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Reportagem de Cobertura do Bate-Papo sobre

Racismo Estrutural e Cobertura da Mídia

Nomes: Geovani Bucci; Lucas Berretta; Marina Fusco


TIAs: 31823440; 31809952; 31873448

Vanessa Martina e Juca Guimarães falam sobre exclusão


racial na mídia em bate papo no Mackenzie
Representatividade em veículos de comunicação como Folha de S. Paulo e
combate ao racismo estrutural foram alguns dos principais temas abordados

Em um bate-papo online com estudantes da Universidade Presbiteriana Mackenzie,


a jornalista Vanessa Martina, da revista Diálogos do Sul, e o repórter Juca
Guimarães, da agência de jornalismo especializado na temática racial: Alma Preta,
debateram questões referentes à representatividade de pessoas pretas nos veículos
de comunicação.

Mesmo após séculos da abolição da escravatura, as consequências se mantêm


presentes em nossa sociedade de forma estrutural. E Vanessa aponta que o papel
dos brancos é ser antirracista. E como o ser? É necessário se informar, consumir
literatura negra - como Bianca Santana - e tentar entender como o racismo funciona
e o porquê de ele ser estrutural, de acordo com ela.

“Como eu consigo ser antirracista com essa pauta? Sempre faça esse
questionamento”, pontua a jornalista. “Se as pessoas se esforçarem e se dedicarem
a entender sobre o assunto, as mídias vão se tornar mais inclusivas.”

Vanessa Martina Silva é formada em Comunicação Social pela Universidade


Estadual de São Paulo (Unesp) em Bauru, especializou-se em Políticas Públicas
pela Igualdade na América Latina e é mestranda na Universidade de São Paulo
(USP), aprofundando-se em jornalismo contra hegemônico.

E Juca Guimarães, por sua vez, se formou em duas faculdades, sendo elas
Propaganda e Marketing na UNISA e em Jornalismo na faculdade Cásper Líbero.
Ao longo de sua carreira trabalhou em grandes veículos como Gazeta Mercantil,
Folha de São Paulo e UOL. Também tem como conquista o Prêmio Folha de
Jornalismo, de 2009.

Em uma das perguntas feitas durante a roda de conversa, surgiu a questão


envolvendo os 100 anos da Folha de S Paulo, que em sua comemoração, o veículo
fez um “especial”, no qual foram entrevistados diversos personagens pertencentes a
minorias, incluindo a já citada Bianca Santana, mulher negra que luta pelas causas
raciais.

A escritora ponderou sobre a relação do meio de comunicação com as pautas


raciais. “A Folha ainda perpetua o genocídio negro no brasil ao não o nomear
direito. Se um bom jornalismo precisa trazer contexto e análise não temos bom
jornalismo no brasil”, disse. Sobre o pensamento, Juca afirmou que se trata de algo
muito maior. “Não discutir e denunciar o racismo é uma falha da Folha, mas também
é uma característica geral da imprensa, por conta do racismo estrutural”.

Vanessa expande o assunto e fala sobre a cobertura internacional, que é


estruturalmente racista, uma vez que é eurocentrista e elitista. “Quando o assunto é
América Latina e África é só tragédia, desgraça e conflitos políticos” diz a jornalista.
“Para que o capitalismo desse certo, foi necessária a desumanização do outro, foi a
subjugação do outro (indígenas e negros). Por isso o racismo é estrutural, pois ele
está no cerne da concepção do capitalismo”, afirmou.

Ambos afirmam que é necessário que haja comprometimento para romper com
esses padrões. Juca comentou sobre um projeto do professor Juarez, da Unesp de
Bauru, em parceria com jovens negros que visa produzir um manual didático para a
luta antirracista e que seja de acesso público, o título da peça será “Manual de
Redação do Alma Preta”.
O jornalista completou que ainda há muitos textos, reportagens e propagandas
desqualificadas. Por isso, este manual é de grande importância, pois servirá de
aprendizado para a imprensa não cometer os mesmos erros.

Perto da finalização do bate-papo, a temática da conscientização transgrediu a


produção jornalística e chegou a abordar o papel do leitor ou espectador. “Uma
forma dos leitores ajudarem a combater esse racismo da imprensa é criticando
certas pautas, enviando e-mails e informando que a abordagem daquela matéria
está equivocada quando ver que algo não está correto”, encerrou Vanessa.

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