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A ação civil pública tem como lei regulatória a lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985. Em relação aos
honorários sucumbenciais, a norma referente a honoráo é clara:
Art. 18. Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos,
honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem condenação da associação autora, salvo
comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais. (Redação dada
pela Lei nº 8.078, de 1990)
A literalidade da lei não deixa dúvidas de que é vedada a condenação em honorários advocatícios na
Ação Civil Pública. E não adianta ir para a Constituição Federal espernear procurando um artigo
que discorde de tal injustiça contra quem advoga em tal ação, pois, além de ser o artigo acima uma
alteração em plena vigência do regime constitucional atual, assim como ter sido a lei recepcionada
pela Constituição Federal, vai se deparar com o seguinte:
Art. 5º LXXVII - são gratuitas as ações de "habeas-corpus" e "habeas-data", e, na forma da lei, os
atos necessários ao exercício da cidadania.
E para saber quais são esses atos necessários ao exercício da cidadania basta ir atrás da lei que os
regulamenta:
Art. 1º São gratuitos os atos necessários ao exercício da cidadania, assim considerados: (...)
V - quaisquer requerimentos ou petições que visem as garantias individuais e a defesa do interesse
público.
Por se tratar a Ação Civil Pública de defesa do interesse público, enquadra-se essa ação na situação
de gratuidade que se estende, inclusive, para os honorários sucumbenciais, deixando o advogado a
ver navios. O único consolo que a jurisprudência oferece, o que não é bem consolo, apenas é uma
alegação de igualdade normativa, pois “pau que dá em Chico dá em Francisco”, é o seguinte:
Em razão da simetria que deve haver entre as partes não cabe condenação em honorários ao réu,
assim como não cabe ao autor, exceto no caso de haver má-fe. Esse é o consolo jurisprudencial que
o advogado incauto terá, depois que ficar frustrado defendendo uma ação de valor considerável
achando que estará fazendo bom negócio.
O causídico deve refletir se valerá a pena do ponto de vista financeiro patrocinar um cliente
em Ação Civil Pública, pois não poderá contar com condenação em honorários, a não ser que
esteja muito certo de que há má-fé na atuação do legitimado a defender o interesse público.
Qual seria a alternativa para evitar que haja restrição ao acesso à justiça sem prejudicar o advogado?
Não parece fácil o cálculo, exceto se se considera o interesse individual como algo diabólico em
face do interesse público, o que daria como resposta: dane-se o advogado, viva o povo! Mas o povo
é composto por indivíduos que o compõem, entre eles os advogado, aliás, diga-se de passagem,
importante personagem na construção do regime democrático, não me deixam mentir Sobral Pinto,
Pedro Eurico, Idibal Pivetta e outros.
O importante seria dar algum estímulo, ainda que não financeiro, para que o advogado não seja tão
desvalorizado em sua atividade primordial que é defender os direitos de quem quer que seja.
Referências:
Silvio Tendler, “Os Advogados Contra a Ditadura: Por uma questão de Justiça ,” Acervo
Memória e Direitos Humanos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), acesso em
13 de maio de 2021, https://www.memoriaedireitoshumanos.ufsc.br/items/show/944.
CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Em regra, o demandado que for sucumbente na ACP
não tem o dever de pagar honorários advocatícios. Buscador Dizer o Direito, Manaus.
Disponível em:
<https://www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/8aa2c95dc0a6833d2d0cb
944555739cc>. Acesso em: 13/05/2021