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CABOS E SUAS ASSOCIAÇÕES

ALAN ALEX1
ANA PAULA2
BRUNA KELLY3
FLÁVIO ALVES4
MATHEUS JOSÉ5
RAQUEL DOURADO6

RESUMO

Este artigo tem como objetivo apresentar sistemas estruturais que surgem a
partir das associações feitas com o elemento estrutural cabo, focando
especificamente nas associações de cabo com: cabo, treliça, pilar, viga, e arco, com
o intuito de apresentar suas vantagens, desvantagens e aplicações. São
apresentados os diferentes meios de execução destes sistemas e possíveis soluções
estruturais para projetos futuros abordando exemplos de obras conhecidas no meio
da arquitetura e da engenharia. A metodologia deste trabalho é a de pesquisa, reflexão
e exposição de trabalhos científicos realizados por estudiosos da área.
Palavras-chaves: sistemas estruturais, associações, cabo.

INTRODUÇÃO

O objetivo deste artigo é apresentar as várias associações que podem haver


entre o cabo de aço e outros elementos estruturais, suas vantagens, desvantagens e
aplicações nos projetos.

Associações de sistemas estruturais básicos ocorrem como resultado natural


da concepção arquitetônica: das funções, dos espaços e intenções formais. A criação
de linhas e planos que se harmonizam na criação das formas arquitetônicas e que se

1 Aluno do 4° semestre do Centro Universitário Estácio do Ceará - http://lattes.cnpq.br/6574647886466913


2 Aluno do 4° semestre do Centro Universitário Estácio do Ceará - http://lattes.cnpq.br/6220901052793312
3 Aluno do 4° semestre do Centro Universitário Estácio do Ceará - http://lattes.cnpq.br/4240884483013177
4 Aluno do 4° semestre do Centro Universitário Estácio do Ceará - http://lattes.cnpq.br/1626694754087609
5 Aluno do 4° semestre do Centro Universitário Estácio do Ceará - http://lattes.cnpq.br/5292540045052823
6 Aluno do 4° semestre do Centro Universitário Estácio do Ceará - http://lattes.cnpq.br/2456591851118970
integram ao meio em que se inserem, está intimamente ligada às possibilidades de
associações entre os sistemas estruturais básicos.
Os processos de associação de sistemas estruturais básicos são dois: processo de
associação discreta e processo de associação contínua. A associação discreta ocorre
quando os sistemas estruturais básicos se inter-relacionam originando um novo
sistema, formado por barras e no qual se pode distinguir e até separar os sistemas
básicos. A associação contínua ocorre quando se repete infinitamente o sistema
básico, dando origem a formas contínuas como as lâminas.
São muitas as variedades de associações dos elementos estruturais, limitadas
apenas pela criatividade de cada um e aqui trataremos daquelas que se associam
com o elemento CABO, que é construído de fios de aço de alta resistência
completamente flexíveis e têm uma resistência à tração quatro ou cinco vezes maior
do que a do aço estrutural. Devido à excelente relação resistência/peso, os projetistas
utilizam cabos para construir estruturas de vão longo, incluindo pontes pênseis e
coberturas sobre grandes arenas e salas de convenções. Para utilizar efetivamente a
construção de cabo, o projetista precisa lidar com dois problemas:
1. Impedir que grandes deslocamentos e oscilações se desenvolvam em cabos
que suportam sobrecargas cuja magnitude ou direção muda com o tempo.
2. Fornecer um meio de ancoragem eficiente para a grande força de tração
suportada pelos cabos. (LEET, 2010)

ASSOCIAÇÕES

Cabos associados a Treliças

As treliças são formadas pelo cruzamento de barras que se ligam a partir de


pontos articulados aos quais denominamos “nós”. Elas são estruturas compostas por
formas triangulares e podem ser feitas de materiais como madeira ou aço mais
comumente, e até a partir de cabos de aço tencionados ou em alguns casos de
concreto. (Exemplo na figura 1)
Essas estruturas podem receber carregamentos apenas nos nós e as barras
estão sujeitas apenas a esforços normais, axiais e uniaxiais, ou seja, que estejam
alinhados ao eixo da barra. (PINHAL, 2009)

Figura 1: Ponte Durgan, Downieville - Eua

Fonte: https://goo.gl/QrKSX6

Os nós da treliça são calculados estruturalmente sem a consideração de


rotações e atritos entre as barras e os nós assim desconsiderando o momento fletor,
sendo assim uma estrutura totalmente rígida. Tais estruturas vencem vãos de grande
extensão e são muito utilizadas em pontes e coberturas.
Mas sendo uma estrutura tão resiliente e completa em si mesma, onde se
aplicaria sua associação aos cabos. Em certos casos os cabos são aplicados
diretamente nas barras como substitutos de uma simples seção de aço ou madeira.
Nestas situações os cabos recebem os esforços de tração aos quais representam
grande resistência. Devido a condição dos cabos sempre necessitarem de uma
associação por serem instáveis, as treliças oferecem uma função perfeita aos
mesmos. O uso de cabos nas barras das treliças representa uma grande economia
de material além de um resultado estético satisfatório.
Os cabos também podem associar-se as treliças como elementos de
sustentação vertical e não necessariamente estarem diretamente ligados a
composição estrutural das treliças. Desta forma eles se tornam responsáveis pela
sustentação vertical das treliças recebendo os esforços de tração originados do peso
próprio das treliças. Este caso ocorre no projeto da ponte sobre o Golden Gate na baia
de São Francisco na Califórnia – EUA (Figura 2).

Figura 2: Ponte Golden Gate , São Francisco, Califórnia – EUA

Fonte: https://goo.gl/B5QIa8

A ponte de 2737 metros é erguida por uma estrutura de treliças que são
sustentadas por 500 cabos de aço dispostos na vertical simultaneamente a cada 15
metros. Estes cabos recebem os esforços de tração da treliça levando-os até os
esteios. Os dois grandes esteios (cabos de aço) recebem o carregamento dos cabos
verticais e descarregam sobre as fundações de concreto e por fins estas ao solo (A
construção da ponte sobre o Golden Gate, disponível em:
http://goldengate.org/exhibits/portuguese/exhibitarea1b.php)
Cabos associados a Pilares

O cabo é uma barra cujo comprimento é tão predominante em relação à sua


seção transversal que se torna flexível, ou seja, não apresenta rigidez nem à
compressão nem á flexão (REBELLO, 2003).
A associação entre cabo e pilar é considerada um sistema estrutural ativo, ou
seja, forma uma estrutura composta por um material não rígido, flexível e suportado
por extremidades fixas. Nesse sistema, o cabo de suspensão vertical transmite carga
diretamente ao ponto de suspensão, o pilar, em direção reversa, transfere a carga
diretamente ao ponto de base. Os elementos que compõem tal associação,
transmitem as cargas somente por esforços normais simples, através de compressão
e tração. A associação mais utilizada entre cabo e pilar, ocorre com coberturas de
lonas, formando uma estrutura tipo tenda. (Engel.H, 2001).
O esforço do empuxo é absorvido por outro cabo - o tirante – que liga a cabeça
do pilar à fundação. Esta solução resulta num pilar mais econômico. As estruturas de
sustentação desse sistema tensionado, ou seja, os pilares ou barras podem ser de
diversos materiais, como de madeira, de bambu ou de ligas metálicas e ficam sujeitas
exclusivamente a esforços axiais de tração e compressão. Essa configuração garante
alta eficiência estrutural, uma vez que as barras são solicitadas da forma que permite
o melhor aproveitamento da capacidade resistente do material.
Os cabos são utilizados no acabamento das bordas da manta (ou lona) e no
tracionamento desta. As características dos cabos variam de acordo com o processo
de uma execução e da disposição dos arames e das estruturas de sustentação. Para
ancorar os cabos, empregam-se geralmente olhais capazes de distribuir os
carregamentos ao longo de uma linha ou superfície, evitando concentrações de
tensão. As trações internas devem de alguma maneira descarregar nas fundações.
As ancoragens podem estar expostas a esforços de arrancamento, então a solução
mais usual é a utilização de sapatas e olhais metálicos engastados em base de
concreto.
Diversos sistemas de fundações podem ser empregados nesse tipo de
estrutura. Nas de pequeno porte, por exemplo, pode-se utilizar até latões com areia e
água ou chapas de aço colada com araldite industrial sustentadas também por latões
de areia. Como também, nas demais, estacas-raiz ou outros métodos podem ser
utilizados.
Apesar de ser uma estrutura extremamente leve, é submetida a tensões que lhe
conferem grande inércia como elasticidade, mais restrita pelas tensões, mas suficiente
para absorver impactos e tensões criadas pelos ventos. A lona também é pré-
tensionada em conjunto de cabos, para evitar a existência de áreas de pano não
submetidas a tensões. Para o melhor entendimento pode-se observar a associação
na figura 3.

Figura 3: Parque Olímpico de Munique, na Alemanha

Fonte: https://goo.gl/EeRcPY

Cabos associados a Arcos


Os sistemas estruturais de forma-ativa (arco e cabo) são estruturas flexíveis
formadas de matéria não rígidas, a qual é formada de modo definido e com
extremidades fixas, podendo se alto suportar e cobrir um vão. O cabo é uma barra
cujo comprimento é tão predominante em relação à sua seção transversal que se torna
flexível, ou seja, não apresenta rigidez nem à compressão nem á flexão. O arco é um
sistema estrutural que ao contrário do cabo, responde a esforços de compressão.
As primeiras pontes em arco usando-se ferro fundido foram construídas na
Inglaterra em 1779 que são as pontes de Severn e Coalbrookedale, servindo de
passarela para pedestres. Muito antes disso, civilizações antigas descobriram a
grande resistência dos tijolos e pedras e iniciaram a construção de pontes em arco
utilizando esses materiais. A forma funicular de um sistema ativo corresponde a forma
adquirida pelo sistema ao receber o carregamento, sendo que no arco, essa forma é
invertida. Para que o arco ou o cabo sejam considerados ideais, a linha de pressão
deve coincidir com a forma da estrutura. Pode-se observar o exemplo dessa
associação na figura 4.

Figura 4: Ponte Estaiada da Barra da Tijuca - RJ

Fonte: https://goo.gl/KQUJ1n

Associação mais sofisticadas


Um arco central é travado por vários cabos, formando uma forma parecida com
um leque, essa forma é utilizada para conseguir espaços internos mais amplos.
Qualquer carga sobre os cabos prejudicará sua utilização.
As formas mais rígidas, formam uma malha de cabos que podem ser fixados em
uma base sobre o solo ou em outro cabo.

Cabos associados a Vigas

Quanto mais tracionado, mais estável é um cabo e mais útil estruturalmente. O


Tensionamento de um cabo pode ser obtido de várias maneiras: por uma pré-
aplicação de tração (protensão), por carregamento externo (aplicação de um
carregamento prévio) e pela associação com materiais rígidos (concreto ou
argamassa), como no caso da figura 05, exemplo de utilização de cabos com viga de
concreto(protendida) cuja forma ganha estabilidade pelos cabos tencionados dentro
da viga. Protendidas são peças de concreto tracionadas com elementos de protensão
(barras ou fios, basicamente). O tracionamento tem como finalidade produzir tensões
prévias em uma estrutura de concreto, melhorando sua resistência e comportamento
sob as condições de carga. Na construção de pontes e viadutos, a protensão das
vigas pré-moldadas permite vencer vãos maiores em comparação a modelos em
concreto armado convencional. A técnica também viabiliza a redução do consumo de
concreto e aço por conta do emprego de materiais de maior resistência. Os pré-
moldados para a execução de vigas de pontes podem utilizar segmentos
(denominadas aduelas) ou vigas inteiras. O primeiro processo é mais usado para
pontes de grandes vãos. Já as vigas pré-moldadas inteiras geralmente são utilizadas
para vãos de até 40 m. Confira as principais etapas do processo de protensão pós-
tensionada de vigas pré-moldadas inteiras.

Figura 05: exemplo de viga protendida

Fonte: https://goo.gl/uqy7rd
As barras rígidas apresentam uma aplicação ilimitada. Quando associadas, podem
vencer grandes vãos, como no caso das treliças, vigas Vierendeel e vagão.

Um vão vencido pelos cabos. Esse é o princípio da viga vagão, um sistema composto
por barra horizontal, montantes e cabos. Esse nome deve-se ao fato de que esse tipo
de viga serviu durante muito tempo como elemento estrutural de sustentação de
vagões de trens. Nesse caso o empuxo horizontal que todo cabo aplica aos apoios é
absorvido pela própria viga, resultando em apenas cargas verticais nos apoios como
segui na figura 06.

A viga vagão pode ter um ou mais montantes; conforme aumenta o número de


montantes, varia a forma do cabo. Com um único montante a forma do cabo é
triangular, com dois é um trapézio, tendendo no limite à forma de uma parábola.

Figura 06: exemplo de viga vagão

Fonte: https://goo.gl/Ou9o4G
Cabos associados a cabos

Como já foi visto, o cabo é um sistema básico que graças à sua grande
flexibilidade adquire, para cada tipo de carregamento, uma determinada forma.
Isso implica a grande instabilidade dos cabos. Viu-se, também, que para se enrijecer
o cabo é necessária aplicar-lhe previamente uma determinada tensão.
Essa tensão pode ser aplicada por um pré esticamento do cabo ou por um
determinado carregamento que o solicite de maneira que se mantenha rígido.
As associações cabo x cabo são normalmente utilizadas para dar aos cabos
rigidez necessária para que possam manter a configuração desejada, qualquer que
seja o carregamento.
O cabo superior é enrijecido por um cabo inferior ao qual é aplicada uma força de
tração. Essa é transmitida uma força de tração. Essa força é transmitida ao cabo
superior por uma série de cabos verticais que ligam os dois. Assim, o cabo superior
passa a ser tensionado, garantindo-lhe rigidez necessária
A figura 1 mostra uma primeira maneira de se obter a rigidez de um cabo,
utilizando a associação com outro.

Figura 7: Sistema de tenda feito com cobertura tensionada, barras de sustentação e cabos.

Fonte: https://goo.gl/NU5LTC
Por uma questão de espaço, pode-se evitar que cada cabo estabilizante tenha seu
ponto de fixação junto ao solo utilizando para isso um cabo periférico que os fixará.
Para criar rigidez nos cabos estabilizantes, na direção ortogonal aos seus planos, é
usado um segundo conjunto de cabos que se tornam estabilizantes dos estabilizantes.
Nota-se que, com isso, cria-se uma superfície em forma de sela de cavalo, essa é
uma das formas fundamentais da associação cabo x cabo e apresenta rigidez em
todas as direções.
A figura 2 mostra uma maneira de enrijecer o cabo portante em duas direções.
Para isso, basta que um cabo estabilizante cruze ortogonalmente o cabo sustentante,
de forma que este seja fixado em pontos altos e o estabilizante em pontos baixos.

Figura 8: Obra Pabellones para la Exposición Federal de Jardineiría de Kassel.

Fonte: https://goo.gl/KilJnr

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com a conclusão deste paper nota-se que a forma de execução estrutural
associadas a cabos apresentam resultados estéticos e impactos econômicos
diferentes. Pensar na estrutura acompanhada ao projeto arquitetônico possibilita
racionalizar as edificações de forma concisa bela e sólida.
O estudo das associações do cabo torna o projetista capaz de criar sistemas
estruturais que ao longo do tempo sejam novas referências no campo da arquitetura.

REFERÊNCIAS
REBELLO, Yopanan Conrado Pereira. Bases para projeto estrutural na arquitetura. 2.
ed. São Paulo: Zigurate, 2008. REBELLO, Yopanan Conrado Pereira. A concepção
estrutural e a arquitetura. São Paulo: Zigurate, 2003.

LEET, Kenneth M. Fundamentos da análise estrutural [recurso eletrônico] / Keneth M.


Leet, Chia-Ming Uang, Anne M. Gilbert ; tradução: João Eduardo Nóbrega Tortello ;
revisão técnica: Pedro V. P. Mendonça. – 3. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
AMGH, 2010.

PINHAL, P. O QUE É TRELIÇA? Terminologias Arquitetônicas. Disponível no site


http://www.colegiodearquitetos.com.br/dicionario/2009/02/o-que-e-trelica/), acessado
em 20/05/2017.

Geometria dos elementos estruturais,http://wwwo.metalica.com.br/geometria-dos-


elementos-estruturais

ENGEL, H., “Sistemas de Estructuras/Sistemas Estruturais”, Editorial. Gustavo Gilli,


Barcelona, 2001.

FIGURA 1, fonte: https://goo.gl/QrKSX6


FIGURA 2, fonte: https://goo.gl/B5QIa8
FIGURA 3, fonte: https://goo.gl/EeRcPY
FIGURA 4, fonte: https://goo.gl/KQUJ1n

FIGURA 5, fonte: https://goo.gl/uqy7rd


FIGURA 6, fonte: https://goo.gl/Ou9o4G
FIGURA 7, fonte https://goo.gl/NU5LTC
FIGURA 8, fonte: https://goo.gl/KilJnr

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