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CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA

DE MINAS GERAIS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ELÉTRICA
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA
ELÉTRICA

I NTEGRAÇÃODE FONTES RENOVÁVEIS EM


EDIFICAÇÕES – E STUDO DE CASO

Brenda Alves de Oliveira Reis


Junho de 2017
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Departamento de Engenharia Elétrica
Av. Amazonas 7675 – Nova Gameleira – Belo Horizonte – MG - Brasil

Brenda Alves de Oliveira Reis

I NTEGRAÇÃO DE FONTES RENOVÁ VEIS EM


EDIFICAÇÕES – E STUDO DE CASO

Trabalho de Conclusão de Curso submetida


à banca examinadora designada pelo
Colegiado do Departamento de Engenharia
elétrica do Centro Federal de Educação
Tecnológica de Minas Gerais, como parte
dos requisitos necessários à obtenção do
grau de bacharel em Engenharia Elétrica.

Área de Concentração: Sistemas Elétricos de


Potência
Orientador(a): Profa. Dra. Patrícia Romeiro
da Silva Jota
CEFET-MG

Belo Horizonte
Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais
Junho de 2017
Folha de Aprovação a ser anexada
Aos meus pais, Davidson e Bianca,
e aos meus irmãos Otávio e Álvaro.
Agradecimentos

Agradeço a toda minha família, meu pai, Davidson e minha mãe, Bianca, aos meus
irmãos, Otávio e Álvaro, que sempre me apoiaram em minhas decisões importantes.
Ao meu querido Alessandro por estar ao meu lado sempre com muito carinho e
amor, confortando-me nos momentos difíceis e apoiando minhas decisões.
À professora Patrícia, a quem admiro e respeito pela sua sabedoria desde que a
conheci. Agradeço por ter aceitado o convite para ser minha orientadora e pela paciência e
disposição que sempre teve em me auxiliar durante o desenvolvimento deste trabalho.
Aos demais professores com quem tive o privilégio de aprender, agradeço por tudo o
que me ensinaram. Sem o auxílio de vocês e a maneira singular com que cada um me
ensinou algo, eu não teria chegado hoje onde estou.
Aos meus colegas de curso e de campus que sempre estiveram ao meu lado nos altos
e baixos ao longo do curso.
Resumo

Este trabalho trata de possíveis arranjos para um sistema de geração local de


energia elétrica. Para tanto, um revisão bibliográfica prévia aborda de forma geral o que
é a geração distribuída e como tal sistema tem se expandido no Brasil e no mundo nos
últimos anos, além de apresentar um panorama do crescimento de investimentos nas
principais fontes de energia alternativa utilizadas neste tipo de geração.
É feito um projeto de aperfeiçoamento de um sistema de geração distribuída
integrado a uma edificação com a adição de uma fonte complementar e de elementos
armazenadores de energia, visando reduzir o consumo de energia adquirido da
concessionária local ilhando a edificação no horário de ponta, quando a tarifa é mais
cara. São adotadas como base algumas das características e medições realizadas no ano
de 2014 no prédio do Centro de Pesquisa em Energia Inteligente (CPEI) localizado no
campus II do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG).
Neste são levantados os dados referentes às cargas envolvidas, geração fotovoltaica já
existente e demais parâmetros que possibilitem a elaboração do modelo de análise.
O levantamento da curva de carga do sistema e o conhecimento da geração local
atual possibilitam a análise da necessidade de adição de uma fonte de energia
complementar e seu dimensionamento. O uso de elementos armazenadores de energia e
seus benefícios ao sistema são avaliados de acordo com determinados cenários
propostos, onde é calculado o retorno econômico de cada configuração, bem como a
viabilidade de sua implantação.
Os resultados apontam a redução do gasto com a compra de energia
complementar da concessionária para todas as configurações analisadas, porém, custos
de investimento ainda muito elevados.

i
Abstract

This work deals with possible configurations for a local electric power generation
systems. In order to do this, a previous bibliographic review generally addresses what
distributed generation is and how such a system has expanded in Brazil and the world in
recent years, as well as presenting an overview of the growth of investments in the main
alternative energy sources used in this type of generation.
A project for the improvement of a distributed generation system integrated to a
building with an addition of a complementary source and of energy storage elements is
made, aiming at reducing the energy consumption acquired from the local
concessionary, islanding the building during peak hours, when the Rate is more
expensive. Some of the characteristics and measurements carried out in 2014 in the
building of the Centro de Pesquisa em Energia Inteligente (CPEI) located at Campus II of
the Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG) are adopted
as a basis. In this system are collected the data related to the loads involved, existing
local generation and other parameters that allow the elaboration of the analysis model.
The survey of the load curve of the system and the knowledge of the current local
generation allows an analysis of the need to add a complementary energy source and its
dimensioning. The use of energy devices and their benefits to the system are analyzed
according to certain proposed scenarios, where the economic return of each
configuration is calculated, as well as the viability of its implementation.
The results point to the reduction of the cost of purchasing complementary
energy from the concessionaire for all the analyzed configurations, but still very high
investment costs.

ii
Sumário

Resumo.................................................................................................................................................. i
Abstract ................................................................................................................................................ ii
Sumário .............................................................................................................................................. iii
Lista de Figuras ................................................................................................................................. v
Lista de Tabelas.............................................................................................................................. vii
Lista de Abreviações ....................................................................................................................... ix
Capítulo 1 - Introdução ................................................................................................................ 10
1.1. Objetivos .............................................................................................................................................. 12
1.2. Motivação ............................................................................................................................................ 13
1.3. Estrutura do trabalho ..................................................................................................................... 14
Capítulo 2 – Geração Distribuída ............................................................................................. 15
2.1. Definições ............................................................................................................................................ 15
2.2. A geração distribuída na atualidade ......................................................................................... 16
2.3. GD no Brasil e no mundo ............................................................................................................... 17
2.4. Vantagens e desvantagens da geração distribuída ............................................................. 22
2.5. Principais fontes de energia adotadas ..................................................................................... 23
2.5.1. Energia solar ............................................................................................................................................... 25
2.5.2. Energia eólica ............................................................................................................................................. 26
2.5.2.1. Tipos de turbina................................................................................................................................ 27
2.5.2.2. Turbinas de eixo vertical de pequeno porte ......................................................................... 28
2.5.3. Biomassa ...................................................................................................................................................... 29
2.5.4. Pequena Central Hidrelétrica (PCH) ................................................................................................. 31
2.5.5. Armazenadores de energia ................................................................................................................... 31
2.6. Considerações finais ....................................................................................................................... 32
Capítulo 3 – Definições e Características do Ilhamento ................................................... 35
3.1. Impactos decorrentes de falha na detecção de ilhamentos ............................................. 35
3.2. Métodos de detecção de ilhamento ........................................................................................... 36

iii
3.3. O sistema ilhado ............................................................................................................................... 38
3.4. Considerações finais ....................................................................................................................... 39
Capítulo 4 – Detalhamento do Sistema Base ........................................................................ 40
4.1. Curva de demanda ........................................................................................................................... 40
4.2. Possíveis arranjos do sistema de geração local .................................................................... 42
4.2.1. Sistema de geração fotovoltaica ......................................................................................................... 42
4.2.2. Sistema de geração fotovoltaica com baterias .............................................................................. 47
4.2.3. Sistema híbrido de geração .................................................................................................................. 48
4.2.3.1. Curva de potência da turbina ...................................................................................................... 53
4.2.4. Sistema híbrido de geração com baterias ....................................................................................... 57
4.3. Análise comparativa dos arranjos ............................................................................................. 58
4.4. Análise financeira............................................................................................................................. 66
Capítulo 5 - Conclusão.................................................................................................................. 69
5.1. Trabalhos futuros............................................................................................................................. 70
Anexo A – Dados dos Fabricantes ............................................................................................ 72
Referências Bibliográficas ......................................................................................................... 75

iv
Lista de Figuras

Figura 1-1 – Modelo básico tradicional de geração, transmissão e distribuição de energia (Fonte: PÁDUA,
2006). .............................................................................................................................................................................................. 10
Figura 2-1 – Aumento do número de conexões baseadas em Geração Distribuída (Fonte: Adaptado de
BLUESOL, 2016). ........................................................................................................................................................................ 20
Figura 2-2 – Número de conexões realizadas até 2015 por estado e por região (Fonte: Adaptado de
BLUESOL, 2016). ........................................................................................................................................................................ 21
Figura 2-3 – Crescimento da capacidade de energia renovável no mundo de 2014 para 2015 (Fonte:
Adaptado de REN21, 2016). .................................................................................................................................................. 24
Figura 2-4 - Capacidade mundial de produção de energia solar e adições ao longo do período de 2005 a
2015 (Fonte: Adaptado de REN21, 2016). ...................................................................................................................... 25
Figura 2-5 - Capacidade mundial de produção de energia eólica e adições ao longo do período de 2005 a
2015 (Fonte: Adaptado de REN21, 2016). ...................................................................................................................... 26
Figura 2-6 – Modelos de rotor para turbina Darrieus. (Fonte: GUILLO, R., 2017) ................................................... 28
Figura 2-7 – Modelos de rotor para turbina Savonius. (Fonte: DÍAZ, 2015) ............................................................... 29
Figura 2-8 – Modelo típico de rotor Darrieus-Savonius. (Fonte: Eólica Fácil) ........................................................... 29
Figura 2-9 - Geração mundial de energia de biomassa ao longo do período entre 2005 a 2015 (Fonte:
Adaptado de REN21, 2016). .................................................................................................................................................. 30
Figura 2-10 – Capacidade mundial de energia hidrelétrica ao final de 2015 (Fonte: Adaptado de REN21,
2016). .............................................................................................................................................................................................. 31
Figura 4-1 – Curva de demanda prevista para o CPEI durante um dia. Elaborado pelo autor............................ 42
Figura 4-2 – Potência média diária do gerador, demanda do edifício e déficit resultante em fevereiro de
2014. ................................................................................................................................................................................................ 43
Figura 4-3 – Curva de radiação média para o mês de fevereiro de 2014. .................................................................... 43
Figura 4-4 – Potência média diária do gerador, demanda do edifício e déficit resultante em maio de 2014.
............................................................................................................................................................................................................ 43
Figura 4-5 – Curva de radiação média para o mês de maio de 2014. ............................................................................. 43
Figura 4-6 – Potência média diária do gerador, demanda do edifício e déficit resultante em julho de 2014.
............................................................................................................................................................................................................ 44
Figura 4-7 – Curva de radiação média para o mês de julho de 2014. ............................................................................. 44
Figura 4-8 – Potência média diária do gerador, demanda do edifício e déficit resultante em outubro de
2014. ................................................................................................................................................................................................ 44
Figura 4-9 – Curva de radiação média para o mês de outubro de 2014. ...................................................................... 44
Figura 4-10 – Energia média diária acumulada para janeiro de 2014. .......................................................................... 46

v
Figura 4-11 – Energia média diária acumulada para julho de 2014. .............................................................................. 47
Figura 4-12 – Velocidade do vento média em setembro de 2014. ................................................................................... 50
Figura 4-13 – Velocidade do vento média em janeiro de 2014. ........................................................................................ 50
Figura 4-14 – Velocidade do vento média ajustada em fevereiro de 2014. ................................................................. 51
Figura 4-15 – Velocidade do vento média ajustada em maio de 2014. ......................................................................... 51
Figura 4-16 – Velocidade do vento média ajustada em julho de 2014. ......................................................................... 52
Figura 4-17 – Velocidade do vento média ajustada em outubro de 2014. ................................................................... 52
Figura 4-18 – Turbina eólica Typmar modelo CXF3000-I. (Fonte: TYPMAR) ................................................................. 53
Figura 4-19 – Curva de potência da turbina. (Fonte: Adaptado de TYPMAR) ............................................................ 54
Figura 4-20 – Potência média gerada pela turbina em janeiro de 2014. ...................................................................... 55
Figura 4-21 – Potência média gerada pela turbina em setembro de 2014. ................................................................. 55
Figura 4-22 – Potência média diária solar, eólica e total para o mês de janeiro. ...................................................... 56
Figura 4-23 – Potência média diária solar, eólica e total para o mês de setembro. ................................................. 56
Figura 4-24 – Curvas de déficit energético de cada mês do ano de 2014 para cada tipo de arranjo do
sistema de geração. ................................................................................................................................................................... 60
Figura Anexo A-1 – Datasheet baterias OPzS do fabricante Victron Energy (Fonte: Adaptado de Victron
Energy). .......................................................................................................................................................................................... 72
Figura Anexo A-2 – Tabela de preços Victron Energy (Fonte: Adaptado de Victron Energy). ............................ 73
Figura Anexo A-3 – Tabela de preços TYPMAR (Fonte: TYPMAR). .................................................................................. 74

vi
Lista de Tabelas

Tabela 2-1 – Cinco principais países em capacidade de geração de energia renovável por fonte (Fonte:
Adaptado de REN21, 2016). .................................................................................................................................................. 19
Tabela 2-2 - Número de conexões e potência instalada no Brasil separados por fonte (Fonte: Adaptado de
BLUESOL, 2016). ........................................................................................................................................................................ 20
Tabela 2-3 - Alguns dos países asiáticos com maiores índices de pessoas sem acesso à energia até 2015
(Fonte: Adaptado de REN21, 2016). .................................................................................................................................. 33
Tabela 2-4 - Exemplos do uso de energia renovável distribuída para serviços de energia produtiva (Fonte:
Adaptado de REN21, 2016). .................................................................................................................................................. 34
Tabela 4-1 – Cargas consideradas no sistema. ......................................................................................................................... 41
Tabela 4-2 – Valores máximos de potência e radiação diárias médias e período de tempo em que há
registro de medição de potência maior que zero para os meses de fevereiro, maio, julho e outubro de
2014. ................................................................................................................................................................................................ 45
Tabela 4-3 – Valores finais de energia média acumulada diária para todos os meses de 2014 ......................... 46
Tabela 4-4 – Valor do déficit energético no sistema fotovoltaico para cada mês do ano no horário de ponta
(17-20h). ........................................................................................................................................................................................ 48
Tabela 4-5 – Dados de vida útil do banco de baterias. (Fonte: Adaptado de Victron Energy) ............................ 48
Tabela 4-6 – Déficit energético mensal do prédio para os sistemas fotovoltaico e fotovoltaico com baterias.
............................................................................................................................................................................................................ 49
Tabela 4-7 – Comparação entre as turbinas WS-0,15B, Falcon 600 W e CXF300-I. (Fonte: Windside;
WePower; Typmar) ................................................................................................................................................................... 50
Tabela 4-8 – Valores máximos e médios das curvas de velocidade média diária para os meses selecionados
em 2014. ......................................................................................................................................................................................... 53
Tabela 4-9 – Valores máximos e médios das curvas de potência média gerada para todos os meses de
2014. ................................................................................................................................................................................................ 54
Tabela 4-10 – Valores máximos da curva de potência do sistema híbrido e aumento percentual da energia
em termos da geração solar para todos os meses de 2014. .................................................................................... 56
Tabela 4-11 – Valor do déficit energético no sistema híbrido para cada mês do ano no horário de ponta. . 57
Tabela 4-12 – Previsão de horário para o fim do carregamento do banco de baterias selecionado para cada
mês do ano. ................................................................................................................................................................................... 61
Tabela 4-13 – Queda percentual do pico de demanda de energia da concessionária. ............................................ 62
Tabela 4-14 – Tempo de autonomia do banco de baterias totalmente carregado em cada mês para os
sistemas fotovoltaico e híbrido. ........................................................................................................................................... 63

vii
Tabela 4-15 – Tarifas definidas pela ANEEL e praticadas pela CEMIG a partir da Resolução Homologatória
n. 2.248 de 23 de maio de 2017. .......................................................................................................................................... 63
Tabela 4-16 – Previsão da energia (kWh) a ser comprada da concessionária para cada arranjo. .................... 64
Tabela 4-17 – Previsão dos custos do CPEI com a compra de energia da concessionária para cada
configuração do sistema. ........................................................................................................................................................ 65
Tabela 4-18 – Gastos com equipamentos para adaptação do sistema hoje existente no CPEI. .......................... 67

viii
Lista de Abreviações

ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica .................................................................................................................. 16


CPEI - Centro de Pesquisa em Energia Inteligente ............................................................................................................... i
CEFET-MG - Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais .................................................................... i
CEMIG - Companhia Energética de Minas Gerais ............................................................................................................. 40
EPRI - Instituto de Pesquisa de Engenharia Elétrica ...................................................................................................... 38
EUA - Estados Unidos da América ........................................................................................................................................... 18
FV - Fotovoltaica.............................................................................................................................................................................. 18
GD - Geração Distribuída ............................................................................................................................................................. 10
IEA - Agência Internacional de Energia ................................................................................................................................ 18
MME - Ministério de Minas e Energia ................................................................................................................................... 18
NDZ - Nondetection Zone ............................................................................................................................................................ 12
PCH - Pequena Central Hidrelétrica ....................................................................................................................................... 17
PLL - Phase Locked Loop / Malha de Captura de Fase ................................................................................................... 37
OPzS - Ortsfest Panzerplatte Spezial / Placa Especial Fixa .......................................................................................... 32
SEP - Sistema Elétrico de Potência .......................................................................................................................................... 10
SIN - Sistema Interligado Nacional.......................................................................................................................................... 17
TE - Tarifa de Energia ................................................................................................................................................................... 63
TUSD - Tarifa de Uso do Sistema de Distribuição ............................................................................................................. 63
UHE - Usina Hidrelétrica .............................................................................................................................................................. 21
UTE - Usina Termoelétrica.......................................................................................................................................................... 17

ix
Capítulo 1

Introdução

Os primeiros Sistemas Elétricos de Potência (SEP) implantados visavam suprir


demandas locais, a partir de usinas de pequeno porte e de forma independente. Ao longo
dos anos tal modelo evoluiu. A necessidade crescente de energia levou à construção de
usinas cada vez maiores e de um sistema integrado formado por equipamentos que
operam de maneira coordenada, a fim de fornecer energia elétrica dentro de padrões
pré-definidos de qualidade, segurança e custo, com o menor impacto ambiental possível.
A Figura 1-1 apresenta um esquema básico de um modelo de geração tradicional.

Figura 1-1 – Modelo básico tradicional de geração, transmissão e distribuição de energia (Fonte: PÁDUA,
2006).

Alguns consumidores especiais como, por exemplo, hospitais, indústrias, sistemas


de armazenamento de dados, shoppings, supermercados e telecomunicações necessitam
de fornecimento ininterrupto de energia. Para tais casos, a geração local de energia é a
melhor opção para assegurar o fornecimento em casos de falta na rede. Outros
procuram a geração local como forma de redução do consumo de energia vinda da rede
principal (MME, 2016). Dessa forma, o crescente estímulo à Geração Distribuída (GD)
tem provocado uma reestruturação do setor energético mundial e consequente busca
pelo desenvolvimento de tecnologias cada vez mais eficientes e confiáveis.
Estando a geração distribuída em evidência, vários estudos já foram
desenvolvidos sobre o tema. Alguns destes têm foco na avaliação de sistemas já
implantados (DIAS, 2005), outros, no desenvolvimento de recursos de otimização
(SEGUEL, 2009) e sincronismo do sistema com a rede principal (PÁDUA, 2006).
Dias, 2005, analisa as principais tecnologias empregadas nos sistemas já
instalados no Brasil, a influência da inserção da geração distribuída no perfil de tensão
10
em pontos próximos à instalação, as perdas envolvidas e o possível aumento de
potencial de curto-circuito que requer a reconfiguração dos dispositivos de proteção. Do
Capítulo 5, extrai-se duas conclusões principais. Ao estudar o fluxo de potência, o autor
constata que a operação com GD influencia positivamente o perfil de tensão nos pontos
próximos à sua instalação, compensando a queda de tensão relativa às perdas no
alimentador. Quanto às perdas, os sistemas que incluem a GD apresentam sempre
melhores resultados. No estudo de curto-circuito, o autor observa que a inserção de
unidades de GD no sistema de distribuição muda o fluxo de correntes nos ramos do
alimentador, exigindo a reconfiguração dos dispositivos de proteção.
Pádua, 2006, e Seguel, 2009, já apresentam enfoque no desenvolvimento de
técnicas digitais e projetos de sistemas fotovoltaicos autônomos de suprimento de
energia, respectivamente. O primeiro trata do problema encontrado no processo de
sincronização da fonte alternativa de geração distribuída à rede elétrica, mostrando que
este processo pode ser executado por meio de técnicas digitais implementadas em um
sistema de aquisição e processamento de dados, solução pouco explorada no Brasil
quando o estudo foi realizado. Pádua aponta que a escolha da técnica a ser utilizada
depende da definição do compromisso desejado entre rapidez de resposta e precisão
dos algoritmos. Seguel trata de um ponto extremamente importante do ponto de vista da
eficiência energética e do ganho econômico, pois, trata do rastreamento de pontos
ótimos e do armazenamento da energia gerada. O autor, que analisa o projeto de um
sistema fotovoltaico autônomo procurando o ponto de máxima potência para maximizar
a energia gerada, discorre sobre as dificuldades encontradas para o carregamento de
baterias de forma completa, rápida e segura.
Com relação às desvantagens da GD, muitos são os autores que escrevem sobre os
malefícios trazidos à rede em caso de ilhamento. Porém, há também estudos
desenvolvidos acerca das vantagens de um ilhamento intencional de parte de um
sistema. Londero, 2012, apresenta o estudo de umas das estratégias utilizadas em um
sistema brasileiro, analisando-o quando sujeito a variações de demanda, faltas e acerca
do nível de curto-circuito, concluindo ser possível minimizar danos e manter parte do
sistema ou cargas prioritárias ativas com o ilhamento intencional da fonte local.
Muitos são os estudos relacionados aos métodos mais adequados de detecção
local ou remota de geradores ilhados. Vieira Júnior, 2011, discute a dificuldade em tal
detecção, por parte da concessionária, com o uso de relés que medem a variação
11
dinâmica de tensão e frequência, visto que, em certos casos, o desequilíbrio de potência
é relativamente pequeno e a ocorrência de ilhamento pode ser detectada além do tempo
desejado pela concessionária ou até mesmo não ser detectada.
Merino, 2015, classifica em métodos passivos e ativos aqueles que se baseiam na
medição e monitoramento de parâmetros sem ação de controle sobre o sistema e
aqueles que introduzem variáveis externas e mudanças controladas, respectivamente.
Como método passivo, o artigo propõe a detecção de situações de ilhamento a partir das
diferenças produzidas no conteúdo harmônico da tensão. A técnica, chamada de
detecção por assinaturas harmônicas, garante cobrir todos os cenários, eliminando as
zonas de não detecção (NDZ, do inglês nondetection zone).
Muitos são os pontos que ainda podem ser abordados com relação à geração
distribuída. Dias, 2005, recomenda o estudo da questão regulatória, um levantamento da
situação em que a GD se encontra no Brasil atualmente do ponto de vista da
regulamentação, a fim de propor avanços e inspirar confiança nos investidores que
desejam investir e esperam por regras mais claras e bem estabelecidas. Pádua, 2006,
propõe a procura por novas técnicas de identificação de ilhamento com uso de
algoritmos digitais e o uso de outros tipos de controladores no desenvolvimento de
técnicas digitais de sincronização do sistema distribuído com a rede.
Este trabalho trata de possíveis configurações de sistemas de geração distribuída
integrados a uma edificação e os compara entre si e a um sistema sem geração local de
energia, a fim de contrapor seus respectivos custos, retornos financeiros, empecilhos e
pré-requisitos. O uso dos dados de um sistema já existente de geração fotovoltaica
permite o levantamento das condições necessárias à adaptação do sistema para a
geração fotovoltaica com banco de baterias, geração fotovoltaico-eólica e geração
fotovoltaico-eólica com banco de baterias, que junto à configuração original constituem
as quatro hipóteses aqui analisadas.

1.1. Objetivos

O objetivo geral deste trabalho é a avaliação de algumas das principais


configurações de sistemas de geração distribuída de energia a fim de identificar aquela
que traz maior retorno. É tomado por base, um sistema real já em funcionamento que

12
tem como fonte primária a energia solar. Serão realizadas avaliações quanto à
possibilidade da associação de outras fontes para suprir à demanda prevista e acerca do
uso de elementos armazenadores de energia. Visando a redução de gastos com a energia
vinda da concessionária, nos casos em que se considera o emprego de armazenadores,
seu dimensionamento é feito com o objetivo de suprir totalmente o sistema pelo menos
no horário de ponta. Para tanto, os objetivos específicos são:
Revisão bibliográfica sobre geração distribuída, principais fonte, bancos de
baterias e ilhamento;
Levantamento das cargas do sistema;
Determinação do modelo para o sistema tratado com base nas cargas
envolvidas;
Análise de cada configuração e dimensionamento dos principais elementos
necessários;
Análise dos resultados obtidos em cada configuração;
Avaliação do modelo mais adequado ao sistema.

1.2. Motivação

A geração distribuída, apesar de ser um assunto já amplamente estudado, vem


apresentando uma grande expansão nos últimos anos com o aprimoramento de novas
fontes de energia. Tais fontes, em sua maioria, renováveis, se apresentam cada vez mais
eficientes e acessíveis, proporcionando sistemas mais sustentáveis, com menos perdas e
menores impactos ambientais.
No entanto, o custo ainda elevado dos equipamentos de alta tecnologia e a
dependência de recursos, em sua maioria, intermitentes, faz com que os adeptos à
geração distribuída dependam de sua associação ao sistema elétrico principal para
complementar sua geração, onde estão sujeitos aos eventos nele ocorridos e sob
jurisdição das concessionárias. Apesar de interligados à rede elétrica, a geração local de
energia permite aos microgeradores a redução de seu consumo diário e, principalmente,
o controle do horário de pico, quando as tarifas das concessionárias são maiores.

13
1.3. Estrutura do trabalho

O Capítulo 1 trás uma visão geral sobre a evolução do Sistema Elétrico de


Potência tradicional e o surgimento dos sistemas de geração distribuída. São destacados
alguns dos motivos que impulsionam crescente expansão deste novo sistema e citados
alguns dos estudos desenvolvidos na área.
No Capítulo 2 é realizada a revisão bibliográfica com base em materiais já
publicados acerca da geração distribuída. O levantamento das principais definições
encontradas na literatura sobre a geração distribuída permite a definição daquela a ser
adotada ao longo do trabalho. Dados estatísticos sobre a GD no Brasil e no mundo são
reunidos a fim de reafirmar sua crescente expansão citada no Capítulo 1. São, ainda,
abordadas as principais fontes de energia aplicadas à GD atualmente, suas principais
limitações e o uso de armazenadores de energia.
O Capítulo 3 trás informações sobre o ilhamento. Sua definição, métodos de
detecção e impactos ao sistema decorrentes da possível falha de tais métodos são
discutidos com base em estudos publicados sobre o assunto. Nesta Seção são levantadas
questões sobre as adaptações que um sistema de geração distribuída requer para seu
funcionamento de forma ilhada.
O quarto Capítulo se dedica ao estudo do sistema real tomado por base neste
trabalho. Os dados coletados na instalação são apresentados e é realizada a análise das
cargas envolvidas. Neste são também propostos, detalhados e avaliados os projetos de
três novos arranjos para o sistema com o dimensionamento de uma fonte complementar
e dos armazenadores de energia necessários.
Finalmente, no quinto Capítulo, são realizadas as conclusões gerais sobre o
desenvolvimento do trabalho e recomendações sobre temas que não puderam ser
tratados neste trabalho ou que podem vir a completá-lo no futuro.

14
Capítulo 2

Geração Distribuída

A geração distribuída não é uma estrutura nova no sistema de geração de energia


mundial. Ela surgiu antes do aperfeiçoamento dos transformadores, quando a
distribuição da energia elétrica era feita para consumidores próximos à geração. Só
alguns anos mais tarde tais equipamentos foram desenvolvidos e o modelo de grandes
parques geradores e longas linhas de transmissão foi implantado.
Thomas Alva Edison tentou impor um sistema de geração, distribuição e consumo
em corrente contínua fazendo, assim, um modelo básico de geração distribuída. Seu
sistema tinha como principal limitação a alta queda de tensão devida à resistência dos
condutores utilizados e, a fim de minimizá-la, foi obrigado a gerar energia em locais
próximos aos consumidores. No entanto, eram exigidos condutores de grandes seções
para atender à crescente demanda de energia. Tal prática era muito cara, principalmente
nas zonas rurais que não dispunham de recursos para a construção de central geradora
local ou para a aquisição da grande quantidade de fios. Os conversores de tensão eram
ineficientes e, o manejo dos aparelhos, extremamente complexo. Ainda assim, a geração
distribuída de Edison prosseguiu (VERGÍLIO, 2012).
Tesla introduziu geradores, transformadores, motores e lâmpadas em sistema de
corrente alternada em novembro e dezembro de 1887 e a partir daí a geração
distribuída foi esquecida (CRUZ, 2016).

2.1. Definições

Muitas são as definições adotadas para a chamada Geração Distribuída. Segundo


Ackermann, 2001, a GD pode ser definida como uma fonte de geração conectada
diretamente na rede de distribuição ou ao consumidor. Nesta definição, a potência
instalada define sua caracterização e a divisão dos sistemas de acordo com a potência é
feita da seguinte forma:
15
Micro: potência com até 5 kW;
Pequena: potência entre 5 kW e 5 MW;
Média: potência entre 5 e 50 MW;
Grande: potência entre 50 e 300 MW.
Tais valores são considerados na realidade norte americana. No Brasil, o limite superior
da potência instalada é, geralmente, de 30 MW ou 50 MW.
Para o IEEE, geração distribuída é uma central pequena o suficiente para estar
conectada à rede de distribuição e próxima do consumidor (MALFA, 2002). Segundo
Turkson & Wohlgemuth, 2001, a GD é definida como o uso integrado ou isolado de
recursos modulares de pequeno porte por concessionárias, consumidores e terceiros em
aplicações que beneficiam o sistema elétrico e/ou consumidores específicos.
A geração distribuída foi definida de forma oficial no Brasil através do Decreto nº
5.163 de 30 de Julho de 2004 da seguinte forma:
"Art. 14. Para os fins deste Decreto, considera-se geração distribuída a produção de
energia elétrica proveniente de empreendimentos de agentes concessionários,
permissionários ou autorizados (...), conectados diretamente no sistema elétrico de
distribuição do comprador, exceto aquela proveniente de empreendimento:
I - hidrelétrico com capacidade instalada superior a 30 MW; e
II - termelétrico, inclusive de cogeração, com eficiência energética inferior a setenta
e cinco por cento, conforme regulação da ANEEL, a ser estabelecida até dezembro de 2004.
Parágrafo único. Os empreendimentos termelétricos que utilizem biomassa ou
resíduos de processo como combustível não estarão limitados ao percentual de eficiência
energética prevista no inciso II do caput." (BRASIL. Decreto n° 1.163, de 30 de julho de
2004).
Frente a tantas definições possíveis, neste trabalho será adotada como geração
distribuída a produção de energia elétrica no local onde será utilizada (ou próxima) de
forma descentralizada e independente da potência, tecnologia e fonte (INEE, 2016).

2.2. A geração distribuída na atualidade

O interesse pela geração distribuída tem se renovado por proporcionar a criação


de uma rede elétrica mais sustentável, permitindo o controle do horário de pico, a

16
redução de perdas, a diminuição dos impactos ambientais e o aumento da inserção de
fontes de energia renováveis na matriz energética. Seu crescimento tem aumentado
consideravelmente no Brasil e no mundo (LOPES, 2015).
O sistema de potência tradicional, suas tecnologias e redes utilizadas têm
funcionado bem, porém não é compatível com o novo sistema de redes elétricas
inteligentes. Uma premissa básica para implantação destas redes é a automatização de
toda sua estrutura de distribuição até o consumidor, cenário oposto ao atual. O
planejamento e os procedimentos operacionais atuais são voltados para um sistema sem
a participação do consumidor e com rede de distribuição passiva. Novos procedimentos
deverão ser criados para incluir a geração distribuída, a rede de distribuição ativa e
consumidores participativos (LOPES, 2015).
A geração distribuída reduz o transporte a longas distâncias por intermédio do
sistema interligado nacional (SIN) fazendo com que, a princípio, a qualidade do
fornecimento de energia elétrica seja superior ao do sistema convencional. Atualmente,
há a regulamentação de alguns termos por meio do Decreto nº 5.163 de 30 de Julho de
2004, dos quais se pode citar que esses empreendimentos poderão ser baseados em:
Energia solar;
Energia eólica;
Pequena Central Hidrelétrica (PCH) com potência menor ou igual a 30 MW;
Usinas Termoelétricas (UTEs), inclusive de cogeração a gás, com eficiência
energética superior ou igual a 75%.
Para as UTEs que utilizem biomassa ou resíduos de processo como combustível, não
existem restrições de eficiência (BRASIL. Decreto n° 1.163, de 30 de julho de 2004).

2.3. Geração Distribuída no Brasil e no mundo

Em países em desenvolvimento, o uso de energia renovável distribuída é


utilizado principalmente como uma ferramenta para aumento do acesso à energia (em
particular em áreas rurais); em países desenvolvidos, é a resposta à demanda por
autossuficiência e a um desejo de eletricidade confiável e de qualidade por parte dos
consumidores conectados à rede (REN21, 2016).

17
Dias, 2005, cita a posição de alguns países com relação à GD e as dificuldades
encontradas em alguns destes. No Japão há o encorajamento da geração distribuída e da
cogeração, porém, ainda há barreiras na venda de excedentes que não é permitida em
certos casos. Nos Estados Unidos, a GD é limitada por baixos preços de energia e afetada
pela variação heterogênea dos mercados dos 50 estados, além da difícil e custosa
permissão para implantação do sistema e normas ambientais rígidas em muitos estados,
limitando a GD à base de combustíveis fósseis. Apesar das dificuldades encontradas na
Holanda, como o alto preço do gás e a queda do preço da energia, o país possui geração
distribuída bem estabelecida, com mercado avançando, políticas de apoio à cogeração e
às fontes renováveis e regras já normalizadas de interconexão. O autor fala ainda sobre o
Reino Unido, onde o mercado também é aberto e a política favorece a cogeração e as
fontes renováveis, vendo a GD como um importante caminho para incrementar
competição entre produtores de energia.
Ao final de 2014, foi contabilizada uma potência total instalada de cerca de 180
GW em todo o mundo baseada em energia solar fotovoltaica, 40,3 GW a mais do que em
2013. Os dados constam do boletim “Energia Solar no Brasil e no Mundo – Ano de
Referência – 2014”, publicado pelo Ministério de Minas e Energia (MME), e apontam
que, em dois anos, o Brasil deverá estar entre os 20 países com maior geração de energia
solar no mundo (MME, 2016).
Em 2015, cerca de 44 milhões de produtos off-grid baseados em sistemas
fotovoltaicos foram vendidos, contabilizando US$ 300 milhões anuais. Neste ano, 70
países tinham alguma capacidade solar instalada ou programas implantados para apoiar
aplicações solares fotovoltaicas (FV). Além disso, milhares de minirredes baseadas em
energias renováveis estavam em operação, com os principais mercados em Bangladesh,
Camboja, China, Índia, Mali e Marrocos (REN21, 2016).
De acordo com dados da Agência Internacional de Energia (IEA), a produção de
energia solar poderá chegar a 5 mil TWh em 2050 (MME, 2016). Hoje os principais
países em potência instalada para energia solar são China, Alemanha, Japão, Estados
Unidos da América (EUA) e Itália, como se pode ver pela Tabela 2-1 que contém o
ranking dos cinco principais países em capacidade para cada tipo de fonte.

18
Tabela 2-1 – Cinco principais países em capacidade de geração de energia renovável por fonte (Fonte:
Adaptado de REN21, 2016).

CAPACIDADE
1° 2° 3° 4° 5°
ELÉTRICA
Bioenergia EUA China Alemanha Brasil Japão

Geotérmica EUA Filipinas Indonésia México Nova Zelândia

Capacidade
China Brasil EUA Canadá Rússia
hidrelétrica
Geração
China Brasil Canadá EUA Rússia
hidrelétrica
Energia solar
Espanha EUA Índia Marrocos África do Sul
concentrada

Solar FV China Alemanha Japão EUA Itália


Solar FV per
Alemanha Itália Bélgica Japão Grécia
capita
Eólica China EUA Alemanha Índia Espanha

Eólica per capita Dinamarca Suécia Alemanha Irlanda Espanha

Além dos cinco maiores países em geração de energia solar conhecidos, estão
envolvidos em tal crescimento: Reino Unido, França, Espanha, Índia e Austrália, países
que juntos somam cerca de 30 GW em 2015 (REN21, 2016). Observa-se, ainda, que
apesar da capacidade de energia que os Estados Unidos e Canadá possuem, estes
invertem os papéis quando se fala em geração hidrelétrica, sendo o Canadá o terceiro
maior país em geração e, os Estados Unidos, o quarto.
A Figura 2-1 mostra o crescimento no número de adesões ao sistema entre 2012
e 2015 no Brasil. Até o final do mês de outubro de 2014 o registro era de 1.000
consumidores e, em apenas dois meses, foi alcançado o número de 1731 conexões, um
crescimento expressivo de 308%, principalmente se comparado ao crescimento
observado nos anos anteriores.
Com relação ao tipo de fonte adotada para os sistemas implantados, segundo a
ANEEL, o montante de 1731 conexões é distribuído conforme os dados contidos na
Tabela 2-2, onde se observa a predominância da energia solar.

19
Crescimento da Geração Distribuída no Brasil
1731
1700
1500
1300

Número de conexões
1100
900
700
500 424

300
75
100 3
-100 2012 2013 2014 2015
Ano

Figura 2-1 – Aumento do número de conexões baseadas em Geração Distribuída (Fonte: Adaptado de
BLUESOL, 2016).

Tabela 2-2 - Número de conexões e potência instalada no Brasil separados por fonte (Fonte: Adaptado de
BLUESOL, 2016).

FONTE ENERGÉTICA N° DE CONEXÕES POTÊNCIA TOTAL INSTALADA (kW)


Solar Fotovoltáica 1.675 13.383
Biogás 6 951
Biomassa 1 1.000
Eólica 33 121
Hidráulica 2 829
Hibrida (Solar/Eólica) 14 281
Total 1.731 16.565

Ainda segundo a agência, o estado de Minas Gerais é aquele que apresentou o


maior crescimento do número de conexões, seguido por Rio de Janeiro e Rio Grande do
Sul, o que pode ser visto na Figura 2-2. Por região, observa-se maior concentração de
instalações nas regiões sudeste e sul, com crescimento moderado no nordeste e no
centro-oeste. A região norte é aquela que apresenta o menor número de conexões.
Vários aspectos podem ser considerados como empecilhos à implantação da
geração distribuída na região amazônica como os problemas causados pela construção
de usinas a fio d’água, como aquelas do Complexo do Rio Madeira (Santo Antônio e
Jirau); os grandes troncos de transmissão; e a fragilidade na segurança do sistema
(CRUZ, 2016).

20
Número de conexões por UF
350 333

300

250
203
200 182 186
142
150 127 121
100
100
56 65
49 38
50 20 23 18 24
16
1 2 10 1 3 9 2
0

ES

RJ

RS
PA

BA

MA

DF

MS
MT

MG
AM

TO
AL

SP
RN

PR
SC
AC

CE

PB

GO
PI
RO

PE
NORTE NORDESTE CENTRO SUDESTE SUL

Figura 2-2 – Número de conexões realizadas até 2015 por estado e por região (Fonte: Adaptado de
BLUESOL, 2016).

A maior parte dos empreendimentos vencedores nos leilões de energia nova está
localizada no submercado Nordeste (CRUZ, 2016). A geração distribuída existe no Brasil
principalmente em sistemas isolados. Tem-se como exemplo locais cuja energia provem
da GD:
A ilha de Fernando de Noronha;
Soure, um dos principais municípios da ilha do Marajó, no Pará;
Os municípios de Calçoene, Oiapoque, Macapá e Mazagão (Amapá), que saem
do conceito fixado pela legislação apenas pelo percentual entregue ao agente
distribuidor (acima de 10%);
Rio Branco (Acre), Manaus (Amazonas), Porto Velho (Rondônia) e o estado
de Roraima (com exceção da capital Boa Vista), que representam os sistemas
isolados de maior porte (ANEEL, 2010).
Outras localidades ainda possuem GDs em operação, principalmente na região
transamazônica, antes totalmente composta de sistemas isolados, agora integrados ao
SIN pelas recentes linhas de transmissão que ligam a Usina Hidrelétrica (UHE) Tucuruí
às capitais Macapá e Manaus. Segundo Cruz, 2016, dos sistemas de geração distribuída
que hoje se encontram interligados ao SIN, têm-se:

21
UHE Coaracy Nunes: gerava cerca de 78 MW. Com a interligação das capitais
do Amapá e do Amazonas à UHE Tucuruí, a usina deixa de caracterizar um
sistema isolado e passa a contribuir com o SIN;
A capital de Roraima, Boa Vista: também um sistema de GD, porém, devido ao
percentual de geração que fornece ao agente distribuidor e pela potência
total gerada deixa de ser assim considerada;
A capital de Santa Catarina, Florianópolis;
O município Vila Maia, antigo distrito de Macapá: possuía um sistema de
geração distribuída, operando com hidrocarboneto, e hoje integrado ao SIN.

2.4. Vantagens e desvantagens da geração distribuída

A aplicação de tal sistema envolve o uso de equipamentos de medida, controle e


comando específicos, a fim de relacionar a operação dos geradores ao controle de cargas
para a melhor adaptação à oferta de energia.
O expressivo estímulo que se observa nos últimos anos à construção de
estruturas que viabilizem a geração distribuída no Brasil e no mundo se justifica pelas
diversas vantagens que tal sistema oferece (FILHO, 2013):
Redução do custo do suprimento de energia elétrica devido à redução da
dependência da energia vinda da rede principal, principalmente em horário
de ponta1;
Maior confiabilidade do fornecimento de energia;
Disponibilidade crescente de fontes renováveis de energia que reduzem a
emissão de poluentes no ambiente;
Aumento do desenvolvimento e aperfeiçoamento das tecnologias disponíveis
para geração de energia, principalmente solar e eólica;
Políticas públicas de incentivo ao mercado de energia solar;
Progresso da tecnologia eletrônica, reduzindo os custos de sistemas de
controle e possibilitando a operação de sistemas cada vez mais complexos.

1 Segundo definição da ANEEL, 2016, “horário de ponta refere-se ao período composto por 3
(três) horas diárias consecutivas definidas pela distribuidora considerando a curva de carga de seu
sistema elétrico, aprovado pela ANEEL para toda a área de concessão, com exceção feita aos sábados,
domingos, e feriados nacionais”. Neste período as concessionárias praticam tarifas mais altas.
22
Apesar das inúmeras vantagens listadas, devido ao aumento do número de
empresas e entidades envolvidas, alto custo dos equipamentos utilizados e outros, há,
também, algumas desvantagens da geração distribuída (FILHO, 2013):
Possível variação da tarifa em função do aumento da taxa de utilização do
sistema;
Variação na produção de energia do sistema, pois, algumas das principais
fontes energéticas utilizadas dependem de condições ambientais
intermitentes;
Remuneração dos custos da interligação da GD à rede a cargo do
proprietário;
Maior complexidade no planejamento e na operação do sistema elétrico;
Maior complexidade na realização de manutenção, nas medidas de segurança
a serem tomadas e na coordenação do sistema;
Redução do fator de utilização das instalações das concessionárias,
ampliando a tendência de aumento do preço médio de fornecimento de
energia por parte destas;
Inadequação da estrutura atual do sistema elétrico de potência ao sistema
proposto.

2.5. Principais fontes de energia adotadas

Como benefícios do uso de fontes renováveis têm-se a redução do uso de


combustíveis fósseis e consequente redução da emissão de gases poluentes e da
dependência de derivados do petróleo. Há, também, a redução do uso da energia nuclear
e de novos projetos hidrelétricos, diminuindo os impactos sociais causados por grandes
obras nas comunidades tradicionais e povos indígenas. Além de ser um tipo de energia
menos poluente, os sistemas de geração com fontes renováveis possuem versões
compactas e são os mais utilizados na geração distribuída, principalmente os sistemas
híbridos que utilizam as fontes solar e eólica. Nos lugares onde a geração de energia por
termoelétricas predomina, há grandes incentivos governamentais, tais como a geração
de créditos de energia, para a implantação de tal sistema, a fim de reduzir a emissão de
poluentes e a dependência de derivados de petróleo.

23
Após revisão em 2015, a Resolução Normativa n. 482, de 17 de abril de 2012, da
ANEEL define que quando a quantidade de energia gerada em determinado mês for
superior à energia consumida naquele período, o consumidor fica com créditos que
podem ser utilizados dentro de 60 meses para diminuir a fatura dos meses seguintes,
podendo ainda abater tal crédito na fatura de outros imóveis que estejam sob sua
titularidade (MME, 2016).
Ao final de 2015, de acordo com o relatório Energias Renováveis 2016 publicado
pela REN21, cerca de 147 GW haviam sido acrescentados à capacidade de energia
elétrica mundial apenas com fontes renováveis. Em particular, 2015 foi o ano que
apresentou a maior adição à capacidade mundial já observada. A Figura 2-3 representa o
crescimento obervado de 2014 para 2015 de determinadas fontes de energia
alternativa.
Crescimento da energia renovável
1.200 1.064
1.036
1.000
2014
2015
800
Potência (GW)

600
433
370
400
227
106 177
200 101 13,2
12,9 4,3 4,8
0

Figura 2-3 – Crescimento da capacidade de energia renovável no mundo de 2014 para 2015
(Fonte: Adaptado de REN21, 2016).

Aqui são apresentadas visões gerais sobre as principais fontes de energia


utilizadas na geração distribuída. Como o sistema que será analisado neste trabalho para
o desenvolvimento do projeto de um sistema ilhado de geração de energia tem como
base a energia solar, na Seção 2.5.1 esta fonte será retomada e descrita com maior nível
de detalhes, de acordo com o desenvolvimento realizado. Para alcançar a

24
autossuficiência do sistema, será avaliada a necessidade ou não do uso de uma fonte
eólica auxiliar, discutida em detalhes na Seção 2.5.2.

2.5.1. Energia solar

A energia solar pode ser convertida em energia elétrica (corrente contínua) por
meio de técnicas diretas e indiretas. Na primeira, a transformação da energia radiante é
feita em painéis de captação por dispositivos semicondutores e, na segunda, a irradiação
é convertida em calor e posteriormente em energia elétrica. A eficiência do sistema
depende do material semicondutor e da intensidade de radiação solar (PÁDUA, 2006).
O perfil da capacidade mundial de energia solar apresentado na Figura 2-4
mostra um crescimento quase exponencial da capacidade instalada ao final de cada um
dos anos indicados entre 2005 e 2015, evidenciando as adições à capacidade do ano
anterior resultantes do aumento do número de políticas de incentivo (REN21, 2016).

300
Capacidade mundial e adições anuais de energia solar + 50,0
227,0

250 + 40,0
Adição anual (GW) 177,0
Capacidade (GW)
200 + 38,0
138,0
Potência (GW)

150 + 29,0
100,0
+ 30,0
70,0
100
+ 17,0
40,0
50 + 8,0
+ 6,5 23,0
+ 1,4 + 1,4 + 2,5 16,0
5,1 6,7 9,0
0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015

Figura 2-4 - Capacidade mundial de produção de energia solar e adições ao longo do período de 2005 a
2015 (Fonte: Adaptado de REN21, 2016).

Em 2015 observa-se o aumento recorde de 50 GW, um crescimento de 25% do


mercado de energia solar fotovoltaica. China, Japão e Estados Unidos foram os principais
responsáveis pela capacidade adicionada, mas mercados emergentes contribuíram
significativamente devido aos custos cada vez mais competitivos da energia solar FV.

25
Estima-se que 22 países tinham capacidade, em 2015, para atender a mais de 1% de sua
demanda energética, além de países como Itália, Grécia e Alemanha com participações
mais altas de 7,8%, 6,5% e 6,4%, respectivamente (REN21, 2016).

2.5.2. Energia eólica

A geração de energia por turbinas eólicas se baseia na conversão da força do


vento em energia mecânica e, em seguida, em energia elétrica alternada, utilizando
geradores síncronos e geradores de indução. Sua eficiência depende da localização
geográfica das turbinas e das condições climáticas.
Entre os principais países em capacidade de geração de energia eólica, China,
Alemanha e Espanha são aqueles que possuem os 10 maiores fabricantes de turbina. No
ranking de geração de energia eólica o Brasil se encontrava em 10ª colocação em 2014,
chegando a se igualar à Itália em 2015 na 8ª posição (REN21, 2016). A Figura 2-5 mostra
o crescimento observado na capacidade mundial de geração de energia eólica.

Capacidade mundial e adições anuais de energia eólica


600
+ 63,0
433
500
Adição anual (GW) + 52,0
370
Capacidade (GW)
400 + 36,0
+ 45,0 318
Potência (Gw)

283
+ 41,0
300
+ 39,0 238
+ 38,0 198
159
200 + 27,0
+ 20,0 121
+ 15,0 94
+ 12,0 74
100 59

0
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015
Figura 2-5 - Capacidade mundial de produção de energia eólica e adições ao longo do período de 2005 a
2015 (Fonte: Adaptado de REN21, 2016).

Apesar do baixo fator de potência, do impacto visual e da susceptibilidade dos


moinhos a ruídos, a geração eólica tem sido muito empregada em virtude do seu baixo
custo de instalação e manutenção (PÁDUA, 2006). A energia gerada, o nível de eficiência
26
e o perfil de tensão estão intimamente ligados ao regime do vento e ao tipo de turbina
empregado.
Nos capítulos seguintes será discutida a necessidade de instalação de uma fonte
de energia auxiliar ao sistema estudado que já possui um gerador local de energia
fotovoltaica. Tanto a geração solar quanto a eólica, em sistemas de geração de energia
individuais, tem como principal desvantagem a intermitência do recurso, podendo ser
parcial ou totalmente superada quando da utilização conjunta de tais fontes em sistemas
híbridos. A complementaridade entre as fontes garante maior confiabilidade ao sistema
(PINHO, 2008). Como visto na Tabela 2-2, sistema híbrido solar-eólico é o que apresenta
o maior número de conexões no Brasil depois das fontes solar e eólica, individualmente.
Devido a estes fatores, a energia eólica será detalhada aqui com relação aos tipos de
turbina utilizados, a fim de sustentar as discussões propostas no Capítulo 4.

2.5.2.1. Tipos de turbina

As turbinas eólicas podem ser divididas de acordo com seu tamanho e/ou
potência nominal e orientação do eixo do rotor em relação ao solo. Com relação ao
tamanho e/ou potência, as turbinas podem ser de pequeno (até 80 kW), médio (entre 81
kW e 50 kW) e grande (acima de 500 kW) porte e, com relação à orientação do eixo,
podem ser de eixo horizontal ou vertical (MENEZES, 2012).
Mais comuns, as turbinas de eixo horizontal possuem pás que giram em um plano
perpendicular à direção do vento, captando apenas o vento em uma direção
(mecanismos de controle direcionam as pás para melhor aproveitamento). Atuam sobre
as pás a força de sustentação, perpendicularmente ao escoamento, e a força de arrasto,
na direção do escoamento (MENEZES, 2012).
As turbinas de eixo vertical são ideias para áreas urbanas devido aos baixos
níveis de ruído e a capacidade de aproveitar ventos vindos de todas as direções
dispensando sistemas de controle de direção das pás. Dependendo do modelo da turbina
podem ser movidas por forças de sustentação ou arrasto (CRESESB, 2008). Este tipo de
turbina tende a apresentar melhor desenvolvimento para baixas velocidades de vento, é
mais seguro, silencioso, fáceis de construir e barato em relação às de eixo horizontal
(MENEZES, 2012). Com base nestas características, é interessante para este trabalho o

27
conhecimento básico dos tipos de turbina de eixo vertical e pequeno porte, visto que,
conforme será detalhado no Capítulo 4, o cenário escolhido tem vento com baixas
velocidades e direção não definida e sua potência não excederá 80 kW.

2.5.2.2. Turbinas de eixo vertical de pequeno porte

Dentre os tipos de turbina de eixo vertical, as turbinas Savonius e Darrieus são as


mais comuns. O modelo Darrieus é movido por força de sustentação e altamente
eficiente em relação aos outros modelos de eixo vertical, sendo a configuração que mais
se aproxima da eficiência de turbinas de eixo horizontal. Uma de suas limitações, no
entanto, é que esta requer o uso de motores para iniciar o movimento devido à
necessidade de um alto torque de partida (MATTE, 2014). A Figura 2-6 apresenta alguns
dos modelos desta turbina.

Figura 2-6 – Modelos de rotor para turbina Darrieus. (Fonte: GUILLO, R., 2017)

O modelo Savonius é constituído de pás com superfícies curvas movidas


predominantemente por força de arrasto. Estas turbinas, geralmente, têm menor custo e
começam a girar a uma velocidade mais baixa em relação a outros tipos de turbinas
eólicas, porém é menos eficiente levando em conta a área de captação de energia e a
produção anual. Comparada ao modelo Darrieus, sua eficiência pode chegar a 20%
(MENEZES, 2012). Alguns dos tipos de rotor para esta turbina são mostrados na Figura
2-7.

28
Figura 2-7 – Modelos de rotor para turbina Savonius. (Fonte: DÍAZ, 2015)

Um modelo ideal para a geração de pequenas potências é formado pela união dos
modelos Darrieus e Savonius em um aerogerador híbrido. A vantagem desta turbina está
no formato das pás curvas (características do modelo Savonius) adicionadas ao eixo da
turbina Darrieus, possibilitando que a turbina inicie seu movimento em baixas
velocidades de vento dispensando o uso de motores auxiliares. No entanto, este modelo
não apresenta um bom funcionamento quando submetido a velocidades de vento
elevadas. A Figura 2-8 apresenta um dos modelos mais comuns deste sistema híbrido.

Figura 2-8 – Modelo típico de rotor Darrieus-Savonius. (Fonte: Eólica Fácil)

2.5.3. Biomassa

O sistema de biomassa é muito versátil, visto que há diversas formas de


conversão da queima do combustível em energia elétrica e um grande número de opções

29
de matéria orgânica, vegetal ou animal, que podem ser utilizados na produção de
energia. Seu funcionamento parte do princípio da produção de energia térmica e
liberação do biogás, que pode ser utilizado em turbinas de geradores ou como parte de
células a combustível. Devido à baixa emissão de poluentes, segurança e reciclagem do
carbono, este é ecologicamente aceitável. Seu alto custo e a grande área necessária para
sua instalação são empecilhos para sua maior difusão, além de apresentar menor
eficiência em relação às fontes solar e eólica.
Do total de energia produzida hoje no mundo incluindo todas as fontes, 14%
corresponde à energia de biomassa. Esta é utilizada na produção de eletricidade, de
combustível para transportes, aquecimento industrial e aquecimento de prédios. A
Figura 2-9 apresenta a evolução da geração mundial de energia de biomassa.

Geração mundial de energia de biomassa


500,00

400,00

Resto do mundo
Terawatts/hora

300,00
China
América do Sul
200,00 Ásia
América do Norte
União Europeia
100,00

0,00

Figura 2-9 - Geração mundial de energia de biomassa ao longo do período entre 2005 a 2015 (Fonte:
Adaptado de REN21, 2016).

O total da geração mundial de energia de biomassa observado em 2015 foi de 464


TWh, dos quais 39% foram produzidos apenas na União Europeia, contendo esta o
terceiro maior país em capacidade de geração de energia de biomassa (Alemanha). Na
América do Norte, que contém o maior país neste quesito (EUA), foi responsável por
17% e a China, segundo maior país em capacidade de energia de biomassa, 10% (REN21,
2016).
30
2.5.4. Pequena Central Hidrelétrica (PCH)

A exploração de recursos hídricos era feita inicialmente em centrais de pequeno


porte e não interligadas entre si. Nos últimos anos o aumento da demanda e o risco de
falta de energia fizeram com que as PCHs ressurgissem como uma forma de geração de
energia alternativa, rápida, limpa e eficiente, possibilitando um melhor atendimento às
necessidades das cargas de pequenos centros urbanos e regiões rurais (PÁDUA, 2006).
A capacidade mundial de energia hidrelétrica, incluindo centrais de pequeno e
grande porte, alcançou 1.064 GW em 2015 (REN21, 2016). Como mostra a Figura 2-10, a
China é o maior país em produção deste tipo de energia seguido pelo Brasil e é
responsável por quase 28% da capacidade mundial, mais de três vezes a quantidade
produzida do segundo colocado.

Capacidade mundial de energia hidrelétrica

27,9 %
China
39,7 % Brasil
Estados Unidos
Canadá
Rússia
8,6 % Índia
Resto do mundo

4,4 % 7,5 %
4,5 % 7,4 %

Figura 2-10 – Capacidade mundial de energia hidrelétrica ao final de 2015 (Fonte: Adaptado de REN21,
2016).

2.5.5. Armazenadores de energia

Para aquelas fontes que dependem de recursos intermitentes (solar e eólica, por
exemplo) é indispensável o uso de armazenadores de energia que possibilitem atender a
demanda, em sistemas isolados da rede elétrica ou conectados à rede para a operação
ilhada, em períodos de geração nula ou insuficiente. Em dois dos quatro arranjos de
sistemas de geração distribuída estudados neste trabalho há a proposta da adição de
elementos armazenadores que permitam realocar parte da geração local em
determinado período do dia.
31
A bateria eletroquímica ainda é o dispositivo mais utilizado em sistemas
fotovoltaicos isolados, por ser conveniente e eficiente no armazenamento de energia
elétrica (PINHO, 2014).
PINHO, 2014, define como características ideais de baterias para sistemas
fotovoltaicos possuir ciclos de descarga rasos em operação normal e profundos
esporadicamente (tempo nublado ou durante o inverno). A profundidade da descarga de
uma bateria indica o quanto da capacidade nominal foi retirado dela a partir do estado
de plena carga. Segundo o autor as baterias de chumbo-ácido são as mais adequadas,
sendo as ligas de Chumbo-Cálcio o tipo mais utilizado nesta aplicação no Brasil. O cálcio
permite uma redução significativa da necessidade de manutenção, fazendo com que
apenas os terminais devam ser limpos uma vez por ano, e uma profundidade de
descarga máxima inferior a 20% na ciclagem diária.
Com custo mais, porém, com maiores níveis de profundidade de descarga diária,
existe uma tendência atual de uso de baterias OPzS em substituição às de Chumbo-Cálcio
nos sistemas fotovoltaicos (PINHO, 2014). As baterias OPzS são baterias estacionárias
ventiladas com eletrólito líquido (ácido sulfúrico diluído) e, devido à tecnologia de
placas tubulares, permitem expectativa extremamente elevada de ciclos.

2.6. Considerações finais

A geração distribuída já oferece energia para milhões de pessoas em todo o


mundo, com números que continuam a crescer anualmente. Tal sistema pode servir
como um complemento à rede ou como um substituto.
Porém, ainda há cerca de 1,2 bilhão de pessoas em todo o mundo (17% da
população mundial) que vivem sem eletricidade, estando a grande maioria na região
Ásia-Pacífico e na África subsariana (REN21, 2016). Na África, quase 60% das pessoas
não têm acesso à eletricidade confiável. Colocando em perspectiva, todo o continente
africano usa cerca de 3% da eletricidade do mundo, valor menor do que a taxa de
eletrificação da Turquia.
Na Ásia, a China e muitos países industrializados têm feito grandes progressos no
setor elétrico. No entanto, em outros países da região, grande parte da população
continua sem acesso à energia moderna como pode ser visto na Tabela 2-3.

32
Tabela 2-3 - Alguns dos países asiáticos com maiores índices de pessoas sem acesso à energia até 2015
(Fonte: Adaptado de REN21, 2016).

PESSOAS SEM ENERGIA PERCENTUAL DA


PAÍSES
ELÉTRICA (EM MILHÕES) POPULAÇÃO TOTAL
Índia 237 19%
Bangladesh 60 39%
Paquistão 50 27%
Indonésia 49 19%
Iêmen 13 54%

Da mesma forma, apesar de 95% dos habitantes em toda a América Latina e


Caribe terem acesso à eletricidade da rede, 22 milhões de pessoas não têm acesso e
estão concentradas em grande parte nos países: Argentina, Bolívia, Colômbia,
Guatemala, Haiti, Nicarágua e Peru.
Na tentativa de contornar este cenário, nas regiões rurais e remotas a população
tem acesso à energia utilizando dispositivos isolados e sistemas de geração de energia
no nível doméstico ou com a extensão da rede urbana. A vantagem do modelo
centralizado inclui custos mais baixos por kW em áreas de maior densidade
populacional e adequação para uso industrial. Porém, o modelo de geração distribuída
consegue atender às pequenas comunidades remotas e áreas urbanas, tem transmissão
e perdas de distribuição reduzidas e maior segurança no abastecimento, de forma a se
tornar um ramo mais atrativo de investimento em determinados casos. A Tabela 2-4 traz
exemplos do uso de sistemas distribuídos e a valorização agregada pela aplicação de tal
sistema.
As vantagens trazidas no âmbito econômico, ambiental e social pelo uso de fontes
renováveis em modelos de geração distribuída são claras e justificam a causa do alto
crescimento dos investimentos observados no Brasil e no mundo na área nos últimos
anos.
Como toda grande mudança, ainda há vários ajustes a serem realizados
principalmente na padronização de normas nacionais e internacionais entre os países
para viabilizar o crescimento constante e sólido da geração distribuída, bem como o
desenvolvimento de fontes de energia cada vez mais eficientes e acessíveis. Caso seja
mantida a tendência de crescimento dos investimentos vista até o momento, em alguns
anos o modelo de geração distribuída estará fortemente desenvolvido a ponto de se
tornar tão competitivo quanto o modelo tradicional centralizado.

33
Tabela 2-4 - Exemplos do uso de energia renovável distribuída para serviços de energia produtiva (Fonte:
Adaptado de REN21, 2016).

TECNOLOGIA DE ENERGIA
APLICAÇÃO VALOR AGREGADO À RENDA
RENOVÁVEL
Irrigação Melhor rendimento das culturas, culturas de maior Eólica, solar FV, biomassa, PCH
valor, maior confiabilidade de sistemas de
irrigação, permitindo o crescimento das culturas
durante períodos em que os preços de mercado
são mais elevados.
Iluminação Extensão de horas de funcionamento. Eólica, solar FV, biomassa, PCH,
geotérmico
Transporte Alcançar novos mercados. Biomassa (biodiesel)
TV, rádio, Apoio às empresas de entretenimento, educação, Eólica, solar FV, biomassa, PCH,
computador, acesso a notícias do mercado, a coordenação com geotérmico
interne, telefone fornecedores e distribuidores.

Carregamento de Ampla gama de serviços para os utilizadores finais Eólica, solar FV, biomassa, PCH,
baterias (por exemplo: carregamento de celulares). geotérmico

Refrigeração Venda de produtos arrefecidos, aumentando a Eólica, solar FV, biomassa, PCH
durabilidade do produto.

34
Capítulo 3

Definições e Características do Ilhamento

A implantação de sistemas GD requer a avaliação dos impactos que tais geradores


podem gerar na operação das redes de transmissão, subtransmissão e distribuição de
energia. Alguns requisitos mínimos para controle, proteção, instalação e localização
devem ser definidos pelas concessionárias de energia e/ou órgãos reguladores a fim de
garantir o bom desempenho do sistema sem afetar a operação da rede primária.
Uma das condições determina que, caso haja a falta do suprimento da
concessionária em uma rede que contém geradores distribuídos, estes devem ser
automaticamente desconectados em um tempo pré-determinado pela concessionária
local, retornando apenas após o restabelecimento de energia (VIEIRA JÚNIOR, 2011).
Este processo de isolamento é conhecido como ilhamento.
Há ainda os casos em que o ilhamento do sistema é feito de forma intencional,
como será proposto neste trabalho nos casos em que é previsto o uso de elementos
armazenadores de energia. Nestes, bancos de baterias serão dimensionados a fim de
assegurar a autonomia do sistema nos horários de ponta. As dificuldades encontradas a
fim de isolar intencionalmente o sistema GD serão discutidas nos próximos capítulos,
com base nos dados coletados e previstos para o sistema adotado.

3.1. Impactos decorrentes de falha na detecção de ilhamentos

O funcionamento ininterrupto de parte da rede de distribuição eletricamente


isolada da subestação que continua energizado por geradores distribuídos compromete
diversos aspectos de segurança, controle e aterramento. Alguns destes são listados a
seguir (VIEIRA JÚNIOR, 2011):
Ameaça à segurança pessoal dos técnicos da concessionária envolvidos na
operação e manutenção dos sistemas elétricos visto que, após a perda do

35
suprimento da rede principal, o sistema permanece energizado sem
conhecimento;
Falta de controle, por parte da concessionária, sobre a tensão e a frequência
dentro do sistema ilhado impedindo a garantia de qualidade de energia
fornecida aos consumidores dentro da ilha energizada;
Devido à queda das correntes de curto-circuito após a perda da conexão com
a concessionária, os dispositivos de proteção contra curtos-circuitos internos
à ilha podem perder a coordenação entre si;
Caso o sistema ilhado não possua aterramento adequado, a detecção da
ocorrência de curtos-circuitos fase-terra, por meio de relés de sobrecorrente,
é dificultada pela redução da corrente de curto;
Após a ocorrência da falta, os geradores distribuídos podem sofrer graves
danos caso ocorra a religação da ilha ao sistema elétrico principal caso estes
estejam fora de sincronismo. Podem, ainda, surgir elevadas correntes
danificando os equipamentos conectados à rede ilhada.

3.2. Métodos de detecção de ilhamento

Muitos são os meios de detecção de ilhas. Estes podem ser inicialmente


separados em locais e remotos, estando o segundo sob a autoridade da concessionária
que opera o sistema ao qual a fonte de geração distribuída está interligada. Apesar das
técnicas remotas serem confiáveis, sua implantação tem alto custo. São aplicadas para
unidades de grande escala com sistemas robustos e integrados de controle, supervisão e
aquisição de dados, não sendo, portanto, compatíveis com o sistema de microgrids
(MERINO, 2015).
Para unidades de pequena escala, como a unidade tratada neste trabalho, os
métodos de detecção local são mais adequados e podem ser divididos entre técnicas
passivas e ativas e, basicamente, realizam medições de tensões e correntes no local de
instalação do gerador.
Os métodos passivos exigem medição e monitoramento de grandezas elétricas no
ponto de conexão do gerador ao sistema elétrico. O ilhamento é identificado a partir de
variações significativas dos parâmetros medidos, principalmente tensões e correntes. Os

36
esquemas de proteção que empregam relés de sub ou sobrefrequência são os mais
comuns, devido ao baixo custo e fácil instalação (VIEIRA JÚNIOR, 2011). Há, ainda, relés
baseados na medição da taxa de variação de frequência, que fornecem detecção mais
rápida, e relés que medem o deslocamento de fase ou “Salto de vetor”, que operam
quando a defasagem angular da tensão da barra do gerador excede um valor
predeterminado (JENKINS, 2000). Ainda que existam várias técnicas passivas, nenhuma
delas é completamente eficaz para todas as condições operativas do sistema, permitindo
que existam as zonas de não detecção (NDZs, do inglês nondetection zone) que podem
assumir tamanhos diferentes em função dos ajustes dos dispositivos de proteção.
Estudos sobre a detecção de situações de ilhamento a partir das diferenças produzidas
no conteúdo harmônico da tensão garantem cobrir todos os cenários e eliminar as NDZs
(MERINO, 2015).
Também com intuito de reduzir as zonas de não detecção, têm-se os métodos
ativos, com zonas muito pequenas ou até irrelevantes. Os métodos ativos requerem a
introdução de variáveis externas, mudanças controladas e a detecção de
comportamentos diferentes entre a operação interligada com a concessionária e a
operação em ilhamento (VIEIRA JÚNIOR, 2011). No entanto, devido ao tempo de reação
do sistema à perturbação, estes não são tão rápidos quanto alguns dos métodos passivos
e têm custo de implementação incontestavelmente maior (MERINO, 2015). Algumas das
principais técnicas ativas, como as que utilizam a medida de impedância do sistema,
injetam sinais com frequências específicas e a condição de ilha pode ser detectada, visto
que a impedância vista pelo gerador tende a aumenta após o ilhamento. Outros métodos
introduzem sinais para causar mudanças perceptíveis na fase ou na tensão ou utilizam
PLLs (do inglês Phase Locked Loop) introduzindo uma perturbação na referência ou na
saída do inversor.
A escolha mais adequada entre os métodos existentes por parte do microgerador
deve pesar o custo, o tempo de resposta e a zona de não detecção mais coerente de
acordo com a dimensão de sua instalação e relevância das cargas envolvidas no sistema,
além dos impactos decorrentes da falha de detecção previamente discutidos.

37
3.3. O sistema ilhado

Quando uma parte da rede é isolada do sistema, as fontes distribuídas localizadas


na ilha são então responsáveis por atender toda a demanda. No entanto, a carga pode ser
maior do que a potência instalada, provocando redução da frequência. Para adequação
entre demanda e geração, a fim de manter o funcionamento do sistema ilhado, deve-se
realizar restrições. A manutenção de todas as cargas originais em pleno funcionamento,
apesar de possível, é dispendiosa, podendo exigir fontes adicionais que substituam toda
a geração que antes era absorvida da concessionária. Em situações de contingência,
consideradas temporárias, é viável a seleção apenas de cargas essenciais para manter
em funcionamento pleno ou reduzido durante este período. Assim, com a redução da
demanda, caso ainda haja necessidade da adição de uma fonte de energia auxiliar, seu
dimensionamento resultará em um gerador de menor porte e, portanto, de menor custo.
Os modelos mais simples de geração distribuída híbrida incluem como fonte
complementar geradores a combustão. Os combustíveis utilizados usualmente são
diesel, gasolina, gás natural (CARDIM, 2012). Estes são fontes de energia que aumentam
a confiabilidade do sistema do ponto de vista da independência de condições
intermitentes como disponibilidade de luz solar e velocidade do vento. Apesar do
investimento inicial fixo, o custo operacional desta geração está diretamente relacionado
ao preço do combustível (ZHAO, 2014).
Apesar dos bons níveis de potência obtidos com a instalação de geradores a
combustão, muitos investimentos têm sido feitos pelos governos visando o
desenvolvimento e implantação de sistemas baseados em fontes renováveis como
discutido nos Capítulos 2 e 4. No entanto, os custos iniciais e a infraestrutura adequada a
este tipo de geração ainda são elevados em comparação com as fontes adotadas
atualmente em larga escala.
Balasubramaniam, 2016, estuda o gerenciamento da energia para obter uma
maior resiliência dos sistemas de geração distribuída durante a operação em ilhamento.
Basicamente, o artigo discorre sobre a capacidade dos sistemas de microgrids em
resistir a eventos de alto impacto e baixa probabilidade com a menor interrupção
possível da alimentação, permitindo a rápida recuperação e restauração da operação
normal. De acordo com os autores, o Instituto de Pesquisa de Engenharia Elétrica (EPRI)
apresenta como aspectos-chave de reforço da resiliência prevenção, recuperação e
38
sobrevivência. Os dois primeiros exigem mudanças na infraestrutura e na forma
operacional do sistema e, a sobrevivência, pode ser obtida no quadro existente
minimizando a quantidade de cargas perdida após perturbações.
Londero, 2012, ao examinar os impactos técnicos gerados pelo ilhamento, conclui
que a geração distribuída corretamente ajustada é capaz de atender as variações na
carga local quando em ilhamento. Com relação à proteção, essencial para manutenção da
estabilidade da ilha, os resultados por ele obtidos mostram que o sistema ilhado
apresenta níveis de curto-circuito mais baixos do que quando interligado ao restante do
sistema e que a alteração dos níveis de curto-circuito requer um novo ajuste dos
elementos da proteção para que possa ocorrer a operação do sistema no modo ilhado.

3.4. Considerações finais

O aumento do número de sistemas distribuídos integrados ao sistema primário


de geração de energia exige o acompanhamento e controle constante por parte do
microgerador e da concessionária para manter a confiabilidade do sistema e a qualidade
da energia distribuída.
As estratégias mais eficazes de monitoramento, controle e proteção são aplicadas
de maneira local e de responsabilidade do microgerador. A instalação e operação
adequada dos equipamentos de medição são responsáveis pela correta e eficiente
detecção de situações de contingência, permitindo a realização de manobras de
isolamento da fonte distribuída e proteção desta e do restante do sistema, onde ocorre a
falta.
Isolado da rede, o sistema ilhado deve ser reajustado de acordo com as condições
que melhor permitam seu funcionamento autônomo até que o suprimento por parte da
concessionária seja reestabelecido. Tais ajustes incluem rearranjos do sistema para
manutenção apenas de cargas essenciais, a conexão de fontes auxiliares
(prioritariamente renováveis) e o uso de elementos armazenadores de energia.

39
Capítulo 4

Detalhamento do Sistema base

Para o desenvolvimento deste estudo foram adotadas como base algumas das
características e medições realizadas no ano de 2014 no prédio do Centro de Pesquisa
em Energia Inteligente (CPEI) localizado no campus II do Centro Federal de Educação
Tecnológica de Minas Gerais (CEFET-MG).
Construído pela concessionária CEMIG em parceria com o CEFET-MG, o CPEI
sedia pesquisas na área de Arquitetura Bioclimática, Engenharia Elétrica e Engenharia
Mecânica, com foco na interdisciplinaridade e no melhor aproveitamento energético.
Todo o projeto realizado pelo CEFET-MG, com financiamento da CEMIG dentro do
Programa de Eficientização Energética da ANEEL, teve o intuito de construir um prédio
capaz de aproveitar ao máximo a energia passiva com iluminação e ventilação naturais e
reduzir o uso de energias ativas como iluminação artificial e ar-condicionado. Nele há
ainda o uso de aquecimento de água através de painéis solares e um sistema de geração
com painéis fotovoltaicos interligados a rede, dentre outros.

4.1. Curva de demanda

Para obtenção da curva de demanda do edifício, foi realizado um levantamento de


todas as cargas do prédio e seus respectivos valores de potências nominais. As cargas
envolvidas são detalhadas na Tabela 4-1. A potência de aparelhos como a geladeira e os
bebedouros, que têm funcionamento intermitente, foi definida pela potência média, com
base em dados coletados em medições anteriormente realizadas no prédio
possibilitando determinar quantas vezes e por quanto tempo cada aparelho permanecia
ligado.
Para estimar a demanda diária total foi feita uma separação das cargas entre
aquelas que permanecem em funcionamento constante (como bebedouros, geladeira e
alguns computadores) e aquelas que dependem do horário do dia (como a iluminação do
40
prédio) ou da quantidade de pessoas no prédio (como demais computadores,
ventiladores e outros). Cargas de uso esporádico, como ar condicionado, freezers, fontes
e outros, foram desconsideradas neste levantamento.

Tabela 4-1 – Cargas consideradas no sistema.

CARGA TIPO UNIDADES POTÊNCIA (W)


Bebedouro 2 58
Computador A 2 350
B 15 300
Modo espera 17 24
Geladeira 1 250
Iluminação A 41 56
B 4 14
C 1 60
Impressora A 1 760
A_modo de espera 1 4
B 1 250
B_modo de espera 1 2
Microondas 1 1000
Projetor 1 200
Ventilador Mesa 2 100
Parede 2 150
(1) Para cargas como computadores, iluminação e impressoras, as
letras A, B e C são utilizadas apenas para separação entre os
modelos/tamanhos das cargas do mesmo grupo que apresentam
potências diferentes.

A fim de aproximar a estimativa da curva de demanda da curva real, as anotações


do caderno de presença durante uma semana também foram utilizadas para avaliar a
quantidade de pessoas no prédio de acordo com o horário. O dia foi dividido em três
períodos: 6h-10h, 10h-14h e 14h-22h, sendo 6h o horário mais cedo em que alguém
chegou ao prédio na semana selecionada e 22h o horário em que a ultima foi embora.
Tomando nota de quantas pessoas assinaram o caderno em cada faixa de horário para
cada dia da semana, uma média simples permitiu concluir que entre 10h e 14h há mais
pessoas no prédio e, consequentemente, uma demanda maior de energia.
Ao final, foi obtida a curva apresentada na Figura 4-1, onde se vê que a potência
demandada pelo prédio ultrapassa 3,5 kW e tem mínimo próximo a 500 W. Tal curva
corresponde à demanda dos meses de março a dezembro. Isso por que em janeiro temos
o período de férias, logo, neste a demanda foi considerada nula. Em fevereiro, como há
menos pessoas no campus, será considerado apenas 50% da demanda neste mês para
efeito de cálculo. Observa-se que o pico de demanda coincide com o período em que
supostamente há mais pessoas no prédio.

41
Figura 4-1 – Curva de demanda prevista para o CPEI durante um dia. Elaborado pelo autor.

4.2. Possíveis arranjos do sistema de geração local

Com base na curva de demanda estimada e utilizando os dados de geração


fotovoltaica do sistema já existente no prédio do CPEI detalhados na Seção 4.2.1, são
propostas três outras configurações: geração solar com elementos armazenadores de
energia, geração solar com fonte complementar de energia eólica ou geração solar com
fonte complementar e elementos armazenadores, tratadas individualmente a seguir. Nos
casos em que há a adição de bancos de baterias, estes são dimensionados de forma a
suprir pelo menos a demanda do prédio durante o horário de ponta.

4.2.1. Sistema de geração fotovoltaica

O prédio em questão já possui um gerador local de energia fotovoltaica. Foram


analisadas todas as medições realizadas durante um ano (2014). Nos meses de janeiro e
fevereiro, o medidor fez a coleta de dados a cada 5 minutos e, nos demais meses, há
registros a cada 1 minuto. Nas Figuras 4-2, 4-4, 4-6 e 4-8 podem ser observadas as
curvas de potência média diária do gerador em quatro meses do ano, junto às
respectivas curvas de demanda prevista e ao déficit, que será suprido pela conexão do
sistema à rede principal. Os meses selecionados representam aqueles em que houve
maior pico de potência gerada, dois com pico de potência regular e aquele com menor
pico, para ilustrar a correlação entre a energia fotovoltaica e as estações do ano. As
Figuras 4-3, 4-5, 4-7 e 4-9 apresentam os níveis de radiação médios medidos em cada
um dos meses selecionados.
42
Figura 4-2 – Potência média diária do gerador, demanda do edifício e déficit resultante em fevereiro de
2014.

Figura 4-3 – Curva de radiação média para o mês de fevereiro de 2014.

Figura 4-4 – Potência média diária do gerador, demanda do edifício e déficit resultante em maio de 2014.

Figura 4-5 – Curva de radiação média para o mês de maio de 2014.


43
Figura 4-6 – Potência média diária do gerador, demanda do edifício e déficit resultante em julho de 2014.

Figura 4-7 – Curva de radiação média para o mês de julho de 2014.

Figura 4-8 – Potência média diária do gerador, demanda do edifício e déficit resultante em outubro de
2014.

Figura 4-9 – Curva de radiação média para o mês de outubro de 2014.


44
Como esperado, por depender diretamente da radiação solar, as curvas de
diferentes meses em diferentes estações apresentam comportamentos distintos. Uma
análise visual dos gráficos permite observar um comportamento semelhante das curvas
pertencentes aos meses que correspondem às estações de outono e primavera e
características distintas entre verão e inverno, que podem ser melhor analisadas
observando a Tabela 4-2. Esta apresenta, para cada mês selecionado, os valores
máximos de potência média diária, além das faixas de tempo em que há registro de
medição de potência maior que zero.

Tabela 4-2 – Valores máximos de potência e radiação diárias médias e período de tempo em que há
registro de medição de potência maior que zero para os meses de fevereiro, maio, julho e outubro de
2014.

POTÊNCIA MÉDIA Período NÍVEL MÁXIMO DIÁRIO


MÊS
DIÁRIA MÁXIMA (W) (Horas) DE RADIAÇÃO (W/m²)
FEV 1.959,35 5h50-18h30 917,90
MAI 1.727,77 6h10-17h25 685,71
JUL 1.447,73 6h40-17h30 627,20
OUT 1.813,79 5h25-17h55 863,50

A análise da Tabela 4-2 aliada às curvas das Figuras 4-2 a 4-9 permite concluir
que o mês de fevereiro tem radiação mais intensa e em maior parte do dia em
decorrência da estação em que se encontra, havendo registros de potência durante mais
de 12 horas e os maiores picos de potência em todas as fases. Em maio observa-se que a
curva de radiação da Figura 4-5 tem menor amplitude e é mais estreita em comparação
com o mês de fevereiro, o que explica a redução da potência em cada uma das fases de
aproximadamente 12% e o menor período de geração. A radiação solar em julho é a que
apresenta menor amplitude entre todos os meses, explicando o fato deste mês também
ser o que apresenta menores amplitudes de potência média em suas fases, cerca de 26%
a menos que o mês de fevereiro. No mês de outubro os níveis de radiação solar estão
mais próximos aos de fevereiro de forma que, neste mês, as potências máximas
registradas em suas três fases são apenas 7% menor que as registradas no mês em que
houve o maior nível de radiação máxima.
São apresentados na Tabela 4-3 os valores de energia gerada em cada fase e das
três juntas para todos os meses do ano de 2014. As Figuras 4-10 e 4-11 apresentam as
curvas de energia acumulada média diária do gerador para os meses em que houve
maior e menor média trifásica acumulada.
45
Tabela 4-3 – Valores finais de energia média acumulada diária para todos os meses de 2014

ENERGIA MÉDIA ACUMULADA (kWh)


MÊS
FASE A FASE B FASE C 3φ
JAN 3,979 4,015 4,022 12,016
FEV 3,797 3,813 3,826 11,436
MAR 3,176 3,223 3,208 9,608
ABR 2,988 2,963 2,962 8,913
MAI 3,375 3,365 3,372 10,113
JUN 3,229 3,220 3,216 9,665
JUL 2,755 2,750 2,756 8,261
AGO 3,735 3,713 3,726 11,173
SET 3,860 3,834 3,826 11,520
OUT 3,756 3,754 3,769 11,279
NOV 3,334 3,337 3,358 10,029
DEZ 3,484 3,519 3,528 10,531

Como esperado, a partir das análises das curvas de potência e radiação, o mês de
fevereiro acumulou alto valor médio diário de energia gerada, perdendo apenas para o
mês de janeiro, cuja geração média diária acumulada é mostrada na Figura 4-10. Com
valores também próximos de energia média acumulada trifásica estão setembro com o
terceiro maior valor, seguido por outubro e agosto. O mês de julho foi o que apresentou
menor energia média acumulada diária, em vista de sua menor geração, como visto na
Figura 4-6.

Figura 4-10 – Energia média diária acumulada para janeiro de 2014.

46
Figura 4-11 – Energia média diária acumulada para julho de 2014.

4.2.2. Sistema de geração fotovoltaica com baterias

Na Seção 4.2.1 observa-se que a energia gerada apenas com o sistema


fotovoltaico decai ao final do dia, por depender diretamente de uma fonte intermitente.
É interessante que a energia gerada seja mais bem distribuída a fim de atender aos
horários de menor ou nenhuma geração solar, principalmente aqueles em que as tarifas
da concessionária são maiores e, a geração local, menor ou nula. Tal regulação pode ser
feita por meio do uso de armazenadores de energia, como um banco de baterias.
O dimensionamento do banco de baterias é feito com base no caso em que este
deve armazenar maior quantidade de energia para o horário de ponta, ou seja, o caso em
que a diferença entre a energia gerada e a energia demanda pelo prédio é maior entre
17h e 20h. A Tabela 4-4 apresenta os valores desta diferença para cada mês. Observa-se
que o mês de maio foi o que registrou maior déficit energético, de forma que o banco de
baterias deve ser dimensionado para fornecer 5,957 kWh, respeitando seus limites de
descarga da bateria.
Com base na pesquisa realizada sobre armazenadores de energia descrita na
Seção 2.5.5 do Capítulo 2, foram selecionadas as baterias OPzS para gerenciar a melhor
distribuição da potência gerada pelo sistema solar. São baterias de ciclo profundo, que
suportam grandes descargas em casos esporádicos. O dimensionamento do banco de
baterias é detalhado a seguir nas equações (4.1) e (4.2).

47
Tabela 4-4 – Valor do déficit energético no sistema fotovoltaico para cada mês do ano no horário de ponta
(17-20h).

MÊS DÉFICIT ENERGÉTICO (kWh)


JAN 0
FEV 2,647
MAR 5,873
ABR 5,945
MAI 5,957
JUN 5,955
JUL 5,955
AGO 5,949
SET 5,939
OUT 5,898
NOV 5,888
DEZ 5,786

(4.1)

(4.2)

Considerando uma descarga acima de 80% como profunda, a capacidade mínima


da bateria deve ser de 930 kAh. Pelo catálogo do fabricante (VICTRON ENERGY) foram
selecionados dois tipos de baterias, uma de 1.065 Ah e outra de 1.278 Ah. Para o
primeiro tipo, uma descarga de 744,63 Ah representaria uma descarga de 69,92 %. Para
o segundo, os mesmos 744,63 Ah representariam uma descarga de 58,27 %. De acordo
com a Tabela 4-5, é evidente que a quantidade de ciclos de vida do banco reduz com o
aumento da profundidade de descarga, dessa forma, o banco de 1.278 Ah é a melhor
opção, porém, apresenta maior custo. O retorno do investimento para ambas as baterias
será avaliado na Seção 4.4

Tabela 4-5 – Dados de vida útil do banco de baterias. (Fonte: Adaptado de Victron Energy)

DESCARGA CICLOS DE VIDA


80% 1500
50% 2800
30% 5200

4.2.3. Sistema híbrido de geração

Além de o sistema fotovoltaico apresentar um horário restrito de produção de


energia pela dependência de luz solar, em nenhum momento a geração é suficiente para
48
suprir a demanda prevista, como mostra a Tabela 4-6. Mesmo em fevereiro, mês em que
foram registrados os maiores valores de geração e a demanda prevista é menor, há um
déficit mensal de 309,4 kWh. Fica evidente a necessidade de uma fonte auxiliar de
geração. Em circunstâncias normais, tal papel complementar é desenvolvido pela
concessionária de energia.

Tabela 4-6 – Déficit energético mensal do prédio para os sistemas fotovoltaico e fotovoltaico com baterias.

DÉFICIT ENERGÉTICO MENSAL (kWh)


MÊS SOLAR SOLAR COM BATERIA
JAN 0,000 0,000
FEV 309,428 332,752
MAR 1167,751 1166,898
ABR 1133,872 1133,590
MAI 1144,276 1143,837
JUN 1110,684 1110,511
JUL 1201,770 1203,002
AGO 1111,798 1110,872
SET 1053,179 1054,436
OUT 1107,656 1107,107
NOV 1099,676 1101,029
DEZ 1131,110 1130,304
ANUAL 11.571,20 11.594,34

Entre as principais fontes de energia empregadas na geração distribuída, como


discutido na Seção 2.5.2 do Capítulo 2, a energia eólica é uma das mais aplicadas como
complemento à energia solar. Apesar do impacto visual e sonoro e de também depender
de um fator natural intermitente, a geração eólica não emite gases poluentes, tem baixo
custo de manutenção e possui versões compactas para instalação em meio a centros
urbanos.
A fim de avaliar a possibilidade de instalação de um sistema de geração eólica,
foram analisados os dados da estação meteorológica do CPEI de velocidade do vento no
prédio para o mesmo ano (2014) em que foram analisados os dados da geração solar.
De acordo com os fabricantes de turbinas eólicas consultados, a Tabela 4-7 traz
uma comparação entre três turbinas.

49
Tabela 4-7 – Comparação entre as turbinas WS-0,15B, Falcon 600 W e CXF300-I. (Fonte: Windside;
WePower; Typmar)

VELOCIDADE
VELOCIDADE POTÊNCIA
FABRICANTE/MODELO TIPO NOMINAL
DE PARTIDA NOMINAL
DO VENTO
Windside/WS-0,15B Savonius 1,5 m/s 20 m/s 120 W
WePower/Falcon 600W Darrieus 2,7 m/s 13 m/s 600 W
Darrieus-
Typmar/CXF3000-I 2 m/s 13 m/s 3000 W
Savonius

Observa-se que o modelo híbrido Darrieus-Savonius é o mais eficiente dentre os


modelos apresentados. É também o único capaz de gerar a potência necessária para
suprir à demanda restante do prédio.
As curvas de velocidade do vento em 2014 no CPEI apresentadas nas Figura 4-12
e Figura 4-13, mostram os meses em que foram registradas a maior e a menor
velocidade do ano, respectivamente.

Figura 4-12 – Velocidade do vento média em setembro de 2014.

Figura 4-13 – Velocidade do vento média em janeiro de 2014.


50
Com base nas velocidades mínimas necessárias para mover as turbinas
apresentada na Tabela 4-7, é evidente que a velocidade do vento real medidas na altura
do prédio é incapaz de suprir a demanda, visto que seu valor sequer alcançou 1 m/s no
mês em que foi registrada maior velocidade média. Em vista dos valores de déficit do
sistema fotovoltaico, uma turbina menor não seria capaz de complementar de forma
satisfatória o sistema proposto.
Como o objetivo deste trabalho é a avaliação de outros tipos arranjo de um
sistema de geração distribuída e o sistema real utilizado serve apenas de base, adotou-se
um fator multiplicativo de forma a tornar as medições de velocidade do vento favoráveis
à implantação do sistema eólico de geração. O fator multiplicativo adotado permitiu a
obtenção de valores próximos ao encontrados em regiões mais altas de Belo Horizonte.
As curvas de velocidade do vento ajustadas para os meses de fevereiro, maio, julho e
outubro, são apresentadas nas Figuras 4-14, 4-15, 4-16 e 4-17, respectivamente.

Figura 4-14 – Velocidade do vento média ajustada em fevereiro de 2014.

Figura 4-15 – Velocidade do vento média ajustada em maio de 2014.


51
Figura 4-16 – Velocidade do vento média ajustada em julho de 2014.

Figura 4-17 – Velocidade do vento média ajustada em outubro de 2014.

Com o ajuste obtido pela aplicação do fator multiplicativo aos gráficos de


velocidade do vento do prédio, foram obtidas velocidades satisfatórias para o modelo de
instalação de um sistema de geração eólica proposto.
A Tabela 4-8 traz os valores máximos e médios das curvas das Figuras 4-14, 4-15,
4-16 e 4-17. Observa-se que, com exceção de fevereiro, na hipótese considerada, todos
os meses selecionados estão acima das velocidades mínimas exigidas pelas turbinas
listadas na Tabela 4-7, em média. Ao contrário dos resultados da geração fotovoltaica,
como comprova a Figura 4-14, o mês de fevereiro deste ano apresentou as menores
medições entre os quatro meses, chegando ao máximo de 3,594 m/s. Setembro ainda foi
o mês com o pico mais alto de velocidade, seguido por maio e julho.

52
Tabela 4-8 – Valores máximos e médios das curvas de velocidade média diária para os meses selecionados
em 2014.

VEL. MÁXIMA MÉDIA DA CURVA DE


MÊS
(m/s) VEL. (m/s)
FEV 3,594 0,565
MAI 9,993 3,179
JUL 9,943 3,316
OUT 11,728 4,569

Tendo em vista as faixas de velocidade, conclui-se que a turbina híbrida é aquela


que, segundo os dados da Tabela 4-7, será capaz de fornecer maiores valores de
potência ao sistema.

4.2.3.1. Curva de potência da turbina

Será adotada para este trabalho a turbina híbrida CXF3000-I, entre os modelos
apresentados na Tabela 4-7, e os dados fornecidos por seu fabricante (TYPMAR) como
fonte auxiliar de energia para o CPEI. A Figura 4-18 apresenta a turbina escolhida e
curva de potência fornecida pelo fabricante é apresentada na Figura 4-19.

Figura 4-18 – Turbina eólica Typmar modelo CXF3000-I. (Fonte: TYPMAR)

53
Figura 4-19 – Curva de potência da turbina. (Fonte: Adaptado de TYPMAR)

Obtida a equação que descreve a curva de potência apresentada na Figura 4-19, a


seguir são apresentadas as curvas de potência média para a turbina eólica escolhida,
para os meses com menor e maior geração, nas Figuras 4-20 e 4-21, e a Tabela 4-9 com
os valores máximos e as médias diárias das curvas de potência de todos os meses do ano
de 2014.

Tabela 4-9 – Valores máximos e médios das curvas de potência média gerada para todos os meses de
2014.

MÊS POTÊNCIA MÁXIMA (W) MÉDIA DA CURVA DE POT. (W)


JAN 56,759 1,087
FEV 86,070 1,910
MAR 1881,481 61,175
ABR 1252,152 92,954
MAI 1867,180 126,712
JUN 2158,562 258,500
JUL 1707,003 142,848
AGO 3272,616 676,417
SET 3273,102 879,548
OUT 2615,993 220,013
NOV 2010,832 214,444
DEZ 2660,847 245,235

54
Figura 4-20 – Potência média gerada pela turbina em janeiro de 2014.

Figura 4-21 – Potência média gerada pela turbina em setembro de 2014.

A Tabela 4-10 traz os valores máximos da curva de potência do sistema híbrido e


o aumento percentual da energia em relação ao sistema fotovoltaico. As curvas
apresentadas nas Figuras 4-22 e 4-23 mostram a potência média diária gerada com o
sistema híbrido para os meses em que houve maior e menor aumento percentual de
geração.
Enquanto no mês de janeiro a geração eólica foi extremamente baixa, o mês de
setembro apresentou o maior aumento no valor da geração total, mais de duas vezes a
geração do sistema fotovoltaico.

55
Tabela 4-10 – Valores máximos da curva de potência do sistema híbrido e aumento percentual da energia
em termos da geração solar para todos os meses de 2014.

MÁXIMA POTÊNCIA AUMENTO


MÊS
DIÁRIA (kW) PERCENTUAL
JAN 1,923 0,22%
FEV 2,018 0,42%
MAR 3,229 23,32%
ABR 2,604 32,79%
MAI 3,299 42,36%
JUN 3,672 97,74%
JUL 3,293 77,75%
AGO 5,113 186,27%
SET 5,162 220,95%
OUT 4,343 64,17%
NOV 3,448 60,70%
DEZ 4,093 70,04%

Figura 4-22 – Potência média diária solar, eólica e total para o mês de janeiro.

Figura 4-23 – Potência média diária solar, eólica e total para o mês de setembro.
56
4.2.4. Sistema híbrido de geração com baterias

Observa-se nos gráficos das Figuras 4-20 e 4-21 que a geração eólica tem um
comportamento semelhante à geração fotovoltaica ao comparar o período de geração
solar durante o dia com o período de maior geração eólica. No entanto, na geração eólica
há geração de energia durante mais horas do dia. Mais uma vez, como discutido na Seção
4.2.2, sabe-se que a potência local gerada pode ser mais bem distribuída a fim de
atender aos horários de menor geração solar. Pode-se, por exemplo, fazer melhor
proveito de parte da geração total com o uso de bancos de baterias atendendo à
demanda em pontos em que as tarifas da concessionária são maiores, como proposto a
seguir.
Novamente, para o dimensionamento do banco de baterias analisa-se o caso em
que este deve armazenar maior quantidade de energia para o horário de ponta, entre
17h e 20h. A Tabela 4-11 apresenta os valores de déficit para cada mês. Observa-se que
os valores são menores em relação aos dados da Tabela 4-4, visto que houve a adição de
uma fonte complementar.
Neste caso, o mês de junho é o que registra maior déficit energético. No entanto, a
quantidade de energia que deve ser armazenada no banco é praticamente a mesma do
caso tratado na Seção 4.2.2 para o sistema fotovoltaico com baterias. Este fato se
comprova nas equações (4.3) e (4.4), onde o mesmo modelo de banco de baterias
adotado para o sistema fotovoltaico se mostra adequado ao sistema híbrido.

Tabela 4-11 – Valor do déficit energético no sistema híbrido para cada mês do ano no horário de ponta.

DÉFICIT ENERGÉTICO
MÊS
(kWh)
JAN 0,000
FEV 2,644
MAR 5,758
ABR 5,907
MAI 5,911
JUN 5,955
JUL 5,946
AGO 5,896
SET 5,358
OUT 4,749
NOV 5,266
DEZ 5,496

57
(4.3)

(4.4)

Por meio do mesmo catálogo utilizado no dimensionamento do sistema


fotovoltaico com baterias (VICTRON ENERGY), foram selecionados os mesmos dois tipos
de baterias do sistema proposto na Seção 4.2.2. Para a bateria de 1.065 Ah, uma
descarga de 738,87 Ah representaria uma descarga de 69,38 %; para a bateria de 1.278
Ah, 57,81 %. Como esperado, pela proximidade dos valores dos maiores déficits
energéticos dos sistemas híbrido e fotovoltaico, mais uma vez o banco de 2.675 kAh é a
melhor opção em vista do maior número de ciclos de vida, porém, maior custo que será
discutido na Seção 4.4.

4.3. Análise comparativa dos arranjos

As curvas apresentadas na Figura 4-24 apresentam o déficit energético de cada


mês para cada tipo de arranjo do sistema de geração. Este déficit é resultante da
diferença entre a curva de demanda do CPEI e as curvas de geração total de cada
configuração e deve ser suprido através da conexão do sistema do prédio com a
concessionária de energia local.

(a) (b)

58
(c) (d)

(e) (f)

(g) (h)

(i) (j)

59
(k) (l)
Figura 4-24 – Curvas de déficit energético de cada mês do ano de 2014 para cada tipo de arranjo do
sistema de geração.

Como no mês de janeiro a demanda do prédio é considerada nula, devido ao


período de férias da instituição, toda sua geração é convertida em créditos de energia,
que serão discutidos mais a frente. Com relação aos demais meses do ano, observa-se
que o sistema híbrido apresenta menores déficits, reduzindo o consumo de energia da
concessionária. Excetuam-se desta análise os meses de janeiro e fevereiro, onde, como
discutido na Seção 4.2.3, a velocidade do vento registrada foi extremamente baixa
fazendo com que a geração total do sistema híbrido fosse praticamente igual à do
sistema fotovoltaico.
Com exceção do mês de fevereiro, em que o déficit do sistema foi menor do que
zero por aproximadamente 2h (mais energia gerada do que consumida neste intervalo),
em nenhum outro mês a geração do sistema fotovoltaico foi suficiente para suprir á
demanda total do prédio em questão. A adição do gerador eólico, possível pela
consideração do fator multiplicativo sob a velocidade medida, fez com que para os
meses de agosto e setembro fossem registradas várias horas de autonomia do sistema,
além dos meses de junho, outubro, novembro e dezembro que registraram pequenos
períodos de autossuficiência.
Nas curvas dos sistemas que utilizam baterias, a curva de déficit é igual à curva
de demanda apresentada na Figura 4-1 até certo ponto. Isso, porque, desde o inicio do
dia a energia gerada local é direcionada ao carregamento do banco de baterias, logo,
neste período a carga do prédio é totalmente suprimida pela concessionária de energia.
Na Tabela 4-12 observa-se, para cada mês do ano, a previsão dos horários em que
a bateria acaba de ser totalmente carregada. Ao terminar o carregamento das baterias a
energia gerada pelo sistema solar e/ou eólico é utilizada para reduzir o consumo de
60
energia da rede principal ou até levá-lo a zero por um determinado período como nos
meses de fevereiro, junho, agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro. O fim do
carregamento do banco pode ser observado na Figura 4-24 no momento em que há uma
primeira queda acentuada nas curvas dos sistemas fotovoltaico e híbrido, ambos com
banco de baterias. Observa-se que no sistema híbrido com baterias, estas costumam
carregar em menos tempo, principalmente nos meses de maior geração eólica.

Tabela 4-12 – Previsão de horário para o fim do carregamento do banco de baterias selecionado para cada
mês do ano.

FIM DO CARREGAMENTO DO BANCO DE


BATERIAS
MÊS
FOTOVOLTAICO C/ HÍBRIDO COM
BATERIAS BATERIAS
JAN - -
FEV 12:20 12:15
MAR 13:00 12:30
ABR 12:50 12:20
MAI 12:40 11:45
JUN 12:55 10:35
JUL 13:40 11:20
AGO 12:30 09:45
SET 12:10 08:55
OUT 12:10 11:00
NOV 12:15 11:30
DEZ 12:35 11:25

A segunda queda que leva ambas as curvas dos sistemas com baterias a zero
acontece às 17h para todos os gráficos da Figura 4-24 e apresenta o momento em que o
banco de baterias é acionado para suprir totalmente a demanda do prédio no horário de
pico das tarifas da concessionária. De acordo com o projeto do banco, este deve ser
capaz de alimentar toda a carga prevista durante 3h, das 17h às 20h. No entanto, para
casos em que o déficit energético entre 17h e 20h (Tabela 4-4 e Tabela 4-11) é menor do
que a energia armazenada, o banco suporta a carga do prédio por mais tempo do que o
previsto no projeto. Nitidamente, pelas curvas da Figura 4-24, encaixam-se nestes casos
os meses de setembro, outubro e novembro, onde o tempo de autonomia do sistema
híbrido com baterias foi maior do que a autonomia do sistema fotovoltaico com baterias
e o mês de fevereiro, cujo déficit foi nulo até o fim do dia.
A Tabela 4-13 apresenta a redução do pico da curva de energia (kWh)
demandada da concessionária para os quatro arranjos propostos.

61
Tabela 4-13 – Queda percentual do pico de demanda de energia da concessionária.

REDUÇÃO DO PICO DE DEMANDA


SOLAR COM HIBRIDO COM
MÊS SOLAR HÍBRIDO
BATERIA BATERIA
JAN 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%
FEV 41,1% 41,1% 1,9% 1,9%
MAR 30,8% 34,2% 0,0% 1,9%
ABR 27,6% 32,9% 1,2% 1,9%
MAI 34,5% 37,4% 1,9% 1,9%
JUN 33,5% 37,2% 0,6% 1,9%
JUL 28,7% 38,1% 0,0% 1,9%
AGO 32,6% 35,2% 1,9% 5,0%
SET 29,6% 37,2% 1,9% 16,3%
OUT 37,3% 40,9% 1,9% 1,9%
NOV 33,8% 38,1% 1,9% 1,9%
DEZ 35,0% 40,0% 1,9% 1,9%

Observa-se na Tabela 4-13 que os sistemas solar e híbrido são aqueles que
apresentam maior redução do pico de demanda de energia da rede principal, o que se
explica pelo fato do período de maior geração solar (Figura 4-2 até Figura 4-9) e eólica
(Figura 4-21) estar relacionado ao período de maior demanda de energia do prédio
(Figura 4-1). Como os sistemas com uso de baterias apresenta o mesmo comportamento
da curva de demanda sem fontes alternativas até que o banco de baterias esteja
carregado, estes ainda apresentam picos elevados de demanda de energia da
concessionária.
A Tabela 4-14 traz os tempos de autonomia do banco de baterias para cada mês
do ano para os sistemas fotovoltaico e híbrido, ambos com banco de baterias. A partir
dela se observa que os meses de março e dezembro no sistema híbrido também
ultrapassam as 3h previstas. Para o sistema fotovoltaico, apenas os meses de fevereiro,
março e dezembro apresentam maior período de autonomia, sendo que fevereiro
também possui déficit nulo até o fim do dia, como no sistema híbrido com baterias.
As diferentes curvas obtidas para cada configuração do sistema de geração
podem ser analisadas financeiramente, a partir dos gastos que cada arranjo representa.
Sabendo que o déficit representa a energia que deve ser consumida da concessionária
para manter o prédio em funcionamento, a partir das tarifas praticadas pode-se prever o
custo da energia que falta a cada sistema proposto.

62
Tabela 4-14 – Tempo de autonomia do banco de baterias totalmente carregado em cada mês para os
sistemas fotovoltaico e híbrido.

TEMPO DE AUTONOMIA
MÊS
FOTOVOLTAICO C/ BATERIAS HÍBRIDO COM BATERIAS
JAN - - - -
FEV 17:00 23:55 17:00 23:55
MAR 17:00 20:05 17:00 20:05
ABR 17:00 20:00 17:00 20:00
MAI 17:00 20:00 17:00 20:00
JUN 17:00 20:00 17:00 20:00
JUL 17:00 20:00 17:00 20:00
AGO 17:00 20:00 17:00 20:00
SET 17:00 20:00 17:00 20:25
OUT 17:00 20:00 17:00 20:55
NOV 17:00 20:00 17:00 20:30
DEZ 17:00 20:10 17:00 20:15

Neste estudo de caso são consideradas as tarifas da concessionária local, CEMIG,


definidas de acordo com a Resolução Homologatória n. 2.248 de 23 de maio de 2017 da
ANEEL, cujos valores se encontram na Tabela 4-15. O custo total da energia é composto
pelas tarifas de uso do sistema de distribuição (TUSD) e de energia (TE). Os impostos
agregados à conta de energia não foram considerados nos cálculos.
Não é considerado aqui o custo de disponibilidade cobrado pela concessionária
para os meses em que a demanda do prédio é nula, pois, o CPEI se encontra incluso em
um sistema maior, fazendo com que sempre haja um consumo mínimo diferente de zero
na instalação total. São também consideradas taxas constantes durante todo o ano.

Tabela 4-15 – Tarifas definidas pela ANEEL e praticadas pela CEMIG a partir da Resolução Homologatória
n. 2.248 de 23 de maio de 2017.

Tarifas * TUSD (R$/MWh) TE (R$/MWh) CUSTO TOTAL (R$/kWh)


Ponta 860,92 361,72 1,22264
Fora de ponta 32,24 235,87 0,26811

A Tabela 4-16 mostra a previsão de energia a ser adquirida da concessionária a


fim de complementar cada um dos arranjos estudados em comparação ao sistema sem o
uso de fontes alternativas de geração local. Observa-se que o sistema de geração
fotovoltaica é capaz de produzir, aproximadamente, 3,48 MWh/ano, enquanto o sistema
híbrido, na hipótese da existência das velocidades do vento adotadas, seria capaz de
gerar quase 5,92 MWh/ano.

63
Tabela 4-16 – Previsão da energia (kWh) a ser comprada da concessionária para cada arranjo.

ENERGIA (kWh) COMPRADA DA CONCESSIONÁRIA


SEM FONTE SOLAR COM HIBRIDO COM
MÊS SOLAR HÍBRIDO
LOCAL BATERIA BATERIA
JAN 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
FEV 658,379 309,428 308,353 332,752 328,849
MAR 1457,840 1167,751 1100,113 1166,898 1102,224
ABR 1410,813 1133,872 1043,058 1133,590 1045,901
MAI 1457,840 1144,276 1011,456 1143,837 1005,483
JUN 1410,813 1110,684 819,841 1110,511 818,563
JUL 1457,840 1201,770 1002,684 1203,002 1004,215
AGO 1457,840 1111,798 642,140 1110,872 635,353
SET 1410,813 1053,179 500,618 1054,436 486,643
OUT 1457,840 1107,656 886,104 1107,107 885,807
NOV 1410,813 1099,676 911,046 1101,029 910,790
DEZ 1457,840 1131,110 902,977 1130,304 904,394
ANUAL 15.048,67 11.571,20 9.128,39 11.594,34 9.128,22

A diferença observada entre os valores de energia comprada para os sistemas


com e sem bateria se deve ao tratamento dos dados coletados. Teoricamente a
quantidade de energia adquirida nas configurações com e sem elementos
armazenadores se diferencia apenas pela realocação de parte da energia local gerada em
outro momento do dia.
Com base nas tarifas consideradas, a Tabela 4-17 traz uma previsão dos custos
mensais e anuais com a compra de energia da concessionária de cada sistema de geração
local proposto, além dos custos para o caso em que não há meios de geração local a fim
de proporcionar uma visão mais ampla do retorno financeiro da geração distribuída.
Apesar dos sistemas com e sem bateria apresentarem aproximadamente a
mesma quantidade de energia, mensal e anual, a ser comprada, comparando as Tabela
4-16 e Tabela 4-17 observa-se que há um ganho significativo ao realocar a geração de
energia local para suprir ao sistema no horário de ponta. O uso de elementos
armazenadores possibilitou queda de 36,66 % nos gastos com a compra de energia para
o sistema solar e de 42,18 % para o sistema híbrido.

64
Tabela 4-17 – Previsão dos custos do CPEI com a compra de energia da concessionária para cada
configuração do sistema.

CUSTOS (R$) COM A CONCESSIONÁRIA DE ENERGIA


SEM FONTE SOLAR COM HIBRIDO COM
MÊS SOLAR HÍBRIDO
LOCAL BATERIA BATERIA
JAN 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
FEV 283,62 151,98 151,52 89,21 87,74
MAR 567,24 490,42 468,91 312,86 295,52
ABR 567,24 474,24 448,81 303,93 280,42
MAI 567,24 483,08 446,09 306,67 269,58
JUN 567,24 468,32 389,67 297,74 218,79
JUL 567,24 498,42 444,77 322,54 269,24
AGO 567,24 474,11 299,72 297,84 125,50
SET 567,24 452,43 223,94 282,70 71,41
OUT 567,24 471,49 377,26 296,83 236,65
NOV 567,24 463,43 395,00 295,20 244,13
DEZ 567,24 474,46 403,64 303,05 241,41
ANUAL R$ 5.955,97 R$ 4.904,38 R$ 4.049,34 R$ 3.111,56 R$ 2.341,38

Como no sistema sem fonte local de geração toda a demanda do prédio é


alimentada pela concessionária, esta apresenta maiores custos com a compra de energia.
Claramente, a medida que são adicionadas fontes locais de geração e sistemas de
armazenamento, menos energia é comprada e com menor custo. Para o sistema solar,
mesmo sem o uso de baterias, pode-se economizar anualmente 17,66% do valor gasto
com o sistema sem fontes alternativas, visto que neste arranjo a energia a ser comprada
da concessionária equivale a, aproximadamente, 76,859 % da demanda total prevista
para o CPEI. Para o sistema híbrido, há a economia anual de 30,08% do gasto com o
sistema sem geração local, com um total de energia demandada anual 39,34% menor
que a demanda prevista.
Os custos com a compra de energia para as configurações discutidas são ainda
menores nos casos em que a quantidade de energia gerada é maior do que a consumida.
A energia convertida em crédito pode ser vista no gráfico do mês de janeiro na Figura
4-24. Este foi o único mês do ano em que a energia mensal gerada foi maior do que a
energia consumida no mês, visto que se considera demanda nula e toda a energia gerada
independente da configuração adotada é colocada na rede.

65
4.4. Análise financeira

Dentre as configurações propostas para o sistema de geração local do CPEI vários


fatores devem ser analisados antes de escolher o modelo mais adequado.
Quanto às limitações físicas do local tem-se o sistema de geração eólica que
requer uma velocidade mínima para funcionar adequadamente e a geração solar em que
a localização das placas fotovoltaicas e seu posicionamento interferem diretamente na
geração. Muitas vezes o projeto é limitado pela dimensão dos equipamentos, como no
sistema eólico onde a falta de espaço impede a escolha de uma turbina maior, capaz de
gerar muito mais energia. Como as fontes de energia consideradas neste trabalho
dependem diretamente da disponibilidade de recursos intermitentes, as condições
ambientais do local considerado têm grande importância no projeto. No caso da geração
eólica, o uso das medições reais realizadas na estação meteorológica do CPEI não foi
possível devido aos baixos valores obtidos, exigindo a suposição de um fator
multiplicativo que permitisse o desenvolvimento de um modelo para análise.
Deve-se considerar ainda a complexidade e o custo do sistema. Quanto mais
fontes e recursos de armazenamento pretende-se utilizar, maior o projeto e os custos
agregados, principalmente para compra e instalação de todos os componentes. Muitos
dos equipamentos utilizados no estudo para efeito de cálculo sequer são produzidos no
Brasil. A turbina eólica selecionada, por exemplo, é produzida pela Typmar, uma
empresa Chinesa, e tem custo de US$7.500,00. Apesar de não encontrar onde fica a sede
do fabricante do banco de baterias selecionado, a Victron Energy tem revendedores em
todos os continentes e os bancos de baterias considerados têm custo sugerido de €695
(1.065 Ah) e €803 (1.278 Ah), podendo variar de acordo com o revendedor.
Considerando-se que os custos de importação dos equipamentos e da mão de obra
façam com que o custo do equipamento dobre, em reais2, os gastos com a adaptação dos
sistemas são expressos na Tabela 4-18.
O banco de baterias tem vida útil limitada de acordo com o número de ciclos de
carga/descarga que esta realiza, sendo necessária sua substituição e manutenção
regular. Caso o banco selecionado seja o de 1.065 Ah, tem-se, aproximadamente, uma
vida útil de 5 anos e 3 meses, tanto para o sistema fotovoltaico, quanto para o híbrido.

2 Cotação utilizada: 1US$=R$3,29 e 1€ = R$3,68.


66
No caso do banco de 1.278 Ah, a vida útil seria de 6 anos e 9 meses, portanto, 1 ano e
meio a mais do que o primeiro banco.

Tabela 4-18 – Gastos com equipamentos para adaptação do sistema hoje existente no CPEI.

CUSTO DOS EQUIPAMENTOS PARA ADAPTAÇÃO DOS SISTEMAS


SOLAR (Sistema já existente no local) R$ 0,00
HÍBRIDO (Turbina eólica) R$ 49.350,00
R$ 5,115,20 (1.065 Ah)
SOLAR COM BATERIA (Banco de baterias) R$ 5,910,08 (1.278 Ah)
R$ 54.465,20 (1.065 Ah)
HIBRIDO COM BATERIA (Turbina eólica e banco de baterias) R$ 55.260,08 (1.278 Ah)

A princípio, o modelo adotado para o sistema híbrido com geração solar e eólica
junto ao uso do banco de baterias como elemento armazenador foi o mais atrativo por
apresentar o maior retorno financeiro, com menor custo na compra de energia
complementar na concessionária local. No entanto, é também aquele que requer maior
investimento, como mostra a Tabela 4-18. Apesar do CPEI já possuir um sistema de
geração fotovoltaico, para sua adaptação ao sistema híbrido seria necessário adquirir o
gerador eólico e as baterias. Considerando que as tarifas cobradas pela concessionária
de energia sejam mantidas constantes ao longo dos anos, seria necessário,
aproximadamente, 16 anos para que o para que o investimento fosse pago apenas com a
economia do sistema híbrido com baterias em relação ao sistema sem fontes
alternativas, com uma diferença de 2 meses de acordo com o banco de baterias
selecionado entre os dois destacados.
Considerando novamente que as tarifas de energia sejam constantes ao longo dos
anos, para o sistema fotovoltaico com baterias, o retorno do investimento seria pago
pela economia do sistema em relação ao sem fontes alternativas após um período de 1
ano e 9 meses, para o banco de 1.065 Ah, à 2 anos, para o banco de 1.278 Ah. Visto que a
escolha do banco de 1.278 Ah acrescenta apenas 3 meses ao retorno do investimento e
aumenta em 1 ano e meio o tempo de troca do banco de baterias, este se mostra uma
melhor opção.
A fim de avaliar o lucro econômico das principais configurações propostas,
considera-se um custo de oportunidade. Este se refere ao lucro obtido em uma segunda
opção de investimento. Neste trabalho, o custo de oportunidade considerado é o
rendimento mensal que seria obtido ao aplicar o valor do investimento na poupança.

67
Considerando o rendimento da poupança constante e igual a 1,86% ao mês, quando a
economia gerada pelo sistema fotovoltaico, após 2 anos do investimento inicial, o
rendimento gerado pela poupança já adicionou cerca de R$ 3.800,00 ao valor inicial de
R$ 5.910,08 investidos. Com o passar dos meses, mesmo já tendo pagado o custo do
banco de baterias, a soma da economia mensal do sistema fotovoltaico proposto não
alcança o rendimento da poupança em menos de 6 anos e 9 meses, quando o banco de
baterias adquirido já deve ser substituído. Dessa forma, apesar do lucro operacional
(economia do sistema fotovoltaico em relação ao sistema sem fonte alternativa)
observado, o lucro econômico (diferença entre o lucro operacional e o custo de
oportunidade) é negativo, indicando que o investimento da quantia necessária à
adaptação do sistema em poupança é mais vantajoso.
O sistema fotovoltaico com baterias é, portanto, o arranjo mais vantajoso entre os
quatro modelos propostos. Porém, ainda é um sistema caro para ser implantado ao se
considerar o uso do banco de baterias selecionado.
Para uma análise mais real, devem ser contabilizados os custos de mão de obra de
instalação e analisados os equipamentos auxiliares necessários, como o controlador de
carga para as baterias e dispositivos de proteção. Há ainda o fato da velocidade do vento
considerada neste estudo ser vinte vezes maior do que a medida no prédio do CPEI,
sendo inviável a instalação de um sistema híbrido com base na adição de uma fonte
eólica de energia a partir da turbina selecionada neste sistema real, o que não inviabiliza
a aplicação do método aqui proposto em localidades com condições ambientais mais
favoráveis.

68
Capítulo 5

Conclusão

Estudos e relatórios publicados nos últimos anos reafirmam a grande e rápida


expansão do sistema de geração distribuída em todo o mundo. Seja em lugares isolados
onde ainda não há acesso à energia do sistema interligado nacional ou visando uma
geração mais sustentável que permite o controle do horário de pico, redução de perdas e
menor consumo de energia vinda da rede principal, muitas são as vantagens trazidas
pela geração distribuída.
A busca pela autonomia com a geração local de energia ainda se mostra muito
complexa, em vista da forte dependência das principais fontes de energia utilizadas com
recursos intermitentes e das limitações dos equipamentos, que se mostram pouco
eficientes em situações de escassez de recursos, como se pode observar no estudo dos
tipos de turbinas de eixo vertical de pequeno porte (Seção 2.5.2.2). Manter sistemas
totalmente ilhados da rede primária de distribuição de energia não é, portanto, uma
tarefa simples. Para tanto os sistemas de geração local devem ser corretamente
articulados e rearranjados de forma a selecionar as cargas essenciais a serem mantidas
em pleno funcionamento ou de forma reduzida ou ainda selecionar o período do dia em
que se deseja manter todas as cargas em funcionamento sem a necessidade de compra
de energia complementar da concessionária.
Este trabalho abordou quatro dos principais arranjos de sistemas de geração
distribuída. Observou-se que apenas a adição de uma ou mais fontes alternativas de
geração já são capazes de reduzir o consumo de energia da rede e permitir certa
autonomia, ainda que limitada, ao sistema. Na falta de fontes capazes de gerar a energia
suficiente para suprir toda carga do sistema durante todo o tempo, os elementos
armazenadores de energia são bons aliados na redução de custos com a compra de
energia adicional da concessionária, permitindo que tal compra seja feita apenas nos
momentos de menor tarifa.

69
Os custos avaliados para implantação dos sistemas propostos demonstram que o
tempo de retorno do investimento para o sistema que apresentou menores valores de
energia comprada da concessionária é ainda muito grande em vista do alto custo dos
equipamentos considerados.
No sistema fotovoltaico com baterias, como o prédio considerado já possui o
sistema de geração solar, o investimento realizado para compra apenas o banco de
baterias faz com que este arranjo seja o que apresenta melhor custo-benefício, pois,
menos energia complementar é comprada e o retorno do investimento é obtido em 2
anos. No entanto, ao considerar outros investimentos que podem ser feitos com a
mesma quantia, como é o caso da aplicação em poupança, observa-se que o lucro obtido
pela implantação desta configuração de geração distribuída ainda é baixo. Outros
estudos podem ser desenvolvidos a fim de avaliar as vantagens e desvantagens do uso
de equipamentos nacionais na construção destes sistemas, observando as diferenças de
custo e tecnologia aplicada.
Como observado na Seção 2.3 a geração distribuída tem ganhado destaque no
cenário mundial e, com o aumento de investimentos governamentais, o
desenvolvimento tecnológico e crescente popularização deste sistema, a tendência
mundial aponta para a redução dos custos de implantação do sistema e consequente
redução do tempo de espera para se obter o retorno do investimento realizado. Isso faz
com que os arranjos propostos tendam a ser mais vantajosos com o passar do tempo,
inclusive os mais robustos, como a geração híbrida com/sem banco de baterias.

5.1. Trabalhos futuros

Como continuidade deste trabalho ou para realização de outros relacionados ao


estudo da geração distribuída, podem ser destacadas as seguintes possibilidades:
Análise das modificações necessárias a um sistema para que este
possa funcionar totalmente ilhado da rede principal por um período
maior de tempo (seleção das cargas prioritárias, quantas/quais
fontes de energia poderiam ser utilizadas);
O estudo dos efeitos (para o SIN) da conexão de um sistema de
geração local (se há relação entre o tipo de fonte adotado e a

70
introdução mais ou menos distúrbios, adaptações necessárias aos
sistemas de proteção);
Estudo dos incentivos governamentais e regulamentação existente
para aqueles que já são adeptos ou pretendem investir na geração
distribuída.

71
Anexo A

Dados dos Fabricantes

A Figura Anexo A-1 apresenta os tipos de baterias OPzS fabricadas pela Victron
Energy e suas características.

Figura Anexo A-1 – Datasheet baterias OPzS do fabricante Victron Energy (Fonte: Adaptado de Victron
Energy).

72
A Victron Energy produz uma ampla gama de equipamentos como: inversores,
conversores, cabos e diversos tipos de baterias. O catálogo completo do fabricante
fornece os valores sugeridos para cada equipamento. A Figura Anexo A-2 apresenta os
valores sugeridos para as baterias de placa tubular, incluindo as baterias solares OPzS.

Figura Anexo A-2 – Tabela de preços Victron Energy (Fonte: Adaptado de Victron Energy).

Na Figura Anexo A-3 tem-se o valor sugerido pelo fabricante Typmar para a
turbina eólica CXF-3000, cujos dados foram adotados no desenvolvimento deste
trabalho.

73
Figura Anexo A-3 – Tabela de preços TYPMAR (Fonte: TYPMAR).

74
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