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As Representacoes Da Moda Pela Telenovela Analise Comparativa Das Versoes de Tititi
As Representacoes Da Moda Pela Telenovela Analise Comparativa Das Versoes de Tititi
FACULDADE CEARENSE
COMUNICAÇÃO SOCIAL – HABILITAÇÃO EM JORNALISMO
FORTALEZA-CE
2012
AMANDA PESSOA BARBOSA
FORTALEZA-CE
2012
AMANDA PESSOA BARBOSA
BANCA EXAMINADORA
Este trabalho tem por faz uma comparação entre as duas versões da telenovela
Tititi: a original, de 1985, e o remake, de 2010, analisando a representação da moda
na telenovela como influenciadora de tendências e na composição do contexto
social. No decorrer dos anos, a moda foi se modernizando e tornando-se um dos
principais aspectos da sociedade, vivendo de mudanças constantes em suas cores,
formas e tecidos, utilizados para criar as tendências (DWYER, 2004). A moda
encontrou na mídia a ferramenta necessária para sua promoção, inserida como uma
instituição na vida dos brasileiros (LOPES, 2002). Realizando uma pesquisa
histórica para compreender como a telenovela é mídia difusora da moda. O gênero
da telenovela, por meio de seus personagens, lança tendências, tendo a intenção de
melhor representar a sociedade na qual a história é contada. Os figurinos, capazes
de lançar moda, são peças fundamentais para dar características aos personagens,
constatados por analise documental. É por meio deles que as tendências são
inseridas no público. O estudo, aqui realizado, faz uma análise comparativa dos
figurinos das versões para entender como a telenovela representa a moda de cada
época.
This study is a comparison between the two versions of the telenovela Tititi: the
original, 1985, and the remake from 2010, analyzing the representation of fashion in
the soap opera as influential trends and composition of social context. Over the
years, fashion was modernizing and becoming one of the major aspects of society,
living in constant changes in their colors, shapes and fabrics used to create trends
(DWYER, 2004). The fashion found in the media necessary tool for its promotion,
entered as an institution in the lives of Brazilians (LOPES, 2002). Conducting
historical research to understand how the telenovela is diffusive media fashion. The
genre of the telenovela, through his characters, sets trends, with the intent to better
represent the society in which the story is told. The costumes, able to launch fashion,
are fundamental characteristics to give the characters, discovered by documentary
analysis. It is through them that the trends are inserted in public. The study, carried
out here, makes a comparative analysis of the patterns of versions to understand
how the telenovela is the fashion of every season.
INTRODUÇÃO.................................................................................... 8
1 MODA E CULTURA............................................................................ 10
1.1 Moda para satisfazer desejos.............................................................. 10
1.2 A moda como cultura........................................................................... 13
1.3 A moda brasileira: da cópia ao estilo próprio ..................................... 16
1.4 A moda na mídia: o palco do espetáculo da moda ............................ 19
2 TELEVISÃO E TELENOVELA .......................................................... 24
2.1 Televisão: o Brasil se vê aqui ............................................................. 25
2.2 Telenovela: paixão nacional ............................................................... 29
2.3 Telenovela e moda: figurinos que criam tendências .......................... 34
3 A ANÁLISE........................................................................................ 38
3.1 Metodologia ........................................................................................ 38
3.2 Sinopse da telenovela Ti Ti ti: versão original e remake .................... 40
3.3 Figurinos dos personagens ................................................................ 47
3.3.1 Jacques Leclair .................................................................................. 52
3.3.2 Victor Valentin .................................................................................... 54
CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................. 57
REFERÊNCIAS.................................................................................. 59
ANEXOS ........................................................................................... 63
8
INTRODUÇÃO
1
Informações disponíveis em: <http://fernandaedarcycerc2010.blogspot.com.br/2010/04/moda-anos-
2000.html>. Acesso em: 06/12/2012.
9
1 MODA E CULTURA
O fenômeno moda, tal como conhecemos, com sua lógica serial, seus
mecanismos de obsolescência e sua constante renovação de cores,
modelos e tecidos efetivou-se enquanto consumo de massa somente na
metade do século XX. No início de seu surgimento, que ocorreu no
Ocidente no período do Renascimento, a moda limitava-se à Corte, e era
utilizada como ornamento diferenciador e distanciador entre nobreza e as
camadas burguesas (TRINCA, 2004, p. 48).
Para constituir seu mercado, a moda se alia aos desejos dos indivíduos.
Desse modo, quando o indivíduo se identifica com o produto passa a querê-lo não
por necessidade.
2
Revolução industrial foi um conjunto de mudanças que aconteceram na Europa nos séculos XVIII e
XIX. A principal particularidade dessa revolução foi a substituição do trabalho artesanal pelo
assalariado e com o uso das máquinas; marca o início do desenvolvimento do capitalismo; da
produção e consumo em massa; desenvolvimento das cidades etc.
Fonte:http://www.sohistoria.com.br/resumos/revolucaoindustrial.php. Acesso em: 12/12/2012.
3
Alta-Costura (ou Haute-Couture, no original) é uma marca registrada, que somente pode ser
utilizada por estilistas que integram o Chambre Syndicale de la Haute Couture, criado em 1968,
presidido por Didier Grumbach. O termo “Alta-Costura” é protegido legalmente. Quem o utiliza de
forma incorreta pode sofrer um processo. Fonte: <http://mondomoda.wordpress.com/2011/05/15/alta-
costura/>. Acesso em: 10/12/2012.
4
Mensagens de um sutiã, escrita por Carmen Guerreiro, foi publicada na revista Língua Portuguesa,
ano 8, número 83, setembro de 2012.
5
Jo Souza é professora na Universidade Anhembi Morumbi, coordenadora da pós-graduação em
comunicação e cultura de moda do Centro Universitário de Belas Artes (SP) e professora de cursos
de moda na Escola Panamericana de Arte e na Escola São Paulo.
13
Uma nova maneira de ver, usar e interpretar a roupa [...] harmonia na caída
do tecido e adaptação do modelo às formas do corpo [...] a alma da roupa é
conferida por quem a veste. A escolha de uma roupa não indica apenas
preferência, e sim algo a mais que, consciente ou inconscientemente,
desejamos aparentar (PEZZOLO, 2009, p. 32).
6
Fontes: Portais da Moda Disponível em:
http://www.portaisdamoda.com.br/noticiaInt~id~13661~n~afinal+o+que+e+uma+tendencia+de+moda.
htm> e Estudando Moda. Disponível em: <http://blig.ig.com.br/estudandomoda/2009/07/12/o-que-e-
tendencia-afinal/comment-page-1/>. Acessos em: 16/11/2012.
14
[...] a vida social não é, simplesmente, uma questão de objetos e fatos que
ocorrem como fenômenos de um mundo natural: ela é, também, uma
questão de ações e expressões significativas de manifestações verbais,
símbolos, textos e artefatos de vários tipos, e de sujeitos que se expressam
através desses artefatos e que procuram entender a si mesmos e aos
outros pela interpretação das expressões que produzem e recebem
(THOMPSON, 2007, p. 165).
7
Informação retirada do site Projeto Autobahn. Disponível em:
<http://www.anos80.com.br/lembrancas/moda.html>.Acesso em: 11/09/2012.
8
Site da Rede Globo de Comunicação, categoria de dramaturgia, novelas, TiTiTi 1ª versão; contendo
depoimentos do elenco envolvido na novela e pesquisas de livros. Disponível em:
<http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo>. Acesso em: 111/09/2012.
16
Muitos figurinos usados no cinema são copiados e usados fora das telas.
Grande exemplo foi o figurino usado por Audrey Hupburn no filme A Bonequinha de
Luxo, de 1960: vestido preto, colar de perolas, que ainda hoje é referência de
elegância (PEZZOLO, 2009). Outro exemplo são bandas como os New Romantics,
que tiveram seu estilo adaptado pelos brasileiros. Eles usavam lenços que cobriam o
pescoço inteiro e calças sociais, que foram substituídos por golas altas e calças
semi-baggy. Já que no Brasil as calças de altíssimo padrão feitas de linho, estavam
fora do padrão econômico e da realidade da maioria da sociedade (IGNÁCIO, 2009).
Essas cópias e adequações ao clima brasileiro deram o passo inicial para a
construção de uma moda brasileira. Dessa forma, considera-se que a moda é
referência para compor enredos retratando a vida social.
9
Informação retirada do documentário História da moda no Brasil: série de 4 programas de 26
minutos que fazem uma leitura antropológico/histórica da moda no Brasil, tendo como costura a
discussão da moda brasileira, produzido em 2010. Veiculados na TV Cultura em 2011. Realizado pelo
historiador de moda João Braga, professor de história da moda da Faap (Fundação Armando Álvares
Penteado), em São Paulo e o jornalista Luís André do Prado.
17
[...] mulher brasileira que inspirar-se na França ou na Itália não quer dizer
que não se tenha espírito criador. Sábios, cientistas, artistas e literatos não
buscam sabedoria nos quatro cantos do mundo?(SEIXAS 2001 p. 251, apud
NEIRA, 2011, p.2).
10
Funcionou muito eficientemente nos anos 1930, perdurando até 1977. Foi o endereço do mais alto
luxo em peles e roupas femininas no Brasil, tendo importado peças de estilistas famosos e, mais
tarde, confeccionando cópias idênticas. Esse tipo de ação, no decorrer dos anos 1940, era vista como
incentivo à indústria nacional (NEIRA, 2011, p. 2).
18
compor seu estilo (DWYER, 2004). No decorrer de sua história, a moda brasileira
aprendeu a usar elementos, tendências estrangeiras a seu favor. Adaptando-os ao
nosso clima, ponto que nos diferencia dos europeus; e às diversidades culturais
encontradas no país.
Segundo depoimento de Walter Rodrigues ao documentário História da
Moda no Brasil, para compor a indumentária do Brasil não se faz necessário usar
elementos folclóricos. “Ela é brasileira por que é feita por brasileiros e a sua
essência está contida no DNA, constituída pela relação com todo o entorno no qual
o brasileiro fica suscetível.” (RODRIGUES, apud BRAGA E PRADO, 2011, parte 2).
Tufi Duek (apud BRAGA e PRADO, 2010), pioneiro em estudar e aplicar
elementos tipicamente brasileiros em sua moda, como a sensualidade, o samba e a
praia, fala que são esses elementos que compõem o vestuário na brasileiridade. É
nessa composição que a história da moda brasileira é composta. Neira (2011)
concorda ao dizer que cada peça do vestuário agrega um valor expressando um
sentido e uma individualidade, estabelecidos como mediações sociais e reunindo
características da produção cultural.
Estados Unidos que fez as pessoas adotarem termos como: look (no lugar de
visual), t-shirt (para dizer camiseta) e make-up (em vez de maquiagem).
Assim, Jo Souza (apud GUERREIRO, 2012) afirma que a referência
brasileira é internacional, mas tem suas particularidades.
Por isso, para muitos estilistas, não basta usar apenas artefatos da
cultura do Brasil. Colocar nas peças rendas tipicamente brasileiras ou fuxicos, não é
moda brasileira. Ela é formada por todos os aparatos desde sua criação, tecidos,
comercialização e tudo que a envolve, executada por brasileiros. Já que um estilista
de fora pode pegar elementos culturais e assim montar uma coleção. Portanto,
moda brasileira é toda rede de interligações até a conclusão do produto final, mesmo
que este sofra inspirações de outras modas (BORGES, apud BRAGA e PRADO,
2010).
Inspirações essas que também foram difundidas pela televisão a partir do
poder das imagens que colaborou para difundir as tendências e encontrou na
telenovela uma aliada (COSTA, 2012). Os editoriais de moda das revistas atraem
atenção e se tornam responsáveis pela seleção dos estilos e dos talentos lançados
(CALLAN, 2009).
[...] observamos que a comunicação vai dar suporte à moda que se cria e
que se coloca no corpo, a qual ganha as passarelas, vitrines, páginas de
revistas e jornais, programas de televisão e sites da internet para então ser
admitida e aclamada nas ruas (GARCIA e MIRANDA, 2007, p. 81 apud
CUNHA, 2009, p. 19).
Esses eventos são veiculados até que a informação sobre ele se esgote e
surjam outros eventos. Ao explorar com especialistas da área, são atribuídas às
mídias impressas uma seriedade maior que as mídias virtuais. Mais duráveis, são
diferentes da televisão e do rádio que têm tempo determinado, elas podem ser
consultadas a qualquer momento (FIGUEIREDO, 2005, apud MOREIRA e
NICHELLE, 2010).
A televisão também colabora para a promoção da moda. Mídia de grande
importância por contemplar um grande número de telespectadores no Brasil e no
mundo. Para Cunha (2009), enquanto as revistas estão concentradas em um público
específico, a TV alcança um número maior de público, tendo a televisão brasileira a
telenovela como principal meio midiático cultural.
Em complemento Scoralick (2010) aponta que ocorre um processo de
identificação com os personagens, ou seja, eles transmitem as representações a
serem seguidas, seja de roupas, joias, corte de cabelos etc., direciona as atenções
para a moda.
A autora destaca que isso é devido à identificação do público com o
gênero. As roupas usadas pelas personagens viram “moda” entre as pessoas, até
mesmo seus acessórios. Como foi o caso do figurino da personagem Júlia Matos em
Dancin’Days (1978). Criado pela figurinista Marília Carneiro era composto por meias
lurex coloridas e salto alto, acompanhado de uma calça de jogging de cetim com
listras laterais, esse visual consagrou a novela e as mulheres na rua andavam
22
vestidas de Júlia Matos (CARNEIRO, 2003). Além da novela estar em sintonia com a
febre do disco music dos anos 197011.
A telenovela ocupa esse espaço, pois é detentora de uma grande
visibilidade.
Todas as diferentes mídias fazem com que a moda seja, segundo Kellner
(2001), um dos focos principais da indústria cultural. Tudo que existe ao seu redor,
desde produtores, modelos e estilistas. Em torno da moda, existe um espetáculo do
consumo, gerando a cada novo desfile uma grande divulgação. Esse espetáculo
segundo o autor estabelece o que é válido dentro do mundo de tendências.
Thompson (2007) reforça esse pensamento. Para ele, a indústria cultural
está envolvida não somente com a transmissão e apoio às formas culturais, mas
também com a transformação das formas, destacando que seu papel é fundamental.
11
Disponível em: < http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/novelas/dancin-
days/cenas-marcantes.htm>, acesso: 1/11/2012.
23
2 TELEVISÃO E TELENOVELA
A moda ganhou, durante sua história, um forte espaço dentro dos meios
de comunicação. A televisão, mídia poderosa e abrangente, consolida a moda
através de sua inserção no contexto das telenovelas, já que elas despertam desejos,
difundem, criam e reinventam moda (POZATTO, 2008).
Segundo pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE, 2009), mais de cinco mil municípios do Brasil dispõem de rede de cobertura
para canais televisivos. De acordo com o censo de 2009, a televisão está presente
em 95,7% dos domicílios brasileiros. Assim é possível verificar a amplitude da
televisão e o porquê de ela ser uma das maiores fontes de lazer, cultura e
informação do país.
O telespectador através da televisão recebe informações que trazem
cultura, divertimento e conhecimento. A informação é transmitida para os diversos
públicos, onde uma considerável maioria tem, através do veículo de comunicação
audiovisual, uma ponte para interagir com a sociedade.
No artigo Os Maias – A literatura na televisão (2004)11 12 , os autores
informam que a televisão se tornou um fenômeno desde seu surgimento,
concentrando a atenção da sociedade. Apontam ainda que esse produto cultural
atinge mais de 150 milhões de brasileiros, onde muitos deles o têm como único meio
de interligação com o mundo, atuando como formador de opinião desses indivíduos.
A televisão, de acordo com Bolano (2004), por ser um meio de grande
alcance, centraliza para si boa parte do “bolo publicitário”, tornando-a alvo da
concentração das competições da indústria cultural. A afirmativa também é feita por
Lopes (2003, p. 18); segundo a autora, a “televisão dissemina a propaganda e
orienta o consumo que inspira a formação de identidades”. Nesse sentido é que
telenovela e televisão se encontram. Pois, podem ser capazes de fazer o público
confiar e seguir seu conteúdo.
Neste capítulo, trabalhamos com a televisão e a telenovela como partes
importantes da construção da história brasileira. Trabalhando com autores que
conversam entre si para analisar a identificação da sociedade com esses produtos;
12
BRASIL JUNIOR, Antônio da Silveira; GOMES, Elisa da Silva; OLIVEIRA, Maíra Zenun de. Os
Maias, a literatura na televisão. Revista Habitus: revista eletrônica dos alunos de graduação em
Ciências Sociais – IFCS/UFRJ, Rio de Janeiro, v. 2, n. 1, p.5-20, 30 mar. 2004. Anual. Disponível em:
<www.habitus.ifcs.ufrj.br>.
25
13
Informações retiradas do site: <http://www.viagemacores.com/2011/10/historia-da-tv-brasileira-
1950.html>. Dividido em seis partes, os posts do blog Viagem a Cores contam a história da televisão
brasileira destacando seus principais programas. Acesso em: 3/11/2012.
26
14
Videotape: gravações dos programas em fitas. Com a chegada desses equipamentos se permitia
fazer gravações e levá-las de uma cidade para outra para ser transmitidas para as outras cidades.
15
Sistema comercial foi o modelo de vendas de anúncios para a televisão. O modelo foi inspirado no
sistema já usado pela televisão dos Estados Unidos.
27
16
Segundo o site, Viagem a Cores, texto de Adolfo Ifanger, o Jornal Nacional era apresentado entre
duas novelas, um das 19h e a outra das 20h. Com 35 min de duração o jornal revolucionou o
jornalismo da TV brasileira, por ser o primeiro a ser exibido em rede nacional, ter correspondentes no
exterior e uma apresentação requintada. Disponível em:
<http://www.viagemacores.com/2011/10/historia-da-tv-brasileira-1950.html>. Acesso em: 26/11/2012.
17
Merchandising é a operação de planejamento necessário para colocar um produto no mercado,
publicidade inserida dentro dos programas, fora do intervalo, como durante as cenas de uma novela
um personagem fala ou usa algum produto (RAMOS, 1986).
28
o contrato acabou ele passou a usar “Terezinha!”, que ficou eternizado na televisão
(BRAUNE e RIXA, 2002).
O sustento das emissoras pela publicidade era evidente; nessa época,
duas novas emissoras entram na briga por audiência, o SBT e a TV Manchete. Cada
vez mais, passam a usar de artifícios para disputar a concorrência pelo
telespectador. Quanto maior a audiência maior o lucro da empresa de televisão
(BOLANO, 2004).
Na década de 1990, o aparelho de televisão lidera a lista dos itens
domésticos mais vendidos. Hamburger (1998) afirma que o Brasil é o quarto
colocado numa lista de oito países e o único que não é do hemisfério norte. No ano
de 1991, a televisão brasileira também ganha destaque por conter apenas 19% de
programação importada. Essa porcentagem se deve ao fato de o Brasil ter invertido
o jogo e passado a exportar as suas novelas para o mundo (HAMBURGER, 1998).
No decorrer dos seus mais de 50 anos de história, a televisão
principalmente por meio das telenovelas, mostra as vivências e mudanças da vida
dos brasileiros. Como coloca Lopes (2003): “[...], pois ela pode ser vista através de
expressivo movimento pendular, tanto como uma vitrina de consumo (roupas,
utensílios, casas, carros, estilos de vida, enfim) quanto um painel de temas sociais.”
(p. 21).
Trazendo elementos sociais no conteúdo de sua programação e pontos
para se trabalhar as relações na sociedade, a televisão interfere diretamente no
comportamento dos brasileiros. Pois desta forma internalizam valores transmitidos
de forma cordial por seus produtores que estão envolvidos em uma rede que
caracteriza as relações no país.
Leal (1986) reforça sobre o hábito de assistir a novelas e de possuir um
aparelho de TV em casa. Para a autora, esses costumes são partes integrantes da
vivência popular, permitindo o acesso ao que ela denomina de “saberes legítimos”.
“O aparelho de TV é ostentado como bonito porque ele é modernidade, e ostenta-se
com ele o poder aquisitivo da posse a prestações” (LEAL, 1986, p. 38-39), é desta
forma que o aparelho de televisão passa a ser reconhecido dentro do universo
doméstico.
A televisão possui uma atividade intensa na sociedade brasileira, pois
reproduz as representações das desigualdades e descriminações. De acordo com
Lopes (2003), são nesses pontos que os personagens são criados. Baseada nesses
apontamentos, a autora afirma essa identificação do público com o veículo.
29
escrito pelo cubano Felix Caignet. A trama ficou um ano e nove meses no ar, a
aprovação do público foi tamanha que o capítulo final da novela contou com um
show, com todos os personagens, no estádio Maracanãzinho (RAMOS, 1986).
Para Moreira (2010), telenovela é uma “ficção diária aberta”, portanto,
suscetível a mudanças de acordo com a vontade da emissora ou do próprio público.
Ortiz (1993 apud Souza p. 54) fala que a forma narrativa que a novela herdou dos
folhetins melodramáticos foi fundamental para sua fase inicial, devido às reações
que provoca no público.
Completando, Eduardo (2005) explica que telenovela não é somente um
gênero na programação da televisão, mas um “produto complexo e dinâmico da
cultura”, proveniente da era dos meios de comunicação de massa 18 . Para os
autores, os aspectos em torno da telenovela foram ao longo da história se
modificando, utilizando técnicas, conceitos e uma linguagem própria para tratar de
assuntos atuais.
Ela se tornou um sucesso e criou nos telespectadores o hábito de
acompanhar a trama cotidiana. Para Fadul (2002), o sucesso das telenovelas está
relacionado à televisão.
É importante ressaltar que esse sucesso está relacionado com o fato de que
a televisão brasileira chega a quase todos os lares, sendo poucas as
regiões do País sem acesso a ela. Portanto, se a televisão tem essa
difusão, percebe-se que é impossível compreender a sociedade brasileira
sem compreender este veículo. (FACUL, 2002, p. 58).
18
“Comunicação de massa é uma característica fundamental da sociedade de massa à qual está
ligada de forma indissolúvel. Proporcionada pelo surgimento no século XIX das indústrias culturais
[...] O grande fato cultural que cerca a televisão é que, a partir dos anos 50, ela passou a centralizar
os debates sobre a cultura de massa [...]” (FADUL, 2002, p. 57-58).
19
“A programação horizontal significa, em resumo, a estratégia utilizada pelas emissoras para
estipular um horário fixo para determinado gênero todos os dias da semana, com o objetivo de criar
no telespectador o hábito de assistir o mesmo programa nesse horário.” (SOUZA, 2004, p. 55).
31
20
Marca de higiene pessoal muita famosa nas décadas de 1980 e 1990.
33
(BRAUNE e RIXA, 2002) e das meias lurex em Dancin’Days, que faziam os pés das
mulheres nas festas e ruas (CARNEIRO, 2003).
Almeida (1988, apud SOUZA, 2004) destaca que o sucesso das novelas é
o tamanho, que o formato da programação é o mesmo há a mais de 40 anos.
Exibidas de segunda a sábado, sempre nos horários de 18h às 21h, são
intercaladas por jornais e após um programa humorístico ou artístico ou especial.
Por essa constante presença é um gênero consolidado, de grande audiência,
programa da família brasileira.
Lopes (2002) compreende que a televisão e a telenovela estão inseridas
como uma instituição na vida da sociedade brasileira. Com significativo poder de
influenciar a rotina das pessoas, costuma determinar os horários de comer, de
dormir e compromissos. Para explicar o motivo da identificação do público com a
novela, Scoralick (2010) relata que a telenovela possui características marcantes,
usando temas versáteis que prendem a atenção e fascinam atraindo os mais
diversos públicos. Por possuir uma grande variedade de temas – desde os
tradicionais “água com açúcar” até “comedia pastelão” – acabam por falar sobre
problemas que estão diretamente ligados aos telespectadores.
Exemplo da variação de temas foram as chamadas da novela
Cambalacho, 1986. A novela de Silvio de Abreu que trazia chamadas que deixavam
os telespectadores curiosos ao perguntar “Você sabe o que é CAMBALACHO?”.
Antes da novela as pessoas consultavam o dicionário após, a palavra nunca mais
saiu da boca do povo (BRAUNE e RIXA, 2002, p. 157).
Assim, Andrade (2003) chega à conclusão de que o modo como
compreendemos nossa sociedade, em grande parte, é mediado pelas telenovelas.
Já que nelas encontramos diferentes tipos de cenários comuns às pessoas,
permitindo que se debatam temas que são pouco discutidos pela sociedade.
De acordo com Lopes (2003) essa identificação é dada devido a uma
“matriz capaz de sintetizar a formação social brasileira em seu movimento
modernizante”. A novela pioneira em abordar assuntos sociais foi exibida em 1968
pela TV Tupi e se chamava Beto Rockfeller, de Bráulio Pedroso, com direção de
Lima Duarte e produção de Cassiano Gabus Mendes. Baseada no estilo de vida das
grandes cidades contemporâneas, usando uma linguagem coloquial e humorística
(HAMBURGER, 1998).
34
Toda essa movimentação lida com todo o comércio que, segundo Marilia
Carneiro (2003), atrai olhares de estilistas e confecções que querem ver seu
trabalho na televisão. Em meio a todas as opções, o figurinista tem o papel de
identificar qual roupa casará melhor com cada estereótipo do personagem e com o
físico do ator.
O figurinista fica com a função de criador de tendências, pois já cria seus
figurinos pensando nelas. Para isso, é necessário que ele entenda o contexto
histórico e cultural e esteja a par das tendências futuras, as criações de figurinos
tornam-se um grande meio para o desenvolvimento da moda brasileira, sendo
portando uma das principais mídias de sua promoção (CUNHA, 2009).
As tendências de moda lançadas pela telenovela são semelhantes às
internacionais, filtradas pelos olhos dos figurinistas. Desta forma, a telenovela passa
a legitimar as correntes de moda brasileiras (ALMEIDA, 2003 apud CUNHA, 2009).
Segundo Hamburger (2005), essa apropriação do que é representado na
telenovela pelo público ocorre devido à interação com os elementos da narrativa.
Um desses elementos é moda que tanto pode ser os figurinos usados pelos atores,
como seus acessórios, carros, bordões etc.
21
Em Dancin’Days o visual de Júlia Matos lançou as meias lurex com sandálias de salto alto fino e com uma
calça de jogging de cetim com listras laterais, para completar o visual que consagrou a novela. Fonte:
http://memoriaglobo.globo.com/programas/entretenimento/novelas/dancin-days/figurino-e-caracterizacao,
acesso em 2/11/2012.
37
3 A ANÁLISE
3.1 Metodologia
destaque que a telenovela tem entre os gêneros desse veículo. Para trabalharmos
com esse meio de comunicação, além da pesquisa bibliográfica, utilizamos da
análise documental.
Após o reencontro com André Spina, descobre como ele está ganhando
dinheiro como costureiro e revolve entrar no ramo. Pois conhece Titia, uma mulher
com problemas mentais que cria vestidos elegantes para suas bonecas, e tem a
ideia de usar os vestidos como modelos para suas criações.
22
Disponível em: <http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-
230814,00.html>. Acesso: 09/12/2012.
41
O sucesso de Victor Valentin foi tanto que logo Ari montou seu próprio
ateliê. Imediatamente o estilista espanhol estava com uma grande equipe
formada por Nicole (Lucia Alves), Chico (José Mayer), Ana Maria (Thaís de
Campos), Lídia (CleydeBlotta) e o mordomo Leitinho (Nestor de Montemar)
além das modelos da marca Victor Valentin. O ateliê foi palco das cenas
mais inusitadas por conta do provocante Victor Valentin, que fazia questão
de seduzir suas clientes as deixando loucas de desejos por causa do
sotaque espanhol do estilista sussurrando em seus ouvidos (MEMÓRIA
GLOBO, 2012).
23
Disponível em: <http://www.mundonovelas.com.br/2011/03/ti-ti-ti-vamosrecordar.html>. Acesso:
09/12/2012.
42
24
Disponível em: <http://www.teledramaturgia.com.br/tele/tititi85.asp>. Acesso: 09/12/2012.
43
Com seu extremo bom gosto, Jaqueline percebe que o problema dos
vestidos de Jacques Leclair é o excesso de informação: as roupas são bem
cortadas, mas há muitos brilhos e babados. Ela começa a editar as
criações, fazendo pequenas adaptações nos croquis originais e
transformando os vestidos em peças sofisticadas, levando o estilista a se
dar conta de que precisa daquela mulher como seu braço direito. Além
disso, Jaqueline é a chave das portas do high society que Jacques tanto
almeja, graças a sua rede de relações sociais. Ela é grande amiga de Stela
(Mila Moreira), personalstylist que dá consultoria a empresas e
personalidades, e que tem uma coluna na conceituada revista Moda Brasil.
Com Jaqueline a seu lado, o nome de Jacques Leclair finalmente começa a
aparecer (MEMÓRIA GLOBO, 2012).
25
Disponível em: <http://memoriaglobo.globo.com/Memoriaglobo/0,27723,GYN0-5273-
278173,00.html>. Acesso em: 09/12/2012.
44
Por não saber administrar seu dinheiro, porém, perdeu tudo depois de
apostar em negócios incertos. O casamento acabou, já que Ari e Suzana
descobriram ter personalidades e estilos incompatíveis. Suzana se dedicou
aos estudos, conquistou seu espaço no mercado e chegou a chefe da
revista Moda Brasil. Com o fim da fortuna de Ari, viu-se obrigada a sustentar
o ex-marido para não prejudicar os estudos do filho, que decidiu morar com
o pai. É Suzana quem paga o aluguel dos dois. Sensato, Luti sabia que Ari
precisava mais dele do que sua mãe, e optou por ajudá-lo a pagar as contas
da casa. O rapaz se divide entre a faculdade de Belas Artes e trabalhos
como garçom (MEMÓRIA GLOBO, 2012).
A web foi uma grande aliada de Ti-ti-ti, quase como se fosse mais um
personagem. Foi através de internet que muitos barracos começaram e
muitos segredos foram revelados. O site da Moda Brasil trazia as novidades
do mundo fashion, além de hospedar a coluna de Marcela, que recebeu
inúmeros relatos e dúvidas sentimentais. Nos sites, Jacques e Valentim
também investiram pesado para impressionar suas clientes, e até falaram
do dia a dia de suas produções criativas. A Drix Magazine, comandada por
Adriano, sempre trouxe notícias fresquinhas do mundo das celebridades.
Beatrice M. foi uma das grandes sensações da internet, com seus
bombásticos sobre o mundo da moda (GLOBO.COM, 2011).
26
Blogs que estavam associados ao site da telenovela por meio do site da rede Globo, TVG.
Disponível em: <http://tvg.globo.com/novelas/ti-ti-ti/index.html>. Acesso em: 09/12/2012.
46
27
No remake, é Thaísa (Fernanda Souza) quem se rebela, assumindo parte da trama que cabia à
personagem Eduarda (Betty Gofman), filha de Jaques na versão original.
47
28
Dados de pesquisa realizada pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), disponível em:
<http://www.brasilsus.com.br/noticias/8-destaques/105309-pesquisa-mostra-que-mulheres-comecam-
a-fumar-antes-que-homens.html>. Acesso em: 10/12/2012.
49
29
Disponível em: <http://www.abril.com.br/fotos/moda-novela-anos-80/?ft=1980-mila-moreira-1g.jpg>.
Acesso em: 10/12/2012.
30
Disponível em: < http://mdemulher.abril.com.br/tv-novelas-famosos/fotos/acontece/ti-ti-ti-relembre-
elenco-primeira-versao-trama-578435.shtml#14>. Acesso em: 10/12/2012.
31
Roupas prontas para vestir, vendidas em larga escala.
50
Esta não foi a primeira vez que a trama de Maria Adelaide Amaral citou
outras novelas. "Ti-Ti-Ti" parte da junção de dois antigos sucessos de
Cassiano Gabus Mendes - "Ti-Ti-Ti", de 1985, e "Plumas e Paetês", de 1980
- e tem homenageado a obra do autor com a participação de personagens
criados por ele em outras novelas. Já apareceram Mário Fofoca (Luiz
Gustavo em "Elas por Elas", de 1982) e KikiBlanche (Eva Todor em
"Locomotivas", de 1977). A "divina" Magda, vivida por Vera Zimermann em
"Meu Bem Meu Mal" (1990), e Rafaela Alvaray, Marília Pêra em "Brega e
32
Chique" (1987) (GUIA DA SEMANA, 2010 ).
32
Disponível em: <http://www.guiadasemana.com.br/em-casa/noticia/as-referencias-de-ti-ti-ti>.
Acesso em: 10/12/2012.
51
33
Palavra em inglês significa moda.
34
Entrevista disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=68AzdvbnKd8>. Acesso em:
10/12/2012.
52
35
Disponível em: <http://gentefutil.blogspot.com.br/2010/07/estilo-mabi-da-novela-ti-ti-ti.html>. Acesso
em: 10/12/2012.
36
Disponível em: <http://blogdacamila-blog.blogspot.com.br/2011/03/moda-de-novela-valquiriade-
tititi.html>. Acesso em: 11/12/2012.
53
37
Disponível em: <http://televisao.uol.com.br/novelas/tititi/2010/09/15/alexandre-borges-e-figurinista-
da-globo-contam-como-o-figurino-de-jacques-leclair-foi-criado.jhtm>. Acesso: 11/12/2012.
38
Entrevista da autora Maria Adelaide Amaral sobre as diferenças das novelas. Disponível em: <
http://tvg.globo.com/novelas/ti-ti-ti/Fique-por-dentro/noticia/2010/07/maria-adelaide-amaral-
homenageia-cassiano-gabus-mendes-em-ti-ti-ti.html>. Acesso em: 09/12/2012.
54
roupas eram justas, casacos na altura da cintura, com uma faixa larga usada abaixo
da linha da cintura, uma boina e um aplique de rabo de cavalo.
Na versão de 2010, o estilista era interpretado por Murilo Benício, seu
figurino seguia a mesma linha da versão original, as diferenças ficavam por conta
das aplicações das roupas. Inspirado no estilista John Galliano, para criar um visual
mais moderno e ousado para o falso estilista, Victor Valentin (MEMÓRIA GLOBO,
2012). As roupas traziam estampas de flores, os casacos de toureiro eram mais
trabalhados com pedrarias, babados no peitoral das blusas. As boinas
permaneciam, juntamente com os sapatos. Outro detalhe diferencial eram as calças
que encurtavam e ganhavam meias brancas para combinar com os sapatos
(CARNEIRO, 2010).
As criações do Victor Valentin da versão original possuíam toda a
exuberância dos anos 1980: laços grandes, muitos babados, ombros largos e brilho.
Os vestidos criados por Valentin do remake eram inspirados em épocas passadas.
Já Victor Valentim, que se inspira nos vestidos de boneca feitos por uma
senhora que na verdade é a mãe de Jacques Leclair – desaparecida e
desmemoriada –, apresenta-se com um estilo inspirado nos anos 50, mix de
Dior, Nina Ricci e Balenciaga (GLOBO.COM, 2010).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise proposta por este trabalho concentra-se nos figurinos usados pelos
personagens nas duas versões da telenovela Tititi; original de 1985 e remake de
2010. Portanto, desse gênero televiso, foram extraídos subsídios para a composição
do estudo comparativo da moda representada para distinguir as épocas em que
cada novela se situa; analisando como a moda pode ser utilizada para caracterizar
perfis sociais.
Concorda-se, portanto, com Pezzolo (2009), que compreende a capacidade da
moda em traduzir a expressão e os costumes de cada momento histórico, através de
suas mudanças. A telenovela utiliza a moda para repassar as tendências da época a
qual a historia é baseada.
Por meio das características analisadas das personagens das duas versões, é
perceptível que, apesar de ter o mesmo enredo principal, as novelas demonstram
alterações. O figurino se adequa ao cenário de moda do período em que a
telenovela é ambientada. Pois, os figurinistas vestem as personagens de acordo
com a necessidade do roteiro, concordando com o conhecimento de Cunha (2009).
Os figurinos usados na primeira versão retrata a moda composta de exagero
da década de 1985, afirmativa feita por Ignácio (2009) e constatada durante os
capítulos assistidos. De acordo com o material estudado, as tendências lançadas
durante a telenovela foram reproduzidas pelo público. Comprovando que o
pensamento de Almeida (2003) está correto ao dizer que o telespectador reproduz
aquilo que se identifica.
A reprodução é possível, porque a moda transmitida pela telenovela repassa
algo atual. Usar o que passa na telenovela significa estar por dentro da moda. Ou
seja, a adaptação realizada no remake é para promover a identificação, afinal a
telenovela aborda um assunto tão presente, a moda.
As diferenças detectadas durante a análise da telenovela de 2010
acompanham a contemporaneidade e diversidade próprias dos anos 2000. Os
diversos estilos, a utilização de referências de outras décadas e a presença da
tecnologia como aliada espelham o cenário vivido na época.
A moda ganha como aliado a internet, passando a ter sites e blogs
especializados no assunto, que colaboram para a maior difusão do conteúdo. As
emissoras passam a ter páginas voltadas especialmente para cada novela,
vendendo produtos usados pelos personagens.
58
Essa inovação traz melhorias, mas também ajuda a reforçar a alienação sofrida
pelo público em relação a televisão. O conteúdo criado faz com que os personagens
pareçam mais reais ainda, aumentando a afinidade e criando uma falsa realidade
para os expectadores. Fazendo referência aos blogs de moda, podemos utilizar de
reflexão semelhante, já que mostram um mundo da moda bem diferente da
realidade de quem consome o conteúdo publicado pelas blogueiras.
Outra característica percebida durante a construção da análise foi as
referências para a montagem dos personagens Victor Valentin e Jacques Leclair. A
pesquisa mostrou que as figurinistas se basearam em estilistas diferentes para fazer
a composição. As diferenças se apresentam já na nomenclatura usada. Antes
chamados de costureiros, 25 anos depois estes são chamados de estilistas. Os
franceses eram responsáveis pelas tendências dos anos 1980; em 2010, a moda se
volta para os norte-americanos e britânicos.
As diferentes versões mostram que mesmo se tratando de um mesmo, quando
se trabalha com uma outra época é necessário alterações para adaptar a nova
realidade da sociedade em que a novela será situada. Na segunda versão a historia
sofre alterações para acompanhar as atualizações que o mundo da moda sofreu.
Mesmo contando similaridades, as adaptações foram necessárias para que a
contextualização não perdesse o sentido.
Durante toda a análise pode-se notar que a moda mantém uma relação com a
cultura e a telenovela faz uso dela para compor seus figurinos. É possível constatar,
através das comparações, que as representações são inspiradas na vida social de
cada ano. Englobando todos os aspectos em torno da determinada época na qual a
telenovela foi trabalhada. Pode-se notar quando se há reprodução de estereótipos e
estigmas já existentes na nossa sociedade, como é o caso de associar a
homossexualidade aos estilistas.
Parte-se do ponto que todos os figurinos apresentados são construídos,
através de um estudo sociocultural. Portanto para que cada versão faça sentido para
sua época, as características da moda e da cultura da sociedade de cada ano
devem ser representadas em seus personagens. A moda é sim utilizado como
principal ponto de partida para a representação de cada época e os figurinos
acabam por influenciar na vida social.
59
REFERÊNCIAS
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In: Celacom 2010. São Paulo, 2010.
62
ANEXOS
Capítulo1 - http://www.youtube.com/watch?v=xYqvyrkv0AE
Capítulo 2 - http://www.youtube.com/watch?v=--VKWidkFx4
Capítulo 3 - http://www.youtube.com/watch?v=4EltXhcfTgc
Capítulo 4 - http://www.youtube.com/watch?v=zcXps0bHWPQ
Capítulo 5 - http://www.youtube.com/watch?v=wDfyhJGxR_8
Capítulo 6 - http://www.youtube.com/watch?v=wDfyhJGxR_8
Capítulo 7 - http://www.youtube.com/watch?v=jG-Lbzt8Yew
*Capítulo 22 - http://www.youtube.com/watch?v=DJS0jNf-ov8
Capítulo 24 - http://www.youtube.com/watch?v=0ZQOXj4-rY0
Capítulo 27 - http://www.youtube.com/watch?v=4zJfnZlB31E
*Capítulo 1 - http://www.youtube.com/watch?v=gAQxNqol0-o
http://www.youtube.com/watch?v=-6pHRjvKCJc
http://www.youtube.com/watch?v=U16j4ZjYFIY
http://www.youtube.com/watch?v=XFUl7Yc6KbA
ANEXOS
Alexandre Borges interpreta André Spina, que adotou a alcunha de Jacques Leclair.