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Estado, sociedade e educação: a escolarização de corpos e


mentes na produção de masculinidades e feminilidades
HÉLIO SOUZA DE CRISTO*

Resumo
O presente trabalho de natureza bibliográfica busca tecer, à luz dos escritos de
Bourdieu e Foucault, algumas considerações sobre os processos de fabricação
de masculinidades e feminilidades por meio dos discursos e práticas escolares,
tendo em vista as discussões que permeiam a relação entre Estado, Sociedade e
Educação. Dessa forma, busca-se pensar acerca dos mecanismos de poder
presentes nos discursos e práticas escolares que, ao longo dos anos, vão se
constituindo como instrumentos reguladores das relações sociais entre homens
e mulheres, bem como refletir sobre a escola enquanto lugar, por vezes,
reprodutivista de concepções do Estado.
Palavras-chave: Discursos; Poder; Gênero.
State, society and education: the schooling of bodies and minds in production
masculinity and femininity
Abstract
This working bibliographical search weave in the light of the writings of
Bourdieu and Foucault, some considerations about the masculinities
manufacturing processes and femininity through speeches and school practices,
in view of the discussions that permeate the relationship between State, Society
and Education. Thus, we seek to think about the mechanisms of power of the
discourse and school practices that, over the years, are constituted as regulatory
tools of social relations between men and women, as well as reflect on the
school as a place sometimes, reproductivist State conceptions.
Key-words: Speeches; Power; Genre.

*
HÉLIO SOUZA DE CRISTO é mestrando em Educação pela Universidade Estadual de Feira
de Santana (UEFS); professor da Educação Básica no município de Cairu-BA.
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Autor: Zenos Frudakis


Fonte: <https://www.ideafixa.com/esculturas-publicas/>

Estado, Sociedade e Educação: tríade Dominação, violência e força


de mecanismos de poder simbólicas, legitimação de poder e
Aproximar Bourdieu e Foucault, bem interiorização de normas e
como estabelecer um diálogo com os materialização de discursos são
escritos de estudiosos – a exemplo de características-chave das relações
Louro, Beauvoir e Freud – que se imbricadas e construídas nos espaços
debruçam ou oferecem pistas para institucionais, especialmente escolares,
refletir e problematizar as relações entre que perpassam das suas contribuições
educação escolar e gênero não se dá na interlocução entre Estado, Sociedade
num vazio histórico e cultural. e Educação estão além a construção das
relações de gênero e os processos de
Suas teorias e formas de interpretar o disciplina e “ajustamento” a que são
mundo apresentam subsídios submetidos os corpos e mentes dos
interessantes e importantíssimos à indivíduos por meio da educação que se
compreensão de concepções e visões dá dentro e fora dos muros escolares
correlacionadas ao campo educacional (LOURO, 2010).
em sua conjuntura política, social,
cultural, econômica e ideológica. As Constantemente, mulheres e homens
pesquisas sobre a necessidade de estabelecem e são, de certa forma,
repensar a função social da escola têm coagidos consciente ou
se expandido e, ao mesmo tempo, inconscientemente a seguirem
apontado que, sem desconsiderar sua determinados valores e padrões que são
importância, esse espaço já não se incorporados ou constroem as relações
mantém como lugar único, absoluto e em suas atividades cotidianas por meio
privilegiado na formação dos indivíduos de mecanismos de poder que produzem
que nela estão e por ela passaram. masculinidades e feminilidades. Para
que tal processo ocorra de maneira mais
efetiva, criaram-se, intencionalmente, as com efeito, esse poder invisível o qual
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instituições sociais que sirvam de só pode ser exercido com a
fundamento para tornar os indivíduos cumplicidade daqueles que não querem
“humanizados”, conscientes e saber que lhe estão sujeitos ou mesmo
responsáveis por suas ações no convívio que o exercem” (BOURDIEU, 1989, p.
social, submetido a normas e padrões. 08).
A instituição escolar é muito mais do Conforme Bourdieu (1996), é atribuída
que uma estrutura destinada aos atos de à escola, enquanto instituição que
ensinar e aprender, aliás é preciso representa os anseios da classe
questionar o que, de fato, ensina-se e dominante sobre os dominados, a
aprende-se nas escolas quando o função de moldar os indivíduos, por
assunto é normas, regras e modelos de meio da reprodução e imposição,
condutas exteriores aos indivíduos, mas segundo à imagem e semelhança da
que são transmitidos às gerações por sociedade que se espera de acordo com
meio dos seus discursos e práticas como os desejos do Estado, num jogo quase
necessários à sua vida em sociedade que invisível e imperceptível entre
(BOURDIEU, 2007). classes. Dessa forma, a escola se
mantém como uma instituição que, ao
Vivemos numa sociedade marcada e
longo do anos e tempos, vem atuando
construída por conflitos e dilemas e
por meio de mecanismos reguladores
estes, por sua vez, dão sentido à vida
para “ajustar” o indivíduo a grupos
humana em sociedade. Deste modo,
sociais e visando, sobretudo, estatizá-lo,
mulheres e homens estabelecem e são,
visto que, para Bourdieu (1996), a
de certa forma, coagidos consciente ou
escola é o Estado.
inconscientemente a seguirem
determinados valores e padrões que são É preciso atentar-se para o fato de que a
incorporados às suas atividades escola, desde a sua proposta curricular à
cotidianas. efetivação desta por meio de suas
práticas e discursos, não é uma
A escola, permeada por objetivos e
instituição neutra e imparcial. A escola,
intencionalidades, representa uma
como tão bem assinala Bourdieu (1989),
instituição sociocultural que, além de
representa uma determinada concepção
transmitir um legado cultural,
de Estado numa fronteira espaço-
desempenha também a função de
temporal marcada pelas relações de
legitimar e fortalecer padrões e normas
poder entre dominantes e dominados.
sociais. Ela se constitui como o espaço
Ela está carregada e é, constantemente,
legitimado socialmente, onde a
perpassada e reprodutora de um
educação, ainda que de maneira
conjunto de símbolos culturais, sociais,
implícita, destina-se a ensinar e, por
políticos e ideológicos que caracterizam
vezes, impor aos indivíduos modos de
as sociedades e tendem a exercer forte
se vestir, falar, conversar, se comportar,
influência nas relações sociais.
comer, pensar, se posicionar e agir.
Segundo Bourdieu (1996), o poder
Modos esses que precedem ao
exercido pela escola é, através de uma
nascimento dos indivíduos, portanto são
educação formal institucionalizada, um
exteriores a eles e, paulatinamente, vão
poder dado e legitimado pela maioria
sendo incutidos em suas vidas e
dos indivíduos (dominados) e,
relações sociais como uma espécie de
sobretudo, confiado às mãos das
poder simbólico; que se constitui “[...]
minorias (dominantes). Por isso, pensar
na educação escolar, a que estão delegar este poder ao Estado, os
100
sujeitos homens e mulheres, pela indivíduos (que são maioria) tendem,
perspectiva da neutralidade é um cada vez mais, a legitimar esse poder e
sofisma, uma vez que não existe suas representações como válidas,
neutralidade. Toda e qualquer produção verdadeiras e substanciais para a
e ação da educação escolar estão existência, reprodução e manutenção
alicerçadas em finalidades, construções das relações e instituições sociais.
simbólicas, representações ideológicas e
Logo, “o poder está dentro do mundo
produções culturais.
social, mas o mundo social está dentro
A educação escolar, neste ponto, está do corpo. E a incorporação do social
além do simples ato de transmitir e que a aprendizagem realiza é o
construir conhecimentos. Ela se fundamento da presença no mundo
encontra a serviço da difusão de uma social que a ação socialmente bem-
ideologia que nem sempre é colocada a sucedida e a experiência ordinária desse
nível de reflexão e discussão entre os mundo supõem necessárias”
sujeitos que atuam dentro dos muros (BOURDIEU, 2001, p. 41).
escolares, por isso se constitui como
A escola não é um campo homogêneo,
uma espécie de poder simbólico1. razão pela qual ela não poder ser vista
Assim, a escola vem assumindo, ao
apenas pelo viés da reprodução. No
longo dos anos e sob a perspectiva de
entanto, apesar de avanços apontados e
diferentes paradigmas e culturas, esta
trazidos por diretrizes e ações que não
função: de formar ou moldar as pessoas
se limitam à mera reprodução de
para a vivência em sociedade, de acordo
saberes e conhecimentos, a realidade é
com os padrões que imperam e a
que a escola, conforme apontam
norteiam, conforme uma concepção de
Bourdieu e Passeron (1982), por meio
Sociedade e Estado.
do trabalho e ação pedagógica, ainda
Neste ínterim, Bourdieu (1996) chama a está permeada por um fazer político-
atenção que há a necessidade de refletir pedagógico que conduz à “inculcação
e questionar acerca desse poder não do habitus”2 voltado para a
inerente exercido pelo Estado na normatização dos comportamentos dos
educação de homens e mulheres que, indivíduos, principalmente por meio da
inclusive, culturalmente delegaram força simbólica e da produção e
(“inconscientemente?”) ao Estado ou à
camada dominante esta função. E, ao 2
O habitus, em Bourdieu, refere-se às
disposições que são incorporadas pelos
1
Em Bourdieu (1989), o poder simbólico indivíduos através do seu processo de
assume o conceito central das relações sociais socialização. Esse processo é marcado pela
entre os indivíduos. Para ele, o poder simbólico integração de experiências, ações e percepções
é aquele que se manifesta e efetiva-se nas e por que dão as condições necessárias para que os
meio das relações de forma quase que indivíduos possam intervir na vida em
imperceptível e invisível. Bourdieu (1989) sociedade. Importante destacar que as
considera que esse poder se manifesta através disposições não são estáticas, uniformes e nem
dos sistemas simbólicos como a arte, a religião e representam a identidade e personalidade dos
a língua, que atuam também como elementos de indivíduos. Dessa maneira, no diálogo entre o
integração social. Os símbolos, nesse sentido, mundo interior e o mundo exterior, Bourdieu
dizem respeito à forma como os indivíduos afirma que as diferentes posições pelas quais
representam a realidade e o mundo e, desse transitam os indivíduos na sociedade dizem
modo, os sistemas simbólicos se constituem respeito à própria diversidade dos estilos de vida
como ferramentas pelas quais a cultura e os que possuem ou da suas condições de
valores da sociedade se expressam. existência.
reprodução de discursos, saberes e A imbricação da sexualidade e questões
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poder. de gênero às relações de poder e saber,
segundo Foucault (1988), não parte de
Para Foucault (2014), toda sociedade é
aspectos naturalistas ou, simplesmente,
constituída e controlada por normas e
inatos às sociedades. Mas, advém de
discursos. E o discurso, por sua vez, é o
vários dispositivos, que visam a
conjunto daquilo que gera uma ordem e,
regulação do corpo nas relações entre
portanto, sempre materializado. Neste
homens e mulheres, como os discursos,
caso, o discurso não se limita à ideia do
a formação das instituições, a
discurso falado, mas se constrói e ganha
legitimação dada ao poder exercido
significado nas relações concretas entre
pelas instituições, a criação das leis e
os indivíduos.
dos preceitos religiosos.
Assim, a produção e reprodução dos
Enfim, todo esse arcabouço que dialoga
discursos se dá no plano dos currículos,
com os sistemas de saber e poder, numa
práticas, diretrizes e regimentos que
relação entre significado e significante,
vão, aos poucos e de maneira quase que
estão imersos em categorias estratégicas
imperceptível e inquestionável,
que agem sobre a sexualidade de
condicionando e determinando os
homens e mulheres e se encontram
lugares dos indivíduos. Os discursos
presentes dentro dos muros e em cima
possuem o poder de ratificar os
dos bancos escolares, legitimando ou
binarismos sociais de inclusão/exclusão,
não certas posturas, validando ou não
desenvolvidos/primitivos,
certos comportamentos, enquanto
feminino/masculino, próprio/impróprio,
constructos de ordem social.
homem/mulher, quem manda/quem
obedece, bons/maus... como se fossem Importante destacar que, para Foucault
arranjos sociais naturais e servissem de (1992, 2014), o poder não está
parâmetro para determinar privilégios diretamente relacionado ao plano de
entre dominados e dominantes, bem estado mental. Para ele, o poder se
como demarcar fronteiras sociais e constitui pelo conjunto de práticas e
culturais entre quem pode e quem não discursos fabricados historicamente, que
pode, tendo a ação pedagógica como visam disciplinar tanto o corpo quanto a
reprodutora dessas relações e mente de homens e mulheres nas
mecanismos de poder. relações individuais e coletivas.
A escola, como bem se sabe e consoante Desse modo, é ingênuo atribuir à
Bourdieu e Passeron (1982), é fruto de sexualidade e às questões de gênero
uma concepção de sociedade racional, uma visão, sobretudo, natural ou
elitista e cultural com finalidades e distante do mundo político, social,
objetivos bastante definidos, segundo as cultural, religioso e ideológico. Pois, o
concepções e visões de homem e poder, segundo Foucault (1988), ao
mulher sobre as quais a sociedade onde atuar sobre as pessoas, é capaz de
ela está inserida se debruça. E, como tal, ampliar ou limitar, expressar ou inibir,
os discursos e ações que fundamentam a proibir ou liberar a sexualidade. Logo, o
educação escolar e suas relações com os poder atua e tem repercussões na
contextos político, econômico, construção do saber e na vontade do
ideológico e social, em diversas saber, do conhecer-se histórico e
culturas, são norteados pelo perfil de socialmente.
homem e mulher que a sociedade
almeja e projeta.
Percebe-se então, à luz das teorias preceitos estatais, morais, religiosos e
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bourdieanas e foucaultianas, a por relações de poder simbólico, que se
necessidade de compreender a materializam e ganham sentido sobre a
influência das instituições sociais, mais educação dos corpos e mentes.
especificamente a escola, que por um
Discursos: um aliado à educação dos
longo período determinou e ainda
corpos e mentes?
determina a forma dos indivíduos se
comportarem e relacionarem-se entre si No campo dos pressupostos, e não se
no que diz respeito à construção e limitando a ele, que se baseiam na
representação em termos de Biologia para explicar e, de certa forma,
masculinidade e feminilidade. determinar os comportamentos
esperados por homens e mulheres no
A escola entende, perfeitamente, de que diz respeito aos seus gêneros, tanto
desigualdades, diferenças e Bourdieu quanto Foucault avança.
segregações. E ela entende porque foi
legitimada e consagrada, especialmente Em seus estudos e análises, trazem
pelo Estado, como uma das maiores e contribuições importantes para se
melhores instituições capaz de produzir pensar e refletir que, para além de
e reproduzir desigualdades e distinções explicações biológicas, morais e
por meio dos seus currículos, religiosas, a categorização entre
uniformes, estrutura, aulas comportamentos tidos como comuns
cronometradas, formação de docentes, aos indivíduos do sexo masculino e do
avaliações, regimentos e regulamentos, sexo feminino, bem como o processo de
que têm efeitos sobre os sujeitos e educação dos corpos e mentes não se dá
reverberam-se em suas relações sociais, distante de um plano histórico e
políticas e culturais. cultural, que implica na segmentação
social à forma como homens e mulheres
A escola, inicialmente pensada e são educados, vistos e considerados
convocada a atender a alguns, dentro da sociedade.
se incumbiu de separar os sujeitos –
tornando aqueles que nela entravam
Não é confiável discutir o conceito de
distintos dos outros, os que a ela “gênero” distanciando-o do seu caráter,
não tinham acesso. Ela dividiu eminentemente, político e cultural,
também, internamente, os que lá tendo em vista que a questão não está
estavam, através de múltiplos centrada somente nos sexos (masculino
mecanismos de classificação, e feminino), mas nas representações que
ordenamento, hierarquização. A foram socialmente construídas acerca
escola que nos foi legada pela dos sexos e sobre eles. Isso significa
sociedade ocidental moderna afirmar que a pretensão, ao se tratar das
começou por separar adultos de relações do gênero, não é negar a
crianças, católicos e protestantes.
biologia humana, mas focalizar as
Ela também se fez diferente para os
ricos e para os pobres e ela
construções sociais e históricas
imediatamente separou os meninos produzidas a partir das características
das meninas (LOURO, 2010, p. biológicas e seus desdobramentos nas
57). relações sociais.
Para isso, não se deve perder de vista Não é à toa que Beauvoir (1980)
que a escola é uma instituição envolta elucidou e impactou o mundo ao
por concepções de uma sociedade afirmar que ninguém nasce mulher:
fundamentada, principalmente, em torna-se mulher. A expressão possibilita
uma série de questionamentos, que relações têm como pano de fundo as
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ainda mexem com os bancos das dicotomias entre o masculino e o
academias e os intelectuais da feminino, colocando de um lado o
contemporaneidade: o que significa homem como ser dominante e, do outro
nascer com um pênis? O que significa lado, a mulher enquanto ser dominado.
nascer com uma vagina? Ou melhor, Portanto, o processo de dominação não
que discursos, poder e efeitos são deve ser concebido como algo inerente
produzidos e reproduzidos nas relações às sociedades.
entre os sujeitos a partir de suas
Para aqueles que se debruçam sobre os
genitálias? Quem inscreve nos corpos e
estudos de Foucault (1988), fica
nas mentes as marcas da diferença? O
perceptível que os gêneros de
que, de fato, significa nascer e ser
constroem nas e pelas relações de
educado numa sociedade falocêntrica3?
poder. Foucault (1988) analisa e
De acordo com Bourdieu (2002), a questiona as concepções convencionais,
polarização homem-mulher existente no campo da sexualidade, pela ótica do
nas sociedades sempre colocou o exercício do poder nas mais diversas
homem como o centro de referência circunstâncias e contextos sociais.
legitimado, um ser superior, dotado de Neles, o poder se expressa como
inteligência, força, virtudes, como a boa mecanismo estratégico de legitimação,
medida e o padrão. E a mulher, censura, repressão, repreensão e
anteriormente ao início e intensificação manobra.
dos movimentos feministas, como um
Na produção de masculinidade e
ser invisível, subordinado, submisso e
feminilidade, o poder, que não é
silenciado pelos ditames sociais. À
necessariamente o físico, sempre foi
sombra de qualquer “desvio”, ela era
utilizado como mecanismo e
vista como subversiva, causadora da
instrumento de legitimação da
desordem e destruidora da moral e bons
superioridade de um sexo (masculino)
costumes.
em relação a outro (feminino), causando
Isto reforça, cada vez mais, o caráter a negação e inibição deste último. Por
político e cultural do gênero, que se isso, para Foucault (1988) a polaridade
revela à medida que estudos, como os homem-mulher, se observada em suas
desenvolvidos por Foucault (1988), minúcias, expressa por si só uma
situa-o na esfera da construção ou relação política e cultural, muitas vezes,
“invenção social” fundamentada, sustentada por discursos que acabam
sobretudo, nas relações de poder. Essas tornando legítima muitas práticas, que
tomam efeito de verdade a partir dos
3
A expressão “falocêntrica” provém do termo mecanismos causadores da regulação e
“falo”, cujo vocábulo grego significa “pênis”. funcionamento dos discursos.
Dessa maneira, quando afirmo que a maioria
das sociedades são falocêntricas, parte-se das E, neste sentido, é possível perceber que
duas vertentes trazidas pelos estudos da
sexualidade desenvolvidas e discutas por Freud
[...] o discurso pode ser, ao mesmo
(1905): a fálica, que chama a atenção para a tempo, instrumento e efeito de
presença do pênis como fator determinante e poder, e também obstáculo, escora,
significativo no que se refere à diferenciação ponto de resistência e ponto de
física de sexos; e a da castração, que se partida de uma estratégia oposta. O
apresenta como a fase na qual a criança (a discurso veicula e produz poder;
menina) percebe que não possui pênis e, reforça-o, mas também o mina,
consequentemente, descobre que este não vai expõe, debilita e permite barrá-lo.
aparecer, “brotar” ou crescer posteriormente.
Da mesma forma, o silêncio e o justificar os lugares sociais, as
segredo dão guarida ao poder, possibilidades e os destinos 104
fixam suas interdições; mas, “próprios” de cada gênero [...] Mas
também, afrouxam seus laços e dão o que estava centralmente
margem a tolerâncias mais ou implicado em todas essas
menos obscuras (FOUCAULT, discussões eram as relações de
1988, p. 96). poder que ali se construíram e se
pretendiam fixar. Importava saber
Foucault (1988) afirma que o poder não quem definia a diferença, quem era
representa apenas o processo de considerada diferente, o que
negação de um sexo em relação a outro. significava ser diferente. O que
Ele assinala que o poder, também, é estava em jogo, de fato, eram
capaz de produzir sujeitos, contribuir desigualdades (LOURO, 2010, p.
para a fabricação de corpos frágeis, à 45-46).
indução ou legitimação de A afirmação de que homens e mulheres
comportamentos e, sobretudo, à são culturalmente diferentes serviu, e
construção de indivíduos sem certa vem servindo, de base ideológica para
consciência política. que os indivíduos, independente de
Isto coloca em evidência que a idade, lugar, de maneira consciente ou
sociedade, ao longo dos anos e inconsciente, estejam sujeitos à
principalmente por suas instituições, educação sexual, que tem início no seio
sempre esteve marcada por uma rígida da família e prologa-se no contínuo
hierarquia de gêneros que organiza as trabalho desenvolvido pelas instituições
relações sociais. Esta rígida hierarquia, sociais. Desde de quando nascem, as
na maioria das vezes, destina lugares, crianças já são orientadas sexualmente,
posições de prestígio, funções, direitos e por meio dos nomes que recebem, da
deveres, a cada sexo, em todos os forma como são tratadas, vestidas e
contextos: vida política, acesso à escola presenteadas.
e ao mercado de trabalho, à Bourdieu (2002) adverte que não se
propriedade, chefia civil do lar, dentre deve acreditar, de forma ingênua e
outros. inocente, que a participação de homens
Esse pensamento dicotômico e as e mulheres na vida social, política,
armadilhas dos discursos e mecanismos econômica e cultural, seja aleatória,
de poder utilizados pelas instituições fruto de desejos, muito menos de
sociais trazem à evidência a imbricação aptidões ou habilidades naturais a cada
entre as questões biológicas (sexo) e o sexo. Na verdade, quer sejamos do
espaço sociocultural onde as sexo masculino ou feminino, somos
sexualidades vão se construindo e socialmente educados e educadas para
reconstruindo-se. Pois, gostar mais ou menos de esporte,
relacionada, a princípio, às política, economia, leis, do nosso corpo,
distinções biológicas, a diferença do outro, da outra cultura, do outro
entre os gêneros serviu para modo de pensar e ser, da cor rosa ou
explicar e justificar as mais azul.
variadas distinções entre mulheres e Isso reflete no papel que homens e
homens. Teorias foram construídas
mulheres desempenham na sociedade e
e utilizadas para “provar” distinções
físicas, psíquicas, comportamentais; suas respectivas oportunidades na vida
para indicar diferentes habilidades política, econômica e social, dentro do
sociais, talentos e aptidões; para campo das relações de lutas, poder e
significados que são direcionadas ao prazeres, a incitação ao discurso, a
formação dos conhecimentos, o 105
corpo masculino e feminino. Assim, em
Bourdieu e Passeron (1982), é possível reforço dos controles e das
encontrar um rompimento e uma crítica resistências encadeiam-se uns aos
em relação aos discursos de outros segundo algumas grandes
estratégias de saber e poder. Este
neutralidade e imparcialidade atribuídos
conceito[...] coloca sexualidade
à escola no que concerne à cultura como um ponto de passagem denso
transmitida por ela. nas relações de saber e poder
Diversos instrumentos e mecanismos (FOUCAULT, 1988, p. 100).
sociais buscam normatizar e regular a A imbricação da sexualidade às relações
educação dos corpos, como as regras e de poder e saber, segundo Foucault
condutas prescritas pelas instituições (1988), não parte de aspectos
sociais e estatais, que institucionalizam naturalistas ou, simplesmente, inatos às
e interferem nos modos de ser, pensar, sociedades. Mas, advém de vários
estar e viver em sociedade em suas dispositivos, que visam a regulação do
múltiplas relações, seja na família, na corpo nas relações de homens e
escola, na igreja, no grupo de amigos e mulheres entre si, como os discursos, a
no trabalho. Esse conjunto de regras e formação das instituições, a criação das
condutas, ainda que não prescritas, mas leis, dos preceitos religiosos e da
presentes nas relações que atribuem moralidade, todos eles estão imersos em
significados entre homens e mulheres categorias estratégicas sobre a
formam o que Foucault (1992) sexualidade
denominou de discursos.
As abordagens realizadas por Foucault
Foucault (1992, 2014), tanto em sua (1988), assim como por Bourdieu
obra “Microfísica do poder” quanto em (2002), mostram que para além de ser
“A ordem do discurso”, ajuda a pensar responsabilizada em transmitir todo o
e perceber nas relações sociais como os legado cultural e intelectual às gerações
discursos, que condicionam à efetivação posteriores, a escola nasce e vem se
de uma ordem, exercem um papel sobre constituindo ao longo dos anos como
a educação dos corpos e mentes desde veículo propício à educação dos corpos
quando somos pequenos. E, à medida, e mentes. Ao receber meninos e
que vamos crescendo, os discursos nos meninas na escola, fica quase que
acompanham através das instituições ou entendido, tanto por parte daqueles que
ainda dos diferentes mecanismos e colocam seus filhos na escola como
estratégias que funcionam como daqueles que os recebem, que tais
reguladores da nossa existência. O indivíduos passarão por um processo de
poder se operacionaliza e materializa-se escolarização sistemática, voltado,
nas e pelas próprias assimetrias das também, para a disciplina dos seus
relações de poder estabelecidas entre corpos numa ação desigual de poder.
homens e mulheres.
A essa desigualdade, em sentido amplo,
A sexualidade é mais abrangente e Bourdieu (2007) parte da seguinte
pode ser considerada um nome que premissa:
se pode dar a um dispositivo
histórico: não à realidade para que sejam favorecidos os mais
subterrânea que se aprende com favorecidos e desfavorecidos os
dificuldade, mas à grande rede de mais desfavorecidos, é necessário e
superfície, em que a estimulação suficiente que a escola ignore, no
dos corpos, a intensificação dos âmbito dos conteúdos do ensino
que transmite, os métodos e modelos. O prédio escolar informa
técnicas de transmissão e dos a todos/as sua razão de existir. Suas 106
critérios de avaliação, as marcas, seus símbolos e arranjos
desigualdades culturais entre as arquitetônicos “fazem sentido”,
crianças das diferentes classes instituem múltiplos sentidos,
sociais. Em outras palavras, constituem distintos sujeitos
tratando todos os educandos, por (LOURO, 2010, p. 58).
mais desiguais que sejam eles de
fato, como iguais em direitos e
Louro (2010), a partir dos estudos
deveres, o sistema escolar é levado desenvolvidos por Foucault (1988),
a dar sua sanção às desigualdades enfatiza que as diferenças entre homens
iniciais diante da cultura e mulheres partem de uma ordem
(BOURDIEU, 2007, p. 53). fundamentada em valores e papéis que
foram, ao longo dos anos, consagrados
Essa ação desigual, para Bourdieu
como certos ou errados, desejáveis ou
(2007) é legitimada pelo sistema de
indesejáveis, aceitos ou recusados.
ensino desde as acepções de acesso à
Portanto, encontram-se no plano da
educação destinada aos filhos das
produção social.
classes dominantes e os filhos das
classes dominadas. Neste ponto, ele Culturalmente, a sociedade criou dois
avança para além de uma visão de perfis de comportamentos requeridos e,
sociedade atrelada à economia e dá por vezes, esperados como resultado da
visibilidade e valor aos elementos da educação dos corpos e mentes de
superestrutura social, especialmente no homens e mulheres. Assim, se de um
que diz respeito à cultura. lado, espera-se que os homens sejam
dinâmicos, não aplicados, barulhentos,
É na escola que ocorre a inculcação de
autônomos, agressivos, seguros, não
normas, condutas e, sobretudo,
chorem com facilidade, não dependam
aprenderão a ser homens ou mulheres,
com tanta constância de afeto e
aprenderão a virilidade masculina e
aprovação; por outro lado, espera-se que
fragilidade feminina. E mais que isso,
as mulheres sejam apáticas, tranquilas,
os orgãos sexuais vão delimitar e
metódicas, disciplinadas, obedientes,
especificar, por meio de uma educação
dependentes, organizadas, meigas.
carregada de construções simbólicas, os
espaços onde meninos e meninas podem As maneiras de educar meninos e
conviver e atuar. meninas emergem de uma concepção
cultural que acredita que meninos e
Assim, utilizando-se dos símbolos,
homens são, “naturalmente”, difíceis de
códigos, representações, sanções,
aceitar certa autoridade sobre eles. Por
regimentos e institucionalizações
isso, mesmo em face das reclamações, a
sociais, a escola
inquietude dos meninos é justificada
[...] afirma o que cada um pode (ou pelo discurso que estes já são, por
não pode) fazer, ela separa e natureza, “bagunceiros” e que, portanto,
institui. Informa o “lugar” dos têm dificuldade para se se adequarem à
pequenos e dos grandes, dos ordem, a não ser por meio de estratégias
meninos e das meninas. Através de
e através de muito esforço.
seus quadros, crucifixos, santas ou
esculturas, aponta aqueles/as que Isso é tão perceptível, que os meninos
deverão ser modelos e permite, obedientes, geralmente, tornam-se
também, que os sujeitos se destaque ou, em alguns casos, são vistos
reconheçam (ou não) nesses como pessoas com transtornos ou sem
uma “sexualidade definida”. Ou ainda, é a Igreja e a Escola, que,
objetivamente orquestradas, tinham 107
alvo de chacotas e brincadeiras por
parte de colegas e amigos, que se em comum o fato de agirem sobre
utilizam, muitas vezes, erroneamente da as estruturas inconscientes [...] a
premissa de que “homem muito Escola, mesmo quando já liberta da
tutela da Igreja, continua a
educado só pode ser gay!”.
transmitir os pressupostos da
Do outro lado desse contexto e imerso representação patriarcal (baseada na
nele, encontram-se as meninas e as homologia entre a relação
mulheres, das quais se esperam homem/mulher e a relação
características adversas às dos meninos adulto/criança).
e homens. Delas, as expectativas são de Ao trazer Bourdieu (2002) ao mérito
obediência, submissão, silêncio e dessa discussão, tenta-se mostrar que a
dependência. Logo, mesmo com todo maneira mais eficaz de garantir a
discurso e ações afirmativas acerca da inculcação e propagação desses
emancipação da mulher, atitudes que modelos é a existência das instituições
mostrem a busca de autonomia são, sociais, dentre as quais se encontra a
ligeiramente, barradas por forças escola. É na escola onde homens e
reacionárias, pois são tidas como não mulheres são, de certa forma, coagidos
coerentes com o sexo feminino. O perfil consciente ou inconscientemente a
atribuído às meninas, em geral, é de seguirem determinados valores e
boas alunas, com cadernos e tarefas padrões que são incorporados às suas
exemplares, bem como sempre atividades cotidianas e que, ao longo
dispostas a atender e ajudar às dos anos, acabam se tornando como
necessidades dos outros. legítimas e naturalizadas.
No entanto, a fabricação de identidades Na interlocução entre educação e
masculinas e femininas não é um estrutura social, Bourdieu (2002)
“pecado” original da escola. Ela tem contribui, significativamente, ao apontar
início no seio da própria família, que o processo de educação ou sistema
ecoando pelo papel exercido pela Igreja de ensino, apesar de sofrer uma forte
e, mesmo sem a tutela da Igreja, se influência da camada dominante sobre
reforça dentro das relações imbricadas e os dominados e exercer um forte
construídas na escola, como afirma domínio simbólico, não se constitui
Bourdieu (2002). É na escola que os como determinista das relações sociais.
indivíduos, aos poucos, vão aprendendo Eis aí o grande desafio: questionar e
as formas tidas como apropriadas para compreender a função social desse
se movimentar, se expressar, se espaço, assim como descortinar esse
comportar, conversar, assim como espaço de produção e reprodução de
aprendem quais devem ser as suas desigualdades, que atua sobre a
“preferências”. subjetividade e identidade dos sujeitos
Essas expectativas são reflexos da por diferentes mecanismos e
construção histórico-social, influenciada instrumentos de poder.
por diversas instâncias e mecanismos Considerações finais
sociais, como diz Bourdieu (2002, p.
Partindo das reflexões e discussões até
52-53):
aqui levantadas, em consonância com os
o trabalho de reprodução esteve pressupostos teóricos trazidos por
garantido, até época recente, por Bourdieu e Foucault, é possível
três instâncias principais: a Família,
perceber o quanto a educação escolar inculca nos indivíduos seus limites,
108
sempre esteve a serviço dos anseios e possibilidades e desafios nas relações
objetivos do Estado por meio de suas em sociedade. Ou seja, em virtude da
diretrizes, pareceres, currículos, distinção entre masculino e feminino, a
discursos, ações e práticas pedagógicas. escola diz quais são os comportamentos
E, para melhor compreender essa “próprios” de homens e mulheres, quais
relação que coloca a Educação como elo são seus espaços e posições de prestígio
entre Estado e Sociedade, as obras de na vida política, social e econômica.
Bourdieu e Foucault se constituem
Tanto Bourdieu quanto Foucault, cada
como pontos principais para refletir,
qual à sua defesa e concepção, colocam
sobretudo, além das questões que
em evidência que o poder e os discursos
limitam a educação escolar ao ensino e
se ramificam de diferentes maneiras nas
aprendizagem de conteúdos,
relações sociais. Essas ramificações, por
caracterizando o sistema de ensino
vezes de forma simbólica, acabam por
como neutro e imparcial.
engendrar, estabelecer e materializar as
Mais do que ensinar e aprender relações sociais, por meio de
conteúdos programáticos de um instrumentos legítimos de poder, como
planejamento, os estudos desenvolvidos a escola.
por Bourdieu e Foucault possibilitam
No entanto, há de considerar que os
compreender que a educação escolar
estudos desenvolvidos por Bourdieu e
ensina, inculca, impõe modos de ser, de
Foucault, apesar de possuírem bases
se comportar, de viver e estar no
analíticas diferentes em suas abordagens
mundo. A educação escolar, nesse
e às suas épocas, não se limitam a uma
sentido, representa um conjunto de
denúncia da escola enquanto instituição
relações concretas que se estabelecem
reprodutora de discursos, práticas, poder
por meio da força simbólica, dos
e violência simbólica. Na
discursos, do poder simbólico e do
contemporaneidade, debruçar-se sobre
esforço contínuo de moldar os
tais estudos viabilizam transpor a
indivíduos e instituições.
percepção da escola enquanto mero
No campo das relações de gênero, espaço de reprodução ou mantenedora
através da transmissão e inculcação de da ordem, mas sobretudo de produção
normas e condutas, a escola vai, de práticas, saberes, discursos, capaz
paulatinamente, construindo os corpos e também de provocar ações
mentes de homens e mulheres. A ação e emancipatórias e transformadoras.
o trabalho pedagógico, nesse sentido, As teorias bourdieanas e foucaultianas
não são inerentes às sociedades. Isto é, muito mais do que servirem de base
teorias bourdieanas e foucaultianas
para questionamentos acerca do poder
mostram que ninguém nasce homem ou
que a escola possui sobre os indivíduos,
mulher, os indivíduos aprendem nas
elas vislumbram a possibilidade de
relações de poder a se tornarem homens perceber a influência exercida por meio
e mulheres. Portanto, educar os corpos é
dos discursos e práticas escolares na
um processo de construção social e constituição e representação culturais
cultural. em termos de masculinidade e
Ao educar os corpos, a escola feminilidade.
institucionaliza homens e mulheres,
Refletir sobre o arcabouço teórico
conforme as intenções e objetivos do
trazido por Bourdieu e Foucault
Estado. Essa educação, por sua vez,
possibilita uma percepção bem mais BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean Claude.
A reprodução: elementos para uma teoria do 109
ampla da articulação entre Sociedade,
sistema de ensino. Rio de Janeiro, RJ: Francisco
Estado e Educação. Nessa articulação, a Alves, 1982.
escola se configura como um dos
FOUCAULT, Michael. A ordem do discurso:
instrumentos que, fomentada em
aula inaugural no Collège de France,
mecanismos de poder, produz sujeitos; e pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 24. ed.
não apenas os produz, como também é São Paulo: Edições Loyola, 2014.
detentora de artifícios regulatórios, que __________. História da sexualidade 1: a
tentam “enquadrar” os indivíduos num vontade de saber. 20. ed. Rio de Janeiro: Graal,
padrão social e, ao mesmo tempo, 1988.
legitima as hierarquias sociais. __________. Microfísica do poder. Rio de
Janeiro: Graal, 1992.

Referências FREUD, Sigmund. Um caso de histeria: três


ensaios sobre sexualidade e outros trabalhos.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. Rio 1905. Disponível em:
de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. <http://conexoesclinicas.com.br/wp-
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2. ed. Rio de Janeiro, RJ: Bertrand Brasil, 2002. Obras-Completas-Imago-Vol.-07-1901-
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__________. Escritos de educação. 9. ed.
Petrópolis, RJ: Vozes, 2007. LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade
e educação: uma perspectiva pós-estruturalista.
__________. Lições da aula: aula inaugural 11. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2010.
proferida no Collège de France em 23 de abril
de 1982. 2. ed. São Paulo, SP: Ática, 2001.
__________. O poder simbólico. Rio de Recebido em 2016-05-13
Janeiro, RJ: Bertrand Brasil, 1989. Publicado em 2017-01-01

__________. Razões práticas: sobre a teoria da


ação. 9. ed. Campinas, SP: Papirus: 1996.

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