância do ponto de aplicação ao eixo do corpo sobre o
qual a força está sendo aplicada (C) como vimos também no
momento fletor.

Em linguagem matemática, o momento de uma força (Mf) pode


ser expresso pela fórmula:

De acordo com o sistema internacional de unidades (SI), a


unidade de momento é N.M (Newton Metro).

Quando se trata de um esforço de torção, o momento de torção,


148 ou momento torsor, é também chamado de torque.
ENSAIOS DE TORÇÃO
No ensaio de torção, conseguimos avaliar algumas propriedades
do material.

A partir do momento torsor e do ângulo de torção pode-se


elaborar um gráfico semelhante ao obtido no ensaio de tração,
que permite analisar as seguintes propriedades:

149
ENSAIOS DE TORÇÃO
Estas propriedades são determinadas do mesmo modo que no
ensaio de tração e tem a mesma importância, só que são
relativas aos esforços de torção.

Isso significa que, na especificação dos materiais que serão


submetidos a esforços de torção, é necessário levar em conta
que o máximo de torque que deve ser aplicado a um eixo tem
que ser inferior ao momento torsor no limite de
proporcionalidade.

150
ENSAIOS DE TORÇÃO
Exemplo:

Um corpo cilíndrico está sob ação de uma força de torção de 20


N, aplicada num ponto situado a 10 mm do centro da sua seção
transversal. Calcule o torque que está atuando sobre este corpo.

Aplicando a fórmula acima, encontramos o resultado:


 

Colocando a unidade no sistema internacional (SI)- N.m,


encontramos o valor de 0,2 N.m.

151
ENSAIOS DE TORÇÃO
Este ensaio é bastante utilizado para verificar o comportamento
de eixos de transmissão, barras de torção, partes de motor e
outros sistemas sujeitos a esforços de torção. Nesses casos,
ensaiam-se os próprios produtos.

Quando é necessário verificar o comportamento de um


material, é utilizado o corpo de prova.

Eles são utilizados para uma melhor precisão do ensaio.


Costuma-se empregar corpos de prova de seção circular maciça
ou tubular. No caso dos tubulares, é utilizado um mandril
interno para impedir amassamento pelas garras do aparelho de
ensaio.

152
ENSAIOS DE TORÇÃO
Em casos especiais podemos utilizar outros tipos de seções.

Normalmente as dimensões não são padronizadas, pois


raramente se escolhe este ensaio como critério de qualidade de
um material, a não ser em situações especiais, como para
verificar os efeitos de vários tipos de tratamentos térmicos em
materiais, principalmente naqueles em que a superfície do
corpo de prova ou da peça é mais atingida.

153
ENSAIOS DE TORÇÃO
Entretanto, o comprimento e o diâmetro do corpo de prova
devem ser tais que permitam as medições de momentos e
ângulos de torção com precisão e também que não dificultem o
engastamento nas garras da máquina de ensaio.

Por outro lado, também é muito importante uma centragem


precisa do corpo de prova na máquina de ensaio, porque a força
deve ser aplicada no centro do corpo de prova.

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ENSAIOS DE TORÇÃO
O ensaio de torção é realizado em equipamento específico, a
máquina de torção.

Está máquina possui duas cabeças às quais o corpo de prova é


fixado. Uma cabeça é giratória e aplica ao corpo de prova o
momento de torção. A outra está ligada a um software que
indica, numa escala, o valor do momento aplicado ao corpo de
prova.

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ENSAIOS DE TORÇÃO
Já as fraturas, elas variam de acordo com o corpo de prova. Caso
seja dúctil ou frágil.

Os corpos de provas de materiais dúcteis


apresentam uma fratura segundo um
plano perpendicular ao eixo longitudinal.

Para materiais frágeis, a fratura se dá


segundo uma superfície não plana, mas
que corta o eixo longitudinal segundo
uma linha que, projetada num plano
paralelo ao eixo, forma 45°
aproximadamente com o mesmo (fratura
helicoidal).
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ENSAIO DE DUREZA

COTIL/UNICAMP
Prof. Maicon Carlos Barbosa
ENSAIO DE DUREZA
A dureza de um material é um conceito relativamente complexo
para se definir, originando diversos tipos de interpretação.

Em um bom dicionário, você encontra a definição de dureza


como “qualidade ou estado de duro, rijeza”. Duro, por sua vez, é
definido como “difícil de penetrar ou de riscar, consistente,
sólido”.

Essas definições não caracterizam o que é dureza para todas as


situações, pois ela assume um significado diferente conforme o
contexto em que está empregada.

158
ENSAIO DE DUREZA
Na área da metalurgia, considera-se dureza como a resistência
à deformação plástica permanente. Isso porque uma grande
parte da metalurgia consiste em deformar plasticamente os
metais.

Na área da mecânica, é a resistência à penetração de um


material duro no outro, pois esta é uma característica que pode
ser facilmente medida.

Para um projetista, é uma base de medida, que serve para


conhecer a resistência mecânica e o efeito do tratamento
térmico ou mecânico em um metal. Além disso, permite avaliar
a resistência do material ao desgaste.

159
ENSAIO DE DUREZA
Para um técnico em usinagem, dureza é a resistência ao corte
do metal, pois este profissional atua com o corte de metais, e a
maior ou menor dificuldade de usinar um metal é caracterizada
como a maior ou menor dureza.

Para um mineralogista, é a resistência ao risco que um material


pode produzir em outro. E esse é um dos critérios usados para
classificar os minerais.

Ou seja, a dureza não é uma propriedade absoluta. Só tem


sentido falar em dureza quando se comparam materiais, isto é,
só existe um material duro se houver outro mole.

160
ENSAIO DE DUREZA
É importante destacar que, apesar das diversas definições, um
material com grande resistência à deformação plástica
permanente também terá alta resistência ao desgaste, alta
resistência ao corte e será difícil de ser riscado, ou seja, será
duro em qualquer uma dessas situações.

Nós iremos conhecer os principais métodos de ensaio de dureza


utilizados. Saberemos as suas vantagens e limitações de cada
ensaio e como é calculada a dureza de um material a partir
desses ensaios.

161
ENSAIO DE DUREZA
Há registros de que no século XVII já se avaliava a dureza de
pedras preciosas, esfregando-as com uma lima.

No século XVIII desenvolveu-se um método para determinar a


dureza do aço, riscando-o com minerais diferentes.

Mas o primeiro método padronizado de ensaio de dureza do


qual se tem notícia, baseado no processo de riscagem, foi
desenvolvido pelo mineralogista alemão Friedrich Mohs, em
1822.

162
ENSAIO DE DUREZA
Este método iniciou com um teste com 10 minerais de
diferentes durezas presentes na crosta terrestre.

O ensaio deu origem à escala de dureza Mohs, que apresenta


dez minérios-padrões, ordenados numa escala crescente do
grau 1 (material menos duro) ao 10 (material mais duro), de
acordo com sua capacidade de riscar ou ser riscado (retirada de
partículas da sua superfície) de cada material.

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ENSAIO DE DUREZA
Curiosidade
Escala Mohs (1822)
1 - Talco
2 - Gipsita
3 - Calcita
4 - Fluorita
5 - Apatita
6 - Feldspato (Ortóssio)
7 - Quartzo
8 - Topázio
9 - Safira e Corindo
10 - Diamante
164
ENSAIO DE DUREZA

165
ENSAIO DE DUREZA
Como podemos observar, o diamante é o mineral mais duro
existente na natureza e com isso, ele risca (retira material da
superfície) os demais minerais.

Como podemos ver, o diamante tem dureza absoluta 1600 vezes


maior do que a do talco. Entre 1 a 9, a escala aumenta de modo
mais uniforme, porém entre o 9 e o 10 há uma diferença muito
acentuada, pois o diamante é muito mais duro que o corindo ou
safira.

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ENSAIO DE DUREZA
Esta escala não é conveniente para os metais, porque a maioria
deles apresenta dureza Mohs 4 e 8, e pequenas diferenças de
dureza não são acusadas por este método. Por exemplo, um aço
dúctil corresponde a uma dureza de 6 Mohs, a mesma dureza
Mohs de um aço temperado.

As limitações da escala Mohs levaram ao desenvolvimento de


outros métodos de determinação de dureza, mais condizente
com o controle do aço e de outros metais.

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ENSAIO DE DUREZA
A dureza não é uma propriedade intrínseca do material, ditada
por definições precisa em termos de unidades fundamentais de
massa, comprimento e tempo. Esse valor da propriedade é o
resultado de um procedimento específico de medição, ou seja,
baseado no método que vamos fazer para conseguir o
resultado.

Um método bem simples de avaliação de dureza é a utilização


de uma lima temperada com uma dureza desejada. Ela é
apoiada contra o material e friccionada contra a superfície do
material a testar. Se ela desliza sem marcar ou morder o
material significa que o material é mais duro que a lima. Caso
contrário, o material é menos duro que a lima.

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ENSAIO DE DUREZA
O método mais comum de se encontrar a dureza de um material
é através da impressão de um endentador (ponta) sobre a
superfície do material com uma carga conhecida e um tempo
específico .

Uma informação importante é que os valores de dureza são


aproximadamente proporcionais aos valores do limite de
resistência a tração do material.

Agora vamos nos profundar nos principais métodos utilizados.


Um deles é o ensaio de dureza Brinell, que será o próximo
ensaio que iremos verificar.
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