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EXCENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DE UMA DAS VARAS CÍVEIS

DA COMARCA DE XXXXX - SP.

URGENTE

FULANO DE TAL, (qualificações) Rg, CPF, residente e domiciliada a


Rua xxxxx, na cidade de XXX/SP, neste ato representada por sua advogada signatária, instrumento de
mandato incluso, com endereço fixo no rodapé deste, com fulcro na lei 10.216/01 e na Constituição
Federal, vem respeitosamente perante a Vossa Excelência propor a presente

AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA

COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

em face do MUNICÍPIO DE XXXXXX, pessoa jurídica de direito


público, com sede à Av. XXXXil, n° , BAIRRO, CEP, representado juridicamente pelo Ilmo. Sr. 
Prefeito  Municipal, e em face de sua NOME DA REQUERIDA DEPENDENTE QUIMICO,
qualificações, portador do RG nº. , inscrito no CPF nº. , residência, pelos motivos de fato e de
direito a seguir expostos:

I - DOS FATOS

01. Histórico Social da Requerida

Esse tópico é destinado a relatar a vida do dependente químico.


Se houve internações anteriores, desde quando é dependente .
Faz uso de quais substancias...etc.
 A Autora não tem medido esforços para tentar salvar a Requerida
do vício, entretanto não estão conseguindo por conta própria, uma vez que a Requerida se
recusa a fazer qualquer tipo de tratamento.

Diante dos fatos noticiados: as condições da Requerida chegou


ao extremo, sobretudo pelo fato de a Requerida somente contar com a ajuda da autora, o
único meio que a Requerente encontrou foi recorrer ao Poder Judiciário.

II - DO DIREITO

01. DA NECESSIDADE DA MEDIDA:

A Autora pleiteia a intervenção do Poder Judiciário para


internação compulsória da Requerida em clínica especializada para tratamento da
dependência em drogas e em álcool, POR SER ESTA A ÚNICA MEDIDA EFICAZ DE
PROTEÇÃO A SUA SÁUDE.

O direito da Requerida está amparado no artigo 4º da Lei


10.216/01[1], a internação constitui uma das alternativas de assistência a pessoas portadoras
de transtornos mentais.  Sendo a responsabilidade pelo custeamento da internação
responsabilidade do Município Requerido, consoante estabelecido no artigo 196[2] da
Constituição Federal.
Ademais, o dever dos entes estatais de disponibilizar adequado
tratamento de saúde vem expresso no artigo 23[3] da Constituição Federal, e é
compartilhado pela União, pelos Estados e pelos Municípios, sendo todos solidariamente
responsáveis.
Em relação aos Municípios, ainda, há previsão expressa na
Constituição da República de atribuição e responsabilidade a prestação do atendimento à
saúde. Diz o artigo 30, inciso VII, da Constituição Federal que “Compete aos Municípios:
(...) prestar, em cooperação técnica e financeira da União e do Estado, serviços de
atendimento à saúde da população” .

Se não bastasse, o direito à saúde, em discussão no caso


vertente, é daqueles que integram o mínimo existencial garantidor da dignidade da pessoa
humana, um dos fundamentos da República (artigo 1º, III, da Constituição da República), e
previsto em diversos outros dispositivos, art. 5º e 6º da Carta Magna.  
Desse modo, vale lembrar que à intenção do Legislador
Ordinário ao editar a Lei Federal nº 10.216/2001, foi exatamente proteger
pessoas que se encontrem em situação drástica como a da Requerida, ou seja,
portadora de transtornos mentais decorrentes do vício em drogas e em álcool . 
O artigo 3º da Lei assim dispõe:

“É responsabilidade do Estado o desenvolvimento da política de saúde


mental, a assistência e a promoção de ações de saúde aos portadores de
transtornos mentais, com a devida participação da sociedade e da
família, a qual será prestada em estabelecimento de saúde mental, assim
entendidas as instituições ou unidades que ofereçam assistência em
saúde aos portadores de transtornos mentais”.

A mesma proteção encontra respaldo no Decreto Federal nº 24.559, de


3 de julho de 1934, o qual ainda encontra-se vigente. E conforme estatuído em seu artigo 11:
“A internação de psicopatas toxicômanos e intoxicados habituais em
estabelecimentos psiquiátricos, públicos ou particulares, será feita:

a) por ordem judicial ou a requisição de autoridade policial;


b) a pedido do próprio paciente ou por solicitação do cônjuge, pai ou
filho ou parente até o 4º grau, inclusive, e, na sua falta, pelo curador,
tutor, diretor de hospital civil ou militar, diretor ou presidente de
qualquer sociedade de assistência social, leiga ou religiosa, chefe de
dispensário psiquiátrico ou ainda por algum interessado, declarando a
natureza das suas relações com o doente e as razões determinantes da
sua solicitação”.

A Constituição Paulista, em seu artigo 219[4] também


reconhece a saúde como direito de todos e obrigação do Estado.

O Código de Saúde do Estado de São Paulo (Lei Complementar


Estadual nº 791/95), no que concerne ao tema em pauta, estabelece que:

“Artigo 2º. - A saúde é uma das condições essenciais da liberdade


individual e da igualdade de todos perante a lei.
§ 1º. - O direito à saúde é inerente à pessoa humana, constituindo-se
em direito público subjetivo”.

Artigo 18 - Compete à direção municipal do SUS, além da observância


do disposto nos artigos 2º e 12 deste Código:
I - Planejar, organizar, controlar e avaliar os serviços de saúde de
âmbito municipal e gerir e executar os serviços públicos de saúde;
(...)
III - Executar ações e serviços de:
a) assistência integral à saúde;
(...)” (grifos nossos).

E além de todos estes preceitos constitucionais e legais


invocados, constantes em nosso ordenamento jurídico, é de se ressaltar também a previsão
do direito à saúde na esfera internacional, em tratado internacional sobre Direitos Humanos
incorporado ao direito pátrio.

Com efeito, o Protocolo Adicional à Convenção Americana Sobre


Direitos Humanos em Matéria de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais – Protocolo de San
Salvador, adotado em São Salvador, El Salvador, em 17 de novembro de 1988, ratificado pela
República Federativa do Brasil em 21 de agosto de 1996, dispõe em seu artigo 10 sobre o
Direito à Saúde, destacando o seguinte:

Toda pessoa tem direito à saúde, entendida como o gozo do


mais alto bem-estar físico, mental e social.

E não é só, com efeito, o Tribunal de Justiça do Estado de São


Paulo, tem se posicionado favoravelmente ao caso dos autos:

 “APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER - Internação


compulsória de dependente químico e em álcool, cocaína e crack em
clínica especializada às expensas da Municipalidade Impossibilidade
econômica do genitor em arcar com o tratamento do filho interditado -
Sentença de procedência Decisão mantida Inteligência do artigo 196 da
Constituição da República Recurso improvido.” (Rel. Desembargador
Maria Laura Tavares Comarca: Mogi das Cruzes Órgão julgador: 5ª
Câmara de Direito Público Data do julgamento: 16/04/2012 Data de
registro: 16/04/2012 Outros números: 118667720098260361

“Agravo de Instrumento - Liminar deferida - Internação compulsória


para tratamento de Esquizofrenia e problemas com drogas Possibilidade
- Direto à saúde e à integridade física e mental, tendo por fundamento o
princípio da dignidade humana (art. 1º, III, da Constituição Federal) -
Multa diária - Possibilidade - Decisão mantida - Recurso improvido”
(AI nº 0242558-23.2011.8.26.0000, 12ª Câmara de Direito Público, Rel.
Desembargador BURZA NETO, j. 7.12.2011).

“APELAÇÃO CÍVEL - Pessoa hipossuficiente que faz jus à internação


compulsória de seu filho, dependente químico, conforme prescrição
médica – Legitimidade ativa, em virtude do caráter emergencial da
situação - Dever constitucional do Poder Público, com responsabilidade
solidária de União, Estados Federados e Municípios Legitimidade
passiva da Fazenda Estadual e da Municipalidade – Mandamento
constitucional que se sobrepõe às normas inferiores Decisão a quo, que
determinou a internação, mantida - Condenação da Fazenda Estadual
ao pagamento de honorários ao patrono da parte contrária, mesmo se
tratando de advogado conveniado - Cabimento - Previsão expressa no
Termo de Convênio DPE/OAB Recursos voluntários das rés e reexame
necessário não providos” (AC nº 0012059-75.2009.8.26.0302, 9ª
Câmara de Direito Público, Rel. Desembargador DE PAULA SANTOS,
j. 11.4.2011).

“INTERNAÇÃO COMPULSÓRIA para tratamento contra drogadição


requerida pela MÃE do dependente. LEGITIMIDADE ATIVA, ainda que
seja de pessoa maior
de idade. Direto à saúde e à integridade física e mental, tendo por
fundamento o princípio da dignidade humana (art. 1", III, da
Constituição Federal). Sentença de extinção do feito sem resolução do
mérito. Recurso provido, para anular a sentença e determinar o
processamento da ação” (AC nº 933.960-5/7-00, 13ª Câmara de Direito
Público, Rel. Desembargador PEIRETTI DE GODOY, j. 7.10.2009).

Ainda, há inúmeros precedentes:

- AI nº 990.10.274029- 3, 6ª Câmara de Direito Público, Rel.


Desembargador LEME DE CAMPOS, j. 26.7.2010;
- AC 0003615- 57.2010.8.26.0160, 9ª Câmara de Direito Privado,
Rel. Desembargador PIVA RODRIGUES, j. 29.11.2011;
- AC nº 994.09.277531-1, 6ª Câmara de Direito Privado, Rel.
Desembargador JOSÉ JOAQUIM DOS SANTOS, j. 26.8.2010;
- AC nº 994.09.277531-1, 6ª Câmara de Direito Privado, Rel.
Desembargador JOSÉ JOAQUIM DOS SANTOS, j. 26.8.2010;

Pelos motivos elencados, resta indubitável a obrigação do


Município em propiciar a requerida, tratamento médico adequado à sua desintoxicação e
libertação do vício, e por não ter a Autora condição financeira de arcar com os custos do
tratamento de desintoxicação, o Município Requerido é parte legítima para figurar no pólo
passivo da presente ação, vez que a ele cabem as providências necessárias para
disponibilização de tal tratamento.

No tocante a relevância do pedido de internação, necessário se


faz demonstrar ao Nobre Magistrado que a família já tentou de tudo para retirar a Requerida
do vício e interna-la para tratamento, porém, ela se recusa a receber qualquer tipo de
tratamento, e sem consciência, coloca sua vida em risco permanente.

02. DA AUSENCIA DE LAUDO TÉCNICO


Pela real situação da Requerida e sua recusa a qualquer tipo de
auxilio e tratamento, a Autora não conseguiu levá-la para realização de exame especializado.
Por essa razão deixa de apresentar o laudo médico que demonstre a necessidade de
internação. Mas para demonstrar a necessidade do tratamento e internação de maneira
compulsória, acosta aos autos as fotos da situação de risco e miserabilidade que o vício está
causando a Requerida.

Tal pedido, encontra respaldo legal, sendo dever do Estado zelar


pela saúde psíquica do doente, mantendo sua internação o tempo que for necessário para o
adequado tratamento.  As partes precisam da ajuda institucional, sem a qual, padecerão em
desgraça.
Por derradeiro, cumpre ressaltar o entendimento adotado pelo
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, em caso análogo, em que se posicionou no
sentido de que a exigência de Atestado de Necessidade de Internação disposto na Lei
Estadual não pode ser mais importante do que as garantias constitucionais previstas na
Constituição Federal, inerentes a dignidade da pessoa humana, direito à vida e a saúde:

Voto nº 22.231
Agravo de Instrumento nº 0284557-53.2011.8.26.0000
Comarca de São Paulo
Agravante: Lucinea Delminda da Silva (curadora)
Agravado: Município de São Paulo e outro
AGRAVO DE INSTRUMENTO Ação Ordinária Obrigação de fazer
Portador de esquizofrenia grave, com declaração de
incapacidade absoluta Recusa ao tratamento voluntário Risco
pessoal e coletivo Garantia constitucional – Ponderação entre
garantias fundamentais Supremacia do interesse público
primário sobre o individual Artigos 5º, 196 e 197 da
Constituição Federal - Modulação dos efeitos da decisão
Presença dos pressupostos processuais necessários para
deferimento de tutela liminar em ação ordinária Poder geral de
cautela Artigos 273, 461 e 798 do Código de Processo Civil -
Poder Judiciário como instrumento estatal de efetivação da
garantias fundamentais Recurso provido.

No corpo do V. Acórdão se extraí:

Insta consignar que, a análise e julgamento, encetados na presente


decisão, encontram-se limitados quanto à existência de  necessidade
premente a fundamentar pretensão de antecipação de tutela na
forma liminar, postulada para efetivação de garantias fundamentais,
fundada, portanto, na Constituição Federal,
através de suas normas, princípios e valores fundamentais de
aplicabilidade imediata, o que permite ao Poder Judiciário dar
efetividade a tutela jurisdicional justa, independentemente da
existência de norma infraconstitucional a regular a matéria.

... O direito fundamental a saúde assiste a todas as pessoas, enquanto


conseqüência constitucional indissociável do direito à vida,
impondo ao Poder Público em todas as instâncias, um dever ativo na
tutela da coletividade, sob pena de censurável e grave omissão.

Por tais fatos, requer a Vossa Excelência que se digne em


determinar que a Requerida Municipalidade realize a avaliação da situação da
Requerida, por médico psiquiatra, encaminhando ao Juízo o Laudo Circunstanciado, no
qual conste a informação a cerca da necessidade ou não de internação compulsória em
estabelecimento de saúde mental adequado ao tratamento da Requerida, conforme disposto
no art. 4º da Lei 10.216/01 ou de submissão a outro tratamento médico de desintoxicação ou
recuperação, fundamentando a sua decisão.  Levando-se em consideração para tanto que a
Requerida recusa-se a tratamento voluntário.

Para a realização da Avaliação, que seja consignado


expressamente a autorização judicial para a remoção da Requerida de sua residência
para Hospital adequado da rede pública de saúde, e seja autorizado o acompanhamento
de um ente familiar para o ato.   Bem como a necessidade do cumprimento da medida
protetiva com as cautelas necessárias, tendo em vista o quadro de perturbação e de
agressividade que apresenta, com acompanhamento de profissional habilitado, ambulância, e,
se o caso, reforço policial.

03. - DA INTERNAÇÃO EM CLINICA ESPECIALIZADA

Para que o procedimento obtenha êxito, necessário se faz a


internação da Requerida em uma clínica especializada em tratamento químico.

O Hospital XXX, conveniado ao Município não é adequado ao


tratamento da Requerida, pois as pessoas que ali se encontram para tratamentos de doenças
mentais, fogem com facilidade. Necessário, no caso dos autos que a Autora permanecesse
internada em um período razoável para o tratamento e a desintoxicação.  Nesse espeque,
referido Hospital,  não se apresenta adequado para amparar a Requerida.
Por derradeiro, é cediço que referidas clínicas de reabilitação,
constitui medida de alto custo, e não tendo a Requerente condições financeiras de arcar com
o pagamento, requer ao Município custear o tratamento eficaz, em clínica especializada.  O
pedido da Autora tem respaldo jurisprudencial:

APELAÇÃO CÍVEL AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE FAZER -


Internação compulsória de dependente químico e em álcool,
cocaína e crack em clínica especializada às expensas da
Municipalidade Impossibilidade econômica do genitor em arcar
com o tratamento do filho interditado - Sentença de procedência
Decisão mantida Inteligência do artigo 196 da Constituição da
República Recurso improvido. (VOTO Nº 7.234. APELAÇÃO
CÍVEL Nº 0011866-77.2009.8.26.0361) Grifamos.

De tal modo curial seja a Requerida tratada em clínica


especializada nesse tipo de tratamento, disponibilizando infra-estrutura para
abrigamento involuntário do dependente químico, inclusive para dificultação de sua
fuga, e de vasta experiência no tratamento e recuperação de toxicômanos, e que
principalmente possibilite, além da desintoxicação, a conscientização e reinserção
social da Requerida, sem o qual, de nada servirá a presente medida.

04. - DA CONCESSÃO DA TUTELA ANTECIPADA

A SITUAÇÃO QUE ENFRENTAM AS PARTES IMPÕE MEDIDA


DE URGÊNCIA:

De acordo com o artigo 273 do CPC, para a concessão dos


efeitos da antecipação da tutela faz-se necessária a existência de prova inequívoca,
verossimilhança do alegado e que haja receio de dano irreparável ou de difícil reparação.

O Receio de dano irreparável resta demonstrado pelo fato da


necessidade da internação, visto a Requerida estar colocando em risco a sua saúde.   Para
demonstrar a verossimilhança das alegações, a Autora apresenta as fotos tiradas
recentemente dando conta da situação que encontra.

É indispensável no presente caso, o deferimento da Tutela


Antecipada para que seja a Requerida internada compulsoriamente em caráter provisório e
emergencial. Devendo para tanto o Município providenciar um estabelecimento adequado a
tratar a patologia da Requerida.

Assim, demonstrando a Requerente os requisitos


autorizadores para a concessão da antecipação de tutela, requer a Vossa Excelência o
deferimento do pedido de internação em clínica especializada para dependentes
químicos.

AGRAVO DE INSTRUMENTO Internação compulsória de


dependente químico em clínica especializada às expensas da
Municipalidade Impossibilidade econômica do paciente em arcar
com o tratamento Decisão atacada que deferiu a antecipação da
tutela Verossimilhança e perigo de dano irreparável Recurso
desprovido. (Agravo de Instrumento nº 0565228-
16.2010.8.26.0000, Relatora: Maria Laura Tavares, Órgão
julgador: 11ª Câmara de Direito Público, Data do julgamento: 11
de abril de 2011).

Agravo de Instrumento Ação civil pública Pedido de internação compulsória


de dependente químico Admissibilidade O interditando é usuário imoderado
de entorpecentes, colocando em risco sua própria vida e a de seus
familiares Internações ambulatoriais e tratamentos anteriores que se
revelaram ineficazes Cabimento da internação involuntária em local
apropriado para dependentes químicos pelo tempo necessário à sua
recuperação Recurso provido. (Agravo de Instrumento nº 990.10.191299-6,
Relator: Sérgio Gomes, Órgão julgador: 9ª Câmara de Direito Público, Data
do julgamento: 01 de setembro de 2010).

Veja Excelência que no tocante ao caso em tela, se faz


imperiosa tal medida, para impedir a ocorrência de um mal maior. Necessário, pois, o
deferimento imediato da tutela antecipada, em decisão liminar (inaudita altera parte), para que
o Município seja compelido a encaminhar a paciente a clínica de tratamento de toxicômanos.
Requer ainda, uma vez concedida por esse Juízo os efeitos da
Tutela pretendida, seja arbitrado a aplicação de multa diária no valor de R$500,00 (quinhentos
reais), em caso de descumprimento da medida.
 

III - DOS PEDIDOS

Por tais razões, requer a PROCEDENCIA DOS PEDIDOS


carreados na presente, a fim de:
01 – Conceder a Tutela Antecipada determinando a internação
compulsória da Requerida xxxxx em uma clínica especializada no tratamento de dependentes
químicos, clínica essa a ser disponibilizada pelo co-requerido Município, sob pena de lhe ser
aplicado multa diária no valor de R$500,00 (quinhentos reais), em caso de descumprimento
da medida;

02 – Seja realizado o exame médico com especialista na


Requerida, conforme pleiteado no item 02;
03 - Seja ao final, determinado a internação compulsória da
Requerida, pelo tempo que for necessário, confirmando a tutela antecipada deferida
nestes autos, condenando o Município ao custeamento do tratamento integral.

04 - A citação dos requeridos;

05 - A intimação do Ilmo. Membro do Ministério Público.

06 - A condenação dos Requeridos ao pagamento das custas


processuais, inclusive honorários sucumbenciais;

Requer-se, outrossim, os benefícios da assistência judiciária


gratuita, por ser a autora pessoa pobre na acepção jurídica do termo.

Protesta a autora pela produção de todas as provas em direito


admitidas, especialmente pela prova documental, testemunhal e pericial.

Atribui-se à causa o valor estimativo de R$ 1.000,00 (Mil reais).

Nestes termos,
Pede deferimento.

Americana, 19 de junho de 2012.

ADVOGADO

[1] Art. 4o A internação, em qualquer de suas modalidades, só será indicada quando os recursos
extra-hospitalares se mostrarem insuficientes.
[2] “A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à
redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua
promoção, proteção e recuperação.”

[3] “Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios:
(...)
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas portadoras de deficiência;
(...)”

[4] “Artigo 219 - A saúde é direito de todos e dever do Estado.


Parágrafo único - O Poder Público estadual e municipal garantirão o direito à saúde mediante:
(...)
4 - atendimento integral do indivíduo, abrangendo a promoção,
preservação e recuperação de sua saúde”.

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