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2

SUMÁRIO

ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................. 3

ÍNDICE DE TABELAS ................................................................................................. 3

1. DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES DOS SISTEMAS DE


ATERRAMENTO ............................................................................................................ 4
CORRENTE DE FALTA PARA A TERRA ................................................................ 4
TEMPO DE DURAÇÃO DE FALTA .......................................................................... 5
SEÇÃO TRANSVERSAL DOS CONDUTORES ....................................................... 6
PERDAS DE CALOR DURANTE OS INTERVALOS DE REARME ....................... 8
TEMPERATURA DO CABO APÓS A CIRCULAÇÃO DA CORRENTE DE
FALTA DURANTE O TEMPO T ................................................................................ 8

VARIAÇÃO DA TEMPERATURA POR IRRADIAÇÃO ........................................ 8


DETERMINAÇÃO DA BITOLA DO CONDUTOR................................................. 11
CONSIDERAÇÕES SOBRE AS CONEXÕES ......................................................... 12
CONCLUSÕES .......................................................................................................... 13
2. SELEÇÃO DOS CONDUTORES NO PROJETO DE ATERRAMENTO DE
SISTEMAS ELETRÔNICOS........................................................................................ 15

3. DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE ATERRAMENTO ....................... 18


INTERLIGAÇÃO DE HASTES EM PARALELO.................................................... 18
DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE ATERRAMENTO COMPOSTOS POR
ELETRODOS HORIZONTAIS ................................................................................. 23
4. DIMENSIONAMENTO DE MALHAS DE ATERRAMENTO PELO MÉTODO
DO IEEE........................................................................................................................ 25

5. APLICAÇÕES PRÁTICAS ................................................................................... 31

6. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................... 33
3

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Ciclos de aquecimento e resfriamento dos condutores com os religamentos no


sistema, quando submetidos à corrente de falta ....................................................... 6
Figura 2: Auto-indutância de condutores sólidos para ambas configurações: quando
h > l w ou d > 2l w ..................................................................................................... 16
Figura 3: esquema de uma malha de aterramento .......................................................... 25

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Sistemas e unidades ........................................................................................ 10


Tabela 2: Dados característicos dos condutores (SI)...................................................... 11
Tabela 3: Temperatura e bitolas dos condutores (religamento automático)................... 11
Tabela 4: Associação de hastes em paralelo................................................................... 20
Tabela 5: Valores de γ e β ............................................................................................ 21
Tabela 6: Coeficiente de redução para haste alinhada.................................................... 22
Tabela 7: Resistência de aterramento de condutores horizontais enterrados ................. 23
Tabela 8: Mínima seção do condutor por kA (mm²/kA) ................................................ 29
4

1. DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES DOS SISTEMAS DE


ATERRAMENTO

Boa parte das concessionárias têm por prática empregar cobre nu de bitola 2
AWG ou 25 mm² nos sistemas de aterramento de redes de distribuição. No entanto, o
uso de fios com bitolas ou seções menores e de outros materiais pode reduzir bastante
os custos, sem prejuízo da confiabilidade do aterramento.
As concessionárias de energia elétrica utilizam diversos tipos de condutores
elétricos para os sistemas de aterramento de suas redes de distribuição, tais como
condutores de cobre, de aço-cobreado e mesmo de aço galvanizado, com diferentes
dimensionamentos.
A escolha do material e a definição do dimensionamento devem ter
embasamento técnico. Aqui será apresentada uma sistemática para o dimensionamento
dos condutores a serem utilizados nos sistemas de aterramento das redes de distribuição,
com adequação técnica e redução de custos.

CORRENTE DE FALTA PARA A TERRA


Toda a corrente a ser dissipada para a terra em situação de falta pode ser
considerada, simplificadamente, por:

Vn
I cc = Equação 1
Z s + Rat

⎧ I cc = corrente de falta em Amperes


⎪ V = tensão fase - neutro em Volts
⎪ n
onde. ⎨
⎪ Z s = impedância do sistema em Ω
⎪⎩ Rat = resistência do aterramento em Ω

Se considerarmos a pior situação de curto, ou seja, fase-terra (cabo de média


tensão para a terra), e, ainda, barramento infinito ( Z s = 0 ), resistência de contato

cabo/solo = zero, um único aterramento de 5Ω ( por exemplo) e resistência dos cabos


até o ponto de falta = zero, tem-se, para um sistema de 13,2kV.
5

Vn
I ccmáx = Equação 2
Rat

onde:
I ccmáx =corrente de falta máxima em A
Portanto, temos:

13200
I ccmáx = = 1524 A
3 ×5

TEMPO DE DURAÇÃO DE FALTA

Este é um fator importante a ser considerado para o dimensionamento dos


condutores, pois trata-se do tempo durante o qual estes serão solicitados pela corrente de
falta.
Devemos considerar duas situações distintas quanto ao tempo de duração da
corrente de falta, ou seja: atuação somente por elos fusíveis ou atuação por disjuntores
na subestação, podendo ser tanto em redes de distribuição sem religadores automáticos
quanto em redes com religamento automático.
Quando há religamento, para o nível de corrente de falta considerado, os
equipamentos de proteção normalmente utilizados atuariam, interrompendo a falta num
tempo inferior a meio segundo.
Assim, nas redes com religamento, que é o caso mais comum, tem-se a seguinte
seqüência de operação: primeira operação do equipamento de operação; primeiro
intervalo de rearme; segunda operação do equipamento de operação; segundo intervalo
de rearme; e assim sucessivamente até o bloqueio de religamento, no caso de faltas
permanentes.
Para o nível de corrente da falta considerado, os religadores normalmente
utilizados atuam entre 0,1 e 0,5s, os intervalo de rearme são de ordem de 2s e o máximo
de operação para o bloqueio é igual a quatro. Para as piores condições, ter-se-iam quatro
operações temporizadas, de 0,5s cada.
6

Figura 1: Ciclos de aquecimento e resfriamento dos condutores com os


religamentos no sistema, quando submetidos à corrente de falta

SEÇÃO TRANSVERSAL DOS CONDUTORES

Efetuando-se um balanço energético em um seguimento do condutor, tem-se:


dQ = dW
dQ =quantidade de calor gerada:

dQ = m × c × dθ e dW = R × I 2 × dt
Sabendo-se que:
PCA
m = γ × L × S ; Fr = e PCC = P20 ºC (1 + α (θ − 20 ))
PCC
7

⎧ m = massa do condutor em g
⎪ c = calor específico do condutor em g/º C

⎪ dθ = diferencial de temperatura em º C

⎪ dW = energia elétrica dissipada em J
⎪ R = resistência ôhmica do condutor em W

⎪ I = corrente que circula pelo condutor em A

onde: ⎨ dt = diferencial de tempo em s
⎪γ = peso específico do condutor.

⎪ ρ 20 = ρ = resistividade do condutor (a 20º C) e em CC;

⎪α = coeficiente de variação da resistência com a temperatura;
⎪S = seção transversal do condutor em m²

⎪ L = comprimento do condutor em m
⎪⎩

Substituido as equações tem-se:


I 2 × Fr × ρ 20 × L(1 + α (θ − 20))dt
γ × L × S × c × dθ = ou seja,
S
γ × S 2 × c × dθ
= I 2 dt que. integrando, conduz à fórmula:
Fr × ρ 20 (1 + α (θ − 20))

t × Fr × ρ 20 × α
S=I Equação 3
⎛ ⎞
⎜ ∆θ ⎟
K × γ × c × ln⎜1 + ⎟
⎜ 1 ⎟
⎜ − 20 + θ i ⎟
⎝ α ⎠

⎧ ∆θ = θ f - θ i

⎪θ = temperatura final atingida pelo condutor . C
onde, ⎨ f
⎪θ i = temperatura inicial do condutor. º C
⎪ K = constante relativa ao sistema de unidade, conforme Tabela 1

Para condutores monometálicos não-ferrosos, Fr = 1 . Para condutores ferrosos
ou núcleo de aço ( aço cobreado e aço aluminizado), Fr apresenta valores variando de
1 a 1,2 , dependendo da composição. Os dados para a utilização da equação estão
8

tabulados na Tabela 2

PERDAS DE CALOR DURANTE OS INTERVALOS DE REARME

Quando há religamento no sistema, a partir do primeiro religamento ocorrerá


uma temperatura no cabo superior à temperatura normal de serviço θ i .
Essa temperatura depende do aquecimento do cabo (material de que este é
composto, corrente de falta, tempo de eliminação e tempo de religamento) e da perda de
calor devida a irradiação, convecção e condução.
As equações que regem o fenômeno do aquecimeto e do resfriamento são as que
se seguem:

TEMPERATURA DO CABO APÓS A CIRCULAÇÃO DA CORRENTE DE


FALTA DURANTE O TEMPO t

⎞ αρ I i
2
⎛1
ln ⎜ − 20+θ i ⎟ + 20 2
⎝α 1
θf =e ⎠ KcγS
− − 20
γ
Equação 4

VARIAÇÃO DA TEMPERATURA POR IRRADIAÇÃO

δA1 (T14 − T24 )× t


(∆θ )i =
⎛1 A ⎛1 ⎞⎞ Equação 5
3,6 Sl1 × γ × c × ⎜⎜ + 1 ⎜⎜ − 1⎟⎟ ⎟⎟
⎝ ξ1 A2 ⎝ ξ 2 ⎠ ⎠
(∆θ )i - variação de temperatura por irradiação (ºC);
δ = 4,96 ×10 [kcal/h . m². Q . K] (constante de Stefan Boltzman);
ξ1 = 0,55 (emissividade do cobre);
ξ1 = 0,9 (emissividade do solo ou do concreto);
T1 =temperatura do condutor (ºK).
T2 =temperatura do material do meio circundante (ºK);
9

A1 = d1 × l1 área de contato do condutor (m²);


l1 = comprimento do condutor (m);

d1 =diâmetro do condutor (m).

A2 = d 2 × l2 área de contato externa do volume de material que absorverá a irradiação


(m²);
l2 =comprimento do volume do material absorvente da irradiação (m);

d 2 = diâmetro do volume de material absorvente da irradiação;


γ =peso específico do material do condutor (g/cm³);
c =calor específico do material do condutor (cal/g ºC);
S =seção transversal do condutor (mm²);
t =tempo de irradiação (S).

VARIAÇÃO DE TEMPERATURA POR CONDUÇÃO

(∆θ )c = γ m 2π (θ c − θα )× t
⎛d ⎞
3,6 Sγ × c ln⎜⎜ 2 ⎟⎟
Equação 6

⎝ d1 ⎠
Onde:

(∆θ )c = variação da temperatura por condução no sentido radial (ºC);


γ m = coeficiente de condução ( 0,8 para o concreto e 0, 95 para a terra
normal)(kcal/h.m.ºC);
θ c = temperatura do condutor (ºC);
ϑa = temperatura do meio absorvente da condução da calor (ºC);
d1 = diâmetro do condutor (m);
d 2 = diâmetro do volume de material abaorvente da condução (m);
c = calor específico do material do condutor (cal/g ºC);
γ = peso específico do material do condutor (g/cm³);
t = tempo de condução (s).
10

VARIAÇÃO DA TEMPERATURA POR CONVECÇÃO

Neste caso, pode ser desconsiderado o efeito da convecção, tendo em vista o


contato direto do condutor com o solo ou com o concreto do poste.
Assim sendo, tem-se na Figura.1, o ciclo de aquecimento e esfriamento dos
condutores de prumada e de interligação de eletrodos de um sistema de aterramento,
quando submetido a corrente de falta com religamento.
As temperaturas θ 1 , θ 3 , θ 5 e θ f da Figura .1 podem ser calculadas por meio da

equação 4, para uma determinada seção transversal; e as temperaturas θ 2 , θ 4 , e θ 6 ,


com as equações 5 e 6, somando-se os efeitos de queda de temperatura pelo esfriamento
devido a irradiação e condução no condutor, para intervalos de religamentos
considerados.
A seguir, será determinada a bitola necessária para os condutores de prumada e
de interligação dos eletrodos de um sistema de aterramento de uma rede de distribuição,
consideradas as condições críticas de corrente de falta já apresentadas, para um sistema
de energia elétrica com religamento automático.
Na distribuição de energia elétrica, está amplamente disseminada a aplicação de
religadores automáticos, com intervalos de religamento (rearme) de 2 s.
Para os religadores convencionais e para o nível de corrente de falta
considerado, os tempos críticos de atuação para o desligamento são de:
• 0,05 s para operações rápidas; e
• 0,5 s para operações temporizadas.
Tabela 1: Sistemas e unidades
Sistema→ MKS SI Imperial
Drandeza↓
I A A A
γ kg/m³ g/cm³ Lb/pol³
A ºK ºC ºF
θ Ω.m²/m Ω.mm²/m Ω.C.mil/pé
ρ ºK-1 ºC-1 ºF-1
t s s s
k 1 4,1868 161,2
c Cal/kgºK Cal/gºC Btu/LbºF
11

Tabela 2: Dados característicos dos condutores (SI)

Caractéristicas→ c γ α ρ 20
Condutores↓
Aço 0,114 7,80 0,0038 0,201000
Cobre 0,092 8,90 0,0038 0,017241
Aço-cobre 30% 0,110 8,15 0,0038 0,058600
Aço-cobre 40% 0,108 8,25 0,0038 0,043960

Tabela 3: Temperatura e bitolas dos condutores (religamento automático)

Material Temp. Bitola θi θ1 θ2 θ3 θ4


máxima crítica
admissível
Aço 400 6 AWG 40 81,5 76,3 124 112,5
Cobre 800 6 AWG 40 146,8 134,4 276,9 248,9
Aço-cobre 30% 800 4 AWG 40 91,9 88,2 149 141
Aço-cobre 40% 800 6 AWG 40 189,6 172,2 391,6 349,5

θ5 θ6 θf Conclusão

164,6 148,8 206,2 Aceitável com boa margem de segurança


437,6 386,7 624,4 Aceitável com boa margem de segurança
211,5 198,9 280 Aceitável com boa margem de segurança
662,6 582,9 1018,8 Não aceitável (amolece)

DETERMINAÇÃO DA BITOLA DO CONDUTOR

Para um sistema de 13,2 kV e observando-se as considerações apresentadas,


têm-se situações descritas a seguir: (Obs.: para o cabo de aço-cobreado, a temperatura
final foi considerada como 800ºC, pois, a partir de 850ºC, esse tipo de condutor perde
sua rigidez mecânica.)
12

l. Sistemas sem religamento

(a) para cabo de cobre:


I = 1524 A
θ i = 40º C
θ f = 400º C
t = 0,5s

S = 5,40mm 2 (#8AWG)
(b) para cabo de aço-cobreado, 30% de condutividade IACS:
I = 1524 A
θ i = 40º C
θ f = 800º C
t = 0,5s

S = 7,60mm 2 (#8AWG)
(c) para cabo de aço-cobreado, 40% IACS:
I = 1524 A
θ i = 40º C
θ f = 800º C
t = 0,5s

S = 6,61mm 2 (#8AWG)
2. Sistemas com religamento
Levando-se em conta a possibilidade de ajuste em quatro operações
temporizadas, tem-se então a tabela III como resultado das condições acima dispostas.

CONSIDERAÇÕES SOBRE AS CONEXÕES

As conexões cabo-cabo, cabo-haste fazem parte integrante do sistema de


aterramento e deverão suportar as correntes de falta durante os tempos considerados
sem ter alterado suas características mecânicas ou elétricas.
Deverão ainda apresentar resistência elétrica própria e resistência elétrica de
13

contato desprezível, visando minimizar o efeito Joule.


Na norma IEEE-80, consideram-se as conexões exotérmicas como "só cabos",
tendo em vista seu desempenho nos ensaios efetuados. Ou seja, um sistema de
aterramento onde se utilizam conexões, exotérmicas pode ser considerado como se os
cabos e eletrodos utilizados fossem contínuos. Assim sendo, o dimensionamento
apresentado para os condutores não depende das conexões, entre os elementos
constituintes do sistema de aterramento. .

CONCLUSÕES

Grande parte das concessionárias de energia elétrica utilizam cabo de cobre nú


#2 AWG ou 25mm², superdimensionando a instalação, quando poderiam utilizar as
seguintes bitolas para os diversos tipos de materiais:
• fio de cobre nú, # 6 AWG ou 10 mm².
• fio de aço-cobreado 40% IACS, # 6 AWG ou 10 mm².
• fio de aço-cobreado 30% IACS, # 4 AWG ou 16 mm².
• cordoalha de aço-cobreado 30% IACS, 16 mm², formação sete fios.

A escolha das bitolas alternativas dependerá de uma análise econômica. As


bitolas apresentadas são para as situações, críticas, tendo em vista a possibilidade de
introdução de religadores automáticos no sistema de linhas de distribuição.
Os fios e as cordoalhas de aço-cobreado são consagrados e já têm sido adotados,
como se verifica a seguir:
• o Sistema Telebrás publicou a prática 235-610-709, que institiu o cabo de aço-
cobreado formação três fios, #9 AWG, 30% IACS (recozido), equivalente à
bitola #4 AWG e/ou 16 mm².
• a CESP utiliza o fio de aço-cobreado # 4 AWG, 30% IACS;
• a COPEL utiliza o fio de aço-cobreado 16 mm², 40% IACS;
• a CEMIG e a Eletronorte utilizam como contrapeso em LT's o aço-cobre # 4
AWG, 30% IACS;
Para prumadas de aterramento em redes de distribuição, o material de melhor
comportamento seria a cordoalha de aço-cobreada de 16 mm², de 30% ou 40% IACS
14

do tipo recozido (LCA), tendo em vista a praticidade de instalação, devido à sua


maleabilidade, além do que o material aço-cobreado não é susceptível ao roubo, dada a
dificuldade em se separar o cobre do aço.
15

2. SELEÇÃO DOS CONDUTORES NO PROJETO DE ATERRAMENTO DE


SISTEMAS ELETRÔNICOS

O aterramento e a instalação de equipamentos eletrônicos são fatores primordiais


para a correta operação de sistemas computadorizados. Um dos elementos importantes
nestes procedimentos é a escolha dos condutores, considerando o seu desempenho em
altas freqüências.
Normalmente, o instalador está habituado a tratar condutores como se fossem
simplesmente um elemento resistivo, operando com freqüência de 60 Hz. Assim, a
seleção do condutor está geralmente relacionada com a máxima queda de tensão
permissível ou aos efeitos térmicos devido à perda de potência. Do ponto de vista de
frequências maiores (tipicamente acima de 100kHz), outros parâmetros são
extremamente relevantes, tais como:
• indutância externa;
• indutância interna;
• distorção da frente de onda devido ao efeito pelicular; e
• não linearidades devidas à corrosão.
Assim sendo, a impedância de um condutor é dada por:

Z = R(cc ou ca ) + jw(Lext + Lint ) Equação 7

⎧w = é a frequência angular do sinal que percorre o condutor


onde: ⎨
⎩L = representa os valores de indutância
A indutância externa é a maior causa de efeitos parasitas indesejáveis e é
explicada pelo seguinte fenômeno:
Qualquer mudança de corrente causa uma alteração de fluxo magnético, que por
sua vez, induz uma força eletromotriz reversa no condutor original. Mas, desde que um
condutor não pode conduzir corrente sem um tipo de caminho de retorno, então a
indutância externa só pode ser definida para uma dada geometria, como, por exemplo, a
distância entre o condutor em questão e o plano (ou condutor) de retorno.
A Figura 2 ilustra algumas formulações matemáticas para o cálculo desta auto-
indutância.
As equações referentes a Lext são as seguintes:
16

para um fio e h < l w (ou D < 2l w ),

⎛ 4h ⎞
Lext = 0,2 × ln⎜ ⎟ µH m Equação 8
⎝ d ⎠

para h > l w ou ( D > 2l w ),

⎛ 4l ⎞
Lext = 0,2 × l w × ln⎜ w ⎟ µH m Equação 9
⎝ d ⎠

⎧ h = altura do plano de terra, em m



onde: ⎨d = diâmetro fio em m
⎪ l = comprimento do fio, em m
⎩ w

Figura 2: Auto-indutância de condutores sólidos para ambas configurações:


quando h > l w ou d > 2l w

A equação 8 mostra que um aumento de h para um dado diâmetro d aumenta


L . Pode parecer que este aumento ocorre indefinidamente, mas acima de uma certa
altura (Exatamente quando h é igual l w ), o fluxo produzido pela corrente fica não
uniforme. Exatamente neste ponto, a equação 9 (representativa de indutância no espaço
livre) passa a ser aplicada. Assim sendo, quanto maior for o diâmetro do fio, menor será
a auto-indutância Lext . Entretanto, Lext não muda significativamente com o diâmetro,
pois ha uma relação logarítmica entre eles. Dessa forma, por exemplo, um aumento de
17

10 vezes no diâmetro reduz Lext por um fator de 2. Consequentemente, muitas vezes, o


instalador ou encarregado de manutenção não consegue eliminar problemas de ruído no
terra simplesmente com o aumento do diâmetro do fio.
A indutância interna é resultado dos efeitos dos campos magnéticos
internamente ao próprio condutor. Assim, está intimamente relacionada com efeito
pelicular, pois os dois fenõmenos são interativos. Em baixas freqüências, a densidade de
corrente é uniforme.
Quando a freqüência do sinal aumenta, há uma concentração de corrente na
periferia do condutor (efeito pelicular), com a conseqüente concentração de campo
magnético na superfície e, portanto, a indutância Lint , também diminui.

Para sinais CC ou de baixas freqüências, o valor de Lint e dado por:

⎛µ ⎞
Lint = ⎜ 0 ⎟ × lw em H Equação 10
⎝ 8π ⎠

Assim, para um fio de cobre ( µ o = 4π ×10 −7 H ) no ar, tem-se que:


m
Lint = 0,05l w em µH Equação 11

À medida que a frequência aumenta, Lint diminui a aproxima-se

assintoticamente de um valor LintHF que é aproximadamente igual a 0,025Lint da equação

11. Os valores de freqüência em que se atinge LintHF para alguns condutores típicos são
os seguintes:
• cabo coaxial de 40Ω: 65 kHz;
• cabo paralelo com diâmetro de fio de 1mm e fios separados de 2mm: 27 kHz.
Assim, no projeto e dimensionamento de aterramentos de sistemas eletrônicos,
devem ser considerados todos os elementos componentes dos condutores, pois em
freqüências elevadas um mesmo condutor pode apresentar baixa resistência e alta
impedância, distorcendo assim o comportamento esperado do sistema de aterramento e
causando falhas de operação dos equipamentos eletrônicos.
18

3. DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE ATERRAMENTO

Uma das formas mais simples de aterramento é composto de uma única haste
vertical e a fórmula para calcular o valor da resistência de aterramento considerando o
solo homogêneo é:
ρ ⎡ ⎛ 8l ⎞ ⎤
R1h = ln⎜ ⎟ − 1 Equação 12
2πl ⎢⎣ ⎝ d ⎠ ⎥⎦
ou
ρ ⎛ 2l ⎞
R1h = ln⎜ ⎟ Equação 13
2πl ⎝ d ⎠
Onde:
R1h - é a resistência de aterramento de uma haste vertical em um solo

homogêneo em Ω
ρ - é a resistividade do solo considerada uniforme em Ω × m
l - é o comprimento da haste efetivamente cravado no solo em m
d - é o diâmetro da haste em m

INTERLIGAÇÃO DE HASTES EM PARALELO


Como uma haste, na grande maioria dos casos, não é suficiente para garantir um
valor baixo de resistência de aterramento, torna-se necessário a interligação de hastes
em paralelo. Essa interligação, contudo, tem como conseqüência uma superposição das
áreas de influência das hastes consideradas individualmente, implicando na alteração do
valor da resistência de cada uma quando considerada como parte do conjunto.
Para reduzir os efeitos dessa superposição, o afastamento entre hastes deve ser
no mínimo igual ao comprimento da própria haste.
A resistência Rht de aterramento de cada haste do conjunto será calculada por:
n
Rht = Rhh + ∑ Rhm Equação 14
m =1
m≠h

Observe que a resistência da haste individual aumentou de um valor


correspondente ao segundo termo da equação 14, por isso é que na associação de hastes
19

R1h
em paralelo, a resistência equivalente é diferente de tendo em vista o termo de
n
resistência mútua que é dado por:

=
ρa (
l 2 + ehm
2
+ l − ehm
2
)
2

( )
Rhm log Equação 15
2πl 2
ehm − l 2 + ehm
2
−l
2

Logo a resistência equivalente da associação é dada por:


1
R p (n ) = n
Equação 16
1

h =1 Rht

onde:
n é o número de hastes em paralelo
Rhh é a resistência individual de cada haste de aterramento em (Ω)

Rhm é o acréscimo da resistividade da haste h por influência da haste m em (Ω)

R p (n ) é a resistência equivalente do conjunto de hastes em paralelo em (Ω)

ehm é a distância horizontal entre a haste “h” e a haste “m” em (m)

l é o comprimento da haste em (m)


Para calcularmos o valor da resistência de hastes associadas em paralelo
devemos conhecer as resistências mútuas envolvidas. Com vistas a facilitar o cálculo da
quantidade de hastes necessária para se obter um determinado valor de aterramento, os
coeficientes de redução para hastes alinhadas foram previamente calculados e são
apresentados na tabela 6. o procedimento é simples! Primeiro, devemos calcular a
resistência de aterramento de uma haste utilizando-se as equações 12 ou 13, em seguida,
dividimos o valor desejado pelo valor calculado e obtemos o coeficiente de redução
necessário para “n” hastes iguais. Há diversas soluções possíveis e devemos utilizar
aquela que for mais viável tecnicamente e economicamente. Lembrar que nunca
devemos utilizar hastes muito próximas e que um afastamento igual ao comprimento da
haste é o valor mínimo a ser adotado.
As hastes podem ser associadas de diversas maneiras formando poligonais
abertas ou fechadas. Dentre as diversas configurações possíveis apresentamos algumas:
20

Tabela 4: Associação de hastes em paralelo


Duas haste em linha reta
ρ ⎡ ⎛ 8l ⎞ ⎤ ρ ⎛ l2 2l 4 ⎞
R2 h = ln ⎜ ⎟ − 1 + ⎜ 1 − + ⎟
4πl ⎢⎣ ⎝ d ⎠ ⎥⎦ 4πe ⎜⎝ 3e 2 5e 4 ⎟⎠
e

n Hastes alinhadas R A = k A(n ) × R1h


Ver tabela 6
e

Triângulo R∆ = k ∆ × R1h
1 + 2α l
e k ∆ (3 ) = ;α =
3 ⎛ 8l ⎞
e⎜ ln − 1⎟
⎝ d ⎠
11α 2
1 + 3α −
3
k ∆ (6 ) =
6 − 3α − 2 3α
Quadrado aberto Rqv = k qv × R1h
1 + γ ×α l
k qv = ;α =
e n ⎛ 8l ⎞
e⎜ ln − 1⎟
⎝ d ⎠
Ver tabela 5

Quadrado fechado Rqc = k qc × R1h


1 + β ×α l
e k qc = ;α =
n ⎛ 8l ⎞
e⎜ ln − 1⎟
⎝ d ⎠
Ver tabela 5
ou

Rqc =
ρ⎛ 8l 2k l
⎜ ln − 1 + 1
2π × l × n ⎝ d
( )2⎞
n −1 ⎟
A ⎠
Circulo Rc = k c × R1h

n
i = −1
2
⎛ π⎞
r 1 + 0,5λ + λ ∑ cos ec⎜⎝ i n ⎟⎠
i =2
k c (n ) =
n
l
λ=
⎛ 8l ⎞
r ⎜ 2 ln − 1⎟
⎝ d ⎠
21

Onde:

R1h é a resistência de aterramento de uma haste vertical em Ω


R2 h é a resistência de aterramento equivalente de 2 hastes verticais em paralelo em Ω
R A é a resistência de aterramento equivalente de “n” hastes verticais em linha em Ω
R∆ (3 ) é a resistência de aterramento equivalente de 3 hastes verticais em configuração
triangular em Ω
Rqv é a resistência de aterramento equivalente para hastes verticais em configuração
quadrado aberto em Ω
Rqc é a resistência de aterramento equivalente para hastes verticais em configuração
quadrado denso em Ω
Rc é a resistência de aterramento equivalente para hastes verticais em configuração
circular em Ω
ρ é a resistividade do solo em Ω.m
l é o comprimento da haste em m
d é o diâmetro da haste em m
e é o espaçamento entre as hastes em m
k A(n ) é o coeficiente de redução para “n” hastes alinhadas
k ∆ (3) é o coeficiente de redução para 3 hastes em configuração triangular
k qv é o coeficiente de redução para hastes em formação quadrado aberto
k qc é o coeficiente de redução para hastes em formação quadrado fechado
k c (n ) é o coeficiente de redução para “n” hastes em formação circular
n é o número de hastes da assossiação
r é o raio do círculo (m)
A é a área da malha em m²
k1 = 1,41 − 0,04 x
maior lado
x= razão aspecto
menor lado
Tabela 5: Valores de β e γ

n β γ
4 2,7071
8 4,2583
9 5,8971
12 5,3939
16 8,5545 6,0072
20 6,4633
24 6,8363
25 11,4371 7,1479
28 7,4195
32 7,6551
36 14,0650
49 16,8933
64 19,5003
81 22,3069
100 24,9589
22

Tabela 6: Coeficiente de redução para haste alinhada

Comprimento (m) Coeficientes de redução (k) da resistência de hastes verticais

Afastamento (m)
Diâmetro d(in)

Cravadas no solo e configuração alinhada - regular

2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

2 2 0,568 0,410 0,326 0,272 0,235 0,208 0,186 0,169 0,155 0,144 0,134 0,125 0,118 0,111
3 0,548 0,387 0,303 0,250 0,214 0,188 0,167 0,151 0,138 0,127 0,118 0,110 0,103 0,097
4 0,537 0,375 0,291 0,239 0,203 0,177 0,157 0,142 0,129 0,119 0,110 0,102 0,096 0,090
5 0,530 0,367 0,283 0,231 0,196 0,171 0,151 0,136 0,123 0,113 0,105 0,097 0,091 0,088
½` 2,44 3 0,555 0,395 0,311 0,258 0,221 0,194 0,174 0,157 0,144 0,133 0,123 0,115 0,108 0,102
4 0,543 0,381 0,291 0,245 0,209 0,182 0,162 0,147 0,134 0,123 0,114 0,106 0,100 0,094
5 0,535 0,372 0,288 0,236 0,201 0,175 0,155 0,140 0,127 0,117 0,108 0,101 0,094 0,089
3 3 0,564 0,406 0,321 0,268 0,231 0,204 0,183 0,166 0,152 0,141 0,131 0,122 0,115 0,109
4 0,550 0,390 0,306 0,253 0,217 0,190 0,170 0,151 0,140 0,129 0,120 0,112 0,105 0,099
5 0,541 0,380 0,295 0,243 0,207 0,181 0,161 0,145 0,133 0,122 0,113 0,105 0,099 0,093
2 0,571 0,413 0,329 0,275 0,238 0,210 0,128 0,171 0,157 0,146 0,136 0,127 0,120 0,113
2 3 0,550 0,389 0,305 0,252 0,216 0,189 0,169 0,153 0,140 0,129 0,119 0,111 0,105 0,099
4 0,539 0,376 0,292 0,240 0,204 0,178 0,159 0,143 0,130 0,120 0,111 0,103 0,097 0,091
5 0,531 0,368 0,284 0,232 0,197 0,171 0,152 0,137 0,124 0,114 0,105 0,098 0,092 0,086
3 0,557 0,397 0,313 0,260 0,223 0,196 0,176 0,159 0,146 0,134 0,125 0,117 0,110 0,103
5/8” 2,44 4 0,544 0,383 0,298 0,246 0,210 0,184 0,164 0,148 0,135 0,124 0,115 0,107 0,101 0,095
5 0,536 0,374 0,289 0,237 0,202 0,176 0,156 0,141 0,128 0,118 0,109 0,101 0,095 0,089
3 0,566 0,408 0,324 0,270 0,233 0,206 0,185 0,168 0,154 0,142 0,132 0,124 0,117 0,110
3 4 0,552 0,392 0,307 0,255 0,218 0,192 0,171 0,155 0,141 0,130 0,121 0,113 0,106 0,100
5 0,543 0,381 0,297 0,245 0,209 0,182 0,162 0,147 0,134 0,123 0,114 0,106 0,100 0,094
2 2 0,573 0,415 0,331 0,277 0,240 0,212 0,190 0,173 0,159 0,147 0,137 0,129 0,121 0,114
3 0,552 0,391 0,301 0,254 0,217 0,191 0,170 0,154 0,141 0,130 0,120 0,112 0,106 0,099
4 0,540 0,378 0,293 0,241 0,205 0,179 0,160 0,144 0,131 0,120 0,112 0,104 0,097 0,092
5 0,532 0,369 0,285 0,233 0,198 0,172 0,153 0,137 0,125 0,115 0,106 0,099 0,092 0,087
¾ 2,44 3 0,559 0,399 0,315 0,262 0,225 0,198 0,177 0,160 0,147 0,136 0,126 0,118 0,111 0,104
4 0,546 0,384 0,300 0,247 0,211 0,185 0,165 0,149 0,136 0,125 0,116 0,108 0,101 0,096
5 0,537 0,375 0,290 0,238 0,203 0,177 0,157 0,142 0,129 0,119 0,110 0,102 0,096 0,090
3 3 0,566 0,408 0,324 0,270 0,233 0,206 0,185 0,168 0,154 0,142 0,132 0,124 0,17 0,110
4 0,552 0,392 0,307 0,255 0,218 0,192 0,171 0,155 0,141 0,130 0,121 0,113 0,106 0,100
5 0,543 0,381 0,297 0,245 0,209 0,182 0,162 0,147 0,134 0,123 0,114 0,106 0,100 0,094
2 2 0,576 0,420 0,335 0,281 0,243 0,215 0,194 0,176 0,162 0,150 0,140 0,131 0,123 0,117
3 0,554 0,394 0,309 0,256 0,220 0,193 0,171 0,156 0,143 0,132 0,122 0,114 0,107 0,101
4 0,542 0,380 0,295 0,243 0,207 0,181 0,161 0,145 0,133 0,122 0,113 0,105 0,099 0,093
5 0,534 0,371 0,287 0,235 0,200 0,174 0,154 0,139 0,126 0,116 0,107 0,100 0,093 0,088
2,44 3 0,562 0,402 0,318 0,265 0,228 0,200 0,180 0,163 0,149 0,138 0,128 0,120 0,113 0,106
1 4 0,548 0,387 0,302 0,250 0,214 0,187 0,167 0,151 0,138 0,127 0,118 0,111 0,103 0,097
5 0,539 0,377 0,292 0,240 0,205 0,179 0,159 0,143 0,130 0,120 0,111 0,103 0,097 0,091
3 3 0,571 0,414 0,329 0,276 0,238 0,211 0,189 0,172 0,158 0,146 0,136 0,128 0,120 0,113
4 0,556 0,396 0,312 0,259 0,222 0,195 0,175 0,158 0,145 0,133 0,124 0,116 0,109 0,103
5 0,546 0,385 0,300 0,248 0,212 0,185 0,165 0,149 0,136 0,125 0,116 0,109 0,102 0,096
23

DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS DE ATERRAMENTO


COMPOSTOS POR ELETRODOS HORIZONTAIS

Tabela 7: Resistência de aterramento de condutores horizontais enterrados


RESISTÊNCIA DE ATERRAMENTO DE UM CABO
HORIZONTAL ENTERRADO

ρ a ⎛ 2l ⎞
Rc = ⎜ ln − 1⎟
l πl ⎝ dh ⎠
RESISTÊNCIA DE ATERRAMENTO DE
CONDUTORES ENROLADOS EM FORMA DE ANEL E
ENTERRADOS HORIZONTALMENTE
2r 2ρa 2r
Ranel = ln
π r
2
dh

ρa ⎡ ⎤
2 4
l l h ⎛h⎞ ⎛h⎞
R= ⎢2 ln − 0,2373 + 0,8584 + 1,656⎜ ⎟ − 10,85⎜ ⎟ ⎥
2πl ⎢⎣ dh l ⎝l⎠ ⎝l⎠ ⎥⎦

ρa ⎡ ⎛h⎞ ⎤
2 4
l h ⎛h⎞
R= ⎢2 ln + 2,912 − 4,284 + 10,32⎜ ⎟ − 37,12⎜ ⎟ ⎥
4πl ⎣⎢ dh l ⎝l⎠ ⎝ l ⎠ ⎦⎥
l

ρ ⎡ ⎤
2 4
l h ⎛h⎞ ⎛h⎞
R = a ⎢2 ln + 6,851 − 12,512 + 28,128⎜ ⎟ − 125,4⎜ ⎟ ⎥
l 6πl ⎢⎣ dh l ⎝l⎠ ⎝l⎠ ⎥⎦

ρa ⎡ 2l l ⎤
R= ⎢ln + k1 − k2 ⎥
πl ⎣ dh A ⎦

Onde:

Rch é a resistência de aterramento de um cabo enterrado horizontalmente em Ω


ρ a é a resistividade aparente do solo em Ω.m
l é o comprimento do cabo em m
24

d é o diâmetro do cabo em m
r é o raio do círculo (m)
A é a área da malha em m²
k1 = 1,41 − 0,04 x
k 2 = 5,5 + 0,15 x
maior lado
x= razão aspecto
menor lado
25

4. DIMENSIONAMENTO DE MALHAS DE ATERRAMENTO PELO MÉTODO


DO IEEE

O método se aplica somente a aterramentos em forma de malhas e objetiva


determinar um espaçamento máximo entre condutores que nos forneça potenciais de
toque, passo e transferência dentro dos valores admissíveis. O processo é interativo,
visando uma solução econômica e necessita de uma valor inicial para a malha e
espaçamentos iniciais.
Para estimar a área da malha podemos utilizar a seguinte fórmula:

⎛ ρ ⎞
2

A = π⎜ ⎟ Equação 17
⎝ 4R ⎠

Como A = l × c podemos determinar uma configuração de malha conveniente


conforme o caso. Sendo possível considerar iguais as dimensões da malha, temos:

⎛ ρ ⎞
l =c= π⎜ ⎟ Equação 18
⎝ 4R ⎠

Em seguida devemos determinar o número de condutores em cada lado da


malha.

⎛ l ⎞
N l = int ⎜⎜1 + ⎟⎟ Equação 19
⎝ el ⎠

⎛ c ⎞
N c = int ⎜⎜1 + ⎟⎟ Equação 20
⎝ ec ⎠

Figura 3: esquema de uma malha de aterramento

} el
{

c
ec
26

O comprimento total de condutores é dado por

Lc = l × N c + c × N l Equação 21

Se forem introduzidas hastes na malha, devemos acrescentar os seus


comprimentos na determinação do comprimento total dos condutores. Então:
Lt = Lc + Lh para malha com hastes no interior da malha

Lt = Lc + 1,15 Lh para malha com hastes na periferia ou nos cantos

CÁLCULO DOS COEFICIENTES DE MALHA, DE SUPERFÍCIE, DE


CERCA E DE IRREGULARIDADE.

Coeficiente de malhaÆ Coeficiente que introduz no cálculo, a influência da


profundidade da malha, do diâmetro do condutor, do número de condutores e do
espaçamento entre condutores.

Km =
1 ⎡ ⎛ e2
⎜ +
(e + 2h )
2

h ⎞ k ii
⎟ + ln
8 ⎤
⎢ln⎜ ⎥ Equação 22
2π ⎣⎢ ⎝ 16hd 8ed 4d ⎟⎠ k h π (2 N − 1) ⎥⎦

Onde: k h = 1 + h é a correção de profundidade da malha e h0 = 1 .


h0

Quando existem hastes cravadas ao longo do perímetro ou nos cantos, k ii = 1 . Quando

1
as malhas não possuírem hastes cravadas na periferia ou no cantos k ii = .
(2n )
2
n

N = Nl × Nc

Coeficiente de superfícieÆ É um coeficiente que introduz no cálculo a maior


diferença de potencial entre dois pontos distintos distanciados de 1m. Relaciona todos
os parâmetros da malha que induzem tensões na superfície do solo. Tais como: número
de condutores, espaçamento entre condutores e profundidade da malha.

(
n = máximo N l , N c )

Ks =
1⎡1
⎢ +
1 1
( ⎤
)
+ 1 − 0,5 n − 2 ⎥ Equação 23
π ⎣ 2h e + h e ⎦
27

Coeficiente de cercaÆ Coeficiente que introduz no cálculo o efeito produzido


pelo diâmetro do condutor, a profundidade da malha, espaçamento entre condutores e a
distância entre a periferia da malha e qualquer ponto fora dela.

( )(
1 ⎡ h 2 + x 2 h 2 + (e + x ) ⎤ 1 ⎡⎛
2
) x ⎞⎛ x⎞ ⎛ x ⎞⎤
= ⎥ + ln ⎢⎜1 + ⎟⎜1 + ⎟...⎜⎜1 + ⎟⎟ ⎥ Equação 24
K c( x ) ln ⎢
2π ⎣ hd h + e
2 2
( )
⎦ π ⎣⎝ 2e ⎠⎝ 3e ⎠ ⎝ e(n − 1) ⎠ ⎦

n = máximo N l , N c ( )
Coeficiente de irregularidadeÆ Coeficiente que introduz no cálculo o efeito da
não uniformidade da distribuição da corrente da malha para o solo e vice-versa. A maior
dispersão de corrente verifica-se na periferia da malha e principalmente nos vértices da
mesma.

K i = 0,656 + 0,172n Equação 25

CÁLCULO DAS TENSÕES DE PASSO, TOQUE, MALHA E


TRANSFERÊNCIA.

Tensão de malhaÆ É a diferença de potencial a que ficará submetida uma


pessoa que estando no centro de uma sub-malha, tocar com as mãos uma estrutura
aterrada à malha.

ρ
Em = K i K m × I m Equação 26
Lt

Tensão de passo na malhaÆ É a diferença de potencial entre 2 pontos no solo


separados de 1m, na periferia da malha.

ρ
Es = K i K s × I m Equação 27
Lt

Tensão de toque na cerca perimetral da malhaÆ É a diferença de potencial a


que ficará submetida uma pessoa que toque a cerca estando a 1m dela.

ρ
Es = K c K i × I m Equação 28
Lt
K c = K c ( x +1) − K c ( x )
28

CRITÉRIOS DE SEGURANÇA
Devemos ter, sempre, para a segurança das pessoas:
E m ≤ Et , Ec ≤ Et e E s ≤ E p

Se essas condições não forem atendidas, devemos diminuir o espaçamento entre


condutores ou aumentar a área da malha. Para estimar-mos o comprimento de condutor
necessário, utilizamos a expressão a seguir:
Km × Ki × ρ × I × t
L>
(116 + 0,174 × c(h, K ) × ρ s )
CÁLCULO DA RESISTÊNCIA DE ATERRAMENTO DA MALHA

⎡1 1 ⎛ 1 ⎞⎤
R = ρ⎢ + ⎜⎜1 + ⎟⎟⎥ Equação 29
⎣L 20 A ⎝ 1 + h 20 / A ⎠⎦

CONDIÇÃO DE VALIDADE DO MÉTODO


Os limites recomendados para malhas quadradas ou retangulares são:
⎧n ≤ 25
⎪0,25 ≤ h ≤ 2,5m


⎪d < 0,25h
⎪⎩e > 2,5m

ÍNDICE DE PARÂMETROS PARA O PROJETO


PARÂMETRO DESCRIÇÃO PARÂMETRO DESCRIÇÃO
A Área da malha em m² Km ; K s ; Ki ; Kc Coeficientes de
malha, superfície,
irregularidade e cerca
ρ Resistividade do solo em h Profundidade de
Ωxm lançamento do cabo
em m
R Resistência de aterramento d Diâmetro do cabo em
da malha em Ω m
l.c Largura e comprimento da N Número de
malha em m condutores
el ; e c ; e Espaçamentos largura e x Distância da cerca a
comprimento em m malha de terra em m
nl ; n c Número de condutores na E m ; Ec ; E s Tensão de malha,
largura e comprimento cerca e superfície em
V
Lc ; Lh Comprimento dos Im Corrente de malha
condutores e hastes em m em A
Lt Comprimento total de
condutores em m
29

Tabela 8: Mínima seção do condutor por kA (mm²/kA)


Tm
tc 250ºC 450ºC 950ºC Solda Solda Juntas
exotérmica convencional cavilhadas
0,5 4,28 3,37 2,66 2,44 3,20 4,05
1 6,06 4,77 3,76 3,45 4,51 5,78
30

FLUXOGRAMA PARA O DIMENSIONAMENTO DA MALHA

ENTRADA DE DADOS
A, ρ

SEÇÃO DO CONDUTOR
I m , t, d

INICIO DO PROJETO
e, n, L, h

RESISTÊNCIA DA MALHA
R, Lc , Ll

MODIFICA PROJETO CORRENTE DA MALHA


e, n, L Im

I m × R ≤ Et
SIM
NÃO

CÁLCULO
K m , K s , K c , Em , Es

E m < Et ou E s < E p
NÃO
SIM

DETALHA
PROJETO
31

5. APLICAÇÕES PRÁTICAS

1) Qual a quantidade de hastes de 3/4" a serem colocadas em paralelo, em alinhamento


reto, de forma a reduzir o valor da resistência de 500Ω para um valor de 10Ω ou menos?

2) Qual o valor da resistência de aterramento de uma haste de 1" encravada 3m em um


solo de resistividade uniforme e igual a 1000Ωm?

3) Qual a resistência de aterramento de um sistema de aterramento composto de 16


haste de 3/4"x 3m separadas entre si de 3m.?

4) Qual a resistência de aterramento proporcionada por um condutor redondo de 10mm²


enterrado horizontalmente a uma profundidade de 1m em um solo de resistividade de
1000Ω.m?

5) Dispõem-se de 60m de condutor de 10mm². Calcule as diversas configurações para


se obter a menor resistência.

6) Calcule os coeficientes de redução das resistências de aterramento para 2 hastes


verticais em linha reta.
32

7) Dimensione uma malha de aterramento utilizando o método do IEEE de acordo com


os seguintes dados:
• Resistência de aterramento desejado=5Ω
• Cabo a ser utilizado CUx50mm²
• Resistividade equivalente do solo = 200Ω.m
• Corrente de curto-circuito máxima = 5000A
• Tempo máximo de desligamento =0,5s
33

6. BIBLIOGRAFIA

IEEE-std 80 – Guide for safety in ac subestation grouding, 1986


KINDERMAN, Geraldo e CAMPAGNOLO, Jorge Mário. Aterramento elétrico. 3ª
edição, Sagra-DC Luzzatto, 1995, Porto Alegre
LEITE, Carlos Moreira .Técnicas de aterramento elétrico. Officina de Mídia, 2ª edição,
SP, 1996
MORENO LEON, José Aurélio . Sistemas de aterramento. Érico do Brasil,SP, 1978
TAVARES, J. de Oliveira. Apostila do curso de proteção e aterramento de sistemas
elétricos de potência. Natal, UFRN, PPGEE,1997

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