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GT 06 –

Educação,
Liberdade, TIC
e EJA.
- Dr. Eduardo Jorge Lopes da Silva - DFE - UFPB
- Doutoranda Profa. Rosalinda Falcão Soares PPGE - UFPB – GEPeeeS

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Sumário
A PRÁTICA DOCENTE COMO ESPAÇO DE EMPREENDIMENTO ÉTICO:
REFLEXÕES NA EJA ................................................................................................ 542

A MATERIALIZAÇÃO DE POLÍTICAS MUNICIPAIS DE INCENTIVO À


PERMANÊNCIA NA EJA: ESTUDO DE CASO EM UMA ESCOLA DO
MUNICÍPIO DO CONDE/PB .................................................................................. 557

O PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM E A FORMAÇÃO


IDENTITÁRIA DO ALUNADO DA EJA: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
...................................................................................................................................... 574

A LEITURA NO ESPAÇO DO CÁRCERE: UMA PRÁTICA DA EDUCAÇÃO


POPULAR ................................................................................................................... 590

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A PRÁTICA DOCENTE COMO ESPAÇO DE EMPREENDIMENTO ÉTICO:
REFLEXÕES NA EJA

Beatriz Santiago Leite


Mestranda em Ciências da Educação. Universidade do Porto
biasl10@hotmail.com

Sandra Alves da Silva Santiago


(orientadora)
Doutora em Educação. Universidade Federal da Paraíba
sandraassantiago@gmail.com

RESUMO: O presente artigo é resultado dos estudos feitos no Mestrado em Ciências da


Educação da Universidade do Porto, especialmente ligados à disciplina Ética e Trabalho
em Educação, cujos objetivos nos impulsionaram a refletir as ações educativas concretas
da EJA (Educação de Jovens e Adultos) como possíveis empreendimentos éticos capazes
de promover a liberdade ou o aprisionamento das consciências. Com a pretensão de
identificar nas práticas educativas tais posicionamentos, optamos pelo estudo de caso,
tendo como foco, as narrativas da professora A e B, cujas práticas se desenvolveram numa
turma de EJA, de uma escola pública situada na periferia da cidade de Recife, em
Pernambuco. Para análise dos dados presentes nas narrativas coletadas, nos valemos das
contribuições de Garcia & Trindade (2012); Gomes (2001); Azevedo e Duarte (2015),
sobre ética e cidadania, além das ideias de Freire (1999, 2001, 2009) sobre educação e
prática pedagógica. O diálogo com tais autores contribuíram para que identificássemos
numa mesma realidade escolar, professores que usam as normas para regular a vida em
comum, ou seja, para obedecer, fazer cumprir, sem questionamentos, ao mesmo tempo,
em que encontramos docentes que entendem que é possível construir práticas a partir das
subjetividades presentes na sala de aula, sem ferir com a ética.

PALAVRAS-CHAVES: 1. Prática docente; 2. Ética; 3. EJA.

INTRODUÇÃO:

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normas que regulam a vida em comum e que não há nada a fazer sobre isso, somente
obedecer, fazer cumprir, sem questionamentos.
Já na professora A deixa claro que o alvo de suas preocupações foram as
singularidades e os interesses individuais que caraterizaram cada estudante matriculado
em sua turma. E ela se deu o direito de conhecer essas particularidades, sem juízo de
valor. Assim, temos que foi o empreendimento ético que pautou suas escolhas e que este
precisa ser exercitado na liberdade do ser.
Tal abordagem se coaduna com aquilo que Gomes (2001, p. 209) se refere como
um empreendimento ético em educação, portanto, o que se constrói “quer suportado por
valores e normas (dimensão moral do empreendimento ético) quer por um saber
profissional que permita interpelações sustentadas e consequentes”, vai impactar o
cotidiano e a realidade, consequentemente, todos os envolvidos. O primeiro cerceando a
liberdade de pensamento e de consciência. O segundo promovendo a emancipação, como
defende as ideias freireanas.
E, é evidente que como a professora B (e a gestora) temos muitos outros educadores
Brasil afora. Aqueles que ainda acreditam que atitudes como as da professora A são
imorais, pois desafiam as regras instituídas. Nós, no entanto, concordamos com Freire
(1999, 2001), com Gomes (2001) e Azevedo e Duarte (2015), quando refletem sobre o
papel da educação, em tempos modernos, ou seja, de que “a condição de cidadão
cumpridor das leis e participativo tem no estado e nos seus códigos o quadro de
referência”, mas não podem ser distanciadas das subjetividades dos estudantes, pois delas
também dependem a construção da ética (AZEVEDO & DUARTE, 2015, p. 52).
Por fim, concluímos que não basta ser ético, se não compreendermos que existem
abordagens – e atitudes – distintas, mesmo no campo da ética. Como educador,
concluímos convencidos de que é preciso fazer uso de um paradigma de empreendimento
ético dentro de uma visão interpelativa da ética. Somente, nesse modelo consideraremos
as particularidades dos indivíduos e dos grupos, dando a eles a possibilidade de se
fazerem críticos e lúcidos frente ao mundo, à vida, assumindo o papel de autores ou
atores, escrevendo ou se inscrevendo na sua história e na história do mundo.

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REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICA:

AZEVEDO, T. E DUARTE, V. Intervenção em Centro Educativo: discursos a partir de


dentro. Revista de sociologia. Configurações [Online], 13, posto online no dia 23 Abril
2015. Disponível em: http://configuracoes.revues.org/2447. Acesso em 2 de maio de
2019.

COSTA, J. de M. O uso de temas geradores no processo de alfabetização de adultos.


2012. Disponível em: https://doi.org/10.5216/ia.v37i2.13521 Acesso em: 20 de julho
2019.

FREIRE, P. Carta de Paulo Freire aos professores. Estudos avançados, São Paulo, 2001,
v. 15, n. 42 , p. 259-268.

. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.

. Pedagogia do oprimido. 48. reimp. São Paulo: Paz e Terra, 2009.

GARCIA, J & TRINDADE, R. Ética e Educação: questões e reflexões. Rio de Janeiro,


Walk Editora, 2012.

GOMES, R. M. As Tecnologias de Governo do Eu e a Escola. Sociologia, Problemas e


Práticas, n.º 37, 2001, pp. 49 -75.

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