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Cartas de um jovem solitário.

Trata-se de uma ficção sobre um jovem que escreve cartas endereçadas a


ninguém. As cartas são uma forma de dar vazão às angustias e medos que ele
vivência no dia-a-dia.

É a AIDS, posso entrar?

Apenas um resumo da minha realidade, um impulso que me leva ao


risco, que me expõe a realidade, e sou mais um, mais um para ele ou para
quem quiser. Meu coração partido com culpa por tudo, eu assumo as
consequências, eu agi por mim, apenas eu naquela hora.

O momento é tão rápido, uma hora você está em pé a espera do trem,


noutrora alguém te faz sexo oral enquanto você está sentado com seus fones
de ouvido, tocando a suposta trilha sonora de seu desespero, a introdução de
um pesadelo.

Uma mordida, seu corpo esfria, o pensamento para e o mundo gira, ele
te pede desculpas e você consente, mas, não consegue reagir ao ato.

Ele veio, ele fez e ele se foi, desculpando-se de algo que até já teria
planejado, mas se passou por vitima e “aquilo” foi sem querer.

Como pode um dor ser tão efêmera fisicamente e na consciência ter um


peso esmagador.

Eu já tinha amado alguém, porém sem viver esse amor, eu nunca tinha
vivido, acredito ter sido também, mas nunca me foi sentido esse amor.

Eu planejei tudo e foi tão lindo o que seriamos, acho que amor assim só
mesmo em cinema.

Ele me agride no olhar, é onde me perco, com ele eu me resumo a total


fragilidade, minha culpa me persegue, não me deixa esquecer ou dormir, ainda
não me caiu a ficha e talvez leve algum tempo, o quê eu fiz?

Aceito minha culpa mas pago com minha vida, fico preocupado com o
meu destino mas terei que esperar o resultado de meu exame.

25 de março, 2011.
Quero me apaixonar.

Decidi que quero me apaixonar, quero viver o amor que tantos vivem.

Nunca tive um histórico de namoro ou paixão qualquer, apenas as


ilusões e paixões platônicas, que me acompanham por tanto tempo, sempre fui
o mais feio do bando, o famoso patinho feio, sempre o amigo que todos gostam
de conversar, mas o que ninguém nunca pede pra ficar, ou seja, meu histórico
de namoro é zero total.

Todos os meus amigos sempre tiveram a sorte de conhecer pessoas


legais, engatar um namoro e ser feliz por algumas frações de tempo, e como
sempre, eu era o que sonhava com o seu príncipe encantado, com o amor na
chuva, com a viagem romântica, com o beijo roubado, com o flerte na balada e
com a carruagem decorada, mas sempre o balde de agua fria da realidade me
encharcava sem dó nem piedade, "acorda cinderela!", meia-noite já deu, o sino
soou e cá solteiro ainda estou.

Nunca houve uma ocasião em que eu me percebesse sendo paquerado,


nunca percebi olhares de desejo ou lances daqueles que vemos em tantos
clipes musicais.

Namoro é praticamente uma meta, amar de modo louco, sem medo de


ser feliz, planejando férias e viagens, troca de presentes e momentos íntimos
de amor e prazer, pelados, grudados, juntinhos e suados.

Dentre os milhares de desejos secretos e profundos que guardo, um


deles é a vontade de beijar na chuva, fazer uma caminhada e dar uns pegas ao
longo do caminho (consegui este!), enfim, quero viver um amor intenso, um
amor de cinema, um amor que não foi escrito, um amor que a noite, a lua e as
estrelas sejam testemunhas, quero viver a magia do abraço mais apertado e
demorado, do beijo caloroso e ardente, dos frios na barriga ao ver o seu love,
ver filmes românticos e reproduzir as cenas e todas as loucuras que um amor
nos desperta.

Setembro, 2016.
Paixão em mar aberto, sentido Lopes Mendes - RJ

O que fazer quando nos apaixonamos por um desconhecido?

Um passeio que te flagra num momento de calma, te apresenta a beleza


da vida e te deixa com o coração apertado por um "Tchau" calado, guardado
na garganta.

As imagens após um tempo me lembram do dia, do sol e dos sorrisos


trocados na proa de um barco no meio do mar salgado.

Tanto amor que me foi sentido ali, naquele momento tão imprevisto, tão
sincero e tão bonito.

A beleza daqueles olhos, o charme no modo como usava o cabelo, as


palavras tão simples e cheias de conteúdo me deixaram assim, apaixonado
pelo aventureiro, no meio do mar, um mar de infinitos e profundos olhares,
suspiros, desejos e esperanças.

Fizeram-me sentir tão bonito, tão único e tão normal que, ao pôr-do-sol,
o coração já se rendia e amolecia por ele, o menino aventureiro, tão belo no
caís a partir, me deixando saudade e alegria, pois foi por um dia, assim como o
dia nasce, que a paixão me pegou.

Ilha Grande, Setembro de 2016.

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