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1) INTRODUÇÃO
A busca pela qualidade de vida vem se tornando cada vez mais de suma
importância nas grandes cidades. Melhorar a qualidade de vida é uma tarefa que
envolve diversos fatores, muitos deles relacionados ao saneamento básico urbano que
nas ultimas décadas tem se destacado (FINOTTI et al., 2009). Estas questões podem ser
observadas na mudança do comportamento de gestores públicos, que estão mais
preocupados com o desenvolvimento sustentável das cidades brasileiras.
A realidade atual das cidades mostra que seu desenvolvimento iniciou-se em
torno das margens de rios e vales acidentados, e com o passar do tempo o
crescimento populacional ocorreu de forma descontrolada, produzindo uma alta
quantidade de área impermeabilizada, devida as pavimentações de vias publicas e
canalização de córregos (FELDMANN, 1992). Com isto é possível perceber que em
geral, a maior parte do volume precipitado em bacias urbanas é escoada em direção a
áreas de baixa altitude, causando problemas de inundações.
1
Bel em Engenharia Ambiental, UFTM, markimfsv@hotmai.com
2
PhD em Geociências, UNIFAL, diegosouzasardinha@gmail.com
3
PhD em Doenças Infecciosas e parasitárias, UFTM, anacbanhe@yahoo.com.br
4
MSc em Geociências, UNESP, leticiahirata@gmail.com
5
PhD em Ciências da Engenharia Ambiental, UFTM, patricia_ambiental@hotmail.com
Em Uberaba, localiza na região do triângulo mineiro, estado de Minas Gerais,
essa realidade não é diferente. Os córregos que cortam a área urbana do município
foram canalizados por meio de galerias subterrâneas e todas as margens foram
pavimentadas, dando lugar às principais vias urbanas. Quando a água é escoada com
velocidade, devido a eventos de precipitação, o sistema de drenagem local não
suporta o volume solicitado, ocasionando enchentes no centro da cidade, área mais
baixa da bacia urbana.
Neste sentido, foi construído o sistema de amortecimento de cheias do
Parque das Acácias, cujo objetivo é o de amortecer as vazões de pico por meio da
redução do volume de água que é deslocado para o centro de Uberaba durante o
período de precipitação. Os reservatórios de amortecimento de cheias são estruturas
que acumulam temporariamente as águas pluviais e controlam as vazões de cheia,
fazendo com que a vazão de saída do reservatório seja menor do que a vazão de
entrada, ou seja, amortecem as ondas de cheia e diminui os riscos de inundações a
jusante (TUCCI & BERTONI, 2003).
Além da função de regularização de fluxo que o sistema de amortecimento
exerce na área, foi criada no local uma infra estrutura para a realização de atividades
físicas com quadras poliesportivas, pista de caminhada, academia ao ar livre,
quiosques, pista de skate entre outras estruturas utilizadas para lazer e esporte (PMU,
2005).
Como o sistema de amortecimento de cheias acumula temporariamente as
águas pluviais, sedimentos e elementos químicos tendem a se concentrar nestes
locais. Neste sentido, o presente trabalho tem como finalidade a avaliação ambiental
do reservatório do Parque das Acácias, importante reservatório localizado no
município de Uberaba (MG).
Figura 01. Bacia do Córrego das Lajes com o sistema de amortecimento de cheias Parque das Acácias em
Uberaba (MG).
Figura 02. (a) Precipitação média mensal entre 1914 e 1994 em Uberaba (MG). Fonte: Prefeitura
Municipal de Uberaba, 2009. (b) Precipitação total durante o período de pesquisa. Fonte: INMET (2012).
Tabela 02. Intervalos de valores e classificação dos indicadores biofísicos para a avaliação ambiental.
Intervalo de Valores Classificação do Impacto
33-25 Pouco Impacto
24-17 Impacto Moderado
16-10 Impacto Alto
10-0 Impacto Preocupante
Fonte: Modificado de Sardinha et al. (2007) e Godoy et al. (2013)
Para qualidade da água, foram 09 amostragens entre agosto de 2011 a abril
de 2012. A concentração de oxigênio dissolvido (método eletrométrico de 0,1 - 20,0
mg/L +/- 0,1 mg/L) e temperatura (0 a 50oC +/- 1 oC) foram analisadas através de
eletrodos de leitura direta no próprio local de amostragem com o medidor portátil HQ
40d multi da Hach. A condutividade foi analisada por meio do equipamento
Conductivity Probe da Vernier (0 a 100 mg/L TDS +/-1 mg/L). A vazão foi medida em
nos pontos de amostragem P1, P2 e P3, segundo a metodologia descrita por Hermes &
Silva (2004). Para isso foi utilizada uma régua limnimétrica de leitura da medida do
nível do rio, trena, objeto flutuador e um cronômetro, Equação (1).
AxDxC
Q (1)
T
Onde: Q = vazão (m³); A = Área da seção transversal do rio (m²); D = Distância
usada para medir a velocidade do rio (m); C = Coeficiente de correção (0,8 para rios
com fundo rochoso e 0,9 para rios com fundo lodoso); T = Tempo (s) gasto pelo objeto
flutuador para atravessar a distância D.
Amostras foram coletadas no mês de outubro de 2012, para análise de
coliformes totais e termotolerantes. As águas foram coletadas no centro da seção
transversal do canal e acondicionadas em vasilhame de polietileno de 500 ml,
previamente esterilizado. As análises de coliformes totais, termotolerantes e contagem
de bactérias heterotróficas foram realizadas no Laboratório de Microbiologia e
Bioprocessos do Instituto de Ciências Tecnológicas e Exatas da UFTM por meio de
testes de tubos múltiplos, e testes cromogênico/fluorogênico Colilert, segundo
metodologia de CETESB, (2007) e SILVA et al.,(2010).
4) RESULTADOS E DISCUSSÕES
Tabela 03. Tipo de impacto associado aos indicadores biofísicos de avaliação ambiental. P1 entrada
norte do reservatório principal. P2 entrada leste do reservatório principal. P3 exutório do reservatório
principal. P4 exutório do sistema de amortecimento de cheias.
Turbidez Lixo no Impacto Fauna do Impactos na Erosão no
da água recurso Saneamento entorno vegetação entorno
Pouca presença
Sem vegetação
Lixo em latões
Sem impacto
Entulhos lixo
Sem erosão
Muito alta
Pouco lixo
Muito lixo
Boçoroca
Ausência
Sem lixo
Ausente
Ausente
Ravina
Ponto
Baixa
Sulco
Alta
P1 X X X X X X
P2 X X X X X X
P3 X X X X X X
P4 X X X X X X
Algas/ Larvas e
Odor Óleos Espumas
Clorofila vermes
Muito forte
Avaliação
Muito Alto
Muito alto
Muito alta
Muito alta
Ausente
Ausente
Ausente
Ausente
Ausente
Ponto
Fraco
Baixo
Baixo
Forte
Baixa
Baixa
ambiental
Alto
Alto
Alta
Alta
P1 X X X X X 25 - Pouco
P2 X X X X X 27 - Pouco
P3 X X X X X 27 - Pouco
P4 X X X X X 27 - Pouco
Fonte: Autores, 2016
Figura 06. Valores médios, máximos e mínimos de turbidez, STS (sólidos totais em suspensão),
temperatura, pH, condutividade e oxigênio dissolvido. P1 entrada norte do reservatório principal. P2
entrada leste do reservatório principal. P3 exutório do reservatório principal. P4 exutório do sistema de
amortecimento de cheias.
Figura 07. Resultados das amostragens para Bactérias Heterotróficas. UFC/ml - Unidades Formadoras de
Colônia por mililitro de amostra. P1 entrada norte do reservatório principal. P2 entrada leste do
reservatório principal. P3 exutório do reservatório principal. P4 exutório do sistema de amortecimento
de cheias.
4) CONSIDERAÇÕES FINAIS
A abordagem metodológica empregada neste trabalho teve como finalidade a
avaliação ambiental do sistema de amortecimento de cheias do Parque das Acácias. Os
resultados obtidos através dos parâmetros analisados permitiram avaliar as condições
ambientais do recurso hídrico estudado.
Os parâmetros analisados demonstram que as águas que adentram o sistema
de amortecimento de cheias, provenientes das nascentes do córrego Santa Rita, se
encontram com pouco impacto ambiental, segundo a metodologia aplicada. As
concentrações de oxigênio dissolvido estão sempre acima de (5,0 mg/L), a
temperatura média próxima de 26°C e a condutividade elétrica menor que 130 µCM/s.
O ponto P4 apresenta menor qualidade, quando comparado todos os
parâmetros analisados e os demais pontos amostrados (P1, P2 e P3). A análise
microbiológica apresenta maiores contagens em Unidades Formadoras de Colônia por
mililitro de amostra de água, inversamente proporcional aos valores de OD, em alguns
casos, menores que (1,0 mg/L).
O sistema de amortecimento de cheias do Parque das Acácias encontra-se
dentro das suas funções, regularização da vazão para diminuição de enchentes na área
central do município de Uberaba (MG). No entanto, a falta de gestão adequada, reflete
na perda da qualidade das águas afluente dos reservatórios. Assim, o trabalho mostra
a importância da avaliação ambiental como ferramenta de gestão para o poder público
municipal.
5) AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Fundação de Ensino e Pesquisa de Uberaba e o
Departamento de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Triângulo Mineiro
- UFTM. Os autores também agradecem a Associação Amigos da Natureza da Alta
Paulista – ANAP e sua diretoria executiva, Sandra Medina Benini.
6) REFERÊNCIAS
CETESB. Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Norma Técnica
L5.406. Coliformes termotolerantes: Determinação em amostras ambientais pela
técnica de tubos multiplos com meio A1 - método de ensaio. Ano 2007, 16 pg.
FELDMANN, Fábio. Guia da ecologia: para entender e viver melhor a relação
homem natureza. São Paulo, Editora Abril, 62 p., 1992.
FINOTTI, Alexandra et al. Monitoramento de recursos hídricos em áreas
urbanas. Caixas do Sul, RS: Educs, 2009. 272p
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GODOY, Letícia Hirata. et al. Potencial Geoparque de Uberaba (MG):
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http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2914_12_12_2011.html.
Acessos em: 06/2012 a 02/2013.
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http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res05/res35705.pdf. Acessos em: 06/2012
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