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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

FABIANO DE MOURA FONTES

ESTUDO SOBRE VIABILIDADE DO PREÇO DA TABELA SUS NA EXECUÇÃO


DO SERVIÇO DE HEMODIÁLISE EM UMA CLÍNICA ESPECIALIZADA SEDIADA
NO RIO GRANDE DO NORTE

NATAL/RN
2019
1

FABIANO DE MOURA FONTES

ESTUDO SOBRE VIABILIDADE DO PREÇO DA TABELA SUS NA EXECUÇÃO


DO SERVIÇO DE HEMODIÁLISE EM UMA CLÍNICA ESPECIALIZADA SEDIADA
NO RIO GRANDE DO NORTE

Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para


obtenção do título de Bacharel em Ciências
Contábeis, pelo Departamento de Ciências
Contábeis da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte.

Orientador: Profa. Dra. Adriana Isabel Backes


Steppan.

NATAL/RN
2019
2

Fontes, Fabiano de Moura.

Estudo sobre viabilidade do preço da tabela SUS na execução do


serviço de hemodiálise em uma clínica especializada sediada no Rio
Grande do Norte / Fabiano de Moura Fontes. - 2019. 61f.: il.

Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade


Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências Sociais
Aplicadas, Departamento de Ciências Contábeis. Natal, RN, 2019.
Orientador: Profa. Dra. Adriana Isabel Backes Steppan.

1. Custo - Monografia. 2. Hemodiálise - Monografia. 3. Tabela


SUS - Monografia. 4. Viabilidade do preço - Monografia. I.
Steppan, Adriana Isabel Backes. II. Universidade Federal do Rio
Grande do Norte. III. Título.

RN/UF/Biblioteca do CCSA CDU 657.4


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FABIANO DE MOURA FONTES

ESTUDO SOBRE FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA DO SERVIÇO DE


HEMODIÁLISE POR UMA CLÍNICA ESPECIALIZADA, CONSIDERANDO O
PREÇO DA TABELA SUS NO RIO GRANDE DO NORTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado


como requisito parcial para a obtenção do
título de Bacharel em Ciências Contábeis,
pelo Departamento de Ciências Contábeis da
Universidade Federal do Rio Grande do
Norte.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________________
Prof. Dra. Adriana Isabel Backes Steppan – UFRN (Orientador)

____________________________________________________________
Prof. Vanessa Câmara de Medeiros – UFRN (Banca Examinadora)

____________________________________________________________
Prof. Camila Azevedo – UFRN (Banca Examinadora)

Natal, 14 de junho de 2019.


4

Dedico este trabalho de conclusão de curso à minha


família, porção da pátria que um dia hipotequei a
vida em defesa.
5

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus pela força, coragem e determinação


concedidas ao cumprimento da extenuante missão de
elaborar o presente trabalho; à minha orientadora,
Prof. Dra. Adriana pela paciência e compreensão nas
orientações precisas e oportunas; e, por fim, à minha
família pelo apoio e compreensão nas ausências das
atividades cotidianas em prol da elaboração do
trabalho.
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RESUMO

Os gastos com a saúde pública representam prioridade no emprego dos tributos nas
três esferas do Poder Executivo Brasileiro, Federal, Estadual e Municipal. A
incomensurável necessidade da população assistida, conjugada com as limitações
de recursos financeiros, exige o estabelecimento de regras rígidas no emprego
desse orçamento. A padronização de valores a serem pagos pelos procedimentos
de saúde, por meio da tabela do Sistema Único de Saúde (SUS) é uma das
imposições na contratação de prestadores de serviço da iniciativa privada que atuam
junto ao Sistema de forma suplementar. Nesse contexto, o presente trabalho tem por
objetivo verificar a lucratividade da prestação do serviço de hemodiálise com o preço
proposto na tabela SUS, ao comparar esse valor com os custos praticados em uma
clínica especializada nesse procedimento, contratada pela Secretaria de Saúde
Pública do Estado do Rio Grande do Norte. Por meio de um estudo de caso, foram
apresentadas as particularidades da execução do procedimento de hemodiálise,
pela análise do Regulamento Técnico para o Funcionamento dos Serviços de
Diálise, estabelecido por meio da Resolução da Diretoria Colegiada da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (RDC) 154, de 15 de junho de 2014 (BRASIL, 2014),
destacando as exigências que influenciam no custo do procedimento em tela. Por
meio da aplicação dos métodos de Custeio Pleno, Custeio por Absorção e Custeio
Variável, o estudo analisou a gestão dos custos da clínica em pauta, com base nos
seus gastos e receitas relacionados ao procedimento de hemodiálise. Finalmente,
da comparação desses custos calculados, com o preço previsto na Tabela SUS,
observou-se a viabilidade da execução do procedimento com o valor padronizado
pelo Ministério da Saúde.

Palavras-chave: Custo. Preço. Hemodiálise. Tabela SUS. Viabilidade.


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ABSTRACT

Expenditures on public health represent a priority in the employment of taxes in the


three spheres of the Brazilian, Federal, State and Municipal Executive Branch. The
immeasurable need of the assisted population, coupled with the limitations of
financial resources, requires the establishment of rigid rules in the use of this budget.
The standardization of amounts to be paid for health procedures, through the SUS
(Sistema Único de Saúde - SUS) table, is one of the impositions in the hiring of
private service providers that work with the System in a supplementary way. In this
context, the present study aims to verify the profitability of the hemodialysis service
offered with the price proposed in the SUS table, when comparing this value with the
costs practiced in a clinic specialized in this procedure, contracted by the Public
Health Secretariat of the State of Large northern river. Through a case study, the
particularities of the execution of the hemodialysis procedure were presented, by the
analysis of the Technical Regulation for the Operation of Dialysis Services,
established through the Resolution of the Collegiate Board of the National Agency of
Sanitary Surveillance (RDC) 154 , dated June 15, 2014 (BRAZIL, 2014), highlighting
the requirements that influence the cost of the on-screen procedure. Through the
application of the Full Costing, Absorption Costing and Variable Costing methods, the
study analyzed the cost management of the clinic in question, based on its expenses
and revenues related to the hemodialysis procedure. Finally, from the comparison of
these calculated costs, with the price provided in the SUS Table, it was observed the
feasibility of carrying out the procedure with the value standardized by the Ministry of
Health.

Keywords: Cost. Price. Hemodialysis. SUS table. Viability.


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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Vantagens e desvantagens do custeio por absorção ............................. 19


Quadro 2- Vantagens e desvantagens do custeio variável ...................................... 20
Quadro 3 - Método de formação de preços baseado na concorrência ..................... 21
Quadro 4 - Exigências para o funcionamento dos Serviços de Hemodiálise ........... 27
Quadro 5 - Prestação de assistência complementar ................................................ 29
Quadro 6 - Prestação de assistência complementar ................................................ 31
Quadro 7 - Reutilização de material ......................................................................... 32
Quadro 8 - Emprego de mão de obra especializada ................................................ 33
Quadro 9 - Exigências de qualidade de água ........................................................... 34
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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Demonstração do Resultado do Exercício - DRE ...................................................... 20

Tabela 2 - Dados sobre a hemodiálise ........................................................................................... 35

Tabela 3 - Fontes de receita mensal da clínica ............................................................................. 38

Tabela 4 - Mão de obra da clínica analisada ................................................................................. 39

Tabela 5 - Situação das máquinas de hemodiálise ...................................................................... 39

Tabela 6 - Constituição do imobilizado da empresa ..................................................................... 40

Tabela 7 - Demais gastos mensais apresentados pela clínica ................................................... 41

Tabela 8 - Classificação dos gastos da clínica .............................................................................. 43

Tabela 9 - Valores dos gastos variáveis diminuídos para análise .............................................. 44

Tabela 100 - Mão de obra direta e indireta .................................................................................... 45

Tabela 11 - Valor reduzido da mão de obra direta para análise ................................................. 46

Tabela 12 - Depreciação anual e mensal .................................................................................... 46

Tabela 13 – Custos e despesas .................................................................................................... 47

Tabela 14 - Custeio pleno ................................................................................................................. 48

Tabela 15 - Custeio por absorção.................................................................................................... 49

Tabela 16 - Custeio variável ............................................................................................................. 49

Tabela 17 - Comparação dos resultados........................................................................................ 50


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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 12
1.1 TEMA E PROBLEMÁTICA ........................................................................................... 12
1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO ........................................................................................... 14
1.2.1 Objetivo Geral ......................................................................................................... 14
1.2.2 Objetivos Específicos.......................................................................................... 15
1.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 15
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .............................................................................. 16
2.1 DEFINIÇÕES ............................................................................................................................. 16
2.2 FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA .............................................................................. 16
2.2.1 Formação do preço de venda baseado nos custos ............................................ 17
2.2.2 Formação do preço de venda baseado na concorrência .................................. 21
2.2.3 Formação do preço de venda baseado no mercado ........................................... 22
2.2.4 Formação do preço de venda baseado no método misto ................................ 22
2.3 CUSTEIO ALVO ....................................................................................................................... 23
2.4 HEMODIÁLISE .......................................................................................................................... 23
2.5 O REGULAMENTO TÉCNICO PARA O FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS
DE DIÁLISE E OS REFLEXOS NO CUSTO DA HEMODIÁLISE .................................... 24
2.5.1 Limitações e pré-requisitos ao funcionamento dos serviços ......................... 25
2.5.2 Prestação de assistências complementares aos pacientes ............................ 28
2.5.3 Exames laboratoriais ........................................................................................................ 29
2.5.4 Exigências para o reuso do material ......................................................................... 31
2.5.5 Mão de obra empregada .................................................................................................. 32
2.5.6 Tratamento da água utilizada no procedimento ................................................... 34
2.6 VALOR PREVISTO NA TABELA SUS PELO SERVIÇO DE HEMODIÁLISE ...... 35
3 METODOLOGIA..................................................................................................... 36
3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO .......................................................................... 36
3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA .............................................................................. 37
4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ........................................................ 38
4.1 CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA ANALISADA ....................................................... 38
4.1.1 Perfil da empresa................................................................................................................ 38
4.1.2 Controle e gestão dos custos da empresa.............................................................. 40
4.1.3 Formação do preço de venda do serviço prestado ............................................. 41
4.2 ADEQUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS DADOS PARA ANÁLISE ........................ 42
11

4.2.1 Gastos gerais e passivo financeiro ............................................................................ 42


4.2.2 Gastos com mão de obra ................................................................................................ 44
4.2.3 Depreciação .......................................................................................................................... 46
4.2.4 Consolidação da classificação dos gastos............................................................. 47
4.3 ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................................... 48
4.3.1 Formação do preço pelo método do Custeio Pleno ............................................ 48
4.3.2 Formação do preço pelo método do Custeio por Absorção ........................... 48
4.3.3 Formação do preço pelo método do Custeio variável ....................................... 49
4.4 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES .............................................. 50
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 51
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52
APÊNDICES.............................................................................................................. 54
12

1 INTRODUÇÃO

1.1 TEMA E PROBLEMÁTICA

A combinação do volume de negociação com os preços de venda de produtos


e serviços influenciam diretamente a receita das empresas, uma vez que grande
parte das entidades tem nessas atividades a principal fonte de recursos financeiros.
Como o capital oriundo dessas operações é empregado no financiamento das
atividades da empresa, pode-se concluir que a formação de preços de venda
compatíveis contribui com a lucratividade da organização e pode determinar a
continuidade das atividades empresariais.
Muitos são os fatores que influenciam a escolha do método empregado pela
organização na formação dos seus preços de venda. Segundo Martins (2010) o
custo, o grau de elasticidade da demanda, os preços de produtos dos concorrentes,
os preços de produtos substitutos, a estratégia de marketing da empresa, a
contribuição marginal, dentre outros, podem influenciar na decisão de formação de
preço de venda. O mesmo autor afirma ainda que os preços de venda podem ser
fixados com base nos custos apurados dos produtos ou serviços, com base no
mercado ou com base numa combinação de ambos.
O emprego de métodos científicos de formação de preços de venda pode
permitir a adoção de valores adequados na venda de produtos ou serviços,
contribuindo para o sucesso do empreendimento, ao passo que a prática de preços
arbitrados de forma aleatória, sem fundamentação científica, entrega o empresário
ao acaso, podendo esse valor não ser suficiente para cobrir os gastos desprendidos
pela instituição, causando-lhe prejuízos.
As entidades só conseguirão resultados positivos, se praticarem preços de
venda dos seus produtos e serviços superiores aos custos de produção, adicionados
às demais despesas da empresa, incluindo os pagamentos de tributos. Entretanto,
não adianta o preço de venda ser definido com base apenas em fatores intrínsecos
da empresa, se o mercado não pagar o valor estipulado.
Como enfatiza Martins (2010), os preços são fixados pelo mercado, sendo
mais provável ser feita uma análise dos custos e das despesas para verificar a
viabilidade de um produto, cujo preço é influenciado ou fixado pelo mercado, do que
a empresa determinar o preço em função dos seus custos ou despesas. Nesse
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contexto, o mesmo autor afirma que são necessárias inúmeras informações sobre o
Mercado (elasticidade, na Economia) para que se possa, ao se mesclar informes
internos e externos, optar pelas decisões mais corretas acerca do preço de venda.
Em que pese a importância da análise dos fatores ligados à definição do
preço de venda, há setores nos quais as empresas não podem estabelecer essa
livre formação de preços, pois alguns procedimentos são indenizados segundo
valores previamente estabelecidos em tabelas de preços específicas.
Na área da saúde existem inúmeros procedimentos com preços tabelados por
planos de saúde ou pelo Estado. Dentre as tabelas praticadas nesse setor, existem
as seguidas por planos de saúde e a adotada pelo Sistema Único de Saúde (SUS),
conhecida como tabela SUS.
O Art. 4º, da lei 8.080, de 19 de setembro de 1990 assim define o Sistema
Único de Saúde (SUS): conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por
órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da Administração
direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público (BRASIL, 1990). Já o
§ 2º dessa mesma Lei estabelece a participação da iniciativa privada no Sistema, em
caráter complementar.
As Secretarias de Saúde dos Estados e Municípios contratam, por meio de
chamadas públicas, empresas privadas para executar, de forma complementar,
atividades e procedimentos de saúde. Os preços pagos pelos serviços prestados por
esses contratados são fixados pela tabela instituída por meio da Portaria do
Ministério da Saúde nº 321, de 8 de fevereiro de 2007, Tabela de Procedimentos,
Medicamentos, Órteses/Próteses e Materiais Especiais - OPM do Sistema Único de
Saúde – SUS – tabela SUS (BRASIL, 2007).
Dessa forma, a empresa qualificada na chamada pública que se compromete
a prestar serviços de saúde junto ao SUS, celebra contrato de prestação de serviço
com o ente público por prazos sucessivos de 12 (doze) meses, conforme estabelece
a Lei 8.666, de 21 de junho de 1993 (BRASIL, 2014), acatando o preço de prestação
do serviço definido na Tabela SUS.
Dentre as diversas especialidades contratadas pelas Secretarias de Saúde
para prestação de serviço aos usuários do SUS, a nefrologia se destaca por
peculiaridades específicas em relação à longa e complexa duração dos tratamentos
de hemodiálise e à dependência dos pacientes com falência renal que precisam de
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máquinas para garantir a sua sobrevivência, conforme estabelece a Sociedade


Brasileira de Nefrologia.
A Portaria nº 389, do Ministério da Saúde, de 13 de março de 2014, que
define os critérios para a organização da linha de cuidado da Pessoa com Doença
Renal Crônica (DRC) estabelece, dentre outros aspectos, exigências para a adesão
e habilitação das empresas interessadas em prestar serviços nessa linha de
cuidados (BRASIL, 2014). Algumas dessas exigências, como a composição mínima
das equipes de profissionais a serem empregados pelas empresas, quantidade
máxima de pacientes por sessão de hemodiálise e procedimentos de monitoramento
e avaliação dos gestores aos quais serão submetidos os estabelecimentos por todo
o prazo de vigência do contrato, influenciam no custo da prestação do serviço.
Dessa forma, são impostas condicionantes que influenciam na composição do
custo do serviço de hemodiálise das empresas contratadas, enquanto os preços
pagos são determinados pelo contratante. Essa situação sugere a necessidade de
atualização dos valores pagos pela tabela SUS quando houver alterações de preços
nos itens impostos aos contratados, sob pena de promover desequilíbrio contratual,
podendo acarretar inviabilidade econômica de execução dos serviços e a suspensão
da assistência aos necessitados usuários do SUS, assistidos em tratamento de
hemodiálise.
Diante do exposto anteriormente, partindo do pressuposto que não seja
possível interferir no preço de tabela praticado pelo SUS para o serviço de
hemodiálise, surge a seguinte questão de pesquisa: qual a lucratividade do
serviço de hemodiálise ao se comparar o preço tabelado com os custos da
empresa?

1.2 OBJETIVOS DO ESTUDO

1.2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral do presente estudo é verificar a lucratividade da prestação do


serviço de hemodiálise, ao se comparar o preço de tabela do SUS com os custos
praticados, em uma clínica contratada pela Secretaria de Saúde Pública do Estado
do Rio Grande do Norte.
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1.2.2 Objetivos Específicos

Assim, na busca do objetivo estabelecido para o presente trabalho, algumas


etapas intermediárias serão necessárias cumprir, definidas aqui como objetivos
específicos:

a) Identificar as particularidades dos processos operacionais do serviço de


hemodiálise;
b) Apresentar os preços praticados pela Tabela SUS em vigor;
c) Mostrar os preços recebidos pelos serviços e a formação do custo praticado
pela empresa estudada;
d) Calcular e apresentar os cálculos de lucratividade pela prestação do serviço
realizado no ambiente pesquisado.

1.3 JUSTIFICATIVA

A continuidade da assistência aos usuários do SUS, cuja sobrevivência


depende do serviço de hemodiálise das empresas contratadas pelo Setor Público,
tem como condicionante a viabilidade econômica da execução dos contratos
celebrados entre os órgãos ligados à saúde pública e empresas prestadoras desse
serviço.
Uma vez que o valor desse procedimento é fixado pelo Poder Público, os
prestadores de serviços que oferecem o tratamento acima mencionado precisam
adaptar seus custos, de forma que a receita seja suficiente para cobrir custos,
despesas e tributos, permitindo ainda a obtenção de lucro. Na hipótese de não haver
receita suficiente para a obtenção de lucro, a atividade tornar-se-á inviável, tendendo
a haver abandono da prática de hemodiálise pelas empresas, acarretando prejuízos
incalculáveis à população usuária do SUS.
Assim, justifica-se o presente trabalho, na medida em que pretende, por meio
de um caso concreto, estudar a viabilidade de prestação do serviço de hemodiálise
por uma clínica especializada, recebendo o preço previsto na tabela SUS.
O trabalho torna-se relevante à medida que infere tendências e necessidade
de estudos que visam o risco de inviabilidade, em futuro próximo, dos serviços de
hemodiálise nos termos hoje executados e remunerados.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 DEFINIÇÕES

Com a finalidade de facilitar o entendimento dos assuntos abordados no


presente trabalho, esse item apresenta as definições de termos que serão usados
no estudo, segundo Martins (2003).
 Gasto: compra de um produto ou serviço qualquer com entrega ou promessa
de entrega de ativos (normalmente dinheiro).
 Custo: gasto relativo a bem ou serviço empregado na produção de outros
bens ou prestação de serviços.
 Despesa: bem ou serviço consumido direta ou indiretamente para a obtenção
de receitas
 Custo fixo: O valor do gasto não se altera quando há variações no volume de
atividade da entidade numa unidade de tempo.
 Custo variável: O valor do gasto se altera quando há variações no volume de
atividade da entidade numa unidade de tempo.
 Mão de obra Direta: se refere ao pessoal que atua diretamente no produto em
elaboração ou serviço prestado pela entidade. Essa classificação só se
efetiva se for possível a mensuração do tempo de atuação de cada indivíduo,
sem uso de qualquer apropriação indireta ou rateio.

2.2 FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA

Segundo Bertó e Beulke (2006), dois enfoques básicos devem ser


considerados na formação do preço de venda de um produto ou serviço: o
financeiro, referente ao retorno do investimento e o mercadológico, referente à
aceitação pelos clientes.
Já para Assef (2002), Bruni e Famá (2003), a determinação do preço de
venda pode objetivar: proporcionar maior lucro em longo prazo; possibilitar maior
lucro no mercado considerado; aumentar os níveis de produção da entidade; evitar e
reduzir a ociosidade e o desperdício operacional.
Segundo Santos (2005), a finalidade principal do modelo de decisão de
preço de venda é auxiliar na determinação, tanto de um preço específico, quanto na
adoção da política e estratégia de preços.
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Segundo muitos autores, dentre os quais, Martins (2003) e Souza (2008), os


métodos baseados nos custos, na concorrência, no mercado e o método misto
podem ser empregados na formação de preços de venda.
Em linhas gerais, Neto, Silva e Ceolin (2016) assim caracterizaram cada um
desses métodos de formação de preço de venda:
 Baseado nos Custos: nesse método atribui o lucro desejado por unidade de
custos ao produto. Emprega custos de transformação, pleno, marginal e taxas
de retorno exigidas sobre o custo de capital. Assim, a margem de lucro
desejada é aplicada sobre os custos totais dos produtos.
 Baseado na concorrência: a entidade pode definir seus preços maiores ou
menores do que os concorrentes, ou pode determinar seu preço baseado em
julgamentos sobre esses concorrentes.
 Baseado no mercado: a entidade considera o valor do produto no mercado
consumidor para estabelecer seu preço de venda.
 Misto: a entidade emprega o método de formação de preço baseada no custo,
e considera os valores praticados pelos concorrentes e o quanto o mercado
está disposto a pagar pelo produto ou serviço, antes de tomar a decisão final
acerca do preço a ser praticado.

2.2.1 Formação do preço de venda baseado nos custos

Quando a entidade parte dos custos do produto ou serviço, apurados


segundo o critério de Custeio por Absorção, Custeio Variável ou outro, para
determinar os preços de venda correspondentes, pratica o preços de dentro para
fora, diz Martins (2010). O autor complementa que nesse método de formação de
preço, os demais gastos não incluídos no custo, os tributos, as comissões e o lucro
esperado devem ser cobertos por uma margem denominada markup, acrescida no
valor do custo para obter-se o preço de venda.
18

2.2.1.1 Custeio por absorção

Custeio por absorção - os preços de venda são determina dos pelo custo
total da produção, calculados pelo custeio por absorção, mais um acréscimo
percentual para cobrir as despesas operacionais e proporcionar uma margem de
lucro.
Santos (2009), afirma que no custeio por absorção todos os custos de
produção comporão o custo do bem ou serviço, ficando de fora as despesas que são
lançadas diretamente no resultado, enquanto os custos, tanto diretos quanto
indiretos, são apropriados a todos os bens e serviços. Esse método é básico para a
avaliação de estoques pela contabilidade societária para fins de levantamento do
balanço patrimonial e da demonstração do resultado do exercício.

[...] o custeio do estoque no qual todos os custos de fabricação,


variáveis e fixos são considerados custos inventariáveis, isto é, o
estoque absorve todos os custos de fabricação (HORNGREN;
FOSTER; DATAR, 2000, p. 211).
[...] neste método, todos os gastos que participam da elaboração dos
produtos fabricados deverão ser absorvidos por eles. Este é o único
método de custeio aceito pela Contabilidade Financeira que atende
aos princípios contábeis. O custeio de absorção indica que cada
unidade produzida “absorveu” todos os gastos necessários para
obtê-la, sejam diretos, isto é, próprios do produto, ou indiretos, que
são aqueles que auxiliam a produção. Com este método, podem-se
apurar os saldos dos estoques, o Custo da Produção Vendida, além
de demonstrar a situação patrimonial no Balanço (DUBOIS; KULPA;
SOUZA, 2006, p.124).

Segundo Martins (2010) esse método oferece duas opções à organização na


busca dos custos dos bens ou serviços:
Alocar os custos de materiais e de mão de obra direta, uma vez que é
possível mensurar sua aplicação nos bens ou serviços produzidos, rateando os
custos indiretos, por meio de bases de rateio; ou
Caracterizar a divisão dos departamentos da empresa que executam
serviços envolvidos direta ou indiretamente na elaboração do produto ou prestação
do serviço, rateando os custos indiretos pelos departamentos. Transferindo, por fim,
os custos para os departamentos de produção que os transferem aos bens ou
serviços. Enquanto essas transferências são feitas a partir de rateios. Os custos
19

diretos são alocados aos bens ou serviços por intermédio da sua efetiva utilização,
considerando a confiabilidade da identificação e mensuração desse emprego.
Abbas, Gonçalves e Leocine (2012) apresentam algumas vantagens e
desvantagens para o método de custeio por absorção, consubstanciados no Quadro
01, abaixo:

Quadro 1 - Vantagens e desvantagens do custeio por absorção


VANTAGENS DESVANTAGENS
Agregação de todos os custos, tanto os Distribuição dos custos com base em
diretos quanto os indiretos; critérios de rateio com grande grau de
arbitrariedade;
Menos custoso para implementar, desde O custo fixo por unidade depende do volume
que separe os custos em fixos e variáveis. de produção, podendo existir interferência
da alteração de volume de produção do
produto “A”, no custo do produto “B”;
Fonte: Adaptação de Abbas, Gonçalves e Leocine (2012)

2.2.1.2 Custeio variável

No custeio variável apenas os custos variáveis, diretos ou indiretos, são


considerados para a composição dos custos dos produtos ou serviços a serem
mensurado, afirma Megliorini (2012).
Segundo Leone (1997) no custeio variável só deve ser debitados dos
produtos ou serviços os custos e despesas diretamente identificados com a atividade
produtiva e que sejam variáveis em relação a essa atividade.
Para Martins (2010), como os custos fixos existem, independente de haver
produção operacional da entidade, e, considerando o grau de arbitrariedade na
distribuição desses custos, esses não são relevantes na composição do valor de um
produto ou serviço, quando se trata de análise gerencial. Por outro lado, o custo fixo
por unidade produzida diminui na medida em que aumenta o volume de produção.
Assim, partindo-se do pré-suposto de que a estrutura de custos fixos deverá ser
coberta pelo volume de produção da atividade operacional da empresa, o mesmo
autor complementa que só pesam no custo dos produtos ou serviços os custos
variáveis, enquanto os fixos vão diretamente para o resultado, considerados como
despesas do período.
Daí, a simples conclusão de que a receita proveniente da venda do produto
ou serviço deverá cobrir, prioritariamente os custos de produção, aqui representados
20

pelos custos variáveis, e, depois disso, arcar com os custos e despesas fixas e
demais necessidades para a continuidade da atividade empresarial, inclusive o lucro.
Assim, se tem o consolidado conceito de margem de contribuição como a
diferença entre o preço de venda (receita) e os custos e despesas variáveis
específicos de cada produto, segundo Bernardi (1996).
Dessa forma, resumidamente, verifica-se que a margem de contribuição
resulta da subtração: valor da receita de vendas menos gastos variáveis de
produção. Esse montante (margem de contribuição do produto) deve ser o suficiente
para cobrir os demais gastos da empresa. O lucro será o valor que restar após isso.
Assim, pode-se elaborar uma Demonstração de Resultados, resumindo o
emprego do custeio variável com margem de contribuição:

Tabela 1 - Demonstração do Resultado do Exercício - DRE


DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO
ITEM VALOR (R$) %
RECEITA COM VENDAS
(-) GASTOS VARIÁVEIS
MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO
(-) GASTOS FIXOS
RESULTADO DO PERÍODO
Fonte: Elaborado pelo autor

Por fim, Abbas, Gonçalves e Leocine (2012) apresentam vantagens e


desvantagens na aplicação do custeio variável:

Quadro 2 - Vantagens e desvantagens do custeio variável


VANTAGENS DESVANTAGENS
custos fixos, que independem do volume de não é aceito pela auditoria externa das
produção, considerando determinada entidades que tem capital aberto e nem pela
capacidade instalada, são considerados do legislação do imposto de renda, bem como
período, indo direto para o resultado. por uma parcela significativa de contadores.
não há rateios de gastos crescimento da proporção dos custos fixos
na estrutura de custos das organizações,
devido aos contínuos investimentos em
capacitação.
facilita a identificação dos bens e serviços na prática, a separação de custos fixos e
mais rentáveis variáveis não é tão clara, pois existem
custos semivariáveis e semifixos.
identifica a quantidade de bens ou serviços
21

que a organização necessita produzir e


comercializar para pagar seus custos fixos,
despesas fixas e gerar lucro
os dados necessários para a análise das
relações custo/volume/lucro são rapidamente
obtidos do sistema de informação contábil
Fonte: Adaptação de Abbas, Gonçalves e Leocine (2012)

2.2.2 Formação do preço de venda baseado na concorrência

A decisão de prática de preços de venda de um produto ou serviço deve


considerar, independente do método de formação do preço empregado, os valores
praticados pelos concorrentes, afirma Santos (2005).

Segundo o mesmo autor, esse método pode ser visto como discriminado no
Quadro 03:

Quadro 3 - Método de formação de preços baseado na concorrência


DESDOBRAMENTO DESCRIÇÃO
Método do preço corrente adotado para os casos de produtos
vendidos a um mesmo preço por todos os
concorrentes. Essa homogeneidade no
preço pode decorrer de questões de
costume (preço tradicional) ou de
características econômicas do ramo
(oligopólio, convênio de preços etc.).
Método de imitação de preços prevê que os mesmos preços sejam
adotados por uma empresa concorrente
selecionada no mercado. Isso ocorre, muitas
vezes, em razão da falta de conhecimento
técnico para a sua determinação ou custo
da informação.
Método de preços agressivos ocorre quando um grupo de empresas
concorrentes estabelece a tendência de
uma redução drástica de preços até serem
atingidos, em certos casos, níveis
economicamente injustificáveis abaixo do
custo das mercadorias.
Método de preços promocionais caracteriza a situação em que as empresas
oferecem certas mercadorias, a preços
tentadores, com o intuito de atrair o público
para o local de venda; dessa forma,
intensificando o tráfego de clientes
potenciais, em função de que estimulam as
vendas de outros artigos a preços normais.
Fonte: Adaptação de Santos (2005)
22

2.2.3 Formação do preço de venda baseado no mercado

Segundo Neto, Silva e Ceolin (2016) nesse método o valor do produto ou


serviço no mercado é que estabelece o preço de venda da empresa.

Na hipótese de o mercado determina o preço de venda dos produtos ou


serviços das empresas, a equação de determinação do preço de venda se inverte.
Se, até então, o preço de venda era influenciado pelos custos, sendo flexível, na
presente situação esse preço determinará a maior custo possível para o produto ou
serviço.
Nesse caso, a empresa deve adaptar seus custos de produção e demais
gastos, de forma a possibilitar a prática do preço de venda imposto pelo mercado,
com vistas a obter o retorno viável e coerente com as expectativas do empresário.

2.2.4 Formação do preço de venda baseado no método misto

Ao se definir os preços de venda dos produtos e serviços com base no


método misto deve-se considerar, segundo Santos (2005), os custos da empresa, as
decisões da concorrência e as peculiaridades do mercado de atuação.
Já Martins (2010) destaca custos envolvidos, valor percebido pelo cliente e
decisões de concorrentes como fatores a serem observados quando se empregar o
método misto para a formação dos preços de venda. Complementa ainda o autor
que a definição dos preços não é tarefa exclusiva do setor de custos, apesar de
todas as informações ao seu alcance, assim como não deve ficar apenas com o
marketing, usando as previsões e dados do mercado.
Pera Canever, Lunkes, Schnorrenberger e Gasparetto (2010) uma
estratégia de preços adequada deve abordar: os custos apurados por um método
que seja adequado; a análise dos concorrentes (produtos semelhantes e
substitutos); e os aspectos mercadológicos, considerando a fatia de mercado, os
clientes alvo, e a percepção de valor dos clientes.
23

2.3 CUSTEIO ALVO

Segundo Bomfim, Callado e Callado (2018), o custeio alvo, criado na década


de 1960 pela Toyota, é empregado para planejamento de lucros e redução de
custos, ocorrendo desde o desenvolvimento do produto até o seu descarte, sendo
recomendável em ambientes nos quais o preço é influenciado pelo nível de
competição entre as empresas. Os autores acrescentam que o emprego da
metodologia do custeio alvo, muito comum em companhias japonesas, ainda é
relativamente modesto no Brasil, sendo aplicada em diversas empresas dos Estados
Unidos e da Europa.
Já para Hansen (2002), Custeio Alvo pode ser definido como um processo
por meio do qual as empresas planejam seus resultados, por meio do gerenciamento
de custos e preços, com fundamento na possibilidade de trabalhar as margens
obtidas pela entidade e conseguir praticar os preços de venda estabelecidos pelo
mercado.
Para Mattos, Nepomuceno e Silva (2016), quando se emprega o Custeio
Alvo, a ordem de formação do preço de venda se inverte em relação a alguns
métodos que estabelecem esse preço como sendo o resultado da adição do lucro ao
custeio, impactando o planejamento de toda cadeia produtiva da empresa. Como o
Custeio Alvo parte do pressuposto que o preço de venda já está definido pelo
mercado, então, o custo deve ser o resultado da subtração entre o preço final já
estabelecido e o lucro desejado.
Dessa forma, pode-se concluir que a redução do custeio possibilitará a
maximização dos lucros. Assim, cresce de importância a necessidade da
implementação de ferramentas de controle e gestão de custos nas empresas que
trabalham com seus preços de venda definidos antecipadamente pelo mercado.

2.4 HEMODIÁLISE

O conhecimento de detalhes sobre a rotina do tratamento de hemodiálise é


importante na análise do custo desse serviço e, consequentemente, no estudo da
formação do preço de venda. Por isso, serão apresentados os processos de trabalho
necessários à execução do procedimento, dando destaque aos exigidos pelos
órgãos de controle, e praticados pela empresa foco do estudo.
24

A hemodiálise é uma técnica realizada em um circuito extracorpóreo onde se


utiliza uma membrana artificial, que envolve o desvio do sangue, por meio de um
dialisador que tem por finalidade trocar eletrólitos e líquidos, depurando os resíduos
(LOPES, 2014).
Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, a hemodiálise é a diálise
realizada por meio da filtração do sangue, no qual o líquido é retirado pouco a pouco
do organismo através de uma agulha (especial para punção de fístula arteriovenosa)
ou cateter (localizado numa veia central do pescoço), bombeado por uma máquina e
passa por um filtro, onde vão ser retiradas as toxinas e a água que está em excesso
no organismo. Depois de “limpo”, o sangue volta para o corpo através da fístula ou
do cateter. O procedimento é realizado em clínicas especializadas, no mínimo 03
(três) vezes por semana e tem duração entre 03 (três) e 04 (quatro) horas.
Assim, os pacientes comparecem aos locais onde realizam o tratamento e lá
permanecem, conectados às máquinas de hemodiálise, sob supervisão de uma
equipe especializada, por um intervalo de tempo de 03 (três) e 04 (quatro) horas.
As exigências mínimas para a execução do procedimento estão disciplinadas
no Regulamento Técnico para o Funcionamento dos Serviços de Diálise,
estabelecido por meio da Resolução da Diretoria Colegiada da Agência Nacional de
Vigilância Sanitária (RDC) 154, de 15 de junho de 2014 (BRASIL, 2014).

2.5 O REGULAMENTO TÉCNICO PARA O FUNCIONAMENTO DOS SERVIÇOS


DE DIÁLISE E OS REFLEXOS NO CUSTO DA HEMODIÁLISE

O Regulamento Técnico para o Funcionamento dos Serviços de Diálise traz


exigências para a empresa prestadora do serviço que vão desde requisitos para o
funcionamento, passando por prestação de assistência complementar ao paciente,
até imposições em relação à mão de obra especializada, que influenciam na
composição do custo do serviço de hemodiálise Por isso, tais exigências serão
abordadas no presente estudo.
25

2.5.1 Limitações e pré-requisitos ao funcionamento dos serviços

O § 3º, do Art. 2º da resolução - RDC nº 154, de 15 de junho de 2014


estabelece (BRASIL, 2014): “A modalidade de Hemodiálise pode funcionar em até
três turnos, com intervalo mínimo de uma hora entre as sessões. A ampliação do
número de turnos está condicionada a autorização do gestor local”.

Como as sessões de hemodiálise têm duração entre 03 (três) e 04 (quatro)


horas, e existe a determinação de intervalo de uma hora entre essas sessões em um
mesmo equipamento, o regime contínuo de emprego do equipamento nas 24 (vinte
e quatro) horas do dia permitiria e execução de até 06 (seis) procedimentos de 03
(três) horas. Entretanto, a norma limita essa quantidade, impossibilitando o
aproveitamento da capacidade máxima produtiva dos equipamentos.
No item 4.1 o Regulamento especifica as necessidades de apoio hospitala de
retaguarda aos serviços que executam hemodiálise:

4.1. Os serviços autônomos devem dispor de hospital de retaguarda


que tenha recursos materiais e humanos compatíveis com o
atendimento a pacientes submetidos a tratamento dialítico, em
situações de intercorrência ou emergência, localizado em área
próxima e de fácil acesso.
4.1.1. Os serviços autônomos que prestam atendimento pelo Sistema
Único de Saúde (SUS) devem comprovar a retaguarda hospitalar por
meio de Termo de Compromisso (declaração conjunta) assinado
pelos diretores do serviço, do hospital e do Gestor.
Essa exigência impõe ao prestador do Serviço a contratação de leitos em
unidade hospitalar, o que causa impactos no custo do procedimento. Os Serviços
serão responsáveis pelo atendimento pré-hospitalar aos seus pacientes nos casos
de intercorrências durante as sessões, nos seguintes termos:

4.3. Todo serviço autônomo deve dispor de um serviço de remoção


de pacientes, que atenda aos requisitos da legislação em vigor,
destinado a transportar, de imediato, os pacientes em estado grave
até o hospital de retaguarda, assegurando o seu pronto atendimento.
4.3.1. Os serviços de diálise que não dispõem de serviço próprio
devem estabelecer contrato formal com um serviço de remoção,
licenciado pela autoridade sanitária local, de modo a assegurar o
atendimento previsto no item 4.3.
26

O cumprimento dessa exigência implica na contratação de uma equipe


especializada em transporte e atividades pré-hospitalares, bem como do veículo
ambulância, que devem permanecer disponíveis em todos os horários de
funcionamento do estabelecimento. Os gastos daí decorrentes devem ser
absorvidos pelos custos do procedimento
O Regulamento assim limita a utilização do dialisador:
5.5. Os dialisadores e as linhas arteriais e venosas podem ser
utilizadas, para o mesmo paciente até 12 (doze) vezes, quando
utilizado o reprocessamento manual, ou até 20 (vinte) vezes quando
utilizado reprocessamento automático.
A limitação da quantidade de reutilizações do dialisador determina o impacto
do valor gasto com esse insumo no custo unitário do procedimento. Sendo 1/12 ou
1/20 do gasto na sua aquisição.
Ainda em relação aos dialisadores, o Regulamento estabelece:

5.6. É obrigatória a medida do volume interno das fibras "priming" em


todos os dialisadores antes do primeiro uso e após cada reuso
subsequente, mantendo arquivados os registros dos dados
referentes a todos os testes.
5.6.1. Após a medida do volume interno das fibras, qualquer
resultado indicando uma redução superior a 20% do volume inicial,
torna obrigatório o descarte do dialisador, independentemente do
método empregado para o seu reprocessamento.
5.8. A medida do volume interno das fibras deve ser feita por técnico
ou auxiliar de enfermagem treinado na realização deste
procedimento, em conformidade com o item 5.1.f, usando vidraria
graduada íntegra e com boas condições de leitura, sob supervisão do
enfermeiro responsável.

As exigências acima limitam a vida útil dos dialisadores, podendo implicar em


quantidade de reutilizações inferiores às recomendadas no próprio Regulamento em
análise (12 ou 20 vezes). Além disso, impõe a contratação de técnico de
enfermagem especialista. Ambas as situações impactam na formação do custo do
procedimento.
A necessidade de tratamento diferenciado aos pacientes portadores de outras
doenças contagiosas impõe um tratamento diferenciado durante as primeiras
sessões de hemodiálise, como se observa no item abaixo:
5.16. Pacientes recém-admitidos no programa de tratamento dialítico
da Unidade e com sorologia desconhecida, devem ser submetidos ao
tratamento hemodialítico em máquinas específicas para este tipo de
atendimento, diferenciadas das demais, e o reprocessamento de
27

seus dialisadores deve ser realizado na própria máquina. O período


de confirmação da sorologia não deve exceder a 01 (um) mês.
Essa rotina obriga ao estabelecimento manter uma quantidade de máquinas
para essa prática, reduzindo a utilização dessas, posto que não poderão ser
empregadas no tratamento propriamente dito, após a sorologia do paciente recém
admitido. Dessa forma, o prestador do Serviço terá capacidade de produção ociosa.

De forma adicional, o Regulamento determina a existência de equipamentos


reserva para garantir a continuação da sessão, no caso de pane da máquina em
operação, de acordo com os itens abaixo:

7.5. O serviço de diálise deve possuir máquina de hemodiálise de


reserva em número suficiente para assegurar a continuidade do
atendimento.
7.5.1. O equipamento de reserva deve estar pronto para o uso ou
efetivamente em programa de manutenção.

A exigência da permanência de equipamentos de hemodiálise de reserva, em


condições de pronto emprego, acarreta gasto com manutenção e impossibilidade de
exploração da capacidade operacional dessas máquinas.
O item 7.8.1 do Regulamento estabelece que os serviços de diálise devem
garantir o suprimento contínuo de energia.
O cumprimento do item acima exige da empresa prestadora do Serviço a
locação ou aquisição de um gerador estacionário de energia elétrica, o que impacta
no custo do procedimento.
O quadro 04 resume as exigências constantes no Regulamento, relacionadas
ao funcionamento dos serviços de hemodiálise:

Quadro 4 - Exigências para o funcionamento dos Serviços de Hemodiálise


EXIGÊNCIAS PARA O FUNCIONAMENTO DO SERVIÇO
Funcionamento por, no máximo, três turnos diários
Contratação de leitos em hospital de retaguarda
Contratação de serviço para transporte de emergência
Limite máximo de reutilização de dialisadores e linhas arteriais
Limitações ao uso de dialisadores de acordo com o desgaste
Manter equipamento de diálise para uso de pacientes recém-admitidos
Manter equipamentos de diálise reserva
Manter gerador de energia elétrica em condições de emprego
Fonte: Adaptado do Regulamento Técnico para o Funcionamento dos Serviços de Diálise.
28

2.5.2 Prestação de assistências complementares aos pacientes

A letra b, do Item 2.1, do Regulamento Técnico Para Funcionamento dos


Serviços de Diálise determina um monitoramento permanente da evolução do
tratamento, assim como de seus eventos adversos.

O monitoramento imposto no item acima implica em constantes consultas


com especialista, além do procedimento propriamente dito, sendo necessário maior
tempo de trabalho da equipe de profissionais envolvidos no tratamento.
Já o item 2.2 do mesmo Regulamento especifica:
2.2 Todo serviço de diálise deve fornecer, sob orientação do
nutricionista e com base na prescrição médica, um aporte nutricional
ao paciente no dia do procedimento dialítico, em local apropriado.

A determinação acima transcrita implica na contratação de um profissional


nutricionista, aquisição ou cocção de alimentação para os pacientes submetidos aos
tratamentos, acarretando acréscimos ao custo do procedimento.
O item 3.4 desse Regulamento atribui ao Serviço de diálise a
responsabilidade pela promoção e manutenção, no paciente, da via de acesso para
o procedimento de diálise.
Com o objetivo de se evitar a introdução de uma agulha na veia do paciente a
cada sessão do tratamento, a norma determina que o estabelecimento responsável
pelo tratamento estabeleça a via de acesso e a mantenha operacional pelo período
que durar o tratamento. Dessa forma, surge a necessidade de intervenção de um
profissional médico cirurgião para promover e manter esse acesso, implicando em
acréscimo no custo da hemodiálise.
O item 3.11 traz a exigência de consultas especializadas com nefrologista,
conforme se segue:
3.11. Todos os pacientes devem ser submetidos à consulta
ambulatorial pelo nefrologista responsável pelo tratamento dialítico,
mediante realização de, no mínimo, um exame clínico mensal,
registrado no prontuário médico, com identificação do profissional
responsável (nome e número do registro no Conselho Regional de
Medicina), com ênfase na avaliação cardiológica e nutricional, sendo
encaminhado ao especialista quando indicado.

Essa exigência implica na execução de consulta especializada em horário


distinto daquele no qual o paciente está conectado à máquina de hemodiálise,
29

acarretando acréscimo no custo do tratamento, a ser coberto pelo preço do


procedimento de hemodiálise.
A continuidade do tratamento de hemodiálise nos casos de internação é
garantida ao paciente e atribuída a responsabilidade ao prestador do serviço por
meio do item abaixo:
4.2. Durante a internação de qualquer natureza, é de
responsabilidade do RT do serviço de diálise assegurar a
continuidade do tratamento dialítico, o que inclui o transporte do
paciente entre o local de realização da diálise e o de internação.

Na hipótese acima, o custo do procedimento será acrescido dos gastos com


transporte dos meios e do pessoal, além do tempo da mão de obra especializada
que será dedicada a apenas um paciente e não ao grupo supervisionado pela
equipe, no cotidiano do estabelecimento.
O quadro 05 resume as exigências constantes no Regulamento, relacionadas
às assistências complementares que devem ser prestadas aos pacientes em
tratamento de hemodiálise:

Quadro 5 - Prestação de assistência complementar


PRESTAÇÃO DE ASSISTÊNCIAS COMPLEMENTARES
Consultas complementares com especialista
Fornecimento de alimentação aos pacientes durante a sessão
Contratação de nutricionista
Honorários de médico cirurgião
Execução de hemodiálise em pacientes hospitalizados
Fonte: Adaptado do Regulamento Técnico para o Funcionamento dos Serviços de Diálise

2.5.3 Exames laboratoriais

No seu item 3.7 o Regulamento relaciona os seguintes exames laboratoriais


que devem ser realizados periodicamente pelo serviço de diálise nos pacientes
assistidos:

a) Exames mensais: medição do hematócrito, dosagem de


hemoglobina, ureia pré e pós a sessão de diálise, potássio, cálcio,
fósforo, transaminase glutâmica pirúvica (TGP), glicemia para
pacientes diabéticos e creatinina durante o primeiro ano;
a.1) Quando houver elevação de TGP,descartadas outras causas, o
médico nefrologista deve solicitar o AntiHBc IgM, HbsAg e AntiHCV.
30

a.2) A complementação diagnóstica e terapêutica das hepatites virais


deve ser assegurada aos pacientes e realizada nos serviços
especializados em hepatites virais.
b) Exames trimestrais: hemograma completo; medição da saturação
da transferrina; dosagem de ferritina, ferro sérico, proteínas totais e
frações e fosfatase alcalina.
c) Exame semestral: párato-hormônio, AntiHBs, e, para pacientes
susceptíveis (com AntiHBC total ou IgG, AgHBs e AntiHCV
inicialmente negativos), a realização de HbsAG e AntiHCV. Dosagem
de creatinina após o primeiro ano.
d) Exames anuais: colesterol total e fracionado, triglicérides,
dosagem de anticorpos para HIV e do nível sérico de alumínio, Rx de
tórax em PA e perfil.
3.7.1. Nos pacientes em Diálise Peritoneal deve-se avaliar a função
renal residual e o “clearance” peritoneal anualmente.

A exigência dos exames laboratoriais supracitadas implica na necessidade de


contratação de laboratório especializado, acarretando aumento do custo do
tratamento.
Além dos exames exigidos para acompanhamento dos pacientes assistidos, o
Regulamento determina análise microbiológica do dialisato de cada máquina, nos
termos abaixo:
7.3. Deve ser feita análise microbiológica de uma amostra do
dialisato colhida da máquina de diálise no final da sessão (parâmetro
permitido - 2000 UFC/ml).
7.3.1. Deve ser estabelecida uma rotina mensal de coleta de
amostras com registro, de forma que anualmente o teste tenha sido
realizado em todas as máquinas.

A realização de análise microbiológica nas máquinas de hemodiálise também


figura como componente do custo do procedimento, por exigência da RDC 154, de
15 de junho de 2004.

O quadro 06 resume as exigências constantes no Regulamento, relacionadas


às assistências complementares que devem ser prestadas aos pacientes em
tratamento de hemodiálise:
31

Quadro 6 - Prestação de assistência complementar


EXAMES LABORATORIAIS
Exames laboratoriais mensais nos pacientes
Exames laboratoriais trimestrais nos pacientes
Exames laboratoriais semestrais nos pacientes
Exames laboratoriais anuais nos pacientes
Análise microbiológica do dialisato
Fonte: Adaptado do Regulamento Técnico para o Funcionamento dos Serviços de Diálise

2.5.4 Exigências para o reuso do material

O Regulamento estabelece critérios para a guarda e armazenamento dos


acessórios usados pelos pacientes, conforme transcrito:

5.9. O conjunto do paciente (linhas e dialisador) reutilizável deve ser


acondicionado separadamente em recipiente limpo, desinfetado, com
identificação clara e precisa do nome do paciente, data da primeira
utilização e grupo de reprocessamento, ou seja, dialisadores de
pacientes sem Hepatite, com Hepatite B ou C, armazenados em
áreas separadas e identificadas.

O reaproveitamento dos dialisadores está condicionado ao seu adequado


armazenamento, exigindo do prestador do Serviço os gastos decorrentes dessa
ação, acarretando acréscimo ao procedimento de hemodiálise.
Ainda sobre a desinfecção do material a ser reutilizado pelos pacientes, está
previsto no Regulamento:
5.10. Os dialisadores e linhas passíveis de reuso devem ser
desinfetados mediante o preenchimento com solução, conforme
protocolo de procedimentos estabelecido, por escrito, em conjunto
com os técnicos do PCPIEA e em conformidade com o item 5.1.f.
5.11. Os dialisadores e linhas devem ser submetidos a enxágue na
máquina de hemodiálise, para remoção da solução, conforme
protocolo descrito no PCPIEA após a desinfecção e imediatamente
antes de sua utilização.
5.11.1. É obrigatória a adoção de procedimentos de monitoramento
dos níveis residuais do agente químico empregado na desinfecção
dos dialisadores e linhas, após o enxágue dos mesmos e antes da
conexão do paciente assim como o registro dos resultados dos testes
realizados.
32

Ainda como condicionante para o reuso dos dialisadores, o estabelecimento


precisa arcar com os gastos de desinfecção desses objetos, o que trará reflexos no
custo da hemodiálise.
O quadro 07 consolida as exigências constantes no Regulamento acerca de
reutilização de material no tratamento de hemodiálise:

Quadro 7 - Reutilização de material


EXIGÊNCIAS PARA REUSO DE MATERIAL
Depósito para armazenamento dos acessórios
Desinfecção de dialisadores e linhas
Fonte: Adaptado do Regulamento Técnico para o Funcionamento dos Serviços de Diálise

2.5.5 Mão de obra empregada

O Regulamento impõe limitações e condicionantes ao emprego da mão de


obra especializada, como as transcritas abaixo:

6.1. Os serviços de diálise devem ter como Responsáveis Técnicos


(RT):
a) 01 (um) médico nefrologista que responde pelos procedimentos e
intercorrências médicas;
b) 01 (um) enfermeiro, especializado em nefrologia, que responda
pelos procedimentos e intercorrências de enfermagem.
6.2. Cada serviço de diálise deve ter a ele vinculado, no mínimo:
a) 02 (dois) médicos nefrologistas, devendo residir no mesmo
município ou cidade circunvizinha.
b) 02 (dois) enfermeiros em conformidade com o item 6.9 ;
c) 01 (um) assistente social;
d) 01 (um) psicólogo;
e) 01 (um) nutricionista;
f) Auxiliares ou técnicos de enfermagem de acordo com o número de
pacientes;
g) Auxiliar ou técnico de enfermagem exclusivo para o reuso;
h) 01 (um) funcionário, exclusivo para serviços de limpeza.

No momento em que são determinados os integrantes das equipes de


assistência aos pacientes em tratamento, o instrumento legal em comento influencia
significativamente o custo do procedimento de hemodiálise. Vale salientar a
determinação de vinculação à empresa prestadora do Serviço de profissionais
33

ligados a atividades complementares, como limpeza, assistência social, nutrição e


psicologia.
Além de determinar as especialidades de profissionais que devem integrar a
equipe, o Regulamento limita a quantidade de pacientes a serem atendidos por cada
especialista nos itens abaixo:

6.3. O programa de hemodiálise deve integrar no mínimo em cada


turno os seguintes profissionais:
a) 01 (um) médico nefrologista para cada 35 (trinta e cinco)
pacientes;
b) 01 (um) enfermeiro para cada 35 (trinta e cinco) pacientes;
c) 01 (um) técnico ou auxiliar de enfermagem para cada 04 (quatro)
pacientes por turno de Hemodiálise.
6.3.1. Todos os membros da equipe devem permanecer no ambiente
de realização da diálise durante o período de duração do turno.

Essa imposição da quantidade de pacientes por profissional sugere que a


receita decorrente dessa quantidade de procedimentos seja o suficiente para cobrir
os gastos salariais dos profissionais envolvidos. Além disso, o item acima afasta a
possibilidade de emprego dos profissionais da equipe de assistência em outras
atividades durante as sessões de hemodiálise, caracterizando dedicação exclusiva
nesse período.
O quadro 08 sintetiza as exigências constantes no Regulamento quanto ao
emprego de mão de obra especializada no tratamento de hemodiálise:

Quadro 8 - Emprego de mão de obra especializada


EXIGÊNCIAS QUANTO À MÃO DE OBRA
Assistente Social
Psicólogo
Técnico de enfermagem exclusivo para o reuso
No mínimo 02 médicos nefrologista no Serviço
01 médico nefrologista para cada 35 pacientes
01 enfermeiro para cada 35 pacientes
01 técnico de enfermagem para cada 04 pacientes
Fonte: Adaptado do Regulamento Técnico para o Funcionamento dos Serviços de
Diálise
34

2.5.6 Tratamento da água utilizada no procedimento

O Regulamento estabelece procedimentos quanto à obrigatoriedade de


emprega de água com comprovada qualidade no procedimento de hemodiálise,
constante nos itens que se seguem: 8.1.1. A água utilizada na preparação da
solução para diálise nos serviços deve ter a sua qualidade garantida em todas as
etapas do seu tratamento, armazenagem e distribuição mediante o monitoramento
dos parâmetros microbiológicos e físico-químicos, assim como, dos próprios
procedimentos de tratamento.

8.2. A água de abastecimento dos serviços de diálise proveniente da


rede pública, de poços artesianos ou de outros mananciais deve ter o
seu padrão de potabilidade em conformidade com o disposto na
Portaria GM/MS nº 518 de 25 de março de 2004, ou de instrumento
legal que venha a substituí-la.
8.2.1. A obtenção dos laudos atestando as condições de potabilidade
da água, fornecidos pela companhia de abastecimento público ou por
laboratório especializado, é de responsabilidade dos serviços de
diálise em conformidade com o artigo 9º da Portaria GM/MS, nº 518 de
25 de março de 2004.
8.3.1. O técnico responsável pela operação do sistema de tratamento
de água para diálise deve ter capacitação específica para esta
atividade, atestada por Certificado de Treinamento.
8.5.2. A análise da água deve ser realizada por laboratório habilitado
na Rede Brasileira de Laboratórios (REBLAS/ANVISA).

A água utilizada no processo deve receber um tratamento específico para


alcançar os índices estabelecidos na legislação. A confirmação desses índices deve
ser efetivada por meio de exames laboratoriais. Assim, tanto o tratamento da água,
quanto os exames laboratoriais, impacta no custo do procedimento de hemodiálise.
O quadro 09 resume as exigências do Regulamento em relação ao tratamento
de água para uso no tratamento de hemodiálise:

Quadro 9 - Exigências de qualidade de água


TRATAMENTO DE ÁGUA
Sistema de tratamento de água para diálise
Técnico em tratamento de água
Exames laboratoriais de comprovação da qualidade da água
Fonte: Adaptado do Regulamento Técnico para o Funcionamento dos Serviços de
Diálise
35

2.6 VALOR PREVISTO NA TABELA SUS PELO SERVIÇO DE HEMODIÁLISE

A tabela que contempla os valores a serem pagos pelo Ministério da Saúde


por procedimentos executados pela iniciativa privada, em complemento ao SUS,
pode ser encontrada no sitio http://sigtap.datasus.gov.br.
A partir dessa página, se consegue obter os diversos dados relativos ao
procedimento de hemodiálise. Esse sítio esclarece que a hemodiálise “consiste na
terapia de substituição renal, realizada através de circuito de circulação
extracorpórea, utilizando-se máquina de proporção, nas quais a depuração de soluto
ocorre por difusão entre o sangue e uma solução de diálise, através de uma
dialisador sintético”.
Fruto da pesquisa específica sobre o procedimento, foram encontrados os
dados constantes da tabela 02:

Tabela 2 - Dados sobre a hemodiálise


Procedimento: 03.05.01.010-7 - HEMODIÁLISE (MÁXIMO 3
SESSÕES POR SEMANA)
Grupo: 03 - Procedimentos clínicos
Sub-Grupo: 05 - Tratamento em nefrologia
Forma de Organização: 01 - Tratamento dialítico
Competência: mai/19
Modalidade de Atendimento: Ambulatorial
Complexidade: Alta Complexidade
Financiamento: Fundo de Ações Estratégicas e Compensações (FAEC)
Sub-Tipo de Financiamento: Nefrologia
Instrumento de Registro: APAC (Proc. Principal)
Sexo: Ambos
Média de Permanência:
Tempo de Permanência:
Quantidade Máxima: 14
Idade Mínima: 12 anos
Idade Máxima: 130 anos
Pontos:
Exige CNS admite APAC de Continuidade Exige
Atributos Complementares: registro na APAC de dados complementares
Valores
Serviço Ambulatorial: R$ 194,20
Total Ambulatorial: R$ 194,20
Fonte: Tabela SUS
36

3 METODOLOGIA
3.1 ENQUADRAMENTO METODOLÓGICO

Iniciando por uma pesquisa bibliográfica com objetivo de estabelecer a


fundamentação teórica, o presente trabalho é classificado como descritivo,
exploratório e qualitativo. Caracterizado como estudo de caso único, empregando a
técnica de entrevista semiestruturada na coleta de dados.
Beuren (2004) salienta que por meio das pesquisas bibliográficas o
pesquisador armazena conhecimentos acerca do tema pesquisado, sendo coerente
a inicial pesquisa apresentada no presente trabalho.
Segundo Gil (2022) a pesquisa descritiva visa descrever as características
de uma população ou de um fenômeno, ou ainda, estabelecer relações entre
variáveis. O mesmo autor afirma que a pesquisa exploratória busca proporcionar
uma visão geral sobre determinado fato, sendo empregada em temas pouco
explorados. Como o presente trabalho estuda e descreve a formação de preço de
determinada empresa especializada em hemodiálise, buscando aprofundar os
conhecimentos acerca desse assunto pouco estudado, pode ser assim classificado.
Uma vez que o trabalho não emprega meios quantitativos estatísticos na
abordagem do tema, é enquadrado como pesquisa qualitativa, já que Richardson
(2008) aborda a pesquisa qualitativa como a tentativa de interpretação dos
significados e características colhidas por meio de entrevistas, ao invés do emprego
de medidas quantitativas.
Segundo Yin (2015) o estudo de caso pode ser caracterizado como uma
pesquisa empírica, complementada por procedimentos pré-estabelecidos,
considerando toda a organização analisada, buscando compreendê-la, podendo ser
caso único ou multicaso. Assim, o presente estudo se caracteriza como estudo de
caso único.
Por meio da aplicação de entrevista semi-estruturada a um dos proprietários
da clínica, consulta a documentos, visitas à empresa e conversas com funcionários,
foram obtidos os dados acerca da empresa, com grau de detalhamento suficiente
para realização do estudo.
37

3.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA

Ao concluir a fundamentação teórica acerca da formação do preço de venda


de produtos e serviços, foi realizada uma entrevista semi-estruturada com um dos
proprietários da Clínica de Hemodiálise, com o objetivo de coletar os dados
necessários ao estudo da formação de preço do serviço prestado pela empresa. O
roteiro de entrevista abrange vinte perguntas, sendo dividido em três partes: sobre o
perfil da empresa; os controles e a gestão de custos praticados pela empresa, bem
como, o processo de formação do preço de venda praticado pela empresa para fins
de gestão e decisão.
Como produto dessa entrevista, foram obtidos dados acerca da atividade, do
faturamento, do enquadramento tributário, da oferta de produtos e serviços da
empresa, da organização e capacidade operacional da empresa, do seu quadro de
funcionários, dos diversos dispositivos de controle, dos valores dos principais gastos
e do processo empregado na formação do preço de venda do serviço prestado pela
clínica.
Julgada satisfatória a coleta dos dados sobre a empresa, foi executada a
sua formatação, separando-os em tabelas, com base nos conceitos usados na
contabilidade, objetivando a análise do custeio e o estudo da formação do preço de
venda do serviço prestado pela empresa.
38

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS

4.1 CARACTERÍSTICAS DA EMPRESA ANALISADA


4.1.1 Perfil da empresa
Com base nos dados colhidos no decorrer do mês de abril de 2019, observa-
se que a Empresa analisada tem sede no Estado do Rio Grande do Norte e é uma
Clínica que presta exclusivamente o serviço de hemodiálise. Com faturamento anual
aproximado de R$ 6.165.744,00 (seis milhões, cento e sessenta e cinco mil
setecentos e quarenta e quatro reais), está enquadrada no regime tributário de lucro
presumido.
A receita total da empresa é composta pelos recebimentos de três contratos
de prestação de serviço de hemodiálise, sendo dois com os planos de saúde AMIL e
UNIMED, e outro com o Governo do Estado do Rio Grande do Norte, por meio da
Secretaria Estadual de Saúde Pública. Este último representa 78,62% da receita
total da clínica, conforme especificado na tabela 03:

Tabela 3 - Fontes de receita mensal da clínica


Qnt Qnt VALOR POR VALOR
CLIENTE PACIENTES SESSÕES/MÊS TOTAL
SESSÃO
AMIL 10 130 480,00 62.400,00
UNIMED 11 143 332,00 47.476,00
SESAP 160 2080 194,20 403.936,00
TOTAL 181 2.353 513.812,00
Fonte: Elaborado pelo autor

A clínica não está institucionalmente organizada em departamentos, apesar


de ter nos seus quadros 51 (cinquenta e um) profissionais, sendo parte deles
qualificados para a atuação direta na atividade fim e outros na atividade de apoio. A
tabela 04 abaixo apresenta a especificação e faixa salarial dessa mão de obra:
39

Tabela 4 - Mão de obra da clínica analisada


TOTAL COM
SALÁRIO
FUNÇÃO Qnt ENCARGOS
MÉDIO (R$)
(R$)
MÉDICOS PLANTONISTAS 5 5.880,00 42.956,67
ENFERMEIROS 3 3.200,00 14.026,67
TÉCNICOS DE ENFERMAGEM 20 1.000,00 29.222,22
PSICÓLOGO 1 1.800,00 2.630,00
NUTRICIONISTA 1 1.600,00 2.337,78
ASSISTENTE SOCIAL 1 3.000,00 4.383,33
RECEPCIONISTA 3 1.100,00 4.821,67
TÉCNICO MANUTENÇÃO EQUIPAMENTO 2 2.500,00 7.305,56
PESSOAL DA ADMINISTRAÇÃO 2 2.800,00 8.182,22
AUXILIAR ADMINISTRATIVO 3 1.733,33 7.597,78
AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS 5 1.200,00 8.766,67
MOTOQUEIRO 1 1.800,00 2.630,00
PEDREIRO 1 1.800,00 2.630,00
COPEIRA 3 1.200,00 5.260,00
TOTAL DA FOLHA DE PAGAMENTO 51 30.613,33 142.750,56
Fonte: Elaborado pelo autor

A clínica dispõe de salas que permitem o funcionamento simultâneo de 32


(trinta e duas) máquinas de hemodiálise, trabalhando das 06 às 20 horas, 03 (três)
turnos por dia, executando 96 (noventa e seis) procedimentos diariamente, durante
06 (seis) dias por semana, 26 (vinte e seis) dias em média por mês.
Além dessas máquinas, existem 02 (duas) de reserva e 01 (uma) destinada
aos atendimentos iniciais de pacientes recém-admitidos. Dessa forma, a clínica tem
capacidade operacional de execução de 2.496 (dois mil, quatrocentos e noventa e
seis) procedimentos de hemodiálise por mês.
A tabela 05 apresenta a situação das máquinas de hemodiálise da clínica:

Tabela 5 - Situação das máquinas de hemodiálise


SITUAÇÃO QUANTIDADE
EM FUNCIONAMENTO DIÁRIO 32
EM RESERVA 2
ATENDIMENTO DE PACIENTES RECÉM-ADMITIDOS 1
TOTAL 35
Fonte: Elaboração própria
40

O valor do imobilizado da empresa é de R$ 2.167.500,00 (dois milhões,


cento e sessenta e sete mil e quinhentos reais), distribuídos conforme especificado
na tabela 06:

Tabela 6 - Constituição do imobilizado da empresa


CLASSIFICAÇÃO VALOR (R$)
ATIVIDADE FIM 1.852.500,00
ATIVIDADE DE APOIO 315.000,00
TOTAL 2.167.500,00
Fonte: produção própria

4.1.2 Controle e gestão dos custos da empresa

A empresa não controla, nem gerencia os seus custos. Apesar de dispor de


um software específico para a atividade desenvolvida pela clínica, o NEFRODATA,
não alimenta o programa com os dados necessários, desconhecendo os fatores que
influenciam nos custos.
A contabilidade da empresa é executada por um escritório especializado e
não existe controle de estoques. A empresa não conhece a importância do controle
e gerenciamento dos seus custos.
O controle dos gastos mensais da empresa é efetuado por item específico,
conforme a destinação, não existindo classificação em custo e despesa, direto e
indireto, ou qualquer outro. Os gastos mensais apresentados pela clínica, na forma
como são controlados pela empresa, estão consolidados na tabela 07:
41

Tabela 7 - Demais gastos mensais apresentados pela clínica


VALOR POR
ITENS
MÊS (R$)
ALUGUEL 11.700,00
CAERN 7.000,00
CIRURGIÃO (FÍSTULAS) 2.880,00
COMBUSTÍVEL 1.600,00
COSERN 10.000,00
ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE 1.600,00
EXAMES PARA ANÁLISE DE ÁGUA 800,00
FOLHA DE PAGAMENTO 142.750,56
INFORMÁTICA 900,00
INSUMOS EM GERAL 95.000,00
LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS 9.000,00
LIXO HOSPITALAR 2.000,00
MANUTENÇÃO DAS MÁQUINAS 3.000,00
MATERIAL DE EXPEDIENTE 1.900,00
PAGAMENTO DE EMPRÉSTIMOS 113.000,00
REFEIÇÕES 3.600,00
SEGURANÇA 1.700,00
SISTEMA NEFRODATA 800,00
TÉCNICO SEGURANÇA DO TRABALHO 450,00
TRIBUTOS (ISS, PIS, COFINS, IRPJ, CSLL) 57.290,04
TV E INTERNET 500,00
TOTAL DE GASTOS MENSAIS 467.470,59
Fonte: produção própria

4.1.3 Formação do preço de venda do serviço prestado

Como os serviços prestados pela clínica são remunerados com base em


tabelas praticadas pelos seus clientes, ou seja, tabelas de preços dos planos de
saúde e a tabela SUS, a empresa não adota qualquer método de formação de preço
de venda para o seu serviço.
Assim, a empresa não controla os dados necessários ao emprego de
qualquer dos métodos de formação do preço de venda, nem tampouco avalia se os
seus custos são coerentes e compatíveis com os preços que pratica.
42

4.2 ADEQUAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS DADOS PARA ANÁLISE

Os dados trazidos ao presente trabalho foram apresentados da forma como


a clínica os controla, sem critérios de separação em grupos, carecendo de seleção,
adaptação e classificação antes da análise.
Por não exercerem influência na formação do preço do serviço prestado,
considerando os objetivos do presente estudo, alguns desses dados não serão
considerados na análise.
A classificação segundo o critério de influência direta na produção e variação
com a alteração do volume produzido, ou seja, se são gastos fixos ou variáveis,
diretos ou indiretos, facilita a análise. Por isso, os dados foram organizados,
adaptados e classificados conforme as explicações que se seguem.
O potencial operacional da clínica com os meios materiais e as equipes de
profissionais existentes, é de atendimento de 35 (trinta e cinco) pacientes por sessão
de hemodiálise, somando 210 (duzentos e dez) pacientes, com possibilidade de
execução de 2.730 (duas mil setecentos e trinta) sessões de hemodiálise por mês.
Para fins de análise os valores de gastos com mão de obra serão separados
dos demais gastos da empresa.

4.2.1 Gastos gerais e passivo financeiro

4.2.1.1 Passivo financeiro


O passivo financeiro com o empréstimo (R$ 113.000,00 – cento e treze mil
reais) não foi considerado para fins do presente estudo, por se tratar de situação
peculiar que não influencia diretamente o custo de prestação do serviço, posto que
os recursos financeiros não foram empregados em investimentos no parque
produtivo da empresa.

4.2.1.2 Gastos fixos e variáveis


Os gastos apresentados foram separados, para fins de análise, quanto à
variação em relação à quantidade de serviços prestados pela empresa, em fixos ou
variáveis e classificados conforme especifica a tabela 08:
43

Tabela 8 - Classificação dos gastos da clínica


VALOR (R$)
ITENS
MENSAL ANUAL
VALOR TOTAL DE GASTOS FIXOS 24.950,00 299.400,00
ALUGUEL 11.700,00 140.400,00
COMBUSTÍVEL 1.600,00 19.200,00
ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE 1.600,00 19.200,00
EXAMES PARA ANÁLISE DE ÁGUA 800,00 9.600,00
INFORMÁTICA 900,00 10.800,00
MANUTENÇÃO DAS MÁQUINAS 3.000,00 36.000,00
MATERIAL DE EXPEDIENTE 1.900,00 22.800,00
SEGURANÇA 1.700,00 20.400,00
SISTEMA NEFRODATA 800,00 9.600,00
TÉCNICO SEGURANÇA DO TRABALHO 450,00 5.400,00
TV E INTERNET 500,00 6.000,00
VALOR TOTAL DE GASTOS VARIÁVEIS 186.770,04 2.241.240,06
CAERN 7.000,00 84.000,00
CIRURGIÃO (FÍSTULAS) 2.880,00 34.560,00
COSERN 10.000,00 120.000,00
INSUMOS EM GERAL 95.000,00 1.140.000,00
LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS 9.000,00 108.000,00
LIXO HOSPITALAR 2.000,00 24.000,00
REFEIÇÕES 3.600,00 43.200,00
TRIBUTOS (ISS, PIS, COFINS, IRPJ, CSLL) 57.290,04 687.480,46
VALOR TOTAL 211.720,04 2.540.640,46
Fonte: Produção própria

4.2.1.3 Adequação dos dados às quantidades de atendimentos dos pacientes SUS

O presente estudo objetiva relacionar formação de preço do serviço de


hemodiálise com o valor pago pelo Estado, por meio da tabela SUS. Então, só serão
considerados na análise os dados de receita relativos aos serviços prestados aos
pacientes do SUS.
Segundo a Tabela 03 – Fontes de receitas da clínica, página 37, a receita
mensal pelo atendimento de 160 (cento e sessenta) pacientes é de R$ 403.936,00
(quatrocentos e três mil novecentos e trinta e seis reais), sendo 2.080 (duas mil e
oitenta) sessões por mês, projetando assim, o montante anual de R$ 4.847.232,00
(quatro milhões oitocentos e quarenta e sete mil e duzentos e trinta e dois reais).
44

Os dados apresentados pela clínica se referem ao atendimento de 181


(cento e oitenta e um) pacientes, conforme especificado na mesma tabela 03 –
Fontes de receitas da clínica. Ao se considerar apenas os 160 (cento e sessenta)
pacientes do SUS, há uma redução mensal da quantidade de sessões da ordem de
11,60%. Essa redução não causará variação dos gastos fixos, contudo, implicará na
redução dos gastos que variam com a produção, os variáveis.

4.2.1.4 Redução dos valores dos gastos variáveis


Como os gastos variáveis sofrem a influência direta do volume de produção,
também diminuirão na mesma proporção, posto que serão empregados menos
insumos, menor quantidade de água tratada, diminuirá o consumo de energia
elétrica, etc. Assim, esses valores foram adaptados com a redução de 11,60%
conforme a tabela 09:

Tabela 9 - Valores dos gastos variáveis diminuídos para análise


VALOR (R$)
ITENS MENSAL
MENSAL
REDUZIDO (R$)
CAERN 7.000,00 6.188,00
CIRURGIÃO (FÍSTULAS) 2.880,00 2.545,92
COSERN 10.000,00 8.840,00
INSUMOS EM GERAL 95.000,00 83.980,00
LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS 9.000,00 7.956,00
LIXO HOSPITALAR 2.000,00 1.768,00
REFEIÇÕES 3.600,00 3.182,40
TRIBUTOS (ISS, PIS, COFINS, IRPJ, CSLL) 57.290,04 50.644,39
VALOR DE GASTOS VARIÁVEIS 186.770,04 165.104,71
Fonte: Produção própria

4.2.2 Gastos com mão de obra

4.2.2.1 Valores dos gastos com mão de obra direta e indireta


Os dados acerca de valores gastos com a mão de obra não contemplam a
distinção entre mão de obra direta e indireta, tendo sido necessária essa separação
conforme consta na tabela 10:
45

Tabela 100 - Mão de obra direta e indireta


VALOR (R$)
FUNÇÃO
MENSAL ANUAL
VALOR MÃO DE OBRA DIRETA 100.816,67 1.209.800,04
MÉDICOS PLANTONISTAS 42.956,67 515.480,04
ENFERMEIROS 14.026,67 168.320,04
TÉCNICOS DE ENFERMAGEM 29.222,22 350.666,64
PSICÓLOGO 2.630,00 31.560,00
NUTRICIONISTA 2.337,78 28.053,36
ASSISTENTE SOCIAL 4.383,33 52.599,96
COPEIRA 5.260,00 63.120,00
VALOR MÃO DE OBRA INDIRETA 41.933,90 503.209,44
RECEPCIONISTA 4.821,67 57.860,04
TÉCNICO MANUTENÇÃO EQUIPAMENTO 7.305,56 87.669,36
PESSOAL DA ADMINISTRAÇÃO 8.182,22 98.186,64
AUXILIAR ADMINISTRATIVO 7.597,78 91.173,36
AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS 8.766,67 105.200,04
MOTOQUEIRO 2.630,00 31.560,00
PEDREIRO 2.630,00 31.560,00
TOTAL DE GASTOS COM MÃO DE OBRA 142.750,56 1.713.009,48
Fonte: Produção própria

4.2.2.2 Adequação dos gastos com mão de obra às quantidades de pacientes SUS

Como os pacientes são submetidos a três sessões semanais, a clínica deve


atender metade dos 160 (cento e sessenta) pacientes em três dias (segunda, quarta
e sexta, por exemplo) e a outra metade nos outros três dias de funcionamento do
estabelecimento (terça, quinta e sábado, por exemplo). Assim, deverá atender 80
(oitenta pacientes por dia) por dia, nos três turnos de funcionamento, ou seja, entre
26 (vinte e seis) e 27 (vinte e sete) pacientes por turno.
A equipe de profissionais de saúde da clínica está dimensiona para atender
até 35 pacientes por turno, exceto no que se refere aos técnicos de enfermagem,
como exige o Regulamento Técnico para o Funcionamento dos Serviços de Diálise,
especificado no quadro 08 – Emprego de mão de obra especializada. A quantidade
de técnicos de enfermagem exigida é de 01 (um) técnico para cada 04 (quatro)
pacientes. Assim, como a clínica atende a, no máximo, 27 (vinte e sete) pacientes
SUS por turno de trabalho, deverá ter 07 (sete) técnicos de enfermagem para
atendê-los. Dessa forma, o total de técnicos de enfermagem cairá de 20 (vinte) para
46

18 (dezoito) profissionais, com um gasto anual de R$ 315.600,00 (trezentos e quinze


mil e seiscentos reais).
As quantidades dos demais profissionais que prestam serviço na empresa
não sofrerão alteração com a diminuição da quantidade de pacientes, conforme
especificado na tabela 11:

Tabela 11 - Valor reduzido da mão de obra direta para análise


VALOR (R$)
FUNÇÃO
MENSAL ANUAL
MÉDICOS PLANTONISTAS 42.956,67 515.480,04
ENFERMEIROS 14.026,67 168.320,04
TÉCNICOS DE ENFERMAGEM 26.300,00 315.600,00
PSICÓLOGO 2.630,00 31.560,00
NUTRICIONISTA 2.337,78 28.053,36
ASSISTENTE SOCIAL 4.383,33 52.599,96
COPEIRA 5.260,00 63.120,00
VALOR MÃO DE OBRA DIRETA 97.894,45 1.174.733,40
Fonte: Produção própria

4.2.3 Depreciação

Como a empresa não controla a depreciação dos seus bens, nenhum dado
acerca desse tema foi informado, por isso, foi calculada a depreciação linear, com
vida útil de 10 (dez) anos, sem valor residual para todos os bens. Dessa forma, a
depreciação do imobilizado da empresa foi estimada conforme a tabela 12:

Tabela 12 - Depreciação anual e mensal


DEPRECIAÇÃO
VIDA DEPRECIAÇÃO
BENS VALOR
ÚTIL ANUAL MENSAL
ATIVIDADE FIM 1.852.500,00 10 185.250,00 15.437,50
ATIVIDADE DE APOIO 315.000,00 10 31.500,00 2.625,00
TOTAL 2.167.500,00 216.750,00 18.062,50
Fonte: Produção própria
47

4.2.4 Consolidação da classificação dos gastos


A última classificação efetuada, antes do início da análise dos dados, foi a
separação dos gastos em custos e despesas. Dentro dessa classificação, ainda, o
que é direto e indireto, fixo e variável. A consubstanciação dessa classificação está
expressa na tabela 13:

Tabela 13 – Custos e despesas


CLASSIFICAÇÃO DOS GASTOS PARA ANÁLISE
VALOR (R$)
ITEM
MENSAL ANUAL
QUANTUDADE DE PROCEDIMENTOS 2.080 24.960
CUSTOS VARIÁVEIS 212.354,77 2.548.257,24
MÃO DE OBRA DIRETA 97.894,45 1.174.733,40
CAERN - ÁGUA TRATADA 6.188,00 74.256,00
CIRURGIÃO (FÍSTULAS) 2.545,92 30.551,04
COSERN - ENERGIA ELÉTRICA 8.840,00 106.080,00
INSUMOS EM GERAL 83.980,00 1.007.760,00
LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS 7.956,00 95.472,00
LIXO HOSPITALAR 1.768,00 21.216,00
REFEIÇÕES 3.182,40 38.188,80
CUSTOS FIXOS 30.937,50 371.250,00
ALUGUEL 11.700,00 140.400,00
EXAMES PARA ANÁLISE DE ÁGUA 800,00 9.600,00
MANUTENÇÃO DAS MÁQUINAS 3.000,00 36.000,00
DEPRECIAÇÃO - ATIVIDADE FIM 15.437,50 185.250,00
DESPESAS 54.008,90 648.106,80
INFORMÁTICA 900,00 10.800,00
COMBUSTÍVEL 1.600,00 19.200,00
MATERIAL DE EXPEDIENTE 1.900,00 22.800,00
SEGURANÇA 1.700,00 20.400,00
SISTEMA NEFRODATA 800,00 9.600,00
TÉCNICO SEGURANÇA DO TRABALHO 450,00 5.400,00
TV E INTERNET 500,00 6.000,00
ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE 1.600,00 19.200,00
DEPRECIAÇÃO - ATIVIDADE DE APOIO 2.625,00 31.500,00
MÃO DE OBRA INDIRETA 41.933,90 503.206,80
TRIBUTOS 45.038,86 540.466,32
TRIBUTOS (PIS, COFINS, IRPJ, CSLL) 24.842,06 298.104,72
ISS 20.196,80 242.361,60
TOTAL DE GASTOS 342.340,03 4.108.080,36
Fonte: Produção própria
48

4.3 ANÁLISE DOS DADOS


Com os dados classificados e adaptados para os objetivos do presente
estudo, pode-se inferir sobre a formação do preço do serviço de hemodiálise
prestado pela clínica em questão.
A formação do preço de prestação do serviço foi analisada como emprego
dos métodos do Custeio Pleno, Custeio por Absorção e Custeio variável, com as
respectivas verificações de viabilidade em relação ao preço praticado pela Tabela
SUS.
4.3.1 Formação do preço pelo método do Custeio Pleno
A empresa presta apenas o serviço de hemodiálise, por isso todos os seus
gastos, tanto na atividade fim, como nas atividades de apoio, se referem a esse
procedimento.
A tabela 14 retrata a aplicação do método de custeio pleno na formação do
preço de prestação do serviço em estudo, considerando a execução mensal de
2.080 (duas mil e oitenta) sessões de hemodiálise em pacientes do SUS, na clínica
analisada.

Tabela 14 - Custeio pleno

VALOR (R$)
ITEM
MENSAL UNITÁRIO
TOTAL DE GASTOS 297.301,17 142,93
TRIBUTOS 45.038,86 21,65
SOMA 342.340,03 164,59
Fonte: Produção própria

Todos os gastos com custos e despesas são considerados na formação do


custo nesse método. Com base na comparação do preço praticado pela tabela SUS,
que é de R$ 194,20 (cento e noventa e quatro reais e vinte centavos) com o indicado
na tabela acima, pode-se observar que a empresa obtém lucro de R$ 29,61 (vinte e
nove reais e sessenta e um centavos) por sessão. Isso representa 15,25% do valor
pago pelo serviço pela Tabela SUS.

4.3.2 Formação do preço pelo método do Custeio por Absorção


O emprego do método de custeio por absorção foi facilitado pelo fato de só
existir um serviço na empresa, cabendo a essa atividade absorver todos os custos
49

indiretos, não havendo a necessidade de estabelecimento de critérios de rateio. Na


tabela 15 estão representados os dados relativos ao emprego desse método para o
volume mensal de atendimentos de pacientes SUS da empresa que corresponde a
2.080 (dois mil e oitenta) sessões e a sua capacidade produtiva máxima,
considerando a infraestrutura existente, que chega a 2.730 (duas mil setecentos e
trinta) sessões.
Tabela 15 - Custeio por absorção

VALOR (R$)
ITEM
MENSAL UNITÁRIO
CUSTOS FIXOS 30.937,50 14,87
CUSTOS VARIÁVEIS 212.354,77 102,09
CUSTO TOTAL 243.292,27 116,97
Fonte: Produção própria

Assim, o custo unitário calculado por meio do custeio por absorção, exposto
na tabela acima, gera a margem de R$ 77,23 (setenta e sete reais e vinte e três
centavos) por sessão de hemodiálise, quando comparado com o preço pago pelo
SUS. Isso representa 39,77% do valor da receita unitária que a tabela SUS paga ao
prestados do serviço de hemodiálise. Esse valor será usado para cobrir todos os
demais gastos com as despesas e tributos, e ainda, formar o lucro do
estabelecimento.

4.3.3 Formação do preço pelo método do Custeio variável

Por meio do método do custeio variável observa-se a formação da margem


de contribuição quando se subtrai direto do preço praticado pela tabela SUS, que é a
receita unitária da empresa por sessão de hemodiálise, os gastos variáveis, sejam
eles custos ou despesas, conforme apresentado na tabela 16.

Tabela 16 - Custeio variável


VALOR (R$)
ITEM
MENSAL UNITÁRIO
GASTOS VARIÁVEIS 212.354,77 102,09
MARGEM 191.581,23 92,11
Fonte: Produção própria

O custo unitário dos gastos variáveis foi de R$ 102,09 (cento e dois reais e
nove centavos), conforme consta na tabela acima. Quando esse valor é subtraído do
50

preço pago pala tabela SUS por unidade de sessão de hemodiálise, R$ 194,20
(cento e noventa e quatro reais e vinte centavos), chega-se ao valor da margem de
contribuição unitária de R$ 92,11 (noventa e dois reais e onze centavos), ou seja,
47,43% do valor unitário recebido pelo prestador.
Essa margem representa o valor unitário de contribuição financeira de cada
unidade de serviço prestado para a cobertura dos demais gastos e ainda a formação
do lucro da clínica.

4.4 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DAS ANÁLISES

Das análises executadas, considerando os três métodos, observam-se os


resultados apresentados na tabela 17 para as condições atuais da clínica estudada.

Tabela 17 - Comparação dos resultados


COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS
CUSTEIO
ITEM
PLENO POR ABSORÇÃO VARIÁVEL
CUSTO UNITÁRIO 164,59 116,97 102,09
PREÇO PAGO PELA TABELA SUS 194,20 194,20 194,20
MARGEM UNITÁRIA 29,61 77,23 92,11
PERCENTUAL DO PREÇO 15,25 39,77 47,43
Fonte: Produção própria
51

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente estudo buscou verificar a lucratividade da execução do serviço
de hemodiálise com o preço pago pela tabela SUS, por meio da análise dos custos e
comparação com o valor recebido pelo procedimento.

A apuração do resultado pelos métodos analisados apontou, conforme


tabela 17, lucro mensal de R$ 61.602,74 (sessenta e um mil seiscentos e dois reias
e setenta e quatro centavos), para uma receita de R$ 403.936,00 (quatrocentos e
três mil novecentos e trinta e seis reais) referente às 2.080 (duas mil e oitenta)
sessões de hemodiálise nos 160 (cento e sessenta) pacientes SUS atendidos pela
clínica no mês de abril de 2019.
Esse resultado representa a viabilidade de prestação do serviço para essa
quantidade de pacientes nas condições atuais da empresa estudada.
A empresa analisada não tem a rotina de controlar os seus custos com a
prestação do serviço de hemodiálise. Sem essa prática torna-se impossível
gerenciar os contratos de diferentes preços pagos pelo mesmo serviço existente na
clínica, de modo a traçar estratégias na busca de maximização do lucro.
De forma idêntica aos cenários onde o mercado ou a concorrência
determinam os preços pagos pelos serviços, aqui também se observa que os preços
das sessões de hemodiálise são tabelados, quer seja pelo SUS, quer pelos planos
de saúde. Dessa forma, os prestadores desse serviço não têm a possibilidade de
estabelecer os seus preços de venda.
Entretanto, a análise de custos é fundamental para o acompanhamento da
viabilidade da execução dos serviços e na busca do incremento de lucros. A prática
de gestão de custos facilitam as tomadas de decisões cotidianas da empresa,
minimizando o risco de equívocos na gestão, além de contribuir com a continuidade
da atividade empresarial.
Assim, é recomendável o incremento de políticas de gestão de custos nas
empresas desse ramo, de forma a identificar os itens mais relevantes na formação
do seu preço e desenvolver estratégias para manter a viabilidade da prestação do
serviço com a lucratividade desejada.
52

REFERÊNCIAS

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desvantagens e sua aplicabilidade nos diversos tipo de organizações apresentadas
pela literatura. ConTexto, Porto Alegre, v. 12, n. 22, p. 145-159, 2012.

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da Agência Nacional de Vigilância Sanitária 154, de 15 de junho de 2014. ANVISA,
2018.

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Brasileiro de Custos – Vitória, ES, Brasil, 12 a 14 de novembro de 2018.

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Paulo: Atlas, 2003.

BRUNI, A.L.; FAMÁ, R. Gestão de custos e formação de preços: com aplicações


na calculadora HP 12C e Excel. 3a ed. São Paulo: Atlas, 2004.

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santa Catarina. Revista de Contabilidade do Mestrado em Ciências Contábeis
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FORNACIARI, G. Análise custo/volume/lucro aplicada no processo de tratamento do


mineral quartzo hialino: irradiação e tratamento térmico. Anais... XXV Congresso
Brasileiro de Custos – Vitória, ES, Brasil, 12 a 14 de novembro de 2018.

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HANSEN, J. E. Aplicação do custeio alvo em cursos de pós-graduação lato


sensu: Um estudo sob o enfoque da gestão estratégica de cursos. 2012. 211f.
Dissertação (Mestrado em Controladoria e Contabilidade) – Universidade de São
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Janeiro: LTC, 2000.

LEONE, G.S.G. Curso de Contabilidade de Custos. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2000.
53

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1997.

LOPES, L. A hemodiálise e a biossegurança como um desafio para os


profissionais do Hospital Dr. Baptista de Sousa (HBS). 2014. Monografia -
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Formação de Preço de Venda à Luz da Gestão de Custos: um Estudo de Caso
em um Supermercado do Estado da Paraíba. Monografia (TCC) - Universidade
Federal Rural de Pernambuco, 2016

SANTOS, J.J. Fundamentos de Custos: para formação do Preço e do Lucro.5ª ed.


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Dissertação (Mestrado) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 1995.

SANTOS, R.V. Planejamento do “target-price” Segundo o Enfoque daGestão


Econômica. Revista Brasileira de Custos, São Leopoldo, v.1, 1999.
SBN. Sociedade Brasileira de Nefrologia. Nutrição para Doentes Renais. 2018. Disponível em:
https://sbn.org.br/publico/institucional/livros-para-leigos. Acesso em: 26 mai. 2019.

SBN. Sociedade Brasileira de Nefrologia. O que é hemodiálise? 2018. Disponível


em: https://sbn.org.br/publico/tratatamentos/hemodialise/. Acesso em: 28 mai. 2019.

YIN, R.K. Estudo de caso: planejamento e métodos, 2015.


54

APÊNDICES

APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO UTILIZADO NA PESQUISA DE CAMPO


55

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE


CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS
DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

Área de concentração: Contabilidade de Custos


Ênfase: Formação do preço de venda

PESQUISA: ESTUDO SOBRE A FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA DE UMA CLÍNICA


DE HEMODIÁLISE DO RIO GRANDE DO NORTE

INSTRUMENTO DE PESQUISA
Este é um instrumento de pesquisa no contexto do Trabalho de Conclusão de
Curso de Graduação em Ciências Contábeis “Estudo sobre a Formação de Preço de Uma
Clínica de Hemodiálise do Estado do Rio Grande do Norte”. Ele é composto pelas questões
abaixo:

FABIANO DE MOURA FONTES - E-mail – tcmouracgaem@hotmail.com

O presente questionário faz parte do Trabalho de Conclusão de Curso de FABIANO DE


MOURA FONTES, Aluno do Curso de Ciências Contábeis da Universidade Federal do Rio
56

Grande do Norte, orientado pela Professora Doutora ADRIANA ISABEL BACKES


STEPPAN.

I. GRUPO I – QUESTÕES SOBRE O PERFIL DA EMPRESA

1. QUAL O RAMO DA ATIVIDADE DA EMPRESA?


Comércio..............( )
Serviço.................( x)
Indústria...............( )

2. QUAL O FATURAMENTO MÉDIO ANUAL DA EMPRESA?


Faturamento anual da empresa R$ 5.760.000,00
Clientes:
CLIENTE Qnt Qnt VALOR POR RECEITA
PACIENTES SESSÕES/MÊS SESSÃO MENSAL
AMIL 10 120 480,00 57.600,00
UNIMED 11 132 332,00 43.824,00
SESAP 160 1920 190,00 364.800,00
TOTAL 181 2172 466.224,00

3. QUAL O ENQUADRAMENTO TRIBUTÁRIO DA EMPRESA?


FAIXA MARQUE UM X OBS
SIMPLES NACIONAL – ME
SIMPLES NACIONAL – EPP
LUCRO PRESUMIDO X
LUCRO REAL

4. QUANTOS TIPOS DIFERENTES DE PRODUTOS E/OU SERVIÇOS A EMPRESA


COMERCIALIZA, PRODUZ OU PRESTA?
A empresa produz ZERO tipos de produtos diferentes
A empresa presta APENAS UM tipos de serviços diferentes
A empresa revende ZERO tipos de produtos diferentes

Observações:
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

5. A EMPRESA ESTÁ ORGANIZADA EM DEPARTAMENTOS? QUAIS?


DEPARTAMENTO QUANTIDADE OBS
ADMINISTRAÇÃO
FINANCEIRO
COMERCIAL
PRODUÇÃO/OPERACIONAL
VENDAS
57

MARKETING
RECURSOS HUMANOS
LOGÍSTICO
OUTROS
NÃO HÁ DIVISÃO EM DEPARTAMENTOS X

6. QUAL A QUANTIDADE DE SERVIDORES DA EMPRESA E SUAS FAIXAS


SALARIAIAS?

MÃO DE OBRA
SALÁRIO TOTAL COM
FUNÇÃO Qnt
MÉDIO (R$) ENCARGOS (R$)
MÉDICOS PLANTONISTAS 5 5.880,00 39.690,00
ENFERMEIROS 3 3.200,00 12.960,00
TÉCNICOS DE ENFERMAGEM 20 1.000,00 27.000,00
PSICÓLOGO 1 1.800,00 2.430,00
NUTRICIONISTA 1 1.600,00 2.160,00
ASSISTENTE SOCIAL 1 3.000,00 4.050,00
RECEPCIONISTA 3 1.100,00 4.455,00
TÉCNICO MANUTENÇÃO MÁQUINAS 2 2.500,00 6.750,00
PESSOAL DA ADMINISTRAÇÃO 2 2.800,00 7.560,00
AUXILIAR ADMINISTRATIVO 3 1.733,33 7.020,00
AUXILIAR DE SERVIÇOS GERAIS 5 1.200,00 8.100,00
MOTOQUEIRO 1 1.800,00 2.430,00
PEDREIRO 1 1.800,00 2.430,00
COPEIRA 3 1.200,00 4.860,00
TOTAL DA FOLHA DE PAGAMENTO 51 30.613,33 131.895,00

7. QUANTOS EQUIPAMENTOS DE HEMODIÁLISE ESTÃO EM FUNCIONAMENTO


NA CLÍNICA?

SITUAÇÃO QUANTIDADE
EM FUNCIONAMENTO DIÁRIO 32
EM RESERVA 2
ATENDIMENTO DE PACIENTES RECÉM-ADMITIDOS 1
TOTAL 35

8. QUAL O MÉTODO EMPREGADO PELA EMPRESA PARA CONTROLAR A


DEPRECIAÇÃO DOS SEUS BENS E QUAL O VALOR TOTAL DO IMOBILIZADO DA
EMPRESA, CONSIDERANDO OS ITENS DIRETAMENTE EMPREGADOS NA EXECUÇÃO
DOS SERVIÇOS E OS DESTINADOS ÀS ATIVIDADES DE APOIO?
Resposta a clínica não controla a depreciação dos seus bens.
58

CLASSIFICAÇÃO VALOR (R$)


ATIVIDADE FIM 1.852.500,00
ATIVIDADE DE APOIO 315.000,00
TOTAL 2.167.500,00

9. QUANTOS PROCEDIMENTOS DE HEMODIÁLISE SÃO REALIZADOS NA CLÍNICA


DIARIAMENTE?
Resposta a clínica realiza 96 (noventa e seis) procedimentos por dia.

10. A EMPRESA TEM GASTOS FINANCEIROS, COMO EMPRÉSTIMOS OU


SIMILARES?
SIM...........(x)
NÃO..........( )

11. A EMPRSA CONTA COM PROFISSIONAL DE FORMAÇÃO ACADÊMICA NA ÁREA


DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESA?
SIM...........(x)
NÃO..........( )
Observações: A empresa contraiu um empréstimo há alguns anos para pagar dívidas e
resolver problemas de dissolução da sociedade anterior. Não houve investimento com esse
valor. Assim, ainda paga as prestações mensais de mais de cem mil reais.

II. CONTROLE E GESTÃO DOS CUSTOS

12. QUAL O MÉTODO DE GESTÃO E CONTROLE DE CUSTOS A EMPRESA


EMPREGA?
A empresa não tem rotina de controle e gestão dos seus custos.

13. A EMPRESA EMPREGA ALGUM SISTEMA INFORMATIZADO PARA A GESTÃO E


CONTROLE DE CUSTOS?
ITEM OPÇÃO NOME DO PROGRAMA
SIM
NÃO x Possui o sistema NEFRODATA, mas não usa.

14. QUAL O MÉTODO EMPREGADO PELA EMPRESA NO CONTROLE DE


ESTOQUES?
MÉTODO OPÇÃO
PEPS
UEPS
MÉDIA PONDERADA
NÃO CONTROLA ESTOQUES X

15. COMO É FEITA A CONTABILIDADE DA EMPRESA?


ITEM OPÇÃO
CONTADOR CONTRATADO
59

ESCRITÓRIO CONTRATADO X
PROFISSIONAL DE OUTRA ÁREA

16. COMO A EMPRESA AVALIA A NECESSIDADE DE CONTROLAR E GERENCIAR


OS SEUS CUSTOS?
AVALIAÇÃO OPÇÃO
IMPORTANTE PARA AUMENTAR OS LUCROS
DESNECESSÁRIA PARA A ATIVIDADE DA EMPRESA
IMPORTANTE PARA EVITAR PREJUÍZOS
NÃO TEM OPINIÃO FORMADA SOBRE O ASSUNTO X

17. QUAL O VALOR GASTO MENSALMENTE COM OS ITENS ABAIXO:


ITEM VALOR (R$)
MÃO DE OBRA DIRETA
MATÉRIA PRIMA (INSUMOS)
OUTROS CUSTOS DIRETOS
DEPRECIAÇÃO DOS EQUIPAMENTOS OPERACIONAIS
MATERIAL INDIRETO
DEPRECIAÇÃO DE OUTROS BENS
MÃO DE OBRA INDIRETA
OUTROS CUSTOS INDIRETOS
DESPESAS
TRIBUTOS
TOTAL

OBSERVAÇÃO: Os gastos não são classificados da forma acima especificada. A empresa


efetua o controle da receita e dos gastos de forma geral, conforme apresentado a seguir:

VALOR POR
ITENS
MÊS (R$)
ALUGUEL 11.700,00
CAERN 7.000,00
CIRURGIÃO (FÍSTULAS) 2.880,00
60

COSERN 10.000,00
COMBUSRÍVEL 1.600,00
ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE 1.600,00
EXAMES PARA ANÁLISE DE ÁGUA 800,00
FOLHA DE PAGAMENTO 142.750,56
INFORMÁTICA 900,00
TV E INTERNET 500,00
INSUMOS EM GERAL 95.000,00
LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS 9.000,00
LIXO HOSPITALAR 2.000,00
MANUTENÇÃO DAS MÁQUINAS 3.000,00
MATERIAL DE EXPEDIENTE 1.900,00
SISTEMA NEFRODATA 800,00
PAGAMENTO DE EMPRÉSTIMOS 113.000,00
REFEIÇÕES 3.600,00
TÉCNICO SEGURANÇA DO TRABALHO 450,00
SEGURANÇA 1.700,00
TRIBUTOS (ISS, PIS, COFINS, IRPJ, CSLL) 51.983,98
TOTAL DA FOLHA DE PAGAMENTO 462.164,53

III. FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDAS

18. A EMPRESA EMPREGA ALGUM MÉTODO PARA A FORMAÇÃO DO PREÇO DE


VENDA?
SIM...........( )
NÃO..........(x)
OBSERVAÇÕES
__________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________

19. OS DADOS DA CONTABILIDADE SÃO EMPREGADOS NAS TOMADAS DE


DECISÃO RELACIONADAS À DEFINIÇÃO DE PREÇO DE VENDA?
ITEM OPÇÃO
SEMPRE
RARAMENTE
NUNCA X

20. COMO A EMPRESA AVALIA A NECESSIDADE DE USAR OS MÉTODOS DE


FORMAÇÃO DO PREÇO DE VENDA?
AVALIAÇÃO OPÇÃO
IMPORTANTE PARA AUMENTAR OS LUCROS
DESNECESSÁRIA PARA A ATIVIDADE DA EMPRESA
IMPORTANTE PARA EVITAR PREJUÍZOS
61

NÃO TEM OPINIÃO FORMADA SOBRE O ASSUNTO X

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