Você está na página 1de 2

ESCOLA JOAQUIM GUEDES C. G.

NETO
Ensino Fundamental – Cadastro Escolar: E – 506.005
Rua B, 78, Agrovila I – Ibimirim/PE
Fone: (087) 3842-0903 / (087) 3842-0902

DISCIPLINA: HISTÓRIA

CONTEÚDO: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE BRASILEIRA

TURMA: 9º ANO

PROFESSOR: JARKLEYDSON ALEX

A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE BRASILEIRA, OU BRASILEIRISMO

A identidade brasileira foi decorrente de um processo de construção histórica, como em diversos


outros países. Apesar de ter se iniciado após a Independência, em 1822, o processo de constituição da
identidade nacional ganhou um impulso maior após a década de 1930, quando Getúlio Vargas chegou
ao poder. A partir disso, pôde-se perceber que a construção da identidade, para além de um processo
cultural, era também um processo político.
Os esforços para se constituir a identidade brasileira, que também é chamada de brasilidade, estão
ligados à necessidade de uma coesão social que acompanhe a existência de um Estado que administra
todo o território nacional. Dessa forma, a manutenção de uma máquina administrativa comum a todo o
território nacional foi um primeiro passo na construção da identidade.
Contribuiu ainda para a existência da identidade nacional o fato de a língua portuguesa ser comum a
todo o território, apesar de suas particularidades regionais. A língua seria então um elemento no
conjunto de elementos culturais comuns que são constitutivos da cultura nacional.
Porém, durante o Primeiro Reinado e o Período Regencial, não houve grandes avanços na construção
da identidade nacional, a não ser a formação de forças repressivas militares para garantir a ordem
latifundiária e escravocrata em todo o território nacional. Os conflitos separatistas provinciais das
décadas de 1830 e 1840 eram um obstáculo à integralidade territorial e também à coesão social do
país recém-independente.
A forma com que esses conflitos foram reprimidos permite perceber que a violência repressiva do
Estado contra conflitos sociais que pretendiam alterar a ordem vigente passou também a ser constitutiva
da identidade nacional. A cultura da violência estatal permeou desde o início a formação da identidade
nacional.
Ainda durante a Regência houve outros esforços nesse processo de construção identitária. A criação
do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro em 1838 foi o primeiro passo na tentativa estatal de refletir
sobre temas que estariam relacionados à nação brasileira.
Anos depois, no âmbito da Literatura, o surgimento do Romantismo buscou também contribuir com a
construção dessa identidade. As obras de José de Alencar foram um exemplo de aliar a imagem da
nação brasileira às suas belezas naturais, como também a mitificação do indígena como componente
principal da nação brasileira. Esse trabalho literário e cultural buscava criar uma interpretação
genuinamente brasileira, afastada das influências estrangeiras.
Apesar dessas tentativas de unificação de elementos culturais do que seria a brasilidade, a grande
extensão do território nacional e suas diferentes formas de ocupação resultaram em uma diversidade
de manifestações culturais regionais. A Proclamação da República e o federalismo instituído na
administração do Estado espelharam um fortalecimento de movimentos culturais regionais,
principalmente os ligados à decadente aristocracia das regiões não afetadas pelo crescimento
econômico de início do século XX. Um exemplo foi o Manifesto Regionalista de Gilberto Freyre,
publicado em 1926.
Porém, ao mesmo tempo, houve esforços para a criação de símbolos culturais nacionais, como a
mitificação da figura de Tiradentes como um herói libertador do Brasil. O Movimento Modernista da
década 1920 buscava também encontrar as raízes da sociedade brasileira, afirmando o nacionalismo
como um estágio para se chegar ao universal. Para alcançar essa pretensão, Mário de Andrade realizou
uma extensa viagem pelo Brasil, pesquisando, compilando e estudando os elementos que faziam parte
da cultura brasileira.
Um esforço nacional estatal para a difusão de uma cultura brasileira comum iria se fortalecer após a
Revolução de 1930. A chegada de Getúlio Vargas ao poder representou um novo momento de
centralização política, auxiliado pela criação de instituições que pretendiam uniformizar práticas
administrativas, como o Ministério do Trabalho e a política de oferecimento de uma educação básica
comum. Neste último caso, a padronização dos currículos escolares buscava veicular um conteúdo
nacional via processo educativo institucional, levando ainda a uma erradicação dos traços culturais das
minorias étnicas que não eram aceitos como componentes identitários.
Vargas utilizou também os novos meios de comunicação, principalmente o rádio, para difundir essa
cultura nacional uniformizada. Passaram a ganhar contornos de representação cultural nacional o
samba, o futebol e pratos culinários. No exterior, existiu também uma tentativa de criar uma imagem da
cultura nacional, da qual Carmem Miranda é a principal expressão.
Entre as décadas de 1940 e 1960, a construção da identidade nacional passou a ser realizada levando
em consideração a luta contra o que era considerado uma influência colonial, do que era vindo da
Europa ou dos EUA. A partir da década de 1960, com a ditadura militar e sua centralização autoritária
e repressiva, aliadas à difusão da televisão pelos domicílios, um novo momento de difusão de
elementos culturais foi conhecido. As telenovelas passaram também a auxiliar na exposição de práticas
sociais consideradas expoentes da brasilidade.
Só que a partir desse período, a entrada cada vez maior do capital estrangeiro na economia e a
apresentação de um ideal de modo de vida cada vez mais próximo do estadunidense influenciaram o
processo contínuo de formação da identidade nacional, momento ainda vivenciado no século XXI.

Você também pode gostar