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Cursos de Gestão Ambiental & Engenharia Ambiental

Apostila de Ergonomia e Segurança do Trabalho

2012.2
Organizador

Prof. Eduardo Gomes Pimenta


ÍNDICE

Apostila de Ergonomia e Segurança do Trabalho


Unidade I - Implementação dos Princípios da Qualidade de Vida......................5
1 – Saúde do Trabalho, Meio Ambiente e Segurança Ocupacional...........................................................................5

1.1 - Ruptura Social..................................................................................................................................................7

1.2 - O Novo Modelo...............................................................................................................................................7

1.3 - Automação x Humano......................................................................................................................................7

1.4 - Empregado Valorizado.....................................................................................................................................8

Unidade II - Conceitos Básicos de Ergonomia....................................................8


2 – Introdução a Ergonomia.....................................................................................................................................8

2.1 - Conformidade Legal.........................................................................................................................................9

2.2 -Legislação Básica...............................................................................................................................................9

2.3 - Definição Oficial de Ergonomia.......................................................................................................................10

3 - Para que serve a Ergonomia? Como funciona a Ergonomia? .............................................................................10

3.1 - Como fazer isso?............................................................................................................................................11

3 .2 - Ergonomia
Organizacional.............................................................................................................................12

3.3 - Ergonomia
Cognitiva .....................................................................................................................................12

3.4 - Ergonomia Física – Antropometria, Fisiologia e Biomecânica..........................................................................13

Unidade III – Gestão Integrada.......................................................................15


1 – Sistema de Gestão Integrada............................................................................................................................15
2 - O Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT ..........................................................................................18

3 - Sistemas Integrados de Prevenção de Acidentes de Trabalho – SIPATs .............................................................18

4 –
Treinamento.....................................................................................................................................................18

5 - Novos Paradigmas ............................................................................................................................................19

6 - International Organization for Standardization – ISO ........................................................................................19

7 - Progresso Humano na Empresa.........................................................................................................................19

Unidade IV - O Conceito de Demanda & Análise Global..................................21


1 – Definição..........................................................................................................................................................21

2 – A Instrução da
Demanda...................................................................................................................................21

2.1 – Tratamento da Demanda Inicial.....................................................................................................................22

2.2 – Começo da Construção Social........................................................................................................................22

2.3- Realização da Análise Funcional.....................................................................................................................23

2.4 – Reconstrução da demanda ……………………………………………………………………………………………………………………….…25

2.5 – Estabelecimdento de Escopo de Contrato......................................................................................................25

Unidade V - Preleção Metodológica para Trabalhos Práticos..........................26


A - O Ciclo PETRA...................................................................................................................................................26

B – EAMETA...........................................................................................................................................................28

C - Ergo-Foto..........................................................................................................................................................28

D - A Conversa como Procedimento


Metódico .......................................................................................................29

E – Matriz de Gravidade, Urgência e Tendência – GUT............................................................................................31

F - Técnica Nominal de Grupo – TNG......................................................................................................................32

G – Ação Ergonômica & Sustentabilidade ..............................................................................................................33

H - Andragogia Aplicada a Trabalhos em Grupos ...................................................................................................34

I - O Processo de Construção de Demandas fundamentado na Análise Ergonômica do Trabalho - AET..................36

Unidade VI – Bibliografia................................................................................42
Unidade VII - Exercícios de fixação.................................................................44

Apresentação do Organizador da Apostila


Professor Eduardo Gomes Pimenta

Coordenador de Área Acadêmica da UVA - Gestão Ambiental & Engenharia Ambiental

Biólogo, Bacharel em Biologia Marinha, Pós Graduado em Impactos Ambientais pela COPPE/UFRJ no Programa de
Planejamento e M.Sc. em Ciências da Engenharia de Produção em Pesquisa Operacional e Gerenciamento de
Produção da COPPE/UFRJ na Área de Inovações Tecnológicas e Organização Industrial.

Atua a mais de 20 anos nas áreas de Impactos Ambientais, Gerenciamento Costeiro, Planejamento Energético,
Pesquisa Operacional, Gerenciamento de Produção, Inovação Tecnológica, Organização Industrial e como
consultor nas áreas de meio ambiente e off shore nas Bacias Petrolíferas de Santos e Campos.

Coordena o grupo de pesquisa em Estudos da Pesca/GEPesca associado a Universidade Veiga de Almeida, ao


Grupo de Ergonomia e Novas Tecnologias - GENTE\COPPE-UFRJ, ao Grupo de Extensão e Pesquisa em Ergonomia -
GREPE–PEP/DEP/UFRN e ao Sub Comitê Consultivo Permanente de Gestão sobre Atuns e Afins do Comitê
Permanente de Gestão de Atuns do Ministério da Pesca e Aqüicultura onde desenvolve ferramenta macro-
ergonômica e antropotecnológica de previsibilidade e seguridade aos cruzeiros de pesca e de avaliação do
Rendimento Máximo Sustentável dos estoques pesqueiros do Oceano Atlântico Sul.

Atua como coordenador de Área Acadêmica da Universidade Veiga de Almeida/ UVA para os Cursos de Engenharia
Ambiental e de Gestão Ambiental e representa a universidade nos conselhos deliberativos do Consórcio
Intermunicipal Lagos São João e na Área de Proteção Ambiental Estadual do Pau Brasil. É Superintendente da
Guarda Marítima e Ambiental da Prefeitura Municipal de Cabo Frio, já foi Superintendente Regional do
IBAMA/EREG Cabo Frio por sete anos, sendo criado nesta gestão a Reserva Extrativista Marinha de Arraial do
Cabo, o Plano de Ordenamento Pesqueiro da Lagoa de Araruama e o Parque Nacional de Jurubativa-RJ.

Já foi Sub Secretário de Meio Ambiente do Município de Cabo Frio. É membro titular do Sub Comitê Consultivo
Permanente de Gestão sobre Atuns e Afins com função de assessorar o Comitê Permanente de Gestão (SCC\CPG –
Atuns) do Ministério da Pesca e Aqüicultura do Governo Federal nos aspectos técnicos e científicos relativos à
pesca de atuns e afins no País, incluindo a compilação e análise dos dados nacionais para a International
Commission for the Conservation of Atlantic Tunas - ICCAT e para o Standing Commitee on Research and Statistics
– SCRS/ICCAT que promove análise dos dados aportados pelos países membros, avaliação dos estoques e
definição do rendimento máximo sustentável, promovendo a adoção das medidas de conservação e ordenamento,
incluindo a alocação de quotas de captura. É professor universitário com trabalhos científicos publicados no Brasil
e no exterior.

Unidade I
Implementação dos Princípios da Qualidade de Vida
1 – Saúde do Trabalho, Meio Ambiente e Segurança Ocupacional

Vamos inserir o tema Qualidade Total numa abordagem exclusivamente voltada para a importância da qualidade
de vida na gestão em SMS. O que é SMS? É a apropriação para o Brasil do termo inglês HSE (Health, Safety and
Environment). É um Sistema de Gestão da Saúde do Trabalho, Meio Ambiente e Segurança Ocupacional que segue
diretrizes estabelecidas por uma política orientada pelas junções gerenciais das normas internacional ISO 14.000\
Ambiente, ISO 18.000\Segurança (OSHAS) e ISO 23000 (GRI - Global Reporting Iniciative ou Diretrizes para a
Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade) referendadas na Unidade III desta apostila.

Promove o gerenciamento de boas práticas que resultarão principalmente na qualidade de vida, do meio
ambiente e do trabalho do servidor, sabendo identificar quais conhecimentos são estratégicos para a organização
exercer as boas práticas de SMS (Gestão do Conhecimento). Uma Gestão de SMS implica em uma Gestão de
Mudanças disseminando o conhecimento para a conscientização e treinamento (Gestão de Mudanças). Na visão
SMS, os trabalhadores, juntamente com seus colaboradores, são agentes para a melhoria da qualidade de vida, do
trabalho e do meio ambiente. A força de trabalho é sensibilizada e conscientizada à execução de boas práticas de
prevenção a Saúde e Segurança Ocupacional e de Responsabilidade Ambiental (Figura 1).
A Segurança está relacionada a risco, perigo, acidentes de trabalho, ao saber por que ocorre o acidente, ao
processo de tratamento dos acidentes, aos desvios e anomalias, comportamento seguro, permissão de trabalho
(PT), trânsito dentro da unidade, execução segura das atividades, sistema de prevenção e controle. O Meio
Ambiente está relacionado ao impacto ambiental, a forma como funciona a natureza, com prevenir impactos
ambientais e a operação em sistemas normais. A Saúde está relacionada a lesões agudas e doenças relativas ao
trabalho, ao saber como funciona o corpo humano, como prevenir as doenças do trabalho e como prevenir
doenças não relativas ao trabalho.

Um novo ambiente empresarial, associado ao processo de globalização, está impondo desafios as organizações,
face ao aumento da complexidade e da aceleração na dinâmica das mudanças ambientais. Nessa fase de
mudanças profundas as empresas deverão estar mais atentas as novas estratégias que se farão necessárias neste
novo ambiente.

A Gestão pela Qualidade Total é importante ferramenta e requer postura firme e coerente quanto a
implementação da filosofia da qualidade, exigindo a participação de todos. Representa uma nova cultura a ser
introduzida. Quem conseguir entender os sinais do tempo fará bons negócios, pois qualidade gera fidelidade,
expansão de clientela, garante o mercado e proporciona maiores lucros. Significa ganhar mais perspectivas de
negócios num clima de envolvimento e comprometimento de todos. Vamos buscar analisar as causas de sucesso e
fracasso da implementação deste sistema de Gestão, analisando as implementações dos princípios da Qualidade
de Vida na Gestão em SMS como pilar da Qualidade Total, correlacionando a realidade prática na implementação
com o que colocam os autores em termos de resultados nas atividades organizacionais.

A qualidade quando bem estruturada, baseada na consonância entre teoria e prática dos princípios hora
estabelecidos, com o envolvimento e comprometimento de todos, resultará em benefícios positivos, evidenciando
o sucesso da organização. Na globalização, a interdependência e competição fazem com que as empresas sejam
bombardeadas com novidades oriundas do mundo social, ambiental, econômico, político e tecnológico. Variações
no desempenho econômico entre países, nas alianças políticas, na liberdade de comércio surpreendem a cada dia
as empresas. Tecnologias de produção desatualizam-se em uma velocidade espantosa. Somados a ampliação do
direito de cidadania, refletem em prerrogativas de consumidores e usuários, aumentando seus poderes e suas
exigências sobre as empresas que demandam mais e melhores serviços e produtos.

A sobrevivência torna-se mais árdua pela necessidade de atendimento as demandas da sociedade mais consciente
de seus direitos. A incerteza e os novos desafios deixam o futuro das empresas dependente da forma pelas quais
operam e se transformam. A busca da eficiência competitiva e da satisfação de novos interesses e prioridades
exige novas técnicas, conhecimentos e habilidades na mudança.

1.1 - Ruptura Social

Até bem pouco tempo, empresários limitam seu raciocínio a uma direção e vêem somente o lucro como única
finalidade da organização. Isso define a empresa como um bando de autônomos que trocam 8 horas do seu dia
por um cheque no final do mês para fazer o patrão mais rico. Hoje, o desenvolvimento da mentalidade humana
leva as pessoas a não mais se submeter a uma relação burocrático-juríduca, na qual 2\3 de seu tempo de vida são
destinados a sobrevivência.

1.2 - O Novo Modelo

O movimento da cidadania, o crescimento ético, o aumento do nível de cultura e da auto estima, fazem com que a
definição antiga seja substituída por outro conceito. Mais nobre situado num patamar acima da definição anterior.
Uma empresa é uma integração de seres humanos que se juntam num empreendimento para agregar valor ao
universo e a humanidade com objetivo de encantar clientes, desenvolver colaboradores e parceiros, atuar
positivamente na comunidade e remunerar seus acionistas.

A Nova Estrutura de Capitalismo denota a formação de uma estrutura social em substituição ao unilateral
capitalismo monetário. O lucro para o empresário passa a ter novo significado: subproduto da coisa bem feita. O
bem estar e o sucesso da organização passam a ser objetivo de todos, tornando a empresa lucrativa, não como
obsessão, mais sim num esforço conjunto e crescente.

Nos anos 80 ficou evidente a crescente exigência do mercado nos aspectos custo e qualidade associado a
concorrência ecológica. Gerando um novo conceito de qualidade (qualidade de vida). Fez com que as empresas
deixassem a acomodação na busca de vantagens competitivas para a sua sobrevivência, para enfrentar um
consumidor mais exigente e concorrência acirrada. As empresas, a partir daí, vem realizando uma verdadeira
Revolução de Qualidade. Nos anos 90 a qualidade tornou-se estratégia básica para a atual competitividade e
chave para o sucesso nos negócios. Qualidade tornou-se o fator mais significativo. Retorno sobre os
investimentos, obtidos por meio de eficazes programas de Qualidade de Vida, geram excelente rentabilidade,
quando acompanhado de estratégias eficientes de Qualidade Total.

Para muitos, a qualidade no Brasil é baseada no modelo Japonês, com início sob o enfoque dos produtos,
produção e a aplicação de técnicas. Sendo a partir da década de 80 que se voltou para o comportamento humano,
englobando idéias de gestão participativa com ênfase em treinamento, liderança, motivação, comunicação e
comportamento.

1.3 - Automação x Humano

A ação dos recursos humanos na produção da qualidade tem sido fundamental e provavelmente continuará a ser.
Ainda que possa ser empregado o recurso da automação para a organização do sistema, sempre será necessária a
presença do elemento humano para gerenciar o processo. Nenhum outro elemento do processo produtivo tem
contribuição tão relevante como o homem. O elemento humano é o recurso que requer maior investimento –
mais também determina o maior retorno em termos de contribuição para a qualidade.

1.4 - Empregado valorizado


Grandes pesquisadores consideram o homem como centro das atenções, o ponto de partida para as mudanças no
clima organizacional. Para renovar a organização é imprescindível enfatizar a valorização do homem por meio de
políticas de qualidade de vida. O empregado deve ser valorizado como pessoa e como profissional, pois o
indivíduo satisfeito com as condições, o tratamento e com o trabalho que executa, irá desempenhá-lo com níveis
crescentes de qualidade e eficiência. A Proposição é alicerçada na qualidade de vida como pilar das práticas da
implementação da Gestão da Qualidade Total em empresas.

Unidade II
Conceitos Básicos de Ergonomia
2 – Introdução a Ergnomia

Serão consideradas atividades ou operações insalubres aquelas que, por sua natureza, condições ou métodos de
trabalho, exponham os empregados a agentes nocivos à saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão
da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. Analisando o conceito acima,
verifica-se que ele é tecnicamente correto dentro dos princípios da Higiene Industrial. No campo da saúde
ocupacional, a higiene do trabalho é uma ciência que trata do reconhecimento, avaliação e controle dos agentes
agressivos possíveis de levar o empregado a adquirir doença profissional, quais sejam:

o Agentes físicos (ruído, calor, radiações, frio, vibrações e umidade).

o Agentes químicos (poeira, gases e vapores, névoas e fumos).

o Agentes biológicos (microorganismos, vírus e bactérias).

Um empregado exposto ao agente ruído, em certas condições, pode adquirir surdez permanente. A ocorrência da
doença profissional, dentre outros fatores, depende da natureza, da intensidade e do tempo de exposição ao
agente agressivo. Com base nesses fatores foram estabelecidos limites de tolerância para os referidos agentes,
que representam um valor numérico abaixo do qual se acredita que a maioria dos trabalhadores expostos a
agentes agressivos, durante a sua vida laboral, não contrairá doença profissional. Portanto, do ponto de vista
prevencionista, não podem ser encarados com rigidez e sim como parâmetros para a avaliação e controle dos
ambientes de trabalho.

A insalubridade será caracterizada somente quando o limite de tolerância for superado, a lei tratou a questão do
direito ao adicional, deixando o aspecto prevencionista a critério da regulamentação do Ministério do Trabalho,
que estabeleceu o quadro de atividades insalubres, as normas de caracterização da insalubridade, os limites de
tolerância e os meios de proteção.

2.1 - Conformidade Legal

A Constituição Brasileira em seu Art. 6 0 referenda. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a
segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma
desta Constituição. A Consolidação das Leis do Trabalho – CLT - DL-005.452-1943 modificado pela Lei nº 6.514, de
22 de dezembro de 1977, que alterou a redação do Capítulo V do Titulo II da Consolidação das Leis do Trabalho
que trata da Segurança e da Medicina do Trabalho; Art. 157 cita, cabe às empresas:

– I - cumprir e fazer cumprir as normas de segurança e medicina do trabalho;

– II - instruir os empregados, através de ordens de serviço, quanto às precauções a tomar


no sentido de evitar acidentes do trabalho ou doenças ocupacionais;

– III - adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo órgão regional competente;

– IV - facilitar o exercício da fiscalização pela autoridade competente.

A Conformidade Legal - Art . 200 da CLT da disposições complementares às normas, a citar:

I – PCMAT- obras de construção, demolição ou reparos;

II - depósitos, armazenagem e manuseio de combustíveis, inflamáveis e explosivos;

III - trabalho em escavações, túneis, galerias, minas e pedreiras;

IV - proteção contra incêndio em geral;

V - proteção contra insolação, calor, frio, umidade e ventos, sobretudo no trabalho a céu aberto;

VI - proteção do trabalhador exposto a substâncias químicas nocivas, radiações ionizantes e não ionizantes, ruídos,
vibrações e trepidações ou pressões anormais ao ambiente de trabalho;

VII - higiene nos locais de trabalho, instalações sanitárias, refeitórios ou condições de conforto por ocasião das
refeições, fornecimento de água potável, condições de limpeza dos locais de trabalho e modo de sua execução,
tratamento de resíduos industriais;

VIII - emprego das cores nos locais de trabalho, inclusive nas sinalizações de perigo.

2.2 -Legislação básica

A normas regulamentadoras aprovadas pela Portaria nº 3.214, de 08 de Junho de 1978 , referenda 28 normas
regulamentadoras, dentre as quais a NR-17 – Ergonomia (Anexo I). Atualmente são 34 NR´s. A NR 17 diz: 17.1 -
Estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas
dos trabalhadores. 17.1.1. As condições de trabalho = aspectos relacionados ao levantamento, transporte e
descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho, e à
própria organização do trabalho. 17.1.2. Cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho, devendo
a mesma abordar, no mínimo, as condições de trabalho, conforme estabelecido nesta NR

2.3 - Definição Oficial de Ergonomia

Entende-se por Ergonomia o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente,
objetivando intervenções e projetos que visem melhorar de forma integrada e não dissociada a segurança, o
conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas (Figura 2).

É ao mesmo tempo uma forma de explicitar os problemas de funcionamento da empresa do ponto de vista da
atividade de trabalho. Uma metodologia para localizar as oportunidades de melhoria. Uma maneira de
encaminhar soluções úteis, praticas e aplicadas. Um meio de reduzir custos fazendo a coisa certa.

3 - Para que serve a Ergonomia? Como funciona a Ergonomia?

As soluções baseadas na Ergonomia resolvem problemas de saúde do trabalhador e de produtividade do trabalho,


gerando grandes benefícios sociais, operacionais e financeiros (Figura 3). A Intensidade e duração da atividade
física e mental, o ambiente físico, os ritmos biológicos, os fatores psíquicos, as dores e doenças e a nutrição são
fatores do estresse. Na análise ergonômica do trabalho (AET) procuramos ser proativo, antecipando-se aos
impactos mediante a ação. Identificando-se o problema, há necessidade de correção para tratamento dos
aspectos causadores de impactos, para não deixando ultrapassar o limite máximo de tolerância, desta forma,
acionando ``gatilhos`` a cada vez que se aproxima do limite do trabalhador em seu posto de trabalho (Figura 4).
3.1 - Como fazer isso?

Atuando na maneira de se trabalhar, oferecendo ao empregado a estrutura correta (ergonomia organizacional),


provendo as condições para que possa atuar sem erros, regulando sempre que necessário (ergonomia cognitiva) e
cuidando de evitar solicitações inadequadas ao corpo dos empregados (ergonomia física).

4 .2 - Ergonomia Organizacional
A organização geral busca especificar a organização produtiva tal como um organismo com vistas à sua atuação no
contexto mais geral (social, econômico, geográfico, cultural) utilizando ferramentas como a globalização, gestão
integrada e a estratégia de negócios (Unidade III). A organização do trabalho trata dos aparelhos funcionais
internos de uma organização produtiva e que a faze funcionar de fato utilizando como ferramenta métodos de
trabalho, arranjos produtivos, escalas e equipagens.

O que vem a ser a Organização do Trabalho? Os conteúdos da OT estão relacionados a repartição de tarefas no
tempo e no espaço, comunicação, cooperação e interligação, rotinas e procedimentos de produção, padrões de
desempenho produtivo, e sistemas de supervisão e controle, recrutamento e seleção de pessoas para o trabalho e
métodos de capacitação e treinamento para o trabalho.

A NR-17 (Anexo I) é a norma em que se estabelecem formas de fiscalizar a organização do trabalho no que se
refere as normas de produção, modo operatório, exigência de tempo, determinação do conteúdo de tempo, ritmo
de trabalho e o conteúdo das tarefas. O desempenho organizacional é superior ao desempenho de suas partes
quando ocorrem as seguintes efetividades:

 Arranjo macroergonômico correto;

 Aporte ao projeto de tarefas;

 Aporte adequado ao arranjo micro-ergonômico das interfaces humano-máquinas, humano-ambiente e


humano-software.

Um bom projeto organizacional tem como características ser centrado no humano (nas pessoas), com uma
abordagem humanizada para alocação de funções e tarefas, considera as variáveis sóciotécnicas no delineamento
do sistema de trabalho e respeito ás diretrizes micro-ergonômicas em projetos.

Como resultados (ergonomia organizacional), incremento de indicadores entre 50% a 90% no que se refere a
segurança nos aspectos relacionados a redução de acidentes, a saúde em especial as melhorias nos quadros de
depressão, lombalgias e DORT’s, autoconfiança, motivação, satisfação, manejo do stress e produtividade
(melhorias em quantidade e qualidade).

3.4 - Ergonomia cognitiva

Por que cognição? Para a usabilidade das interfaces entre o operador e os equipamentos, para a melhoria da
confiabilidade humana através de alarmes (warnings) e de assistentes de ajuda (wizards) e para a formação de
novos empregados ou para implantação de novas tecnologias. Cognição e aprendizado auxiliam a aprender a
reconhecer o presente, usar a experiência, empregar procedimentos, regular variabilidades e evitar falhas e erros
(Figura 5) .
3.4 - Ergonomia Física – Antropometria, Fisiologia e Biomecânica

Os seres humanos apresentam diferentes dimensões, de tal forma que uma altura boa para uma pessoa não o é,
necessariamente, para outra pessoa. Para que serve a antropometria? Para dimensionar corretamente o posto de
trabalho (dentre outras funções). Para calcular os ajustes necessários na troca de um turno pelo outro. Para fazer a
coisa certa (Figura 6). Na medida do possível, o corpo deve trabalhar na vertical. Os braços devem estar na
vertical, e os antebraços na horizontal, com apoio para os antebraços e punhos. Não deve existir compressão de
qualquer parte do corpo humano pelo mobiliário de trabalho. No trabalho sentado, nunca afastar as costas do
encosto para atingir o objeto de trabalho. O tronco não deve se encurvar rotineiramente para se fazer o trabalho.
Os pés devem sempre estar apoiados. Todos os objetos de uso freqüente devem estar dentro da área de alcance

normal. Todos os objetos de uso ocasional devem estar no máximo dentro da área de alcance máximo.

Antropometria estática trata das dimensões do corpo parado utilizadas para avaliação e para o projeto e a
antropometria dinâmica das variações dos alcances durante a atividade. A Fisiologia na Ergonomia objetiva reduzir
a força sobre os comandos, eliminar posturas forçadas, reduzir a repetitividade, eliminar a compressão mecânica e
reduzir o grau de tensão no trabalho.
O objetivo principal de qualquer configuração do trabalho, do local de trabalho, das máquinas, dos aparelhos e
ferramentas deve ser a exigência de exclusão de qualquer trabalho estático. São posturas críticas dos membros
superiores o pescoço excessivamente estendido, pescoço excessivamente fletido, braços abduzidos, braços
elevados acima do nível dos ombros, desvio ulnar da mão (desvio lateral), membros superiores suspensos por
muito tempo, sustentação estática dos antebraços pelos braços, flexão exagerada do punho, extensão exagerada
do punho.

Trabalhar sentado traz conforto, porém pode ocasionar muitos problemas para a coluna vertebral, é indicada
quando não manuseia peso excessivo, quando o trabalho não tem necessidade de se desencostar ou de
movimentar o tronco ou para tarefas que exijam montagens finas freqüentes, escrita freqüente e digitação
freqüente. O ser humano está relativamente bem preparado para ficar na postura de pé, desde que haja alguma
movimentação. É a melhor alternativa quando manusear peso > 3,0 Kg e <20 kg, sendo inconveniente, ocorre
fadiga dos músculos da panturrilha e quando ocorre o aparecimento de varizes (pé parado).

A movimentação de cargas causa lesões por esforço nas costas, associadas ao levantamento e manipulação de
objetos pesados. Deve ser aplicada para o levantamento de cargas pesadas (mais de 10 kg), para a manipulação
freqüente de cargas de peso médio, (mais de uma vez por minuto), para tarefas repetitivas (freqüência superior a
5 vezes/minuto).

Na postura forçada de pé, as situações a serem evitadas são relacionadas ao tronco flexionado e girado, joelhos
flexionados, com o peso do corpo apoiado em uma perna, joelhos flexionados, trabalho de joelhos, tronco
inclinado, ambos os braços acima dos ombros, um braço acima do ombro e realizar força superior a 10 kg com os
braços.

A ergonomia busca a aplicação de conhecimentos científicos necessários para a adequação do trabalho aos
trabalhadores, é ao mesmo tempo a disciplina científica e a prática profissional que assegura esta aplicação, é a
forma de aumentar o trabalho decente no planeta. É uma profissão.
Unidade III
Gestão Integrada
1 – Sistema de Gestão Integrada

Sistemas de Gestão Integrados – SGI visa a redução de custos, otimização dos serviços e melhores resultados para
a política da empresa na segurança dos funcionários e sua saúde, neste ponto é que entra a qualidade de vida do
trabalhador. Analisando-se sob o aspecto empresarial, os objetivos do sistema de gestão são o de aumentar
gradativamente o valor percebido pelo cliente nos produtos ou serviços oferecidos a sociedade de consumo. Para
que tais objetivos sejam alcançados, é adotado um método de análise e solução de problemas, para estabelecer
um controle de cada ação. Há oferta de diversos métodos que podem ser utilizados atualmente. A maioria deles
está alicerçado no método P.D.C.A. – Plan. Do. Check Act., que se constitui em um referencial para diversos
sistemas de gestão conforme a figura abaixo. O Sistema de Gestão Integrada – SGI é o acoplamento dos elementos
do SGSST e do SGA para a integração dos mesmos sobre a estrutura do SGQ, tornando-se mais fácil devido ao fato
de serem ambos concebidos a partir do modelo P.D.C.A. – Plan. Do. Check. Act. (Planejar,Executar, Verificar e Agir
– Ciclo de Melhoria Contínua ), visualizado na figura abaixo, referendado seus benefícios e obstáculos
As empresas que tem interesse na implementação de um Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho
conforme a OHSAS 18001 já tem o sistema de Gestão de Qualidade implementado de acordo com a ISSO 9001 e
pressupõe já possuir cultura quanto as práticas gerenciais que facilita a integração dos demais sistemas de gestão,
formando um sistema de Gestão Integrada. As especificações e requisitos contidos na OHSAS 18001 e na ISO
14001 foram baseadas na ISO 9001 para facilitar a integração entre as mesmas. A transcrição das etapas a serem
cumpridas para os casos de implementação de SGSST(Sistema de Gestão de Saúde e Segurança do Trabalho) e SGA
(Sistema de Gestão Ambiental) é apresentada na tabela a seguir. Nas normas são definidos elementos e
procedimentos que possibilitam a organização implementar um Sistema de Gestão Integrado de SMS do trabalho
de forma eficiente.
A partir da análise e integração das normas de referência, foram organizados os itens que englobam as diferentes
áreas relação de princípios, conforme quadro abaixo, não sendo abordado os temas referentes a qualidade, por
entender-se que este é a base do sistema para a organização sobreviver.

2 - O Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT

Foi instituído pela Lei número 6.321 de 14 de abril de 1976 e regulamentado pelo decreto número 5 de janeiro de
1991. As empresas inscritas no programa podem reduzir o seu valor no seu IR, um bom negócio para a empresa, o
trabalhador e o governo (ajuda no bem estar de todos envolvidos). Ótimo para o trabalhador que tem sua saúde
preservada e com garantias de vida produtiva e laboral.
3 - Sistemas Integrados de Prevenção de Acidentes de Trabalho – SIPATs

Muitas vezes, a solução para os problemas podem ser simples, além das soluções citadas anteriormente. Há de se
criar programas de orientação e esclarecimentos através de palestras. Campanhas contra o tabagismo, alcoolismo
e sexo seguro são assuntos que devem estar na pauta da SIPAT. A CIPA (Comissão Interna de Prevenção de
Acidentes) tem como objetivo observar e relatar as condições de risco no ambiente de trabalho e solicitar as
medidas para reduzir até eliminar os riscos e\ou neutralizá-los. Discutindo os acidentes ocorridos e solicitando
modo que os previnam, assim como orientando o trabalhador quanto a sua prevenção.

4 - Treinamento

As empresas devem promover o treinamento de modo a desenvolver competências e disseminar a cultura de


prevenção e saúde. É importante ainda criar dispositivos de avaliação dos treinamentos (testes, observação).
Conscientizar o trabalhador da importância da correta utilização dos Equipamentos de Proteção Individual – EPI e
do uso obrigatório e instalação dos Equipamentos de Proteção Coletiva – EPC no ambiente de trabalho para
proteção dos riscos de acidentes e danos a saúde.

5 - Novos Paradigmas

Considerando o novo paradigma vivido dentro e fora da empresa gerando valores e demandas de Qualidade de
Vida no Trabalho. Afinal, o acúmulo de tarefas a ser executada e maiores responsabilidades caminham juntas,
levando a um desgaste da integridade física, mental e social maior dos funcionários.

O uso e desenvolvimento de capacidades implicam num melhor aproveitamento do talento humano. É forçoso
reconhecer a necessidade de concessão de autonomia, incentivo a utilização da capacidade plena de desempenho
de suas funções e feedbacks a cerca dos resultados obtidos no trabalho.

6 - International Organization for Standardization – ISO

A empresa que investe em qualidade de vida dos seus empregados tem muito a ganhar, são requisitos para
obtenção de certificações como a International Organization for Standardization – ISO. Tem se verificado a
percepção do empregado em relação a imagem da empresa, a responsabilidade social da instituição na
comunidade, a qualidade dos produtos e a prestação dos serviços. Esses aspectos avançam pelo
comprometimento do trabalhador de contribuir com a imagem da empresa. Isto ocorre quando o empregado
``veste a camisa`` por se sentir valorizado.

7 - Progresso Humano na Empresa

Investir na Qualidade de Vida do trabalhador foi a forma encontrada pelas empresas para alcançar o progresso
humano. Com funcionários dedicados, criativos e elevada produtividade. Tudo isso, agregado a um ambiente
saudável e de total satisfação. Cumprindo suas obrigações legais com respeito as normas de segurança e medicina
do trabalho.
Unidade IV
O Conceito de Demanda & Análise Global
1 - Definição

Demanda é uma necessidade reconhecida pelos agentes, entendida como uma solicitação de ajuda, a pedido do
solicitante, explícita ou Implícita. A instrução objetiva tornar clara as demandas existentes e compor os escopos
contratuais plausíveis para contextualizar a passagem da finalidade ao foco da ação. Abordaremos a instrução da
demanda na forma não linear (Figura 1).

2 – A Instrução da Demanda

O primeiro passo é o de abrir demandas. Que empresa? O que já aconteceu na empresa ? O que acontece no ramo
e setor desta empresa? O que acontece na vizinhança da empresa? É importante saber o histórico da empresa e
fazer uma análise do seu entorno. Na vida real quando procuramos nos inserir no mercado de trabalho, fazemos
sondagem do tipo de serviço que se está solicitando (mercado), do que tenho de melhor e que faço bem (auto-
consciência), de quem estaria necessitando do serviço que faço bem (prospecção) além de conferir oportunidades
mesmo que pareça absurdo (chamados).

No atendimento a demanda d disciplina de fazer um trabalho de conclusão, o aluno deve se orientar em buscar
uma empresa acessível ao grupo (mercado), o que saber para iniciar os trabalhos (auto-consciência), o que tem de
contato para conseguir uma firma (prospecção) e finalmente preparar o grupo para conseguir um lugar para
desenvolver o trabalho (solicitação).
Na síntese nem toda demanda resulta num contrato, entre várias, uma demanda é a escolhida e todo contrato
sempre supõe ao menos uma demanda. Na instrução da demanda, cinco grandes passos são pertinentes. O
primeiro asso, correspondente ao ``marco zero`` é determinar que empresa (Figura 1.1). Respectivamente 2.1 -
Tratar a demanda inicial; 2.2 - Começar a construção social; 2.3 - Realizar a Análise Funcional; 2.4 - Reconstruir a
demanda; 2.5 - Estabelecer um escopo de contrato

2.1 - Tratar a demanda inicial

O grupo deve se organizar para definir quem fala? O que falou? Quem é essa empresa? Qual a representação do
gerente? Além de coletar alguma outra descrição pertinente. Não se esqueça dos campos da ação ergonômica na
abordagem para as soluções técnica e administrativa, a perspectiva ergonômica de correção x concepção e a
finalidade em seus ajuste, enquadramento, remanejamento e modernização (Figura 1. 1).

É recomendado trabalhar a demanda inicial na empresa no que se refere a quais setores serão trabalhados, o que
cada setor espera, que relatórios estão sendo esperados, o que se pode esperar que vá melhorar na empresa com
essa Ação Ergonômica, quem serão os beneficiados com essa ação, quem serão os mais implicados e atingidos e
quem pode ajudar, quem pode atrapalhar, como também, os tipos de enquadramentos, correções,
remanejamentos e modernizações ergonômicas e de fontes internas (alta direção, média gerência, técnicos de
segurança e operadores) e externas (fiscalização, entidades sindicais e organismos certificadores)

As demandas gerenciais em seus itens trabalhistas - DRT´s, PPT´s ou SEST’s, certificação, ISO, OHSAS, BS, DJSI,
modernização ou transferência de tecnologia e de segurança de sistemas complexos. Demandas fiscais em seus
itens de grande esforço físico, posturas rígidas e movimentos aparentemente repetitivos, elevados requisitos de
precisão e qualidade final, introdução de novas tecnologias físicas ou organizacionais, elevadas taxas de
absenteísmo, rotatividade, acidentes e queixas, atividades em turnos e de conflitos entre empregados ou setores
(produção x vendas, produção x manutenção, etc.). Para bem encaminhar uma demanda deve-se ter uma noção
da empresa.

2.2 - Começar a construção social

Nesta fase do trabalho de pesquisa é importante organizar as informações referentes ao que lhes falou a gerencia?
Quantos lhe falaram a nivel de gerente? Que gerencias se manifestaram? Por que essas pessoas falaram isso?
Quem mais foi indicado para falar? Esquematizar a construção social e colher as opiniões dos demais atores.
A quais pessoas nos reportamos nesta empresa? Com quem os primeiros contatos foram estabelecidos? Listagem
dos problemas e dos resultados positivos por eles apresentados nesses primeiros contatos. Quem deveria estar
participando e está ausente? Porque alguém tão fora de contexto está participando (Figura 2)?

Como justificativa a de se ter uma boa noção da empresa é essencial saber com quem você está falando,
começando junto ao Grupo de Sustentação (GS), quem tem poder de decisão neste processo (descubram porque
têm este poder). Grupo de Ação Ergonômica, a equipe de ergonomia e os mais motivados na empresa (descubram
esses motivos!). Grupo de Acompanhamento (GA), os interlocutores indicados pela Direção, recomenda-se que
sejam os mais acessíveis. Não se esqueça de ampliar a construção social com a entrada da assessoria externa,
neste caso com o apoio do corpo docente.

2.3- Realizar a Análise Funcional

Nesta fase do trabalho de pesquisa é importante ampliar as interlocuções, explorar o funcionamento da empresa,
mapear as oportunidades de melhoria, se fazer conhecido na empresa, localizar e evitar inimigos, esquematizar as
representações sociais existentes sobre a ergonomia, os problemas e suas causas. O objetivo é o de ampliar as

interlocuções. O que é um bom mapeamento? O mapeamento consiste numa consolidação e aprofundamento


da(s) primeira(s) visita(s). Quais os principais problemas nesta empresa? Como avançar a ergonomia nesta
empresa? Objetiva fazer aparecer uma gama de possibilidades. Na apresentação da empresa e nos problemas da
ausência de ergonomia, assinale, sempre que possível a visão gerencial e a visão do chão-de-fabrica.

Anote se a empresa passou por alguma reestruturação, reengenharia ou algo do gênero. Não se esqueça de
ilustrar com fotos ou videoclips, sempre que possível, a forma descrita pelo pessoa, exatamente como eles te
falaram, é sempre preferível à melhor das interpretações. Os comentários devem ser muito econômicos nesta
etapa, pois você já conhece um pouco melhor a situação, mas ainda não sabe de muita coisa importante!
Lembrem-se da demanda inicial solicitada e comparem com a demanda inicial sugerida pela gerência com as
demandas ampliadas pela analise global. Tenham em mente como foi a reunião para “bater o martelo”, quais os
critérios, quais as relevâncias. Todos descrevam esta reunião em detalhes, pois aí é onde esta a formação do
ergonomista. Fundamental é anotar quem participa destas reuniões, o que fala e o que promete sobre o que se
cala.

A Análise Funcional é definida como o conjunto de circunstâncias particulares a que um sistema esteja submetido
face de um grupo de eventos especiais e articulados. O primeiro exame da análise funcional é a situação da
empresa e de suas contingências observáveis, a citar:

Produto e mercado (Histórico da empresa, Características geográficas, Tecnologia, Organização geral, qual o setor
de atividade e importância sócio-econômica da empresa. Qual a clientela, como está em termos de competição? A
firma é única no mercado ou existem muitos concorrentes? Qual o mix de produção e se fabrica muitas coisas
diferentes, que materiais emprega, se existe alguma coisa em termos de qualidade de produto estabelecida).

Histórico da empresa/setor (origem, tempo de existência, evolução, passagens notáveis, estratégias atuais,
certificações, governanças, visão de futuro). Aspectos geográficos (localização, clima, tecido industrial, se existem
outras firmas por perto, existem serviços próximos e quais são eles, transportes e acessos, vizinhança não
industrial, comunidades e zoneamento urbano).

Tecnologia (qual a tecnologia empregada, se existem firmas de tecnologia mais avançada por perto, concorrentes,
quais as características básicas do processo técnico - automação, informatização, robótica, partes convencionais,
se implica em turnos, em escalas, manutenção).

Organização Geral (matriz ou filial, base de operações ou unidade de negócio, ranking ou importância do site,
logísticas de suprimento e de escoamento, organograma geral X organograma local, estrutura de SMS, SSO ou
equivalente).

Apresentar uma demografia básica da população de trabalhadores(as). No roteiro para estudo da população deve
constar a repartição por sexo e por faixa etária, total e distribuição entre turnos e divisões da firma, onde moram e
como vêm para o serviço, qual o grau de instrução e de escolaridade, como é feita a formação profissional, qual o
tempo de permanência na firma e na profissão, existência de muitas faltas e licenças médicas, quais as doenças e
problemas de saúde que existem junto a essa população. Se existe rotatividade deste pessoal, regime de salário e
se existem prêmios e outros benefício, se há sindicato específico da categoria forte e quantos sindicalizados.

Funcionamentos (descrição de equipamentos e Instalações, descrição de produtos, materiais e Resíduos), Técnica


(etapas técnicas do processo produtivo, vocabulários e jargões da firma, quantitativos de produção), Micro
ambiental (espaços, acessos e circulação, ruídos e vibrações, Iluminação e claridade, ambiente térmico, poeiras e
ventilação, outros riscos ambientais), Macro organizacional (programas já realizados em qualidade, ambiente,
segurança, reestruturações, terceirizações, reengenharias, PAV, PDV, mudanças de local, re-layouts).

Organização do trabalho (repartição de tarefas no tempo - estrutura temporal, horários, cadencias de produção; e
no espaço - arranjo físico), sistemas de comunicação, cooperação e interligação entre atividades, ações e
operações, formas de estabelecimento de rotinas e procedimentos de produção, formulação e negociação de
exigências e padrões de desempenho produtivo incluídos os sistemas de supervisão e controle, mecanismos de
recrutamento e seleção de pessoas para o trabalho).
Descrição do Fluxo de Produção (trabalho simples de engenharia de métodos, usar Mapofluxogramas, ilustrar com
fotos de situações-chave, qualquer transformação de matéria ou montagem de componentes = operação,
movimentação entre posições no fluxo de Produção = transporte, verificação do resultado de uma operação ou do
estado após transporte = inspeção e depósito de parte fabricada, subconjunto montado ou produtos embalados á
espera de nova ordem de produção = estocagem).

Identificação funcional de problemas na atividade (checkpoint OIT = identificação, lista de verificação da existência
de fatores de perturbação e de necessidade de providências = indicado apenas para indústria, apreciação SPM=
mapeamento, sistemática de localização de impactos e de oportunidades de melhoria, EAMETA= focalização,
sistemática de avaliação de problemas específicos numa zona de trabalho).

2.4 - Reconstruir a demanda

Nesta fase do trabalho de pesquisa é importante consolidar suas interlocuções, modelar o funcionamento em
modo normal, propor linhas possiveis de ação e firmar o contrato de ação ergonómica. O ergonomista profissional
documenta de forma adequada os achados ergonômicos e provê um relatório sucinto em termos compreensíveis
pelo cliente e apropriados ao projeto ou problema

Documentar significa manter organizados todos os registros de um projeto ou ação na empresa. Para que
registrar? Esquecimento existe. Por que registrar? Para resguardar informação. O que registrar? O conteúdos da
ação. Como registrar? Uma questão metodológica. Como organizar registros? Com técnicas de arquivo.

Ergodica : Se nossa memória fosse perfeita, não se vendiam tantas agendas e nem as secretárias conseguiam
emprego. O que registrar? Publicações e internet , Descrição da tarefa e Tempo de trabalho, Descrição dos orgãos
e setores , Notificações e laudos , Mapas de riscos, Ferramentas manuais e outros dispositivos, Estudos anteriores
de Ergonomia e afins, Materiais manuseados , Descrição dos produtos ou serviços, Procedimentos e metas de
produção, Dados do PCP ou equivalente, Plantas ou esboços da áreas, Dados de recursos humanos, Dados de
Medicina do Trabalho.

Imagens = mínimo de 20 boas fotos para escolher seis, esquemas = mínimo de 5 esboços da empresa,
depoimentos = mínimo de 20 falas ou depoimentos, documentos da empresa = pelo menos 3: PPRA, PDCA ou
diretrizes corporativas e descrição de cargos, referências científicas = mínimo de 10 referências da biblioteca ou
papers. Ergodica : Foto digital pode ser apagada depois e desenhar na hora é mais fácil do que depois.

O conceito é o de dispor de registros que possibilitem confeccionar um relatório para ser disponibilizado ao cliente
em caso de necessidade. Descrição do contexto, construção social (Quem é quem), demanda Ergonômica até o
momento, relação com outros projetos na empresa e a situação do trabalho em relação ao cronograma (controle).
Ergodicas : Relatório se faz “todo dia” e esquecimento existe.

Como registrar. Com foto clássica, video clássico, monitores, foto digital, croquis ou planta baixa ou com videoclip.
Onde registrar? Em caderno de bordo, caderno de sugestões e idéias, caderno de interpretações e reflexões.
Ergdica: Misturar só dá certo se for cimento ou salada. Como Organizar os registros? Em banco de imagens,
arquivo de esquemas, banco de dados, bibliografias e referencias na Internet. Ergodica: a primeira coisa a fazer é
organizar os arquivos, a segunda também.

2.5 - Estabelecer um escopo de contrato.


Unidade V
Preleção Metodológica para Trabalhos Práticos
A - O Ciclo PETRA

O Ciclo PETRA consiste em um plano de coleta (o que coletar), execução da coleta (coletar), tratamento de dados
(organizar), resultados (sintetizar), apreciação (concluir) representado na Figura 5. A delimitação de um campo da
atuação da equipe ergonomia é tarefa consensual do grupo, para efeito de Análise Ergonômica do Trabalho - AET
na empresa. Uma vez estabelecido o que, onde e quando coletar elementos para a Análise Ergonômica do
Trabalho é recomendado desenvolver ajustes de métodos, técnicas e instrumentos de coleta, representadas por 3
ciclos (Figuras 6, 7 e 8). Pensamento ergonômico: Olhar e ver, ouvir e escutar com a mão e com o coração.

O quadro básico (Figura 9) de instrução da demanda forma o primeiro nível de diagnóstico da AET (diagnóstico de

demanda) para em seguida aportar na matriz de inclusão (Figura 10) onde são armazenadas as informações
coletadas ao longo da AET.
B – EAMETA

Como iniciar. Vamos utilizar a sigla EAMETA para um roteiro. Roteiro este, que em muito vai facilitar a AET. Não se
esqueça de que a ergonomia é ferramenta de construção desta análise. Mais o que representa a sigla EAMETA?
Uma análise ergonômica do Espaço, Ambiente, Mobiliário, Equipamentos, Tarefa e Ações. Uma ferramenta para a
AET (Figura 11).

O quadro básico (Figura 9) de instrução da demanda forma o primeiro nível de diagnóstico da AET (diagnóstico de

demanda) para em seguida aportar na matriz de inclusão (Figura 12) onde são armazenadas as informações
coletadas ao longo da AET.

C - Ergo-Foto

O primeiro passo é dividir a foto em três partes iguais na horizontal e na vertical, no segundo passo assinale os
dois pontos áureos: o inferior á direita e o superior à esquerda. No terceiro passo, assinale os dois pontos
secundários o inferior à esquerda e o superior à direita. No quarto passo procurar a melhor orientação na diagonal
que liga os dois pontos áureos (Figura 13).
D - A conversa como procedimento metódico

Obrigatoriedade de registros de falas no trabalho (Figura 14). Exemplos de Falas: “o trabalho é feito sob pressão, o
que provoca ansiedade.” “o objetivo é obter a relação custo-benefício.” “o objetivo é entregar o serviço o mais
rápido possível”. São fases da conversa a abordagem, negociação e produção, com possibilidades de impasse
seguido de ruptura e/ou fracasso,(Figura 15).

Constituem fases da abordagem a construção do campo das interações (construção social), a construção dos
conteúdos das interações (discurso básico) e o estabelecimento de escuta (atitude de acolhimento), figura 16.
Na ação ergonômica o foco é a atividade de trabalho com suas tarefas e prescrições, exigências e execuções. O
objeto é a situação de trabalho e suas condições, estado pessoal e qualificações. O contexto é o entorno do
trabalho e o ambiente físico, contingências e clima organizacional (Figura17).
E – Matriz de Gravidade, Urgência e Tendência – GUT.
F - TÉCNICA NOMINAL DE GRUPO – TNG.

Definição do tema, Brainwriting individual - tempo pré-determinado, Participantes enunciam suas idéias ao
Coordenador que anota, a sistematização dos resultados – debate, hierarquização dos resultados - cada
participante escolhe 5 prioridades em ordem de valor decrescente.

G – Ação Ergonômica & Sustentabilidade

A ergonomia é uma disciplina da engenharia que demanda equipes multidisciplinares, projeto participativo,
normas e boas práticas, modelagem operante, demanda sócio técnicas (Figura 26), formação e qualificação (Figura
24). É vista como um processo participativo de melhoria e otimização (Figura 25).
As ações em ergonomia e sustentabilidade são relacionadas ao estabelecimento de situações de trabalho
adequado implicando em economia e saúde, localização e correção de práticas inadequadas implicando na
redução de desperdícios coibindo práticas degradadoras através de inovações, agindo no campo profissional
dentro da filosofia da educação ambiental implicando em conscientizações e sensibilizações especificas.

Um Processo de Ergonomia é dispendioso? Ergonomia não custa nada, o que custa é a ausência da ergonomia. As
soluções baseadas em análises ergonômicas produzem retornos elevados. A Ergonomia está no cerne do negocio,
promove transformações positivas e sustentáveis. A ausência da ergonomia causa problemas bem graves. A
Ergonomia custa pouco e rende muito, no entanto é preciso ser inteligente e maduro para inserir a ergonomia no
cerne dos processos da empresa. É ter visão de responsabilidade social e de futuro para garantir a
sustentabilidade.

A origem do termo sustentabilidade vem da propriedade do sustento, termo criado no mundo do trabalho por um
grupo de lenhadores suiço-alemães. Atualmente representa manter o sustento, pensar nas gerações futuras, na
sustentabilidade corporativa e no desenvolvimento sustentável.
H - Andragogia

Recomendada para ser aplicada ao trabalho em grupo fundamentada em 3 momentos (Brainstorming +


Peneira + Hierarquia) e com 1 relator e um porta-voz.

a) Oficina: Exame de assuntos para eleição de temas pertinentes.


A oficina se inicia com a formação de GDH´s (grupos deliberadamente
heterogêneos). Os grupos devem ter 3 pessoas no mínimo;

i) Os participantes devem ter um máximo de diferenças entre si de modo a


assegurar biodiversidade;
ii) Cada grupo deve nomear um secretário, um anotador e um porta-voz. As
funções podem ser acumuladas, mas o ideal é que sejam repartidas. Uma
mesma função pode ser dividida entre dois membros do grupo.
iii) Em seguida é feita a apresentação de um material articulado com a
preleção do dia.
iv) Os grupos devem anotar todas as passagens pois deverão discutir o
material e apontar 4 temas que considerem centrais. A recomendação é a
de estabelecer uma lista longa, hierarquizar e depois escolher os quatro
primeiros.
v) Todos os temas deverão ter sua pertinência justificada, para se poder
realizar a priorização;
vi) A priorização de vê ser feita mediante o uso da matriz de GUT, que sera
apresentada aos grupos.
vii) Tendo todos os grupos terminado a oficina reunimos a turma toda e
fazemos uma consolidação dos problemas apresentados e escolheremos
os quatro temas principais da turma.
viii) Cada porta-voz apresenta seus temas.

b) Fórum analítico: Exame de temas para o apontamento e eleição de


problemas serem atacados pela turma. Estes elementos são priorizados com
o uso da técnica de grupo nominal (TGN) combinada com o uso da matriz de
GUT.
ix) Esta etapa se inicia com a formação de 4 fóruns analíticos formados por
3 GDH´s (grupos deliberadamente heterogêneos);
x) Cada fórum tem a missão de elaborar uma lista de no mínio quatro
problemas decorrentes do tema.
xi) Para tanto a partir da lista de temas é feita uma aplicação seqüencial da
técnica de pergunta-chave
a. acerca dos impactos do tema;
b. acerca dos aspectos causais ligados a cada impacto
c. Acerca das razões que levam estas causas a se apresentarem
xii) Em seguida se faz uma matriz de consolidação dos problemas assim
definidos.
xiii) A esta matriz ´consolidada se aplica a priorização GUT
xiv) Com os resultados o grupo escolhe seus quatro problemas centrais.
xv) O porta-voz apresenta os quatro problemas centrais
xvi) A turma delibera quais os quatro temas principais que serão atacados no
fórum seguinte (propositivo)

c) Fórum propositivo: Elaboração de elenco de soluções locais


complementadas por aportes docentes pontuais aos temas de ação. Estes
elementos são priorizados com o uso da técnica de grupo nominal (TGN).
xvii) Esta etapa se inicia com a formação de 4 fóruns propositivos formados
por 3 GDH´s em torno de um dos quatro problemas listados;
xviii) Cada fórum tem a missão de elaborar uma lista de no mínino tres
proposições relativas ao seu problema.
xix) Para tanto a partir da lista de temas é feita uma aplicação seqüencial da
técnica de pergunta-chave acerca de como fazer alguma coisa no que
tange às razões que levam estas causas a se apresentarem
a. como fazer suprimir as razões que levam estas causas a se
apresentarem
b. Como minimizar as razões que levam estas causas a se apresentarem;
c. Como mitigar o efeito das razões que levam estas causas a se
apresentarem
xx) Em seguida se faz uma matriz de consolidação das proposições assim
definidos;
xxi) A esta matriz ´consolidada se aplica a priorização GUT;
xxii) O porta-voz apresenta as três propostas de seu problema;
xxiii) A turma consolida a lista de propostas por cada problema, em propostas
gerais e específicas.

I - O Processo de Construção de Demandas Fundamentado na Análise Ergonômica do Trabalho - AET.

A AET compreende um conjunto de análises globais, sistemáticas e intercomplementares que permitem a


modelagem operante da situação de trabalho, ou seja, a modelagem da atividade real em seu contexto,
considerando os fatores técnicos, humanos, ambientais e sociais, compreendendo as seguintes etapas:
instrução/construção de demandas, modelagem da atividade e projeto e construção de soluções adaptadas.

O método de construção das demandas foi utilizado, a partir das demandas provocadas, sustentado pelo processo
de construção social, utilizando-se de métodos e técnicas interacionais (ação conversacional, escuta às
verbalizações espontâneas e provocadas), utilizando-se de roteiros dinâmicos e de questionário sócio-econômico,
de métodos e técnicas observacionais (observações abertas auxiliadas por filmagens e fotografias) e de pesquisas
bibliográficas e documentais. O esquema da metodologia da construção das demandas pode ser observado na
Figura abaixo e sua explicação é apresentada logo em seguida.

Construção das demandas ergonômicas negociadas na atividade de trabalho

Pesquisa Exploratória Preliminar e Preparatória


Estado
Pesquisa Pesquisa Pesquisa
da Teórica Documental Teórico-
Arte documental
Hipóteses de demandas

Análise da Pesquisas
Situação de Institucionais
Referências Conexas Pesquisa
Situada de
Referência
Hipóteses de demandas
Provocadas

Análise Global e Construção das Demandas


Negociadas na Situação de Foco

Estado Análise Global na


Situação de Foco
da

Prática Pesquisa
Formulação de Demandas Situada de
Foco

Confronto e Análise de
Demandas

Construção Mútua de
Demandas

Demandas Ergonômicas
Negociadas

Fonte: GREPE– Grupo de Extensão e Pesquisa em Ergonomia - PEP/DEP/UFRN

O método de construção das demandas foi utilizado, a partir das demandas provocadas, sustentado pelo processo
de construção social, utilizando-se de métodos e técnicas interacionais (ação conversacional, escuta às
verbalizações espontâneas e provocadas), utilizando-se de roteiros dinâmicos e de questionário sócio-econômico,
de métodos e técnicas observacionais (observações abertas auxiliadas por filmagens e fotografias) e de pesquisas
bibliográficas e documentais. O esquema da metodologia da construção das demandas pode ser observado na
Figura abaixo e sua explicação é apresentada logo em seguida.

- Estado da Arte

Pesquisas teóricas e documentais relacionadas ao tema que permitam o levantamento das primeiras hipóteses de
pesquisa e de intervenção, isto é, hipóteses de demandas ergonômicas que viriam orientar o estado das práticas
ou as ações ergonômicas.

- Estado da Prática

O estado das práticas correspe às pesquisas realizadas em situações de referência, ou seja, situações de trabalho
que apresentam características próximas às da situação de foco, que possibilitam o estabelecimento de demandas
a serem provocadas na situação de foco.

As análises em situações de referência dizem respeito às atividades. Para tanto podem ser realizadas visitas
sistemáticas utilizando técnicas interacionais e observacionais auxiliadas por registros fotográficos e vídeos. Nas
situações de referência é possível identificar situações características semelhantes às situações de foco do estudo,
facilitando a compreensão da atividade e do seu contexto. Além disso, a pesquisa em situação de referência,
conforme, possibilita o conhecimento de referencial operativo comum, constituído pelas informações contextuais,
linguagem específica do setor e pelos conhecimentos partilhados que servem de base para as trocas cooperativas
que ocorram ao longo do projeto de pesquisa-intervenção. Neste sentido, a análise referencial produz
conhecimentos necessários e imprescindíveis tanto para a elaboração dos instrumentos de pesquisa, quanto para
a sustentação da ação conversacional em momentos decisivos da construção da demanda na situação de foco.

As pesquisas complementares nas instituições governamentais e não-governamentais relacionadas à atividade de


trabalho objetivam esclarecer algumas demandas evidenciadas na literatura, bem como levantar as possíveis
demandas institucionais relacionadas à atividade.

- Hipóteses da demanda provocada

Após uma análise criteriosa das informações levantadas a partir do estado da arte e da prática, é possível formular
as hipóteses da demanda provocada, conforme Quadro abaixo para o estudo de caso do GREPE.

- Análise global na situação de foco

Análise global corresponde a uma análise macro da atividade de trabalho, essencial para clarificar as demandas
ergonômicas. Como exemplo, para a análise global na Praia de Ponta Negra (estudo de caso do GREPE) foram
realizadas 20 visitas sistemáticas utilizando-se métodos e técnicas interacionais (ação conversacional, escuta de
verbalizações espontâneas e provocadas, questionários sócio-econômicas) e observacionais auxiliadas por
registros fotográficos e vídeos. A análise global situada possibilitou o conhecimento da população (42
jangadeiros), a compreensão da atividade em seu contexto, possibilitando a comprovação de algumas das
hipóteses de demandas, bem como identificar demandas latentes e dos jangadeiros, particulares da situação em
foco.
- Formulação e seleção das demandas ergonômicas

A formulação das demandas iniciou a partir da confrontação entre as hipóteses de demanda provocadas (estado
da arte e das práticas) com as demandas da situação de foco, praia de Ponta Negra, quadro abaixo.

Confrontação de Demandas da atividade jangadeira

Fonte: GREPE– Grupo de Extensão e Pesquisa em Ergonomia - PEP/DEP/UFRN


A restituição das informações coletadas e a validação das demandas junto a comunidade jangadeira foi realizada
em uma reunião com integrantes dos Grupos de Foco 1, 2 e 3 (jangadeiros mestres, ajudantes e carpinteiro
construtor de jangada), grupo de suporte e acompanhamento, permitindo a confirmação das demandas, que
foram agrupadas seguindo a seguinte classificação: saúde, segurança do trabalho, manipulação do pescado,
projeto da jangada e meio ambiente, conforme figura abaixo.

Demandas da atividade jangadeira em Ponta negra

Fonte: GREPE– Grupo de Extensão e Pesquisa em Ergonomia - PEP/DEP/UFRN

A partir do processo de construção social das demandas situadas e da análise do cenário ergonômico da atividade
jangadeira na praia de Ponta Negra promovida pelo GREPE, verifica-se que a tentativa de melhoria das condições
de trabalho (saúde, segurança e qualidade de vida) dos jangadeiros e a efetividade da captura
(qualidade/produtividade) do pescado requer o desenvolvimento de ações relacionadas à gestão da atividade
(organização do trabalho e da produção), gestão das/entre as instituições relacionadas à pesca artesanal,
melhorias no projeto da jangada e capacitação dos jangadeiros (quadro abaixo), concebidas de forma situada, ou
seja, a partir da análise da atividade e do seu contexto e, através de processo participativo, envolvendo a
comunidade jangadeira receptora.
Demandas de ações da atividade jangadeira

AÇÕES PROPOSTA DE DESENVOLVIMENTO


Modificações no projeto da jangada visando melhoria das condições de trabalho
PROJETO DA
em termos de ergonomia, higiene, saúde e segurança no trabalho, incremento na
JANGADA
qualidade e produtividade do pescado.
Educação Nutricional: enfatizar o valor nutricional do peixe e a importância do
seu consumo, visando desenvolver uma visão crítica sobre a escolha dos
alimentos, respeitando as condições de acesso e a cultura alimentar promovendo
hábitos alimentares saudáveis.
Manipulação Segura dos Alimentos: adoção de boas práticas de manipulação
dos alimentos, englobando os processos de armazenamento, preparo e
conservação destes, preservando sua qualidade nutricional e sanitária.
Educação Postural: promover o entendimento sobre a relação entre as posturas
CAPACITAÇÃO adotadas no trabalho e suas repercussões, visando a melhoria da qualidade de
vida através do auto-cuidado postural.
Segurança na Atividade Jangadeira e Primeiros Socorros: orientações
técnicas e organizacionais que possibilitem a redução de acidentes e incidentes e
das suas conseqüências.
Manipulação do pescado: armazenamento e manuseio do pescado a bordo,
melhorando a qualidade do produto comercializado
Educação Ambiental: sensibilização acerca dos aspectos ambientais que
envolvem o contexto da atividade jangadeira, buscando o equilíbrio ambiental
indispensável ao bom andamento dessa atividade, enaltecendo boas práticas
ambientais individuais e coletivas voltadas à sustentabilidade do meio ambiente
em que estão inseridos.
Recomendações voltadas à melhoria na gestão: da atividade jangadeira
GESTÃO (organização do trabalho e da produção); das instituições relacionadas à pesca e;
da inter-relação destas instituições com a comunidade jangadeira.
Fonte: GREPE– Grupo de Extensão e Pesquisa em Ergonomia - PEP/DEP/UFRN

GREPE– Grupo de Extensão e Pesquisa em Ergonomia - PEP/DEP/UFRN


Exercícios de Fixação
1 – Qual a ciência que no campo da saúde ocupacional trata do reconhecimento, avaliação e controle dos agentes agressivos
possíveis de levar o empregado a adquirir doença profissional? Quais os agentes agressivos a saúde do trabalhador? Justifique
sua resposta.

2 – Sob o ponto de vista prevencionista, como funciona a medição desses limites de tolerância para os referidos agentes em
relação a saúde do trabalhador?

3 – Por que a ação dos recursos humanos na produção da qualidade tem sido fundamental e provavelmente continuará a ser,
ainda que possa ser empregado o recurso da automação para a organização do sistema?

4 - O que é SMS?

5 – Por que uma Gestão de SMS implica em uma Gestão de Mudanças?

6 – Quais os critérios para que atividades ou operações sejam consideradas insalubres?

7 – Por que a Gestão pela Qualidade Total é importante ferramenta e requer postura firme e coerente quanto a
implementação da filosofia da qualidade, exigindo a participação de todos?

8 - Qual a Ruptura Social promovida pela Gestão pela Qualidade Total?

9 – Este novo modelo é alicerçado no movimento da cidadania, no crescimento ético, no aumento do nível de cultura e da
auto estima, fazem com que a definição antiga seja substituída por outro conceito, mais nobre situado num patamar acima da
definição anterior. Que conceito é este?

10 – Por que grandes pesquisadores consideram o homem como centro das atenções, o ponto de partida para as mudanças
no clima organizacional empresarial?

11 - Defina Ergonomia.

12 - Para que serve a Ergonomia?

13 - Como funciona a Ergonomia?

14 - Como fazer isso?

15 – Como funciona a ergonomia organizacional?

16 - O que vem a ser a Organização do Trabalho?

17 – O que é a NR-17 (Anexo I)?


18 – Quando o desempenho organizacional é superior ao desempenho de suas partes?

19 - Um bom projeto organizacional tem como características ser centrado no humano (nas pessoas), com uma abordagem
humanizada para alocação de funções e tarefas. Quais os resultados que se busca nesse modelo?

20 - Por que cognição (Ergonomia cognitiva)?

21 - Para que serve a antropometria?

22 - Na medida do possível, o corpo deve trabalhar em posicionamento que evite doenças laborais. Descreva essas posições.

23 - Quais as aplicações da Antropometria Estática e da Fisiologia na Ergonomia?

24 - O objetivo principal de qualquer configuração do trabalho, do local de trabalho, das máquinas, dos aparelhos e
ferramentas deve ser a exigência de exclusão de qualquer trabalho estático. Quais são as posturas críticas que devem ser
evitadas?

25 - Trabalhar sentado traz conforto, porém pode ocasionar muitos problemas para a coluna vertebral, Quando é indicado?

26 - O ser humano está relativamente bem preparado para ficar na postura de pé. Quais os pré requisitos para operar sem
problemas nessa posição?

27 - Na postura forçada de pé, quais as situações a serem evitadas?

28 – Sob o ponto de vista empresarial, quais são os objetivos do Sistema de Gestão Integrada - SGI?

29 - Para que tais objetivos sejam alcançados pela empresa que utiliza o SGI, qual o procedimento padrão a ser adotado?

30 - O Sistema de Gestão Integrada – SGI é o acoplamento dos elementos do SGSST e do SGA para a integração dos mesmos
sobre a estrutura do SGQ, tornando-se mais fácil devido ao fato de serem ambos concebidos a partir do modelo P.D.C.A. –
Plan. Do. Check. Act. Em que consiste o P.D.C.A. – Plan. Do. Check. Act?

31 - Cite os benefícios e obstáculos do P.D.C.A.

32 – Quais os objetivos do Programa de Alimentação do Trabalhador – PAT? Quais incentivos para as empresas inscritas
nesse programa?

33 – Quais os objetivos de uma Comissão Interna de Prevenção de Acidentes - SIPAT? Como ela pode atuar?

34 - Qual a importância do treinamento de funcionários na empresa objetivando a seguridade laboral?

35 – Que novo paradigma é vivido dentro e fora da empresa?

36 – Quais os benefícios empresariais quando o trabalhador de dispõe a contribuir com a imagem da empresa?. Quando isso
ocorre?

37 – Qual a forma encontrada pela empresa para alcançar o progresso humano em suas instalações?

38 – Defina demanda.

39 – Qual o objetivo da instrução da demanda?

40 – Na instrução da demanda, cinco grandes passos são pertinentes, cite-os comentando suas principais características.

41 - As ações em ergonomia e sustentabilidade são relacionadas ao estabelecimento de situações de trabalho adequado. Cite
as implicações relacionadas as ações em ergonomia e sustentabilidade.
42 - Um Processo de Ergonomia é dispendioso?

Anexo I
NR 17 - Ergonomia (117.000-7)

17.1. Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a


adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos
trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e
desempenho eficiente.

17.1.1. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento,


transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições
ambientais do posto de trabalho, e à própria organização do trabalho.

17.1.2. Para avaliar a adaptação das condições de trabalho às características


psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise
ergonômica do trabalho, devendo a mesma abordar, no mínimo, as condições de
trabalho, conforme estabelecido nesta Norma Regulamentadora.

17.2. Levantamento, transporte e descarga individual de materiais.

17.2.1. Para efeito desta Norma Regulamentadora:

17.2.1.1. Transporte manual de cargas designa todo transporte no qual o peso da


carga é suportado inteiramente por um só trabalhador, compreendendo o
levantamento e a deposição da carga.

17.2.1.2. Transporte manual regular de cargas designa toda atividade realizada de


maneira contínua ou que inclua, mesmo de forma descontínua, o transporte manual
de cargas.

17.2.1.3. Trabalhador jovem designa todo trabalhador com idade inferior a 18


(dezoito) anos e maior de 14 (quatorze) anos.

17.2.2. Não deverá ser exigido nem admitido o transporte manual de cargas, por
um trabalhador cujo peso seja suscetível de comprometer sua saúde ou sua
segurança. (117.001-5 / I1)

17.2.3. Todo trabalhador designado para o transporte manual regular de cargas,


que não as leves, deve receber treinamento ou instruções satisfatórias quanto aos
métodos de trabalho que deverá utilizar, com vistas a salvaguardar sua saúde e
prevenir acidentes. (117.002-3 / I2)

17.2.4. Com vistas a limitar ou facilitar o transporte manual de cargas, deverão ser
usados meios técnicos apropriados.

17.2.5. Quando mulheres e trabalhadores jovens forem designados para o


transporte manual de cargas, o peso máximo destas cargas deverá ser nitidamente
inferior àquele admitido para os homens, para não comprometer a sua saúde ou a
sua segurança. (117.003-1 / I1)

17.2.6. O transporte e a descarga de materiais feitos por impulsâo ou tração de


vagonetes sobre trilhos, carros de mão ou qualquer outro aparelho mecânico
deverão ser executados de forma que o esforço físico realizado pelo trabalhador
seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua saúde ou a
sua segurança. (117.004-0 / 11)

17.2.7. O trabalho de levantamento de material feito com equipamento mecânico


de ação manual deverá ser executado de forma que o esforço físico realizado pelo
trabalhador seja compatível com sua capacidade de força e não comprometa a sua
saúde ou a sua segurança. (117.005-8 / 11)

17.3. Mobiliário dos postos de trabalho.

17.3.1. Sempre que o trabalho puder ser executado na posição sentada, o posto de
trabalho deve ser planejado ou adaptado para esta posição. (117.006-6 / I1)

17.3.2. Para trabalho manual sentado ou que tenha de ser feito em pé, as
bancadas, mesas, escrivaninhas e os painéis devem proporcionar ao trabalhador
condições de boa postura, visualização e operação e devem atender aos seguintes
requisitos mínimos:

a) ter altura e características da superfície de trabalho compatíveis com o tipo de


atividade, com a distância requerida dos olhos ao campo de trabalho e com a altura
do assento; (117.007-4 / I2)

b) ter área de trabalho de fácil alcance e visualização pelo trabalhador; (117.008-


2 / I2)

c) ter características dimensionais que possibilitem posicionamento e


movimentação adequados dos segmentos corporais. (117.009-0 / I2)

17.3.2.1. Para trabalho que necessite também da utilização dos pés, além dos
requisitos estabelecidos no subitem 17.3.2, os pedais e demais comandos para
acionamento pelos pés devem ter posicionamento e dimensões que possibilitem
fácil alcance, bem como ângulos adequados entre as diversas partes do corpo do
trabalhador, em função das características e peculiaridades do trabalho a ser
executado. (117.010-4 / I2)
17.3.3. Os assentos utilizados nos postos de trabalho devem atender aos seguintes
requisitos mínimos de conforto:

a) altura ajustável à estatura do trabalhador e à natureza da função exercida;


(117.011-2 / I1)

b) características de pouca ou nenhuma conformação na base do assento;


(117.012-0 / I1)

c) borda frontal arredondada; (117.013-9 / I1)

d) encosto com forma levemente adaptada ao corpo para proteção da região


lombar. (117.014-7 / Il)

17.3.4. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados sentados, a


partir da análise ergonômica do trabalho, poderá ser exigido suporte para os pés,
que se adapte ao comprimento da perna do trabalhador. (117.015-5 / I1)

17.3.5. Para as atividades em que os trabalhos devam ser realizados de pé, devem
ser colocados assentos para descanso em locais em que possam ser utilizados por
todos os trabalhadores durante as pausas. (117.016-3 / I2)

17.4. Equipamentos dos postos de trabalho.

17.4.1. Todos os equipamentos que compõem um posto de trabalho devem estar


adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do
trabalho a ser executado.

17.4.2. Nas atividades que envolvam leitura de documentos para digitação,


datilografia ou mecanografia deve:

a) ser fornecido suporte adequado para documentos que possa ser ajustado
proporcionando boa postura, visualização e operação, evitando movimentação
freqüente do pescoço e fadiga visual; (117.017-1 / I1)

b) ser utilizado documento de fácil legibilidade sempre que possível, sendo vedada
a utilização do papel brilhante, ou de qualquer outro tipo que provoque
ofuscamento. (117.018-0 / I1)

17.4.3. Os equipamentos utilizados no processamento eletrônico de dados com


terminais de vídeo devem observar o seguinte:

a) condições de mobilidade suficientes para permitir o ajuste da tela do


equipamento à iluminação do ambiente, protegendo-a contra reflexos, e
proporcionar corretos ângulos de visibilidade ao trabalhador; (117.019-8 / I2)

b) o teclado deve ser independente e ter mobilidade, permitindo ao trabalhador


ajustá-lo de acordo com as tarefas a serem executadas; (117.020-1 / I2)
c) a tela, o teclado e o suporte para documentos devem ser colocados de maneira
que as distâncias olho-tela, olhoteclado e olho-documento sejam aproximadamente
iguais; (117.021-0 / I2)

d) serem posicionados em superfícies de trabalho com altura ajustável. (117.022-


8 / I2)

17.4.3.1. Quando os equipamentos de processamento eletrônico de dados com


terminais de vídeo forem utilizados eventualmente poderão ser dispensadas as
exigências previstas no subitem 17.4.3, observada a natureza das tarefas
executadas e levando-se em conta a análise ergonômica do trabalho.

17.5. Condições ambientais de trabalho.

17.5.1. As condições ambientais de trabalho devem estar adequadas às


características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser
executado.

17.5.2. Nos locais de trabalho onde são executadas atividades que exijam
solicitação intelectual e atenção constantes, tais como: salas de controle,
laboratórios, escritórios, salas de desenvolvimento ou análise de projetos, dentre
outros, são recomendadas as seguintes condiçôes de conforto:

a) níveis de ruído de acordo com o estabelecido na NBR 10152, norma brasileira


registrada no INMETRO; (117.023-6 / I2)

b) índice de temperatura efetiva entre 20oC (vinte) e 23oC (vinte e três graus
centígrados); (117.024-4 / I2)

c) velocidade do ar não superior a 0,75m/s; (117.025-2 / I2)

d) umidade relativa do ar não inferior a 40 (quarenta) por cento. (117.026-0 / I2)

17.5.2.1. Para as atividades que possuam as características definidas no subitem


17.5.2, mas não apresentam equivalência ou correlação com aquelas relacionadas
na NBR 10152, o nível de ruído aceitável para efeito de conforto será de até 65 dB
(A) e a curva de avaliação de ruído (NC) de valor não superior a 60 dB.

17.5.2.2. Os parâmetros previstos no subitem 17.5.2 devem ser medidos nos


postos de trabalho, sendo os níveis de ruído determinados próximos à zona auditiva
e as demais variáveis na altura do tórax do trabalhador.

17.5.3. Em todos os locais de trabalho deve haver iluminação adequada, natural ou


artificial, geral ou suplementar, apropriada à natureza da atividade.

17.5.3.1. A iluminaçâo geral deve ser uniformemente distribuída e difusa.

17.5.3.2. A iluminação geral ou suplementar deve ser projetada e instalada de


forma a evitar ofuscamento, reflexos incômodos, sombras e contrastes excessivos.
17.5.3.3. Os níveis mínimos de iluminamento a serem observados nos locais de
trabalho são os valores de iluminâncias estabelecidos na NBR 5413, norma
brasileira registrada no INMETRO. (117.027-9 / I2)

17.5.3.4. A medição dos níveis de iluminamento previstos no subitem 17.5.3.3


deve ser feita no campo de trabalho onde se realiza a tarefa visual, utilizando-se de
luxímetro com fotocélula corrigida para a sensibilidade do olho humano e em
função do ângulo de incidência. (117.028-7 / I2)

17.5.3.5. Quando não puder ser definido o campo de trabalho previsto no subitem
17.5.3.4, este será um plano horizontal a 0,75m (setenta e cinco centímetros) do
piso.

17.6. Organização do trabalho.

17.6.1. A organização do trabalho deve ser adequada às características


psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado.

17.6.2. A organização do trabalho, para efeito desta NR, deve levar em


consideração, no mínimo:

a) as normas de produção;

b) o modo operatório;

c) a exigência de tempo;

d) a determinação do conteúdo de tempo; e) o ritmo de trabalho;

f) o conteúdo das tarefas.

17.6.3. Nas atividades que exijam sobrecarga muscular estática ou dinâmica do


pescoço, ombros, dorso e membros superiores e inferiores, e a partir da análise
ergonômica do trabalho, deve ser observado o seguinte:

para efeito de remuneração e vantagens de qualquer

espécie deve levar em consideração as repercussões sobre

a saúde dos trabalhadores; (117.029-5 / I3)

b) devem ser incluídas pausas para descanso; (117.030-9 / I3)

c) quando do retorno do trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou


superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção deverá permitir um retorno
gradativo aos níveis de produção vigentes na época anterior ao afastamento.
(117.031-7 / I3)

17.6.4. Nas atividades de processamento eletrônico de dados, deve-se, salvo o


disposto em convenções e acordos coletivos de trabalho, observar o seguinte:
a) o empregador não deve promover qualquer sistema de avaliação dos
trabalhadores envolvidos nas atividades de digitação, baseado no número individual
de toques sobre o teclado, inclusive o automatizado, para efeito de remuneração e
vantagens de qualquer espécie; (117.032-5)

b) o número máximo de toques reais exigidos pelo empregador não deve ser
superior a 8 (oito) mil por hora trabalhada, sendo considerado toque real, para
efeito desta NR, cada movimento de pressão sobre o teclado; (117.033-3 / I3)

c) o tempo efetivo de trabalho de entrada de dados não deve exceder o limite


máximo de 5 (cinco) horas, sendo que, no período de tempo restante da jornada, o
trabalhador poderá exercer outras atividades, observado o disposto no art. 468 da
Consolidação das Leis do Trabalho, desde que não exijam movimentos repetitivos,
nem esforço visual; (117.034-1 / I3)

d) nas atividades de entrada de dados deve haver, no mínimo, uma pausa de 10


(dez) minutos para cada 50 (cinqüenta) minutos trabalhados, não deduzidos da
jornada normal de trabalho; (117.035-0 / I3)

e) quando do retorno ao trabalho, após qualquer tipo de afastamento igual ou


superior a 15 (quinze) dias, a exigência de produção em relação ao número de
tóques deverá ser iniciado em níveis inferiores do máximo estabelecido na alínea
"b" e ser ampliada progressivamente. (117.036-8 / I3)

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