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X SEMINÁRIO DE ENGENHARIA GEOTÉCNICA DO RIO GRANDE DO SUL

GEORS 2019

APLICAÇÃO DO MÉTODO DE CLASSIFICAÇÃO M.C.T. AO SOLO


COESIVO FRICCIONAL DO MUNICÍPIO DE PASSO FUNDO - RS

Tennison Freire de Souza Júnior


Pesquisador/Doutorando do PPGEC da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
tennisonufpr@outlook.com

Felipe Ferreira Silva de Jesus


Graduação do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal da Bahia
ferreira.61@hotmail.com

Cesar Alberto Ruver


Professor do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
cesar@ufrgs.br

Karla Salvagni Heineck


Professora do curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
karla.heineck@ufrgs.br

Cristhyano Cavali Luz


Pesquisador/Doutorando do PPGECC da Universidade Federal do Paraná
crisccluz@hotmail.com

Resumo. Os solos de regiões de clima tropical através do Mini – MCV e do método das
possuem comportamentos distintos quando pastilhas, o solo foi classificado como LG´
comparados aos consagrados depósitos (Solo de comportamento laterítico argiloso).
sedimentares. De um modo geral, naqueles
solos há variação de características químicas, Palavras-chave: Classificação MCT. Coesivo-
físicas, mineralógicas e estruturais em friccional, Passo Fundo.
decorrência das condições climáticas nas
quais estão submetidas e da atuação de
processos geológicos e pedogenéticos típicos 1. INTRODUÇÃO
das regiões tropicais úmidas. Desta forma, foi
desenvolvido o método do M.C.T. (Miniatura, De acordo com Burgos e Conciani (2015),
Compactado, Tropical), justamente, com solos localizados em regiões tropicais
intuito de avaliar o comportamento laterítico apresentam propriedades e comportamentos
ou não do solo. O presente trabalho tem que distinguem de solos de regiões
objetivo de apresentar a classificação através temperadas, os quais são comumente
do método M.C.T. de um solo coesivo classificados pelos sistemas mais tradicionais.
friccional localizado no campo experimental Estas distinções se devem aos aspectos físicos,
da Universidade de Passo Fundo, Rio Grande químicos, mineralógicos associados à sua
do Sul, através do procedimento em composição, cujos agrupamentos estruturais
equipamento em subminiatura e o método da dos macroporos e microporos são
pastilha. Baseado nos ensaios realizados, consequentes da sua gênese.

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As classificações mais tradicionais de Passo de Fundo – RS (UPF-RS) e sobre a


solos, frequentemente, se julgavam classificação de Solos - M.C.T.
incompatíveis às necessidades e projetos de
obras rodoviárias e, portanto, resultavam em 2.1 Solo coesivo friccional do campo
erros que acarretavam em um aumento experimental da UPF – RS
significativo de custos na fase de
terraplenagem (VILLIBOR e NOGAMI, Segundo Faro (2014) e Ruver (2011), o
2009). solo coesivo friccional do campo experimental
Burgos e Conciani (2015) afirmaram que de Passo Fundo (RS) tem um aspecto residual
em 1981, os pesquisadores da Universidade de homogêneo oriundo da composição de rochas
São Paulo (USP) apresentaram a Classificação basálticas (ígneas) e arenitos (sedimentos).
M.C.T., denominado assim por utilizar-se Streck et al. (2002) citaram que em termos
miniaturas de corpos-de-prova, compactados pedológicos, o solo da região de Passo Fundo
mediante procedimentos especiais destinados, é caracterizado como um Latossolo Vermelho
especialmente, para solos tropicais, no Distrófico típico Argissílico componente da
Simpósio de Solos Tropicais em Engenharia Unidade de Passo Fundo. O mesmo
na Universidade Federal do Rio de Janeiro caracteriza-se por ser muito intemperizado,
(UFRJ) e, posteriormente, em 1985 no I bem drenado e profundo, além de ser
Congresso de Geomecânica sobre Solos homogêneo por apresentar transição gradual
Tropicais Lateríticos e Saprolíticos realizado entre horizontes. Quanto a composição
em Brasília. Nogami e Villibor (2009) mineralógica há uma predominância do
acrescentaram que em 1998 houve a argilomineral caulinita e óxidos de ferro
introdução do ensaio de compactação Mini- (perceptível pela peculiaridade cromática
MCV (M-5) e de uma nova conceituação do c’ vermelha). Vale também mencionar que o solo
no método. apresenta baixa CTC (atividade de argila
Tendo em vista, que as classificações mais inferior a 17 cmol/Kg), acentuada acidez,
consagradas na literatura geotécnica, tais como baixa reserva de nutrientes e toxicidade por
Unified Soil Classification System (U.S.C.S) e alumínio para as plantas.
da Highway Research Board (H.R.B) da Segundo CPRM (2019), o campo
AASHTO são limitadas em termos de solos experimental da Universidade de Passo Fundo
tropicais, este trabalho tem como proposta está inserido na formação de intitulada pela
realizar a classificação de um solo coesivo simbologia K1βpr correspondente à fácies
friccional situado no município de Passo Parapanema que integra a Formação Serra
Fundo (RS), pelo método M.C.T. (NOGAMI e Geral, pertencente ao éon Fanerozóico, era
VILLIBOR, utilizando os procedimentos de Mesozóica, período Cretáceo. As fácies
compactação dinâmica da Norma Técnica Parapanema possuem como característica a
ME-258 (DNER, 1994) através do método das presença de derrames basálticos granulares
pastilhas e do Mini-MCV. finos, melanocráticos, contendo horizontes
vesiculares espessos preenchidos por quartzo
2. REVISÃO LITERÁRIA (ametista), zeolitas, carbonatos, seladonita, Cu
nativo e barita, compreende a maior
Neste tópico serão anunciadas as concentração das jazidas de ametista do
informações referentes a revisão literária a estado.
respeito do solo coesivo friccional localizado Quanto ao teor de umidade em função da
no campo experimental da Universidade de profundidade, nos estudos de Dalla Rosa et al.

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(2004) foi constatado que a variação da (2017) concluiu-se em termos de grau de


umidade natural está em torno de 28% a 40% saturação do solo valores entre 72% e 75,7%.
até a profundidade de 5m. Em relação ao índice de vazios inicial entre
A Tabela 1 relaciona estudos de 1,20 e 1,28 e um porosidade avaliada em 54%
caracterização de propriedades físicas a 55%.
ocorridos nestes solos por variados autores. No que tange a avaliação de resistência ao
cisalhamento, Carretta (2018) três ensaios
Tabela 1. Comparação de estudos de triaxiais do tipo CD (Consolidado Drenado)
propriedades físicas referentes ao solo coesivo executados nas tensões efetivas (p’inicial) de
friccional da UPF-RS 20 kPa, 35 kPa e 50 kPa, conforme Figura 1.
Estudos
Dalla Rizzon
Propriedades Rosa, (2015) e
Carreta Ruver
Thomé e Girardello
(2018) (2011)
Ruver et al.
(2004) (2007)
Umidade natural
35 28,87 27 - 29 34
média (%)
Peso específico
26,5 -
dos grãos 26,5 26,7 26,7
28,2
(kN/m³)
Limite de
Plasticidade – 31 32 ± 4 35 42
LP (%)
Limite de
Liquidez – LL 42 41 55 53 Figura 1. Trajetória de tensões e definição dos
(%) pontos de plastificação (Fonte: Carretta, 2018)
Índice de
Plasticidade – 11 9 20 11
IP (%) Como pode ser visto na Figura 1, para os
níveis de tensões de confinantes estudados, o
Em termos de classificação textural, solo manifestou plastificação em p’ ≈ 90 kPa.
Carretta (2018) realizou ensaio de Além disso, com base no mesmo ensaio,
granulometria e o solo possuiu 35% de areia e foram definidos parâmetros de coesão e
65% de finos (dos quais: 60% de Argila e 5% ângulo de atrito, sendo c’ igual a 9,52 kPa e
de Silte). ângulo de atrito ϕ igual a 30,5°.
Já Ruver (2011) obteve como resposta ao Faro (2014) executou cinco ensaios de CPT
ensaio de granulometria frações de 0,45% de e como pode ser visto na Figura 2, o perfil
areia grossa, 2,06% de areia média, 18,57% de geotécnico ao longo de 15m de profundidade
areia fina e 78,91% de finos (59% de Argila e apresentou poucas variações de resistência de
19,9% de Silte). ponta e lateral, indicando assim um aspecto
Por fim, Dalla Rosa et al. (2004) homogêneo em sua formação.
caracterizaram o mesmo solo e obtiveram 2% Em termos da classificação clássica de
de Areia Média, 25% de Areia Fina, 8% de solos, Ruver (2011) citou que observando a
Silte e 65% de Argila. granulometria e limites de plasticidade
Carretta (2018) comparando as conclui-se que o solo coesivo friccional do
características do solo de Passo Fundo do seu campo experimental de Passo Fundo (UPF)
estudo com o Rizzon (2016) e Thomé et al. pode ser classificado como A-5-7 (Solo Silto

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Argiloso) pelo sistema American Association Salienta-se que este ensaio é válido para
of State Highway and Transportation Officials entendimento da propriedade empírica do solo
(AASHTO) e CL (Argila de baixa a alta frente a variação de umidade sofrida pelo
liquidez) pelo Sistema Unificado de mesmo no local.
Classificação de Solos (SUCS). Além deste, com intuito de entender o
comportamento laterítico do solo foi
introduzido o ensaio de imersão total em água
com uso dos cp’s do Mini-M.C.V, segundo
Nogami e Villibor (1981). Por fim, os mesmos
afirmam que através destes ensaios (Mini-
M.C.V e imersão total em água) é possível que
sejam obtidas outras informações importantes:
a) família de curvas de compactação com
energia variável, desde a normal até a
intermediária;
b) capacidade de suporte, expressa em
Mini-CBR, sem imersão dos corpos de
prova e com máxima densidade que se
pode conseguir com um determinado
teor de umidade;
c) Classificação de solos a partir de
parâmetros que definem a curva de
variação de teor de umidade em função
do Mini-M.C.V;
d) ordem de grandeza da permeabilidade;
Figura 2. Ensaio de Cone Penetration Test e) e por fim as características de
(CPT) realizado no solo coesivo friccional da expansibilidade e coesão do solo
UPF-RS. (Fonte: Faro, 2014) compactado sob condição de imersão
total em água, confinamento parcial.
2.2 Classificação M.C.T. – Nogami e
Villibor (1981) 3. LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE
COLETA
Nogami e Villibor (1981) afirmaram que a
classificação MCT desenvolvida divide os A área de coleta do solo para a realização
solos tropicais em duas categorias de da classificação localiza-se na região do
comportamentos (Lateríticos e Não campo experimental do laboratório de
Lateríticos) subdivididas em 7 grupos através Geotecnia da Universidade de Passo Fundo –
de Mini MCV’s. RS. As amostras foram obtidas nas
O sistema de classificação M.C.T. é profundidades até 1 metro em relação ao nível
adequado para solos cuja fração passante da superfície (cota -1), cujas as coordenadas
ocorre em sua totalidade na peneira #10 são 28º22’64.31”S e 52°38’67.17”W,
(abertura 2mm) ou fração retida é desprezível. conforme anunciado na Figura 3.
Basicamente, a sistemática se subsidia do
método de compactação de Parsons (1976)
adaptada a corpos de prova de pequenas
dimensões denominado de Mini-M.C.V.

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determinou-se o peso específico seco para


cada conjunto de série de golpes.
Em seguida, foram plotadas as curvas de
diferença de altura pelo número de logaritmo
dos golpes para cada corpo de prova
(umidade). Para cada teor de umidade obteve-
se o valor de Bi, que é o número de golpes
para uma diferença de altura de 2 mm. A partir
do Bi determinou-se o valor de Mini-MCV
(Eq. 1) para cada umidade de compactação.
A próxima etapa consistiu na determinação
do parâmetro c´, que é obtido pela Eq. 2, para
Figura 3. Localização do campo experimental um Mini-MCV de 10. Na prática é a
da Universidade de Passo Fundo-RS. inclinação da reta do trecho linear da curva
que passa pelo Mini-MCV de 10. Quando não
4. METODO DO ESTUDO se obtem exatamente o mini-MCV de 10 para
uma dada umidade, deve-se interpolar uma
Neste tópico são descritos os métodos reta entre os dois valores mais próximos de
utilizados para a classificação de solos através 10.
do M.C.T., sendo o primeiro através do
equipamento subminiatura (Mini-M.C.V) e o Mini-MCVi = 10.log(Bi) (1)
segundo através do método das pastilhas
c´= [.(An-A4n)]/[10. .log(n)] (2)
4.1 Equipamento subminiatura (Mini-
M.C.V) A seguir, plotou-se os gráficos de massa
específica seca pela umidade de compactação,
Toda a sistemática realizada encontra-se resultando em uma curva para cada número de
descrita nos trabalhos de Nogami e Villibor golpes. A partir destas curvas, determinou-se o
(1981) e Villibor e Nogami (2009). Em parâmetro d´, que corresponde a inclinação da
resumo, as amostras secas foram destorroadas curva no ramo seco para 12 golpes. Deve-se
e peneiradas na peneira #10, sendo preparadas atentar para que d´ seja determinado com
quatro porções com cerca de 200g de solo para massa específica em kg/m3 e para umidade
diferentes umidades, deixadas em repouso por utiliza-se o valor absoluto, sem o percentual.
10h (processo de homogeneização da Após a compactação, extraiu-se uma
umidade) e, posteriormente, as amostras foram porção de material referente a 1 cm dos corpos
compactadas de prova, colocando os moldes
Cada porção de solo foi colocada em um horizontalmente na água por 20 horas, com
cilindro com diâmetro de 5 cm, compactada recipientes metálicos para coleta de solo que,
com soquete pequeno. Foram aplicados golpes por ventura, se desprendesse.
sucessivos, medindo-se a altura para um Posteriormente, colocou-se os recipientes
número crescente de golpes (1, 2, 4, 8, 16,..., na estufa para secagem do solo. A seguir
n, .... 4n ≤ 256). Aplicou-se golpes até que a determinou-se a relação da massa de solo
diferença de altura entre duas séries de golpes despendida pela massa de solo correspondente
fosse igual ou inferior a 0,1 mm ou quando ao solo extraído para cada umidade, obtendo-
ocorresse a exsudação de água ou 256 golpes. se o percentual de perda de massa. Plotou-se,
A partir dos dados de compactação,

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então, uma curva de perda de massa pelo a) Quando 0,1 ≤ Cd ≤ 0,5mm:


Mini-MCV. A partir desta curva determinou-
se o percentual de perda de massa por imersão c’ = [1 + Log10 Cd]/0,904 (4)
(Pi), correspondente a um Mini-MCV de 10,
se o solo apresentasse baixo peso específico b) Quando Cd ≥ 0,6mm:
(alturas finais superiores a 48 mm) ou de 15,
se o solo apresentasse alto peso específico c’ = [0,7 + Log10 Cd]/0,50 (5)
(alturas finais menores que 48 mm).
Com os valores de d´e Pi, obteve-se pela Por fim, as pastilhas foram embebidas em
Eq. 3, o valor do parâmetro e´. água por capilaridade e posteriormente sua
consistência foi obtida através do
e´= (Pi/100+20/d´)1/3 (3) minipenetrômetro. Desta forma, o valor
gerado através da penetração (p) na pastilha
Por fim, com os valores de c´e e´, foi embebida foi correlacionada com o índice e’.
utilizado o ábaco de classificação, obtendo-se
a classificação do solo para um dos sete
grupos de classificação, em função do 5. RESULTADOS
comportamento laterítico (L) ou não laterítico
(N), acompanhado da textura (A = areia, A´= Partindo das informações da interpretação
arenoso, S´ = siltoso ou G´=argiloso). do gráfico da Figura 4 foi obtido através da
relação diferença de altura vs número de
4.2 Método das pastilhas golpes um valor de c’ igual a 2,03.

Villibor e Nogami (2009) descreveram o


ensaio. Dessa forma, as pastilhas foram
moldadas com o solo passante na peneira #40
em consistência pastosa padronizada. Através
destas pastilhas circulares foram obtidos
valores de contração diametral e da sua
consistência. Para que se atinja o estado
pastoso padronizado foram realizados ciclos
de molhagem e secagem na amostra (usando
placa de vidro esmerilhada) até que se Figura 4. Relação entre diferença de altura
atingisse um teor de umidade de pasta, através (mm) vs número de golpes (n) – Ensaio de
de um minipenetrômetro, cuja consistência Compactação Mini-M.C.V
permite a penetração de 1mm. Por fim, foram
moldadas as pastilhas em anéis de 20 mm de Baseado nas curvas de compactação da
diâmetro interno e 5mm de altura. Figura 5, foi possível calcular um valor d’
Após a moldagem, as pastilhas foram igual a 60,91.
submetidas à secagem em estufa a baixa
temperatura (em torno de 50°C). Com isso, é
medida a contração diametral, Cd, de cada uma
delas, sendo elas correlacionadas ao
coeficiente c’ através das equações 4 e 5.

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trabalhos de Carretta (2018) e Ruver (2011),


que foi de aproximadamente 60%.

Figura 5. Relação entre Massa Específica


Aparente Seca - MEAS(g/cm³) vs umidade
compactação (%) – Ensaio de compactação
Figura 8. Classificação M.C.T do solo coesivo
Através do gráfico anunciado na Figura 6 friccional da UPF-RS considerando os
foi possível obter um valor de altura final de critérios da ME -258 (DNER, 1994).
51,3 mm para um Mini- MCV igual a 10.
Por fim, calculou-se o índice e’ em função Quanto ao método das pastilhas, foram
da Eq. (3), onde o mesmo foi igual a 0,69 para utilizadas cinco argolas e retirados os valores
um valor Pi(%) igual a 0,03%, como pode ser médios de três diâmetros, conforme Tabela 2.
visto na Figura 7.
Tabela 2. Moldagem das argolas
Argolas
Ø
1 2 3 4 5
1 19.93 19.97 19.94 19.95 19.97
2 19.96 19.97 19.86 19.99 19.97
3 19.95 19.98 19.94 19.99 19.88
Figura 6. Relação entre Altura Final (mm) vs Média 19.95 19.97 19.91 19.98 19.94
Mini-MCV – Comportamento de imersão
Após a secagem das amostras foram
obtidos os resultados anunciados na Tabela 3.

Tabela 3. Argolas após a secagem


Argolas
Ø
1 2 3 4 5
1 18.10 17.63 17.92 18.10 17.48
Figura 7. Relação entre Pi (%) vs Mini-MCV
2 18.01 17.74 18.02 18.19 17.56
– Comportamento de imersão
3 17.84 17.88 17.00 18.04 17.83
Como pode ser visto na Figura 8, o solo Média 17.98 17.75 17.65 18.11 17.62
coesivo friccional do campo experimental da
UPF-RS foi classificado como Solo Laterítico Com isso foram calculadas as contrações c’
Argiloso (LG´), o que condiz com o teor de em função da Eq. (5) e anunciadas na Tabela
finos citados nos ensaios granulométricos dos 4.

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Tabela 4. Cálculo das contrações das amostras ≤2 LA'-LG'


Contração 1,4 a 1,7 2,1 a 3,9 NA'/NG'-NS'
1.97 2.23 2.27 1.87 2.32
(cd)
≥4 NS'-NG'
c’ 1.99 2.10 2.11 1.94 2.13
≤2 LG'
Por fim, forma obtidas as penetrações ≥ 1,8 2,1 a 3,9 NG'
médias em cada uma das cinco argolas Tabela ≥4 NG'
5.

Tabela 5. Relação das penetrações médias nas Os solos de comportamento lateríticos


argolas argilosos, de acordo com Nogami e Villibor
Argolas (1981) são geralmente argilas ou argilas
Penetração arenosas. As mesmas apresentam alta
1 2 3 4 5
capacidade de suporte em Mini CBR sem
1 0.44 0.17 0.18 0.50 0.47 imersão, baixa capacidade de suporte por
2 0.53 0.25 0.08 0.26 0.35 imersão, baixa expansão, média a alta
3 0.44 0.21 0.17 0.18 0.28 contração, baixa permeabilidade e média a alta
Média 0.47 0.21 0.14 0.31 0.37 plasticidade.
Vale destacar um desacordo dentre os
Uma vez determinados todos os valores comportamentos citados em termos de
foram calculados os valores de c’médio e permeabilidade. Segundo Rizzon (2015), a
penetraçãomédia e que foram iguais a 2,05 e permeabilidade natural do solo coesivo
0,30, respectivamente. De posse desses friccional do campo experimental da UPF
valores e tendo em vista os limites possui um valor de 1,05 x 10-5 m/s, o que seria
mencionados na Tabela 6, o solo coesivo equivalente a condutividade hidráulica de um
friccional do campo experimental da UPF-RS solo arenoso, ou seja, média a alta
novamente foi classificado como Solo permeabilidade. Este comportamento ocorre
Laterítico Argiloso (LG´). devido a estrutura porosa do solo em seu
estado natural (da ordem de 55%).
Tabela 6. Relação de classificação de solos A partir da Tabela 7, que apresenta a
pelo método das pastilhas classificação M.C.T de diversos municípios
próximos a Passo Fundo, com as respectivas
c' Grupo MCT classificações realizadas pela metodologia
Penetração
≤3 LA tradicional (equipamento subminiatura - Mini-
≤ 0,5 3,1 a 3,9 NA M.C.V) e expedita (método das pastilhas), foi
percebido que o solo do campus experimental
≥4 NA/NS' de Passo Fundo-RS apresentou a mesma
≤2 LA-LA' classificação dada pela M.C.T comparada a
0,6 a 0,9 2,1 a 3,9 NA'/NS' outros solos pertencentes a mesma unidade
geológica. A Figura 9 apresenta um mapa com
≥4 NS'/NA' a localização dos municípios para os quais foi
≤2 LA' feita a classificação MCT.
1 a 1,3 2,1 a 3,9 NA'/NS'
≥4 NS'/NA'

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Tabela 7. Classificação M.C.T de vários solos solos ocorrem fenômenos de lixiviação


do noroeste gaúcho (adaptado de WAHYS et (carreamento de partículas por ação física da
al., 2017) água), de sílica e bases, e também de
Classificação M.C.T argilominerais de camadas superficiais para as
Local mais profundas. Aliado a estes fatores, os
Tradicional Expedita
solos lateríticos possuem elevada resistência a
Ajuricaba/RS LG´ NG´ erosão em função da adesão provinda dos
Ijuí/RS LG´ LG´ óxidos de ferro, e que também possibilitam
Capão do Cipó/RS LG´ LG´ cortes arrojados em escavações, entretanto,
Jóia/RS LA´-LG´ eles geralmente são colapsíveis e apresentam
Palmeira das elevada compressibilidade.
LG´ Pinto (2006) incrementou que os solos
Missões/RS
lateríticos, embora naturalmente sejam
Santa Rosa/RS LG´
encontrados em condições não saturados e
Tupanciretã/RS LA´-LG´ com elevados índices de vazios, quando
Ponto 1 – BR 377 LG´ compactados apresentam elevada capacidade
Ponto 2 – BR 377 LG´ de suporte. Além disso, após a compactação,
Ponto 3 – BR 377 LG´ em situações em que aja aumento de umidade,
apresentam baixa contração e nenhuma
Ponto 4 – BR 377 LG´
expansão.
Ponto 5 – BR 377 LG´
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Baseado nas informações mencionadas no


trabalho acima é possível estabelecer
determinadas considerações:
a) O solo foi caracterizado pela
classificação M.C.T através do Mini-
MCV como um Solo de
Comportamento Laterítico Argiloso
(LG´);
b) Assim como no ensaio do Mini-
M.C.V, o solo foi caracterizado pelo
método das pastilhas como um Solo de
Comportamento Laterítico Argiloso
Figura 9. Mapa indicativo dos munícipio onde (LG´);
foi realizada a classificação MCT (adaptado c) A classificação obtida é condizente
de PUFAL et al, 2016) com as características do solo do
campo experimental, pois apresenta
Em termos de característicos e uma coloração vermelha, estrutura
comportamentais, Massad (2016) citou que os porosa, elevado índice de vazios,
solos lateríticos são superficialmente bem elevada condutividade hidráulica e
drenados e ficam situados acima do lençol
finos agregados com alta resistência
freático, assim como sofrem ainda a ação de
hídrica;
processos físico-químicos. Comumente nestes

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d) Como pode ser visto na Tabela 7 e


Figura 9, a classificação M.C.T do solo COMPANHIA DE PESQUISAS DE
do campo experimental da UPF condiz RECURSOS MINERAIS. Mapa Geológico
com as classificações dos solos dos do estado do Rio Grande do Sul. Disponível
municípios adjacentes que se alocam em:<http://www.cprm.gov.br/publique/media/
na mesma unidade geológica. geologia_basica/cartografia_regional/mapa_ri
o_grande_sul.pdf>. Acesso em 20 de Mar. de
2019.
Autorizações/Reconhecimento
DNER. ME-258: Solos compactados em
Os autores deste artigo conferem ao equipamento miniatura. Departamento
evento o direito de publicação de todo o Nacional de Estradas de Rodagem, Brasília –
conteúdo do estudo em questão. Brasil, 1994,14p.

Agradecimentos FARO, V. P. Carregamento lateral em


fundações profundas associadas a solos
tratados. 2014. Tese (Doutorado em
Os autores expressam a sua gratidão à Engenharia Civil – Departamento de
CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Engenharia Civil): Universidade Federal do
Pessoal Nível Superior) pelo fomento à Rio Grande do Sul, Porto Alegre RS, 2014.
pesquisa do PPGEC (Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil) da UFRGS MASSAD, F. Mecânica dos solos
(Universidade Federal do Rio Grande do Sul)
experimental. São Paulo, São Paulo – Brasil:
e ao Laboratório de Geotecnia da UFBA
Ed Oficina de Textos, 2016. 287p.
(Universidade Federal da Bahia) pelo
fornecimento da infraestrutura para realização
NOGAMI J. S.; VILLIBOR, D. F. Uma nova
dos ensaios de Mini-MCV
classificação de solos para finalidades
rodoviárias. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE
SOLOS TROPICAIS EM ENGENHARIA, 1.,
7. REFERÊNCIAS
1981, Rio de Janeiro. Anais... Rio de Janeiro:
UFRJ, 1981. p. 30-41.
BURGOS, P. C.; CONCIANI, W. Índices
físicos, textura, consistência e classificação de
PUFAL, L.; et al. (2016) Classificação de
solos. In: CARVALHO, J. C., et al. Solos não
Solos da Região Noroeste do Estado do Rio
saturados no contexto geotécnico. São Grande do Sul pela Metodologia MCT. In:
Paulo, São Paulo – Brasil: Ed. ABMS, 2015, CONGRESSO BRASILEIRO DE
759 p. MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA
GEOTÉCNICA, 18., 2016, Belo Horizonte.
CARRETTA, M. S. Comportamento de um Anais... Belo Horizonte: ABMS, 2016. CD-
solo residual levemente cimentado: ROM.
Estimativa de capacidade de carga para
estacas submetidas a esforços transversais. PARSONS, A. W. The rapid measurement
Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil –
of the moisture condition of Earth moving
Departamento de Engenharia Civil):
material. LR 750. Transport and Road
Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Research Laboratory, Crowthorn, U.K, 1976.
Porto Alegre RS, 2018.

X SEMINÁRIO DE ENGENHARIA GEOTÉCNICA DO RIO GRANDE DO SUL


13 E 14 de JUNHO DE 2019 – UFSM – SANTA MARIA - RS
X SEMINÁRIO DE ENGENHARIA GEOTÉCNICA DO RIO GRANDE DO SUL
GEORS 2019

PINTO, C. S. Curso básico de Mecânica dos


Solos. São Paulo, São Paulo – Brasil: Ed
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RUVER, C. A. Estudo do arrancamento de


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2011. Tese (Doutorado em Engenharia Civil –
Departamento de Engenharia Civil):
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STRECK, E. V.; et al. Solos do Rio Grande


do Sul. Porto Alegre, Rio Grande do Sul –
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VILLIBOR, D. F.; NOGAMI, J. S.


Pavimentos econômicos: Tecnologia do uso
dos solos finos lateríticos. São Paulo, São
Paulo – Brasil: Ed Arte & Ciência, 2009.
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WAHYS, C. A. S. P.; et al. Pesquisa Aplicada


para Emprego de Solos Lateríticos do
Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul em
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T. D. Educação, Espaço Construído e
Tecnologias: Reflexões, Desafios e
Perspectivas. Curitiba, Paraná - Brasil: Ed.
CRV, 2017, 297-309 p.

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13 E 14 de JUNHO DE 2019 – UFSM – SANTA MARIA - RS

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