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MEDICINA 35

2020
MARIA VICTORIA LIMA SABO MENDES

SUMÁRIO

Historico do Sistema Único de Saude..................................................p. 02 – 08


Pre Hipertensao............................................................................................p. 09
Hipertensao Arterial............................................................................p. 10 – 15
Anti-Hipertensivos...............................................................................p. 16 – 28
Referencia e Contra referencias..................................................................p. 29
Lei 8.080/90..........................................................................................p. 30 – 32
Pacto pela Saude...................................................................................p. 33 – 35
COAP.......................................................................................................p. 36 – 37
Redes de Atencao a Saude............................................................................p. 38
Demanda Espontanea e Programada..................................................p. 39 – 40
Diagnostico Situacional........................................................................p. 41 – 42
Equipe Multiprofissional......................................................................p. 43 – 45
Distribuicao de Medicamentos pelo SUS............................................p. 46 – 48
Conselhos de Saude...............................................................................p. 49 – 52
Financiamento Tripartite....................................................................p. 53 – 56
Infarto....................................................................................................p. 57 – 61
SUS e Populacao Indigena....................................................................p. 62 – 71
CMI e RMM.............................................................................................p. 72 – 75
Tuberculose p. ..........................................................................................76 – 95
Sistema de Saude Prisional...............................................................p. 96 – 101
SUS e LGBTQI+..................................................................................p. 102 – 109
Redesignação Sexual.......................................................................p. 110 – 117
Hanseniase........................................................................................p. 118 – 133
LPI – Planejamento Estrategico Situacional.................................p. 134 – 139
HISTOLOGIA – Arterias, Veias e Capilares....................................p. 140 – 145
LMF – Disturbios Circulatorios relacionados à HAS....................p. 146 – 152
LMF – Doença Vascular Hipertensiva............................................p. 153 – 158
LMF – Isquemia e Infarto.................................................................p. 159 – 162
LMF – Doença Coronariana........................................................................p. 163
PALESTRA – Inicio da Saude no Brasil..........................................p. 164 – 180
PALESTRA – Instancias de Pactuação..........................................p. 181 – 186
PALESTRA – Financiamento e Leis do SUS..................................p. 187 – 195
PALESTRA – Caracterizacao do Povo Indigena............................p. 196 - 202

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HISTORICO DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

PERÍODO COLONIAL (1500 - 1822)

- Havia poucos médicos, e a população com baixo poder econômico usava a


medicina proveniente de culturas indígenas, jesuítas e africana (ervas).

- O acesso a tratamentos e cuidados médicos dependia da classe social,


pessoas pobres e escravos não sobreviviam às doenças que tinham.

- Com a chegada da família Real Portuguesa em 1808, houve a fundação de


cursos universitários como a medicina.

- Houveram movimentos da Igreja Católica, Protestante, Evangélica,


Comunidade Espirita e etc - num primeiro momento conectado com a ideia
de caridade onde destinavam-se a prestar assistência médica e tratamento
de saúde para quem não tinha dinheiro – eram mantidas pelas doações.

PERÍODO IMPERIAL (1822 -1930)

- D. Pedro II, em 1822, declara a independência do Brasil e cria órgão para


vistoriar a higiene publica, propondo calçamento de ruas e iluminaçao ̃
pública, visando higienizar o centro urbano.

i. Essa higienizaçao
̃ era sanitária e social – expulsava os casebres e as
pessoas de classe social mais inferior do centro da cidade,
proliferando o desenvolvimento de favelas nas áreas periféricas.

ii. Alvo da campanha pela saúde pública nesse principio de século XIX
foi estruturar o saneamento básico.

- Periodo marcado pela falta de políticas sociais e de saúde.

i. Medidas eram voltadas para o tratamento de doenças e não para a


prevençao
̃ .

- Houve crescimento de epidemias, como a cólera, febre amarela, peste


bubônica e varíola, que acabaram prejudicando os portos brasileiros.

- Diante da necessidade de saneamento, o médico Osvaldo Cruz adotou o


modelo de campanhas sanitárias.

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- Revolta da Vacina em 1904 - RJ: Insatisfaçao ̃ na populaçao


̃ contra a
política da obrigatoriedade da vacinaçao
̃ da varíola.

- Criaçao
̃ do Departamento Nacional de Saúde Pública, que visava à
expansão dos serviços de saneamento urbano e rural, além de higiene
industrial.

- 1923 – Criaçao
̃ do CAPs (Caixa de aposentadoria e pensão).

i. Primeira lei de previdência social (Lei Elói Chaves).

ii. Concedia aos trabalhadores associados às caixas ajuda médica,


aposentadoria, pensões para dependentes e auxilio funerário.

iii. No entanto beneficiava poucas categorias profissionais.

ERA VARGAS (1930 - 1945)

- Em 1930, foi criado o Ministério da Saúde e Educaçao


̃ , sendo que em 1953
foi desvinculado.

- Constituiçao
̃ de 1934: concedia novos direitos aos trabalhadores, como
assistência média e licença-gestante.

- 1943. CLT (Consolidaçao ̃ das Leis Trabalhistas) determina aos


trabalhadores de carteira assinada, além do salário mínimo, também o
benefício á saúde; assistência médica estendida aos familiares dos
operários.

- IAPs – Instituto de Aposentadoria e Pensões (assistência médica


gratuita).

i. Substitui o CAPs por intermédio do Ministério do Trabalho, com


objetivo de garantir assistência a um numero maior de
trabalhadores.

ii. Possibilitava que mais pessoas tivessem acesso á saúde, no entanto


as pessoas com esse acesso eram só trabalhadores, e essa saúde era
incentivada, pois os empregadores precisavam gerar mais renda
para o governo.

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REGIME MILITAR (1964 - 1984)

- A cidadania estava atrelada à carteira de trabalho.

i. Pessoas sem carteira assinada não tinham acesso a consultas,


exames e cirurgias, sendo que as que tinham deveriam pagar para
usar a medicina previdenciária.

ii. A maior parte dos previdenciários eram de baixa renda, sendo que
56% dos brasileiros recebiam um salário mínimo ou menos, logo, era
muito difícil serem atendidos na Previdência.

- A medicina da época também era focada na soluçao


̃ e não na prevençao
̃
da doença.

- 1966: criaçao
̃ do INPS – Instituto Nacional de Previdência Social.

- 1970: Reforma sanitária, os Sanitaristas se dirigiam aos prefeitos e


ofereciam projetos para trabalhar nas periferias.

i. Foram criados os primeiros postinhos de saúde, com profissionais


que atendiam duas vezes na semana, onde não distinguiam quem
tinha ou não carteira de trabalho, surgindo o principio da
universalidade.

- 1974: Criaçao
̃ do INAMPS – Instituto Nacional de Assistência Médica e
Previdência Social.

i. Prestava assistência médica à seus associados.

ii. Beneficiava os trabalhadores com carteira assinada.

iii. Ampliaçaõ do acesso á atençao


̃ médica atendendo aos trabalhadores
rurais, empregados domésticos e autônomos que contribuíam com o
INSS (é mantido pelos contribuintes do INSS).

-1974: criaçao
̃ do FAS - Caixa Econômica Federal o Fundo de Apoio á
Assistência Social.

i. Finalidade de atender os setores mais carentes da populaçao


̃ .

ii. Tinha uma gestão junto às áreas de saúde, previdência e assistência


social, trabalho, justiça, educaçao
̃ e cultura.

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iii. Houve extensão da previdência para trabalhadores rurais,


empregados domésticos e autônomos - trabalhadores sem carteira
assinada conseguiriam ser atendidos.

- Em 1966, os diversos IAPs foram unificados em INPS, centralizando


definitivamente a administraçaõ dos recursos e mantendo o direito apenas
para quem contribuía – assistência médica previdenciária, e não atençao
̃ á
saúde pública.

- Há uma centralizaçao


̃ administrativa e financeira da previdência social.
Além disse, há uma unificaçao
̃ dos benefícios para todos os segurados.

- Setor privado de saúde foi favorecido pela compra de serviços.

- Existiam algumas unidades públicas filantrópicas que atendiam a todos.

- Hospitais universitários atendiam a todos, alguns como indigentes outros


como medicina previdenciária.

- Em 1983, a Previdência Social começou a fazer convênios com as


prefeituras como a AIS – Açoe
̃ s Integradas em Saúde – eram estruturas
com orçamento mais baixo que os PAMs (Posto de Atendimento Médico –
grandes estruturas).

i. Foi um salto, e isso fez o governo perceber que o país poderia


organizar o atendimento á saúde de modo que a Previdência entraria
num sistema único.

ii. Assim, o SUS foi sendo criado antes da Constituiçao


̃ de 1988.

REFORMA SANITÁRIA

- Nasceu no contexto da luta contra a ditadura, no inicio da década de 1970.

- Refere a um conjunto de ideias em relaçao


̃ ás mudanças e transformaçoe
̃ s
necessárias na área da saúde.

- Essas mudanças abarcavam todo o setor da saúde, em busca danmelhoria


das condiçoe
̃ s de vida da populaçao
̃ .

- 1986: 1° Conferência Internacional de Promoçao ̃ de Saúde, gerou a Carta


de Ottaw: importância e o impacto das dimensões socioeconômicas,
políticas e culturais com relaçao
̃ às condiçoe
̃ s de saúde.

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- 1986: 8° Conferencia Nacional da Saúde: visava o controle social,


econômico e ambiental.

i. Foi debatida a Reforma Sanitária e deu-se o inicio e criaçao


̃ do SUS.
Grupo de médicos e outros profissionais desenvolveram teses e
integraram discussões políticas.

- 1987: SUDS – Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde:


Implementado por meio da celebraçao
̃ de convênios entre os INAMPS e os
governos estaduais.

- 1988: Constituiçao
̃ Federal: garantindo o direito à saúde como direito do
cidadão (universalizaçao
̃ ) e dever do Estado à Criação do SUS.

- 1990: Lei 8080 regulamentou o SUS: condiçoe


̃ s para a promoçao
̃ , proteçao
̃
e recuperaçaõ da Saúde.

- Lei 8.689 de 1993 extinguiu o INAMPS.

SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE

- Estabelecida pela Constituiçao


̃ Federal de 1988 – “A saúde é direito de
todos e dever do Estado”.

- Proporcionou acesso universal ao sistema público de saúde, sem


discriminaçao
̃ – com foco na qualidade de vida.

- Lei orgânica de saúde número 8.080 de 1990: Saúde não se limita apenas
a ausência de doença – dispõe sobre as condiçoẽ s para a promoção,
proteçaõ e recuperaçaõ da saúde.

i. Regulamenta o SUS.

- Lei orgânica de saúde número 8.142 de 1990:

i. Dispõe sobre a participaçao


̃ da comunidade na gestão do SUS.

ii. Atua na promoçaõ da saúde, prevençao


̃ da ocorrência de agravos e
recuperaçao
̃ dos doentes.

iii. A gestão das açoe


̃ s e dos serviços de saúde deve ser solidária e
participativa entre os três entes da federação:

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PRINCIPIOS DO SUS

PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS

Universalidade:

- Saúde como um direito de cidadania de todos.

- Cabe ao Estado assegurar este direito, independentemente do sexo, raça,


ocupaçao
̃ , religião e outras características sociais e pessoais.

- Acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência.

Equidade:

- “Tratar igualmente os iguais, e desigualmente os desiguais na medida de


suas desigualdades”.

i. Investindo mais onde a carência é maior – objetivo de diminuir


desigualdades.

- Visa ajustar as açoe


̃ s de acordo com as necessidades de cada parcela da
populaçaõ a ser coberta.

Integralidade:

- Considerar as pessoas como um todo, atendendo as suas necessidades –


compreender as diversas situaçoe
̃ s de vida e trabalho, o que leva a adoecer
e a morrer.

PRINCÍPIOS ORGANIZATIVOS

Regionalizaçao
̃ :

- Descentralizaçaõ das açoẽ s e serviços de saúde, processo de articulaçao


̃
entre os serviços que já existem, visando o comando unificado dos mesmos.

- Visa garantir a integralidade da atençao


̃ .

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Hierarquizaçao
̃ :

- Divisão dos níveis de atençao


̃ e garantia das formas de acesso a serviços
que façam parte da complexidade requerida pelo caso, nos limites dos
recursos disponíveis numa dada região.

- Atençao
̃ Primária: UBS, resolve 80% dos problemas, como vacinação,
controle de pressão, curativos, pré-natal, inalaçoẽ s, injeçoe
̃ s, atendimento
odontológico e clínica médica básica (clinica geral, pediatria e ginecologia).

- Atençao
̃ Secundária: centros de especialidade, resolve cerca de 15% dos
problemas.

i. Ambulatorial: atendimento em especialidade como dermatologia,


cardiologia, oftalmologia.

ii. Hospitalar: açoe


̃ s de baixa complexidade como urgência e
emergência, partos normais e cirurgias de pequeno e médio porte.

- Atençao
̃ Terciária: hospitais – resolve os 05% restantes dos problemas.

i. Atendimento de grande complexidade, cirurgia de coração,


hemodiálise, tomografia, quimioterapia.

Descentralizaçao
̃ :

- Redistribuir poder e responsabilidade entre os três níveis de governo.

- Objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir o controle e a


fiscalizaçao
̃ por parte dos cidadãos.

Participaçao
̃ Popular:

- Possibilita que a populaçaõ , através de seus representantes, defina,


acompanhe a execuçao ̃ e fiscalize a política de saúde.

- Forma de participar: Conselhos de Saúde e Conferências de Saúde.

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PRÉ-HIPERTENSÃO

- Níveis de pressão sistólica entre 120-139 mmHg e pressão diastólica


entre 80-89 mmHg.

- Estado transitório que causa repetitivas alteraçoe ̃ s na homeostase


cardiovascular, não o suficiente para elevar a PA a níveis anormais, mas
suficiente para dar inicio a cascata que ao longo do tempo resultará em
hipertensão.

- Define um estado de maior risco de hipertensão arterial no futuro.

- Segundo a VII Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial, são


considerados “Pré-Hipertensos” (PH) aqueles que apresentam pressão
arterial sistólica entre 121-139 mmHg e diastólica entre 81-89 mmHg.

- Os pré-hipertensos com níveis pressóricos maiores ou iguais a 130 x 85


mmHg representam um grupo com risco mais alto, com uma chance de 50-
60% de se tornarem hipertensos nos próximos anos.

- Hipertensão Episódica à aqueles indivíduos que têm PA maior ou igual a


140 x 90 mmHg somente em algumas aferiçoe ̃ s fora do consultório.

§ CAUSAS:

- Predisposiçao
̃ genética: Filhos de pais hipertensos comparados com filhos
de pais normotensos têm pressão arterial mais alta, atingindo níveis
compatíveis com pré-hipertensão.

- Consumo de sal: relaçao


̃ linear com a PA.

- Estresse psicossocial: Provoca elevaçoe


̃ s repetidas da PA e a ativaçao
̃ do
sistema nervoso simpático, que vai resultar no aumento da produção de
vasoconstritores, entre eles merece destaque a noradrenalina.

- Pré-hipertensos estão num estágio inicial em que o endotélio não sofreu


dano significativo.

i. Aumento de lipídios pode resultar em aumento da PA e levar á pré-


hipertensão.

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HIPERTENSÃO ARTERIAL

- A HAS é definida como uma entidade clínica na qual o indivíduo apresenta


níveis médios de pressão arterial que conferem um significativo aumento
do risco de eventos cardiovasculares, em curto ou longo prazo, justificando
uma programaçao ̃ terapêutica.

- Considera-se em estado de hipertensão quando os valores de PA são


maiores ou iguais 140/90mmHg.

- Frequentemente se associa com distúrbios metabólicos, alterações


funcionais e estruturais de órgãos alvo, sendo agravada pela presença de
outros fatores de risco como a dislipidemia, obesidade e diabetes mellitus.

- A HAS atinge 32,5% dos indivíduos adultos e 60% dos idosos, contribuindo
com cerca de 50% das mortes por doença cardiovascular.

- Risco de eventos cardiovasculares futuros aumenta de forma contínua a


partir de uma PA média em torno de 115 x 75 mmHg.

§ Screening ou Rastreamento:

- Deve medir a pressão de todos os adultos, no mínimo 01x ao ano em


pacientes sem risco e 02x ao ano em pacientes com risco.

- Avaliação (informação):

a) Da historia famíliar.
b) Se há fatores de risco.
c) Qual o estilo de vida.
d) Valor da ultima PA normal.

- Exame físico:

a) Tamanho do coração.
b) Ritmo.
c) Se há uma quarta bulha.
d) Se esta deslocado o ictus do coração (ictus cordis à local da parede
torácica onde se pode palpar o pulsar do coração).
e) Se há sopro carotídeo.
f) Se há sopro ou massa abdominal.
g) Se há alterações visuais (fundoscopia).

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§ Mecanismos envolvidos no aumento da PA:

a) Níveis elevados de colesterol.


b) Obesidade.
c) Diabetes
d) Aumento da resistência vascular periférica.

§ Fatores que influenciam o débito cardíaco:

a) Volume de sangue circulante.


b) Frequência cardíaca.
c) Contratilidade e relaxamento do miocárdio.

§ Fatores que influenciam a resistência vascular periférica:

a) Mecanismos vasoconstritores e vasodilatadores.


b) Sistema nervoso simpático.
c) Sistema renina-angiotensina.

§ Fatores de risco:

a) Idade: relaçao
̃ linear da elevação da PA com o passar dos anos.
b) Etnia – maior incidência em indivíduos negros.
c) Obesidade.
d) Ingestão excessiva de sal (relacionada tanto com a HAS como com
eventos cardiovasculares e renais).
e) Ingestão excessiva de açuc ́ ar, gorduras, álcool (pode acelerar a
motilidade cardiovascular).
f) Sedentarismo.
g) Depressão.

- Complicaçoe
̃ s da HAS não controlada:

a) Aterosclerose.
b) Doença coronariana.
c) Hipertrofia ventricular.
d) Insuficiência cardíaca.
e) Acidente vascular encefálico (AVC).
f) Nefroesclerose nos rins.
g) Insuficiência renal crônica.

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§ Diagnostico:

- Medindo a pressão 2x.

- Criancas: Recomenda-se a aferição em toda consulta após os 03 anos de


idade ou anualmente.

- Exceções:

a) Se o paciente na primeira aferição tiver pressão sistólica maior ou =


à 180mmhg ou pressão diastólica acima de 120mmhg. (fecha o
diagnostico).

b) Se o paciente lesão de órgão alvo naquele primeiro momento. (fecha


o diagnostico).

- Hipertensão Sistólica Isolada: a maioria (70%) dos hipertensos acima


de 65 anos tem apenas elevaçao ̃ da PA sistólica.

i. Entidade típica do idoso.


ii. Definida como pa sistólica maior ou igual a 140 mmhg com pa
diastólica menor que 90 mmhg.
iii. Esta entidade aumenta o risco de eventos cardiovasculares no idoso,
e seu tratamento leva à reduçao ̃ da morbimortalidade nesses
pacientes.

§ Dificuldades de Diagnostico:

- Hipertensão do Jaleco Branco (prevalência de 10 a 29%): Paciente fica


ansioso, nervoso e desconfortável na frente do profissional de saúde
demonstrando uma pressão arterial que não retrata a realidade.

i. Um grande número de pessoas apresenta PA ≥ 140 x 90 apenas


quando um médico ou profissional de saúde afere a sua pressão.

ii. Quando a PA é aferida em casa, por parentes ou amigos, ou quando


os valores da PA são determinados pela MAPA, quase todas as
medidas encontram-se abaixo de 140 x 90.
iii. Cerca de 30% dos pacientes diagnosticados como hipertensos
(especialmente no estágio I) na verdade têm “Hipertensão do Jaleco
Branco”.

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- Hipertensão Mascarada: Calma com o profissional de saúde. situaçao ̃


clínica caracterizada por valores normais de PA no consultório (< 140 x 90
mmHg), porém, com PA elevada pela MAPA.

i. Essa condiçaõ deve ser pesquisada em indivíduos com PA normal ou


limítrofe e mesmo nos hipertensos controlados, que desenvolvem
sinais de lesões em órgãos-alvo.

ii. Sua prevalência média é de 13%.

- Em ambos os casos usa-se o MAPA, monitorização ambulatorial da


pressão arterial, monitora a pressão ao longo do dia, dando uma media.

a) Media acima de 125/75 fecha o diagnostico.

b) Diurna acima de 130/80 fecha o diagnostico.

c) Noturno (dormindo) acima de 110/65 fecha o diagnostico.

§ Tratamento da Hipertensão:

- Reduz em 50% a chance de ter insuficiência cardíaca, em 40% a chance


de ter AVE e em 25% a chance de ter infarto agudo do miocárdio.

- Tratamento Não Farmacológico:

a) Perda de peso à reduz de 05 à 20 mmhg à cada 10kg perdidos.

b) Dieta DASH à dieta em rica em proteína, potássio e magnésio, reduz


de 08 à 14 mmhg.

c) Atividade física à Reduz de 04 à 09 mmhg.

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d) Retirada da ingestão de Sódio à - 2,4 d/dia reduz de 02 à 08 mmhg.

e) Retirada da ingestão de Alcool à Reduz de 02 a 04 mmhg.

- Tratamento Farmacologico (MONOTERAPIA – Hipertenso Estagio I):

a) Diuretico tiazidico.

b) Bloqueadores do canal de cálcio.

c) Inibidores da enzima conservadora angiotensina.

d) Bloqueadores do receptor de angiotensina II.

- Tratamento Farmacologico (TERAPIA COMBINADA – Hipertenso


Estagio II):

a) IECA/BRA + Bloqueador de canal de cálcio.

b) IECA/BRA + Diuretico tiazidico.

§ Hipertensão Primaria:

- Provocada por causas desconhecidas (idiopáticas).

- Remete a maioria dos casos (95%), sendo geralmente assintomática, a


menos que haja complicaçao
̃ (infarto agudo do miocárdio, AVC, etc).

- Em curto prazo ou quando controlada, é compatível com vida longa.

§ Hipertensão Secundária:

- Tem uma outra causa objetiva por tras.

- Suspeita que existe algo por tras causando a doença.

- Suspeita quando:

a) Tem hipertensão grave ou resistente.


b) Tem idade inferior a 30 anos sem obesidade.
c) Tem histórico ou exame físico sugestivo.

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- Possui causas especificas.

a) Drogas (corticoides, anfetamina, anticoncepcional).


b) Doenca renal primaria.
c) Doenca renovascular.
d) Apneia do sono.
e) Feocromocitoma (tumores raros que se desenvolvem na região
interna das glândulas suprarrenais).
f) Hiperaldesteronismo primário.

- Minoria dos casos (05%).

§ Lesão Vascular:

- A HAS afeta basicamente dois elementos: os vasos sanguíneos


(especialmente as artérias e arteríolas) e o coração.

- O comprometimento vascular está por trás das principais complicaçoe


̃ s
da hipertensão.

- Provavelmente, a lesão do endotélio é o evento inicial deste processo, uma


série de fatores tróficos pode ser liberada, uma vez perdida a integridade
endotelial, pois o endotélio atua como um verdadeiro “protetor” vascular.

- O remodelamento vascular causa aumento progressivo e permanente da


RVP, elevando mais ainda a pressão arterial, o que cria um ciclo vicioso
(hipertensão arterial gera mais hipertensão arterial).

- O estágio da HAS pode, assim, prgredir com o passar dos anos, quanto
maior o estágio, mais rápido será o processo de remodelamento vascular.

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ANTI-HIPERTENSIVOS

- O tratamento da hipertensão arterial visa a redução da morbimortalidade.

- Anti-hipertensivos disponíveis:

a) Diuréticos.
b) Inibidores adrenérgicos.
c) Anti-hipertensivos de ação central (agonistas alfa 2 centrais).
d) Betabloqueadores.
e) Alfa 1 bloqueadores.
f) Vasodilatadores diretos.
g) Bloqueadores de canal de cálcio.
h) Inibidores da enzima conversora de angiotensina.
i) Bloqueadores do receptor de angiotensina.
j) Inibidor direto da renina.

- Características importantes do anti-hipertensivo:

a) Ser eficaz por via oral.

b) Ser seguro, bem tolerado e com relação de risco-benefício favorável


ao paciente.

c) Permitir a administração em menor número possível de tomadas,


com preferência para dose única diária.

d) Ser iniciado com as menores doses efetivas preconizadas para cada


situação clínica, podendo ser aumentadas gradativamente,
ressalvando-se que, quanto maior a dose, maiores serão as
probabilidades de efeitos adversos.

e) Não ser obtido por meio de manipulação, pela inexistência de


informações adequadas de controle de qualidade, bioequivalência
e/ou de interação química dos compostos.

f) Ser considerado em associação para os pacientes com hipertensão


em estágios 2 e 3 e para pacientes de alto e muito alto risco
cardiovascular que, na maioria das vezes, não alcançam a meta de
redução da pressão arterial preconizada com a monoterapia.

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g) Ser utilizado por um período mínimo de quatro semanas, salvo em


situações especiais, para aumento de dose, substituição da
monoterapia ou mudança das associações em uso.

h) Ter demonstração em ensaios clínicos da capacidade de reduzir a


morbidade e a mortalidade cardiovasculares associadas à
hipertensão arterial (característica para preferência de escolha).

§ ESQUEMAS TERAPEUTICOS:

MONOTERAPIA

- Estratégia anti-hipertensiva inicial para pacientes com hipertensão


arterial estágio 1 e com risco cardiovascular baixo a moderado.

- As classes de anti-hipertensivos preferenciais para o controle da PA são:


a) Diuréticos.
b) Betabloqueadores.
c) Bloqueadores dos canais de cálcio.
d) Inibidores da ECA.
e) Bloqueadores do receptor AT1.
f) Alisquireno pode ser considerado como opção para o tratamento
inicial em monoterapia dos pacientes com hipertensão estágio 1 com
risco cardiovascular baixo a moderado.

- A posologia deve ser ajustada até que se consiga redução da PA pelo menos
a um nível inferior a 140/90 mmHg.

- Se o objetivo terapêutico não for conseguido com a monoterapia inicial,


três condutas são possíveis:

a) Se o resultado for parcial ou nulo, mas sem reação adversa,


recomenda-se aumentar a dose do medicamento em uso ou associar
anti-hipertensivo de outro grupo terapêutico.

b) Quando não se obtiver efeito terapêutico na dose máxima


preconizada, ou se surgirem eventos adversos não toleráveis,
recomenda-se a substituição do anti-hipertensivo inicialmente
utilizado.

c) Se ainda assim a resposta for inadequada, devem-se associar dois ou


mais medicamentos.

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TERAPIA COMBINADA

- Dois terços dos casos a monoterapia não é suficiente para atingir as


reduções de pressão previstas.

- A terapia combinada pode ser benéfica para pacientes com


características:

a) De alto e muito alto risco cardiovascular


b) Diabéticos.
c) Com doença renal crônica.
d) Prevenção primária e secundária de acidente vascular encefálico.
e) Pacientes com hipertensão em estágios 2 e 3.
f) E para aqueles com hipertensão arterial estágio 1, mas com risco
cardiovascular alto e muito alto.

- As associações de anti-hipertensivos devem seguir a lógica de não


combinar medicamentos com mecanismos de ação similares, com exceção
da combinação de diuréticos tiazídicos e de alça com poupadores de
potássio.

i. Tais associações de anti-hipertensivos podem ser feitas por meio de


medicamentos em separado ou por associações em doses fixas.

- O mecanismo de ação dos anti-hipertensivos irá depender da classe à qual


pertencem. Principais:

ANTI-HIPERTENSIVO MECANISMO DE AÇÃO


Diuretico Aumentam o volume e o grau do fluxo
da urina.
Bloqueadores beta adrenérgicos Antagonizam os receptores beta da
noradrenalina.
Bloqueadores do canal de cálcio São capazes de reduzir a
excitabilidade cardíaca e também a
frequência, promovendo o
relaxamento da musculatura lisa
arterial e redução da resistência
vascular periférica.
Vasodilatadores Produzem vasodilatação e reduzem a
resistência periférica.
Inibidores da enzima conversora da Atuam bloqueando a produção de
angiotensina II angiotensina II que é um
vasoconstritor.

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§ DIURÉTICOS (DIU):

- Possuem efeitos natriuréticos com diminuição do volume extracelular.

- Há diminuição da resistência vascular periférica pelo menor volume


extracelular e, assim, reduzem a pressão arterial, levando a menor
morbimortalidade cardiovascular.

- O mecanismo de ação anti-hipertensiva dos diuréticos se relaciona


inicialmente aos seus efeitos diuréticos e natriuréticos, com diminuição do
volume extracelular. Posteriormente, após cerca de quatro a seis semanas,
o volume circulante praticamente se normaliza e há redução da resistência
vascular periférica.

- Efeitos Adversos: Fraqueza, câimbras, hipovolemia e disfunção erétil.

- Efeitos metabólicos:

a) Aumentam a retenção de cálcio, diminuindo o risco de fraturas.

b) Causam hipocalemia.

c) Causam hipomagnesemia, que podem induzir arritmias


ventriculares (principalmente extrassistolia).

d) Aumentam o risco de diabetes mellitus tipo 2, pois diminuem a


liberação de insulina, podendo causar intolerância à glicose.

e) Há também aumento de ácido úrico, que pode precipitar crises de


gota em indivíduos com pré-disposição.

§ AGENTES DE AÇÃO CENTRAL:

- São alfa 02 agonistas, e estão envolvidos com mecanismos


simpatoinibitórios.

- Atividade:

a) Há diminuição da atividade simpática.


b) Diminuem o reflexo dos barorreceptores, contribuindo para
bradicardia e hipotensão ortostática,

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c) Fazem discreta redução da resistência vascular periférica e do


débito cardíaco.

d) Há diminuição de renina.

e) Há retenção de fluidos.

- São eles:

a) Metildopa.
b) Clonidina.
c) Guanabenzo.
d) Inibidores dos receptores imidazolínicos (moxonidina e rilmedina).

- Não interferem na resistência insulínica nem no perfil lipídico.

- Efeitos Adversos:

a) Todos podem a presentar sonolência, sedação, boca seca, fadiga,


hipotensão postural e disfunção erétil pela ação central.

b) Metildopa: pode provocar reações autoimunes (exemplo: febre,


anemia hemolítica, galactorreia e disfunção hepática) que
geralmente desaparecem ao cessar a droga. Em caso de efeito
adverso, substituir por outro alfa 2 agonista.

c) Clonidina: causa maior efeito rebote à descontinuação,


principalmente se associada à betabloqueador, e é perigosa em pré-
operatório.

§ BETABLOQUEADORES:

- Seu mecanismo anti-hipertensivo envolve diminuição inicial do débito


cardíaco, redução da secreção de renina, readaptação dos barorreceptores
e diminuição das catecolaminas nas sinapses nervosas.

- Podem ser:

a) Não seletivos: bloqueiam tantos os receptores adrenérgicos beta 01,


encontrados principalmente no miocárdio, quanto os beta 02,
encontrados no músculo liso, nos pulmões, nos vasos sanguíneos e
em outros órgãos. São eles: propranolol, nadolol, pindolol e timolol.

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b) Cardiosseletivos: bloqueiam apenas os receptores beta 1


adrenérgicos, presentes em maior parte no coração, no sistema
nervoso e nos rins e, portanto, sem os efeitos de bloqueio periférico
indesejáveis. Mas em doses muito altas podem também ter ação nos
receptores beta 2. São eles: metoprolol, atenolol, bisoprolol e esmolol.

c) Ação vasodilatadora: manifesta-se por antagonismo ao receptor alfa


1 periférico, como o carvedilol e o labetalol, e por aumentar a síntese
e liberação de óxido nítrico no endotélio vascular, como o nebivolol.

- Diminuem inicialmente o débito cardíaco e a secreção de renina,


havendo readaptação dos barorreceptores e diminuição das
catecolaminas.

- Propanolol também é útil para o tratamento de tremor essencial,


síndrome hipercinética, cefaleia de origem vascular e hipertensão
portal.

- Efeitos Adversos:

a) Broncoespasmo, bradicardia, distúrbios na condução


atrioventricular, vasoconstrição periférica, insônia, pesadelos,
depressão psíquica, astenia e disfunção sexual.

b) Betabloqueadores de 1ª e 2ª gerações são contraindicados em


pacientes com asma brônquica, doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC) e bloqueio atrioventricular (BAV) de 2º e 3º graus. Além
disso, podem causar intolerância à glicose (potencializado se
associado à diurético), e hipertrigliceridemia (aumento de LDL e
diminuição de HDL).

c) Já os de 3ª geração podem até melhorar o metabolismo da glicose e


lipídico (pela vasodilatação com diminuição da resistência insulínica
e melhora da captação de glicose pelos tecidos periféricos).

d) O nebivolol causa menos disfunção sexual (talvez pela síntese de


óxido nítrico no endotélio).

§ ALFA BLOQUEADORES:

- Diminuem a resistência vascular periférica.

- São eles: doxazosina, prazosina e terazosina.


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- Têm baixo efeito hipotensos se em monoterapia, sendo melhor fazer


associações.

- Discreta mudança favorável no metabolismo lipídico e glicídico,


contribuindo principalmente em hiperplasia prostática benigna (HPB).

- Efeitos Adversos:

a) Podem provocar hipotensão sintomática na primeira dose.

b) O fenômeno de tolerância é frequente, necessitando aumento da dose


ao longo do uso.

c) Pode causar incontinência urinária em mulheres.

d) Pacientes tratados com doxazosina têm maior risco de incidência de


insuficiência cardíaca congestiva (ICC).

§ VASODILATADORES DIRETOS:

- Atuam sobre a musculatura da parede vascular, promovendo


relaxamento muscular com consequente vasodilatação e redução da
resistência vascular periférica.

- São utilizados em associação com diuréticos e/ou betabloqueadores.

- Hidralazina e minoxidil.

- Relaxam a musculatura lisa arterial, e diminuem a resistência vascular


periférica.

- Efeitos Adversos:

a) A hidralazina pode causar cefaleia, flushing, taquicardia reflexa e


reação lúpus-like (dose dependente). Tomar cuidado em doença
arterial coronariana, evitar em aneurisma dissecante de aorta e
hemorragia cerebral recente. Pode causar anorexia, náusea, vômito
e diarreia.

b) Já o Minoxidil, pode causar hirsutismo. Pode haver ainda, mas,


menos comumente, expansão generalizada do volume circulante e
taquicardia reflexa.

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§ BLOQUEADORES DE CANAIS DE CÁLCIO (BCC):

- Diminuem a resistência vascular periférica pois diminuem o cálcio


intracelular das células musculares lisas das arteríolas.

- A ação anti-hipertensiva decorre da redução da resistência vascular


periférica por diminuição da concentração de cálcio nas células musculares
lisas vasculares.

- Classificação:

a) Diidropiridínicos: Anlodipina, nifedipina, felodipina, nitrendipina,


manidipino, lercanidipino, levanlodipino, lacidipino, isradipino,
nisoldipino e nimodipino.

- Fazem vasodilatação com mínima interferência na frequência


cardíaca e na função sistólica.

b) Não diidropiridínicos: Verapamil e diltiazem.

- Fazem menor vasodilatação, podem ser bradicardizantes e


antiarrítmicos, restringindo seu uso.

- Podem reduzir a função sistólica (principalmente em pacientes que


já têm tal disfunção).

- Preferem os bloqueadores de canais de cálcio de ação prolongada, para


evitar oscilações de frequência cardíaca e pressão arterial.

- São eficazes e diminuem a morbimortalidade cardiovascular.

- Há segurança em caso de doença arterial coronariana, podendo ser


alternativa quando betabloqueador for contraindicado, ou podendo ser
associado a ele em angina refratária.

- Efeitos Adversos:

a) Edema maleolar é o principal (devido à maior vasodilatação arterial


que venosa), promovendo transudação capilar.

b) Cefaleia latejante.

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c) Tontura.

d) Rubor facial é mais comum em diidropiridínicos de ação rápida.

e) Hipertrofia gengival e hipercromia do terço distal das pernas


(dermatite ocre).

f) Não diidropiridínicos podem agravar insuficiência cardíaca, além de


bradicardia e bloqueio atrioventricular.

g) Verapamil também pode causar obstipação intestinal.

§ INIBIDOR DA ENZIMA CONVERSORA DE ANGIOTENSINA (IECA):

- Agem fundamentalmente pela inibição da enzima conversora da


angiotensina (ECA), bloqueando a transformação da angiotensina I em II
no sangue e nos tecidos, embora outros fatores possam estar envolvidos
nesse mecanismo de ação.

- Diminuem a morbimortalidade cardiovascular.

- Uteis em insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida, anti-


remodelamento cardíaco pós infarto agudo do miocárdio, além de
propriedades antiateroscleróticas.

- Retardam o declínio da função renal em pacientes com nefropatia


diabética ou de outras etiologias.

- Efeitos Adversos:

a) Tosse seca é o principal deles.

b) Edema angioneurótico e erupção cutânea também podem acontecer.

c) Pode haver aumento da ureia e creatinina em uso inicial em


pacientes com insuficiência renal, mas é reversível.

d) A longo prazo, diminuem a progressão da doença renal crônica.

e) Causam hipercalemia em insuficiência renal (principalmente em


diabéticos).

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f) Diminuem a RFG e aumentam ureia, creatinina e potássio em


pacientes com estenose bilateral das artérias renais ou com estenose
de artéria renal em rim único funcionante.

g) São contraindicados na gravidez, pois podem causar complicações


fetais.

§ BLOQUEADORES DOS RECEPTORES AT1 DA ANGIOTENSINA II


(BRA):

- Antagonizam a ação da angiotensina II por meio do bloqueio específico dos


receptores AT1, responsáveis pelas ações vasoconstritoras, proliferativas
e estimuladoras da liberação de aldosterona, próprias da angiotensina II.

- Proporcionam redução da morbimortalidade cardiovascular e renal


(nefropatia diabética).

- São eles:

a) Losartana.
b) Candesartana.
c) Eprosartana.
d) Ibersatana.

- Efeitos Adversos:

a) São incomuns, sendo o exantema raramente observado.

b) Pelas mesmas razões dos IECA, são contraindicados na gravidez,


devendo os mesmos cuidados ser tomados em mulheres em idade
fértil.

§ INIBIDORES DIRETOS DA RENINA:

- Alisquireno, único representante da classe disponível para uso clínico.

- Promove:

a) Inibição direta da ação da renina com consequente diminuição da


formação de angiotensina II.

b) Redução da atividade plasmática de renina.

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c) Bloqueio de um receptor celular próprio de renina/pró-renina.

d) Diminuição da síntese intracelular de angiotensina II, podendo


contribuir para a redução da PA e a proteção tissular.

- Tem capacidade, mesmo em monoterapia, de redução da PA de


intensidade semelhante aos demais antihipertensivos.

- Efeitos Adversos:

a) Apresentam boa tolerabilidade.

b) Diarreia (especialmente com doses elevadas, acima de 300 mg/dia).

c) Aumento de CPK e tosse são os mais frequentes, mas com baixa


incidência (1%).

d) Seu uso é contraindicado na gravidez.

LESÃO - ÓRGÃOS ALVO

§ CORAÇÃO:

- A hipertrofia ventricular esquerda (HVE) pode determinar um quadro de


disfunção diastólica.

- Como sinal clínico há o aparecimento de um galope pré-sistólico (quarta


bulha), que pode ser palpável, e também de um íctus propulsivo não
desviado para a esquerda.

- Um sopro sistólico mais audível no foco aórtico pode ser comum,


caracterizando espessamento e/ou calcificação da válvula aórtica, além de
uma segunda bulha A2 intensa e clangorosa.

- Por vezes a HVE é tão desproporcional (reduzido fluxo coronariano por


grama de tecido miocárdico) que pode se manifestar com episódios
isquêmicos.

- A aterosclerose coronariana é comum em hipertensos de longa duração.

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§ CEREBRO:

- A circulação cerebral está frequentemente comprometida pela


hipertensão arterial.

- Fisiologicamente, os grandes vasos arteriais e arteriolares cerebrais se


contraem à medida que a pressão arterial se eleva, protegendo o tecido
suprajacente.

- A elevação súbita da pressão arterial pode se manifestar por tonteira,


cefaleia, zumbido e escotoma cintilante.

- Outros sintomas podem surgir, como intensificação da cefaleia,


borramento visual e perda do equilíbrio, podendo evoluir para confusão
mental, crise convulsiva e estado de coma (encefalopatia hipertensiva).

- Outras vezes ocorre o rompimento de um pequeno aneurisma,


ocasionando um acidente vascular cerebral (AVC) com pequenas
manifestações clínicas ou uma grande hemorragia intracerebral, que
evolui rapidamente para o coma profundo, levando à hérnia de tronco
cerebral e morte por insuficiência respiratória.

§ RIM:

- Os sinais e sintomas originados da disfunção renal estão relacionados à


perda da massa renal.

- A diminuição da produção de eritropoetina leva à anemia.

- A lesão glomerular ocasiona perda de proteína, determinando uma urina


espumosa, perda da função tubular, incapacidade de concentração urinária
e consequente noctúria e urina de muito baixa densidade.

- A presença de rins policísticos tem como característica uma doença de


transmissão genética e leva ao aumento do volume abdominal.

§ RETINA:

- Os vasos da retina estão frequentemente comprometidos pela hipertensão


arterial.

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- A fácil visualização desses vasos permite avaliar de maneira superficial a


gravidade da lesão vascular arteriolar decorrente da hipertensão arterial.

- As lesões vão desde espasmos arteriolares até a expressiva rarefação de


vasos, significando grande vasoconstrição sistêmica, comum na
hipertensão maligna.

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REFERENCIA E CONTRA REFERENCIA

- O SUS hierarquiza o sistema público de saúde em três níveis: baixa


(unidades básicas de saúde), média (hospitais secundários e ambulatórios
de especialidades) e alta complexidade (hospitais terciários).

- O paciente é atendido nas unidades de saúde de um ou outro nível,


conforme a necessidade e a complexidade de seu quadro clínico.

- Assim, pacientes de alta complexidade atendidos, por exemplo, em


unidades básicas de saúde ou em hospitais secundários, podem ser
encaminhados (referência) para hospitais de alta complexidade (hospitais
terciários).

- Depois de ter sua necessidade atendida e seu quadro clínico estabilizado,


o paciente é reencaminhado (contra-referência) para uma unidade de
menor complexidade, para dar seguimento ao tratamento.

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LEI ORGÂNICA 8.080/90

- Reafirma a saúde como direito e dever do Estado, concretizando-se pela


formulação e execução de políticas que garantam um acesso universal e
igualitário às ações e serviços de saúde.

- Descreve o que são determinantes de saúde.

- O SUS é formado por órgãos das 3 esferas de poder – municipal, estadual


e federal, por meio de instituições de administração direta e indireta.

i. Poderá contar com a participação da iniciativa privada em caráter


complementar.

- Objetivos do SUS: identificação de determinantes, formulação de políticas,


assistência integral e prevenção.

- Atuação do SUS: vigilâncias (inclusive nutricional); assistência integral;


participação no saneamento básico; ordenamento na formação de RH;
colaboração na proteção ambiental; formulação de políticas de
medicamentos, equipamento e materiais; fiscalização de serviços,
produtos, substâncias e alimentos; desenvolvimento tecnológico; política
de sangue.

i. Definição das vigilâncias: epidemiológica, sanitária e saúde do


trabalhador.

- Princípios do SUS: universalidade, equidade, integralidade, controle


social, preservação da autonomia, direito a informação, priorização
epidemiológica, participação da comunidade, descentralização,
intersetorialidade, conjugação de recursos, resolutividade, evitar
duplicidade.

- Organização regionalizada e hierarquizada;

- Direção única a ser exercida pelo Ministério e Secretarias (municipais e


estaduais);

i. Municípios podem formar consórcios.

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- Criação de comissões intersetoriais para assuntos que extrapolam a


esfera do SUS; criação de comissões permanentes de integração saúde e
ensino.

- Instituição do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena com base nos


Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI).

i. Financiamento federal. Estado e Municípios poderão complementar.


ii. Articulação do Subsistema com os órgãos responsáveis pela Política
Indígena.
iii. Levar em consideração a realidade local e as especificidades da
cultura dos povos indígenas.
iv. O Subsistema deverá ser descentralizado, hierarquizado e
regionalizado.

- O SUS servirá de retaguarda e referência.

- Direito a participar dos Conselhos de Saúde.

- Estabelecimento do atendimento e internação domiciliar no SUS,


realizados por equipes multidisciplinares que atuarão na prevenção,
terapêutica e reabilitação.

i. Este atendimento só poderá ocorrer com expressa concordância do


paciente.

- Permissão da presença de 01 acompanhante durante o período de


trabalho de parto, parto e pós-parto, indicado pela própria parturiente.

i. Os hospitais devem manter, em local visível, aviso informando sobre


esse direito.

- Define o que compõe a assistência terapêutica integral: dispensação de


medicamentos e produtos; oferta de procedimentos terapêuticos, em
regime domiciliar, ambulatorial e hospitalar;

- Detalha procedimentos da política de medicamentos;

- Descreve a composição da Comissão Nacional de Incorporação de


Tecnologias no SUS e algumas de suas atribuições e procedimentos;

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- Define e caracteriza as possibilidades de atuação da iniciativa privada no


sistema de saúde, respeitando as regras expedidas pelos órgãos gestores
do SUS.

- Permite participação direta ou indireta de empresas ou capital


estrangeiro na assistência, em alguns casos.

- O SUS poderá recorrer à iniciativa privada para complementar seus


serviços.

i. Essa participação deve ser por meio de contrato ou convênio.


ii. Entidades Filantrópicas e sem fins lucrativos tem preferência.
iii. Os critérios, valores e parâmetros assistenciais serão estabelecidos
pela direção nacional do SUS e aprovados no Conselho Nacional de
Saúde (CNS).

- Objetivos da política de recursos humanos: organização de um sistema de


formação de recursos humanos em todos os níveis de ensino; valorização
da dedicação exclusiva aos serviços do SUS.

- Atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico serão


cofinanciadas pelo SUS, pelas universidades e com recursos de instituições
de fomento.

- O acesso aos sistemas de informação dos ministérios da seguridade social


será assegurado às Secretarias de Saúde, e o MS deve organizar um
sistema nacional.

- Hospitais universitários e de ensino integram-se ao SUS, mediante


convênio.

- Em tempos de paz, serviços das Forças Armadas poderão integrar-se ao


SUS.

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PACTO PELA SAUDE – PORTARIA 399/2006

- O Pacto pela Saúde é resultado de um esforço das esferas municipal,


estadual e federal para, em conjunto com o Conselho Nacional de Saúde,
rediscutir a organização e o funcionamento do SUS.

- Conjunto de reformas institucionais do SUS pactuado entre as três esferas


de gestão (União, Estados e Municípios) com o objetivo de promover
inovações nos processos e instrumentos de gestão, visando alcançar maior
eficiência e qualidade das respostas do Sistema Único de Saúde.

i. Ao mesmo tempo, o Pacto pela Saúde redefine as responsabilidades


de cada gestor em função das necessidades de saúde da população e
na busca da equidade social.

- A implementação do Pacto pela Saúde se dá pela adesão de Municípios,


Estados e União ao Termo de Compromisso de Gestão (TCG).

i. O TCG substitui os processos de habilitação das várias formas de


gestão anteriormente vigentes e estabelece metas e compromissos
para cada ente da federação, sendo renovado anualmente.

ii. Entre as prioridades definidas estão a redução da mortalidade


infantil e materna, o controle das doenças emergentes e endemias
(como dengue e hanseníase) e a redução da mortalidade por câncer
de colo de útero e da mama, entre outras.

- As formas de transferência dos recursos federais para estados e


municípios também foram modificadas pelo Pacto pela Saúde, passando a
ser integradas em cinco grandes blocos de financiamento (Atenção, Básica,
Média e Alta Complexidade da Assistência, Vigilância em Saúde,
Assistência Farmacêutica e Gestão do SUS).

- Foram definidas três dimensões no Pacto em saúde: Pacto pela Vida, Pacto
em defesa do SUS e Pacto de Gestão.

- O Pacto pela Saúde foi organizado com a finalidade de responder aos


desafios atuais da gestão e organização do sistema, para promover ações
que correspondam às reais necessidades de saúde da população brasileira.

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§ Pacto pela Vida:

- Conjunto de compromissos sanitários resultantes da análise da situação


de saúde do País e das prioridades definidas pelos governos federal,
estaduais e municipais.

- Permanente, sendo que, no término do primeiro trimestre do um ano em


curso serão avaliados os resultados do ano anterior e pactuadas novas
metas e objetivos a serem atingidos no ano atual.

- Prioridades e objetivos:

a) Saúde do Idoso: Implementar a Política Nacional de Saúde da Pessoa


Idosa, buscando a atenção de forma integral.

b) Câncer de colo de Útero e de Mama: Redução da mortalidade por câncer


de colo do útero e de mama.

c) Mortalidade infantil e materna: Reduzir a mortalidade materna, infantil


neonatal, infantil por doença diarréica e por pneumonias.

d) Doenças Emergentes e endemias, com ênfase na Dengue,


Hanseníase, Tuberculose, Malária e Influenza. Visando Aumentar a
capacidade de resposta do sistema de saúde às doenças emergentes e
endemias.

e) Promoção da saúde: Elaborar e implantar a Política Nacional de


Promoção da Saúde, com ênfase na adoção de hábitos saudáveis.

f) Atenção básica à saúde: Saúde da Família como modelo de atenção básica


à saúde e como centro ordenador das redes de atenção à saúde do SUS.

§ Pacto em Defesa do SUS:

- Tem como objetivos reforçar o Sistema Único de Saúde como política de


Estado e defender seus princípios inscritos na Constituição Federal.

- Se baseia em três iniciativas:

a) A repolitização da saúde, retomando a Reforma Sanitária Brasileira


e aproximando-a dos desafios do SUS.

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b) A Promoção da Cidadania, ressaltando a questão da saúde como um


direito.

c) Financiamento do sistema de saúde de acordo com as necessidades


do Sistema.

- As ações do Pacto em Defesa do SUS devem contemplar:

a) A Promoção da Cidadania, ressaltando a questão da saúde como um


direito.

b) Estabelecimento de diálogo com a sociedade.

c) Fortalecimento das relações com os movimentos sociais,


principalmente os que lutam pelos - Elaboração e publicação da Carta
dos Direitos dos Usuários do SUS.

d) Elaboração e publicação da Carta dos Direitos dos Usuários do SUS.

e) Regulamentação da EC nº 29 pelo Congresso Nacional.

f) Aprovação do orçamento do SUS, composto pelos orçamentos das


três esferas de gestão, definindo o compromisso de cada esfera em
ações e serviços de saúde de acordo com a Constituição Federal.

§ Pacto de Gestão:

- Suas diretrizes, abrangem temas como: Regionalização, Financiamento,


Planejamento, Programação Pactuada e Integrada da Atenção à Saúde
(PPI), Regulação da Atenção à Saúde e da Assistência, Participação e
Controle Social, a Gestão do Trabalho e a Educação na Saúde.

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COAP

- O COAP é um acordo de colaboração firmado entre os três entes


federativos, no âmbito de uma Região de Saúde, com o objetivo de organizar
e integrar as ações e os serviços de saúde e garantir a integralidade da
atenção à saúde da população no território.

i. A garantia da integralidade não pode ser efetiva se assumida por


apenas um dos entes.

- Comissão Intergestores Regional (CIR): Importante instância de


fortalecimento da Governança Regional, nele os entes municipais poderão,
juntamente com o Estado, discutir as suas necessidades de saúde, as
referências e o financiamento na região.

- O COAP é assinado por todos os Prefeitos e seus Secretários de Saúde, pelo


Governador e seu Secretário de Saúde e pelo Ministro da Saúde.

- O COAP deverá conter:

a) Identificação das necessidades de saúde locais e regionais, por meio


dos Mapas de Saúde Regionais.

b) Oferta de ações e serviços de vigilância em saúde, promoção,


proteção e recuperação da saúde em âmbito regional e inter-
regional.

c) Responsabilidades assumidas pelos entes federativos perante a


população no processo de regionalização, as quais serão
estabelecidas de forma individualizada, de acordo com o perfil, a
organização e a capacidade de prestação das ações e dos serviços de
cada ente federativo da Região de Saúde.

d) Indicadores e metas de saúde.

e) Estratégias para a melhoria das ações e serviços de saúde.

f) Critérios de avaliação dos resultados e forma de monitoramento


permanente.

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g) Adequação das ações e dos serviços dos entes federativos em relação


às atualizações realizadas na Relação Nacional de Ações e Serviços
de Saúde (RENASES).

h) Investimentos na rede de serviços e as respectivas


responsabilidades.

i) Recursos financeiros que serão disponibilizados por cada um dos


partícipes para sua execução.

- Processo de transição entre o Pacto pela Saúde para o COAP: A partir da


Resolução CIT Nº 4, de 19 de Julho de 2012, todos os municípios, tenham
ou não assinado o TCG, assumem compulsoriamente as responsabilidades
sanitárias cabíveis para seu âmbito de gestão e descritas na Resolução, e
manifestas em ações previstas em seus Planos de Saúde e Programações
Anuais.

- Qual a importância de firmar o COAP?

a) Definição clara das responsabilidades sanitárias dos entes


federativos na divisão de suas competências constitucionais e legais.

b) Segurança jurídica quanto às definições dessas responsabilidades.

c) Melhoria dos argumentos jurídicos na defesa dos municípios quanto


às suas responsabilidades na judicialização da saúde.

d) Maior clareza no papel do Estado em relação aos municípios e os da


União em relação ao Estado e Municípios.

e) Possibilidade de se garantir a integralidade da assistência à saúde ao


cidadão de Municípios de pequeno porte.

f) Fortalecimento do Controle Social, pois oficializa os compromissos


públicos dos gestores com a saúde.

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REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE

- As redes são formas de organização que articulam serviços e sistemas de


saúde, com equipes multidisciplinares, unindo cada ponto da rede.

i. Dessa forma o sistema é capaz de responder às necessidades da


população, encaminhando aos serviços especializados quando
houver necessidade.

- A rede de atenção à saúde se organiza para a continuidade da atenção


compreendendo as condições crônicas e agudasda população;

- O cuidado multiprofissional faz com que o serviço seja voltado para o


paciente através dos agentes de saúde, focando no acompanhamento
completo da atenção à condição ou doença.

- Redes Temáticas de Atenção à Saúde:

a) Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil - Rede Cegonha.


b) Rede de Atenção às Urgências e Emergências – RUE.
c) Rede de Atenção Psicossocial – RAPS.
d) Rede de Cuidados à Pessoa com Deficiência – RCPD.
e) Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas.

PROGRAMAS E CAMPANHAS HIPERTENSÃO

- HIPERDIA: Programa de prevenção e controle de hipertensão e diabetes,


é do Governo Federal estendido ao Estado e municípios, com atendimentos
e medicamentos gratuitos por meio do Sistema Único de Saúde (SUS) em
qualquer unidade básica de saúde. Atuando nas necessidades de cada caso,
com condução a especialistas, o tratamento é realizado com prescrição
médica, onde há recomendação do anti-hipertensivo e orientações do
médico que acompanha o hipertenso.

- Secretaria de Estado da Saúde (SES), a Sociedade Paraibana de


Cardiologia, a Liga Acadêmica de Cardiologia e Cirurgia Cardíaca da PB, a
Acadêmica de Cardiologia da PB: oferecem serviços de aferição da pressão
arterial, orientações sobre hipertensão arterial, fatores de risco e
distribuição de material educativo/informativo no dia Nacional de
Prevenção e Combate à Hipertensão.

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DEMANDA ESPONTÂNEA E PROGRAMADA

§ Organização da Agenda da ESF:

- É contemplado:

a) Demanda Programada.
b) Demanda espontânea.
c) Visitas domiciliares.
d) Educação permanente.
e) Administrativo.

§ DEMANDA ESPONTÂNEA:

- Atendimento não programado na Unidade de Saúde.

i. Representa uma necessidade momentânea do usuário (inflamação,


agendamento de consulta, urgência ou emergência).

- A demanda espontânea implica em um fluxo intenso na unidade, visto que


os pacientes em sua grande maioria não serão atendidos pelo profissional
médico, porque este tem uma quantidade limitada de atendimento por dia,
o profissional enfermeiro terá que propor uma solução para o problema de
cada usuário que procura a unidade, seja orientações, marcação de
consulta ou transcrição de receituário.

- As equipes da Atenção Básica devem:

a) Realizar o acolhimento com escuta qualificada e classificação de


risco.
b) Observar a necessidade de saúde.
c) Avaliar a vulnerabilidade com responsabilidade da assistência
resolutiva à Demanda Espontânea.
d) Atender primeiro às urgências.

- A classificação de risco organiza a demanda espontânea e estabelece a


prioridade de atendimento entre Emergência, Muito Urgente, Urgente,
Pouco Urgente e Não Urgente.

- A atenção à demanda espontânea é um dos desafios das equipes da


Estratégia Saúde da Família (ESF), pois as expectativas na sua

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implantação voltam-se para atividades de promoção e proteção da saúde,


idealmente com grupos homogêneos como gestantes ou hipertensos.

§ DEMANDA PROGRAMADA:

- Agendada previamente.

- Segue um agendamento que limita o tempo da consulta, tendo um impacto


negativo na quantidade de atendimentos realizados.

- A demanda programada é visivelmente afetada pela prática da demanda


espontânea.

- A demanda espontânea tirou o foco dos programas de saúde que eram


realizados na demanda programada e as demais consultas que ainda são
realizadas de forma obrigatórias, como pré-natal, prevenção do câncer de
colo de útero e puericultura.

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DIAGNOSTICO SITUACIONAL

- Entende-se por diagnóstico situacional ou organizacional, o resultado de


um processo de coleta, tratamento e análise dos dados colhidos no local
onde se deseja realizá-lo.

i. É uma ferramenta que auxilia conhecer os problemas e as


necessidades sociais como: necessidade de saúde, educação,
saneamento, segurança, transporte, habitação, bem como permite
conhecer como é a organização dos serviços de saúde.

- Entende-se por diagnóstico situacional ou organizacional, o resultado de


um processo de coleta, tratamento e análise dos dados colhidos no local
onde se deseja realizá-lo.

- O diagnóstico pode ser considerado como uma das mais importantes


ferramentas de gestão, constituído por “pesquisa” das condições de saúde
e risco de uma determinada população, para posteriormente planejar e
programar ações.

- O diagnóstico deve ser construído com dados oriundos da participação


efetiva das pessoas que atuam no local de estudo, não ficando somente nas
“mãos” dos profissionais de saúde, todos os atores devem ser ouvidos e
construírem juntos o diagnóstico para planejar e direcionar as ações de
saúde é necessário conhecer a realidade, a dinâmica e os riscos que a
população/comunidade está inserida e também a forma como estão
organizados os serviços e as rotinas das unidades básicas de saúde e das
equipes de ESF.

- Instrumentos necessários:

a) Dados Primários:

- Informações coletadas por meio de entrevistador/pesquisados e/ou


informante.

- Outra forma de coleta de dados primários é a observação (onde o


pesquisador registra sobre a área estudada aspectos físicos,
condição e densidade das habitações, sistema de drenagem,
presença de esgoto a céu aberto, acúmulo de lixo, etc).

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b) Dados Secundários:

- Apresentados e disponíveis por outros organismos


governamentais.

- Podem ser obtidos juntos a registros oficiais como: IBGE ou demais


órgão oficiais de pesquisas.

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EQUIPE MULTIPROFISSIONAL

- O modelo proposto para a ESF é constituído por equipes


multiprofissionais, compostas por enfermeiro e médico, generalistas ou
especialistas em saúde da família, técnico de enfermagem, ACS e
profissionais de saúde bucal (cirurgião dentista generalista, técnico e/ou
auxiliar em saúde bucal).

- A equipe da ESF é tida como multiprofissional, pois é composta por


diferentes profissionais atuando em um mesmo local de trabalho e
interprofissional por haver integração por meio da interação entre o
trabalho de diferentes profissionais, a fim de potencializar os resultados da
equipe.

- Uma UBS deve ter:

a) Consultório médico e de enfermagem.


b) Consultório odontológico (caso possua profissional de saúde bucal).
c) Sala de acolhimento, procedimento, vacina, inalação, coleta de
material biológico, curativo, observação, administração e gerencia.
d) Áreas de recepção, arquivos, dispensação e armazenagem de
medicamentos.

§ Enfermeiro:

- Cabe atender a saúde dos indivíduos e famílias cadastradas, realizando


consulta de enfermagem, procedimentos, atividades em grupo e, conforme
protocolos, solicitar exames complementares, prescrever medicações e
gerenciar insumos e encaminhar usuários a outros serviços.

- Cabe a ele também as atividades de educação permanente da equipe de


enfermagem, bem como o gerenciamento e a avaliação das atividades da
equipe, de maneira particular do agente comunitário de saúde (ACS), que
ocupa na ESF papel fundamental para a manutenção do vínculo entre os
usuários e a Unidade de Saúde.

§ Médico:

- Profissional que se ocupa da saúde humana, promovendo saúde,


prevenindo, diagnosticando e tratando doenças, com competência e

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resolutividade, responsabilizando-se pelo acompanhamento do plano


terapêutico do usuário.

- Para que possa atender à demanda dos indivíduos sob sua


responsabilidade, deve realizar atividades programadas e de atenção à
demanda espontânea, de forma compartilhada, consultas clínicas e
pequenos procedimentos cirúrgicos, quando indicado na Unidade de Saúde,
no domicílio ou em espaços comunitários, responsabilizando-se pela
internação hospitalar ou domiciliar e pelo acompanhamento do usuário.

- Além disso, o médico deve, em um trabalho conjunto com o enfermeiro,


realizar e fazer parte das atividades de educação permanente dos membros
da equipe e participar do gerenciamento dos insumos.

§ Agente Comunitário de Saúde (ACS):

- Exerce o papel de “elo” entre a equipe e a comunidade, devendo residir na


área de atuaçao ̃ da equipe, vivenciando o cotidiano das
famílias/indivíduo/comunidade com mais intensidade em relaçao ̃ aos
outros profissionais.

- Realiza visitas domiciliares na área adscrita, produzindo dados capazes


de dimensionar os principais problemas de saúde de sua comunidade.

- A esses profissionais cabe cadastrar todas as pessoas do território,


mantendo esses cadastros sempre atualizados, orientando as famílias
quanto à utilização dos serviços de saúde disponíveis.

- Devem acompanhá-las, por meio de visitas domiciliarias e ações


educativas individuais e coletivas, buscando sempre a integração entre a
equipe de saúde e a população adscrita à UBS.

- Devem desenvolver atividades de promoção da saúde, de prevenção das


doenças e agravos e de vigilância à saúde, mantendo como referência a
média de uma visita/família/mês ou, considerando os critérios de risco e
vulnerabilidade, em número maior.

- A eles cabe “o acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa


Família ou de qualquer outro programa similar de transferência de renda
e enfrentamento de vulnerabilidades implantado pelo Governo Federal,
estadual e municipal de acordo com o planejamento da equipe”.

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- O ACS também é responsável por cobrir toda a população cadastrada, com


um máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACS por equipe de Saúde da
Família.

§ Técnico e Auxiliar de Enfermagem:

- Cabe, sob a supervisão do enfermeiro, realizar procedimentos


regulamentados no exercício de sua profissão tanto na Unidade de Saúde
quanto em domicílio e outros espaços da comunidade, educação em saúde
e educação permanente.

§ Cirurgião-Dentista:

- É o profissional de saúde capacitado na área de odontologia, devendo


desenvolver com os demais membros da equipe atividades referentes à
saúde bucal, integrando ações de saúde de forma multidisciplinar.

- A ele cabe, em ação conjunta com o técnico em saúde bucal definir o perfil
epidemiológico da população para o planejamento e a programação em
saúde bucal, a fim de oferecer atenção individual e atenção coletiva
voltadas à promoção da saúde e à prevenção de doenças bucais, de forma
integral e resolutiva.

- Sempre que necessário, deve realizar os procedimentos clínicos, incluindo


atendimento das urgências, pequenas cirurgias ambulatoriais e
procedimentos relacionados com a fase clínica da instalação de próteses
dentárias elementares, além de realizar atividades programadas e de
atenção à demanda espontânea e ao controle de insumos.

§ Técnico em Saúde Bucal (TSB):

- Cabe, sob supervisão do cirurgião dentista, o acolhimento do paciente nos


serviços de saúde bucal, a manutenção e a conservação dos equipamentos
odontológicos, a limpeza e antissepsia do campo operatório, antes e após
atos cirúrgicos, e as medidas de biossegurança de produtos e resíduos
odontológicos.

§ Auxiliar em Saúde Bucal (ASB):

- Realiza procedimentos regulamentados no exercício de sua profissão,


como limpeza, assepsia, desinfecção e esterilização do instrumental, dos
equipamentos odontológicos e do ambiente de trabalho, processam filme.

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DISTRIBUIÇÃO DE MEDICAMENTOS PELO SUS

- O fornecimento de medicamentos aos beneficiários do SUS está previsto


na Lei nº 8.080/90, artigo 06, inciso I, alínea “d”:

Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do


Sistema Único de Saúde (SUS):1 I - a execução de
ações: d) de assistência terapêutica integral, inclusive
farmacêutica;

- Ao estabelecer que a saúde deve ser integral, ou seja, abranger tudo o que
é necessário para prevenir e curar doenças, o Sistema Único de Saúde
(SUS) organiza a sua assistência farmacêutica através do Decreto Federal
nº 7508, que regulamenta a Lei Orgânica nº 8080/90.

i. Esta legislação estabelece a Relação Nacional de Medicamentos


Essenciais (Rename), com uma seleção e padronização de
medicamentos indicados para atendimento de doenças ou de
agravos pelo SUS.

- Para ter acesso aos medicamentos previstos na Rename, o usuário precisa


ter sido atendido pelo SUS, com prescrição feita por profissional de saúde,
no exercício regular de suas funções no Sistema, em conformidade também
com os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas. Além disso, a
prescrição deve estar de acordo com a relação complementar estadual,
distrital ou municipal de medicamentos e a distribuição acontece em
unidades indicadas pelo SUS.

- Em 1998, foi publicada a Política Nacional de Medicamentos (PNM), tendo


como finalidades principais:

a) Garantir a necessária segurança, a eficácia e a qualidade dos


medicamentos.
b) A promoção do uso racional dos medicamentos.
c) O acesso da população àqueles medicamentos considerados
essenciais.

- Política Nacional de Assistência Farmacêutica (PNAF): Conjunto de ações


voltadas à promoção, proteção e recuperação da saúde, tanto individual
como coletiva, tendo o medicamento como insumo essencial e visando o
acesso e seu uso racional. Este conjunto envolve a pesquisa, o

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desenvolvimento e a produção de medicamentos e insumos, bem como a


sua seleção, programação, aquisição, distribuição, dispensação, garantia
da qualidade dos produtos e serviços, acompanhamento e avaliação de sua
utilização, na perspectiva da obtenção de resultados concretos e da
melhoria da qualidade de vida da população.

- Portaria 2084, de 26 de outubro de 2005 definiu mecanismos e


responsabilidades para financiamento da Assistência Farmacêutica na
atenção básica e estabeleceu que o elenco de medicamentos para Atenção
Básica seria constituído por dois componentes:

a) Componente Estratégico: conjunto de medicamentos e produtos, cuja


responsabilidade pelo financiamento e/ou aquisição é do Ministerio
da Saude. Estão contemplados os seguintes grupos: hipertensão e
diabetes, inclusive insulina; asma e rinite; Saúde da Mulher;
Alimentação e Nutrição e de Combate ao Tabagismo.

b) Componente Descentralizado: constituído pelo Incentivo à


Assistência Farmacêutica Básica, financiado com recursos do MS,
estados, municípios e DF.

- Em princípio os pacientes atendidos no SUS devem receber gratuitamente


a medicação necessária para o tratamento e para oferecer medicamentos
a baixo custo para os pacientes atendidos na rede privada, foi criado o
Programa “Farmácia Popular do Brasil”, onde a disponibilização de
medicamentos será efetivada em farmácias populares, por intermédio de
convênios firmados com Estados, Distrito Federal, Municípios e hospitais
filantrópicos, bem como em rede privada de farmácias e drogarias.

- Fármacos utilizados nos cuidados com a hipertensão estão disponíveis


gratuitamente, seja na rede do SUS ou na rede credenciada do programa
Aqui Tem Farmácia Popular.

i. Com isso, praticamente três de cada quatro medicamentos utilizados


nos cuidados da hipertensão foram obtidos com financiamento do
SUS.

ii. Dos medicamentos utilizados para os cuidados da hipertensão,


56,0% foram obtidos no SUS, 16,0% no Programa Farmácia Popular
(rede própria ou rede credenciada) e 2,3% em outros locais. O
pagamento do próprio bolso correspondeu a 25,7% dos
medicamentos utilizados para o tratamento dessa condição.

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- Como é uma grande demanda de usuários com hipertensão, em


consequência, um grande uso de medicamentos que muitas vezes falta em
farmácias populares e causa riscos para os usuários.

- Alguns medicamentos após o uso e se for interrompido bruscamente pela


falta em farmácias populares causa grandes riscos para os usuários:

a) A suspensão brusca dos anti-hipertensivos centrais causa a


hipertensão rebote (um grande aumento na pressão de forma muito
rápido.)

b) Em casos dos betabloqueadores a suspensão brusca pode provocar


hiperatividade simpática, com hipertensão rebote e/ou
manifestações de isquemia miocárdica.

c) Em antagonistas dos canais de sódio a suspensão brusca causa


problema cardíaco.

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CONSELHO DE SAUDE

- Órgão colegiado, deliberativo e permanente do Sistema Único de Saúde


(SUS) em cada esfera de governo.

- Faz parte da estrutura das secretarias de saúde dos municípios, dos


estados e do governo federal.

- Representantes do governo, dos usuários, dos profissionais de saúde e dos


prestadores de serviços fazem parte do conselho.

CONSELHO LOCAL

- É um órgão colegiado (poder de forma compartilhada), de caráter


permanente e deliberativo,

- Integra à unidade de saúde que tem poder de decisão, participação e


colaboração nos programas e ações que são desenvolvidas em cada unidade
de saúde.

- É composto de uma forma paritária, entre os três seguimentos


representativos de área de saúde:

a) 50% Usuário.
b) 25% Trabalhador em saúde.
c) 25%, Gestores e Prestadores de serviços de saúde.

- A representação de cada seguimento deverá ser escolhida por eleição em


fórum próprio convocado para esse fim.

i. A pessoa não participa por si só, ela deverá representar uma


entidade ou grupo.

- Após as eleições dos representantes em cada fórum, a direção do centro


de saúde ou diretor do distrito, convoca a primeira reunião da fundação do
Conselho Local de Saúde, nesta, deve ser escolhido o Coordenador e o
Secretário/a Executivo.

- O conselho local é um espaço que permite um diálogo entre as partes,


possibilitando o reconhecimento da realidade vivida pelos trabalhadores

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em saúde, administradores, usuários e a sua relação com o sistema Único


de Saúde e Rede Municipal.

- Obrigação de:

a) Conhecer os recursos humanos, materiais e financeiros e programas


desenvolvidos no centro de saúde, decidindo as propriedades.

b) Propor treinamento e atualizações para os funcionários.

c) Propor medidas para o aperfeiçoamento da organização e do


funcionamento de centro de saúde.

d) Fiscalizar e acompanhar o desenvolvimento das ações e serviços de


saúde.

e) Acompanhar, fiscalizar a política de saneamento e meio ambiente.

f) Estimular a participação comunitária no controle, manutenção e


desenvolvimento das ações de saúde.

g) Criar mecanismo de ouvidoria que permita a população dar suas


sugestões.

h) Examinar propostas e denúncias apresentadas.

i) Acompanhar a elaboração do plano de trabalho da unidade de saúde.

CONSELHO MUNICIPAL

- Responsáveis por:

a) Controlar o dinheiro da saúde.

b) Acompanhar as verbas que chegam pelo Sistema Único de Saúde


(SUS) e os repasses de programas federais.

c) Participar da elaboração das metas para a saúde.

d) Controlar a execução das ações na saúde.

- Deve se reunir pelo menos uma vez por mês.

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- Integrado por:

a) Representantes das pessoas que usam o Sistema Único de Saúde.

b) Profissionais da área de saúde.

c) Representantes de prestadores de serviços de saúde.

d) Representantes da prefeitura.

CONSELHO ESTADUAL

- Órgão colegiado de caráter permanente, paritário e deliberativo.

- Funções de:

a) Formular estratégias.
b) Controlar e fiscalizar a execução da política estadual de saúde.

- É formado por representantes do:

a) Governo.
b) Prestadores de serviços.
c) Profissionais de saúde.
d) Usuários do sistema.

- Funções:

a) Atuar na formulação da estratégia e no controle da execução da


Política Estadual de Saúde.

b) Estabelecer diretrizes a serem observadas na elaboração de Planos


de Saúde.

c) Elaborar o cronograma de transferência de recursos financeiros aos


municípios.

d) Propor critérios para definição de padrões e parâmetros


assistenciais.

e) Acompanhar e controlar a atuação do setor privado da área da


saúde.

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f) Acompanhar o processo de desenvolvimento e incorporação


científica e tecnológica na área da saúde.

CONSELHO FEDERAL

- O Conselho Nacional de Saúde é uma instância colegiada, deliberativa e


permanente, integrante da estrutura organizacional do Ministério da
Saúde.

- Missão de fiscalizar, acompanhar e monitorar as políticas públicas de


saúde, levando as demandas da população ao poder público.
- Além do Ministério da Saúde, fazem parte do CNS:

a) Movimentos sociais.

b) Instituições governamentais e não-governamentais.

c) Entidades de profissionais de saúde.

d) Comunidade científica.

e) Entidades de prestadores de serviço.

f) Entidades empresariais da área da saúde.

- Dentre as principais atribuições, o CNS é responsável por:

a) Realizar conferências e fóruns de participação social.

b) Aprovar o orçamento da saúde e acompanhar a sua execução.

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FINANCIAMENTO TRIPARTITE

- A Constituição Federal determina que as três esferas de governo


financiem o Sistema Único de Saúde (SUS), gerando receita necessária
para custear as despesas com ações e serviços públicos de saúde.

Art. 198 CF 1988 “§ 1º. O sistema único de saúde será financiado, nos
termos do art. 195, com recursos do orçamento da seguridade social,
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de
outras fontes.”.

Lei 8.080, Art. 7º “XI - conjugação dos recursos financeiros,


tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à
saúde da população”.

- Devendo as esferas planejar este financiamento, promovendo


arrecadação e repasse necessários de forma a garantir a universalidade e
integralidade do sistema.

- Os percentuais de investimento financeiro dos municípios, estados e


União no SUS são definidos pela Lei Complementar nº 141.

i. Por esta lei, municípios e Distrito Federal devem aplicar anualmente,


no mínimo, 15% da arrecadação dos impostos em ações e serviços
públicos de saúde cabendo aos estados 12%.

ii. No caso da União, o montante aplicado deve corresponder ao valor


empenhado no exercício financeiro anterior, acrescido do
percentual relativo à variação do Produto Interno Bruto do ano
antecedente ao da lei orçamentária anual.

- A forma de transferência dos recursos devem ser fundo a fundo.

- A legislação define transferências de forma regular e obrigatória.

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BLOCO DE FINANCIAMENTO

- O SUS terá apenas dois importantes blocos de financiamento:

a) Bloco de Custeio:

- Composto pelos recursos oriundos dos programas, das estratégias


e das ações que integravam os blocos de atenção básica, assistência
farmacêutica, média e alta complexidade ambulatorial e hospitalar.

b) Bloco de Investimento:

- Composto pelos recursos destinados a obras novas, reformas,


ampliações e adequações de unidades já existentes.

RECURSOS

§ Aplicação:

a) Vigilância em saúde.

b) Atenção integral e universal à saúde em todos os níveis de


complexidade, assistência terapêutica e recuperação de deficiências
nutricionais.

c) Capacitação de pessoal de saúde do SUS.

d) Desenvolvimento científico e tecnológico e controle de qualidade.

e) Insumos específicos dos serviços de saúde, como: imunobiológicos,


sangue e hemoderivados, medicamentos e equipamentos médico
odontológicos.

f) Saneamento básico aprovado pelo conselho de saúde.

g) Saneamento básico de comunidades indígenas e quilombolas.

§ Devolução:

- Quando os recursos, transferidos pela União ou pelos Estados, destinados


às ações e aos serviços públicos de saúde estiverem sendo utilizados de
forma diversa do previsto ou em objeto de saúde diverso do pactuado, os

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recursos financeiros deverão ser devolvidos ao Fundo de Saúde do Ente


beneficiário, visando ao cumprimento do objetivo.

§ Vinculação:

- Recursos federais permanecerão vinculados:

a) À finalidade definida que deu origem aos repasses realizados.

b) Ao estabelecido no Plano de Saúde e na Programação Anual.

c) Ao cumprimento do objeto e dos compromissos pactuados.

FONTE DOS RECURSOS

§ RECURSOS FISCAIS:

- Impostos dos orçamentos dos 3 entes federativos:

a) União (IPI, Imposto de Renda e outros).


b) Estado (ICMS, FPE, IPVA).
c) Municípios: (ICMS, FPM,IPTU).

§ CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS:

- Recursos denominados de Contribuições Sociais recolhidos pelo Governo


Federal, mas destinados, por competência, para as três esferas de Governo
financiarem Saúde e Assistência Social, e para a União financiar a
Previdência.

§ CONCURSOS DE PROGNÓSTICOS:

- Loteria, Sena, Megasena, etc.

§ DPVAT:

- Parte do Seguro Obrigatório de Veículos Automotores Terrestres (50%)


para financiar a cobertura à saúde de acidentados com veículos.

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DESAFIOS

- Fixação de mínimos a serem aplicados na Saúde pelos 03 entes


federativos.

- Definição do que é gasto em saúde.

- A destinação dos recursos e os resultados em saúde.

- Equilíbrio entre repartição de responsabilidade sanitária e capacidade


fiscal

COMISSÃO INTERGESTORA TRIPARTITE

- Instância de articulação e pactuação na esfera federal que atua na direção


nacional do SUS, integrada por gestores do SUS das três esferas de governo.

- Tem composição paritária formada por 15 membros, sendo:

a) Cinco indicados pelo Ministério da Saúde (MS).

b) Cinco pelo Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde


(Conass).

c) Cinco pelo Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde


(Conasems).

- A representação de estados e municípios nessa Comissão é regional, sendo


um representante para cada uma das cinco regiões no País.

- Nesse espaço, as decisões são tomadas por consenso e não por votação.

- A CIT está vinculada à direção nacional do SUS.

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INFARTO

- O Infarto Agudo do Miocárdio é uma das maiores causas de morte no


Brasil e no mundo.

- Graças aos avanços tecnológicos, a taxa de mortalidade intra-hospitalar


caiu de 30% para 6-10% e a taxa de mortalidade geral (extra e intra-
hospitalar) ainda é alta, por volta de 30%.

i. Metade dos óbitos ocorre na 1ª hora após o início do evento, antes de


atendimento médico.

- Infarto é qualquer necrose tecidual.

- Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é a necrose de uma porçao


̃ do músculo
cardíaco.

- O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) é definido como um evento clínico, ou


patológico, no qual a isquemia miocárdica, causada em 95% das vezes pela
ruptura da placa de ateroma, leva à injúria do músculo cardíaco.

ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA

- Os IAM são causados por oclusões agudas nas coronárias epicárdicas.

i. A oclusão no tronco da coronária esquerda, entidade quase sempre


fatal, causa menos de 5% dos IAM.

- A causa mais comum de IAM é a aterotrombose, isto é, a ruptura de uma


placa de ateroma com formaçao
̃ de trombo sobrejacente.

i. O trombo pode ser:

a) Parcialmente oclusivo (“branco”): rico em plaquetas.

b) Totalmente oclusivo (“vermelho”): rico em fibrina.

ii. Os determinantes da vulnerabilidade da placa são o:

a) Grau de inflamaçao
̃ intraplaca.

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b) Magnitude do conteúdo lipídico.

c) Espessura da capa de colágeno.

iii. O que determina a formaçao


̃ de um trombo é a gravidade da lesão na
placa.

SINTOMAS DO IAM

- 85% dos casos é dor torácica anginosa (forte intensidade e longa duração).

- Sintomas podem ser observados:

a) Dispneia.
b) Náuseas e vômitos.
c) Palidez.
d) Sudorese fria.
e) Sincope ou Pré-sincope.
f) Ansiedade.
g) E não raro uma sensaçao
̃ de morte iminente.

- A dor pode irradiar para:

a) Epigastro: confunde com “indigestão”.


b) Dorso.
c) Membros superiores: esquerdo.
d) Pescoço/mandíbula.

- O IAM tem periodicidade circadiana, e existe um momento do dia (6h e


12h) que apresenta maior incidência.

- Prodromo: sinal ou grupo de sintomas que pode indicar o inicio de uma


doença antes que sintomas específicos surjam, podendo ter início até 4-6
semanas antes do evento.

i. 1/3 dos casos existem sinais de desconforto anginoso aos mínimos


esforços ou em repouso.

ii. O desconforto pode não ser grave o bastante para estimular o doente
a procurar o médico, ou, se o faz, o paciente pode ser liberado para
casa devido a um ECG inocente.

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iii. Outras vezes apenas uma sensaçao


̃ de mal-estar indefinido (ou
exaustão) antecede o IAM.

INVESTIGAÇÃO DO IAM

- Investigar sobre a característica da dor pela:

a) Localização.
b) Irradiação.
c) Cronologia.
d) Fatores de melhora e de piora.
e) Intensidade.
f) Fatores associados.

EXAME FISICO DO IAM

- Na maioria dos IAM o exame físico é pouco informativo.

i. Menos de 20% têm alteraçoe


̃ s importantes.

- Os principais achados físicos durante a fase aguda são:

a) Bradicardia sinusal.
b) Taquicardia sinusal.
c) Hipertensão arterial
d) Surgimento de quarta bulha.

DIAGNOSTICO DO IAM

- O diagnóstico de IAM se baseia na correta análise de três dados principais:

a) História clínica.

b) Eletrocardiograma: Em todo paciente suspeito, um ECG deve ser


obtido e interpretado em menos de dez minutos.

c) “Curva enzimática” ou curva de Marcadores de Necrose Miocárdica.

LOCALIZAÇAO
̃ E QUANTIFICAÇÃO DO IAM

- O melhor exame para localizar e quantificar a extensão do infarto é o


ecocardiograma bidimensional.

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- O Eletrocardiograma pode dar uma orientaçao


̃ razoável da localizaçao
̃ do
IAM.

TRATAMENTO DO IAM

- A fase aguda do IAMST é uma emergência médica.

- As primeiras 12h são importantes do ponto de vista terapêutico, não


apenas pelo fato de ser o período mais crítico para o surgimento de
arritmias malignas, como também por abranger o intervalo de tempo em
que a reperfusão bem conduzida pode evitar ou reduzir a necrose
miocárdica.

- O ECG de doze derivaçoe


̃ s deve ser feito e interpretado em no máximo dez
minutos.

i. ECG inconclusivo mas suspeita clínica alta à monitorizaçao ̃


contínua ou ECGs seriados (a cada 5-10 minutos) são indicados.

- Exames laboratoriais básicos e marcadores de necrose miocárdica, devem


ser solicitados.

- Um raio X de tórax também deve ser feito em, no máximo, 30 minutos.

COMPLICAÇÕES DA IAM

- As complicaçoe
̃ s podem ser:

a) Arrítmicas.

b) Disfunçao
̃ ventricular.

c) Insuficiência cardíaca, isquêmicas, pericárdicas e mecânicas.

PÓS – IAM (RECOMENDAÇÕES)

- Todo paciente pós-IAM deve ser acompanhado no ambulatório e precisa


tomar as seguintes drogas indefinidamente:

a) AAS.
b) Betabloqueadores.
c) Inibidores da ECA.
d) Estatinas.
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COMPLICAÇÕES MECÂNICAS PÓS-IAM

- As complicações mecânicas podem aparecer durante a evolução de um


paciente com IAM, e os defeitos responsáveis por essas complicações, são:

a) Regurgitação mitral (com ou sem ruptura do músculo papilar).

b) Ruptura do septo interventricular.

c) Ruptura da parede livre do ventrículo.

d) Aneurisma de VE.

- Os defeitos mecânicos são responsáveis por 15% das mortes relacionadas


a IAM.

- Aparecem no período de 14 dias, com 02 picos de incidência: nas 24 horas


iniciais e entre o 3º e o 5º dia de evolução.

- A suspeita clínica de presença de defeito mecânico deve ser levantada


sempre que o paciente apresentar deterioração hemodinâmica súbita ou
progressiva, com baixo débito cardíaco ou edema pulmonar.

RISCOS DO IAM

- O risco de IAM está elevado de acordo com dados prévios do paciente.

- O prognóstico é pior nos seguintes grupos:

a) Mulheres (coronárias de menor calibre).

b) Diabéticos.

c) Infarto prévio.

d) Cardiopatia dilatada.

e) Idade > 70 anos.

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SUS E POPULAÇAO INDÍGENA

- Historicamente os primeiros cuidados de saúde aos grupos tribais


partiram das missões religiosas.

- Com a criação do Serviço de Proteção ao Índio em 1910 o atendimento


médico aos grupos indígenas passou a ser atribuição de agência
governamental.

i. A responsabilidade do Estado foi reafirmada no Estatuto do índio.

ii. O SPI não tinha uma estrutura organizada e abrangente de


assistência à saúde e só atendia às situações de surtos epidêmicos.

- A primeira tentativa de sistematizacão do atendimento de saúde em áreas


indígenas, foi a criação das equipes volantes de Saúde, no âmbito da Divisão
de Saúde da FUNAI.

i. Este esquema é o responsável pela maior parte das ações de saúde


hoje desenvolvidas em áreas indígenas.

- Os direitos indígenas têm sede constitucional e são de competência


federal, cabendo ao Ministério da Saúde a responsabilidade pela gestão e
direção da Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas.

- As Secretarias Estaduais e Municipais devem atuar de forma


complementar na execução das ações de saúde indígena, em articulação
com o Ministério da Saúde/FUNASA.

- No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), o subsistema de atenção à


saúde indígena (SASI) e a Política de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas
(PNASPI) foram criados como estratégia para garantir o acesso à saúde aos
povos indígenas.

§ SASI:

- Em 1999, através da lei 9.836, foi instituído o SASI, passando a gestão da


saúde indígena para a Fundação Nacional de Saúde (FUNASA).

- Tinha como missão instituir, no âmbito territorial indígena assistência


nos diferentes níveis de atenção, atendendo às especificidades de cada

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povo respeitando seus saberes tradicionais e garantindo a participação e o


controle social no processo de gestão.

- A partir da criação do SASI foi elaborada a PNASPI.

§ Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indigenas (PNASPI):

- Prevê atenção diferenciada às populações indígenas com base na


diversidade sociocultural e nas particularidades epidemiológicas e
logísticas desses povos.

- Propósito de garantir aos povos indígenas:

a) O acesso à atenção integral à saúde, de acordo com os princípios e


diretrizes do Sistema Único de Saúde...

b) Contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e


política...

c) De modo a favorecer a superação dos fatores que tornam essa


população mais vulnerável aos agravos à saúde de maior magnitude
e transcendência entre os brasileiros...

d) Reconhecendo a eficácia de sua medicina e o direito desses povos à


sua cultura.

- Para o alcance desse propósito são estabelecidas DIRETRIZES, que devem


orientar o planejamento e a implementação, das ações de atenção:

a) Organização dos serviços de atenção à saúde dos povos indígenas na


forma de Distritos Sanitários Especiais e Pólos-Base, no nível local,
onde a atenção primária e os serviços de referência se situam.

b) Preparação de recursos humanos para atuação em contexto


intercultural.

c) Monitoramento das ações de saúde dirigidas aos povos indígenas.

d) Articulação dos sistemas tradicionais indígenas de saúde.

e) Promoção do uso adequado e racional de medicamentos.

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f) Promoção de ações específicas em situações especiais.

g) Promoção da ética na pesquisa e nas ações de atenção à saúde


envolvendo comunidades indígenas.

h) Promoção de ambientes saudáveis e proteção da saúde indígena.

i) Controle social.

§ Subsistema de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas (SASPI):

- Criado em 1999, por meio da Lei nº 9.836/99 (Lei Arouca).

- Composto pelos Distritos Sanitários Especiais Indígenas/DSEIS que se


configuram em uma rede de serviços implantada nas terras indígenas para
atender a população, a partir de critérios geográficos, demográficos e
culturais.

- Estrutura interligada ao SUS com objetivo de ampliar o acesso dos


indígenas à atenção básica através de serviços diferenciados, com recursos
humanos preparados para atuar em contextos interculturais e em
conformidade com as demandas de saúde desses povos.

- Seguindo os princípios do SUS, esse subsistema considerou a participação


indígena como uma premissa fundamental para o melhor controle e
planejamento dos serviços, bem como uma forma de reforçar a
autodeterminação desses povos.

- Desde a criação da Fundação Nacional do Índio (Funai), em 1967,


diferentes instituições e órgãos governamentais se responsabilizaram pelo
atendimento aos índios.

- Em 1999, uma política de descentralização do atendimento, mediante a


assinatura de convênios com prefeituras e instituições da sociedade civil,
reduziu a ação direta do Estado e implementou 34 Distritos Sanitários
Especiais Indígenas (DSEIs).

§ DSEI:

- São de responsabilidade da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).

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- São delimitados a partir de critérios epidemiológicos, geográficos e


etnográficos.

- Tem como função organizar a rede de atenção básica dentro das áreas
indígenas de forma integrada e hierarquizada com complexidade crescente
e articulada com o SUS.

- Cada distrito organizará uma rede de serviços de atenção básica de saúde


dentro das áreas indígenas, integrada e hierarquizada com complexidade
crescente e articulada com a rede do Sistema Único de Saúde.

- Nas aldeias, a atenção básica será realizada por intermédio dos Agentes
Indígenas de Saúde, nos postos de saúde, e pelas equipes
multidisciplinares.

- Cada DSEI possui um conjunto de equipamentos que permite a realização


do atendimento de casos simples, ficando as ocorrências de alta
complexidade a cargo de hospitais regionais, implicando em um aparato
para remoção dos doentes.

- O Controle Social se dá por meio dos Conselhos Indígenas de Saúde


(Condisi), que garantem, ao menos no plano da legislação, a participação
dos índios na gestão dos DSEIs.

- Os conselheiros são escolhidos pelas comunidades atendidas e participam


de reuniões periódicas organizadas pelos gestores de cada DSEI.

- Contemplam atividades técnicas que promovem a reordenação da rede de


atenção à saúde e as práticas sanitárias além do desenvolvimento de
atividades gerenciais.

- A definição territorial dos Distritos deverá levar em consideração:

a) População.
b) Área geográfica.
c) Perfil epidemiológico.
d) Disponibilidade de serviços, recursos humanos e infra-estrutura.
e) Vias de acesso aos serviços instalados em nível local e à rede regional
do SUS.
f) Relações sociais entre os diferentes povos indígenas do território e a
sociedade regional.
g) Distribuição demográfica tradicional dos povos indígenas.

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- Deverão ser oferecidos serviços de apoio aos pacientes encaminhados à


rede do Sistema Único de Saúde.

§ Pólos-Base:

- Vinculados aos DSEIs.

- São as primeiras referências para os agentes indígenas de saúde que


atuam nas aldeias.

- Podem estar localizados dentro das áreas indígenas ou nos municípios de


referência.

i. Neste último caso, correspondem a uma unidade básica de saúde, já


existente na rede de serviços daquele município

- Aos pólos-base estão vinculadas as EMSI.

- As demandas que não forem atendidas no grau de resolutividade dos


Pólos-Base deverão ser referenciadas para a rede de serviços do SUS.

§ Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI):

- Compostas por:

a) Médicos.
b) Enfermeiros.
c) Odontólogos.
d) Farmacêuticos.
e) Psicólogos.
f) Nutricionistas.
g) Assistentes sociais.
h) Agentes indígenas de saneamento.
i) Agentes indígenas de saúde.
j) Apoio de engenheiros, arquitetos, geólogos e técnico de edificações.

- Assumem configurações diversas que buscam se adaptar a realidade dos


povos indígenas e suas especificidades étnicas e culturais.

§ SESAI:

- Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI).

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- Responsável por coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à


Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo de gestão do Subsistema de
Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS).

- Missão de implementar novo modelo de gestão e de atenção.

- Características:

a) Articulado com o SUS.


b) Descentralizado.
c) Autonomia administrativa.
d) Autonomia orçamentária.
e) Autonomia financeira.
f) Responsabilidade sanitária dos 34 Distritos Sanitários.

- Atribuições:

a) Desenvolver ações de atenção integral à saúde indígena e educação


em saúde observando as práticas de saúde tradicionais indígenas.

b) Realizar ações de saneamento e edificações de saúde indígena.

§ Área Técnica de Saúde dos Povos Indígenas (ATSPI):

- Instância formuladora, articuladora e coordenadora das políticas públicas


de saúde relacionadas à esses povos.

- Objetivo de:

a) Reduzir as iniquidades.

b) Incentivar uma ação conjunta da medicina tradicional indígena e a


medicina ocidental.

c) Assessorar técnica e operativamente os municípios para a inserção


das ações de saúde indígena nos planos de saúde.

- Afirma que a gestão estadual deve atuar de forma complementar na


execução das ações de atenção à saúde indígena.

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§ FINANCIAMENTO:

- As ações a serem desenvolvidas pelos Distritos Sanitários Especiais


Indígenas serão financiadas pelo orçamento da FUNASA e do Ministério da
Saúde, podendo ser complementada por organismos de cooperação
internacional e da iniciativa privada.

- Os estados e municípios deverão atuar complementarmente,


considerando que a população indígena está contemplada nos mecanismos
de financiamento do SUS.

- O financiamento dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas deverá ser


de acordo com:

a) O montante de população.
b) Situação epidemiológica.
c) Características de localização geográfica.

ATENDIMENTO

ATUAÇÃO EM CONTEXTO INTERCULTURAL

- A formação e a capacitação de indígenas como agentes de saúde é uma


estratégia que visa favorecer a apropriação, pelos povos indígenas, de
conhecimentos e recursos técnicos da medicina ocidental, não de modo a
substituir, mas de somar ao acervo de terapias e outras práticas culturais
próprias, tradicionais ou não.

- O Programa de Formação de Agentes Indígenas de Saúde deverá ser


concebido como parte do processo de construção dos Distritos Sanitários
Especiais Indígenas.

- Deverão ser promovidos cursos de atualização/ aperfeiçoamento/


especialização para gestores, profissionais de saúde e assessores técnicos
(indígenas e não-indígenas) das várias instituições que atuam no sistema.

DIFICULDADES

§ Situação de Transculturação:

- A transculturação no campo da saúde surge pela introdução de um


conjunto de princípios e práticas do sistema médico oficial em

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comunidades que vêm lidando com as questões de saúde-doença através de


sistemas tradicionais de crenças e práticas de cura.

- A sobreposição destas duas medicinas envolve conflitos de


compatibilização e aceitação tanto por parte dos receptores como dos
executores das ações.

§ Situação Geográfica:

- A maioria das comunidades indígenas brasileiras se localiza em regiões


distantes da Amazônia e Centro-Oeste, com aldeias mais ou menos esparsas
e de baixa densidade demográfica.

- Implica dificuldades de acesso que, aliadas à deficiência da infraestrutura


local e recursos, contribuem para a descontinuidade na execução das ações
e programas.

§ Dinâmica do Perfil Epidemiológico:

- É conhecido o rápido ciclo de adaptação às enfermidades antes


desconhecidas por grupos tribais isolados do contato com a sociedade não
indígena e que sofrem grandes transformações aculturativas em seus
hábitos e condições de vida.

- De uma situação inicial de equilíbrio por convívio secular com processos


infecciosos de caráter endêmico e baixa letalidade, iniciam-se surtos de
viroses introduzidas, com alta morbidade e mortalidade e importantes
repercussões na organização social.

§ Caos e Retrocesso:

- A partir de 2005 houve uma explosão nos protestos de diferentes etnias


revelando situações de abandono e descaso no atendimento das populações
indígenas.

i. Greves se sucederam nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas


(Dseis) interrompendo o atendimento das populações e permitindo
que doenças antes controladas retornassem com força de epidemia.

- A dificuldade da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) em gerir o sistema


chamou a atenção do Ministério Público Federal (MPF) que criou um grupo

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de trabalho para investigar problemas com os convênios firmados com as


organizações que realizam o atendimento local.

- Problemas evidenciados:

a) As mortes por desnutrição das crianças.

b) O alto índice de vítimas fatais causados por acidentes ofídicos.

c) Falecimento de dezenas de crianças.

d) Epidemia de doenças sexualmente transmissíveis (ists).

e) Morte de mulheres por câncer de colo de útero.

f) A incidência de doenças como a malária e a tuberculose.

g) A falta de microscópios e lâminas, medicamentos, meios de


transporte e combustível nos postos de atendimento.

h) A formação de agentes indígenas de saúde caminha em ritmo lento.

i) A capacitação dos servidores não-índios permanece insatisfatória.

INDÍGENAS EM MT

- 42.538 índios, divididos em 42 etnias (IBGE, 2010).

- Representam 5,2% do total da população brasileira indígena.

i. Em nível estadual representam 1,4% da população de Mato Grosso.

- 5.821 indígenas vivem em áreas urbanas.

- Dos 141 municípios, 55 contam com terras indígenas, segundo a Funai.

- De 2000, quando se reunia uma população de 29.196, até 2010, houve


aumento de 45,6% da população indígena no Estado.

- De acordo com a Famato, 12% do Estado são de reserva indígena e esse


percentual pode chegar a 18% se outras 21 áreas forem regularizadas.

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- Mato Grosso só fica atrás do Mato Grosso do Sul, que conta com 72 mil índios.

- Mato Grosso apresenta a sexta maior população indígena declarada do país.

- Dos 141 municípios do Estado, em 55 há reservas indígenas.

- Em terras mato-grossenses há apenas uma etnia isolada, a Tupi Kawahiv,


recém-descoberta.

i. No território brasileiro ainda existem 47 referências de grupos


indígenas isolados que estão em processo ou em vias de levantamentos
de dados preliminares, sendo 7 delas em Mato Grosso.

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CMI E RMM

COEFICIENTE DE MORTALIDADE INFANTIL

- Número de óbitos de menores de um ano de idade, por mil nascidos vivos.

- A mortalidade infantil compreende a soma dos óbitos ocorridos nos


períodos:

a) Neonatal precoce (0-6 dias de vida).


b) Neonatal tardio (7-27 dias).
c) Pós-neonatal (28 dias e mais).

- São classificadas em:

a) Altas (50 por mil ou mais).


b) Médias (20-49 por mil).
c) Baixas (menos de 20 por mil).

*Em função dos valores já alcançados em sociedades mais


desenvolvidas .

- Altas taxas de mortalidade infantil refletem baixo nível de saúde,


desenvolvimento socioeconômico e condições de vida.

- Método de Cálculo:

número de óbitos de residentes com menos de um ano de idade

x 1.000

número total de nascidos vivos de mães residentes

- A taxa de mortalidade infantil no Brasil é de 15,6 a cada mil nascidos


vivos.

§ Indígenas:

- No Brasil, crianças indígenas apresentaram elevados riscos de morrer


antes de completarem um ano de idade (60% maior em relação às não
indígenas).

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- A cada 10 óbitos infantis indígenas, sete eram crianças com mais de um


mês de vida acometidas por doenças infecciosas.

- Os óbitos infantis indígenas são, de modo geral, evitáveis através da


realização de intervenções no âmbito da Atenção Primária à Saúde.

- Entre 2000 e 2010, a Taxa de Mortalidade Infantil (TMI) caiu de:

a) 29,7 para 15,6 óbitos a cada mil nascidos vivos para não indígenas.

b) Enquanto que para crianças indígenas a redução foi de 74,6 para


41,9 óbitos a cada mil nascidos vivos.

- O cenário de saúde das crianças e jovens indígenas da Amazônia é


extremamente complexo, caracterizado por uma importante transição em
saúde, na qual se observa uma sobreposição de:

a) Doenças infecciosas.
b) Carências nutricionais.
c) Agravos crônicos não transmissíveis.
d) Causas externas.

- A situação de saúde das crianças indígenas se configura bem distinta


daquela observada para as não indígenas, com níveis mais elevados de:

a) Déficits nutricionais.

b) Doenças infecciosas ligadas às condições de vida, com destaque para


ausência de saneamento adequado.

- Intervenções de saneamento básico como a cobertura dos serviços de


abastecimento de água, manejo e destinação final dos resíduos sólidos e
melhorias sanitárias auxiliam na redução das taxas.

§ Medidas:

- Medidas para reduzir a mortalidade infantil indígena:


a) Aquisição de fármacos específicos para doenças respiratórias (IRA)
e DDA.

b) Aumento da cobertura de crianças em aleitamento materno


exclusivo.

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c) Realização de consultas de puericultura como rotina.

d) Intensificação de visitas domiciliares aos recém-nascidos.

e) Ampliação de serviços multiprofissionais a gestantes, puérperas e


crianças vulneráveis.

f) Capacitação de parteiras, médicos e enfermeiros.

g) Criação de formulários e protocolos específicos para a população


assistida.

h) Visitas técnicas de seguimento a terras indígenas visando ao


acompanhamento das atividades.

i) Treinamento em serviço e organização da unidade.

j) Parcerias com hospitais visando ao acompanhamento de crianças e


gestantes internadas.

RAZÃO DE MORTALIDADE MATERNA

- Indicador utilizado para conhecer o nível de morte materna calculado pela


relação do n.º de mortes de mulheres durante a gestação ou até 42 dias
após o término da gestação, independentemente da duração ou da
localização da gravidez.

- É causada por qualquer fator relacionado ou agravado pela gravidez ou


por medidas tomadas em relação a ela.

- Número de óbitos femininos por causas maternas, por 100 mil nascidos
vivos, na população residente em determinado espaço geográfico, no ano
considerado.

número de óbitos maternos diretos e indiretos

x 1.000

número total de nascidos vivos

- Reflete a qualidade da atenção à saúde da mulher.

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- Taxas elevadas de mortalidade materna estão associadas à insatisfatória


prestação de serviços de saúde a esse grupo, desde o planejamento familiar
e a assistência pré-natal, até a assistência ao parto e ao puerpério.

- Segundo o Ministério da Saúde, 92% das mortes são consideradas


evitáveis.

i. "A grande maioria das mulheres está fazendo pré-natal e os partos


ocorrem em hospitais, mas, infelizmente, a qualidade desses
cuidados não está sendo suficiente pra evitar essas mortes", diz a
obstetra.

- Hoje, no Brasil, o índice de mortalidade está em 64,5 óbitos para cada 100
mil nascidos vivos.

i. Número bem acima da meta firmada com Organização das Nações


Unidas (ONU), que é de 30 óbitos para cada 100 mil nascido vivos até
2030, conforme os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.

§ Indígena:

- Média de 60,7 por 100 mil nascidos vivos para as mulheres não indígenas
e 135,8 por 100 mil nascidos vivos para as indígenas.

- A informação sobre mortalidade indígena é mais incompleta quando


comparada à da população geral, dada a baixa qualidade dos sistemas de
informações, a ausência de inquéritos regulares e a exiguidade de
investigações.

- Maior índice de edema, proteinúria e transtornos hipertensivos na


gravidez, no parto e puerpério, hemorragias gestacionais, eclampsia e
hipertensão gestacional.

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TUBERCULOSE

- Doença infecto-contagiosa, crônica, granulomatosa e necrosante causada


pelo bacilo álcool-ácido-resistente (BAAR).

- O patógeno principal é o M. tucerbulosis, também chamado de Bacilo de


Koch (BK).

a) Principal característica: Preferência pelo parênquima pulmonar.

b) Transmissão de pessoa a pessoa através da inalação de partículas de


aerossol contaminadas (produzidas pela tosse, espirro ou fala do
paciente).

- Nos dias de hoje voltamos a um contexto epidemiológico global crítico em


relaçao
̃ à tuberculose, devido à reemergência da doença em nível mundial.

i. A TB preenche os critérios de priorizaçao


̃ de um agravo em saúde
pública:

a) Magnitude.
b) Transcendência.
c) Vulnerabilidade (alta incidência/ prevalência, relevância para a
sociedade e potencial de cura).

§ NO BRASIL:

- O Brasil pertence ao grupo de 30 países definido pela OMS como


prioritário para o controle da TB (países que detêm 87% da carga global da
doença).

- A incidência de TB em nosso meio tem girado em torno de 69 mil casos


novos por ano, com pouco mais de quatro mil óbitos.

i. 20a posiçao
̃ no ranking internacional do número absoluto de
casos.

- Atualmente, cerca de 10% dos casos novos de tuberculose diagnosticados


no Brasil apresentam coinfecçao
̃ pelo HIV.

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- O grupo mais afetado pela TB no Brasil é o dos negros (pretos e pardos),


que responde por 57,5% dos casos novos.

i. Um subconjunto de altíssimo risco é o dos presidiários (coeficiente


de incidência próximo a mil casos/100 mil pessoas).

AGENTE ETIOLOGICO DA TB

- O principal agente causal da tuberculose é o Mycobacterium tuberculosis.

- De forma mais rara, a doença também pode ser causada por outras
espécies do complexo M. tuberculosis, como o M. bovis.

- É um bacilo álcool-ácido-resistente – ou seja, retêm coloração mesmo com


mistura de álcool e ácido.

- É aeróbio, com parede celular rica em lipídeos que diminui sua


permeabilidade aos antibióticos e aumenta sua sobrevivência no interior
de macrófagos, o que dificulta sua eliminação.

FISIOPATOLOGIA DA TB

- A tuberculose pode ocorrer em 03 estágios:

a) Infecção primária.
b) Infecção latente.
c) Infecção ativa

- O Bacilos M. tuberculosis causa inicialmente uma infecção primária, que


raramente resulta em doença aguda.

- A maioria das infecções primárias (95%) é assintomática e seguida por


uma fase latente (dormente).

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- Um percentual variável de infecções latentes posteriormente é reativado,


com sinais e sintomas de doença, e, em alguns casos, por uma doença ativa.

- Normalmente a infecção não é transmissível na fase primária e nunca é


contagiosa na fase latente.

§ INFECÇÃO PRIMÁRIA:

- A infecção requer inalação de partículas suficientemente pequenas para


atravessar as defesas respiratórias superiores e se depositar
profundamente no pulmão, geralmente nos espaços aéreos subpleurais dos
lobos medianos ou inferiores.

- Gotículas maiores tendem a se alojar nas vias respiratórias proximais e


normalmente não resultam em infecção.

- A infecção geralmente começa a partir de um único núcleo da gotícula,


que tipicamente contém poucos organismos.

- Para dar início à infecção, bacilos M. tuberculosis devem ser ingeridos


pelos macrófagos alveolares.

- Os bacilos que não são mortos pelos macrófagos na verdade se replicam


dentro dos macrófagos, matando os no final (com a ajuda de linfócitos
CD8);

- Nas semanas iniciais da infecção, alguns macrófagos infectados são


transportados para linfonodos regionais (p. ex., hilar, mediastinal), onde
acessam a corrente sanguínea.

§ INFECÇÃO LATENTE:

- Ocorre após a maioria das infecções primárias.

- Em cerca de 95% dos casos, após aproximadamente 3 semanas de intensa


multiplicação, o sistema imunitário suprime a replicação bacilar,
geralmente antes que sintomas ou sinais apareçam.

- Focos dos bacilos no pulmão ou em outros locais se transformam em


granulomas de célula epitelioide, que podem ter centros caseosos e
necróticos.

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- Bacilos da tuberculose podem sobreviver nesse material durante anos;

- O equilíbrio entre a resistência do hospedeiro e a virulência microbiana


determina se a infecção essencialmente desaparece sem tratamento, se
permanece dormente ou torna-se ativa.

- Focos infecciosos podem deixar fibronodulares cicatriciais nos ápices de


um ou ambos os pulmões.

- O teste cutâneo tuberculínico e os ensaios de liberação de gama-interferon


(IGRA) tornam-se positivos durante a fase latente da infecção.

- Raramente, o foco primário progride de modo imediato, causando doença


aguda com pneumonia (às vezes cavitária), derrame pleural e alargamento
de mediastino ou de linfonodo hilar (que pode comprimir os brônquios em
crianças).

- Derrames pleurais discretos são predominantemente linfocíticos,


contendo tipicamente poucos microrganismos e desaparecendo em
algumas semanas.

- Essa sequência talvez seja mais comum entre crianças pequenas recém-
infectadas ou pacientes imunossuprimidos reinfectados.

§ INFECÇÃO ATIVA:

- Pessoas saudáveis infectadas pela tuberculose têm aproximadamente


05% a 10% de risco durante a vida de desenvolver doença ativa, embora a
porcentagem varie significativamente de acordo com a idade e outros
fatores de risco.

- Em 50 a 80% dos que desenvolvem doença ativa, a tuberculose reaparece


dentro dos 02 primeiros anos, mas também pode ocorrer décadas depois.

- Qualquer órgão inicialmente infectado pode tornar-se um local de


reativação, mas esta ocorre com frequência nos ápices pulmonares,
presumivelmente por causa das condições locais favoráveis como alta
tensão de oxigênio.

- Doenças que comprometem a imunidade celular (essencial para a defesa


contra a TB) facilitam significativamente a reativação.

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- Assim, pacientes coinfectados pelo HIV e que não estão recebendo TARV
apropriado têm risco anual aproximado de 10% de desenvolver a doença
ativa. Outras doenças que facilitam a reativação, mas em menor grau do
que a infecção pelo HIV, são:

a) Diabetes.
b) Câncer cefálico e cervical.
c) Gastrectomia.
d) Cirurgia de derivação jejunoileal.
e) Nefropatia crônica dependente de diálise.
f) Perda ponderal significativa.
g) Imunossupressores.

- Pacientes que precisam usar imunossupressão após transplante de órgão


sólido têm maior risco, mas outros imunossupressores como corticoides e
inibidores do fator de necrose tumoral (FNT) também costumam provocar
reativação.

- Tabagismo também é um fator de risco.

- Em alguns pacientes, a doença ativa se desenvolve ao serem reinfectados


em vez de quando a doença latente é reativada.

- A reinfecção é o mecanismo mais provável nas regiões onde a TB é


prevalente e os pacientes são expostos a um grande inóculo de bacilos.

- A reativação da infecção latente predomina nas regiões de baixa


prevalência.

§ PROCESSO DE INFECÇÃO:

- Inicialmente, o M. tuberculosis infecta o organismo e entra nos


macrófagos pela fagocitose.

- A partir daí, ele inibe a maturação do fagossomo e a formação do


fagolisossoma, permitindo sua multiplicação dentro desta célula
incontroladamente, protegida da ação dos lisossomos.

- Logo, a infecção primária ocorre ao primeiro contato com o bacilo de Koch,


havendo uma reação do sistema imunológico do indivíduo,
particularmente por meio da fagocitose, como forma de controlar a
infecção.

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- No entanto, a bactéria é extremamente resistente ao fagossomo e inibe


sua maturação, impedindo sua destruição e ficando em sua forma latente.

- Assim, durante essa infecção primária, ocorre grande disseminação do


bacilo pelo corpo de forma oculta.

- A infecção pelo M. tuberculosis cursa em etapas, desde a infecção inicial


com ataque aos macrófagos à ativação de células Th1.

- Há então, posterior ativação dos receptores da imunidade inata, iniciando


e aumentando esse tipo de resposta ao bacilo.

- Uma resposta Th1 é montada após 3 semanas, e essa resposta Th1 irá
produzir o IFN-gama.

- Este, por sua vez, através de um conjunto de processos, estimula a


destruição do macrófago infectado, destruindo organelas danificadas e
patógenos intracelulares – como o M. tuberculosis.

- Porém, essa mesma resposta Th1 que estimula os macrófagos e destrói


micobactérias, gera a formação de granulomar e necrose caseosa.

- Esses macrófagos incentivados pelo IFN-gama se diferenciam em


“histiócitos epitelioides”, que se agregam a formam granulomas.

- Na maioria dos indivíduos, essa resposta acontece antes que a destruição


tecidual provoque danos maiores.

- Em outros, a infecção progride, e a resposta contínua gera focos


necróticos.

- Os macrófagos ativados também secretam TNF e quimiocinas, que atraem


monócitos.

- Nesse contexto, a grande maioria dos indivíduos imunocompetentes irá


passar por essa primeira infecção sem desenvolvimento da forma ativa da
doença - apenas 2% a 5% destes irá desenvolver essa forma nos primeiros
dois anos do contato com o bacilo.

- Duas a treze semanas após a infecção primária, a imunidade adaptativa


específica consegue controlar a replicação bacteriana.

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- Após a infecção primária, 95% dos indivíduos entrarão em estado de


latência, que é mantida pelo sistema imunológico ativo e competente - a
evidência disso ocorre na reativação da tuberculose em momentos de
imunodepressão.

- A ativação tardia, ou reativação, pode ocorrer em condições


imunossupressoras, com o desenvolvimento de comorbidades ou até
mesmo sem causa aparente.

- Essa reativação da doença em hospedeiro com imunidade pré-existente


gera resposta inflamatória intensa, com formação de granulomas caseosos
e, posteriormente – caso o pulmão esteja envolvido – de cavitação
pulmonar.

- E de fato: a forma mais predominante da doença é justamente e


tuberculose pulmonar.

- Logo, ocorre uma resposta imune ativa, porém diminuída, concomitante


à replicação do bacilo.

CLASSIFICAÇÃO DA TB

§ TUBERCULOSE PULMONAR:

- A apresentação clínica da tuberculose depende:

a) Do estágio no curso natural da doença (doença primária, pós-


primária ou miliar).
b) Localização.
c) Imunidade do hospedeiro.

§ TUBERCULOSE PULMONAR PRIMÁRIA:

- Ocorre logo em seguida ao contato com o bacilo, sendo portanto mais


comum em crianças.

- Paciente se infectou há menos de três anos.

- Quase sempre uma doença autolimitada.

- O quadro clínico da tuberculose pulmonar primária pode ser comparado


ao de uma pneumonia atípica.

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- Sintomas mais frequentes:

a) Febre baixa (38-39oc).


b) Tosse seca.
c) Sintomas, como fadiga e dor torácica são incomuns.

- Em muitos casos, o quadro é confundido com o de uma “gripe” prolongada


(apesar de não haver sintomas do tipo coriza/sinusite/cefaleia), não
motivando atendimento médico.

- Mesmo sem tratamento, a síndrome febril da tuberculose primária dura


em média 14-21 dias, podendo chegar até 2-3 meses.

- A tuberculose primária é a causa mais comum de adenopatia


hilar/mediastinal unilateral em crianças.

- Os achados radiológicos da tuberculose pulmonar primária tendem a


desaparecer ao longo de seis meses a um ano, mesmo sem tratamento
específico.

i. O foco primário regride, muitas vezes deixando uma “marca” ou


“cicatriz”, representada por um nódulo pequeno, geralmente
calcificado – o “tuberculoma”.

ii. Este nódulo poderá ser visto na radiografia de tórax para o resto da
vida

§ TUBERCULOSE PÓS-PRIMÁRIA:

- Forma crônica de tuberculose pulmonar.

- Típica de indivíduos entre 15-40 anos.

- Forma responsável pela transmissão da doença na populaçao


̃ .

- Esta forma ocorre em pacientes infectados há mais de três anos e que já
desenvolveram a “memória imunológica” contra o bacilo.

- Onde um ou mais focos bacilares são reativados ou o paciente é


reinfectado (uma nova carga de bacilos).

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- Sintomas:

a) Tosse crônica (seca, mucoide ou com expectoraçao


̃ purulenta).
b) Perda de peso.
c) Febre vespertina (38- 38,5oc).
d) Sudorese noturna.

- Quando o médico é procurado, a doença já evoluiu, e o paciente já


contaminou várias pessoas, geralmente crianças.

- Ao contrário da tuberculose pulmonar primária, a forma pós-primária não


é autolimitada.

- A doença tende a progredir lentamente, disseminando-se pelos pulmões.

i. Na tentativa de resolver o processo tuberculoso, o sistema


imunológico acaba ativando fibroblastos, causando fibrose
parenquimatosa das áreas acometidas, especialmente o local onde
está a lesão cavitária.

ii. A fibrose pulmonar provoca destruiçao


̃ irreversível da área afetada.

iii. Consequentemente, graves sequelas surgirão como retraçoe ̃ s,


bronquiectasias, cavidades com paredes fibrosadas e pulmão
vicariante.
iv. Quando a fibrose é extensa, o paciente evolui com dispneia e
insuficiência respiratória.

§ TUBERCULOSE PRIMÁRIA DO ADULTO:

- O adulto é mais propenso à tuberculose pleural primária do que à


tuberculose pulmonar primária.

- Todavia, pacientes diabéticos, gastrectomizados, desnutridos ou HIV


positivos possuem uma chance maior de adoecer após a primoinfecçao
̃ !

- Eles podem se apresentar como uma pneumonia atípica, com pequeno


infiltrado unilateral ou com uma forma primária progres- siva.

- Às vezes, após a primoinfecçaõ , o adulto desenvolve a forma apical


semelhante à tuberculose pós-pri- mária.

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i. Nestes casos, é provável que o foco primário tenha sido controlado,


mas o período de latência foi curto, havendo uma reativação precoce
do foco intersticial no lobo superior.

SINAIS E SINTOMAS DA TB

- O principal sintoma da tuberculose é a tosse na forma seca ou produtiva.

- Por isso, recomenda-se que todo sintomático respiratório que é a pessoa


com tosse por três semanas ou mais, seja investigada para tuberculose.

- Há outros sinais e sintomas que podem estar presentes, como:

a) Febre vespertina.
b) Sudorese noturna.
c) Emagrecimento.
d) Cansaço/fadiga

DIAGNOSTICO DA TB

- O exame bacteriológico é de extrema importância tanto para o diagnóstico


quanto para o acompanhamento dos casos confirmados.

- A confirmaçao
̃ diagnóstica de tuberculose requer a demonstraçao
̃ da
presença do BK no corpo do paciente.

- Pode-se suspeitar de tuberculose pulmonar com base em qualquer um dos


seguintes:

a) Cultura e coloração álcool-ácido resistente.

b) Teste cutâneo tuberculínico (TCT) e ensaio de liberação de gama


interferon (IGRA).

c) Quando disponível, teste baseado em ácido nucleico, radiografias de


tórax ao avaliar sintomas respiratórios, doença inexplicada, febre de
origem desconhecida (FOD).

d) teste cutâneo tuberculínico positivo.

e) IGRA feito como um teste de triagem ou durante a investigação de


contato.

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- Depois que a TB é diagnosticada, deve-se testar nos pacientes infecção


pelo HIV e, naqueles com fatores de risco de hepatite B ou C, deve-se testar
os respectivos vírus.

§ ESCARRO:

- Exame de escarro é a base do diagnóstico da tuberculose pulmonar.

- Pacientes que não podem produzir escarro espontaneamente podem ter


este processo induzido por meio de aerossol salino hipertônico.

- Caso contrário, lavagens brônquicas que são particularmente sensíveis


podem ser obtidas por meio de broncoscopia por fibra óptica.

- Como o escarro induzido e a broncoscopia implicam em risco de infecção


para a equipe médica, estes procedimentos devem ser feitos como um
último recurso em casos selecionados.

§ TESTE BACTERIOLOGICO:

- Apenas três métodos são capazes de confirmar em definitivo o


diagnóstico:

a) Teste Rápido Molecular:

- Teste de amplificaçao
̃ gênica que utiliza a técnica de Reaçao
̃ em Cadeia da
Polimerase (PCR).

- Detecta a presença de DNA do M. tuberculosis ao mesmo tempo em que


sinaliza a existência de genes que conferem resistência à rifampicina.

- Seu resultado fica pronto em duas horas, com sensibilidade de 90% e


especificidade de 99%.

- Atualmente, no Brasil, representa o método de escolha para a pesquisa de


tuberculose!

- Diante da suspeita de TB pulmonar, o teste pode ser feito em uma única


amostra de escarro.

- O TRM-TB detecta o DNA de micobactérias vivas ou mortas. Logo, ele NÃO


SERVE para acompanhar a resposta ao tratamento.

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- O acompanhamento da resposta terapêutica deve ser feito com


baciloscopias mensais.

b) Baciloscopia:

- Consiste na pesquisa direta do bacilo de Koch através do exame


microscópico.

- Quando o material analisado for o escarro, devem ser coletadas duas


amostras em momentos distintos (uma na consulta, e a outra na manhã do
dia seguinte).

- A baciloscopia também pode ser empregada em materiais biológicos que


não o escarro (ex.: outros fluidos orgânicos).

- A baciloscopia é o exame de escolha para acompanhar a resposta


terapêutica na TB pulmonar bacilífera, uma vez que sua negativaçao ̃
representa o parâmetro mais confiável para demonstrar a eficácia do
tratamento.

c) Cultura:

- A cultura para BK possui elevada sensibilidade e especificidade, podendo


ser realizada em meios sólidos ou líquidos.

- As principais vantagens desses meios são o baixo custo e a menor chance


de contaminaçao ̃

- Sua grande desvantagem a demora para o crescimento micobacteriano


(14 a 30 dias, podendo se estender até 60 dias).

i. 05 a 12 dias, para os meios líquidos por permitirem incubação em


sistemas automatizados, podendo se estender até 42 dias.

- OBS! Diagnóstico Clinicoepidemiológico:

i. Quando se considera o diagnóstico de TB e inicia o tratamento


mesmo sem confirmaçao
̃ micobacteriológica.

ii. Definido como a situaçao ̃ em que um paciente adulto com quadro


clínico típico, no contexto epidemiológico apropriado, por qualquer

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motivo, não puder comprovar por meio de exames laboratoriais a


presença do BK.

iii. É preciso que outros testes corroborem a impressão inicial, por


exemplo: exames de imagem.

§ EXAMES COMPLEMENTARES:

a) Radiografia de Tórax:

- Exame radiológico auxiliar no diagnóstico,justificando sua solicitaçao


̃ em
todos os casos suspeitos.

- Nestes pacientes, detecta imagens sugestivas de tuberculose, sendo


indispensável a realizaçao
̃ do exame bacteriológico para diagnostico
definitivo.

b) Tomografia computadorizada do Tórax:

- Detecta a doença em casos onde o raio X simples apresenta resultados


imprecisos.

- Método de maior custo e menor oferta, restrito aos centros de referência.

c) Broncoscopia.

d) Histopatologia.

e) Dosagem de Adenosina Deaminase.

TRATAMENTO DA TB

- Todos os casos novos e não tratados de tuberculose devem receber


tratamento de:

a) 02 meses na fase inicial.


b) Seguido de 4 ou 7 meses de fase de manutenção

- Medidas para prevenir a transmissão, às vezes incluindo isolamento


respiratório.

- Antibióticos.

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- Ficar em casa.

- Evitar visitantes (exceto para membros da família previamente


expostos).

- Ao tossir, cobrir a boca com lenço ou mão

- Máscaras cirúrgicas para pacientes com tuberculose são estigmatizantes


e tipicamente não são recomendadas para pacientes que cooperam.

- Precauções são necessárias até o tratamento medicamentoso tornar os


pacientes suficientemente não contagiosos.

§ TDO:

- A proposta da OMS para o enfrentamento global da TB é a estratégia


conhecida como TDO – Tratamento Diretamente Observado.

- O TDO se baseia em cinco princípios e tem como objetivo propiciar a adesão


ao tratamento, reduzindo a chance de surgimento de resistência aos
fármacos anti-TB e aumentando a probabilidade de cura.

- No Brasil, todos os casos de tuberculose devem ser submetidos ao TDO!

- Consiste não apenas em observar a deglutiçaõ do medicamento, mas


também, e fundamentalmente, na construçao
̃ de um vínculo com o doente!

- Sempre que necessário outras açoe


̃ s deverão ser adotadas, como o uso de
incentivos (ex.: lanche, auxílio-alimentaçao ̃ ) e facilitadores (ex.: vale-
transporte).

- O ideal é a observaçao
̃ diária, de segunda a sexta, feita pelo profissional de
saúde na própria unidade de saúde.

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- Para ser considerado TDO o paciente deve ter, no mínimo, 24 doses


observadas pelo profissional de saúde durante a fase intensiva do
tratamento (dois primeiros meses), e 48 doses na fase de manutençao
̃
(meses subsequentes).

§ ANTIBIOTICOS:

- Os antibióticos utilizados no tratamento da TB interferem na maquinaria


enzimática ou bloqueiam a síntese de algum metabólito essencial à
sobrevivência do bacilo.

- Os fármacos só atuam onde existe metabolismo, ou seja, onde a infecção


está ativa, e não latente.

- Estes serão destruídos pelo sistema imunológico do indivíduo.

- O bacilo depende de oxigênio e seu metabolismo se intensifica a depender


da quantidade do gás presente na região.

- Na cavitação pulmonar, existe abundância de oxigênio, pH neutro e


substâncias nutritivas.

- Nessas regiões, há maior quantidade de bacilos e estes adquirem


resistência mais facilmente.

- Por outro lado, em granulomas, o oxigênio é mais escasso e, o pH, menos


favorável.

- Ali, o crescimento bacilar adquire um caráter mais intermitente.

- Por fim, no interior dos macrófagos, há pouco oxigênio e o pH é acido, além


de haver os mecanismos de defesa do hospedeiro.

- Nesses locais, a multiplicação é lenta e os bacilos são latentes. É por conta


dessas populações que o tratamento da tuberculose precisa ser bem longo.

§ FASES DO TRATAMENTO:

- Existem duas fases no tratamento da tuberculose: a fase intensiva e a fase


de manutenção.

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a) Fase Intensiva: tem o objetivo de diminuir a população bacilar


consideravelmente, incluindo os resistentes.

b) Fase de Manutenção: visa à eliminação de bacilos latentes ou


persistentes e a diminuição da chance de recidiva.

§ PRINCIPAIS ESQUEMAS E REMÉDIOS:

a) Esquema Básico:

- Para casos novos e retratamento – sendo este a recidiva após cura ou


reingresso após abandono.

- Válido para todas as formas de tuberculose, em coinfectados por HIV ou


não.

- Há 04 fármacos principais: RIPE/ RHZE: rifampicina, isoniazida,


pirazinamida etambutol.

i. A atuação do medicamento depende da localidade e do ambiente


onde o bacilo se encontra.

ii. Em bacilos intramacrofágicos, agem os medicamentos que melhor


se difundem em pH ácido e meio intracelular: ex: rifampicina.

§ Medicação:

a) Fármacos de primeira linha: Isoniazida (INH), Rifampicina (RIF),


Pirazinamida (PZA) e Etambutol (EMB). São usadas em conjunto no
tratamento inicial.

b) Fármacos de segunda linha: Aminoglicosídios e Fluoroquinolonas.

- Outros antibióticos são ativos contra tuberculose e são usados


principalmente para tratar pacientes com TB resistente ao fármacos (DR-
TB) ou que não tolerem um dos fármacos de primeira linha.

§ PREVENÇÃO:

- Seguem-se medidas preventivas gerais (p. ex., ficar em casa, evitar


visitantes, durante tosses cobrir a boca com lenço ou mão).

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- A vacina do bacilo Calmette-Guérin (BCG), feita de uma cepa atenuada de


M. bovis é administrada a > 80% das crianças do mundo, em especial em
países de alto risco.

- A BCG reduz a taxa de TB extratorácica em crianças, especialmente


meningites por tuberculose, e pode prevenir a infecção por TB.
- Assim, ela é considerada vantajosa em regiões de alto risco.

- Segundo o Ministério da Saúde, a BCG faz parte do calendário vacinal:

- Dose Única: recém-nascidos acima de 02 kg.

- A vacina é indicada para crianças da faixa etária de 0 a 04 anos, sendo


idealmente ministrada logo após o nascimento, ainda na maternidade ou
na primeira visita ao serviço de saúde.

PROGNOSTICO DA TB

- A tuberculose provoca ou contribui para a mortalidade em


aproximadamente 10% dos casos, muitas vezes nos que estão debilitados
por outras razões.

- A tuberculose disseminada e as meningites por tuberculose podem ser


fatais em até 25% dos casos, apesar de tratamento adequado.

- A tuberculose é muito mais agressiva em pacientes imunocomprometidos


e, se não tratada de forma correta e agressiva, pode ser fatal após 02 meses
a partir do início dos sintomas, especialmente com MDRTB.

- Mas com uma terapia antirretroviral eficaz (e tratamento apropriado


contra a tuberculose), o prognóstico dos pacientes com infecção por HIV,
mesmo aqueles com TB multirresistente, pode se aproximar daquele dos
pacientes imunocompetentes.

- Devem-se esperar resultados piores para pacientes com XDR-TB porque


há poucos fármacos eficazes.

TRANSMISSAO DA TB

- A fala, o espirro e, principalmente, a tosse de um doente com tuberculose


pulmonar bacilífera lançam no ar gotículas contaminadas de tamanhos
variados (gotículas de Flügge).

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- As mais pesadas se depositam rapidamente, e as mais leves permanecem


em suspensão no ar.

- Somente as gotículas desidratadas, com pequeno diâmetro contendo um


a dois bacilos em suspensão, conseguem atingir os bronquíolos e alvéolos e
iniciar o processo infeccioso.
i. As partículas infectantes são chamadas núcleos de Wells.

- As partículas médias ficam retidas na mucosa do trato respiratório


superior e são removidas dos brônquios através do fluxo mucociliar.

i. Os bacilos assim removidos são deglutidos, inativados pelo suco


gástrico e eliminados nas fezes.

- Os bacilos que se depositam nas roupas, lençoí s, copos e outros objetos


dificilmente se dispersarão em aerossóis e, por isso, não desempenham
papel importante na transmissão.

- Estima-se que na prática pelo menos 20-200 bacilos sejam necessários


para desencadear o processo.

- A chance de uma pessoa se infectar após contato com um paciente


bacilífero depende:

a) Da concentraçao
̃ de bacilos expelidos pelo paciente tuberculoso.

b) Da intensidade e frequência do contato.

c) De condiçoe
̃ s ambientais.

d) Da resistência natural do indivíduo exposto.

- O grau de contágio dos pacientes com tuberculose pulmonar ativa não


tratada é muito variável.

i. Fatores ambientais também são importantes.

- A transmissão aumenta pela exposição frequente ou prolongada a


pacientes não tratados que dispersam grande volume de bacilos da
tuberculose em espaços superlotados, fechados e pouco ventilados;

i. Assim, pessoas que vivem em condições precárias ou em presídios


têm mais risco.
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- Aproximadamente um quarto dos contatos domésticos adquirem a


infecção.

- A OMS estima que cada paciente não tratado pode infectar 10 a 15 pessoas
por ano.

- O contágio diminui rapidamente quando o tratamento eficaz começa;


organismos são menos infecciosos, mesmo se persistirem no escarro, e a
tosse diminui.

- Estudos de contatos domiciliares indicam que a transmissibilidade


termina 2 semanas depois de os pacientes iniciarem o tratamento eficaz.

- A tuberculose das tonsilas, dos linfonodos, de órgãos abdominais, ossos e


articulações é geralmente provocada por ingestão de leite infectado ou
produtos derivados do leite (p. ex., queijo) infectados com M. bovis, mas
esta via de infecção foi largamente erradicada em países desenvolvidos por
meio do abate de vacas com testes tuberculínicos positivos e pela
pasteurização do leite.

- A maioria dos indivíduos infec- tados pelo BK (“prova tuberculínica


positiva”) não é bacilífera, logo, não transmite a doença.

i. Apenas os que desenvolvem “tuberculose-doença” podem eliminar


bacilos e transmiti-los.

a) Multi-bacilíferos: principais responsáveis pela transmissão.

b) Paucibacilíferos: chance de transmissão domiciliar de 05%.

c) Não bacilíferos: representados pelas formas extrapulmonares de


tuberculose.

§ FATORES AMBIENTAIS:

- As partículas infectantes podem ficar dispersas no ar por algumas horas,


mas são rapidamente “diluídas” se estiverem em ambientes ao ar livre,
onde também costumam ser inativadas pela luz solar.

- O risco de transmissão é muito maior em ambientes confinados e pouco


iluminados.

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i. Contactantes diários neste tipo de ambiente podem ter um risco de


transmissão > 80%.

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SISTEMA DE SAUDE PRISIONAL

- No Brasil, desde 1984, está previsto em lei o atendimento em saúde às


pessoas reclusas em unidades prisionais.

- A Lei de Execução Penal (LEP) de 1984 assegura atendimento médico,


farmacêutico e odontológico às pessoas presas.

- O Sistema Único de Saúde (SUS), prevê, em suas diretrizes, a


universalidade, a igualdade e a equidade do acesso à saúde como um direito
de cidadania e um dever das três esferas de governo.

- Até 2003, os serviços de saúde nas prisões eram de responsabilidade


única do Ministério da Justiça, em articulação com os órgãos de justiça e
da segurança dos respectivos Estados e do Distrito Federal (DF).

- Em 2003, passadas quase duas décadas da LEP, Ministério da Justiça e


Ministério da Saúde homologaram o Plano Nacional de Saúde no Sistema
Penitenciário nº, o qual regulamentou a organização e o acesso à saúde,
através do SUS, das pessoas privadas de liberdade.

- A transição entre a publicação do Plano Nacional de Saúde no Sistema


Penitenciário - PNSSP, que organizou o acesso da população privada de
liberdade (PPL) aos serviços de saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS), e a sua consolidação enquanto política pública se deu após 11 anos.

- A Política Estadual de Atenção Básica à Saúde das Pessoas Privadas


de Liberdade no Sistema Prisional, no âmbito do SUS - tem por objetivo a
garantia do acesso ao atendimento integral à saúde em nível de atenção
básica às pessoas privadas de liberdade e segue as diretrizes da PNAISP.

- Esta é regida pelas regulamentações estabelecidas em Portarias (MS/MJ


nº 01/2014, GM/MS nº 482/2014 e, em nível estadual, através da
Resolução CIB nº257/2011 e nº453/2011), as quais estabelecem os
critérios mínimos para o funcionamento dos serviços de saúde no sistema
prisional e definem as normas para sua operacionalização e financiamento.

§ PNAISP:

- Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de


Liberdade no Sistema Prisional.

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- As pessoas privadas de liberdade, apesar da perda do direito de ir e vir


conservam seus demais direitos fundamentais, que deverão ser protegidos
e garantidos pelo Estado, especialmente pelo fato de essas pessoas estarem
legalmente sob sua custódia.

- O direito à saúde está garantido pela Constituição Federal, pelo Sistema


Único de Saúde (SUS) e pelo marco legal que regulamenta este.

- Tais dispositivos indicam a Atenção Básica como ordenadora desse


Sistema. Isso significa que, com a PNAISP, as unidades prisionais passarão
a serem “portas de entrada” e “ponto de atenção” da Rede de Atenção à
Saúde.

- Os serviços serão formados por equipes de atenção básica prisional


(EABP), que organizarão a saúde intramuros na perspectiva da promoção
da saúde, prevenção de agravos, tratamento e seguimento, permitindo que
essa população, mediante regulação do SUS, tenha acesso aos serviços de
urgências e emergências, à atenção especializada e hospitalar na rede
extramuros, sempre que houver necessidade de atenção de maior
complexidade.

- Muitas dessas ações e serviços são configuradas, no SUS, como redes:


Rede de Urgência e Emergência, Rede de Atenção Psicossocial, Rede de
Cuidado à Pessoa com Deficiência, dentre outras, às quais a população
prisional deve ter acesso.

- Garantir o direito à saúde para todas as pessoas privadas de liberdade no


Sistema Prisional é o principal objetivo da Pnaisp.

- Além disso, a Política visa à garantia do acesso dessa população ao


Sistema Único de Saúde (SUS), respeitando os preceitos dos direitos
humanos e de cidadania.

- A unidade de saúde prisional será um ponto de atenção da Rede de


Atenção à Saúde do SUS, qualificando a atenção básica no âmbito prisional
e articulando com outros dispositivos dessa Rede no território.

- Cada unidade prisional do itinerário carcerário, sejam elas delegacias de


polícia, cadeias públicas, penitenciárias, presídios colônias agrícolas ou
agroindustriais ou hospitais de custódia e tratamento psiquiátrico, deverá
contar com uma Unidade Básica de Saúde Prisional que, contara com
equipes multiprofissionais que ofertarão ações de promoção da saúde e
prevenção de agravos.
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- Caso não haja ambiência na unidade prisional, a Unidade Básica de Saúde


do território poderá se responsabilizar por essas ações.

- Principais ações:

a) Garantir o acesso à Rede de Atenção à Saúde no território com mais


agilidade, equidade e qualidade.

b) Promover ações para promoção de doenças e prevenção de doenças


transmissíveis, doenças não transmissíveis e dos agravos
decorrentes do confinamento.

c) Melhorar as ações de vigilância sanitária na alimentação e nas


condições de higiene dentro das unidades prisionais e para garantir
a salubridade ambiental.

d) Operar estendendo e aprofundando as ações de todos os programas


do Ministério da Saúde.

e) Atuar na prevenção do uso de álcool e de drogas e na reabilitação de


usuários.

f) Garantir medidas de proteção, como a vacinação para hepatites,


influenza e outras do calendário de adultos.

g) Garantir ações de promoção de saúde bucal (ex.: palestras,


escovação e avaliação bucal) e tratamento.

h) Garantir o acesso aos programas de saúde mental, gerais e


específicos.

i) Garantir aquisição e repasse de medicamentos da farmácia básica às


equipes de Saúde e distribuição de insumos (preservativos,
absorventes, entre outros) para as pessoas presas.

j) Multiplicar as unidades básicas de saúde prisional e promover o seu


funcionamento na lógica do SUS.

§ PAISA:

- Programa de Ações Intersetoriais de Assistência à Saúde e de Assistência


Social para o Sistema Prisional.

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- Conjunto de ações e iniciativas que visam reverter o quadro endêmico e


adverso de violações existente no sistema carcerário brasileiro.

- Trata-se de parceria entre o judiciário, o executivo e sociedade civil que


pretende assegurar o acesso universal às ações de atenção básica à saúde
como ordenadora do SUS e a garantia da integralidade da atenção por meio
da Rede de Atenção à Saúde e da Rede do Sistema Único da Assistência
Social, garantindo um padrão sanitário e de assistência mínimos.

- Criado em 2016 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o projeto tem o


objetivo de garantir um padrão sanitário e de assistência social mínimo às
pessoas em situação de privação de liberdade.

- Para assegurar aos presidiários o acesso universal às ações de assistência


básica à saúde, foram definidas medidas como ações para a prevenção de
doenças e acesso a tratamentos de saúde.

- Outras ações importantes são a garantia de atendimento para gestantes e


seus filhos, além de medidas terapêuticas aos presos com transtorno
mental e dependentes de drogas.

PRESIDIO E A TUBERCULOSE

- Tuberculose nos presídios brasileiros é emergência de saúde e de direitos


humanos, dizem especialistas.

- Enquanto na população brasileira em geral a incidência da tuberculose


está em 33 casos para 100 mil habitantes, entre os detentos esse indicador
sobe para alarmantes 932 ocorrências.

- As condições precárias às quais muitos presos são submetidos, entre elas


a superlotação, baixa incidência solar, acesso limitado ao serviço de saúde,
desnutrição, uso de álcool e drogas e comorbidades como HIV, falta de
ventilação e iluminação nas unidades prisionais, favorecem a
disseminação da doença cuja bactéria é transmitida pelo ar.

i. Outras condições frequentes entre presos também os tornam ainda


mais vulneráveis, como a infecção por HIV, a má-nutrição e o uso de
drogas.

- A superlotação é o fator determinante para os altos índices de tuberculose


nos presídios brasileiros, de acordo com o vice-presidente da organização
Rede Brasileira de Pesquisas em Tuberculose.
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i. A população prisional é a mais vulnerável à doença, seguida da


população de rua, das pessoas vivendo com HIV e da população
indígena.

- Além da superlotação, as condições de atendimento em saúde nos


presídios brasileiros também são motivo de preocupação por parte de
especialistas, já que o diagnóstico e o início rápido do tratamento são
essenciais para conter o avanço da doença tanto na pessoa infectada como
no ciclo de transmissão.

- Segundo o Ministério da Justiça, somente 37% das unidades prisionais do


país têm módulos de saúde para atender detentos.

- De acordo com Draurio Barreira, gerente técnico de tuberculose, é


fundamental que os presídios tenham um centro médico, diante da
complexa logística de segurança necessária para a transferência de presos
a outros locais de atendimento.

- Transferência de presos para a realização de exames fora da penitenciária


ocasiona atrasos de diagnóstico da tuberculose.

- É necessário ampliar a integração do sistema prisional estadual com o


Sistema Único de Saúde (SUS), processo que já vem ocorrendo desde a
adoção em 2014 da (PNAISP).

i. A meta da nova iniciativa é assegurar que cada unidade prisional


seja um ponto integrante da rede de atenção à saúde do SUS.

- A detecção dos sintomas entre os presos e aqueles que entram no sistema


prisional é etapa fundamental para o controle da doença, sendo preciso que
o preso realize o tratamento até o final.

- “O tratamento é altamente eficaz, longo, dura seis meses e em caso de


resistência aos medicamentos, até um ano. E esse preso precisa ser tratado
fora do ambiente em que está transmitindo para outras pessoas”.

- Um caso de tuberculose pode infectar de quatro a dez pessoas e, mesmo


quando curada, pode deixar sequelas pulmonares.

- Um dos projetos recentes para o combate à tuberculose nos presídios foi o


TB Reach, cujo foco foi ampliar a detecção da tuberculose no sistema
prisional.

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§ NOTIFICAÇÃO:

- Para a saúde pública, notificação é a comunicação da ocorrência de


determinada doença ou agravo à saúde, feita à autoridade sanitária por
profissionais de saúde ou qualquer cidadão, para fins de adoção de medidas
de intervenção pertinentes.

- Todo caso de tuberculose confirmado deve ser notificado e investigado no


prazo máximo de uma semana, e encaminhado para vigilância
epidemiológica da SMS para que providências quanto a insumos e
medicamentos sejam providenciados.

- Todo caso suspeito deve ser examinado para confirmar ou não o


diagnóstico/

- Na notificação de suspeitos é importante considerar se foram realizados


os exames para confirmação bacteriológica.

- Notificação dos casos de tuberculose são obrigatórias por toda unidade de


saúde (PSF, CS, UPA, Policlínicas, Hospitais entre outras);

- São utilizados sistemas de informação em saúde que servem para


registrar e monitorar os casos de tuberculose.

- O principal motivo da notificação é fornecer para os órgãos competentes


informações de doenças/agravos/eventos, que são transmissíveis,
apresentam letalidade ou outro tipo de impacto na saúde.

- As notificações são realizadas por meio de fichas de notificação


individuais, que possuem campos para preenchimento essenciais para a
compreensão de como ocorreu a doenças/agravos/eventos e sua evolução.

- Esse procedimento é feito dentro do Sistema Nacional de Agravos de


Notificação (Sinan) ou em sistemas estaduais ou municipais, criados
exclusivamente para essa finalidade.

- A partir da notificação uma série de medidas é gerada com o objetivo de


determinar o provável local inicial de disseminação (se for o caso), sua
extensão, como está se disseminando e o quê fazer para interromper o ciclo
de propagação.

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SUS E LGBTQI+

ORIENTAÇÃO SEXUAL

- É a atração ou ligação afetiva que se sente por outra pessoa.

- Esse conceito veio substituir o de “opção sexual” visto que as pessoas não
escolhem sua orientação, ou seja, elas desenvolvem sua sexualidade ao
longo da vida.

i. Nesse sentido, uma pessoa não opta por ser heterossexual ou


homossexual.

ii. A idéia de “opção” permite a compreensão de que o homossexual


escolheu sentir o desejo que sente e, portanto, poderia ter optado por
ser heterossexual.

- Entende-se que não nascemos com uma orientação sexual definida, e que
ao longo da vida nos identificando com diferentes formas de vivenciar
nossos desejos conforme as experiências vividas por cada um.

§ CLASSIFICAÇÃO:

- Dependendo da atração sexual e afetiva, a orientação sexual é classificada


em:

a) Heterossexual ou Heteroafetivo: Quando uma pessoa se atrai por


um gênero diferente do seu.

b) Homossexual ou Homoafetivo: Quando a atração ocorre entre


pessoas do mesmo gênero.

c) Bissexual ou Biafetivo: Quando a pessoa se sente atraída por ambos


os gêneros: feminino e masculino.

d) Bi-curioso: alguém que não se identifica como bissexual nem


homossexual, mas sente ou mostra interesse em ter atividade sexual
com alguém do mesmo sexo.

e) Assexuados: Aqueles que não possuem interesse e nem se sentem


atraídos por nenhum dos gêneros.

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f) Alosexual: São pessoas que sentem atração sexual.

g) Pansexualidade: Atração estética, amor romântico e o desejo sexual


por qualquer um, incluindo pessoas que não se encaixam na binária
de gênero macho/fêmea implicado pela atração bissexual. Descrito
como a capacidade de amar uma pessoa de forma romântica,
independente do gênero.

h) Sexualmente fluído: Refere-se à ideia de que as orientações sexuais


podem mudar com o tempo — e podem mudar com base na situação
em questão. As pessoas também podem identificar-se como
sexualmente fluídas.

i) Queer: Quando você não se encaixa em nenhuma das categorias


disponíveis e nem acha que as categorias deveriam existir. Pode ser
considerado um termo “guarda-chuva”, com minorias sexuais e de
gênero que não são heterossexuais ou cisgênero.

§ HOMOSSEXUALIDADE E DOENÇA:

- Até 1990 a homossexualidade era considerada uma doença. Nesse ano,


ela foi retirada da lista de patologias pela Organização Mundial da Saúde
(OMS).

- Desde 1993, a Classificação Internacional de Doenças (CID) não considera


mais a homossexualidade como doença, deixando de considerá-la como
algo que deve ser tratado e pode ser curado.

- Desde 1999, o Conselho Federal de Psicologia proibiu que os/as


psicólogos/as submetessem pessoas a terapias “curativas” para convertê-
las da homossexualidade.

- Anteriormente, o termo para fazer referência ao desejo entre pessoas do


mesmo sexo, tinha como prefixo o indicativo de doença
“ismo” homossexualismo. Hoje, é considerado impróprio, sendo trocado
por “dade” (homossexualidade).

IDENTIDADE DE GÊNERO

- Relacionado com o sentimento que alguém possui sobre si mesmo,


independentemente de sua anatomia.

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- Há pessoas que nascem com um gênero biológico específico e não se


identificam com ele.

- O que determina a identidade de gênero é a maneira como a pessoa se


sente e se percebe, assim como a forma que esta deseja ser reconhecida
pelas outras pessoas.

- Transgêneros:

a) Transexuais: Pessoa que possui uma identidade de gênero diferente


do sexo designado no nascimento. Geralmente se submetem a
cirurgias para modificar o sexo.

b) Travestis: Possuem também uma identificação com o gênero oposto


ao do nascimento. Muitas travestis modificam seus corpos por meio
de hormonioterapias, aplicações de silicone e/ou cirurgias plásticas,
porém diferentemente das transexuais, as travestis não desejam
realizar a cirurgia de redesignação sexual.

- Cisgênero: Consiste no indivíduo que se identifica com o seu "gênero de


nascença". Por exemplo: um indivíduo que possui características biológicas
típicas do gênero masculino e que se identifica (socialmente e
psicologicamente) como um homem.

- Não-Binário: Classificação que caracteriza a mistura entre masculino e


feminino, ou a total indiferença entre ambos. Os indivíduos não-binários
ultrapassam os papéis sociais que são atribuídos aos gêneros, criando uma
terceira identidade que foge do padrão "homem-mulher".

EXPRESSÃO DE GÊNERO

- Diz respeito aos comportamentos, forma de vestir, forma de


apresentação, aspeto físico, gostos e atitudes.

- Uma pessoa andrógina exprime-se de uma forma ambivalente, ou seja,


apresenta uma combinação de traços físicos quer masculinos, quer
femininos ou uma aparência que não permite identificar claramente o seu
género.

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SEXO BIOLOGICO

- Assume-se frequentemente que é o sexo cromossomático ou o sexo


genital, que pressupõe capacidades reprodutivas.

- Existem vários fatores que contribuem para o sexo biológico:


a) Cromossomas (XY, XX, ou outras combinações).

b) Genitais (estruturas reprodutivas externas).

c) Gónadas (presença de testículos ou ovários).

d) Hormonas (testosterona, estrogénios).

- Pessoa Intersexo: Tem órgãos genitais/ reprodutores (internos e/ou


externos) masculinos e femininos simultaneamente ou tem cromossomas
que não são nem XX nem XY.

NOMENCLATURAS

§ LGBT:

- Lésbicas, gay, bissexuais, travestis e transsexuais.

- O termo foi aprovado no Brasil em 2008 em uma conferência nacional


para debater os direitos humanos e políticas públicas dos LGBT.

§ LGBTTTQIAAPK:
a) Lésbica.
b) Gay.
c) Bisexual.
d) Transgênero.
e) Transsexual.
f) Two-Spirit.
g) Queer.
h) Questionando.
i) Intersex.
j) Assexual.
k) Aliado.
l) Pansexual.
m) Kink.

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SERVICOS PRESTADOS PELO SUS AOS LGBTQI+

- Na constituição de 88 consta que “A saúde é direito de todos e dever do


Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e
igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”,
porém a realidade é a falta de acesso da população LGBT dentro do Sistema
Único de Saúde (SUS) e a dificuldade das suas demandas de saúde e sociais
serem atendidas.

§ PRECONCEITO E DISCRIMINAÇÃO NO ÂMBITO DOS SERVIÇOS DE


SAÚDE:

- Ao acessar o sistema único de saúde essa parcela da população se sente


coagida de expressar a sua sexualidade de forma livre e sem enquadrar-se
em um padrão na hora dos atendimentos por causa do medo social e
estigma que ainda é muito forte, da falta de preparo dos profissionais de
saúde que vem desde a graduação até a cultura heteronormativa e do
preconceito enraizado nos processos de socialização que é reproduzido
diariamente por esses trabalhadores.

- Apesar dos ataques constantes a população LGBT e a saúde como um todo,


vários direitos já foram garantidos, em 2011 nasce a Politica Nacional de
Saúde LGBT que vem para reforçar os princípios do SUS, Universalidade,
Equidade e Integralidade da atenção à saúde, só que agora diretamente
voltado para a necessidade da população LGBT.

- Em 2013 depois de ampliar o debate do processo transexualizador no


Brasil foi lançada a Portaria MS nº 2.803 que redefine e amplia o processo
transexualizador no Sistema Único de Saúde.

- É necessário criar uma cultura de cuidado amplo a população LGBT, desde


o processo de formação dos futuros profissionais da área da saúde para que
possam conhecer mais a realidade, para que que estejam dispostos a se
despir de seus preconceitos para um melhor atendimento humanizado.

§ REALIDADE ENFRENTADA:

- Muitos homens e mulheres homossexuais, bissexuais, travestis e


transexuais sentem que os médicos não estão preparados para atendê-los.

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- Para evitar o descaso nos atendimentos prestados pelos profissionais da


Saúde, muitas pessoas preferem ocultar quem são.

- Para a comunidade LGBTI+, o estereótipo de que todos têm alguma


infecção sexualmente transmissível (IST) é outro problema no acesso à
saúde, onde médicos tem o costume de pedir exame para detectar HIV sem
ao menos perguntar sobre suas práticas sexuais.

- Para travestis e transexuais, a principal barreira é fazer valer o uso no


nome social e ser tratado conforme o gênero com o qual se identifica, onde
alguns profissionais até desconsideram o cartão do SUS e levam em conta
o documento original sem o nome social, o que é contraditório, porque o
serviço de saúde foi o primeiro a utilizar o nome social.

§ MEDIDAS TOMADAS PELO GOVERNO:

a) 13a Conferência Nacional de Saúde:

- Em 2008 estabeleceu, pela primeira vez, que a orientação sexual e a


identidade de gênero deveriam ser incluídas na análise da determinação
social da saúde, com vistas à construção de políticas públicas, ratificando,
assim, tanto a produção científica sobre o tema quanto às reivindicações
dos movimentos sociais de defesa dos interesses da população de Lésbicas,
Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT).

b) Política Nacional de Saúde Integral de Lésbicas, Gays, Bissexuais,


Travestis e Transexuais (LGBT):

- Divisor de águas para as políticas públicas de saúde no Brasil e um marco


histórico de reconhecimento das demandas desta população em condição
de vulnerabilidade.

- Objetivo promover a saúde integral LGBT eliminando a discriminação e o


preconceito institucional, bem como contribuindo para a redução das
desigualdades e a consolidação do SUS como sistema universal, integral e
equitativo.

c) Programa Mais Saúde – Direito de Todos:

- A Política LGBT é uma iniciativa para a construção de mais equidade no


SUS.

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- O compromisso do Ministério da Saúde com a redução das desigualdades


constitui uma das bases do Programa.

- Visa à reorientação das políticas de saúde com o objetivo de ampliar o


acesso a ações e serviços de qualidade.

- Esse Programa, espelhando essa política, apresenta metas específicas


para promover ações de enfrentamento das iniquidades e desigualdades
em saúde.

d) PROCESSO TRANSEXUALIZADOR NO SUS:

- Garante o atendimento integral de saúde a pessoas trans, incluindo


acolhimento e acesso com respeito aos serviços do SUS, desde o uso do
nome social, passando pelo acesso a hormonioterapia, até a cirurgia de
adequação do corpo biológico à identidade de gênero e social.

e) Campanha ampla de conscientização sobre a saúde de Lésbicas, Gays,


Bissexuais, Travestis e Transexuais (LGBT):

- Lançado pelo Ministério da Saúde, em parceria com as Secretarias de


Direitos Humanos (SDH) e de Políticas para as Mulheres (SPM).

- Objetivo de valorizar a saúde como um direito humano de cidadania e


ressaltar que a população LGBT tem direito a receber atendimento livre de
qualquer discriminação, restrição ou negação em virtude da orientação
sexual e identidade de gênero.

- A campanha prevê a distribuição de materiais específicos sobre cada


grupo populacional que compõem a sigla LGBT.

f) Projeto Coletivo Guarda-Chuva (privado):

- Iniciativa estudantil idealizada por alunos da área da saúde que não se


sentiam preparados para atender a comunidade LGBTI, por não verem na
faculdade e não vivenciarem nos estágios e treinamentos, sendo também
foi uma forma de proteção e criação de uma rede de contato.

g) “Programa Brasil sem Homofobia – Combate à Violência e à


Discriminação contra GLTB e de Promoção da Cidadania
Homossexual”.

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- Constituiu-se de amplas recomendações aos distintos setores do governo,


no intuito de assegurar políticas, programas e ações contra a discriminação
e que, sobretudo, promovam equidade de acesso a ações qualificadas aos
serviços públicos.

h) O Plano Operativo da Política Nacional de Saúde Integral LGBT:

- Objetivo de apresentar estratégias para as gestões federal, estadual e


municipal, no processo de enfrentamento das iniquidades e desigualdades
em saúde com foco na população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e
transexuais para a consolidação do SUS como sistema universal, integral e
equitativo.

- Esse Plano foi pactuado na Comissão Intergestores Tripartite (CIT)

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REDESIGNAÇÃO SEXUAL

- A redesignação sexual é uma forma encontrada pela medicina para lidar


com a chamada “incongruência de gênero”.

i. Este é o nome médico para aquilo que pessoas trans vivem:


inadequação entre o sexo atribuído a uma criança e a sua
experiência de gênero.

- Até 1997, cirurgias de mudança de sexo eram proibidas no Brasil, pessoas


que desejassem passar pela mesma eram obrigadas a recorrer a clínicas
clandestinas ou à médicos no exterior.

- Atualmente, no país a cirurgia de transgenitalização é permitida, todavia,


não pode ser usada por pessoas que desejem apenas adquirir
características sexuais secundárias.

§ CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA (CFM).

- Afirma que:

a) A idade mínima é de 18 anos e máxima de 75 para que pessoas


transgênero tenham acesso a cirurgias de redesignação sexual
(sendo obrigatório o período de um ano de acompanhamento do
paciente por uma equipe multiprofissional e interdisciplinar).

b) A idade mínima é de 16 anos para a hormonoterapia.


c) crianças ou adolescentes transgêneros devem receber tratamento
de equipe multiprofissional e interdisciplinar sem nenhuma
intervenção hormonal ou cirúrgica.

d) A atenção médica deve ser composta por pediatra, psiquiatra,


endocrinologista, ginecologista, urologista e cirurgião plástico.

e) Deve haver acompanhamento aos familiares dos pacientes trans,


com autorização expressa do transgênero.

f) Procedimentos cirúrgicos e hormonais são proibidos em pessoas com


diagnóstico de transtornos mentais que os contraindiquem.

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g) O paciente deve ser informado sobre os procedimentos e


intervenções clínicas e cirúrgicas aos quais será submetido,
incluindo o risco de esterilidade, sendo necessário obter o
consentimento livre e esclarecido sobre essa questão da esterilidade.

- A definição de transexualismo obedecerá, no mínimo, aos critérios abaixo


enumerados:

a) Desconforto com o sexo anatômico natural.

b) Desejo expresso de eliminar os genitais, perder as características


primárias e secundárias do próprio sexo e ganhar as do sexo oposto.

c) Permanência desses distúrbios de forma contínua e consistente por,


no mínimo, dois anos.

d) Ausência de transtornos mentais.

§ O PROCEDIMENTO:

- A cirurgia é realizada em pessoas do gênero feminino ou masculino, e


envolve complexos procedimentos cirúrgicos, que envolvem:

a) A construção de uma nova genitália, chamados de neopênis ou


neovagina.

b) A remoção de outros órgãos, como pênis, mama, útero e ovários.

- Para que este tipo de procedimento seja feito, é necessário que a pessoa
faça:

a) Tratamento hormonal: para a adequação das características.

b) Acompanhamento psicológico: de forma que seja possível


determinar que aquela nova identidade física se adéqua à pessoa e
não haja arrependimentos.

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§ SUS:

- A cirurgia de mudança de gênero pode ser feita pelo SUS desde 2008,
entretanto, como a espera na fila pode durar anos, muitas pessoas optam
por fazer o procedimento com cirurgiões plásticos particulares.

i. Hoje são 05 hospitais credenciados pelo SUS que realizam a cirurgia


em todo o país.

- Os procedimentos cirúrgicos oferecidos incluem:

a) Readequação sexual (que adapta a genitália ao gênero da pessoa).

b) Mastectomia (retirada de mama).

c) Plástica mamária reconstrutiva.

d) Cirurgia de troca de timbre de voz.

e) Histerectomia (retirada do útero).

f) Colpectomia (retirada da vagina).

§ ATENDIMENTO:

- No ambulatório a consulta inicial começa com acolhimento pela equipe de


enfermagem e pela assistente social.

- O paciente é atendido por uma psicóloga e, em seguida, entra a equipe


médica, que faz uma análise clínica e pede exames para iniciar a
hormonioterapia.

- Com exceção de alguns remédios doados, o ambulatório não disponibiliza


os hormônios, apenas a receita.
- Após essa etapa, o acompanhamento é trimestral no primeiro ano com
equipe médica.

- Também podem ser feitos agendamentos com a psicóloga e com a


fonoaudióloga.

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§ CUIDADO COM A POPULAÇÃO:

- É estruturado por dois componentes:

a) Atenção Básica: refere-se à rede responsável pelo primeiro contato


com o sistema de saúde, pelas avaliações médicas e
encaminhamentos para tratamentos e áreas médicas mais
específicas e individualizadas.

b) Atenção Especializada: é dividida em duas modalidades:


ambulatorial (acompanhamento psicoterápico e hormonioterapia) e
hospitalar (realização de cirurgias e acompanhamento pré e pós-
operatório).

§ ETAPAS:

- Antes da realização da cirurgia de transgenitalização, algumas etapas


importantes devem ser seguidas:

1) Realização de acompanhamento com psicólogo, psiquiatra e


assistente social.

2) Assumir socialmente o gênero que deseja adotar.

3) Realização de tratamento hormonal para adquirir características


femininas ou masculinas, orientadas pelo endocrinologista para
cada caso.

- Estas etapas prévias à cirurgia duram cerca de 02 anos, e são necessárias


por seren um passo para a adaptação física, social e emocional da pessoa a
esta nova realidade.

i. Somente após esses 02 anos de acompanhamento médico-


terapêutico, a cirurgia passa a ser uma opção para o paciente.

- A cirurgia é precedida de uma anestesia geral, e dura cerca de 03 a 07


horas, a depender do tipo e da técnica utilizada pelo cirurgião.
- O processo de mudança de sexo é lento e progressivo.

- A maior parte das modificações hormonais são reversíveis.

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- A cirurgia para mudar o aparelho genital ocorre no final do tratamento


após o aval de um psicólogo e um psiquiatra.

§ MUDANÇA DE GÊNERO FEMININO PARA MASCULINO

- Existem 02 técnicas cirúrgicas:

a) Metoidioplastia:

- Mais usada.

- Consiste em:

1. Tratamento com testosterona que faz com que o clitóris cresça.

2. São feitas incisões ao redor do clitóris, que é desprendido do púbis.

3. Utiliza o tecido da vagina para aumentar o comprimento da uretra,


que ficará na parte interna do neopênis.

4. O tecido da vagina e dos pequenos lábios são utilizados para revestir


e dar o formato do neopênis.

5. O saco escrotal é feito a partir dos grandes lábios e implantes de


próteses de silicone para simular os testículos.

- O pênis resultante é pequeno, com cerca de 6 a 8 cm, entretanto este


método é rápido e capaz de preservar a sensibilidade natural.

b) Faloplastia:

- Método mais complexo, caro e pouco disponível.

- Nesta técnica, são utilizados enxertos de pele, músculos, vasos


sanguíneos e nervos de outro local do corpo, como do antebraço ou coxa,
para a criação do novo órgão genital com maior tamanho e volume.

- Para o CFM, o tratamento de continua sendo um procedimento


experimental.

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i. “Entendemos que o procedimento é de resultados estéticos e


funcionais ainda questionáveis, e por isso seja mantido como
experimental”,

- Cuidados após a cirurgia:

a) Remoção do útero, ovários e seios, o que pode ser feito já durante o


procedimento ou pode ser agendado para um outro momento.

§ MUDANÇA DE GÊNERO MASCULINO PARA FEMININO:

- Técnica mais usada:

a) Inversão peniana modificada:

- Consiste em:

1. incisões ao redor do pênis e saco escrotal, definindo a região em que


será feita a neovagina,

2. Remoção de parte do pênis, preservando a uretra, a pele e os nervos


que dão sensibilidade à região.

3. Remoção dos testículos, preservando a pele da bolsa escrotal.

4. Abertura de espaço para abrigar a neovagina, com cerca de 12 a 15


cm, utilizando-se a pele do pênis e do saco escrotal para revestir a
região.

5. O restante da pele do saco escrotal e prepúcio são utilizados para a


formação dos lábios vaginais.

6. A uretra e o aparelho urinário são adaptados para que a urina saia


por um orifício e a pessoa possa urinar sentada.

7. Utiliza-se a glande para a formação do clitóris, para que a sensação


de prazer possa ser mantida.

- Para permitir que o novo canal vaginal permaneça viável e não se feche,
é utilizado um molde vaginal, que pode ser trocado por tamanhos maiores
ao longo das semanas para a dilatação da neovagina.

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- Cuidados após a cirurgia:

a) Atividades físicas e a vida sexual, são liberadas após 3 a 4 meses.

b) Normalmente é necessário o uso de lubrificantes específicos para a


região durante as relações sexuais.

c) Acompanhamento com ginecologista, para orientações e avaliações


da pele da neovagina e uretra, entretanto, como a próstata
permanece, também pode ser necessária a realização de consultas
com o urologista.

§ QUESTOES HORMONAIS:

- Tratamentos hormonais fazem parte do processo transexualizador.

- Transexuais que se identificam como mulheres começam, então, a usar


hormônios femininos, ocorrendo:

a) Redistribuição da gordura corporal (com maior concentração nos


quadris e nádegas).
b) Aumento de mamas.
c) Diminuição dos pelos corporais.

- Transexuais que se identificam como homens recebem tratamento à base


de hormônios masculinos, ocorrendo:

a) Redistribuição da gordura corporal, que passa a se concentrar no


abdômen.

b) Proliferação de pelos pelo corpo.

c) Alteração no tom de voz.

- Para o tratamento hormonal, a idade mínima é de 16 anos.

- O bloqueio dos hormônios da puberdade ou a hormonioterapia cruzada em


menores de 18 anos só ocorrerão com acompanhamento psiquiátrico e
anuência da equipe de saúde e do responsável legal pelo adolescente

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- Esse processo é oferecido pelo SUS, mas a oferta atual está alem da
demanda, e a espera para o início do procedimento pode demorar mais de
uma década.

o Bloqueio da Puberdade:

- Com o uso de medicamentos que impedem que o corpo desenvolva


hormônios sexuais durante a puberdade, o jovem trans deixa de
desenvolver características relacionadas ao gênero com o qual não se
identifica.

- No caso de trans femininas, um exemplo é a voz grave. Entre trans


masculinos, um exemplo é o crescimento dos seios.

- O bloqueio é um procedimento reversível. A qualquer momento que a


supressão cessar, a puberdade espontânea tende a voltar a ocorrer.

o Puberdade Induzida:

- Jovens também podem ter acesso a tratamentos hormonais que induzem


a puberdade equivalente ao gênero com o qual se identificam (trans
masculinos, utiliza-se testosterona, trans femininas, o hormônio 17 β
estradiol).

§ QUESTOES BUROCRATICAS:

- A idade mínima prevista (18 anos – cirurgia, 16 anos – hormonioterapia).

- Acompanhamento psicológico, psiquiátrico e endocrinológico.

- Apoio de um assistente social.

- Necessária uma vivência social mínima de dois anos como o gênero com o
qual o paciente se identifica.

- OBS! Esse procedimento busca identificar se a cirurgia é realmente


adequada, já que a operação é irreversível.

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HANSENIASE

- A Hanseníase é fácil de diagnosticar, tratar e tem cura, no entanto,


quando diagnosticada e tratada tardiamente pode trazer graves
consequências pelas lesões que os incapacitam fisicamente.

- Considerada uma doença infecciosa crônica, com períodos agudos, não


fatal e típica de local Tropical.

- Se detectado precocemente, em 06 meses o paciente pode ser totalmente


curado.

i. Porém a doença pode levar até 07 anos para se manifestar.

- São raros os casos em que a leva à morte, mas que o principal problema é
a incapacidade física que causa.

i. A presença de incapacidades em um paciente curado, é um indicador


de que o diagnóstico foi tardio ou de que o tratamento foi inadequado.

- É causada pelo Mycobacterium leprae, ou bacilo de Hansen, um bacilo


intracelular obrigatório.

- O bacilo é um micro-organismo de elevada infectividade, porém baixa


patogenicidade, isto é, poucos indivíduos infectados adoecem.

- Este tem afinidade por:

a) Células cutâneas (pele/mucosa nasal).

b) Células dos nervos periféricos (células de schwann).

- É Álcool-ácido-resistente (BAAR) gram-positivo.

- Caracteriza-se pelo acometimento da pele e dos nervos periféricos,


provocando lesões, com reduçao
̃ da sensibilidade e dormência em mãos e
pés.

- Uma importante diferença morfológica com o bacilo da tuberculose (BK)


é que o Bacilo de Hansen (BH) quando em grande quantidade nas lesões,
forma aglomerados bacilares, denominados globias e é visto intracelular.

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- O BH ainda não pode ser cultivado in vitro, um dos fatores que dificultam
o estudo de suas propriedades, embora saibamos que ele:

a) Apresenta uma multiplicação lenta (justificando o período de


incubação de anos).

b) Possui preferência por ambientes com temperatura mais baixa.

- Com a evolução da doença não tratada, as manifestações dermatológicas


e neurológicas associam-se a deformidades e mutilações.

PROCESSO

- O período de incubação é longo (de 02 à 05 anos, podendo ser de meses a


> 10 anos), porque o M. leprae é um micro-organismo “lento”, que se
reproduz por divisão binária simples a cada 14 dias.

i. Sendo necessários muitos anos para que o organismo possua uma


carga bacilar capaz de expressar-se clinicamente.

- Depois da sua entrada no organismo, não ocorrendo a sua destruição, o


bacilo de Hansen irá se localizar na célula de Schwann e na pele.

- Sua disseminação para outros tecidos (linfonodos, olhos, testículos,


fígado) pode ocorrer nas formas mais graves da doença, quando não
encontra resistência contra a sua multiplicação.

EVOLUÇÃO DA DOENÇA

- As pessoas, em geral, têm imunidade contra o Mycobacterium leprae.

- A maioria das pessoas não adoece, entre as que adoecem, o grau de


imunidade varia e determina a evolução da doença.

- A doença, inicialmente, manifesta-se através de lesões de pele: manchas


esbranquiçadas ou avermelhadas que apresentam perda de sensibilidade,
sem evidência de lesão nervosa troncular.

- Estas lesões de pele ocorrem em qualquer região do corpo, mas, com maior
frequência, na face, orelhas, nádegas, braços, pernas e costas, também,
acometer a mucosa nasal.

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- Com a evolução da doença não tratada, manifestam-se as lesões nos


nervos, principalmente nos troncos periféricos.

- Podem aparecer nervos engrossados e doloridos, diminuição de


sensibilidade nas áreas inervadas por eles: olhos, mãos e pés, e diminuição
da força dos músculos inervados pelos nervos comprometidos.

- Essas lesões são responsáveis pelas incapacidades e deformidades.

CLASSIFICAÇÃO DA DOENÇA

- Existem 03 Classificações diferentes para Hanseníase:

a) Classificação de Madrid:

- Mais utilizada no Brasil.

- Consideram-se:

A. 02 polos estáveis e opostos: virchowiano e tuberculoide.

B. 02 grupos instáveis: indeterminado e dimorfo

b) Classificação de Ridley e Jopling.

c) Classificacao Operacional da OMS: Se dá pelo número de lesões, ate cinco


(paucibacilar), mais que 05 (multibacilar.)

SINAIS E SINTOMAS DA HANSENIASE

- Manifesta-se através de sinais e sintomas Dermatológicos e Neurológicos


que podem levar à suspeição diagnóstica da doença.

DERMATOLOGICOS

- Lesões na pele, sendo mais comum:

a) Manchas pigmentares ou discrômicas: pela ausência, diminuição ou


aumento de melanina.

b) Placa: lesão que se estende em superfície por vários centímetros.

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c) Infiltração: aumento da espessura e consistência da pele.

d) Tubérculo: pápula ou nódulo que evolui deixando cicatriz.

e) Nódulo: lesão sólida, circunscrita, elevada ou não.

NEUROLOGICOS

- As alterações neurológicas, quando não diagnosticadas e tratadas


adequadamente, podem causar incapacidades físicas que podem evoluir
para deformidades.

- Manifesta-se, além de lesões na pele, através de lesões nos nervos


periféricos.

- Essas lesões são decorrentes de processos inflamatórios dos nervos


periféricos (neurites) e podem ser causados tanto pela ação do bacilo nos
nervos como pela reação do organismo ao bacilo ou por ambas.

- Elas manifestam-se através de:

a) Dor e espessamento dos nervos periféricos.

b) Perda de sensibilidade nas áreas inervadas por esses nervos,


principalmente nos olhos, mãos e pés.

c) Perda de força nos músculos inervados por esses nervos


principalmente nas pálpebras e nos membros superiores e
inferiores.

TRANSMISSÃO DA HANSENIASE

- O homem é considerado a única fonte de infecção da hanseníase.

- O contágio se da através de uma pessoa doente, portadora do bacilo de


Hansen, não tratada, que o elimina para o meio exterior, contagiando
pessoas susceptíveis.

- A principal via de eliminação do bacilo, pelo indivíduo doente de


hanseníase, e a mais provável porta de entrada no organismo passível de
ser infectado são as vias aéreas superiores.

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- Para que a transmissão do bacilo ocorra, é necessário um contato direto


com a pessoa doente não tratada.

- Apesar da doença ser transmitida pelas vias áreas pela respiração, por
meio de gotículas de saliva, o contágio é feito de forma lenta.

i. “Em geral tem que morar ou trabalhar junto da pessoa que está
contaminada até anos para se contaminar.

- As vias aéreas superiores constituem a principal via de inoculação e


eliminação do bacilo.

- Secreções orgânicas como leite, esperma, suor e secreção vaginal podem


eliminar bacilos, mas não possuem importância na disseminação da
hanseníase.

- Atinge pessoas de todas as idades (mas raramente ocorre em crianças


abaixo de cinco anos) e ambos os sexos.

- A transmissão se dá por contato direto, a partir da eliminação do


Mycobacterium leprae pela via aérea superior (gotículas), de uma pessoa,
não tratada, com a forma multibacilar, para outra.

- Porém, é necessário um contato íntimo e prologando do MB com a pessoa


susceptível.

- A distribuição da doença em famílias ou comunidades com antecedentes


genéticos comuns sugere a possibilidade de uma predisposição genética à
infecção pelo BH.

- Existem marcadores imunológicos relacionados à capacidade dos


macrófagos em destruir o bacilo ou simplesmente deixá-lo se multiplicar.

QUADRO CLINICO DA HANSENIASE

OBS! A principal diferenca entre a lesao da hanseniase e de outras doencas


dermatologicas é a alteracao da sensibilidade.

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FORMA PAUCIBACILAR

§ Hanseníase Indeterminada (HI):

- Todos os pacientes passam por essa fase no início da doença, podendo ser
ou não perceptível.

- Comum em crianças e adolesentes.


- Caracterizado por uma mancha hipocrômica única com:

a) Bordas mal delimitadas.


b) Hipo ou anestesia.
c) Com ou sem diminuiçaõ da sudorese.
d) Rarefaçao
̃ de pelos.
e) Sem comprometimento dos nervos.
f) São únicas ou em pequeno número.
g) Podem se localizar em qualquer área da pele.

- Não há comprometimento de troncos nervosos.

- A biópsia de pele não confirma o diagnóstico.

- A baciloscopia é negativa.

- A classificaçao
̃ para tratamento é paucibacilar.

- Após período de tempo que varia de meses a anos, ocorre evolução para:

a) Cura - 75% das pessoas.


b) Outra forma clínica.

§ Hanseníase Tuberculoide (HT):

- Surge a partir da Hanseniase Indeterminada não tratada, nos pacientes


com boa resistência.

- Sintomas se limitam à pele e aos nervos periféricos.

- Apesar da possibilidade de cura espontânea, a orientação é de que os casos


sejam tratados para reduzir o tempo de evolução da doença e o risco de
dano neural.

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- Apresentam placas com:

a) Bordas bem delimitadas.


b) Anestésicas.
c) Centro claro.
d) Bordas elevadas.

- A baciloscopia é negativa.

FORMA MULTIBACILAR

§ Hanseníase Dimorfa ou Borderline (HD/HB):

- Este grupo é marcado pela instabilidade imunológica.

- Tem grande variação em suas manifestações clínicas.

- As lesões da pele são numerosas.

- Sua morfologia mescla aspectos de HV e HT, podendo haver


predominância ora de um, ora de outro.

- As lesões neurais são precoces, assimétricas e, com frequência, levam a


incapacidades físicas.

- Forma mais comum de apresentaçao


̃ da doença.

- Em relaçao
̃ ao comprometimento nervoso, há:

a) Perda parcial à total da sensibilidade.

b) Diminuiçao
̃ de funçoe
̃ s autonômicas (sudorese e vasorreflexia à
histamina).

c) Comprometimento assimétrico de nervos periféricos.

- A baciloscopia é frequentemente positiva.

§ Hanseníase Virchowiana (HV):

- Forma mais contagiosa da doença.

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i. Há grande quantidade de bacilos no sangue circulante e em todos os


sistemas orgânicos, exceto nos pulmões e no sistema nervoso
central.

- Caracteriza-se pela infiltração progressiva e difusa da:

a) Pele.
b) Mucosas das vias aéreas.
c) Olhos.
d) Testículos.
e) Nervos.
f) Linfonodos.
g) Fígado.
h) Baço.

- Em relaçao ̃ ao sistema nervoso, os bacilos invadem, inicialmente, as


células de schwann, provocando:

a) Uma mielinizaçao
̃ degenerativa espumosa.

b) Degeneraçao
̃ de axônios.

c) E, mais tarde, degeneração walleriana.

- A lesão dos nervos tendem a ser simétricos, resultantes de uma


verdadeira invasão bacilar e são mais insidiosos e mais extensos.

- Os pacientes apresentam:

a) Neuropatia periférica.
b) Parestesia.
c) Câimbras.
d) Artralgia.

- Outros sintomas da Hanseníase Virchowiana:

a) Infertilidade.
b) Ginecomastia.
c) Conjutivite.
d) Artrites.
e) Atrofia testicular.
f) Hepatoesplenomegalia.
g) Úlceras nas mucosas e nariz.
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h) Insuficiência renal.

- A baciloscopia é positiva.

§ Hanseniase Reacional:

- Os surtos reacionais são definidos como episódios inflamatórios que se


intercalam no curso crônico da Hanseníase.

- Possuem evolução aguda.


§ Fenômeno de Lucio ou 3a Reaçao
̃ :

- Ocorre antes do tratamento em poucos pacientes com hanseníase


virchowiana.

- Os pacientes com essa reação desenvolvem grupos de grandes lesões


ulcerativas com margens nítidas.

- São frequentemente fatais em decorrência de infecçao


̃ secundária e
consequente bacteremia séptica

COMPLICAÇÕES DA DOENÇA

- Insensibilidade tátil, dolorosa e térmica.


- Acometimento do nervo ulnar.
MEMBROS - Ulceração plantar.
- Paralisia do nervo fibular.
- Congestao nasal crônica.
- Epistaxe.
NARIZ - Deformidade do nariz em seia ou anosmia.
- Perda da sensibilidade da córnea.
- Traumatismo.
OLHO - Infecção secundaria.
- Ulcerações.
- Catarata.
- Glaucoma.
TESTICULO - Impotencia.
- Infertilidade.

DIAGNOSTICO DA HANSENIASE

- O diagnóstico é clínico e epidemiológico.

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- Pode ser feito através de equipes de atendimento de unidades básicas de


saúde, como as (UPAs) e postos de saúde.

- O roteiro de diagnóstico clínico constitui-se de(a):

a) Anamnese: obtenção da história clínica e epidemiológica.

b) Avaliação Dermatológica: identificação de lesões de pele com


alteração de sensibilidade.

c) Avaliação Neurológica: identificação de neurites, incapacidades e


deformidades.

d) Diagnóstico dos Estados Reacionais.

e) Diagnóstico Diferencial.

f) Classificação do Grau de Incapacidade Física.

- Objetivo de identificar lesões ou áreas de pele com alteração de


sensibilidade ou comprometimento de nervos periféricos (sensitivo, motor
e/ou autonômico).

- É diagnosticado o indivíduo que apresenta pelo menos uma das


características com ou sem história epidemiológica:

a) Lesão e/ou áre da pele com alteração de sensibilidade.

b) Acometimento de nervo periférico com ou sem espessamento,


associado a alteraçoe
̃ s sensitivas, motoras ou autonômicas.

c) Baciloscopia positiva de esfregaço intradérmico.

- Após concluir o diagnóstico, o caso deve ser notificado ao órgão de


vigilância superior, através de uma ficha de notificação do SINAN.

EXAME FISICO DA HANSENIASE

NEUROLÓGICO

- Deve ser feita pelas seguintes etapas no Exame Físico:

1) Inspeção dos olhos, nariz, mãos e pés.

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2) Palpação dos troncos nervosos periféricos.

3) Avaliação da mobilidade articular.

4) Avaliação da força muscular.

5) Avaliação de sensibilidade nos olhos, membros superiores e


membros inferiores.

ACHADOS NO EXAME FISICO

- Sequelas bem definidas podem ser encontradas já no período do


diagnóstico, como:

a) Paralisia facial do tipo periférico unilateral ou bilateral.

b) Paralisia do ramo orbicular do nervo zigomático, provocando:

A. Epífora (Escoamento de lágrimas devido à obstrução do canal


lacrimal).
B. Exposição da córnea.
C. Mão em garra.
D. Mão caída.
E. Pé caído.

SEMIOLOGIA DO EXAME FISICO

- Para avaliação da sensibilidade, deve explicar o teste que será realizado e


apresentá-lo numa área da pele com sensibilidade normal.

- Em seguida, a sensibilidade (térmica, tátil e dolorosa) deve ser testada


com o paciente de olhos fechados.

§ Teste de Sensibilidade Térmica:

- Examina-se encostando e perguntando ao paciente se ele acha que o tubo


está quente ou frio.

- Realizado com um pedaço de algodão seco, que representa a temperatura


quente, e outro embebido em éter, que, por ser volátil, dá a sensaçao
̃ de frio
ao ser encostado na pele.

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- Tocam-se levemente as lesões de forma aleatória com os dois pedaços de


algodão.

§ Teste de Sensibilidade Dolorosa:

- Utiliza-se a ponta de um alfinete ou agulha estéril, tocando-se


aleatoriamente a área de pele sã e a suspeita com a ponta do alfinete ou da
agulha.

§ Teste de Sensibilidade Tátil:

- Pode-se utilizar a ponta de um alfinete, agulha estéril, algodão ou kit de


estesiomêtro tocando-se aleatoriamente a área de pele sã e a suspeita com
a ponta do alfinete ou da agulha.

- Logo:

a) Anestesia: perda total de sensibilidade.


b) Hipoestesia: diminuição da sensibilidade.

§ Teste de Sensibilidade Protetora:

- Testagem em diferentes pontos com a caneta esferográfica de ponta


grossa perpendicularmente à pele.

§ Avaliação:

- Deve ser feita avaliaçao


̃ por meio da:

a) Inspeçao
̃ e pesquisa de sensibilidade de olhos, mãos e pés (Escore
OMP).

b) Inspeçao
̃ do nariz.

c) Avaliaçao
̃ da força muscular de mãos e pés.

d) Avaliaçao
̃ dos principais troncos nervosos periféricos: facial e
trigêmeo.

e) Palpaçao
̃ dos nervos radial, ulnar, mediano, fibular e tibial,
avaliando consistência, espessura e dor.

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EXAMES COMPLEMENTARES

§ Baciloscopia de Pele:

- Deve ser feita no momento do diagnóstico em todos os pacientes,


independente da forma clínica.

- Baciloscopia negativa não afasta o diagnóstico.

- A técnica consiste na coleta de 04 amostras, das bordas, lesões, ou nos


lóbulos das orelhas/ cotovelos (“áreas frias”) se não houver lesão visível.

TRATAMENTO DA HANSENIASE

- Fundamental para curar e fechar a fonte de infecção interrompendo a


cadeia de transmissão da doença.

- Tem como objetivo principal:


a) Curar.
b) Prevenir.
c) Tratar incapacidades.
d) Controlar a endemia.

- O tratamento compreende a Poliquimioterapia (PQT), um tratamento


quimioterápico específico que mata o bacilo tornando-o inviável, evitando
a evolução da doença e prevenindo as incapacidades e deformidades
causadas por ela, levando à cura.

i. OBS! O bacilo morto é incapaz de infectar outras pessoas,


rompendo a cadeia epidemiológica da doença. Assim sendo, logo no
início do tratamento, a transmissão da doença é interrompida, e,
sendo realizado de forma completa e correta, garante a cura da
doença.

- Os indivíduos são tratados ambulatorialmente e de forma gratuita.

- A definição do esquema antimicrobiano depende da classificação


operacional do caso, baseada no número de lesões cutâneas:

a) Paucibacilares (PB) – casos com até 50 lesões de pele.

b) Multibacilares (MB) – casos com > 05 lesões de pele (seis ou mais).

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- OBS! Deve lembrar de utilizar métodos anticoncepcionais de barreiras


por sete dias após a dose supervisionada em mulheres em idade fértil.

- OBS! A gravidez e o aleitamento não contraindicam o tratamento padrão


da hanseníase;

- As drogas são administradas por via oral.

- As drogas usadas nos esquemas padronizados pela OMS e MS são:

a) Rifampicina: (única bactericida dos esquemas-padrão).

i. OBS! Em mulheres na idade reprodutiva, a rifampicina pode


interagir com anticoncepcionais orais, diminuindo a sua ação.

b) Dapsona.
c) Clofazimina.

- Esquemas:

a) Paucibacilar (PB): é utilizada uma combinação da rifampicina e


dapsona, faz-se o uso de 06 cartelas.

b) Multibacilar (MB): é utilizada uma combinação da rifampicina,


dapsona e de clofazimina, faz-se o uso de 12 cartelas.

- Na tomada mensal de medicamentos é feita uma avaliação do paciente


para acompanhar:

a) As lesões de pele.
b) Seu comprometimento neural.
c) Se há presença de neurites ou de estados reacionais.

- O encaminhamento para Unidade de Referência somente está indicado se


houver necessidade especiais, (intercorrências graves ou correção
cirúrgica).

§ Final do Tratamento:

- O paciente deve continuar sendo avaliado.

- As lesões cutâneas nem sempre já terão desaparecido por completo.

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- A alteração da função neural pode persistir, indefinidamente, se o dano


neural ocorrer em mais de 1/3 do nervo.

- A baciloscopia pode necessitar de um tempo maior para negativar.

VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA

- As principais medidas de vigilância compreendem:

a) Notificação: É uma doença de notificação compulsória em todo


território nacional e de investigação obrigatória.

b) VACINAÇÃO BCG: a vacina deverá ser aplicada nos contatos


intradomiciliares, sem presença de sinais e sintomas de hanseníase,
no momento da avaliação, independentemente de serem contatos de
casos PB ou MB.

SUS

- O tratamento é oferecido gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde


(SUS).

- A endemia está fora de controle por falta da atenção e negligência do poder


público.

JANEIRO ROXO

- Todo o último domingo do mês de janeiro é comemorado o Dia Nacional de


Combate e Prevenção da Hanseníase, marcado também por ações de
enfrentamento e conscientização do tratamento da doença através da
campanha Janeiro Roxo.

- A ação vem de encontro a desconstrução do preconceito tido com a


enfermidade mais antiga da humanidade, que era conhecida como lepra.

EPIDEMIOLOGIA DA HANSENIASE

- Mato Grosso é o estado com o maior crescimento na incidência da doença.

- O CERMAC é hoje o principal Centro de Mato Grosso para atendimento de


Hanseníase.

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i. Após serem diagnosticados com a doença em uma Unidade Básica de


Saúde, os pacientes com algum tipo de agravo são encaminhados ao
Centro para um acompanhamento especializado.

ii. O local hoje atende 80 pacientes mensais.

§ PLANO ESTADUAL DE ENFRENTAMENTO:

- Lançado pelo governo de Mato Grosso.

- Traz o tema “Todos Contra a Hanseníase”, tem como pilares a informação


e o combate ao preconceito.

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LPI

PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO SITUACIONAL (PES)

§ Objetivo do PES:

- Desenvolver e implantar transformações na estrutura, organização do


sistema de saúde e nos processos de trabalho fundamentado nas
necessidades ou problemas da população.

§ Enfoque:

a) Estratégico: Indica os meios – estratégias – pelos quais se julga que


seja possível atingir as metas desejadas de médio e longo prazo,
define a estrutura sistema para a ação organizacional e as medidas
de efetividade – indicadores – para analise de resultados.

b) Situacional: Entendido como um conjunto de problemas


identificados, descritos e analisados na perspectiva de diferentes
atores sociais.

- Planejar é pensar antes de agir, pensar sistematicamente, com método,


explicar cada uma das possibilidades e analisar suas respectivas
vantagens e desvantagens, propor objetivos.

- Torna-se necessário quando um processo de mudança é indispensável e


quando há determinadas situações que não deveria ocorrer exigindo
respostas efetivas.

- Ferramenta utilizada para tomada de decisão e organizar as ações de


forma logica e racional (*) e assim garantir os melhores resultados e as
realizações de objetivos.
(*) Entender a sua realidade para fazer um
planejamento acerca da realidade.

- Termo amplamente utilizado, entendido como processo de racionalização


das ações humanos que consiste em definir propostas e construir a sua
viabilidade com vistas a solução de problemas e atendimento de
necessidades individuais e coletivas interagindo com a realidade,
programando as estratégicas e ações necessárias no sentido de tornar
possível alcançar os objetivos e metas desejados e nele preestabelecidos.

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- Planejar à Executar à Acompanhar à Revisar à Reestruturar (se


necessário).

§ Planejamento em Saúde:

a) Surge na América Latina na década de 60.


i. Tentar mudar a situação econômica do
Continente.

b) Necessidade de qualificar a gestão das politicas sociais.


i. Depende do Estado e do Capital (R$).

c) De caráter normativo com foco na economia.


i. Atividades pautadas somente no fator econômico,
desconsiderando fator social, habitacional,
educação, saúde, ambiental, etc, buscando como
objetivo o custo beneficio.

d) Direcionado pelo método CENDES-OPAS.


i. CENDES - Centro nacional de desenvolvimento da
economia social e econômica.

ii. “Não é só a Economia a determinante da


realidade.”.

§ Planejamento Tradicional e Estratégico:

- O planejamento não deve ser tomado apenas como mais um procedimento


administrativa de natureza burocrática, decorrente de alguma exigência
superior ou mesmo de alguma instancia externa à instituição. Ao contrario,
ele deve ser compreendido com mecanismo de mobilização e articulação
dos diferentes sujeitos, seguimentos e setores que participam e constituem
essa instituição.

i. Deve ser lidado como um instrumento que ajuda


na gestão.

ii. Descentralizar o planejamento, não deixar


somente ao estado o comando do planejamento
mas também passando para os municípios.

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§ Planejamento Tradicional:

a) Se limita ao macroeconômico.
b) Baseado na economia.
c) Tem como base uma teoria do controle de um sujeito sobre o sistema.
d) Afirma que a realização do planejamento exige um certo grau de
controle (determinista).
e) Projeta o futuro como um dever ser único.
f) Produto de um calculo voluntarista sem processamento dos
problemas de viabilidade politica que acarreta.
g) Tem poucas possibilidades de adaptação às mudanças que acontece
entorno.

§ Planejamento Estratégico Situacional:

a) Planejamento da ação humana que integra todas as dimensões da


realidade, especialmente o mundo da politica com o da técnica.
b) O ator que planeja em um jogo é apenas um ator a mais, por mais
poderoso que seja (participativo).
c) O dever ser do plano abarca vários planos em diferentes cenários,
varias apostas que devem ser submetidas à um exame de
confiabilidade. O plano necessário compõe-se de vários planos
capazes de lidar com a incerteza.
d) É um modelo que se revisa, se redefine constantemente a partir das
mudanças que ocorrem.

- Ator social: Coletivo de pessoas ou no seu extremo uma personalidade que


atuando em determinada situação é capaz de transforma-la. Para tanto, é
fundamental que o ator tenha um projeto de intervenção, o controle ou
capacidade de mobilizar os recursos necessários ao plano e uma
organização minimamente estável para executa-lo.

§ Problema:

- É uma situação insatisfatória acumulada, é a diferença entre uma


situação real e ideal. Uma situação só se torna problemática se um ator
social assim a considerar.

a) Estruturados: conhecidos por todos e todos sabem como resolve-lo.

b) Quase estruturados: complexos, multicausais, não visto como


problemas para todos, soluções não consensuais, enfrentamento por
plano de ação.

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c) Intermediários: problemas vividos no cotidiano das organizações,


causam interferência na qualidade final dos serviços.

d) Finais ou Terminais: vivido pelos usuários das organizações,


enfrentando os problemas finais obrigatoriamente haverá
enfrentamento dos problemas intermediários.

§ Momentos:

- Indicam circunstancias de um processo continuo, em que nenhum


momento esta isolado do outro.

a) Explicativo: Identificam e explicam os problemas presentes em um


contexto e se observam as oportunidades para a ação respondendo
às perguntas quais (problemas) e por que (ocorrem).

i. Consequências: bueiros entupidos, enchentes,


caos no transito, famílias desabrigadas, etc.
ii. Problema central: Lixo nas ruas.
iii. Raiz do Problema: As pessoas não jogam o lixo nos
cestos ou local apropriado, não existem cestos de
lixo suficiente pelas ruas, não existe o
recolhimento adequado pelas prefeitura, etc.

b) Normativo: Definem-se os objetivos, metas, as atividades e os


recursos necessários, correspondendo ao que deve ser feito. São
definidas as ações necessárias para resolver o problema.

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c) Estratégico: Estabelecer o desenho e os cursos de acao e superação


de obstáculos, expressando um balanço entre o que deve ser feito e o
que pode ser feito. Analisar os cenários e os atores envolvidos.
Identificar interesses e motivações de cada ator. Viabilidade politica.
Discussão do poder. Identificar vulnerabilidades do plano e elaborar
estratégias.

d) Tático-Operacional: Caracteriza-se pelo fazer, quando a ação se


realiza em toda a complexidade do real, requerendo ajustes,
adaptações, flexibilidade, informações, acompanhamentos e
avaliação. As ações são executadas, monitoradas e avaliadas.
Evolução dos problemas originais.

§ Como planejar:

EXPLICATIVO NORMATIVO

Diagnostico Objetivos Metas


Situacional
Busque uma justificativa Trace um objetivo geral Aponte, por exemplo,
para seu plano. e os objetivos quantas pessoas serão
Identifique indicadores específicos, eles o atingidas com a
sociais e de saúde locais, ajudarão no execução do plano ou
caracterize o município desenvolvimento das pactue a redução ou
e sua população. Dessa ações. elevação de indicadores.
maneira você construirá
um embasamento
teórico.

NORMATIVO ESTRATEGICO

IMPACTOS ESTRATEGIAS/ PARCERIAS


ESPERADOS METODOS/
AVALIACAO
Aqui você ira descrever Descreva como você fara Estabeleça parcerias,
o que se espera após ou para atingir seus isso é de grande
durante a execução do objetivos, quais recursos importância para que
seu plano. serão utilizados e qual a suas ações se
população atingida. concretizem.
Aponte ainda quais
serão as estratégias de
monitoramento e
avaliação do plano. A
construção em etapas

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facilita e organiza o
cumprimento do plano.

TATICO-OPERACIONAL

ATORES ENVOLVIDOS CUSTOS TEMPO PARA


EXECUCAO
Descreva a função e Estabelecer os custos é Estabeleça prazos para
quem serão os indispensável, isso será inicio das ações e o
envolvidos no fundamental para momento de avaliação.
desenvolvimento do avaliar a viabilidade do
plano. que foi planejado.

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HISTOLOGIA

ARTERIAS, VEIAS E CAPILARES

ARTÉRIAS E VEIAS

- Tipos:
Artérias à Arteríolas à Capilares à Vênulas à Veias.

a) Artérias: Leva sangue do coração para as estruturas.

b) Arteríolas: Estrutura de transição.

i. Quando próximo das artérias tem característica de artéria,


quando próxima dos capilares tem características parecidas
com os capilares.

c) Capilares: Realizam a troca de substâncias entre os vasos e os


tecidos.

d) Vênulas: Estrutura de transição. Quando próxima dos capilares tem


características parecidas com os capilares, quando perto da veia a
característica histológica da parede do vaso é parecida com a veia.

e) Veias.

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- Estrutura geral dos vasos: 02 grupos (artérias e veias).

(+ fora) ADVENTICIA / MÉDIA / INTIMA (+ dentro)

a) Intima:

i. Endotélio (epitélio simples pavimentoso).


ii. Lamina basal.
iii. Tecido conectivo frouxo subendotelial.

b) Média:

i. Tecido muscular liso.


ii. Diferença entre a artéria e a veia é a espessura.
1. Artéria é mais espessa (+ células musculares).

c) Adventícia:

i. Tecido conectivo frouxo rico em colágeno tipo I e fibras


elásticas.
ii. Veia é mais espessa (não é um parâmetro para diferenciar
os vasos sanguíneos pois depende do corte histológico).
iii. Presença de vaso vasorum (vaso dos vasos), para irrigação
e drenagem.

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ARTERIA VEIA TUNICA

Tem lamina elástica


interna.

(Terminando túnica
intima e iniciando a
túnica media). - INTIMA

à Auxilia na
uniformidade da pressão
do sangue, conforme o
sangue chega ela
distende e contrai.

Formação de dobras
(válvulas).
- INTIMA
Principalmente nos
músculos inferiores
(para ocorrência do
retorno venoso).
Tem lamina elástica
externa (alguns autores
afirmam que ela
delimita as túnicas, mas
Junqueira diz que ela é a - MÉDIA
ultima porção próxima à
adventícia mas ainda na
tunica média).
Presença de vaso Presença de vaso
vasorum. vasorum. (divergência). ADVENTICIA
(divergência).

- Diferença histológica entre Artéria e Veia: Espessura da túnica média


(parede do vaso, artéria mais espessa que a veia).

§ Artéria Muscular e Artéria Elástica:

a) Artéria Muscular:

- Luz à Endotélio à Lamina basal à Tecido conectivo


frouxo à Lamina elástica interna à Túnica média à
Lamina elástica externa à Túnica adventícia.

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b) Artéria Elástica:

- Diferença na túnica media onde há grande quantidade de


fibras elásticas entre as células musculares além da lamina
interna e externa.

- Encontradas nas artérias da base (conexão com o coração,


grande pressão de sangue na parede) – aorta e pulmonar.

CAPILARES

- Realizam a troca de substancia entre os vasos e os tecidos.

- Parede não é grossa.


- Caracterizado por endotélio (epitélio simples pavimentoso) e lamina
basal.

- Diferença das vênulas: A quantidade de células endoteliais (núcleos) na


parede do vaso (capilar à 1 à 03 células, vênulas à + células).

- Presença de células “pericitos” que formam novos vasos (angiogenese).


i. Quando há lesão precisando de reparo tecidual.

- Tipos:

a) Continuo:
- Não tem espaço entre as células endoteliais.
- Encontrado na maior parte do corpo (musculo, tecido conectivo,
glândulas exócrinas).
- Evitar que “entre” e “saia”.

b) Fenestrado:
- Presença de poros.
- Diafragma à Membrana fina, mais fina que a membrana
plasmática.
i. Com: Rim, glândula endócrina (passar hormônio).
ii. Sem: Glomérulo renal (passa muita coisa).

c) Sinusóide:
- Presença de aberturas, poros maiores.
- Passagem de muito mais coisa.
- Fígado e Medula Óssea.

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LMF

DISTURBIOS CIRCULATORIOS RELACIONADOS À


HIPERTENSAO SISTEMICA

ARTERIOESCLEROSE

- Arterioesclerose ocorre quando as artérias que levam oxigênio e


nutrientes a partir do coração para o restante do corpo tornam-se duras e
estreitas, fazendo com que o fluxo de sangue seja prejudicado.

- A doença vascular é responsável por mais morbidade e mortalidade que


qualquer outro grupo de doenças humanas.

i. Embora as lesões mais significativas clinicamente envolvam as


artérias, a patologia venosa pode causar distúrbios clínicos.

§ PATOLOGIA VASCULAR:

- Resulta de doenças através de dois principais mecanismos:

a) Estreitamento ou obstrução total de lúmen dos vasos, tanto


progressivamente (aterosclerose), quanto abruptamente (ex:
trombose, embolia).

*Trombose: Formação de um coágulo sanguíneo


em uma ou mais veias localizadas da parte
inferior do corpo.

*Embolia:. obstrução de um vaso, freq. uma


artéria, pela Migração de um corpo estranho
(dito êmbolo ) levado pela corrente sanguínea.

b) Enfraquecimento das paredes vasculares, causando sua dilatação


e/ou rotura.

§ VASOS NORMAIS:

- A arquitetura normal e a composição celular dos vasos sanguíneo são as


mesmas em todo o sistema cardiovascular, contudo com diferentes
necessidades funcionais em diferentes regiões da rede vascular,
resultando em múltiplas formas de especializações vasculares.

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i. As paredes arteriais são mais espessas que as das veias


correspondentes no mesmo nível de ramificação, de forma a
acomodar melhor o fluxo pulsátil e as pressões sanguíneas mais
altas.

- As lesões patológicas no interior da rede vascular afetam,


caracteristicamente, somente algumas partes da circulação.

i. A arteriosclerose afeta principalmente as artérias elásticas,


musculares e arteríolas.

§ ESTRUTURA GERAL DOS VASOS SANGUÍNEOS:

§ HISTOLOGIA DOS VASOS SANGUÍNEOS:

i. As células endoteliais e as células musculares lisas constituem a


parte principal da celularidade da parede vascular, o restante da
parede e composta por matriz extracelular que é constituída
principalmente por: elastina, colágeno e glicosaminoglicanos.

ii. As paredes vasculares se organizam em 3 camadas concêntricas:


Intima, Média e Adventícia (estas existem em todos os vasos, porém
com extensões variáveis. São mais visíveis nas artérias e nas veias
mais calibrosas).

- Em artérias normais:

a) Intima: consiste em uma monocamada de células endoteliais


sobrejacentes a uma delgada camada de células musculares lisas, a

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intima fica separada da média por uma densa membrana elástica,


chamada lâmina elástica interna.

b) Média: é composta, predominantemente por células musculares lisa


e matriz extracelular, envoltas pelo tecido conjuntivo relativamente
frouxo, fibras nervosas e vasos menores da adventícia.

1. Uma lâmina elástica existe em algumas artérias, definindo


a transição entre média e adventícia.

2. Em virtude das fenestrações (orifícios) da membrana


elástica interna, as células musculares lisas mediais mais
internas recebem oxigênio e nutrientes através de difusão
direta a partir da luz vascular. No entanto, a difusão da luz
é inadequada para sustentar as células musculares lisas
mais externas da média, em vasos de grande e de nédio
calibre, neste caso, pequenas arteríolas do interior da
adventícia (chamada vasa vasorum, literalmente “vasos
dos vasos”), supres aos 50 a 65% externo da média.

c) Adventícia.

- Propriedades e funções das Células Endoteliais:

a) Manutenção da barreira da permeabilidade;


b) Elaboração dos reguladores anticoagulantes, antitrombótico e
fibrinolítico;
c) Elaboração de moléculas pró-trombóticas;
d) Produção de matriz extracelular (colágeno e proteoglicanos);
e) Modulação do fluxo sanguíneo e da reatividade vascular;
f) Regulação da inflamação e da imunidade;
g) Regulação do crescimento celular.
h) Oxidação do LDL.

§ ANOMALIAS CONGÊNITAS:

- As anomalias congênitas embora seja raramente sintomáticas, formas


variantes do padrão anatômico usual do suprimento vascular podem se
tornar importante durante a circulação, quando ocorre a lesão em um vaso
em uma localização inesperada.

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a) Aneurisma saculares ou do desenvolvimento:

- Ocorrem em vasos encefálicos.

- São pequenas dilatações esféricas, geralmente localizado no


polígono de Willis, quando rompe pode causar AVE H.

b) Fistulas arteriovenosas:

- São conexões anormais e diretas, normalmente pequenas, entre


artérias e veias, que desviam dos capilares interpostos.

- Ocorrem frequentemente como desfeitos de desenvolvimento.

- Também podem resultar:

1. Da ruptura de um aneurisma arterial para dentro de uma veia


adjacente.

2. De lesão que rompem as paredes de uma artéria e uma veia


adjacente.

3. De necrose inflamatória de vasos adjacentes, fistulas


arteriovenosas criadas intencionalmente para fornecer um
acesso vascular para hemodiálise crônica.

- Quando as fístulas arteriovenosas são grandes ou extensas, torna-


se clinicamente significativa, devido a comunicação entre o sangue
das circulações arterial e venosa, isso força o sangue a bombear um
volume adicional e assim pode surgir a insuficiência cardíaca de alto
débito.

c) Displasia fibromuscular:

- É um espessamento irregular focal das paredes das artérias


musculares grandes e medias, incluindo as renais, carótida e
vertebrais.
- A causa é desconhecida, mas provavelmente ocorre durante o
desenvolvimento.

- Os segmentos da parede vascular ficam localmente espessados por


uma mistura de fibrose e hiperplasia irregular da íntima e da média.

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Isto causa estenose da luz e nas artérias renais pode ser uma causa
de hipertensão renovascular.

§ ARTERIOSCLEROSE:

- “Endurecimento das artérias”, é um termo geral que reflete espessamento


da parede arterial e perda da elasticidade.

- Três padrões são reconhecidos, com diferentes consequências clínicas e


patológicas:

a) Arteriosclerose que afeta pequenas artérias e arteríolas:

- As duas formas anatômicas: hialina e hiperplásica se associam a


espessamento da parede vascular e estreitamento do lúmen,
podendo causar lesão isquêmica à jusante.

- A arteriosclerose se associa mais frequentemente e/ou diabetes


melitus.

b) Esclerose medial calcificada de Mönckeberg:

- Se caracteriza por depósitos nas artérias musculares, geralmente


em indivíduo com mais de 50 anos de idade.

- As calcificações, radiograficamente visíveis e frequentemente


palpáveis, não alcançam a luz dos vasos e geralmente não são
clinicamente significativas.

c) Aterosclerose:

- De origem grega “mingau” e “endurecimento” é o padrão mais


frequente e clinicamente mais importante.

OBS! ARTEROSCLEROSE E ATEROSCLEROSE POR STEPHANIE


DUAILIBI: Arteriosclerose é quando a artéria fica endurecida em
consequência de hipertensão e tudo mais. Aterosclerose é a formação das
placas de ateroma (gordura) nas artérias/vasos.

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§ ARTEROSCLEROSE:

- Se caracteriza por lesão da íntima, chamada ateromas (placas


ateromatosas ou placas ateroscleróticas) que fazem protrusão para o
interior do lúmen vascular.

- Uma placa ateromatosa consiste de uma lesão sobrelevada com um centro


pouco consistente e grumoso, cheio de lipídios (principalmente colesterol e
ésteres de colesterol), coberto por uma cápsula fibrosa, firme e
brancacenta.

- Além de obstruir o fluxo sanguíneo, as placas ateroscleróticas


enfraquecem a média subjacente e podem romper, causando uma trombose
vascular aguda.

§ ATEROSCLEROSE:

- A alta incidência de aterosclerose causa mais morbidade e mortalidade


(cerca de metade das mortes) no mundo ocidental do que qualquer outra
doença.

- Como a doença arterial coronariana é uma importante manifestação da


doença, os dados epidemiológicos relacionados à mortalidade por
aterosclerose geralmente refletem as mortes causadas por cardiopatia
isquêmica.

i. De fato o infarto do miocárdio é responsável por quase um quanto de


todos os óbitos nos Estados Unidos, sem que possa ser minimizado, a
doença aterosclerótica carotídea e o acidente vascular encefálico
também estão associados a morbidade e mortalidade significativa.

§ ATEROSCLEROSE – PATOGENIA:

- A Aterosclerose é vista hoje como uma resposta inflamatória crônica da


parede arterial à lesão endotelial.

- A progressão da lesão ocorre através da interação de lipoproteínas


modificadas, macrófagos derivados de monócitos, linfócitos T e
constituintes celulares normais da parede arterial.

Lesão endotelial crônica à Acúmulo de lipoproteínas à Adesão de


monócitos no endotélio à Adesão plaquetária à Liberação de fator das

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plaquetas ativadas à Proliferação da camada muscular lisa à Acúmulos


de lipídios.
§ EPIDEMIOLOGIA:

- Virtualmente difundida na maioria das nações desenvolvidas, é muito


menos prevalente na Américas do Sul e Central, na África e na Ásia.

- A taxa de mortalidade para a cardiopatia isquêmica nos Estados Unidos


está entre as mais altas do mundo e é cerca de cinco vezes mais alta que no
Japão, no entanto, a cardiopatia isquêmica tem aumentado no Japão e
agora é a segunda maior causa de morte por lá.

i. Japoneses que imigram para os Estados Unidos e adotam os hábitos


de vidas e de dieta alimentar dos americanos, adquirem a mesma
predisposição para a aterosclerose que a população nativa.

- A prevalência e a gravidade da aterosclerose e da cardiopatia isquêmica


entre indivíduos e grupos estão relacionadas a muitos fatores de risco,
sendo alguns constitucionais, portanto menos controláveis, e outros
adquiridos ou relacionados a comportamentos, sendo assim
potencialmente amenizáveis quando manipulados.

§ CARDIOPATIA ISQUÊMICA:

Explicação Stephanie: “A aterosclerose causa cardiopatia isquêmica


porque diminui o fluxo de sangue que passa na luz do vaso e isso aumenta
a pressão arterial. E isso altera as estruturas da parede da artéria, fazendo
ela endurecer, fazendo a arteriosclerose, isso aumenta ainda mais a
pressão. É como se fosse um ciclo, uma coisa leva à outra”.

- Principais fatores de risco para cardiopatia isquêmica.


a) Idade;
b) Gênero;
c) Genética;
d) Hiperlipidemia;
e) HAS;
f) Tabagismo;
g) Diabetes Melito.

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HISTOLOGIA

DOENÇA VASCULAR HIPERTENSIVA

- A pressão sanguínea local e sistêmica deve ser rigidamente regulada.

a) Pressão Baixa: Resulta em pressão inadequada dos órgãos, levando


à disfunção e/ou morte tecidual.

b) Pressão Alta: Leva fluxo sanguíneo em excesso das demandas


metabólicas, também não fornecem benefício e resultam em lesão
nos vasos sanguíneos e nos órgãos terminais.

- A pressão sanguínea aumentada é chamada de hipertensão, sendo um dos


principais fatores de risco para a aterosclerose.

- A hipertensão em geral permanece assintomática até que esteja


avançada.

- A hipertensão também pode causar hipertrofia e insuficiência cardíaca


(doença cardíaca hipertensiva), dissecção aórtica e insuficiência renal.

i. Além de contribuir para patogenia de doenças cardíaca coronarianas


e dos acidentes vasculares cerebrais.

- Os efeitos prejudiciais da pressão arterial aumentam continuamente


conforme a pressão aumenta.

- Hipertensão Arterial Sistêmica:

a) Pressão Diastólica acima de 90 mmhg.

b) Pressão Sistólica acima de 140mmHg.

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- A pressão sanguínea sistólica é mais importante que a diastólica para


determinação de risco cardiovasculares.

- Por ambos os critérios, 25% dos indivíduos da população geral são


hipertensos.

- Os efeitos prejudiciais da pressão arterial aumentam continuamente


conforme aumente a pressão.

- A prevalência e a vulnerabilidade às complicações aumentam com a idade.

- São mais altas em afro-americanos.

- A redução da pressão sanguínea diminui drasticamente os níveis de


incidência de morte por cardiopatia isquêmica, insuficiência cardíaca e
acidente vascular encefálico.

§ REGULAÇÃO DA PRESSÃO SANGUÍNEA:

- A pressão sanguínea é uma via complexa que envolve a interação entre


fatores genéticos múltiplos e fatores ambientais, que incluem duas
variações hemodinâmicas:

a) Débito Cardíaco: Afetado pelo volume sanguíneo e este é fortemente


dependente das concentrações de sódio.

b) Resistência Vascular Periférica: Regulada nas regiões das arteríolas


e influenciada por fatores neurais e hormonais.

§ MECANISMOS DE MANIPULAÇÃO DO FILTRADO PELOS TÚBULOS


RENAIS:

- Túbulo Contorcido Proximal: Reabsorção de 70% do volume do filtrado


(100% da Glicose e aas, 70% da água, NaCl e K+, 80-90% do HCO3-, 70% do
Cálcio).

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§ REABSORÇÃO DO FILTRADO GLOMERULAR PELOS TÚBULOS


RENAIS:

- Alça de Henle e TCDistal: Reabsorção de 10%do volume filtrado (10% da


água descendente, 20% do NaCl, 20% do Ca++, K+ e Mg++, 15% do HCO3-).

§ REABSORÇÃO DE NACL PELO TCDISTAL:

§ RESISTENCIA PERIFERICA - VASOCONSTRIÇÃO:

- O tônus vascular normal reflete o equilíbrio entre os fatores circulantes


que incluem:

a) Angiotensina II.
b) Catecolaminas.
c) A vasodilatação.
d) Cininas.
e) Prostaglandinas;
f) Óxido nítrico.

- Os vasos sanguíneos exibem auto regulação, através do qual o fluxo


sanguíneo aumentado induz a vasoconstrição para proteger os tecidos
contra hipertensão.

i. Outros fatores locais como o Ph e a Hipóxia, assim como interações


neurais (sistema α e β-adrenérgicos) também estão envolvidos.

- A função integrada de tais sistemas assegura a perfusão sistêmica


adequada, apesar das diferenças regionais de demanda.

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- Os rins (principalmente) e as suprarrenais (secundariamente) são os


principais atores na regulação da pressão sanguínea, eles interagem entre
si para modificar o tônus vascular e o volume sanguíneo.

- Os rins influenciam a resistência periférica e a homeostase do sódio


principalmente, através do sistema renina* angiotensina.

i. A *renina é uma enzima proteolítica produzida no rim pelas células


justaglomerulares*

i.i As *células justaglomerulares são células mioepiteliais


modificadas que envolvem as arteríolas aferentes glomerulares.

- As células justaglomerulares respondem às pressões intraluminais


reduzidas nas arteríolas aferentes, com liberação de renina; elas também
produzem renina quando as células da mácula densa percebem a
concentração de sódio reduzida no túbulo contorcido distal.

- A renina cataboliza a angiotensina plasmática em angiotensina I, que, por


sua vez é convertida em angiotensina II pela enzima conversora da
angiotensina na periferia.

- A angiotensina II aumenta a pressão sanguínea através do aumento da


resistência periférica:

a) Pela indução da contração das células musculares lisas vasculares.

b) Do volume sanguíneo aumentado pelo estímulo da secreção de


aldosterona nas suprarrenais.

c) Da reabsorção de sódio aumentado nos túbulos contorcidos distais.

- Os rins filtram 170 litros de pasma, contento 23 moles de sal diariamente.

- 99,5% do sal filtrado devem ser reabsorvidos para manter a homeostase


(com base na ingestão diária de apenas 100mEq).

- A absorção dos 2% restantes de sódio é a chave para a homeostase normal


do sódio, esta é regulada pelo sistema renina-angiotensina, atuando no
canal epitelial de sódio.

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- Os rins também produzem substâncias vasorrelaxantes e anti-


hipertensivas, Prostaglandina e Óxido nítrico, as quais, presumivelmente,
equilibram os efeitos vasopressores da angiotensina.
- Quando a função excretora renal está impedida, o aumento da pressão
arterial é um mecanismo compensatório que pode ajudar a restaurar o
equilíbrio dos líquidos e o equilíbrio eletrolíticos.

- Outros tecidos também podem influenciar o volume e a pressão sanguínea.

i. O peptídeo natriurético atrial secretado pelo átrio cardíaco em


resposta à expansão de volume (exemplo: na insuficiência cardíaca),
inibe a reabsorção de sódio nos túbulos distais e causa a
vasodilatação global.

• PATOGENIA DA HIPERTENSÃO:

- 90 a 95% das hipertensões são idiopáticas (hipertensão essencial) as


quais são compatível com a vida longa, a menos que ocorra um infarto do
miocárdio, um acidente vascular encefálico ou outras complicações.

- A maior parte do restante da “hipertensão benigna” é secundária à doença


renal ou, menos frequentemente ao estreitamento da artéria renal,
geralmente por placas ateromatosas (hipertensão renovascular).

- Raramente a hipertensão é secundária a doença das supra-renais, como:


a) Aldosteronismo primário;
b) Cushing ;
c) Feocromocitoma;
d) Outros.

§ HIPERTENSÃO ACELERADA OU MALIGNA:

- 05% das pessoas hipertensas mostram um aumento rápido da pressão


arterial que, se não tratada, leva a morte em 1 a 2 anos.

- Na chamada hipertensão acelerada ou maligna, a síndrome clínica é


caracterizada por:

a) Hipertensão grave (pressão diastólica maior que 120 mmhg).


b) Insuficiência renal.
c) Hemorragia.
d) Exsudado na retina com ou sem papiledema.

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- Pode se desenvolver em pessoas anteriormente normotensas, porém


frequentemente ocorre a hipertensão benigna preexistente, tanto
essencial quanto secundária.

§ HIPERTENSÃO ESSENCIAL:

- Mesmo sem conhecer as lesões específicas, é razoável concluir que as


alterações na homeostase de sódio renal e/ou na estrutura ou no tônus da
parede vascular são os pilares da hipertensão essencial.

- Na hipertensão estabelecida, tanto o volume sanguíneo aumentado


quanto a resistência periférica contribuem para o aumento da pressão.

- A excreção reduzida de sódio renal na presença de pressão arterial


normal é um evento chave; de fato é uma via final comum para a patogenia
da maioria das formas de hipertensão.

- A excreção de sódio reduzida causa um aumento no volume de líquido e


no débito cardíaco, elevando a pressão sanguínea.

- No ponto mais alto da pressão arterial, bastante sódio adicional será


excretado pelos rins para igualar o consumo e evitar a retenção de líquidos.

- Portanto um ponto de equilíbrio de excreção de sódio será atingido, mas


as custas de uma pressão sanguínea elevada.

- Alterações vasculares podem envolver vasoconstrição funcional ou


alterações na estrutura da parede vascular que resultam na diminuição da
resistência.

i. A vasoconstricção funcional crônica também poderia resultar em


espessamento estrutural permanente dos vasos resistentes.

- Embora frequentemente não se possa apontar para uma causa discreta, a


causa mais aceita é que a hipertensão essencial resulta de um equilíbrio
entre fatores genéticos múltiplos e fatores ambientais, afetando o débito
cardíaco e/ou resistência vascular periférica.

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HISTOLOGIA

ISQUEMIA E INFARTO

- Distúrbios circulatórios:

a) Isquemia.
b) Infarto.
c) Hiperemia.
d) Trombose.
e) Embolia.
f) Edema.

- OBS! São considerados distúrbios locais do sistema circulatórios, comuns


a diferentes doenças.

ISQUEMIA

- Do grego Isqueo (reter) e Haima (sangue).

- É a redução parcial ou total do fluxo sanguíneo destinada a um tecido ou


órgão.

- Oligoemia: Indica a redução parcial do fluxo sanguíneo.

- Isquemia: É genérico, serve para indicar tanto a redução parcial do fluxo


sanguíneo para os tecidos.

- Qualquer fator que reduza o fluxo de sangue, como, aterosclerose,


trombose, embolia de qualquer natureza, compressão de vasos arteriais
por tumores, espasmo arterial.

- Consequência imediata + importante: Anoxia ou Hipoxia.

- Consequências: Tipo do órgão atingido, se este é mais ou menos sensível a


anoxia, existência ou não da circulação colateral, capacidade do sangue em
transportar oxigênio.

- O termo “isquemia” significa “desequilíbrio entre a oferta e o consumo de


oxigênio”, devido à diminuição da oferta e/ou aumento do consumo.

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- O resultado final da Isquemia é a queda na produção celular de energia


(ATP), o que leva à perda de função e, se a Isquemia for grave e persistente,
culmina em necrose da célula.

- A principal etiologia é aterosclerose das artérias coronarianas.

- A Doenca Isquemica do Miocardio Secundaria à Aterosclerose Coronaria


pode ter três apresentações clinicas distintas:

a) Assintomatica:

- Isquemia silenciosa.

- O Paciente em geral é portador de fatores de risco para


Aterosclerose, porem os indícios de Isquemia Miocardica so podem
se detectados através da realização de exames complementares.

b) Aguda:

- O Paciente evolui em curto espaço de tempo, que acaba se


manifestando em repouso.

- A causa deste problema é a instabilidade da placa de ateroma que


sofre rupturas em sua superfície originando um trombo (constituído
por plaquetas e fibrina).

c) Crônica.

INFARTO

- É uma área isquêmica causada por oclusão do suprimento arterial ou da


drenagem venosa em um determinado tecido.

- Do latim: “in” + “fartus” à cheio.

- Necrose: Anoxia – Após interrupção do fluxo sanguíneo.

- Muito comum nos Estados Unidos, responsável por ½ das mortes


cardiovasculares.

- Doenças cardiovasculares: Maioria = infarto do miocárdio ou cerebral.

- 99% Tromboticos ou Embolicos (oclusao arterial).


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- São mais raros os infartos de oclusão de veias.

§ CLASSIFICACAO:

a) Infarto Branco (ou anêmico) – séptico e asséptico.

b) Infarto Vermelho (ou hemorrágico) – séptico e asséptico.

* Os infartos são assim classificados porque o


aspecto macroscópico da lesão corresponde á
sede e patogenia do infarto.

§ FATORES:

- Os principais fatores que influenciam o desenvolvimento de um infarto


são:

a) A natureza do suprimento vascular de um órgão ou tecido.

b) A taxa de desenvolvimento da oclusao do vaso sanguíneo.

c) A vulnerabilidade da hipóxia do tecido ou órgão.

d) O conteúdo sanguíneo de oxigênio.

§ INFARTO BRANCO:

- Trombose, embolia, aterosclerose, arterite e compressão extrínseca.

- Coração e no encéfalo: Espasmo arterial.

- Redução do fluxo sanguíneo por: hipotensão arterial prolongada e


significativa, por hemorragia macica e pelo choque.

- Insuficiência cardíaca esquerda: Exigências metabólicas celular acima da


capacidade orgânica.

§ INFARTO VERMELHO:

- Consiste em uma área de necrose por coagulação com hemorragia macica


que a “enche” e lhe confere a cor das hemorragias, ou seja, vermelha.

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- Tanto oclusões arteriais como venosas podem produzir o infarto


vermelho, isto dependera do padrão da vascularizacao e do estado
funcional da circulação sanguínea da área atingida.

- Obstruções venosas: Trombos.

- Obstruções arteriais: Trombos ou êmbolos.

- Podem ocorrer:

a) Com a oclusão venosa (torção de pedículos vasculares – ovário,


testículo, mesentério).

b) Tecido frouxo (pulmões, permite o acumulo de sangue nas áreas


infartadas).

c) Tecidos com circulações duais (pulmões).

d) Tecido que estava previamento congesto (em virtude de uma


drenagem lenta).

e) Quando o fluxo é restabelecido em um local de oclusao arterial e


necrose previa.

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HISTOLOGIA

DOENÇA CORONARIANA

ELETROCARDIOGRAMA

ENZIMAS CARDIACAS

- A Troponina 1 é uma proteína especifica do musculo cardíaco e apresenta


especificidade de 100%

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PALESTRA

INICIO DA SAÚDE NO BRASIL

1500 A 1889 – COLÔNIA/IMPÉRIO

- Brasil, como colônia de Portugal, tinha sua produção econômica realizada


por meio dos ciclos do açúcar e da mineração, à base do trabalho escravo,
com destino ao comércio interno.

- Em 1808 ocorreu a vinda da Família Real para o Brasil.

- A Faculdade de Medicina do Bahia (FAMEB), da Universidade Federal da


Bahia, foi a primeira escola de nível superior no Brasil e também a
primeira de Medicina no país. Denominada inicialmente de Escola de
Cirurgia da Bahia, foi D. João VI que criou a instituição, em 18 de fevereiro
de 1808, no Hospital Militar de Salvador.

- Após 1822, com a proclamação da independência, houve um crescimento


da produção do café, que embora se destinasse à exportação, dinamizou o
comércio interno, promovendo mudanças na estrutura social e o aumento
do poder da burguesia local, o que levou a proclamação da república em
1889.

- O quadro sanitário caracterizava-se pela existência de diversas doenças


transmissíveis, trazidas inicialmente pelos colonos portugueses e,
posteriormente, pelos escravos africanos e diversos outros estrangeiros.

- Muitas dessas doenças tornaram-se endemias e outras provocaram


epidemias. Eram frequentes as doenças sexualmente transmissíveis, a
lepra (hanseníase), tuberculose, febre amarela, cólera, malária, varíola,
leishmaniose, além das provocadas por desnutrição, acidentes com
animais peçonhentos e as decorrentes das aglomerações urbanas nas
cidades e das condições precárias de trabalho nas lavouras.

- Não se pode falar em existência de uma política de saúde, porém eram


tomadas medidas que visavam minimizar os problemas de saúde pública
que afetavam a produção econômica e prejudicavam o comércio
internacional.

- As medidas eram saneamento dos portos onde escoavam as mercadorias,


urbanização e infraestrutura nos centros urbanos de maior interesse

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econômico e campanhas para conter as epidemias frequentes e prejudiciais


à produção, que afetavam a imagem brasileira nos países com os quais era
mantido o comércio internacional.

- Essas intervenções eram pontuais e logo abandonadas, assim que a


situação era contida.

- A assistência médica limitava-se apenas às classes dominantes,


constituídas principalmente por coronéis do café, sendo exercida pelos
raros médicos que vinham da Europa. Aos demais, restavam apenas os
recursos da medicina popular.

- No Século XVIII surgem as primeiras Casas de Misericórdia, que se


destinavam ao abrigo dos doentes, indigentes e viajantes, sem assistência
médica e tratamento aos problemas de saúde.

1889 A 1930 – PRIMEIRA REPÚBLICA OU REPÚBLICA VELHA

- A sociedade brasileira inicia a organização de seu Estado moderno, onde


predominava grupos vinculados à exportação do café e a pecuária.

- Houve a hegemonia da produção do café, mantida à base do trabalho


assalariado. Houve também um crescimento significativo da produção
industrial. A exigência de maior mão-de-obra passou a ser frequente,
levando o governo a adotar políticas de incentivo à imigração europeia.

- Pode-se dizer que a população apresentava uma situação de saúde


semelhante a do período anterior, com predomínio das doenças pestilentas,
com condições de saneamento básico bastantes precárias e com ações e
programas de saúde e infraestrutura ainda visando as áreas fundamentais
para a economia (economia agrária exportadora, área dos portos).

- Visando estimular o comércio internacional e promover a política de


imigração, trazendo para as lavouras cafeeiras a mão de obra necessária à
produção do café, foram criadas as campanhas sanitárias como modelo de
intervenção de combate às epidemias rurais e urbanas, lideradas por
Oswaldo Cruz.

- Foi criado o Instituto Soroterápico de Manguinhos (mais tarde chamado


Instituto Oswaldo Cruz), para a pesquisa e desenvolvimento de vacinas.

- 1904: a imposição legal da vacinação contra a varíola desencadeou uma


revolta popular, conhecida como Revolta da Vacina. Após o episódio a
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vacinação tornou-se opcional e passado algum tempo, com aceitação dessa


medida, a epidemia de varíola foi controlada.

- 1920: Carlos Chagas assumiu o Comando do Departamento Nacional de


Saúde , criando alguns programas que introduziram a propaganda e a
educação sanitária da população como forma de prevenção das doenças.
Foram criados também alguns órgãos para controle da tuberculose, lepra e
doenças sexualmente transmissíveis.

- Observa-se nesse período o nascimento da saúde pública e da Previdência


Social, que incorporou a assistência médica aos trabalhadores como uma
de suas atribuições a partir de contribuição com as Caixas de
Aposentadoria e Pensões (CAPs) Lei Eloy Chaves 1923. As primeiras
foram instituídas nas empresas ferroviárias e estendidas aos portuários,
marítimos e outras áreas, como resposta às reinvindicações operárias.

- Crescimento da medicina liberal, que era utilizada pela classe dominante,


restando à maioria da população que não tinha direito às CAPs apenas os
serviços dos poucos hospitais filantrópicos mantidos pela Igreja ou a
prática popular da medicina.

- Emerge nessa conjuntura a estruturação de dois modelos de intervenção


nas questões da saúde: o sanitarismo campanhista e o curativo-privatista.

1930 A 1945 – SEGUNDA REPÚBLICA OU ERA VARGAS

- O crescimento acelerado da indústria se dá à custa das condições


precárias de trabalho. Dessa forma, além de endemias e epidemias, a
inserção no processo produtivo industrial, somada a falta de moradia e
saneamento adequados, trouxe acidentes de trabalho, doenças
profissionais, estresse, desnutrição, verminoses.
- 1933: as CAPs são transformadas em Institutos de Aposentadorias e
Pensões (IAPs). Criados não mais por empresas e sim por categorias
profissionais (IAPM, IAPB, IAPC, IAPTEC e IAPI).

- A assistência médica passou a ser um aspecto secundário, priorizando-se


a contenção de gastos para a política de acumulação do capital necessário
ao investimento em outras áreas de interesse do governo.

- Ao Ministério da Educação e Saúde foi concebido com a função de


coordenar as ações de saúde pública no mesmo modelo do sanitarismo
capanhista do período anterior. Houve a criação do Serviço Nacional de

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Febre Amarela, Serviço de Malária no Nordeste e da Fundação de Serviço


Especial da Saúde Pública (SESP).

- De um lado haviam as ações de caráter coletivo sob a gestão do Ministério


da Educação e Saúde, do outro as ações curativas e individuais, vinculadas
ao IAPS, o que reforçava a dualidade do modelo assistencial.

- A população de maior poder aquisitivo utilizava os serviços privados de


saúde integrantes da medicina liberal crescente, enquanto a maioria da
população não vinculada à previdência contava apenas com os serviços
públicos escassos e instituições de caridade, além de práticas populares de
tratamento.

1945 A 1963 – REDEMOCRATIZAÇÃO OU DESENVOLVIMENTISTA

- 1945: Final da Segunda Guerra Mundial. Os regimes ditatoriais são


enfraquecidos e a democratização começa a fazer parte do cenário
mundial. Nesse contexto, forças sociais lideradas pelos opositores do
regime impõem a deposição do presidente Getúlio Vargas, reiniciando-se
um período de redemocratização do Brasil.

- O novo governo de Eurico Gaspar Dutra governa com um congresso


representante das classes dominantes, intervêm nos sindicatos e partidos,
adota medidas anti-inflacionárias e congela os salários.
- Lançou o Plano Salte (Saúde, Alimentação, Transporte e Energia), tendo
a maior parte de seus recursos destinados à área de transporte.

- Foi observado redução dos casos de tuberculose, malária e outras doenças


transmitidas por insetos, o que para alguns se deu pelo resultado das
campanhas sanitárias e por outros pelo desenvolvimento do período.

- 1951: Vargas é eleito novamente a presidência. Expande a CNS, amplia


rodovias, cria usinas hidrelétricas, a Petrobrás, entre outras coisas.

- Adota o populismo como prática de contato direto com as massas


populares, sem a intermediação do seu partido, desqualificando a ideia de
democracia representativa, numa perspectiva de vínculo emocional com o
povo para poder ser eleito e governar, fazendo práticas sociais, enquanto
adquire apoio popular para as medidas econômicas e políticas adotadas.

- A assistência médica se expande em todos os IAPs, generalizando aos


poucos os direitos conforme capacidade reivindicativa e de organização.

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Contudo, a implantação de serviços de atenção médica tinha como marca o


clientelismo, favorecido pelo vínculo entre os sindicatos e IAPs ao Estado.

- 1953: Ministério da Saúde é criado independente da área da educação.

- Dois grupos começaram a discutir propostas de políticas de saúde:

a) Os que defendiam a manutenção do modelo sanitarista campanhista


e a prática higienista da Fundação SESP.

b) Os que desenvolviam a corrente de opinião do sanitarismo


desenvolvimentista, com o argumento da relação entre o nível de
saúde da população e o grau de desenvolvimento econômico do país.
Defendiam a articulação da ações de promoção com as ações
preventivas e curativas, de acordo com as necessidades da
população.

- Nacionalistas versus Desenvolvimentistas.

- 1954: Vargas suicida-se.

- 1956-1960: Governo Juscelino Kubitschek.

a) Plano de Metas

b) Capital estrangeiro para desenvolvimento da estrutura industrial e


fortalecimento da burguesia industrial.

c) Construção de Brasília..

d) Crescimento da inflação e da dívida externa.

e) Ênfase ao desenvolvimento com visão das políticas sociais como


paliativas.

- Os IAPs fortalecem o modelo de assistência médica curativa aos seus


segurados na perspectiva de manutenção do trabalhador saudável para a
produção. Os que dispunham de mais recursos e cuja categoria profissional
exerciam maior poder de pressão construíam hospitais próprios para o
atendimento de seus segurados. Algumas empresas, insatisfeitas com a
atuação dos IAPs começaram a contratação de serviços médicos
particulares. Com essa ampliação, torna-se hegemônico o modelo médico-
assistencial privatista.

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- 1961: Jânio Quadros obtém vitória à presidência do país, mas renuncia


no mesmo ano. João Goulart, o vice, assume com ideias de defesa por
reformas de base e políticas sociais.

- 1964: Golpe Militar (articulação entre a elite nacional, militares e


burguesia industrial).

1964 A 1984 – REGIME MILITAR

§ Primeira fase 1964-1968:

- Institucionalização da ditadura.

- Eleições indiretas, cassação de mandatos, intervenção nos sindicatos,


partidos desfeitos com criação do bipartidarismo (ARENA e MDB).

- 1967: Constituição institucionaliza o regime militar.

- Processo de restauração da ordem na sociedade.

§ Segunda fase 1968-1974:

- Milagre Brasileiro.

- Investimento em infraestrutura para modernização e industrialização, o


que diminui gastos com políticas sociais.

- Terceira fase 1974-1984 → Crise econômica e abertura política.

- Crise do petróleo, recessão mundial e redução de empréstimos


internacionais.

- Concentração de renda para minoria e empobrecimento para grande


parcela da população.

- 1966: Unificação dos IAPs, com a criação do Instituto Nacional de


Previdência e Assistência Social (INPS), responsável pelos benefícios
previdenciários e assistência médica aos segurados e familiares.

- O INPS passou a ser o grande comprador dos serviços privados de saúde.

- É ampliada a chamada medicina de grupo.

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- 1971: Ampliação da assistência médica da previdência com a inclusão dos


trabalhadores rurais, empregadas domésticas e trabalhadores autônomos.

- Com recursos limitados, o Ministério da Saúde fica em segundo plano e se


torna ineficiente para enfrentar os problemas de saúde pública que se
agravam devido às condições precárias de vida impostas à maioria da
população.

- Os sanitaristas campanhistas perdem espeço e as ações de saúde pública


se reduzem ao controle e erradicação de algumas endemias comandadas
pela então criada Superintendência de Campanhas de Saúde Pública
(SUCAM).

- O sistema previdenciário é desvinculado ao Ministério do Trabalho,


passando à subordinação do Ministério da Previdência e Assistência Social
(MPAS), o que não traz mudanças nas características em curso dos
serviços de saúde. Também foi criado o Fundo de Apoio ao
Desenvolvimento Social (FAS), cujos recursos eram destinados a
construção dos hospitais, e elaborado o Plano de Pronta Ação (PPA), que
ampliava a construção de hospitais e clínicas particulares para
atendimentos de urgência de qualquer indivíduo, segurado ou não.

- Década de 70:

a) Previdência Social alcança a maior expansão em número de leitos,


cobertura e volume de recursos arrecadados;

b) Forma de contratação e pagamento de empresas privadas para


prestação de assistência aos segurados favoreceu o processo de
corrupção;

c) Construção de hospitais e clínicas com recursos da previdência e de


faculdades particulares de medicina com enfoque na medicina
curativa.

- Final da década de 70: Crise do modelo de saúde previdenciária. Vive-se


um caos nos serviços públicos de saúde, há muito sucateados e
insuficientes para a demanda existente.

- Cresce a insatisfação da sociedade e surgem os movimentos sociais que


denunciam a ineficiência das estruturas de saúde pública e previdenciária,
reivindicam serviços de saúde e lutam por melhores condições de vida à
população menos favorecida.

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- 1975: V Conferência Nacional de Saúde.

- 1976: Criação do Programa de Interiorização das Ações de Saúde e


Saneamento (PIASS) para extensão da cobertura dos serviços de saúde
prioritariamente nas zonas rurais e pequenas cidades.

- 1977: Efetivou-se nova reordenação burocrático-administrativa do


sistema de saúde com a criação do Sistema Nacional de Previdência e
Assistência Social (SIMPAS), composto pelos órgãos:

a) Instituto Nacional de Previdência Social (INPS) → pagamento de


benefícios aos segurados;

b) Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social


(INAMPS) → prestação de assistência médica individual e curativa
por meio de serviços privados contratados e conveniados;

c) Fundação Legião Brasileira de Assistência → assistência à


população carente;

d) Instituto de Administração Financeira da Previdência e Assistência


Social;

e) Empresa de Processamento de Dados da Previdência Social


(DATAPREV);

f) Fundação Nacional de Bem-Estar do Menor;

g) Central de Medicamentos.

- A política econômica do período refletiu nas altas taxas de morbidade e


mortalidade por doenças endêmicas e algumas epidemias, altas taxas de
mortalidade materna e infantil, doenças resultantes ou agravadas pelas
condições de vida e trabalho, e aumento das mortes por doenças
cardiovasculares e câncer.

- 1978: Começa a ser difundida na América Latina o conceito de Atenção


Primária à Saúde e os princípios da medicina comunitária
(desmedicalização, autocuidado de saúde, atenção primária realizada por
não profissionais de saúde, participação da comunidade, implantação de
programas vinculados a medicina curativa na formação dos estudantes de
medicina).

- 1981: Criação do Conselho Consultivo de Administração da Saúde


Previdenciária (CONASP) que propõem mudança do modelo assistencial

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(melhor qualidade da atenção, ampliação de serviços, descentralização e


hierarquização por nível de complexidade). Vários sanitaristas entraram
para áreas estratégicas do INAMPS.

1985 A 1988 – NOVA REPÚBLICA

- 1985: José Sarney toma posse e envia ao Congresso a proposta de


convocação da Assembleia Nacional Constituinte.

- Diversas entidades e movimentos sociais se mobilizam e estimulam a


participação popular no processo de discussão da nova Carta
Constitucional, o que foi favorável para se colocar a saúde na agenda
política e difundir as propostas da Reforma Sanitária.

- 1986: VIII Conferência Nacional de Saúde. Cria espaço para o debate dos
problemas do sistema de saúde e de propostas de reorientação da
assistência médica e de saúde pública.

- 1987: As Ações Integradas de Saúde passam a ser o Sistema Unificado e


Descentralizado de Saúde (SUDS), que possibilitou a formação dos
conselhos estaduais e municipais de saúde, a desconcentração de recursos
e poder da esfera federal para estadual, o esvaziamento do INAMPS, que se
estadualizou por meio da sua fusão com as secretarias estaduais de saúde,
e o aumento, mesmo que insuficiente, da cobertura de serviços de saúde.

- 1988: Promulgação da Constituição Federal → Aprovado o Sistema Único


de Saúde.

REFORMA SANITARIA

§ SAÚDE:

- Não é bem de consumo. É direito de cidadania.

- O grande desafio:

a) O SUS como movimento social


b) Promoção do desenvolvimento econômico e do capital humano
c) Políticas Públicas como meio poderoso para a efetiva defesa da
vida

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- Reforma Sanitária: organização da sociedade na área da saúde em busca


de um modelo com justiça social.
- VIII Conferência Nacional de Saúde (1986) / Constituição Federal 1988:
SUS / Leis Federais 8080/90 e 8142/90.

- Descentralização político-administrativa em 3 esferas de gestão: União,


Estados e Municípios = compartilhamento de recursos públicos e
responsabilidades comuns.

- Integralidade (ações de prevenção, promoção e recuperação).

- Participação da comunidade.

- Áreas de competência da Gestão:

PACTO PELA SAÚDE

- Pacto Interfederativo.

- Respeita as diferenças loco-regionais.

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i. A diversidade como constitutiva do processo de pactuação e não


exceção para modelos pré-definidos.
- Tentativa de superar a fragmentação das políticas e programas de saúde:

i. Organização de uma rede regionalizada de ações e serviços de


saúde (nenhum município é auto-suficiente).
ii. Qualificação da gestão.

DESAFIOS ATUAIS DA SAÚDE

- Aumentar o financiamento da saúde e a eficiência no gasto.

- Reduzir desigualdades geográficas e de grupos sociais.

- Aumentar a capacidade de produção de IES, bem como a produção de


inovações tecnológicas para dar sustentabilidade ao país.

- Fortalecer Atenção Básica como Base ordenadora das Redes


regionalizadas de atenção à saúde, como estratégia de garantia do acesso e
do cuidado integral.

- Reforçar a estruturação das respostas às urgências em saúde pública.

- Qualificar a formação e fixação dos Profissionais de Saúde no SUS.

- Aprimorar o pacto interfederativo para o fortalecimento do SUS.

CONSOLIDAÇÃO DO SUS

- Lei 8080/90: art. 8º. “As ações e serviços de saúde, executados pelo SUS,
serão organizados de forma regionalizada e hierarquizada em níveis de
complexidade crescente”.

- Decreto 7.508/11: Organização do SUS / Planejamento / Assistência à


saúde / Articulação interfederativa.

INTUITO DO DECRETO 7.508/2011

- Garantir à população o direito à saúde, com acesso resolutivo e de


qualidade e em tempo oportuno;

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- Organizar o SUS regionalmente para conformação de uma Rede de


Atenção à Saúde visando a integralidade da assistência e a Equidade;

i. Efetivar um planejamento regional integrado;


ii. Definir claramente as responsabilidades sanitárias entre os entes
federativos;
- Garantir maior segurança jurídica, transparência, controle social e
resultados efetivos (gestão por resultados);

CONTRATO ORGANIZATIVO DA AÇÃO PÚBLICA DA SAÚDE

- Implementado em cada Região de Saúde e assinado pelos três entes


federados (União, Estados e Municípios)

- Tem a finalidade de assegurar a gestão compartilhada, de modo a garantir


o acesso dos cidadãos às ações e serviços de saúde, em tempo oportuno e
com qualidade.

- Estabelece metas e compromissos, incentivos e sanções com o objetivo de


produzir resultados para o Sistema de Saúde.

REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE (RAS)

- São arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes


densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio
técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado.

- A Portaria 4.279 de 30/12/2010 estabelece diretrizes para organização


da RAS no âmbito do SUS.

i. As RAS constituem-se em arranjos organizativos formados por


ações e serviços de saúde com diferentes configurações
tecnológicas e missões assistenciais, articulados de forma
complementar e com base territorial e têm diversos atributos,
entre eles destaca-se: a atenção básica estruturada como
primeiro ponto de atenção e principal porta de entrada do
sistema.

GESTÃO DO CUIDADO

- Resolutivo.
- Integralidade do cuidado.
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- Acolhimento.
- Humanização.
- Linhas de Cuidado.
- Protocolo Clínico e de Acesso.
- Projeto Terapêutico Singular.
- Apoio Matricial.
- Clinica Ampliada.
- Núcleos de Apoio à Saúde da Família.

GESTÃO DO TRABALHO E EDUCAÇÃO EM SAÚDE

- Processo de trabalho.
- Trabalhador como ser crítico, ator e autor do processo.

EDUCAÇÃO EM SAÚDE

- Formação profissional:

i. Lógica das necessidades da população e não somente de


mercado
ii. Graduação, Residência Médica...Educação Permanente de forma
articulada e integrada
iii. Educação Permanente.
TRABALHO EM EQUIPE

CIÊNCIA E TECNOLOGIA

- Insumos.
- Equipamentos.
- Gestão.

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AS REDES DE ATENÇÃO À SAÚDE

RESOLUÇÃO CIT Nº 01/11

- Garantir o acesso resolutivo, em tempo oportuno e com qualidade, às


ações e serviços de saúde de promoção, proteção e recuperação,
organizados em rede de atenção à saúde, assegurando um padrão de
integralidade.

i. Atenção Básica
ii. Vigilância em Saúde
iii. Atenção Psicossocial
iv. Urgência-Emergência
v. Atenção Ambulatorial Especializada e Hospitalar

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- Efetivar o processo de descentralização de ações e serviços de um ente da


Federação para outro, com responsabilização compartilhada, favorecendo
a ação solidária e cooperativa entre os gestores, impedindo a duplicação de
meios para atingir as mesmas finalidades.

i. CIR (Comissão Intergestores Regional).


- Buscar a racionalidade dos gastos, a otimização de recursos e eficiência
na rede de atenção à saúde, por meio da conjugação interfederativa de
recursos financeiros entre outros, de modo a reduzir as desigualdades
locais e regionais.

TERRITORIALIZAÇÃO

- Respeito às realidades locais à Critérios para o desenho dos territórios:

a) Contexto sócio-econômico e cultural.


b) Território vivo.
c) Fatores de risco e de proteção.
d) Vulnerabilidades.
e) Dados epidemiológicos.
f) Distribuição de equipamentos de saúde.
g) Protagonistas no processo.

DESAFIOS DA REGIONALIZAÇÃO DO SUS

- Garantir o direito à saúde, promovendo a equidade e contribuindo para a


redução de desigualdades sociais;

- Diminuir vazios assistenciais à Direcionar investimentos;

- Garantir o acesso resolutivo à Organizar ações e serviços de saúde em


rede de atenção;

- Permitir uma gestão solidária e cooperativa com compartilhamento de


responsabilidades.

- Fortalecer o processo de descentralização: discutir o papel do estado e dos


municípios na organização regional do sistema, intensificando a
negociação e pactuação entre gestores.

- Transformar o colegiado constituído num espaço de cogestão.

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i. Romper condicionamentos historicamente estabelecidos para


todos os atores.
ii. Romper a cultura de relação hierarquizada.
iii. Buscar uma relação de solidariedade entre os entes federados e
entre os municípios.
iv. Construir uma responsabilização coletiva pelo funcionamento da
CIR.
v. Espaço técnico e politico.

CICLO DE PLANEJAMENTO

PLANEJAMENTO REGIONAL INTEGRADO

Portaria GM 2135 de 25/09/2-13


Art. 8º.§ 3º A produção resultante do processo de planejamento regional
integrado realizado no âmbito da Região de Saúde expressará:
I - a identificação da situação de saúde no território e das
necessidades de saúde da população da Região de Saúde;
II - as diretrizes, os objetivos plurianuais e as metas anuais para a
Região de Saúde, bem como os prazos de execução, indicadores,
responsabilidades dos entes federados;
III - a Programação Geral das Ações e Serviços de Saúde.

§ 4º A produção referida no § 3º comporá o COAP.


§ 5º Os atuais planos de ação regional das redes de atenção à saúde, bem
como os planos de ação e de aplicação de recursos de promoção e vigilância
à saúde, de assistência farmacêutica, da gestão do trabalho e da educação
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na saúde dos três entes federados comporão e integrarão os produtos do


planejamento regional integrado.

- Elaborado no âmbito da Região de Saúde:


i. Baseado nas necessidades de saúde expressas no plano
municipal; pactuado, monitorado e avaliado no âmbito da CIR.

- Coordenado pela gestão estadual:


i. Com envolvimento dos três entes federados (União, Estado e
municípios da Região de Saúde).
ii. Expressará as responsabilidades dos gestores (das três esferas)
em relação a população do território.

- Resultado da produção do Planejamento Regional Integrado:


i. Identificação da situação de saúde no território.
ii. Diretrizes, objetivos plurianuais e as metas anuais para a Região
de Saúde.
iii. Programação Geral das Ações e Serviços de Saúde.
iv. Resultado desta produção comporá o COAP.

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PALESTRA

INSTANCIAS DE PACTUAÇÃO

ÁREAS DE COMPETÊNCIA DE GESTÃO

- Descentralização do poder para facilitar e efetivar a saúde em todo o


território.

- A Regionalização, por sua vez, une municípios semelhantes para firmar


ações no âmbito da saúde de determinado território.

PACTO PELA SAÚDE

- Pacto Inter federativo: Respeita as diferenças loco-regionais.

- Tentativa de superar a fragmentação das políticas e programas e saúde.

- Organização de uma rede regionalizada de ações e serviços de saúde.

- Qualificação da gestão.

DESAFIOS ATUAIS

- Aumentar o financiamento da saúde e a eficiência no gasto.

- Reduzir desigualdades geográficas e de grupos sociais.

- Aumentar a capacidade de produção de IES, bem como a produção de


inovações tecnológicas para dar sustentabilidade ao país.

- Fortalecer Atenção Básica como base ordenadora das redes


regionalizadas de atenção à saúde, como estratégia de garantia de acesso e
do cuidado integral.

- Qualificar a formação e fixação dos profissionais de saúde no SUS.

- Reforçar a estruturação de respostas às urgências em saúde pública.

- Aprimorar o pacto Inter federativo para o fortalecimento do SUS.

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CONSOLIDAÇÃO DO SUS

§ Lei 8089/1990:

- Artigo 8º - as ações e serviços de saúde executados pelo SUS, serão


organizados de forma regionalizada e hierarquizada em níveis de
complexidade crescente.

§ Decreto 7508/2011:

- Organização do SUS, planejamento, assistência à saúde e articulação Inter


federativa.

- Visa:

a) Garantir à população o direito à saúde com acesso resolutivo e de


qualidade e em tempo oportuno.

b) Organizar o SUS regionalmente para conformação de uma Rede de


Atenção à Saúde visando a integralidade da assistência e a Equidade.

c) Efetivar um planejamento regional integrado.

d) Definir claramente as responsabilidades sanitárias entre os entes


federativos.

e) Garantir maior segurança jurídica, transparência, controle social e


resultados efetivos (gestão por resultados).

§ COAP:

- Implementado em cada região de saúde e assinado pelos três entes


federativos (União, Estados, Municípios).

- Tem a finalidade de assegurar a gestão compartilhada, de modo a garantir


o acesso dos cidadãos às ações e serviços de saúde, em tempo oportuno e
com qualidade.

- Estabelece metas e compromissos, incentivos e sanções com o objetivo de


produzir os resultados em saúde.

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- Dentro dessa busca por resultados em saúde que se encontram as RAS


(Redes de Atenção em Saúde).
§ RAS:

- São arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes


densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio
técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado.

- Portaria 4.279 de 30/12/2010: Estabelece diretrizes para organização da


RAS no âmbito da SUS).

- As RAS constituem-se em arranjos organizativos formados por ações e


serviços de saúde com diferentes configurações tecnológicas e missões
assistenciais, articulados de forma complementar e com base territorial e
têm diversos atributos, entre eles destaca-se: a atenção básica estruturada
como primeiro ponto de atenção e principal porta de entrada do sistema.

- Nosso sistema de saúde passou de hierarquizado para poliarquica (redes).

§ Gestão do cuidado:
a) Resolutivo.
b) Integralidade do cuidado.
c) Acolhimento.
d) Humanização.
e) Linhas de Cuidado.
f) Protocolo Clínico e de Acesso.
g) Projeto Terapêutico Singular.
h) Apoio Matricial.

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i) Clinica Ampliada.
j) Núcleos de Apoio à Saúde da Família.

§ Gestão do Trabalho e Educação em Saúde:


a) Processo de trabalho.
b) Trabalhador como ser crítico, ator e autor do processo.

§ Educação em saúde:
a) Formação profissional.
b) Lógica das necessidades da população e não somente de mercado.
c) Graduação, Residência Médica...Educação Permanente de forma
articulada e integrada.

§ Formas de Trabalho em equipe:

a) Multiprofissional: o trabalho da equipe multidisciplinar visa


avaliar o paciente de maneira independente e executando seus
planos de tratamento como uma “camada adicional” de serviços.

b) Interdisciplinar: A abordagem em equipe deve ser comum a toda a


assistência à saúde. Isso porque o principal aspecto positivo da
atuação em equipe interdisciplinar é a possibilidade de colaboração
de várias especialidades que denotam conhecimentos e qualificações
distintas. Assim, a integração da equipe de saúde é imprescindível
para que o atendimento e o cuidado alcance a amplitude do ser
humano, transcendendo a noção de conceito de saúde.
(Campos,1995).

c) Transdisciplinar: A necessidade da transdisciplinaridade decorre


do desenvolvimento dos conhecimentos, da cultura e da
complexidade humana. Essa nova complexidade exige tecer os laços
entre a genética, o biológico, o psicológico, a sociedade, com a parte
espiritual ou o sagrado devendo também ser reconhecidos. É uma
epistemologia, uma metodologia proveniente do caminho científico
contemporâneo, adaptado, portanto, aos movimentos societários
atuais.

§ Ciência e Tecnologia:
a) Insumos.
b) Equipamentos.
c) Gestão.

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§ Territorialização:

- Respeito às realidades locais.


- Critérios para o desenho dos territórios:

a) Contexto socioeconômico e cultural


b) Território vivo
c) Fatores de risco e de proteção
d) Vulnerabilidades
e) Dados epidemiológicos
f) Distribuição de equipamentos de saúde
g) Protagonistas no processo

§ Desafios da Regionalização do SUS:

- Garantir o direito à saúde, promovendo a equidade e contribuindo para a


redução de desigualdades sociais.
- Diminuir vazios assistenciais - Direcionar investimentos.
- Garantir o acesso resolutivo - Organizar ações e serviços de saúde em rede
de atenção.
- Permitir uma gestão solidária e cooperativa, com compartilhamento de
responsabilidades - Fortalecer o processo de descentralização: discutir o
papel do estado e dos municípios, na organização regional do sistema,
intensificando a negociação e pactuação entre gestores.

§ O desafio:

- Transformar o colegiado constituído num espaço de cogestão.


- Romper condicionamentos historicamente estabelecidos para todos os
atores.
- Romper a cultura de relação hierarquizada.
- Buscar uma relação de solidariedade entre os entes federados e entre os
municípios.
- Espaço técnico e político.

§ Planejamento Regional Integrado:

Portaria GM 2135 de 25/09/2-13


Art. 8º - § 3º A produção resultante do processo de planejamento
regional integrado realizado no âmbito da Região de Saúde
expressará:

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I - a identificação da situação de saúde no território e das necessidades


de saúde da população da Região de Saúde;
II - as diretrizes, os objetivos plurianuais e as metas anuais para a
Região de Saúde, bem como os prazos de execução, indicadores,
responsabilidades dos entes federados;
III - a Programação Geral das Ações e Serviços de Saúde.
§ 4º A produção referida no § 3º comporá o COAP.
§ 5º Os atuais planos de ação regional das redes de atenção à saúde,
bem como os planos de ação e de aplicação de recursos de promoção e
vigilância à saúde, de assistência farmacêutica, da gestão do trabalho
e da educação na saúde dos três entes federados comporão e
integrarão os produtos do planejamento regional integrado.

- Grande desafio do SUS:


a) O SUS como movimento social.
b) Promoção do desenvolvimento econômico e do capital humano.
c) Políticas Públicas como meio poderoso para a efetiva defesa da vida.

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PALESTRA

FINANCIAMENTO DO SUS

PRINCIPIOS DOUTRINARIOS

§ Princípio da Universalidade:

- Considera a saúde enquanto resultante das condições de vida, ou seja,


dependente das condições socioeconômicas, e enquanto direito de
cidadania e dever do Estado.

- A universalidade do acesso às ações e serviços de saúde e a universalidade


a condições de vida que possibilitem boas condições de saúde.

§ Princípio da Equidade:

- assegura o direito a ações e serviços de todos os níveis, de acordo com a


complexidade que cada caso exija, more o cidadão onde morar, sem
privilégios e sem barreiras.

i. Mesmo considerando as desigualdades existentes, todo cidadão é


igual perante o SUS e será atendido conforme suas necessidades.

§ Princípio da Integralidade:

- Em síntese, ao considerar o homem um ser integral, biopsicossocial, este


deverá ter todas as suas necessidades atendidas por um sistema de saúde
integrado, visando à promoção, proteção e recuperação da saúde,
conferindo boas condições de vida.

PRINCIPIOS ORGANIZATIVOS

§ Descentralização:

- A Constituição de 1988, no art. 198, definiu a organização do atual


sistema de saúde como descentralizada, com direção única em cada nível
de governo.

- Nos três níveis de Governo há uma direção:


a) No governo federal, o ministério da saúde.
b) Nos Estados e distrito federal, as secretarias estaduais de saúde.
c) Nos municípios, as secretarias municipais de saúde.

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- As atribuições são comuns aos três níveis de governo, do mesmo modo que
o papel e as responsabilidades de cada governo na organização e
operacionalização do SUS foram definidas na (Lei nº 8.080, de 1990).

§ Regionalização:

- Processo técnico-político relacionado à definição de recortes espaciais


para fins de planejamento, organização e gestão de redes de ações e
serviços de saúde.

§ Hierarquização:

- Deve proceder à divisão de níveis de atenção e garantir formas de acesso


a serviços que façam parte da complexidade requerida pelo caso, nos
limites dos recursos disponíveis numa dada região.

§ Participação Social:

- A participação da população está assegurada na Constituição de 1988, no


art. 198, e regulamentada na Lei nº 8.142 de 1990, que dispôs sobre os
espaços institucionais de participação da população no SUS.

- Essas instâncias de participação popular são os Conselhos de Saúde e as


Conferências de Saúde.

- Conselhos de Saúde: Presentes nos três níveis de governo, representados


pelo Conselho Nacional, Estadual e Municipal de Saúde.

- Conferências de Saúde: Realizadas a cada quatro anos, em cada nível de


governo, com a representação dos diversos segmentos sociais.

i. Elas têm como objetivo avaliar a situação de saúde em cada uma de


suas áreas de competência e propor as diretrizes para formulação de
políticas.

- A Lei Orgânica da Saúde nº 8.080 criou o SUS, que dispôs sobre as


condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a
organização e o funcionamento dos serviços correspondentes ao SUS, e
detalhou os objetivos, atribuições, princípios e diretrizes.

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BASES LEGAIS DO SUS

- Dezembro de 1990, foi sancionada a Lei nº 8.142.

- Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS e sobre as


transferências intergovernamentais de recursos financeiros.

- Institui os Conselhos de Saúde.


- Confere legitimidade aos organismos de representação de governos
estaduais, Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde
(CONASS), e municipais, Conselho Nacional de Secretários Municipais de
Saúde (CONASEMS).

EMENDA CONSTITUCIONAL 29/2000

- Altera os arts. 34, 35, 156, 160, 167 e 198 da Constituição Federal e
acrescenta artigo ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
para assegurar os recursos mínimos para o financiamento das ações e
serviços públicos de saúde.

- A Emenda Constitucional 29/2000, marco histórico do financiamento da


saúde, ratificou a vinculação de recursos financeiros da seguridade social,
definindo percentuais mínimos de investimento da Receita Corrente
Líquida (RCL) para os Estados (12%) e os Municípios (15%).

- Par o Governo Federal não foi estabelecido um mínimo percentual


vinculado à RCL, situação que ao longo dos anos elevou, de forma
substancial, os percentuais investidos em saúde pelos demais Entes da
Federação.

i. É o somatório das receitas tributárias de um Governo, referentes a


contribuições, patrimoniais, industriais, agropecuárias e de
serviços, deduzidos os valores das transferências constitucionais.

- A EC-29 determinou a vinculação e estabeleceu a base de cálculo e os


percentuais mínimos de recursos orçamentários que a União, os Estados,
Distrito Federal e municípios seriam obrigados a aplicar em ações e
serviços públicos de saúde.

- O parágrafo 3º passou a prever a possibilidade de os percentuais mínimos


serem reavaliados em Lei Complementar a cada cinco anos, a contar da
data da promulgação da Emenda.

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- Seu principal objetivo era evitar a repetição dos problemas que


comprometeram o financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS) nos
anos 90.

- O problema com financiamento da saúde é crônico e exige a necessidade


de monitoramento e avaliação constante;

- Sistema de Informações sobre Orçamentos Públicos em Saúde (SIOPS):

i. Sistema de coleta e processamento de dados sobre receitas totais e


gastos com ações e serviços públicos de saúde das três esferas de
governo.

ii. As informações contidas no sistema são fornecidas e transmitidas


pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.

iii. O SIOPS dispõe de dados desde 1998 e seu preenchimento passou a


ser semestral em 2002, facilitando o acompanhamento da
programação e execução orçamentária na área de saúde.

MUDANÇAS NO FINANCIAMENTO

- Para a recepção dos recursos federais, o Ministério da Saúde, por meio do


Fundo Nacional de Saúde, abria para cada bloco uma conta bancária e, no
caso do bloco de investimento, uma conta financeira para cada um dos
projetos aprovados com plano de aplicação e prestação de contas
específicas, o que muitas vezes poderia ser confundido com a transferência
de recursos financeiros realizada por meio do instrumento tipo convênios.

- Transferência dos recursos financeiros somente para duas contas:

i. Os recursos para a manutenção da prestação dos serviços das ações


e do serviço de saúde serão transferidos para uma só conta corrente
no Bloco de Custeio.

ii. Os recursos para investimento em saúde serão transferidos para


uma só conta corrente do bloco de Investimento.

- A mudanças promovem o fortalecimento dos instrumentos de


planejamento e de orçamento, flexibilizando o fluxo financeiro, além de
permitir ao gestor gerenciar e aplicar adequadamente os recursos nas
ações pactuadas e programadas.

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- As ações e os serviços devem constar no plano de saúde do Município e na


Programação Anual de Saúde que deverão ser aprovadas pelo Conselho de
Saúde.

§ Blocos de Financiamento:

-- ANTIGO MODELO DE FINANCIAMENTO DA SAUDE –


CUSTEIO

Bloco de media e alta Limite financeiro de media Teto MAC, teto Brasil sem
complexidade e alta complexidade miséria, teto saúde mental,
ambulatorial e hospitalar ambulatorial e hospitalar – teto rede cegonha,
MAC incremento MAC
Bloco de atenção básica Piso fixo ACS, ESF, NASF, ESB,
Piso variável PMAQ, Saúde na escola
Bloco de vigilância em Piso fixo de vigilância ACE, incentivos pontuais
saúde sanitária – PFVISA para ações da VISA,
Piso variável de vigilância programa de qualificação
sanitária – PVVISA das ações de vigilância,
piso fixo de VISA, piso fixo
de vigilância sanitária,
aperfeiçoamento do SUS
Bloco de assistência Básico da assistência Prog. Nac. de qualificação
farmacêutica farmacêutica da assistência
farmacêutica, assistência
farmacêutica básica, apoio
ao uso de plantas
medicinais e fitoterápicos
no SUS
Bloco de gestão do SUS Qualificação da gestão do Incentivos
SUS
Implantação de ações e
serviços de saúde

INVESTIMENTO

Ampliação do âmbito do programa de Programa de requalificação de UBS,


requalificação de UBS, Implantação de estruturação de unidades de atenção
unidades básicas de saúde, aquisição de especializada em saúde, estruturação da
equipamentos e material permanente, rede de serviços de atenção básica de
implantação de ações e serviços de saúde saúde, programa de financiamento das
ações de alimentação e nutrição,
incentivo para construção de polos de
academia da saude

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-- NOVO MODELO DE FINANCIAMENTO DA SAUDE --


CUSTEIO

Atenção básica,
Assistência farmacêutica,
Media e alta complexidade, Conta bancaria única
Vigilância em saúde,
Gestao do SUS

INVESTIMENTO

Atenção básica,
Atenção especializada,
Vigilância em saúde, Conta bancaria única
Desenvolvimento de tecnologia,
Gestão do SUS

- Os municípios terão flexibilização no uso dos recursos em cada conta dos


blocos de custeio e investimento durante todo o exercício, no entanto,
deverão demonstrar ao final do exercício financeiro a vinculação dos
recursos federais repassados, com a finalidade definida em cada Programa
de Trabalho do Orçamento Geral da União por meio do qual foram
realizados os repasses.

§ Bloco de Custeio:

- Os recursos financeiros referentes ao Bloco de Custeio transferidos são


destinados à manutenção da prestação das ações e serviços públicos de
saúde e ao funcionamento dos órgãos.

§ Bloco de Investimento:

- Aquisição de equipamentos.

- Obras de construções novas utilizados para a realização de ações e


serviços públicos de saúde.

- Obras de reforma e/ou adequação de imóveis já existentes utilizadas para


a realização de ações e serviços públicos de saúde.

- A transferência de recursos para o financiamento de ações não previstas


nos planos de saúde é vedada, exceto em situações emergenciais ou de
calamidade pública, na área de saúde, desde que devidamente justificadas.

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- Em casos em que seja necessária a realização de ações e serviços não


previstos no Plano de Saúde, estas devem ser submetidas ao respectivo
Conselho de Saúde, que também deverá ser informado das inclusões e as
alterações, contemplando, no mesmo exercício, as novas demandas.

CONSELHOS DE SAÚDE:
A RESPONSABILIDADE DO CONTROLE SOCIAL DO SUS

a) Nas associações civis, culturais, políticas e econômicas.

b) Na escola.

c) Nos conselhos de direitos (todos os conselhos de políticas sociais).

d) Nos partidos políticos.

e) Nas entidades sociais, entre outras.

- Na saúde as duas formas principais de Participação Social são:

§ Conferência de Saúde:

- Órgão colegiado, deliberativo e permanente do Sistema Único de Saúde


(SUS) em cada esfera de governo.

- Faz parte da estrutura das secretarias de saúde dos municípios, dos


estados e do Governo Federal.

- É o fórum que reúne todos os segmentos representativos da sociedade, um


espaço de debate para avaliar a situação de saúde, propor diretrizes para a
formulação da política de saúde nas três esferas de governo.

- Deve funcionar mensalmente, ter ata que registre suas reuniões e


infraestrutura que dê suporte ao seu funcionamento.

- Fazem parte do Colegiado os representantes do governo, dos usuários, dos


profissionais de saúde e dos prestadores de serviços.
- O segmento dos usuários deve ser paritário com os demais segmentos,
50% dos integrantes do conselho de saúde tem que ser usuários, 25%
devem ser profissionais da saúde e 25% devem ser gestores e prestadores
de serviço.

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- Atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política


de saúde, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros.

- O conselho analisa e aprova o plano de saúde e o relatório de gestão, além


de informar a sociedade sobre a sua atuação.

- Qualquer pessoa pode presidir o conselho de saúde, desde que seja


conselheiro e participe do processo de eleição deste colegiado.

- Um conselheiro representa o seu segmento e manifesta as ideias e as


demandas de seu grupo ou da instituição que ele representa, além de
articular os interesses do conjunto dos usuários.

i. Ao discutir, ele leva a opinião de uma parcela significativa da


sociedade, pois não age em nome de seus interesses pessoais,
mas da parte que ele representa e do conjunto dos usuários do
SUS.

ii. Como representante, ele faz o elo entre o conselho e sua


coletividade.

iii. Além de propor, discutir e definir questões, é fundamental que


o conselheiro acompanhe a execução das decisões da política
de saúde, para que haja fiscalização e controle por parte da
sociedade.

COMISSÕES INTERGESTORES

- As Comissões Intergestores pactuarão a organização e o funcionamento


das ações e serviços de saúde integrados em redes de atenção à saúde.

- Nas Comissões Intergestores, os gestores públicos de saúde poderão ser


representados pelo:

a) Conselho Nacional de Secretários de Saúde – CONASS.


b) Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde –
CONASEMS.
c) Conselho Estadual de Secretarias Municipais de Saúde - COSEMS.

§ Comissão Intergestores Tripartites (CIT):

- A CIT, no âmbito da União, vinculada ao Ministério da Saúde para efeitos


administrativos e operacionais.

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- Integrada por gestores do SUS das três esferas de governo - União,


estados, DF e municípios.

§ Comissão Intergestores Bipartites (CIB):

- A CIB, no âmbito do Estado, vinculada à Secretaria Estadual de Saúde


para efeitos administrativos e operacionais.

- Espaços estaduais de articulação e pactuação política que objetivam


orientar, regulamentar e avaliar os aspectos operacionais do processo de
descentralização das ações de saúde.

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PALESTRA

CARACTERIZAÇÃO DOS POVOS INDIGENAS

QUANTOS E ONDE

- 817.000 população geral (IBGE, 2010).

- 614.182 população aldeada (SIASI/MS, 2012).

- 230 povos.

- Falam mais de 180 línguas.

- Estão distribuídos em todos os 26 Estados e no Distrito Federal, e em 438


Municípios, sendo 11% de médio porte (acima de 80 mil habitantes), e 50%
de pequeno porte (menos de 20 mil hab).

- Vivem em 688 terras indígenas:

a) 60,46 % Regularizadas.
b) 39,54 % Outros.

- Moram em 4.702 aldeias.

- Ocupam 12,64% do território nacional.


i. 109.550.282 hectares de terra.

SPI – SISTEMA DE PROTEÇÃO AO INDIO E FUNAI

- 1967.

- Papel de integrar os indígenas à sociedade dominante.


i. Tutela.
ii. Relação paternalista e intervencionista.
iii. Ações assistencialistas e de assimilação das sociedades indígenas.
iv. Submissão e dependência.

CONSTITUIÇÃO FEDERAL

- Alterou as concepções ideológicas que embasavam a politica indigenista.

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- Extinção da figura da tutela.

- Garantia de reconhecimento dos direitos decorrentes da diversidade e da


especificidade cultural dos povos indígenas do país.
- Marco na proteção territorial: Viabilizar a reprodução física e cultural dos
índios.

TERRAS INDIGENAS REGULARIZADAS

- No Brasil: 419 regularizadas.

i. 08% das 419 terras não estão na posse plena das comunidades
indígenas.

ii. 98,75% das 419 se concentram na Amazônia legal.

- Total em área: aproximadamente 105 milhões de hectares (12% do


território nacional).

AVANÇOS

- Direito a uma educação escolar indígena bilíngue, especifica, diferenciada


e intercultural.

- Acesso crescente ao ensino superior.


i. Vagas complementares e/ou vestibular especifico.

- Estabelecimento de cursos específicos para a formação de professores


indígenas no nível superior.

i. Licenciaturas interculturais ou indígenas (2010 – mais de 05 mil


professores indígenas habilitados).

- Aumento significativo do orçamento da União dedicado à educação escolar


indígena.
i. 2002 à 400 mil.
ii. 2004 à 3,6 milhões.

- Produção significativa de materiais bilíngues e construção de escolas nas


aldeias.
i. Programa de ações articuladas do MEC a partir de 2007.

- 2003: Criação do programa nacional de alimentação escolar indígena.

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- 2005: Criação do projeto inovador de fortalecimento de escolas de ensino


médio indígena.

- 2009: Criação dos territórios etnoeducacionais.

i. Gestão compartilhada para o desenvolvimento da educação


intercultural indígena.

- 2013: Programa bolsa permanência MEC.

AVANÇOS NA SAÚDE INDIGENA

- 1999: Estabelecimento do subsistema de atenção à saúde indígena no


âmbito do SUS.

- 2002: Politica nacional de atenção à saúde dos povos indígenas.

- 2007: Estabelecimento de diretrizes para a politica de atenção integral à


saúde mental das populações indígenas.

- 2010: Criação da secretaria especial de saúde indígena.

MARCOS NA LEGISLAÇAO DE SAÚDE

- Lei 9.836 (23/09/99) - Lei Arouca: Cria o subsistema de atenção à saúde


indígena (SASISUS).

- Funasa (Decreto 3.156 - 27/09/99): Responsabilidade da saúde indígena


passa a ser da União.

- O distrito sanitário especial indígena (DSEI) passa a ser o modelo central


da gestão da saúde indígena.

- Portaria 254 (31/01/2002): Aprova a política nacional de atenção à


saúde dos povos indígenas.

- Portaria 2.656 (17/10/2007): Regulamenta os incentivos de atenção


básica aos povos indígenas (IAB).

- 24/03/2010, edição da MP 483, convertida na lei 12.314: Autorizou a


criação, no MS, de uma nova secretaria.

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- 20/10/2010, publicação do decreto 7.336/2010: Cria na estrutura do


ministério da saúde, a secretaria especial de saúde indígena – SESAI.

DISTRITO SANITARIO ESPECIAL INDIGENA - DSEI

- O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) é a unidade gestora


descentralizada do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS).

- Trata-se de um modelo de organização de serviços – orientado para um


espaço etno-cultural dinâmico, geográfico, populacional e administrativo
bem delimitado –, que contempla um conjunto de atividades técnicas,
visando medidas racionalizadas e qualificadas de atenção à saúde,
promovendo a reordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias e
desenvolvendo atividades administrativo-gerenciais necessárias à
prestação da assistência, com o Controle Social.

§ Distribuição Nacional dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas:

- 04 Escritórios Locais.

- 349 Polos Base.

- 75 Casas de Saúde Indígena – CASAI.

- 966 Postos de Saúde.

- Federal: Quais as fragilidades do SUS que o apoiador deve apresentar ao


MS para o fortalecimento da SESAI.

- Estado: Inserir o DSEI nas politicas publicas voltadas para a media e alta
complexidade.

- Municípios: Inserir o DSEI nas politicas publicas voltadas para o


complemento das ações AB.

- Preparar DSEI para discutir com os gestores.

- DSEI deve participar do COAP para pactuar as necessidades indígenas e


fortalecer as estratégias de redução dos óbitos materno, fetal e infantil.

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§ Taxa de Mortalidade:

- É um indicador da qualidade de vida e de assistência a saúde.

- A taxa de mortalidade infantil é um índice que quantifica quantas crianças


morrem antes de determinada idade em uma determinada região.

- É uma estimativa muito importante para saber quais medidas devem ser
tomadas para evitar a morte de crianças tão prematuramente.

- Normalmente a taxa é baseada em uma morte de criança com menos de


um ano em relação a mil pessoas de determinada cidade, estado ou país.

- Número de óbitos femininos por causas maternas, por 100 mil nascidos
vivos, em determinado espaço geográfico, no ano considerado.

§ Morte Materna:

- Segundo a 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças, é a


“morte de uma mulher durante a gestação ou até 42 dias após o término da
gestação, independente da duração ou da localização da gravidez, devida a
qualquer causa relacionada com ou agravada pela gravidez ou por medidas
em relação a ela, porém não devida a causas acidentais ou incidentais”.

- A CID-10 estabelece ainda o conceito de morte materna tardia, decorrente


de causa obstétrica mas ocorrida após os 42 dias e menos de um ano depois
do parto (código O96).

i. Inclui também o conceito de morte materna por sequela de causa


obstétrica direta, quando ocorrida um ano ou mais após o parto.

§ Mortes evitáveis (Obstétricas diretas):

- As mortes evitáveis ou reduzíveis referem-se àquelas que podem ser


prevenidas, total ou parcialmente, por ações de serviços de saúde
acessíveis e efetivos.

- Taxas elevadas de mortes evitáveis estão relacionadas a deficiências no


sistema de cuidados à saúde prestados à população e considerados
“eventos sentinelas”, pois sinalizam que a atenção integral à saúde pode
não estar funcionando bem, indicando que a qualidade da atenção precisa
ser melhorada.
- Ex. Hemorragias, eclampsia ou pré-eclâmpsia.

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§ Mortes não-evitáveis (Obstétricas indiretas):

- As mortes não-evitáveis são decorrentes de doenças previamente


existentes ou que foram desenvolvidas no período da gestação, porém que
não possuem ligação com as causas obstétricas diretas, mas que são
agravadas pelos efeitos fisiológicos da gravidez.

§ Comissão de Estudos de Mortalidade Materna, Infantil e Fetal:

- Organismos interinstitucionais de caráter eminentemente educativo,


congregando instituições governamentais e da sociedade civil, organizada,
contando com a participação multiprofissional, cuja atribuição é
identificar, dar visibilidade, acompanhar e monitorar os óbitos maternos,
infantis e fetais.

- Constituem-se como importante instrumento de avaliação da assistência


de saúde para subsidiar as politicas publicas e as ações de intervenção,
contribuindo para o melhor conhecimento sobre os óbitos e a redução da
mortalidade.

MODELO DE ORGANIZACAO DO SUBSISTEMA


DE ATENCAO À SAUDE INDIGENA (SASISUS)

ATENÇÃO À SAÚDE DAS POPULAÇÕES INDÍGENAS

§ Equipe Multidisciplinar de Saúde Indígena (EMSI):

a) Médico.
b) Enfermeiro.
c) Cirurgião Dentista.

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d) Técnico de Enfermagem.
e) Técnico em Saúde Bucal.
f) Agente Indígena de Saúde (AIS).
g) Agente indígena de Saneamento (AISAN).

DSEI’S EM MATO GROSSO

- Cuiabá: 10 etnias/120 aldeias.

- Kayapo (Colíder): 04 etnias/ 51 aldeias.

- Xavante (Barra do Garças): 01 etnia/305 aldeias.

- Xingu (Canarana): 16 etnias/81 aldeias.


*38 etnias total.

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