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EXMA. SRA. DR. DESEMBARGADORA FEDERAL TAISA MARIA M. DE


LIMA, DD. RELATORA DO RO 01064-2006-147-03-00-7 DE TRES
CORAÇÕES/MG.
2ª TURMA

Expediente presente:

- Apresentação de MEMORIAL.

FERTILIZANTES HERINGER LTDA, já qualificada


nos autos do processo supra, em que contende com ORLANDO PEDRO
FILHO, vem respeitosamente, através de seus patronos infra-assinados,
apresentar seu MEMORIAL, pelos fatos e fundamentos aqui aduzidos.

E. R. Deferimento

JUSTIÇA!

Belo Horizonte, 16 de maio de 2007.

Felipe M. S. Starling André Barros de Moura


OAB-MG 107.119 OAB-MG 75.626
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M E M O R I A L

PELA APELANTE/APELADA: FERTILIZANTES HERINGER LTDA.

Egrégia Turma:

1- Trata se o presente feito de ação de indenização


proposta por Orlando Pedro Filho, o qual alega, em síntese, perda da
capacidade laborativa em função de atividade exercida para a reclamada
durante um período de 27 (vinte e sete) meses.

2- O feito teve seu trâmite normal, com a produção de


prova Pericial de fls. 183 a 188. As partes se manifestaram acerca do laudo
pericial, sendo primeiramente o reclamante às fls. 190 e 191, e posteriormente
a reclamada (fls. 198 a 200).

3- A reclamada, ao contrário do reclamante, apresentou


assistente técnico, Dr. Eymarada F. Brito de Oliveira, o qual apresentou suas
conclusões acerca da perícia às fls. 188.

4- Ao final, houve por bem a Ilustre Julgadora Monocrática


em julgar PARCIALMENTE PROCEDENTE O PEDIDO, condenando a
reclamada ao pagamento de indenização de R$ 10.000,00 (fls. 204 a 207),
mais honorários periciais e custas.

5- Vislumbrando pontos contraditórios na r. sentença, a


reclamada interpôs Embargos de Declaração (fls. 208 a 214), os quais foram
julgados improcedentes.

6- Inconformados com o decisum de primeiro grau,


ambas as partes apresentaram Recurso Ordinário à este E. Tribunal Regional
do Trabalho. O reclamante pela elevação do valor da indenização fixado pelo
MM. Juiz a quo, e a reclamante pela improcedência do pedido ou diminuição
de tal valor.

DO DANO MORAL

DA INEXISTENCIA DE CULPA POR PARTE DA


RECLAMADA PARA A RESPONSABILIZAÇÃO
CIVIL

7- É notório que toda teoria referente a indenização


decorrente da responsabilidade civil desenvolveu-se a partir do artigo 159 do
Código Civil, que dispõe, in verbis:
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“Art. 159. Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito,
ou causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar
o dano”.

8- Assim, para que se configure a obrigação de


indenizar, tanto relativa aos danos morais como patrimoniais, indispensável
que estejam presentes os três requisitos ensejadores da mesma, quais sejam:
a culpa, o dano e o nexo de causalidade. Pois, caso contrário, fica impossível
a aplicação do artigo 159 do Código Civil.

9- O Reclamante não comprovou, e sequer teve o


cuidado de tentar comprovar, ditos requisitos, sendo certo, outrossim, que tal
ônus lhe compete integralmente como determina o inciso I do art. 333 do
CPC.

10- Atendo-se a uma analise minuciosa dos autos, não


há qualquer prova que comprove a culpa da reclamada. Certo é que durante
os debates e peças apresentadas pelo reclamante, frisou-se apenas uma
argumentação em torno da existência do dano e a relação de causalidade
entre este dano e a atividade laboral exercida, mas nunca a respeito da culpa
da reclamada.

11- A própria MM. Juíza de primeiro grau, em sua r.


sentença, reconhece a Teoria Subjetiva da responsabilidade civil:

Nos termos prescritos pelo art. 186 do C. Civil, que


adotou também a teoria da culpa subjetiva,
contemplada pelo art. 156 do código de 1916, são
três os elementos componentes da responsabilidade
civil: um dano, a culpa do agente e o nexo de
causalidade entre o dano e a conduta antijurídica do
agente.
Logo, para a imputação da responsabilidade civil
torna-se imprescindível a concorrência de todos os
elementos acima mencionados, sendo certo que o
empregador responde civilmente pelos atos
praticados por seus prepostos, a teor do que
prescreve o art. 932, III, do C. Civil. (fls. 205).

12- Entretanto, a Ilustre Magistrada, por não possuir


argumentos que comprovassem a existência do aspecto subjetivo por parte
da reclamada, resumiu a fundamentação da suposta culpa em uma única
frase, abaixo destacada:

Dessa forma, restando demonstrada a existência de


danos relacionados ao exercício das atividades
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desenvolvidas para a requerida (estivador), presente
o nexo causal, configurada a culpa da ré
(notadamente em face do peso que carregava
além da jornada normal e da posição que
trabalhava) e levando em conta que tais atividades
contribuíram para o agravamento do quadro clínico
do autor, ainda que posteriormente ao seu
desligamento, responde a empresa pelos danos
causados ao empregado, inclusive de ordem moral
(fls. 206).

13- Ora, a MM. Juíza apenas cita os motivos da culpa,


utilizando-se do termo “notadamente” para fundamentar a culpa da
reclamada. Entretanto, não remete à fonte de tais informações, tampouco às
provas baseadas para tais conclusões.

14- Com efeito, em momento algum do presente feito foi


produzida sequer uma única prova capaz de demonstrar que o reclamante
possuía jornada árdua ou anormal e tampouco foram produzidas provas sobre
os pesos das mercadorias que ele carregava.

15- Desta forma, não há como imputar a culpa (omissão


voluntária, negligência ou imperícia) por parte da reclamada no que diz
respeito à responsabilização civil em tela.

DA INEXISTENCIA DE NEXO CAUSAL ENTRE


QUALQUER CONDUTA DA RECLAMADA E O
DANO DO RECLAMANTE

16- Diferentemente da culpa, o nexo causal e o dano


foram debatidos pelo reclamante, de tal modo que a sua argumentação se
baseia exclusivamente na prova pericial produzida (fls.183 a 188).

17- Entretanto, o mesmo perito que afirmou existir


relação de causa-efeito entre a atividade exercida pelo periciado e o
surgimento da doença, admite que tal doença também possui causas
genéticas:
O periciado é portador de doença crônica
degenerativa dos vasos dos membros inferiores –
varizes – relacionada, dentre outras causas, a
defeito genético do colágeno elastina, na formação
da parede venosa (fls. 187).

18- Ora, o próprio perito oficial se contradiz ao afirmar


primeiramente que se trata de uma doença genética e, posteriormente, que tal
enfermidade é conseqüência da atividade laboral exercida pelo reclamante.
5
19- Ademais, o assistente da reclamada, Dr. Eymard F.
Brito de Oliveira, apresenta opinião divergente, senão vejamos:

Devido o reclamante ter sido considerado apto no


exame demissional e até seu diagnóstico de varizes
de MMIIss, em 19/10/2001, ser assintomático o que
comprova-se pela ausência de afastamento de
trabalho e tratamento da doença alegada, não
encontrou-se nexo causal entre a atividade
ocupacional do reclamante e a doença varicosa
alegada (fls. 188).

20- Desta forma, impossível será a presença do dano,


uma vez que sem a relação causa-efeito, a doença não pode ser considerada
um dano causado, mas tão somente uma enfermidade natural, pré-existente à
atividade laboral.

21- Ad argumentandum, no caso de se considerar a


existência da culpa, do nexo causal e do dano ao reclamante deve-se
considerar a própria afirmação do perito oficial que a doença do reclamante é
genética, e que a atividade ocupacional pode apenas ter contribuído para o
seu agravamento o que ensejaria também a culpa do reclamante, ou pélo
menos a existência de culpa recíproca .

22- Neste sentido, a jurisprudência citada às fls. 188:

(...) Qualquer espécie de serviço agrava a situação


do varicoso descompensado, e por essa razão não
se pode atribuir o agravamento a determinado
serviço. (RT 397/248). (Disponível em Acidentes do
Trabalho – Diná Aparecida Salem – Ed.
Thomson/IOB – 2ª ed. – Pág 54 – 2005).

23- E ainda o acórdão cuja íntegra ora se transcreve:

Processo 00317-2003-053-03-00-6 RO Ver Ementa Ver Andamento

Data de
15/11/2003 DJMG   Página: 16  
Publicação

Órgão Julgador Quinta Turma

Relator Convocada Maria Cristina Diniz Caixeta

Revisor Desembargador Eduardo Augusto Lobato

RECORRENTES: WELINGTON RODRIGUES (1)


SUPERMERCADO CARROSSEL LTDA. (2)
RECORRIDOS : OS MESMOS.

EMENTA: ACIDENTE DE TRABALHO. INDENIZAÇÃO


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POR DANOS MORAIS. NÃO CARACTERIZAÇÃO.
Constatando-se que o reclamante, ao ser admitido, foi
submetido a exame médico admissional, sendo considerado
apto para exercer as atividades para as quais foi contratado,
como empacotador, atividade esta que não exige esforço
físico excessivo; que não há prova, ônus do reclamante, a
teor do artigo 333, I, do CPC c/c artigo 769 da CLT, de que
lhe eram exigidos outros serviços, cuja execução pudesse
acometer a referida moléstia "varicocele e varizes", mal que
já o afligia, mesmo antes de ser contratado; que o fato de a
atividade de empacotador ter contribuído para o
agravamento evolutivo da doença, não significando que o
empregador tenha agido culposa ou dolosamente, e que não
há prova da existência de nexo de causalidade entre a
doença e as atividades obreiras ou mesmo que se trate de
doença profissional, requisitos indispensáveis à configuração
do acidente de trabalho decorrente de ato omissivo ou
comissivo do reclamado, não há como ser deferida a
pretensão exordial à indenização por danos morais ou
estéticos. Recurso provido.

Vistos, relatados e discutidos dos presentes autos de Recurso


Ordinário, em que figuram como recorrentes WELINGTON RODRIGUES (1) e
SUPERMERCADO CARROSSEL LTDA. (2) e recorridos OS MESMOS.

RELATÓRIO.
O MM. Juízo da Vara do Trabalho de Caxambu/MG, pela r. sentença de
fs. 91-94, cujo relatório adoto e a este incorporo, julgou procedentes, em parte, os
pedidos formulados por WELINGTON RODRIGUES em face de SUPERMERCADO
CARROSSEL LTDA., condenando-o ao pagamento das de diferenças de horas extras
acrescidas de adicional convencional e reflexos; diferenças de feriado em dobro; multa
do 8, do artigo 477, da CLT; indenização por dano moral e reflexos das gorjetas
sobre férias com 1/3, FGTS com 40% e 13 salário.
Recorrem as partes.
O reclamante, às fs. 95-98, pretendendo a majoração do valor da
indenização por danos morais, bem como a condenação do reclamado ao pagamento
da indenização por danos estéticos.
O réu, às fs. 103-106, pretendendo a reforma do julgado, julgando-se
improcedentes os pedidos exordiais.
Contra-razões recíprocas às fs. 100-102 e 110-113.
Custas processuais efetuadas à f. 107.
Dispensado o Parecer da d. Procuradoria Regional do Trabalho.
É, em síntese, o relatório.

VOTO.
JUÍZO DE ADMISSIBILIDADE.
Conheço de ambos os recursos interpostos, por presentes os
pressupostos objetivos subjetivos de admissibilidade.
Inverto a ordem de conhecimento dos recursos, porquanto a questão
relativa à indenização por danos morais argüida pelo reclamado deve ser examinada
antes do pedido de majoração de seu valor, questão afeta ao recurso obreiro.

RECURSO DO RECLAMADO.
JUÍZO DE MÉRITO.

ACIDENTE DE TRABALHO.
INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS.
O recorrente não se conforma com o deferimento da indenização por
danos morais, ao argumento de que não restou provado o nexo de causalidade entre a
doença e as atividades desempenhadas pelo autor, bem como sua culpa ou dolo por
este ter sido acometido pela doença que já existia.
7
Segundo o reclamante relata na inicial, apesar de ter sido admitido
como "empacotador", realizava, de fato, outras atividades paralelas, repondo
mercadorias, fazendo sondagens de preços, serviços bancários, cobranças e entregas
de mercadorias; no desempenho destas funções, foi acometido por doença denominada
"varicocele e varizes", originada pelas más condições de trabalho, tendo trabalhado em
pé durante toda a jornada, além de carregar peso, submetido a um esforço físico
excessivo; realizou uma cirurgia em 16.dez.2002, tendo sido dispensado alguns dias
antes da data marcada para a intervenção cirúrgica.
O reclamado nega o desvio de função, alegando que o único esforço
que o reclamante estava sujeito era o de empacotar e carregar as sacolas de compras
realizadas por consumidores.
Por solicitação do réu, a empresa MEDLABOR apresentou
esclarecimentos, fs. 50-51 e documentos, fs. 52-57, nos quais afirma que o reclamante
fez exame admissional em 05 de outubro de 2001, já sendo portador de varicocele
esquerda, conforme anotações em seu prontuário; fez exame demissional em
09.dez.2002, sem se queixar de qualquer espécie ou antecedente de doença
ocupacional ou acidente de trabalho.
Realizada perícia médica, o perito conclui que:

"A cirurgia evoluiu bem. O periciado encontra-se Apto para o


desempenho de quaisquer atividade laborativas. Não foi possível
constatar com precisão se o mesmo foi admitido na empresa com
quadro clínico de varicocele ou não. A atividade desempenhada pelo
mesmo contribuiu para o agravamento evolutivo da varicocele pelo
menos" (f. 80).

O MM. Juízo sentenciante deferiu o pedido de indenização, por danos


morais, ao fundamento de que as condições de trabalho agravaram a enfermidade a
que estava acometido o autor, agindo o reclamado com culpa ao designar função
incompatível com a doença ou em não colocá-lo em outra função quando do seu
agravamento. Entendeu que o autor passou por sentimentos menores, além da dor e
desconforto por se submeter a procedimento cirúrgico, para o que o reclamado
contribuiu com parte mínima, considerada a pré-existência da moléstia, o que justifica
uma reparação singela, arbitrada em R$1.500,00.
Data maxima venia, divirjo do entendimento acima.
O reclamante, ao ser admitido, submeteu-se a exame médico
admissional, sendo considerado apto para exercer as atividades de empacotador, para
as quais foi contratado, atividade esta que não exige esforço físico excessivo. Não há
prova, ônus do reclamante, a teor do artigo 333, I, do CPC c/c artigo 769 da CLT, no
sentido de que lhe eram exigidos outros serviços, cuja execução pudessem acometer a
referida moléstia "varicocele e varizes", mal que já o afligia, mesmo antes de ser
contratado, como se vê à f. 53, sendo atestado pelo perito, ao responder ao quesito n. 2
do reclamante, f. 80 do laudo.
Em seus "Comentários Técnicos", f. 79, o expert relatou que não há
evidência da relação direta causa-efeito da doença - varicocele, com o trabalho.
O fato de a atividade de empacotador ter contribuído para o
agravamento evolutivo da doença não significa que o empregador tenha agido culposa
ou dolosamente, até porque, como já dito, o reclamante foi admitido para execução
desta atividade, tendo ele plena consciência de seu estado de saúde, não havendo
prova de que a empresa tivesse ciência de que o quadro clínico do autor se agravara,
não estando obrigada a remanejá-lo de função, posto que não há determinação médica
neste sentido.
Acresço, ainda, que o laudo pericial constatou que o autor fazia
"pesquisas de preços nos concorrentes e esporadicamente auxiliava no carregamento e
descarregamento de carrinhos de supermercado" f. 78, pelo que não se pode concluir
que suas atividades consistiam em carregamento de peso fora dos padrões e limites
legais. Aliás, o próprio obreiro informou que executava serviços de empacotamento,
cobrança e, às vezes, era ajudante, serviços estes que não demandam esforço físico
excessivo.
Lado outro, não restou comprovado o nexo de causalidade entre a
doença e as atividades obreiras, bem como a culpa ou dolo do empregador, ou mesmo
que se trate de doença profissional, requisitos indispensáveis à configuração do
acidente de trabalho decorrente de ato omissivo ou comissivo do reclamado a ensejar o
deferimento da pretensão exordial à indenização por danos morais ou estéticos, estes
já indeferidos.
8
Dou provimento para excluir a parcela da condenação.

MULTA DO 8, DO ARTIGO 477, DA CLT.


O TRTC, f. 31, comprova que o acerto rescisório foi realizado fora do
prazo legal de dez dias após a dação do aviso prévio indenizado (artigo 477, 6 "b" da
CLT), ocorrido em 09.dez.2002 (f. 49).
O reclamado alega que o atraso ocorreu por culpa do reclamante, que
não compareceu ao MTB no dia designado, como se vê do documento de f. 49, vindo a
ser feito em 23 de dezembro.
Com razão.
O carimbo do MTB, datado de 18.dez.2002, comprova que a empresa
compareceu ao referido órgão no dia 18 de dezembro, estando ciente o reclamante de
que o acerto rescisório seria realizado nesta data.
O 8, do artigo 477, da CLT prevê, em sua parte final, que a multa não
será devida, quando o atraso ocorrer por culpa exclusiva do empregado, o que, a meu
ver, restou comprovado pelo reclamado (artigo 333, II, do CPC c/c artigo 769 da CLT).
Dou provimento para excluir a multa da condenação.

RECURSO DO RECLAMANTE.
JUÍZO DE MÉRITO.

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E ESTÉTICOS.


ELEVAÇÃO DO VALOR.
Em face do provimento do recurso do reclamado, fica prejudicado o
recurso obreiro, no qual pretendia a elevação do valor arbitrado a título de indenização
por danos morais. De igual modo, não procede a pretensão à indenização por danos
estéticos.
Desprovejo.

CONCLUSÃO.
Pelo exposto, conheço de ambos os recursos e, no mérito, dou
provimento ao recurso do reclamado para excluir da condenação as parcelas de
indenização por danos morais, bem como a multa do 8, do artigo 477, da CLT; ao
recurso do reclamante, nego-lhe provimento.
Reabitro o valor da condenação em R$500,00 e custas processuais em
R$10,00.

Fundamentos pelos quais,

ACORDAM os Juízes do Tribunal Regional do Trabalho da Terceira


Região, pela sua Quinta Turma, preliminarmente, à unanimidade, conhecer de ambos
os recursos; no mérito, sem divergência, dar provimento ao recurso do reclamado para
excluir da condenação as parcelas de indenização por danos morais, bem como a multa
do 8., do artigo 477, da CLT e negar provimento ao recurso do reclamante; reabitrar
o valor da condenação em R$500,00 e custas processuais em R$10,00.

Belo Horizonte, 11 de novembro de 2003.

_________________________________________
MARIA CRISTINA DINIZ CAIXETA
PRESIDENTE AD HOC E RELATORA.

00317-2003-053-03-00-6-RO

24- Por fim, em caso de se manter a indenização por


dano moral, a questão de a atividade laboral não ter criado a doença, mas
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supostamente agravado algo natural e pré-existente deve ser considerada
quando da fixação do quantum indenizatório.

DO DANO MATERIAL

25- Em razões de Recurso Ordinário, o reclamante


protesta, sem qualquer fundamento, pela condenação da reclamada ao
pagamento de indenização por danos materiais.

26- Assim se pronunciou a Ilustre Magistrada a quo, no


que concerne ao pedido de indenização por dano mateiral:

Por conseguinte, considerando que os danos


materiais correspondem ao dano emergente e aos
lucros cessantes, na esteira do que preceitua o art.
402 do C. Civil e artigos 948, 949 e 950 do mesmo
diploma legal e que não há nos autos prova alguma
da existência de algum dano material, julgo
improcedente o pedido, nesse particular (fls. 206).

27- Com efeito, o reclamante não demonstrou ter


suportado qualquer prejuízo relacionado à doença dita como conseqüência de
sua atividade ocupacional, tampouco evidenciou situações que deixou de
perceber lucros pelo mesmo motivo.

28- Em verdade, o reclamante, em sede de Recurso


Ordinário, se preocupou em fazer afirmações vagas e infundadas, senão
vejamos:

As provas do dano material estão estampadas nos


autos: laudos médicos, despesas com exames,
consultas, remédios, etc. (fls. 232).

29- Entretanto, a afirmação acima não possui qualquer


suporte no conjunto probatório dos autos. O reclamante não juntou ao feito
NENHUMA PROVA a corroborar tal pedido de dano material, isto é, não
apresentou NENHUM laudo médico, NENHUM recibo de consulta ou de
exame médico e NENHUMA nota fiscal referente ao gasto com remédios.

30- Desta forma, a alegação quanto às perdas materiais


não procede, sendo que tal pedido não deve prosperar.

DO PEDIDO:

31- Diante das questões supra mencionadas e que foram


amplamente debatidas na primeira instância, requer a ora Apelante e espera
que essa Colenda Turma Julgadora haverá de admitir as suas pretensões ora
10
demonstradas e fundamentadas, para que, seja dado provimento ao seu
recurso para, reformando a decisão monocrática, julgar improcedente a ação
proposta, ou caso assim não entendam para reduzir a condenação, levando
em conta a culpa por parte do Reclamante que era portador de doença
crônica e escondeu tal fato da empregadora, negando-se provimento ao
recurso do Reclamante, por obra de salutar JUSTIÇA.

Termos em que, E. R. D.

Belo Horizonte, 16 de maio de 2007.

Felipe M. S. Starling André Barros de Moura


OAB-MG 107.119 OAB-MG 75.626

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