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Universidade de Rio Verde- UNIRV

Faculdade de Medicina de Rio Verde-


FAMERV

Curso: Medicina

Turna XX

Disciplina: Bioquímica

Docente: Daniel Tizo Costa

QUAL É A DIFERENÇA, EM TERMOS ESTRUTURAIS


E BIOQUÍMICOS, DO SISTEMA DE TIPAGEM
SANGUÍNEA ABO?

Amanda Alves dos Santos

Érica Valessa R. G. Pagnoca

Thais Castro e Sousa da Silva

Rio Verde – GO

2021

SUMÁRIO

1. Introdução............................................................................................................2
2. Sistemas sanguíneos...........................................................................................3
2.1- Antígeno A....................................................................................................4
2.2- Antígeno B....................................................................................................4
2.3- Sangue tipo O...............................................................................................5
3. Tipagem sanguínea.............................................................................................5
4. Conclusão............................................................................................................6
5. Referências..........................................................................................................7

1. Introdução

No final do século 19, o imunologista austríaco Karl Landsteiner, observou que o


sangue de uma pessoa, ao ser misturado com o de outra, muitas vezes se aglutina e
descobriu, assim, o primeiro e mais importante sistema de grupo sanguíneo existente
no organismo: o ABO.

O sangue é um tecido vivo que circula pelo corpo, levando oxigênio e nutrientes
a todos os órgãos. Ele é composto por plasma, hemácias, leucócitos e plaquetas.
O plasma é a parte líquida do sangue, de coloração amarelo palha, composto por
água (90%), proteínas e sais. Através dele, circulam por todo o organismo as
substâncias nutritivas necessárias à vida das células. Essas substâncias são:
proteínas, enzimas, hormônios, fatores de coagulação, imunoglobulina e albumina. As
imunoglobulinas são anticorpos que, quando específicos para os antígenos do
Sistema ABO, reagem como aglutininas na reação de tipagem sanguínea.

As hemácias, ou eritrócitos, são conhecidas como glóbulos vermelhos por causa


do seu alto teor de hemoglobina, uma proteína avermelhada que contém ferro. A
hemoglobina capacita as hemácias a transportar o oxigênio a todas as células do
organismo. A membrana eritrocitária é uma das membranas mais conhecidas em
termos de estrutura, função e genética. Como qualquer membrana plasmática, tem
como funções mediar transportes, reconhecimento biológico e, ainda, fornece ao
eritrócito resistência e maleabilidade. A composição da membrana plasmática do
eritrócito contém 39,5% de proteínas, 35,1% de lipídeos e 5,8% de carboidratos –
esses últimos presentes no lado extracelular da bicamada lipídica.

Os leucócitos, também chamados de glóbulos brancos, fazem parte da linha de


defesa do organismo e são acionados em casos de infecções e outros agentes
estranhos. As plaquetas são fragmentos de células que tomam parte no processo de
coagulação sanguínea, agindo nos sangramentos (hemorragias).
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2. Sistemas Sanguíneos

Pelo menos 30 antígenos de ocorrências comuns e centenas de outros


antígenos raros foram encontrados nas células do sangue humano, em especial nas
superfícies das membranas celulares. Dois tipos particulares de antígenos têm
probabilidade muito maior de causar reações nas transfusões sanguíneas. Eles são o
sistema de antígenos ABO e o sistema Rh.

O sangue humano é normalmente classificado em quatro principais tipos


segundo o sistema ABO, dependendo da presença ou da ausência dos dois
aglutinogênios (antígenos), os aglutinogênios A e B. Na ausência dos aglutinogênios A
e B, o sangue é do tipo O. Quando somente o aglutinogênio do tipo A está presente, o
sangue é do tipo A. Quando somente o aglutinogênio do tipo B está presente, o
sangue é do tipo B. Na presença dos aglutinogênios A e B, o sangue é do tipo AB.

Os antígenos presentes na membrana das hemácias são formados por


glicoesfingolipídios, os quais são constituídos de esfingosina ligada a ácido graxo e a
oligossacarídeo, o qual forma a cabeça do lipídeo e tem a função de diferenciação
entre os tipos de antígenos, pois a adição (glicosilação) desse último carboidrato
efetua-se através de glicosiltransferases, proteínas codificadas por um gene, situado
no cromossomo 9, que possui 3 alelos distintos: I A, I B e I O. Os alelos I A e I B
codificam proteínas ligeiramente diferentes, α-1,3-Nacetilgalactosaminiltransferase (ou
transferase A) e α-3-galactosyl-transferase (ou transferase B) respetivamente. A
transferase A adiciona N-acetilgalactosamina à substância H (antígeno precursor)
convertendo-a em antigeno A e a transferase B adiciona D-galactose convertendo-a
em antígeno B. Por sua vez, o alelo I O apresenta uma deleção na sua sequência que
faz com que a proteína não possua atividade transferase.

As glicosiltransferases são enzimas que catalisam as reações de


transglicolização entre o substrato aceptor e o açúcar receptor. A ação das
transferases nessas reações dependerá de sua estrutura conformacional que permitirá
ou não sua ligação ao substrato. A atividade das glicosiltransferases dos antígenos A
e B, como descrito anteriormente, varia nos diversos subgrupos do sistema ABO. A
sua heterogeneidade tem sido confirmada constantemente e suas diferenças podem
ser refletidas na composição bioquímica dos antígenos produzidos. O grupo sanguíneo
AB apresenta a atividade das duas transferases (A e B), enquanto que o grupo O não
possui as transferases A e B, mas apresenta o antígeno H em grande quantidade na
superfície das hemácias.
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2.1- Antígeno A

A clonagem e o sequenciamento do DNA da célula humana de adenocarcinoma


de cólon dos fenótipos A, B e O, demonstraram que os dois principais alelos do gene
ABO, A1 e B, diferem entre si em sete mutações: A297G, C526G, C657T, G703A,
C796A, G803C e G930A, das quais apenas quatro (526, 703, 796 e 803) são
responsáveis pelas substituições dos aminoácidos; Arg176Gly, Gly235Ser, Leu266Met
e Gly26Ala. As duas últimas substituições são consideradas críticas na determinação
da especificidade das glicosiltransferases. No caso do sangue de tipo A será
adicionado o açúcar Acetilgalactosamina (GalNAc).

2.2 - Antígeno B

A transferase B tem tamanho idêntico ao da transfrase A, apesar de diferirem


geneticamente nas sete substituições mencionadas. Essas mutações resultam em
apenas quatro mudanças de aminoácidos que serão expressas nas proteínas traduzidas
(nt 526, 703, 796 e 803). No caso do sangue do tipo B, será adicionado o açúcar D-
Galactose.
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2.3 - Sangue tipo O

A inabilidade do gene O em codificar as transferases A ou B é devido a uma


diferença estrutural em relação aos nucleotídeos e não devido à falha da expressão
das transferases A ou B. Nos testes sorológicos de rotina, o grupo sanguíneo O é
caracterizado por não apresentar os antígenos A e B na membrana das hemácias,
assim os seus eritrócitos não aglutinam na presença do soros anti-A, anti-B e anti-AB.
Portanto, o sangue do tipo O não possui antígeno, pois ele não apresenta nenhum
carboidrato ligado à cadeia de oligossacarídeos.

3. Tipagem sanguínea

Antes de se fazer uma transfusão, é necessário determinar os tipos sanguíneos


do receptor e do doador, para que os sangues possam ser apropriadamente
compatíveis. Esse processo é chamado tipagem sanguínea ou compatibilidade
sanguínea, podendo ser realizado da seguinte maneira:

• Tipagem sanguínea direta: as hemácias são separadas do plasma e diluídas


com solução salina. Parte dessa solução é então misturada com aglutinina anti-
A e outra parte com aglutinina anti-B. Após alguns minutos, as misturas são
observadas ao microscópio ou a olho nu. Se as hemácias formaram grumos —
ou seja, “aglutinaram” — sabe-se que ocorreu reação antígeno-anticorpo. As
hemácias do tipo O não têm aglutinogênios e, portanto, não reagem com as
aglutininas anti-A ou anti-B. O sangue do tipo A tem aglutinogênios A e,
portanto, aglutina com as aglutininas anti-A. O sangue do tipo B tem
aglutinogênios B e aglutina com as aglutininas anti-B. O tipo sanguíneo AB tem
aglutinogênios A e B e aglutina com ambos os tipos de aglutininas.

• Tipagem sanguínea reversa: determina a presença ou ausência dos anticorpos


anti-A e anti-B) no plasma ou soro.
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4. Conclusão

As diferenças estruturais e bioquímicas dos antígenos que caracterizam o


sistema ABO são relevantes para diversos procedimentos clínicos que envolvem
transfusões sanguíneas, uma vez que os antígenos apresentam heterogeneidade
fenotípica, que pode resultar em consequências graves, caso não haja compatibilidade
entre eles.

Essa heterogeneidade fenotípica é devido a diferenças nas sequencias de


nucleotídeos que compõem o gene que determinam a composição de ambos os
antígenos, principalmente em relação ao carboidrato que participa da estrutura da
molécula. No caso do sangue de tipo A, será o açúcar Acetilgalactosamina (GalNAc) e
o sangue do tipo B, será o açúcar D-Galactose. Já o sangue do tipo O não possui
antígeno, pois ele não apresenta nenhum carboidrato ligado à cadeia de
oligossacarídeos.

As reações de tipagem sanguínea se mostram importantes, pois através da


detecção dos antígenos presentes na membrana das hemácias do paciente e dos
anticorpos presentes no soro desse mesmo paciente, podem ser realizadas
transfusões sanguíneas mais seguras, evitando que ocorram reações de aglutinação
imediata ou retardada, com hemólise das hemácias e outras consequências graves
que possam levar o paciente a óbito.
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5. Referências

Hall, J. and Guyton, A. (2016). Guyton and Hall textbook of medical physiology.
1st ed. Philadelphia (PA): Elsevier, pp.477-482.

Batissoco, Ana Carla; Novaretti, Marcia Cristina. Aspectos moleculares do


Sistema Sangüíneo ABO. Rev. Bras. Hematol. Hemoter. vol.25 no.1 São José
do Rio Preto Jan./Mar. 2003. Disponível em:
https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-
84842003000100008

Hemocentro de São Paulo Pró Saúde


(http://prosangue.sp.gov.br/artigos/estudantes.html)

Fiocruz – Conceitos básicos e aplicados em imuno-hematologia. Escola


Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio Rio de Janeiro, 2013.

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