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Ryan Michele
#1 Ravage Me

Série Ravage MC

Tradução e Revisão: Juliana S.

Data: 07/2017

Ravage Me Copyright © 2014 Ryan Michele

~2~
SINOPSE
Depois de passar dois anos atrás das grades por um crime que
não cometeu, o tempo de Harlow ―Princesa‖ Gavelson presa finalmente
acabou, e ela está pronta para se vingar. Infelizmente, ser a filha do
vice-presidente do Ravage Motorcycle Club atrapalha seus planos,
porque ordens devem ser seguidas. Tentar voltar para sua vida prova
ser algo difícil quando o jogo se inverte e a mulher que ela entregou está
fora, querendo sangue. Sorte da Princesa, que cresceu em um clube MC
que a ensinou como se virar.

Depois de passar anos no inferno no exterior, Donavon ―Cruz‖


chegou em casa para perder a única coisa que lhe importava, o que o
enviou para um dos momentos mais escuros da sua vida. Se juntar ao
Ravage MC dois anos atrás foi o seu porto seguro, e ele protege sua
família a qualquer custo.

Quando a linda garota de cabelos escuros entra na loja do clube,


ele é pego de guarda baixa, mas imediatamente sabe que ela é aquela
por quem ele faria qualquer coisa. Osso duro de roer e sem aceitar a
porcaria de ninguém, ele é cativado pela mulher que poderia lidar com
esse estilo de vida. Tentar conciliar os negócios do clube com a vontade
do seu coração se torna algo difícil quando os dois colidem, e vidas
estão em jogo.

Podem esses dois encontrar uma maneira de ficar juntos, ou as


necessidades do Ravage MC lhes custarão tudo, até mesmo suas vidas?

~3~
A SÉRIE

Série Ravage MC

Ryan Michele

~4~
Prólogo
Essa foi a vida em que eu nasci, e derramamento de sangue, de
alguma forma, sempre desempenhou um papel proeminente na mesma.
Hoje, tudo estava levando a um final explosivo. Com a arma esmagada
contra a minha têmpora, tudo que eu podia pensar era nele... em tirar
ele daqui vivo. A vadia colocou tanto tempo e energia em vir atrás de
mim, eu sabia que isso estava chegando. Agora ela tinha a coisa mais
preciosa da minha vida. Eu nunca soube como a minha vida era vazia,
ou como o amor pode ser tão profundo que te corta como uma faca. Eu
faria qualquer coisa para tirar ele daqui vivo. Os tiros começaram, e
meus olhos encontraram os dele. Eu rezei pela nossa sobrevivência.

~5~
Um
HARLOW
2 anos... um mês... 5 dias...

Eu estava vivendo a monotonia perpétua da minha vida por


exatamente dois anos, um mês e cinco dias. É como minha vida fosse o
epítome do Dia da Marmota1, se repetindo uma e outra vez, corroendo a
minha alma.

Eu odiava branco. Eu não podia suportar essa cor do caralho. Em


todos os lugares que eu olhava havia essa fria e úmida esterilidade
tentando me sufocar, me obrigando a ceder. Mas isso não ia acontecer.

Por setecentos e sessenta e cinco dias da minha vida, eu olhei


para as paredes sólidas e as barras frias da prisão, apenas para ganhar
o direito de sair uma hora por dia. Eu sabia que era para minha
segurança, mas eu sentia falta de me encontrar deitada ao sol, o
sentindo aquecer minha pele e levando tudo embora. Aqui não havia
relaxamento... nunca.

Eu não vou ser uma vadia. Eu fui extremamente sortuda, e eu


sabia muito bem disso. Sem as conexões do meu pai com os guardas e
as pessoas poderosas do lado de fora, minha vida nesse lugar teria sido
um inferno muito pior. Ter meu próprio quarto acabou se tornando a
melhor das regalias, porque lá as cadelas não podiam me alcançar. Elas
me queriam. Eu sabia. Todos sabiam quem eu era e o que eu
representava. Conseguir se vingar em mim daria a elas status nas suas
famílias, e eu não estava disposta a dar isso a ninguém.

Eu estou me escondendo? De jeito nenhum. Eu ficaria mais do


que feliz de enfrentar essas cadelas, mas não aqui. A merda sorrateira
que essas mulheres faziam quando ninguém estava olhando era mortal,
e meu objetivo era cumprir meu tempo e sair daqui viva. Eu sabia o que

1 O Dia da Marmota é a tradução literal de um filme americano de 1993 que, no


Brasil, ganhou o nome de Feitiço do Tempo. Nele o personagem principal repete uma e
outra vez o mesmo dia – que no caso é o Dia da Marmota, no qual se celebra um
festival nos EUA – sem nunca avançar para o dia posterior.

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essas vadias eram capazes de fazer, e elas sabiam das minhas
capacidades também.

Eu tive meus próprios incidentes aqui. Eles foram todos


relacionados ao clube, e ter ajuda de dentro fez com que eles
acontecessem sem problemas. Eu tive que pagar por essa ajuda, mas eu
fiz o que precisava ser feito, e não lamentava merda nenhuma. Eu fiz
isso pela minha família.

Eu posso ter uma buceta, mas não sou uma mulherzinha. Tenho
bolas maiores do que a maioria dos caras lá fora. Mesmo que eu nunca
vá ser um membro do clube, porque isso não é possível, mantenho
minha cabeça erguida. Aprendi em uma idade muito jovem que
mulheres não ganham patches2, e eu aceito isso, mas eu estaria doente
se agisse como a princesinha do clube.

Crescer com o Ravage MC não foi fácil. A vida, o mundo, era


diferente dos civis, e eu aprendi isso muito bem. Desde que eu era um
bebê, minha vida foi o clube. Pops3 tem seu patch desde antes de eu
nascer, e Ma 4 sempre ficou ao seu lado. Mesmo que eu tenha sido
protegida todo o possível, vi mais morte, armas, drogas, sexo e sangue
nos meus vinte e cinco anos do que a maioria das pessoas poderia
tolerar. Esse era o meu normal. Essa era a minha realidade. Eu aceitei
isso muito tempo atrás.

Eu senti falta da minha vida, e sempre soube o meu lugar nela.


Ser filha do vice-presidente não me deixou idealizar que eu sou nada
mais do que exatamente isso. Eu não tenho privilégios especiais porque,
no fim das contas, eu não sou, nem nunca vou ser, um membro pleno
do clube. Eu conquistei o respeito que ganhei dos irmãos aprendendo o
que eles tinham tempo para me ensinar. Eu prosperei nisso, e não
podia esperar para ter tudo de volta.

Eu estava pronta para dar o fora desse buraco do inferno e,


finalmente, voltar para a minha família. Voltar para a vida que foi tirada
de mim há dois anos, quando as coisas deram errado. Eu mal podia
esperar, porra.

2 Patch é o emblema costurado no colete dos motoqueiros que lhes confere o status de
membro oficial do clube. Antes de receber um patch, aquele que quer ser membro vira
um prospecto, uma espécie de estagiário e faz tudo que, após votação do clube
(geralmente há uma votação), ganha seu patch ou não.
3 É um jeito carinhoso de chamar o pai.
4 É um jeito carinhoso de chamar a mãe.

~7~
*****

Caminhando pelo corredor, a luz do sol entrava em cascata


através da pequena janela retangular. Eu comecei a piscar os olhos, me
preparando para o ajuste quando a porta se abriu. Eu nunca gostei de
surpresas, elas te matam rapidamente. Eu esperava que meus instintos
do mundo exterior estivessem de volta depois desse tempo todo. Essa
era a única coisa que eu tinha medo de perder. Aprendi a me manter
afiada aqui dentro para ficar viva, mas ser livre era um tipo diferente de
sobrevivência.

— Aqui, — o tom frio do guarda, algo que eu nunca perdia, me fez


ir em frente. Alguns desses babacas eram indivíduos completamente
escrotos que assediavam mulheres diariamente. Felizmente eu só tive
dois encontros eles. Quando quebrei o nariz de um, ele decidiu que eu
não valia a pena o trabalho. Fui trancada na solitária por alguns dias,
ganhei alguns hematomas, mas eu realmente gostava de lá. Eu era
deixada em paz. Pensei em fazer isso outra vez, quem saber estender
minha estadia, mas minha mente sempre se voltava para a
sobrevivência e dar um jeito de sair daqui do jeito mais fácil possível.

O outro eu tentei bloquear da minha cabeça. Assim que meus pés


passassem pela porta, eu iria esquecer o que ele fez e nem uma única
alma jamais saberia.

Eu observei o guarda estender a mão, segurado uma sacola


plástica. Eu a peguei e não havia muito dentro. As roupas que eu
estava usando quando caí nesse buraco do inferno foram rasgadas
quando não me movi tão rápido quando o policial mandou, então
poucas coisas restaram. Dentro da sacola havia a corrente de cruz que
eu usava naquela noite, minha identidade e alguns dólares em dinheiro.
Isso realmente me surpreendeu; eu jurava que já teria desaparecido,
com todo esse tipo de gente por aqui.

— Gavelson! — eu não queria me virar para voz, não com a saída


tão perto. Mas eu sabia que eles ainda me tinham até que eu passasse
pela porta. Até lá, eu precisava me controlar.

— Sim, senhor, — eu disse, lentamente me virando para ver o


guarda se aproximando. Sua constituição atarracada e a barriga caindo
por cima da calça do uniforme não era nada excitante, mas ele provou
ser um bom aliado enquanto estive aqui. O guarda Dunn estava na
folha de pagamento de Pops, e sempre vinha com coisas legais para
mim. Ele até me trouxe algumas coisas que Pops mandou durante a

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minha estada. Então eu o respeitava tanto quanto uma pessoa
enquanto estava trancada. Eu confiava nele? Não. No momento que
você confiava em alguém aqui, acabava morto.

Olhando diretamente nos meus olhos, vi uma faísca de


preocupação ali enquanto ele inclinava ligeiramente a cabeça para o
lado. Sua voz me lembrava a de um adolescente, embora ele estivesse
muito longe dessa idade. Sua voz soava áspera, como se ele fosse
passar pela mudança novamente. — Não volte aqui, garota.

— Vou fazer o possível, — eu respondi, imediatamente sabendo


que não havia garantias nessa vida, e a sua palavra era o seu único
laço. Se você não tinha isso, não tinha nada. Eu não ia fazer uma
promessa a ele; eu não sabia se poderia mantê-la. Mas eu com certeza
ia dar o meu sangue para nunca mais colocar os pés aqui outra vez.

— Se cuide, Princesa, — o guarda sussurrou enquanto batia no


meu ombro gentilmente. Meu sangue ferveu quando me virei para ir em
direção à porta. Passei toda a minha vida tentando provar a todos que
eu não era uma maldita princesa, mas o apelido continuou me segundo
como se fosse merda grudada no meu sapato. Muitas mulheres no meu
mundo teriam amado esse título. Para mim, no entanto, representava
fraqueza. E eu não suportava ser relacionada com fraqueza.

Quando o guarda abriu a porta, a luz brilhante me cegou. Eu


pisquei rapidamente para voltar a enxergar. Tapando os olhos com a
mão, olhei ao redor até encontrar o familiar Chevy ’56 vermelho com
chamas brancas pintadas no capô. E mais importante, eu encontrei a
mulher parada ao lado dele, Casey.

— Bem, você não tem um sorriso de merda no rosto, — o sorriso


de Casey era um dos mais bonitos que eu já tinha visto em uma
mulher. Com seu cabelo loiro e corpo elegante, ela podia conseguir o
que quisesse, onde quisesse, mas nunca usava isso como vantagem.
Casey e eu éramos melhores amigas desde crianças, crescemos juntas
no clube. O pai dela, Bam, era um membro pleno do clube e morreu
alguns anos atrás.

Nós experimentamos tudo juntas. Ela era minha companheira de


crimes e eu senti a sua falta. Segurando seu rosto entre as minhas
mãos, eu encarei seus olhos de esmeralda antes de lhe dar um beijo nos
lábios. Ela tinha gosto de cereja, me lembrando das pequenas coisas
que eu senti saudade. Então eu me mexi e lhe dei um beijo na
bochecha.

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— Uau, oi para você também, garota, — ela riu da minha atitude
e enrolou os braços apertados ao meu redor, me agarrando até me
deixar sem ar.

Dando um passo para trás, disse, — Eu só senti sua falta, baby.


Me tire daqui agora, — e abri a porta do carro. Eu pulei dentro do
automóvel bonito. O carro era incrível, um clássico. Em nosso mundo,
era chamado de jaula, uma vez que tudo que não era uma moto era
considerado assim.

O pai de Casey a ajudou a consertá-lo na oficina, passando horas


e horas para que ele ficasse perfeito. Ele ensinou tudo que ela precisava
saber sobre conserto de carros e motos. Quando seu pai morreu, esse
caro era a única conexão que restou com ele. Era a coisa mais preciosa
para ela em todo mundo, e ela cuidava dele como se fosse um filho.

Casey trabalhava na loja, Banner Automotive, que era ligada ao


clube. Ela podia ser uma garota toda feminina, mas era só lhe dar uma
chave de fenda e um motor que ela se transformava. Para não
mencionar que os caras realmente gostavam nos jeans apertados que
ela usava. Homens eram tão previsíveis.

— Claro, você está pronta para ter esse esfregão domado? — os


olhos de Casey viajaram pelo meu cabelo castanho feio, espigado e
embaraçado. Eu sabia que parecia uma merda, e por isso essa era
umas prioridades a serem resolvidas.

— Absolutamente.

Depois de três horas na cadeira, conversando com Cam enquanto


ela fazia sua mágica no meu cabelo, eu me sentia uma nova mulher.
Meu cabelo castanho escuro estava de volta, com brilhantes mechas
vermelhas, assim como gostava. Em vez de espigado, ele estava suave e
macio. As ondas naturais eram um complemento. Mantê-lo comprido
na cadeia tinha sido um sacrifício que eu nunca iria querer repetir. Só
porque Pops mantinha os caras na folha de pagamento, isso não queria
dizer que as coisas eram entregues para mim. Eu tinha que merecer,
imagine se não. Isso não é algo que eu queria reviver jamais.

A viagem até em casa foi rápida, e não podia esperar para tirar
essas roupas de prisão. Precisava tirar o fedor daquele lugar de cima de
mim. Amarrando meu cabelo, pulei no chuveiro e deixei que a água
limpasse os últimos dois anos no inferno. Depois de virar uma ameixa
seca, me arrumei rapidamente. Encontrei minha calça jeans favorita,
com milhares de buracos nos lugares certos, e minha camiseta preta e

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justa da Harley. Depois de um pouco de maquiagem, eu estava pronta
para ir ver minha família.

Entrando na sala de estar, vi Caseu jogada no sofá com um


controle remoto na mão, passando sem parar pelos canais. — Onde está
ela? — eu perguntei, querendo a minha garota de volta.

— Vamos lá, — Casey se levantou e foi até o seu quarto, eu a


seguindo logo atrás. Ela cavou no seu armário e puxou uma caixa
fechada. Casey colocou a caixa sobre um gaveteiro. Então procurou um
pouco na primeira gaveta, pegou uma chave e abriu a caixa.

Ali dentro estava a minha garota. 9mm de poder que cabiam na


palma da minha mão perfeitamente. Aprendi a atirar com essa arma.
Meu pai me deu quando eu tinha catorze anos, e eu nunca saía de casa
sem ela.

Sentindo o peso em minha mão, acariciei o bonito pedaço de


metal, me sentindo feliz e em paz. Eu sempre me sentia protegida
quando ela estava comigo. Foi uma das coisas que me manteve viva por
tanto tempo. Eu não sou apenas rápida, mas uma ótima atiradora. Dois
anos é bastante sem praticar, no entanto. Eu precisava ir para o campo
de treinamento e atirar por algumas rodadas.

Verificando minha arma, me certifiquei de que ela estava cheia e


carregada. Travei a segurança, lhe dei um beijo suave e a coloquei
debaixo da minha camiseta, em um pequeno coldre às minhas costas.

Casey enrolou seus braços ao meu redor, me abraçando apertado,


e eu devolvi. — Estou tão feliz de ter você de volta, — ela sussurrou
baixinho em meu ouvido.

— Eu também. Vamos ir ver os rapazes.

Eu me afastei e encarei seus olhos. Ela era a única pessoa que eu


sabia que sempre cobriria minhas costas, não importava a razão. —
Vamos, — ela sorriu, me puxando pelo braço até a porta.

As coisas pareciam exatamente as mesmas pelas ruas de Sumner,


Georgia. As mesmas lojas e bancos estavam alinhados no centro da
cidade, com as pessoas andando pelas ruas sem nenhuma preocupação
no mundo. Elas eram livres, assim como eu era e pretendia continuar.

Boas pessoas viviam aqui. Elas eram honestas; bem, na maior


parte. Quando um pessoal de fora veio para cá, foi quando tivemos
problemas.

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Infelizmente, eu fui mantida no escuro sobre a maior parte do que
estava acontecendo no clube. Quando Ma ia me visitar, ela nunca falava
sobre os irmãos, e eu nunca perguntei. As pessoas sempre estavam nos
ouvindo, então não podíamos arriscar. Eu não sabia o lado bom e ruim
do que estava acontecendo, e me sentia um pouco perdida. Ma apenas
me dizia que minha família me amava. Isso eu sabia.

O que eu não sabia era no que eu ia entrar assim que chegasse à


loja e ao clube. Isso era um pouco enervante, mas não podia deixar
aparecer. Eu nunca mostrava fraqueza... nunca.

Puxando os portões fechados com arame farpado enrolados na


parte de cima, o sorriso que se espalhou pelo meu rosto foi irresistível.
Eu estava finalmente em casa.

Um homem que eu nunca vi antes, usando um colete de


prospecto, apareceu no lado da janela. — Ei, Casey. Você está
trabalhando hoje?

Sorrindo para ele, ela pegou a minha mão e apertou com força.
Ele era bastante quente para um prospecto novato. Seu cabelo escuro
caía sobre as orelhas, mas não chegava aos ombros. Seus olhos
castanhos eram cor de chocolate, combinando com a suavidade da sua
voz. Seu nariz parecia já ter levado algumas batidas ao longo dos anos e
era um pouco torto. Ele era um gato muito gostoso.

Apertando a mão de Casey de volta, eu a deixei saber que


entendia toda aquela gostosura, e ela finalmente falou, — Ei, Tug. Eu
trouxe Harlow para casa.

Tug me olhou de cima a baixo. — Dê uma boa olhada, amigo, —


eu disse com o sorriso malicioso que era minha marca registrada e que
eu sabia que ia fazer ele comer na minha mão.

— Com certeza, querida. Então você é a famosa Princesa, hm? —


revirando os olhos, virei para encarar o estrago já feito na nossa
conversa. Passar a vida inteira tentando provar algo errado era
exaustivo, e eu sabia que todos aqui continuariam me chamando assim.

— Vamos lá, — eu disse, estalando os dedos na minha frente,


apontando para o portão.

— O seu pai está realmente animado em te ver, mas eles estão em


uma missa. Vão sair logo, — Tug se virou para o portão e destravou o
cadeado. As portas de aço começaram a se mover até abrir totalmente.

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Quando o caminho estava livre, dei uma olhada. À esquerda
estava a loja, Banner Automotive. Esse era um dos negócios que o
Ravage MC possuía que ia muito bem, para não mencionar que
precisávamos de um lugar para trabalhar em nossas motos. Minha mãe
trabalhava com a contabilidade e lidava com os clientes que chegavam
por uma outra entrada, oposta àquela por onde os caras entravam. Ela
fazia isso desde que eu era criança. Passei muito tempo no escritório
com a minha mãe. Meus olhos estudaram as motos dos membros e
prospectos estacionadas à direita. Uma ao lado da outra, eu podia dizer
os nomes dos donos de quase todas. Era assim que eu sabia que havia
caras novos, membros ou prospectos.

Casey estacionou o carro na frente da loja e desligou o motor. Ao


entrar, eu realmente me sentia inquieta. Não reconheci ninguém, mas
todos cumprimentaram Casey. Eu deveria ter esperado uma nova
equipe; elas mudavam com frequência. Os negócios do clube eram
mantidos separados da loja. Eu podia sentir seus olhos em mim, mas
mantive os meus fixos na porta dos fundos. Eu queria ver os meus
homens.

— Moça, você não pode entrar aí! — um dos caras gritou.

— O inferno que não, — comecei a marchar na direção da porta,


sabendo que meu paraíso pessoal estava do outro lado. Eu tinha que
ver ele. Eu tinha que sentir ele entre as minhas coxas. Um dos homens
segurou meu braço, me virando para olhar para ele direto em seus
olhos. Ele era bonitinho, de um jeito mecânico-que-tem-as-mãos-sujas-
o-tempo-todo. Seu cabelo loiro era curto e seus olhos verdes tinham a
cor das folhas.

Se eu não estivesse tão puta por ele colocar as mãos em mim,


talvez ficasse um pouco atraída por ele, mas no momento eu estava
apenas furiosa.

— Eu disse que você não vai ir lá. Por que diabos você trouxe essa
vadia aqui? — ele acusou para Casey. O cara foi de bonitinho para
babaca em dois segundos. Antes que Casey pudesse dizer algo, eu puxei
o braço do seu agarre e balancei, meu punho acertou o seu nariz e
sangue se espalhou por tudo. — Sua puta! Chame Diamond! — ele latiu
para o caras se virando e vindo na minha direção. Pode vir, filho da
puta.

— Não! — eu ouvi Casey gritar, mas a ignorei totalmente. Eu


sabia que podia lidar com ele se fosse esperta.

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Ele atacou com a mão direita, mas errou, o fazendo perder o
equilíbrio. Aproveitando a chance, juntei os dedos e criei um punho
maior, como um taco. Puxando para trás, ataquei com força, acertando-
o direto nas costas e o fazendo cair de joelhos no chão. Ele gemeu e eu
fiquei feliz com a minha habilidade. Chutando com a perna direta,
minha bota acertou seu rosto com força, e sangue voou no ar. Ele caiu
com um baque.

Olhando ao redor da loja, percebi os outros homens que estavam


só encarando começaram a vir para mim. Eu sorri. Eu amava essa
merda. Era muito diferente de lutar apostando na prisão.

— Por favor, pare, — Casey disse, olhando para as suas unhas


como se estivesse totalmente entediada.

— Você podia me ajudar aqui, sabe, — eu disse, rindo.

Seus olhos encontraram os meus. — Você tem tudo sob controle e


eu acabei de fazer as unhas enquanto você terminava o seu cabelo. Eu
nunca faço as unhas. Eu quero manter elas bonitas e tenho que
trabalhar com elas — Casey me deu seu sorriso bonito.

Ouvindo passos de botas atrás de mim, olhei rapidamente ao


redor para ver outro homem tentando me atacar. Eu adorava quando
eles pensavam que podiam fazer isso. Quando o cara se aproximou, me
virei rápido e chutei com força e alto, acertando o seu rosto.

Minha alegria acabou rápido quando uma arma foi pressionada


na minha nuca e engatilhada. Merda. Bem, então é assim que vamos
jogar, hm?

— Querida, você acabou de começar uma tempestade de meda, —


o sotaque sulista em sua voz, misturado com o cheiro de couro, cigarros
e muita testosterona fez a minha buceta apertar, mas ele arruinou tudo
ao colocar uma arma na minha cabeça.

— Calma, não, — eu ignorei Casey, como sempre. Rapidamente,


virei meu corpo. Quando alcancei a arma para batê-la da sua mão, eu
congelei instantaneamente. Os três patches presos no seu colete eram
como um sinal vermelho para os meus olhos. Eu parei na hora,
levantando as mãos. Eu nunca tocaria em um irmão fora do ringue.

O homem de pé na minha frente tirou meu fôlego e colocou meus


nervos em curto-circuito. Seus ombros largos estavam cobertos por
uma camiseta preta apertada e um colete de couro adornado com vários
patches que lhe caíam como uma luva. Seus braços enormes eram

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cobertos de tatuagens a partir do punho. Eles estavam flexionados; um
apontava a arma com precisão, o outro estava fechado apertado ao seu
lado. Seu cabelo caramelo claro era curto dos lados, mas comprido na
parte da cima, implorando para que uma mulher passasse os dedos por
ele. Sua barba era bem curta, me fazendo salivar, me perguntando
como seria ter ele entre as minhas coxas. Seus olhos de safira estavam
estreitados para mim, enquanto eu o encarava sem esforço, incapaz de
falar.

— Mas que diabos está acontecendo aqui? — afastando meu olhar


do homem, foquei na voz familiar da qual senti tanta saudade. Os olhos
de Pops correram pelo cômodo e quando caíram sobre mim, sua raiva
desapareceu instantaneamente. — Que porra é essa? — ele olhou para
o homem com a arma apontada diretamente para a minha cabeça e
fechou as mãos em punhos.

— Ei, Pops, — eu disse, virando os olhos para o bonito espécime


na minha frente, querendo que ele soubesse que eu não estava com
medo. Se eu precisava de uma bala na minha cabeça, então que fosse.
Eu não ia me encolher.

— Você conhece essa vadia? — o gostosão idiota na minha frente


disse, e meus lábios se curvaram lentamente. Se ele não estivesse
usando esse colete, eu ia mostrar a vadia que eu podia ser.

— Abaixe essa maldita arma, Cruz, — Pops disse brincando. A


raiva se derramando do rosto do homem à minha frente me disse que
ele não achava nada disso divertido. Ele começou a dar um passo mais
perto. — Cruz. Pare! — Pops latiu alto quando os outros caras
começaram a se agrupar atrás dele. Cruz parou na hora, mas manteve
a arma apontada para mim. — Cruz, essa é a minha filha, Princesa.

— Merda. Você está brincando comigo, porra? — a raiva de Cruz


na verdade era bem engraçada, e eu tive que segurar uma risadinha
que queria escapar. Eu tinha respeito demais para deixar escapar. Mas
o olhar chocado no rosto desse homem durão tatuado não tinha preço.
Talvez eu devesse ter contado a ele antes, mas o que posso dizer... eu
nasci uma vadia.

— Não, eu não estou brincando. Saia de perto dela e abaixe essa


maldita arma, — virando a cabeça na direção de Pops, pude ver que ele
estava fumegando. Sempre que Pops ficava irritado sua testa ficava
vermelha, as linhas de expressão se tornavam mais proeminentes e a
veia em seu pescoço saltava na batida do coração. Enquanto estava

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crescendo, essa era uma visão que eu odiava; ele costumava me
assustar demais.

Meus olhos correram de volta para Cruz, que estava me


encarando. — Se você ainda está irritado por antes, podemos nos
encontrar no ringue, — eu sorri docemente. Podia ver a fumaça saindo
dos seus ouvidos. A confusão marcava os seus olhos, mas eu não ia me
explicar agora. Estendi a mão para Cruz, — Prazer em te conhecer. Eu
sou Harlow.

Ele me encarou como se pudesse me fazer me fazer entrar em


combustão instantânea. Desculpa querido, seus superpoderes não vão
funcionar. Eu estive aqui por tempo demais para deixar isso me atingir.

Ele baixou a arma hesitantemente, a colocou nas costas e


estendeu a mão para mim. Eu a apertei e ela quente, áspera, forte, e
um arrepio correu pelo meu corpo, começando nas nossas mãos
conectadas e indo até os meus pés, me deixando em chamas. — Cruz,
— acordando, eu puxei a mão rapidamente, não querendo que ele
sentisse o mesmo. Me afastando do seu olhar intenso, eu pisquei, bati
nele ao passar e me atirei nos braços de Pops. Ele me pegou e abraçou
apertado.

— Oi, pai, — eu sussurrei no seu ouvido, assim só ele podia


ouvir. Eu nunca o chamava assim em público desde que era criança.
Ele era Pops para todo mundo aqui, inclusive para mim.

— Ei, baby. Já estava na hora de ter você de volta, — ele me


apertou mais forte e me colocou no chão. Olhei para ele, sua longa
barba escura agora tinha muitos tons de cinza, fazendo ela grisalha. O
cabelo em sua cabeça também estava assim, mas com ainda mais
mechas cinzas. Seus olhos ainda eram do azul mais poderoso. Olhos
que me passaram segurança durante todos esses anos. Percebendo
todas as linhas ao redor dos seus olhos, me perguntei como ele estava
indo.

— Você está bem, Pops? — eu perguntei, inclinando a cabeça


para o lado e levantando as sobrancelhas. Minhas mãos descansavam
no seu peito.

— Eu estou agora, — sua barba tentou esconder seu sorriso, mas


eu o vi ali, seu dente prateado brilhando para mim, esse sorriso me
aquecendo como nenhum outro. Meu Pops podia não ter uma vida
convencional, mas uma coisa era certa: ele amava a sua família e faria
qualquer coisa por nós.

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— Você está de volta e eu não ganho nada? — me virando para a
voz baixa, eu me atirei nos braços do meu irmão e o abracei o mais
apertado que pude, tirando o ar dos seus pulmões. Meu irmão... esse,
de sangue. Enquanto crescíamos, sabíamos que ele virar um membro
do clube assim que pudesse ganhar o seu patch. Nós fomos criados
aqui juntos. Ma sempre me manteve longe de G.T., mas era por razões
óbvias. G.T. ganhou seu patch quando fez dezoito anos. Eu fiquei
absolutamente orgulhosa dele.

— Oi, G.T., — eu disse, me empurrando no seu peito forte.

— Oi, garota. Como você está? — ele era absolutamente lindo.


Uma barba curta cobria seu rosto, enquanto o cabelo loiro escuro caía
sobre os ombros. Ele tinha os mesmos olhos azuis que eu, e cada vez
que olhava para eles, sentia a mesma conexão de quando éramos
crianças. Eu faria qualquer coisa por ele, e sabia que ele faria por mim.
Seus braços tatuados eram rocha sólida, e a camiseta que ele estava
usando era apertada nas mangas, mostrando cada contorno. Seu nariz
pequeno e maxilar forte completavam o pacote. Não que eu estivesse
atraída por ele ou algo assim, mas as hordas de mulheres que iam e
vinham até aqui atrás dele com certeza estavam.

— Sim, irmãozinho. Estou bem, — eu sorri, me virando para ver


todos os homens que conheci minha vida inteira. Orgulho e alegria se
misturaram no meu coração. Depois de abraçar Dagger, Rhys, Zed e
Becs, procurei por ele. Nosso Presidente. Eu sabia que não era um
membro, mas essa era nossa família e Diamond era nosso líder.

— Onde está Diamond? — eu perguntei a Pops, olhando atrás


dele para os homens que eu cresci aprendendo a gostar. Sim, eles eram
difíceis e ninguém iria querer vê-los irritados, mas para mim, eles eram
família. Eu amava cada um a sua maneira.

— Ele está lá dentro. Ele queria chegar tudo antes de vir aqui
fora, — Diamond era um rei por aqui. Todos nós o respeitávamos e
aceitávamos as suas palavras e regras. Ele assumiu como Presidente
depois que meu avô morreu, e Pops virou seu vice-presidente. Ele era
afiado como uma navalha e conhecia a sua merda. Era um homem de
negócios muito esperto e viajava com o clube regularmente. Você nunca
ia dizer que ele estava chegando aos setenta.

— Eu vou ver ele em um minuto. Preciso ver Sting, — precisava


dele mais do precisava respirar.

— Vamos lá, — G.T. jogou os braços sobre os meus ombros e


apertou enquanto me levava para fora da sala.

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Bloqueando nosso caminho estava o homem com quem briguei
primeiro. — Me desculpe. Eu só estava tentando proteger ele, — sua voz
era trêmula, mas quem poderia culpá-lo? Eu desloquei seu nariz.

— Tudo bem. Obrigada, — eu sorri suavemente. Eu sabia que ele


estava fazendo seu trabalho. Eu só não me importava, porque ninguém
me obrigava a ficar longe dos meus homens. Poderia ter lidado com as
coisas de forma diferente, claro, mas merda acontece.

G.T. abriu a porta, e ali no meio estava o meu homem. No meio do


aposento estava orgulhosamente estacionada a minha Ultra
Groundpounder Hadtail 97 5 . Seu corpo duro de cromo e a bonita
pintura preta e vermelha combinavam totalmente. Era a moto das
motos. E era ótima entre as minhas pernas, além de sempre estar lá
quando precisei. Amor e calor correram pelo meu corpo.

— Alguém o levou para passear? — eu perguntei aos vários


homens amontoados ao nosso lado.

— Sim. Ele está em bom estado, — a voz do meu pai veio de trás
de mim. Eu sabia que podia contar com ele.

— Obrigada, Pops, — eu disse, acomodando a minha besta entre


as coxas. Alcançando o manche, liguei o motor. O rugido e as vibrações
fizeram minha calcinha ficar imediatamente molhada. Eles não
chamavam essa máquina de vibrador Milwaukee6 por nada.

— Hmm... você está bem, Princesa? — G.T. perguntou olhando


para mim, um grande sorriso no rosto. — Eu não vou sentar aqui e ver
você gozar.

Olhando para ele, respondi, — Então é bom você sair daqui


rápido, — eu corpo estava queimando por alívio. Já fazia muito tempo e
as vibrações eram boas demais, batendo no meu clitóris perfeitamente.

— Eu vou ver, — Dagger cortou, cruzando os braços sobre o peito.

— Dagger, você pararia para ver dois cães trepando, — eu digo,


balançando minhas sobrancelhas sugestivamente.

— Exatamente, e a única coisa melhor do que ver você gozando


seria o meu pau fazendo esse trabalho, — Dagger esteve no clube por
anos, e era um grande cafajeste que transava com tudo que tivesse um
buraco e fosse feminino, claro, e não fazia nenhum segredo sobre isso,

5 Ela fala no masculino, mas é uma moto.


6 É uma furadeira, mas também é um termo associado a motos muito potentes.

~ 18 ~
nem mesmo para sua old lady. Dagger era um homem muito áspero.
Sua pele áspera curtida era mascarada por seu longo cabelo loiro
trançado pelas costas e preso com uma bandana vermelha, branca e
azul sobre a testa. Ele nunca fez segredo para ninguém que adoraria me
levar para um passeio. Infelizmente para ele, eu nunca saía com os
irmãos.

— Vocês não vão ficar vendo a minha garota. Deem o fora daqui!
— Pops latiu para os homens, mas nenhum deles pareceu se mover, me
surpreendendo. G.T. e Pops, no entanto, saíram rapidamente. Balancei
a cabeça, engolindo a risada.

Voltando à tarefa em minhas mãos, senti meu corpo quase lá.


Esfreguei os quadris para frente e para trás no banco, sentindo meu
homem forte cuidando de mim. Fechando os olhos, fui tomada por uma
onda de calor enquanto continuava a me balançar. Eu não dava a
mínima se os caras estavam aqui. Eu já os tinha visto fazendo mais
merda pelo complexo do que me importava em contar.

Faíscas voaram pelo meu corpo e minha respiração ficou mais


rápida. Jogando a cabeça para trás, aproveitei as sensações correndo
pelo meu corpo. Droga, eu amava o meu homem. Abrindo os olhos,
todos estavam me encarando, e eu não pude evitar me divertir.
Desliguei Sting e desci, sentindo minha calcinha molhada esfregando
contra o jeans, o que me fez sorrir. Eu tinha que sair com ele para uma
corrida muito em breve.

— Porra, garota, — meus olhos caíram no enorme sorriso de Zed.


Estudei seu corpo com satisfação. Podia ver a grande ereção tentando
explodir da sua calça de couro. Eu amava ter efeito nos homens. Eu
podia não dormir com ele, mas provocar nunca machucou ninguém.

Apontando para o seu pau, — Talvez você precise cuidar disso.

— Você quer cuidar: — ele deu um passo mais perto, agarrando o


pau. Seu cabelo bastante curto tinha cor de água embarrada, e os olhos
escuros como a meia-noite eram penetrantes. Sua constituição sólida
era intimidante para a maioria, mas não para mim.

— Nos seus sonhos, — eu disse com a voz firme, empurrando ele


ao passar, me certificando de esfregar o braço apenas o suficiente para
fazê-lo reagir.

E então veio, — Droga, baby, — ele rosnou, me fazendo sorrir.

~ 19 ~
— Certo, estou melhor. Vamos ver Diamond, — olhando ao redor
do lugar, vi Cruz me encarando. — O que foi, garotão? Não consegue
lidar com isso?

— Com certeza. Só estava me perguntando se você consegue, —


quando seu olhar me atravessou, me fiz a mesma pergunta, mas não
precisei responder. Meu coração acelerou e essa foi uma resposta que
me assustou pra caralho. Mas não demonstrei nada. Jamais.

— Claro, coloque para fora e vamos começar, — eu queria ver se


esse homem só estava me provocando ou se era feito de um material
duro de verdade. Me torturar era sempre divertido e eu sabia que nunca
ia fazer um movimento. Nunca cometi o erro de dormir com um irmão.

O canto da sua boca se curvou em um sorriso sexy quando ele


começou a abrir o cinto. — Certo, todos para fora. Agora! — Pops latiu
do outro lado da porta, sem se incomodar em entrar.

— Vamos lá, Pops, Cruz e eu temos assuntos não resolvidos aqui,


— eu disse, meus olhos nunca deixando Cruz enquanto ele desabotoava
a calça e puxava o zíper para baixo.

— Vocês não vão fazer essa merda, — a voz de Pops ficou mais
irritada e ele entrou na sala, parando do meu lado. Seus olhos estavam
focados apenas em mim.

Me virando para Pops, busquei as profundezas dos seus olhos,


sabendo que ele estava me protegendo. — Pops, eu sei as regras, —
levantei a mão e lhe dei um tapinha no peito.

— Certo, mas você está brincando com fogo com esse daqui, —
Pops saiu apressado e os outros caras foram atrás. Andando até a porta
e fechando-a, eu ouvi a batida da trinca.

Eu me viro lentamente; Cruz segura seu pau duro e grosso na


mão, e se acaricia metodicamente. Observá-lo faz meu corpo esquentar
de novo, pegar fogo, e minha boca fica seca. — Você gosta disso, baby?
— Deus, esse profundo sotaque sulista na sua voz me faz estremecer.

— Ah sim. Dois anos é muito tempo. Talvez você possa ajudar


uma garota a se aliviar, — eu baixei a minha voz para um miado baixo e
sedutor e fiz a garota estúpida batendo os cílios para ele. Os caras
sempre amam essa merda.

Ele se aproximou. Minha boca começou a salivar quando o cheiro


dele me assaltou. Eu o queria. Muito. Estendi a mão e corri as unhas
pelo seu peito, sentindo os músculos definidos do seu abdômen por

~ 20 ~
baixo da camiseta. Antes que eu pudesse me afastar, Cruz agarrou a
parte de trás da minha cabeça com força e esmagou os lábios nos meus.
Foi um beijo duro e intenso, que tomou todo o ar do meu corpo. Meu
corpo estava me dizendo que eu precisava disso.

Mas então meu cérebro fez uma aparição e eu sabia que precisava
parar. Uma coisa que eu não fazia era dormir com os irmãos. Causava
muita tensão, e eu não queria lidar com essa merda. Juntando cada
grama de energia que podia, eu me afastei dele e tentei recuperar meu
fôlego não existente. Olhei para os seus penetrantes olhos azuis e, pela
primeira vez, desejei que meu cérebro tivesse ficado quieto. Eu queria
esse homem.

Lambendo os lábios, caminhei até a porta e segurei a maçaneta.


— Que pena para você que eu não dou para os irmãos, — eu não dei a
ele a chance de responder. Me virei rapidamente e saí da loja na direção
do pátio do complexo, deixando ele sozinho com o pau na mão.

Meu corpo estava inflamado pelo gosto dos seus lábios. Eu me


perguntei o que seu corpo faria com o meu. Depois do nosso breve
interlúdio, eu sabia que ele ia me virar do avesso. A parte triste era: eu
queria saber como seria o seu toque... como ele me faria gritar, porque
não havia jeito que um homem desses não me fizesse gritar... várias
vezes.

G.T. estava esperando na área comum. Sentado em um banco no


estacionamento, seus olhos não estavam em mim. Seu foco era apenas
na loira gostosa dobrada sobre um motor na loja, Casey, o que não me
surpreendia. Ela era uma linda mulher, e meu irmão, adorado por
Deus, amava mulheres. — Você acha que eu não posso cuidar de mim,
irmão? — eu disse me sentando ao lado dele no banco, tentando
acalmar meu corpo em chamas e tirar a atenção dele de Casey.

G.T. estendeu sua carteira de cigarros e eu peguei um.


Colocando-o entre os meus lábios, ele acendeu e eu inalei lentamente,
sentindo a queimação. Enquanto estava presa não tinha permissão de
fumar, novas regras, alguma merda sobre códigos de prevenção de
incêndio, essa porcaria toda. Eu fiquei ali sentindo minha cabeça girar
um pouco por causa da nicotina, o que me fez tragar com mais força.

— Eu sei que você pode cuidar de si mesma. Como você está? —


nós olhamos do outro lado do pátio, observando a ação perto da loja, as
pessoas indo e vindo, mecânicos trabalhando em carros e motos. Todos
seguiam com suas vidas sem nenhuma preocupação no mundo.

~ 21 ~
— Eu estou bem, agora que saí, — eu não tinha me sentido tão
bem em muito tempo. Estar preso em uma cela era algo que ninguém
jamais deveria ter que passar, especialmente se for por alguma coisa
maldita que você não fez. Chantagem, sim, certo. Se eu realmente
tivesse feito a merda pela qual fui acusada, não teria sido estúpida de
deixar tantas evidências.

— Eu sinto muito que você estava lá. Eu deveria ter feito algo, —
ele disse, balançando a cabeça de um lado para o outro. Eu sabia que
ele se sentia culpado, assim como os outros irmãos, mas não havia
nada que eles pudessem fazer. Foi o que o advogado disse.

Colocando um braço nas suas costas, comecei a esfregar para


cima e para baixo. — Não havia nada que você pudesse fazer. Foi uma
armação, e de alguma forma ela conseguiu que desse certo. Não foi
culpa de ninguém, só dela, — e minha, por não acreditar em meus
instintos.

— Você vai cuidar disso agora? — os olhos de G.T. voltaram para


Casey, que estava falando animadamente com as mãos com um dos
mecânicos.

— Porra, sim. Aquelas vadias não vão saber o que atingiu elas, —
eu passei os últimos dois anos planejando a sua derrocada, então fui de
veloz e furiosa para lenta e dolorosa. Tudo dependeria do meu humor
no dia em que tudo acontecesse. Levei um ano trancafiada para
descobrir que foi Babs que fez a armação. Eu não queria contar para
Ma porque sabia que ela ia contar para os irmãos, e eu queria a vadia.
Mas contei mesmo assim, sabendo que eles mereciam saber o que tinha
acontecido. Mas Babs desapareceu do radar por um tempo. Eu não
sabia se isso era bom ou ruim. — Mas eu preciso pensar e colocar a
minha merda no lugar primeiro.

— Você precisa ser esperta. Eu não quero você de volta lá...


nunca, — seus olhos encontraram os meus, cheios de seriedade. Isso
tocou fundo no meu coração.

— Eu não vou voltar. Cometi um erro ao confiar na pessoa


errada. Eu deveria estar mais preparada. Não vai acontecer de novo, —
apagando o cigarro na mesa, me inclinei para trás e senti o sol quente
aquecendo a minha pele.

— Eu te amo, — a mão de G.T. parou na minha perna e apertou.


Meu coração derreteu na hora.

~ 22 ~
— Eu te amo também, — sentados ali em silêncio por um tempo,
deixamos que os barulhos cotidianos da oficina enchessem o espaço.
Era bom ter o sol na minha pele e não ter que me mexer por ninguém.
Se eu quisesse ficar aqui todo o dia, eu iria. Sim... eu nunca ia voltar. —
Então, o que tem de novo por aqui? Ma não podia me contar muito
quando ia visitar.

— Desculpe, eu não podia ir, — nenhum dos membros do clube


foi me ver em dois anos. Parte de mim se sentia renegada por eles, mas
lá o fundo eu sabia que eles estavam protegendo o clube. Uma palavra
errada e tudo podia vir abaixo. Eu não poderia viver com isso.

— Não se preocupe. Me conte.

Exalando profundamente, G.T. começou a discorrer sobre a


algumas merdas novas e velhas que estavam acontecendo. Eu sabia
que ele não podia me contar dos negócios do clube, então se manteve
nas coisas básicas sobre pessoas e famílias, principalmente.

— E o meu estúdio? — dois anos antes de ser presa, eu tinha


começado o Studio X. O clube gerenciava o negócio, mas ele era meu.
Eu o comecei do chão e fiz dele o clube número um de strip em Sumner.
Toda cidade precisava de um, e as pessoas vinham de quilômetros de
distância para curtir, principalmente homens casados que precisavam
de uma escapadinha. Eu não gosto de traição, mas no meu mundo isso
acontecia o tempo. Por mim, eu nunca permitiria isso.

O clube de strip era um jeito legal do clube fazer dinheiro, e eu


estava feliz em ajudar. Para não mencionar os meus pagamentos, que
me permitiam viver uma vida muito confortável. Era um sistema ganha-
ganha. Mas enquanto eu estava fora, não sei que diabos aconteceu. Eu
só sabia que estava pronta para voltar.

— O X está ótimo. Liv está comandando o espetáculo, mantendo


tudo na linha. Tivemos alguns problemas para lidar. Nada demais.
Algumas garotas foram espancadas. O dinheiro é bom, — G.T. disse
soprando a fumaça do cigarro e pausando. — Você vai voltar a
trabalhar?

— Sim. Vou ir ver tudo amanhã. Essa noite é de festa, — me


levantando, tirei o pó do meu traseiro. — Eu vou dar oi para Diamond.

Com o canto do olho, vi Cruz caminhando até a loja, com uns


óculos escuros no rosto que só deixou seu conjunto sexy ainda mais
sexy. Será que isso era possível? Quando ele virou a cabeça e encontrou

~ 23 ~
meu olhar, balançou a cabeça e continuou andando. — Qual a história
dele?

— Ganhou seu patch há um ano, confiamos nele completamente.


Era Fuzileiro Naval e é um homem honrado. Ele já provou isso várias e
várias vezes, — minha mente imaginou Cruz de uniforme e eu gostei do
que vi.

Então captei um homem no canto da oficina usando um colete de


prospecto e varrendo o asfalto, e acenei na sua direção. — E ele? — seu
longo cabelo liso cobria seu rosto, mas sua barba escura era comprida o
bastante para que eu visse além das pontas. Seu corpo era magro e
esguio, mas seus movimentos eram fluidos e estudados. Os olhos de
G.T. seguiram os meus.

— Esse é Rocky. Muito quieto, mas fala quando é importante. Ele


só está aqui há seis meses, — inclinei a cabeça para o lado, tentando
vê-lo melhor. Algo nele parecia familiar, mas nada que eu pudesse
apontar.

Eu me virei para G.T. — Senti sua falta, — eu disse, puxando


meu irmão caçula para um abraço apertado, que ele devolveu sem
esforço. Desde que nós éramos crianças, ele sempre agiu como se fosse
o mais velho. Ele me ensinou mais do que qualquer homem no clube.
Ele esteve comigo no ringue, no tiroteio e ao meu lado durante todos
esses anos, me ensinando a ser a mulher que sou hoje. G.T., também
conhecido como Gage Thomas apenas em sua certidão de nascimento,
era a rocha pela qual eu lutaria até parar de respirar.

— Também senti sua falta, Princesa.

Acenando, comecei a ir na direção da casa principal do complexo,


com Cruz alguns passos na minha frente. — Eu sei que você está aí,
garota, — eu podia me perder no profundo sotaque na sua voz. Não
diminuí o passo, mas respondi.

— Eu vou ir ver Diamond.

Cruz se virou de repente, me fazendo parar no meio do caminho.


— Vamos falar sobre isso mais tarde.

— Vamos, é? Você acha que sabe como isso funciona? — me


inclinando mais perto dele, meus lábios quase tocando a sua orelha. —
Eu não dou para os irmãos. Isso não vai mudar.

Ele me desafiou de volta, se inclinando na minha orelha, o seu


cheiro assaltando meus sentidos. — Tudo muda.

~ 24 ~
Eu segurei o estremecimento que correu pelo meu corpo. Eu não
ia ceder. Não podia. Eu tinha visto muitas mommas7 entrando e saindo
do clube, e os caras as chamavam de vadias do clube. Os nomes eram
intercambiáveis entre eles. Eu nunca seria uma delas.

Uma coisa era encontrar um cara de fora do clube, ter um bom


tempo e ir embora. Aqui... aqui não havia como ir embora. Eu não ia
passar nas mãos dos caras e lidar com todo o drama de vê-los com
outras mulheres. Eu era forte, mas sabia que certas coisas eram
demais.

Me afastando dele, passei pelas portas da casa. O cheiro de


cerveja velha e cigarros tomava conta de tudo. Ajustando meus olhos à
escuridão, dei uma olhada em todo o ambiente. Painéis escuros
envolviam toda a sala. Uma parede era um mural de fotos dos nossos
amados já falecidos. A outra parede era o bar. Espelhos cobriam as
paredes com propagandas brilhantes de cervejas. Bebidas e copos
enchiam as prateleiras. O bar em formato L tinha toneladas de riscos e
arranhões, representando todos os anos de homens bebendo e se
tornando irmãos.

Um homem da minha idade usando um colete de prospecto


estava atrás do bar. — Oi, querida, posso ajudar você?

— Oi, querido. O que eu quero, você não pode me dar, — eu miei,


me inclinando no bar apoiada nos ombros, dando a ele uma boa visão
dos meus seios. Sim, ainda estava flertando.

— Com certeza eu posso, — seus olhos se arrastaram sobre o que


eu coloquei na sua frente, e ele lambeu o lábio de cima.

Uma mão bateu com força no bar logo próximo a mim, me


pegando fora de guarda e me fazendo saltar um pouco. Cruz parou ao
meu lado, encarando o prospecto. — Ela é sua? — ele perguntou a
Cruz.

— Sim. Caia fora, — Cruz rosnou.

Meu temperamento ferveu. De jeito nenhum no inferno esse cara


ia me reivindicar. Eu sabia como essa merda funcionava. Quando um
irmão reivindicava uma mulher, ela era intocável para todos os outros.
Eu não devia me incomodar com isso, uma vez que não queria ninguém
do clube, mas a minha independência falou mais alto. Isso realmente

7 Elas não eram necessariamente mães dos filhos deles, mas a ideia é como se elas
fossem aspirantes a isso, queriam se prender com os motoqueiros e ter uma família
com eles, pela fama.

~ 25 ~
não estava acontecendo. — Cai fora você. Eu não sou sua. Eu não sou
de ninguém. Vamos deixar essa merda bem clara desde agora, — o
prospectando parecendo todo nervoso só me deixou mais irritada. —
Ganhe bolas, — eu murmurei, o encarando.

— Quem diabos você pensa que é? — o prospecto me encarou


fixamente. O caminho para o respeito era longo, e se esses merdas não
o mostrassem agora... eles nunca iriam começar.

Antes que pudesse mostrar ao imbecil o que eu sentia, Cruz se


meteu. — Cale a boca. Você não vai falar com ela assim, porra. Me
ouviu? — seus olhos caíram enquanto ele voltou a limpar o bar.

— Eu não preciso ser resgatada. Eu posso cuidar de mim mesma,


porra, — agarrei o lado do bar com força o bastante para deixar meus
dedos brancos.

— Talvez essa seja o problema. Você precisa de um homem de


verdade, em vez desses viadinhos que deixam você vir com essa atitude
de merda, — Cruz disse pegando uma garrafa de cerveja do bar e
tomando um longo gole. Observei seu pomo de Adão balançar enquanto
ele engolia, e segurei um gemido que queria escapar dos meus lábios
secos.

— Você sabe o que eu preciso? — eu me inclinei mais perto e


senti seu cheiro, mas consegui me controlar. — Eu preciso de um pau.
Um que não tenha nada a ver com clube, e vou conseguir isso hoje à
noite. Depois disso, tudo vai ficar bem. Não preocupe o seu
coraçãozinho com isso, — ao ouvir a respiração de Cruz ficar presa, me
virei do bar sorrindo.

— Princesa? — me virei na direção das portas da igreja 8 e


Diamond estava ali parado todo alto e orgulhos. Cara, esses dois
últimos anos o envelheceram. Ele ainda era lindo como sempre, no
entanto, com seu cabelo cinza curto e olhos verdes brilhantes; era óbvio
que o tempo estava lhe favorecendo. Eu podia sentir o poder irradiando
dele.

Antes que eu pudesse caminhar até lá, Cruz agarrou o meu


braço. — Nós não acabamos aqui.

Assentindo e me puxando para longe de Cruz, eu me joguei nos


braços de Diamond. — Você está bem, seu velho?

8 Igreja é uma sala de reuniões onde acontecem as missas, reuniões do clube.

~ 26 ~
— Nunca estive melhor, agora que você está em casa, — Diamond
enrolou os braços ao meu redor com força, beijando a minha bochecha.
— Eles deixaram você usar essa merda vermelha no cabelo na prisão?
— a sua própria pergunta o fez rir. Ele sempre estava me dando
palestras de merda sobre meu cabelo selvagem. Se fosse contar, eu
tinha tido apenas três ou quatro cores. Ele apenas gostava de pegar no
meu pé.

— Sim, quem fez foi uma vadia chamada Berta. Ela me fez chupar
a sua buceta primeiro.

Sua risada profunda era como música para os meus ouvidos. —


Fico feliz de ver que essa boca espertinha voltou para casa também.

Eu o apertei mais forte. — Obrigada, Di.

~ 27 ~
Dois
HARLOW
Diamond me deixou entrar passar pela grande sala onde os
irmãos se reuniam para a missa e ir na direção do seu escritório.
Quando me sentei na sala grande, ele segurou minhas duas mãos. —
Princesa, eu sinto muito que você teve que lidar com toda essa merda.

— Eu estou bem, Diamond. Estou fora agora, — Ma contou aos


irmãos que eu estava reclamando um pouco por não ter controle sobre
o meu destino. Eles contrataram os melhores advogados e nós lutamos,
mas no final a vadia má venceu. Naquele tempo, eu não sabia que era
Babs. Aquela cadela fez um bom trabalho em coletar todas as
evidências contra mim. Podia sentir a tensão no meu corpo começar a
crescer só de pensar nela. Agora não era a hora de explodir.

Quando ele apertou a minha mãe, tentou segurar a minha raiva.


— Primeiro, eu queria agradecer por você lidar com tudo isso por nós.
Eu sei que pedimos um pouco demais.

O encarando nos olhos, toda a raiva deixou meu rosto. — Eu faria


qualquer coisa por esse clube. Você sabe. Aquelas vadias mereceram o
que tiveram, — ele sorriu, não tocando no assunto de novo. Eu sabia
que esse era o seu jeito. As coisas que eles faziam eram secretas, e eu
não podia deixar de sentir um pouco de orgulho por ser uma
privilegiada. O fato é que me deixaram entrar apenas o bastante para
me incendiar do que precisava ser feito, e eu fiz. Derrubar as vadias que
mexeram com o clube foi uma honra.

— Por agora, vai ter um irmão com você o tempo todo, — eu olhei
para ele confusa, me perguntando o que estava acontecendo. Eu cuidei
de mim mesma por anos antes de ser presa e nunca precisei da ajuda
de ninguém, nem mesmo dos irmãos.

Fogo correu pelo meu corpo, fazendo um xingamento explodir,


mas eu me controlei e respirei fundo. Falei o mais calmamente que
pude. — Com todo o respeito, eu não preciso de babá. Posso cuidar de
mim.

~ 28 ~
A felicidade natural de Diamond desapareceu, e eu soube que
tinha passado dos limites. Merda. Seu rosto ficou apertado e cada
músculo se contraiu. Seus olhos ficaram ameaçadores e perderam o
calor e carinho do cara que tinha acabado de me abraçar alguns
minutos atrás, fazendo um arrepio de medo correr pelo meu corpo. —
Isso não está em discussão, moça. Você vai estar acompanhada de um
irmão o tempo todo.

Baixei a cabeça com vergonha. Desapontar Diamond fez com que


dor corresse pelo meu corpo, e eu poderia passar a eternidade sem
sentir de novo. — Desculpe, Diamond.

Ele se inclinou para trás na sua cadeira e cruzou os dedos juntos


atrás da cabeça. — Ouvi dizer que você teve um pequeno
desentendimento com os mecânicos.

Claro que ele já sabia. Nada passava pelo homem. — Sim, senhor.

— Você sabe que não pode sair por aí batendo nos meus
funcionários, — seus olhos estavam sérios, mas o calor voltou a emanar
das suas palavras.

— Eu sei. Eu sinto muito.

— É bom mesmo que você sinta. Você vai se desculpar, —


Diamond e Pops eram os únicos que eu obedecia. Eu não tinha medo
deles. Bem, talvez um pouco, mas era por uma boa razão. Eu os
respeitava com cada fibra do meu ser. Confiava neles e sabia que eles
sempre cobririam as minhas costas.

— Nós temos uma festa planejada para você essa noite, — um


sorriso apareceu no seu rosto. Eu sabia que eles não iam deixar a
minha volta passar sem nada. Quase fiquei desapontada quando
cheguei e não vi uma festa de boas-vindas com força total. Mas não
deixei aparecer.

Diamond se inclinou mais perto e segurou minhas mãos, parando


o movimento rítmico que eu nem notei que estava fazendo. — Nós
faríamos qualquer coisa por você. Sabe disso, certo?

— Eu sei.

— Você precisa manter os olhos e ouvidos abertos o tempo todo,


— eu me perguntei sobre quem diabos ele estava me avisando, mas
sabia que não teria respostas nem se perguntasse.

— Você vai me contar para quem devo olhar?

~ 29 ~
Ele me encarou, a expressão inalterada. — Todo mundo. Agora
saia daqui e vá ver sua Ma, — ele acenou na direção da porta. Entendi
que estava dispensada e me levantei. Quando alcancei a porta,
Diamond completou. — E também se desculpe com Cruz.

Meu corpo congelou; foi como se todo o sangue tivesse se perdido


na hora. A mão que segurava a maçaneta da porta a apertou com tanta
força que eu tinha certeza que ia arrancar a coisa. Sem olhar para trás,
eu perguntei, — Essa é a minha punição?

Ele riu, mas não disse nada. Eu sabia a resposta. Uma coisa que
era difícil como o inferno para mim era mostrar fraqueza para os
irmãos. Como mulher, eu já era considerada fraca. Passei a minha vida
toda tentando provar que isso estava errado. Desde lutar, atirar e
pilotar... eu fiz de tudo para que os irmãos me vissem como alguém
forte. Isso ia ser uma merda.

O bar estava iluminado, como sempre. O prospecto atrás dele e


Cruz eram os únicos dois homens no recinto, mas o que pegou a minha
atenção foi a megera de longos cabelos castanhos e pequenos pedaços
de pano que mal cobriam suas intimidades, parada ao lado de Cruz. Ela
com certeza era uma vadia do clube. Todas pareciam iguais: sem
roupas e com uma ansiedade sobre elas que gritava vagabunda. Eu já vi
muitas dessas ao longo do meu tempo aqui. Se eu gostava? Não. Mas
elas eram parte disso, e eu as ignorava. Elas eram buceta de graça para
os caras, todos os caras, algo que eu me recusava algum dia ser.

A mão da mulher começou a correr de cima a baixo pelo braço


forte de Cruz enquanto ela se empurrava contra a sua lateral, seus
peitos falsos se esfregando nele sem parar. Normalmente eu só reviraria
os olhos para a cena e andaria para o outro lado, mas dessa vez fiquei
presa no lugar. Os homens pegavam vadias do clube o tempo todo,
usavam todos os seus buracos e nada mais. Mas essa mulher estava
tocando Cruz, e eu não podia deixar de desejar ir até lá e lhe dar uma
surra.

Mas eu sabia que não faria isso. Ele não era meu, e eu não queria
que fosse. Certo? Afastando esses pensamentos, me aproximei do bar.
Soltando uma respiração, eu sabia que tinha que pedir desculpas
primeiro, mas não queria fazer isso com ela pendurada sobre ele. Eu
realmente precisava pegar Sting e limpar minha cabeça, o que com
certeza seria o meu próximo passo.

Empurrei os ombros para trás e endireitei a espinha o máximo


que pude. O prospecto arregalou os olhos quando cheguei mais perto.

~ 30 ~
— Sinto muito. Eu não sabia que você era a Princesa, — Cruz deve ter
lhe enchido um pouco sobre a minha história. O que eu não sabia
porque, considerando que Cruz não sabia merda nenhuma sobre mim.

Eu sorri suavemente. — Sem problemas. Prazer em te conhecer.

— Como foi? — Cruz perguntou, interrompendo enquanto tomava


outro gole da sua cerveja. O som da sua garganta engolindo chegou aos
meus ouvidos, e meus olhos queriam desesperadamente ver seu pomo
de Adão se mover, mas eu me obriguei a olhar para o outro lado.

— Tudo certo. Posso falar com você um minuto? — eu perguntei


me sentando no banco ao seu lado.

— Você pode falar comigo sempre que quiser, baby? — sua voz
me derretia como manteiga, e eu queria chutar meu traseiro por isso.
Precisava manter a cabeça no lugar perto desse homem, mas temia não
ser uma tarefa fácil. Ele se virou para a mulher ao seu lado. — Saia
daqui.

Seu grito agudo me fez revirar os olhos de nojo. — Mas, Cruz. Eu


estou com tesão, — Sério? Por que essas mulheres faziam essa merda
eu nunca ia entender. Eu e Casey prometemos jamais sermos assim.
Nós nunca começaríamos a transar com os irmãos e nos tornaríamos
em algo como essa mulher com Cruz.

— Eu também, — seus olhos encontraram os meus quando as


palavras saíram da sua boca. A mulher apertou seu braço com força,
mas meus pensamentos correram para o beijo que ele me deu a pouco
tempos atrás, e meu rosto corou.

— Bom. Vamos lá para trás dar um jeito nisso, — ela miou alto o
bastante para todo mundo ouvir, mas eu tinha certeza que era um show
para mim.

— Vamos ver. Eu tenho que ver se mais alguém vai me ajudar,


primeiro, — seus olhos nunca deixaram os meus enquanto a mulher
reclamava. Ela se virou e me encarou. Eu ri na sua cara. Não consegui
impedir. Eu sabia que isso era infantil e malvado, mas foda-se, se ela
queria se colocar nessa posição, então era essa a merda que acontecia.

— Vá dar uma volta, — ele disse para o prospecto no bar, que fez
como ele mandou e saiu da sala. — O que é tão engraçado? — ele
perguntou, virando seu corpo para mim sem sair do banco.

— Você, — balançando a cabeça, peguei a cerveja que o prospecto


tinha deixado para mim antes da sua rápida saída.

~ 31 ~
— Eu? Você é a provocadora de pau, — sua voz tinha um pouco
de humor, mas também estava amarrada com frustração.

Eu sorri porque sabia que eu também estava assim. Fiquei


surpresa por ele não estar furioso, assim como a maioria dos homens
ficaria depois da minha brincadeira na oficina. Precisando terminar
isso, soltei uma respiração profunda. Puxei cada grama de força que
pude e comecei a bater os dedos sobre o bar, então senti como se o local
estivesse com uns mil graus e eu estivesse queimando por dentro. Eu só
tinha que terminar isso. — Olhe, me desculpe por antes, — eu olhei
para o bar, não querendo fazer contato visual.

Depois de alguns segundos de silêncio, me virei para ele e vi um


homem memorável, com queixo forte e barba áspera. Isso fez minha
buceta apertar, e eu apertei as coxas para tentar aliviar a pressão. Sua
mão agarrou o meu queixo, o que fez uma corrente elétrica correr pelo
meu corpo. Quando levantei a cabeça completamente, estávamos nos
encarando nos olhos. Minha respiração ficou presa enquanto eu olhava
nos mais bonitos olhos azuis.

Ele sorriu como se soubesse o que eu estava pensando, fazendo


meu interior derreter. Então ele me chocou. — Aquilo foi a coisa mais
quente que eu já vi na vida.

Meus olhos se arregalaram. Eu esperava que ele viesse com


merda para cima de mim, gritasse comigo... alguma coisa. Essas
palavras não eram o que eu estava esperando. Mantive a boca fechada.

Ele se inclinou mais perto, seus lábios a apenas alguns


centímetros dos meus. Seus braços se enrolam em volta da minha
cintura e ele me puxou para perto, batendo os lábios nos meus pela
segunda vez. O gosto de cerveja, cigarro e desejo invadiu minha boca,
fazendo com cada parte minha convulsionasse em arrepios. Meus
braços agarraram seu pescoço, e eu o puxei para perto instintivamente.
Fazia muito tempo que não sentia esse tipo de paixão por um homem, e
estava completamente perdida nisso.

Começamos a puxar os lábios um do outro, mordiscando,


sugando e explorando. Sua língua empurrou dentro da minha boca, e
nós duelamos por poder. Suas mãos apertaram mais o meu corpo, me
puxando para ele. Sua ereção dura como pedra pressionou contra mim,
fazendo minha buceta doer. Eu queria isso... precisava.

Comecei a me esfregar contra ele como uma gata no cio, tentando


conseguir o máximo de fricção possível. Eu precisava gozar

~ 32 ~
desesperadamente, e desde que o meu cérebro tinha decidido tirar
férias, estava me afogando nas sensações dele.

— Mana! — a voz de G.T. explodiu pelo salão. Eu pulei


rapidamente para tentar sair dos braços de Cruz. Eu não gostava da
sensação de parecer uma adolescente sendo pega no flagra. — O que
porra está acontecendo aqui? — meu irmão latiu.

— Nada, — eu disse, limpando os lábios com as costas da mão,


me sentindo um pouco envergonhada. Claro, ele já tinha me pego em
situações comprometedoras antes, mas nunca com um irmão. Eu
realmente não estava gostando da sua reação exagerada.

— O diabo que não é nada, — Cruz enrolou os braços na minha


cintura, puxando meu corpo com força. Eu podia sentir a sua ereção
contra o meu traseiro, fazendo minhas pernas tremerem, o querendo
muito mais. Fechando os olhos, esperei que meu cérebro resolvesse
funcionar logo.

— Cruz, se afasta. Ela não teve um pau em dois anos. Ela não
transa com os irmãos. Nunca. Ela não é uma vadia do clube, — G.T.
cruzou os braços sobre seu peito largo e parou como meu protetor,
mesmo que eu não precisasse de um; ainda assim, foi uma atitude
doce.

O corpo de Cruz endureceu com essas palavras. Eu não sei se ele


pensou que eu talvez me tornasse a puta dele ou sabia que eu era
diferente. Esperava que fosse o segundo. Ele não disse nada, e então
sua voz soprou — As coisas mudam, — no meu ouvido.

— Essa merda não vai mudar. Fique longe dela, — G.T. começou
a se aproximar, e então meu cérebro resolveu se juntar à festa.

Agarrando os braços de Cruz, eu me empurrei para longe do seu


corpo. — Se os garotos terminaram o concurso para ver quem mija mais
longe, eu vou ir ver a Ma.

— Princesa, não. Você precisa colocar a cabeça no lugar, — G.T.


latiu.

Colocando as mãos no peito do meu irmão, eu agarrei a sua


camiseta e o puxei para focar nos meus olhos. — Minha cabeça está
fodida desde que aquela vadia armou para mim. Eu já tenho um Pops,
não preciso de outro. Eu não digo uma maldita palavra sobre as cadelas
que entram e saem do seu quarto. Não se atreva a começar a fazer isso
comigo.

~ 33 ~
G.T. colocou as mãos nos meus ombros e começou a esfregar de
cima para baixo. — Eu sinto muito que você tenha passado por tanto.
Você sabe que eu tenho as suas costas, — ele se virou para olhar para
Cruz. — Em tudo.

— Eu estou bem, mano. Só preciso de uma corrida. Volto logo, —


soltando a camiseta de G.T., eu a alisei, passando as mãos para cima e
para baixo.

— Princesa! — a voz de Diamond ecoou do seu escritório.

Me virando para o som, respondi — Sim, — educadamente.

— Cruz vai com você, — ele ordenou sem hesitar um momento.

— Eu vou com ela, — G.T. disse com firmeza.

— Não. Cruz vai. Fim de discussão, — com essas palavras o


problema foi resolvido, e eu sabia que era Cruz quem ia comigo.

— Eu estou bem. Sem problemas. Cruz vai me proteger de todas


essas pessoas más aí fora, — eu disse, revirando os olhos.

— Cuide dela, — G.T. disse enquanto parecia ter uma conversa


privada e silenciosa com Cruz sobre o meu ombro.

Me endireitando, eu sabia que precisava de Sting. — Encontro


você lá na frente, — eu gritei para Cruz enquanto meu pulso acelerava
na possibilidade de montar o meu homem.

***

Sentir o vento em meu cabelo e a vibração entre as minhas coxas


era a melhor sensação do universo. Era melhor até que drogas ou sexo.
Era o único momento em que me sentia realmente livre. Mesmo quando
deixei os portões da prisão, não me senti assim de verdade. Isso... isso
eu sentia. Ter Cruz ao meu lado era um bônus, um que eu não estava
esperando. Sentado em sua moto, ele se manteve em sintonia comigo.
Ou talvez eu estivesse em sintonia com ele. Eu realmente não sabia,
mas era lindo.

Eu parei na casa de Ma, meu amado primeiro lar. Eu amava o


cheiro da casa estilo rancho de um andar pintada de amarelo. Eu cresci
aqui e o lugar tinhas inúmeras memórias maravilhosas. Junto à

~ 34 ~
comprida cerca de madeira branca havia todos os diferentes tipos de
flores que minha mãe amava. Ela me disse várias vezes quais eram,
mas eu não conseguia lembrar. Tudo que eu sabia é que elas eram
rosas, roxas, amarelas e brancas, e ela cuidava excepcionalmente bem
de todas. Eu? Eu matava qualquer coisa verde que eu tocasse. Mas se
você me desse um motor ou um carburador, eu poderia reconstruí-lo
como uma campeã.

Ma deve ter ouvido o rugido de Sting, porque saiu correndo da


casa com um sorriso enorme no seu rosto bonito. Assim que ela me
abraçou, eu me senti completa.

~ 35 ~
Três
CRUZ
Harlow, a Princesa. Porra. Eu ouvi falar sobre ela desde que me
tornei um prospecto, dois anos atrás. Ela era tudo em quem os irmãos
podiam pensar por muito tempo. Eles estavam morrendo de
preocupação por ela ter que ficar um tempo na prisão. Não havia nada
que o advogado pudesse fazer. A vadia responsável realmente usou a
cabeça e fechou um caso sólido contra Princesa, afirmando que ela
estava chantageando o prefeito por ir ao Studio X, ameaçando contar
para todos na cidade. Como se ela fosse fazer uma merda dessas. Eu a
conhecia há apenas algumas horas e já pude ver o jeito que ela era com
os caras. Ela faria tudo por eles... e eles por ela.

Pops e G.T. estavam loucos nos primeiros meses em que ela


esteve presa. Eles viviam ansiosos para descobrir se ela estava bem. Eu
era apenas um prospecto na época e não tinha os privilégios de saber
tudo. Então eu só observava, e você ficaria impressionado com o que
era possível ver.

Eu sei que a vida na prisão era dura, e quando você tem um clube
como o Ravage nas suas costas, a merda é ainda mais difícil. Tudo que
precisou foi uma mulher descontente e irritada porque matamos o seu
homem para fazer da vida de Princesa um inferno na terra.

Diamong e Pops colocaram muito esforço e dinheiro para garantir


que ela ficasse segura lá dentro. Ela não sabe tudo que eles tiveram que
fazer, mas eu sei que eles fariam tudo de novo sem hesitar. Vendo-a
abraçar a sua mãe, eu totalmente podia ver porquê.

Ela era tudo que eu sabia que queria em uma mulher. Ela era
forte, feroz, esperta, carinhosa. E descobrir tudo isso em apenas
algumas horas. Quando diabos eu me tornei um viadinho?

— Eu vou vigiar o portão, — eu estava ali para fazer guarda e


proteger. E era exatamente o que eu estava planejando fazer.

~ 36 ~
— Você quer uma cerveja? — Ma perguntou. Todos nós a
chamávamos de Ma. Ela era a mãe oficial do clube. Ela não aceitava
comportamentos de merda e deixava isso bem claro, mas sabia seu
lugar no clube, e todos nós a respeitávamos por isso. Sua filha tinha
aprendido muito com ela. Eu podia dizer, aliás, que ela estava com
Diamond.

— Sim, senhora.

— Droga, Cruz. Não me chame assim. Me faz sentir velha, — ela


sorriu. Ela tudo menos velha. Ela era loira, pernas compridas e um
corpo de matar. Aos quarenta e três, ela ainda era muito gostosa. Não
era de se admirar que Pops nunca pulasse a cerca.

— Desculpe, — respeito. Era tudo sobre respeito, e ele corria dos


dois lados. Eu tinha o mais elevado respeito por Ma. Ela me alcançou
uma cerveja e eu me acomodei confortável na cadeira. Era
inacreditavelmente pacífico aqui fora. Não passavam muitos carros, e
aqueles que passavam sabia quem morava aqui e que era um local fora
dos limites. Todos nessa cidade sabiam com quem não deveriam mexer.

O Ravage MC esteve no comando desde 1953, graças ao pai de


Pops, Striker. Striker era o presidente e tinha muito tino para os
negócios. Ele começou seccionando o grupo e criando novas facções ao
longo do caminho. Agora nós temos um nome forte e facções por todo o
país. As pessoas não mexem com a gente. Nós matamos primeiro e
pensamos depois. Se você é uma ameaça, vai ser tratado como uma.
Nossas ameaças se tornaram mais numerosas quando outros
começaram a querer o que nós tínhamos. Dinheiro. Tudo se resumia a
dinheiro. Mas, principalmente, nós tínhamos uns aos outros.

Nossas corridas se tornaram mais longas e mais frequentes. Mas


o dinheiro corria bem, nos mantendo em uma vida muito confortável.
Também sempre fazíamos nossas corridas de caridade. Nós amamos
nossa comunidade e a protegemos com tudo que temos. É por isso que
a maioria das pessoas que vivem aqui nos deixam ficar e não se metem
nos nossos negócios. Elas recebem a nossa proteção, vivem suas vidas
felizes e nós vivemos as nossas. É um ganha-ganha.

Para mim, entrar no clube foi uma corda de salva-vidas. Depois


de passar muito tempo no mar em um buraco do inferno lutando por
esse país, voltei para uma mãe muito doente com somente mais um
mês de vida. Câncer de mama. Ele se espalhou como um incêndio na
floresta, e não havia tratamento que pudesse ajudar. Infelizmente, ela
não tinha plano de saúde, e em vez de gastar o dinheiro, ela esperou...

~ 37 ~
tempo demais. Essa foi uma das razões pela qual eu optei por sair cedo
da vida militar. Eu amava cada segundo com ela, mas sua morte me
rasgou por dentro. Assim que a uma vez linda Clara Cruz morreu em
meus braços, parte de mim morreu junto com ela.

Meu velho foi embora quando eu era criança, e eu nunca mais o


vi ou ouvi falar dele. Eu nem saberia dizer como ele parecia. Minha mãe
dizia que eu era muito parecido com ele, mas eu espero que ela esteja
errada. Eu não queria ser nada como ele. Supostamente, ele tinha outra
pessoa por quem ele nos deixou. Isso acabou com a minha mãe, mas
ela sempre foi forte e nunca deixou isso a derrubar.

Minha mãe ralava muito, tinha dois empregos como garçonete,


um em uma lanchonete, outro em um bar, para manter um telhado
sobre nossas cabeças e comida na mesa. Quando eu era velho o
bastante, comecei a dar duro cortando a grama, limpando merda e
fazendo absolutamente qualquer coisa que podia para arranjar
dinheiro. Me matava ver ela chegando em casa todas as noites e
desmaiando no sofá de exaustão. Ela geralmente tirava uma soneca
rápida, então se levantava no ―modo mãe‖, arrumava a casa e preparava
o jantar. Ela sempre dava o seu melhor.

Assim que fiz dezoito anos, me juntei aos Fuzileiros Navais para
tentar ganhar a vida. Dar duro para cuidar da minha era realmente
tudo que eu sabia. Eu pensei que comigo longe ela respiraria um pouco
aliviada e não teria que se matar tanto. Eu podia mandar dinheiro sem
ser um fardo, e talvez fosse para a faculdade depois. Esse plano se
perdeu no vento enquanto segurava minha mãe nos braços.

Minha raiva tirou o melhor de mim depois que minha mãe


morreu. Eu voltei ao ―modo de luta‖ de quando estava no mar e ficava
irritado o tempo todo, o que me fez ser preso. Foi por pouco tempo,
apenas seis meses, por agressão. Mas o bastardo mereceu. O filho da
puta tentou me roubar dinheiro. Eu aposto que ele nunca mais fez uma
merda assim de novo... pelo menos não comigo.

Eu tinha um amigo, Steeler, que era um faz-tudo no Ravage MC e


não pensava muito sobre isso na época. Eu estava muito perdido, e
minha única salvação era dirigir. Quando Steeler me falou sobre virar
um faz-tudo com ele, eu zombei da ideia. Mas no fim me juntei a ele,
conheci os caras e a coisa foi em frente. O que eu mais gostava era que
esses homens não levavam merda de ninguém. Eles seguiam suas
próprias regras e tinham seu próprio estilo de vida. Eles não
respondiam a ninguém. Era exatamente assim que eu me sentia
naquela época. E com tanta buceta ao redor, esse era um maldito

~ 38 ~
bônus. Ser prospecto, no entanto, foi um inferno. Limpar as merdas dos
caras, limpar seu vômito depois das festas... acredite, não era
glamoroso. Mas eu tive a minha cota. E quando eles votaram para eu
ganhar meu patch, eu fui às nuvens. Eu não podia imaginar minha vida
sem o clube.

Eu me perguntei quanto Princesa sabia sobre o que acontecia no


clube. Eu tinha certeza que ela sabia mais do que as outras mulheres,
considerando a merda que todos nós votamos para ela fazer enquanto
estava na prisão. Uma vadia que nós tivemos que cuidar, depois que
nós transamos e eu desmaiei. Aparentemente, ela encontrou o meu
livro. Era onde eu mantinha informações importantes sobre o clube.
Não havia muitos documentos, só números. Quando descobri que ela
tinha essas informações, ela já tinha sido presa com acusações de
drogas.

Foi aí que a Princesa entrou. Ela fez isso silenciosamente, e todos


lá dentro fizeram vista grossa.

Eu não posso dizer que nosso primeiro encontro foi agradável.


Podia sentir pelos seus movimentos na loja que ela estava planejando
tirar a minha arma, mas o fato dela ter parado tão abruptamente assim
que viu meu colete foi impressionante. Respeito. Ela tinha muito disso.

Então ela me desafiou para o ringue. Eu não bato em mulheres,


não é meu estilo. Eu ouvi histórias dos caras que a Princesa tinha
derrubado ali dentro, ela inclusive chutou o traseiro de Dagger, e eu
vou admitir que amaria ver ela dando uma surra em alguém. Só de
pensar nisso, meu pau fica duro.

Quando ela subiu na sua moto e gozou na frente de todos os


irmãos, eu quase fiz os mesmo nas minhas malditas calças. Foi a coisa
mais quente que eu já vi na vida, seu longo cabelo preto caindo sobre o
corpo curvilíneo. Eu sabia que seus seios eram de verdade, aliás; eles
balançavam sob a camiseta, cheios e pesados. Aqueles jeans rasgados
deixavam pouco para a imaginação, e a sua camiseta justa da Harley
mostrava um pouco de uma tatuagem sob a manga. Eu sabia então que
tinha que estar dentro dela. Ela me deu uma desculpa fajuta de não
dormir com os irmãos, mas isso não me deter. Verdade seja dita: eu
gostava do fato dos meus irmãos nunca terem estado com ela.

Ela seria realmente minha. E estaria debaixo de mim.

Aqueles lábios eram incrivelmente macios. Eu ainda podia sentir


o gosto de cereja na minha língua. O jeito como a sua língua duelou
com a minha me fez querer atirar ela no bar e foder duro, ali mesmo.

~ 39 ~
Eu mal podia esperar para estar entre as suas pernas. Quando ela
gozou na moto, foi tão silenciosa. Mas não quando eu acabasse com ela.
Ela ia estar gritando a porra do meu nome.

E então...

Pop... pop... pop... uma arma saiu atirando de um carro preto que
passou com a porta aberta. Agarrando a minha arma, eu atirei numa
reação rápida e me joguei atrás da cerca. A porta da frente se abriu e
Princesa se lançou para fora, a arma apontada com uma boa mira, e
acertou o carro várias vezes. Os tiros continuavam vindo, e Princesa
não se deteve ou se encolheu. Ela desviou algumas vezes, mas
continuou se movendo.

Nós dois começamos uma corrida mortal em nossas motos, sem


parar de atirar no carro. Desviando entre os carros, mantivemos o
ritmo, disparando uma e outra vez. Eu não pude evitar uma ereção ao
ver Princesa atirando com uma mão e conduzindo sua moto com tanta
facilidade com a outra. Não é hora para essa merda.

Parando ao lado do carro, comecei a atirar sem parar, acertando


um dos caras. Princesa acertou outro, que caiu para fora do veículo,
mas teve que parar abruptamente, incapaz de sair do caminho a tempo.
Atirando de novo, eu mirei nos pneus, mas errei por pouco. De jeito
nenhum eu ia deixar ela sozinha aqui.

Meu virando, voltei até onde ela estava, abaixada no chão


verificando o atirador. — Morto?

— Sim... — pegando meu telefone, liguei para Dagger e dei a ele


nossa localização e um pedido de limpeza. Eu sabia que só demoraria
cinco minutos até a cavalaria aparecer.

— Você está bem? — olhando para ela, podia ver que estava tudo
bem, nada de sangue, mas nós nunca sabemos como as mulheres
reagem a uma merda dessas.

— Eu estou bem, — ela sorriu. — Lar, doce lar. Você conhece esse
cara?

— Parece alguém da gangue de Rabbit — Droga. Rabbit era


conhecido por traficar drogas pelo Estado e nós estivemos lutando com
eles. Isso não pode ser bom.

— Acho que ele era o todo mundo que Diamond queria que eu
estivesse de olho, hm? — ela parecia estar estudando o corpo na sua

~ 40 ~
frente, levantou sua camisa, inspecionou todas as tatuagens e marcas,
absolutamente como se não estivesse olhando para um cadáver.

— Tipo isso, — o rugido das motos ao longe me colocou em ação.


— Pegue a sua moto e volte para a casa da sua mãe. Eu vou enviar uns
caras até lá.

Se um olhar pudesse matar, eu estaria caído morto ao lado do


homem na estrada. — Eu sou tanto parte disso quanto você, — ela
rosnou. Isso foi sexy como o inferno, mas as suas tentativas de tomar o
controle tinham que parar logo.

— Eu não vou dizer de novo. Vai, porra. Agora, — eu ordenei.

— Se você não lembra, fui em quem deu a porra do tiro que


matou esse infeliz, — ela se levantou e foi até a moto. Eu podia ver em
seu rosto que a estava matando deixar a cena, mas ela ouviu e foi pelo
caminho de onde veio. Eu segurei a risada. Maldita mulher.

— Pops e G.T. estão em casa. Que porra aconteceu? — Dagger


falou, olhando para o corpo morto aos meus pés.

— Atiradores. Carro preto. Cinco homens dentro. Dois de trás


foram baleados; esse aqui caiu. O carro fugiu, — eu resumi.

— Porra. Esse é um dos caras de Rabbit, — Zed disse, se


ajoelhando para ver os ferimentos. — Ela atirou nele, não foi? — ele me
olhou com desconfiança.

— Sim. Ela saiu quando as armas começaram a atirar e eu não


tive tempo de discutir com ela para ficar em casa. Ela acertou ele, eu
peguei o outro, — eu enfiei as mãos nos bolsos.

— Tenho certeza que você pegou o outro, — Rhys disse, rindo.


Porra. Eu não precisava dessa merda.

— Vocês cuidam disso? Quero ter certeza que está tudo bem na
casa.

— Vai. Nós cuidamos disso, — quando Dagger, Guns, Zed e Tug


começaram a trabalhar, eu dirigi rapidamente até a casa de Ma.

***

— Porra, eles atiraram nela, Pops! — a voz de Princesa estava


furiosa, a raiva escorrendo de cada palavra que saía de sua boca. Eu

~ 41 ~
percebi manchas de sangue em uma das paredes, enquanto entrava na
casa. Ma estava segurando seu ombro e parecia estar morrendo de dor,
mas não proferiu uma queixa. — Chame o Doc aqui agora! — ela latiu.

Princesa começou a rasgar as roupas de Ma, encontrando a


entrada da bala. A virando com cuidado, ela pareceu também encontrar
o ferimento de saída.

— Eu vou encontrar eles. Não se preocupe com isso, porra, —


G.T. rosnou, correndo para fora da sala.

— O que você precisa? — eu perguntei, uma vez que ficar ali


parado observando não ia ajudar em nada.

— Preciso de toalhas e uma fita adesiva, — Princesa ordenou.

— Aqui, — G.T. veio à frente e entregou tudo para ela. Observar


Princesa trabalhar como uma máquina bem treinada era lindo. Ela não
se intimidou pelo sangue ou deu aqueles chiliques que a maioria das
mulheres davam. Ela se atirou nisso e fez seu trabalho. Eu estava um
pouco impressionado. Cada movimento que essa mulher fazia me
deixava com mais vontade de afundar o pau nela. Merda.

Pops parou a minha admiração. — Cruz, leve Princesa e Ma de


volta para o clube. Ligue para Breaker e Buzz trazerem o carro. Ligue
para Doc e o leve para o clube agora, — eu assenti enquanto ele se
virava para G.T. — Nós dois vamos dirigir.

***

O clube estava zunindo enquanto Doc trabalhava em Ma. Ela


parecia estar bem, mas uma mulher não estava. Princesa não tinha
parado de andar desde que Doc começou a cuidar de Ma. De vez em
quando ela parava para virar uma dose de uísque e voltava a caminhar.

Todos a deixaram sozinha, não querendo ser o alvo da sua raiva,


eu assumi, mas não podia me importar menos em irritá-la. Parando na
frente dela, agarrei gentilmente os seus ombros.

— Não, — ela latiu para mim.

— Vamos lá, — ela olhou para Ma deitada e sendo costurada na


mesa de sinuca, e balançou a cabeça. — Só vai levar um minuto. Confie

~ 42 ~
em mim, — ela olhou nos meus olhos como se estivesse em uma
batalha interna, então suspirou.

Ela acenou. — Certo. Alguns minutos, então eu volto.

Sorrindo, eu a levei para fora da casa e na direção da academia


nos fundos. Eu já estive no seu lugar antes, vendo alguém que eu
amava sendo ferido e não sendo capaz de fazer droga nenhuma sobre
isso. Quando Steeler foi baleado fora do clube, eu não sabia que porra
fazer. Os irmãos assumiram e cuidaram de tudo, e naquele exato
momento eu soube que essa vida era para mim.

— O ringue? — ela perguntou, olhando para o grande espaço


quadrado no centro da academia, seus olhos arregalados.

— Sim. Vamos relaxar.

Ela sorriu. — Você quer lutar comigo? — eu podia ver suas


engrenagens esquentando.

— Eu não vou lutar com você. Só quero que você coloque um


pouco dessa frustração para fora, — de jeito nenhum eu queria bater
nessa mulher. Ela aceitasse ou não, eu ia protegê-la até minha última
respiração. Deus, eu conhecia essa maldita mulher há um dia e ela já
estava grudada sob a minha pele.

— Ah, vamos lá. Você só vai me deixar bater em você como uma
mulherzinha? — o brilho perverso em seus olhos me deixou
completamente intrigado.

— Eu vou enfaixar as mãos, mas não vou atacar.

— Viadinho.

Depois de nos ajudarmos a enfaixar as mãos e tirarmos nossas


botas, subimos no ringue. Ela prendeu o cabelo em um coque enquanto
inclinava o pescoço de um lado para o outro. Eu tinha ouvido histórias
sobre a habilidade de Princesa no ringue, e admitia que estava
intrigado. Os caras supostamente a ensinaram a lutar, e ela sempre
acabava com a cabeça erguida, mesmo que estivesse sangrando. Pelo
menos foi o que me disseram. Agora eu ia ter minha própria experiência
pessoal.

Quando começamos a nos mover, meu pulso acelerou. Eu desviei


de um golpe atrás do outro até que ela me acertou direto na boca,
fazendo sangue voar. Limpando meu rosto, começamos uma dança de
luta. Eu nunca atacava, somente bloqueava.

~ 43 ~
— Vamos lá. Lute comigo, droga! — ela rosnou para mim,
atacando com força, me chutando na barriga.

— Não, — eu disse, recuperando a compostura e me levantando.


Eu não ouvi a porta da academia ser aberta, somente as vaias e vivas
de todos os meus irmãos e Ma já dentro do lugar. Merda.

— Ei, garotos. Esse viadinho aqui não vai lutar, — ela zombou de
mim. Eu sabia o que tinha que fazer. Eu não queria, mas sabia que
precisava. De jeito nenhum eu deixaria meus irmãos me verem sem
reação.

Ela lançou vários ataques, mas eu fiz contato com o punho direito
na sua bochecha e ela tropeçou para trás. Eu parei o que estava
fazendo e corri até ela. Princesa me deu um soco de direita sorrindo, o
que me fez perder um pouco do equilíbrio para trás.

Isso se seguiu por uma eternidade. O sangue escorria dos nossos


rostos. O sino ao lado começou a tocar quando Dagger o bateu com
força. Nós sabíamos que tinha acabado. Foda-se se essa vadia não
tinha as maiores bolas que eu já tinha visto.

Caminhei até ela, e seus olhos se arregalaram. Eu não tenho


certeza de como meu rosto parecia, mas tudo que podia sentir era meu
pau latejando de necessidade. A agarrando, bati meus lábios nos seus;
eu ia tirar o máximo possível dela. Quando seu corpo derreteu no meu,
continuei o beijo, não dando a mínima para a multidão ao nosso redor.
Sentir o gosto de suor e sangue na minha boca me excitou.

Princesa se afastou, estremecendo. Assim que olhei para o seu


lábio, pude ver que ele estava rasgado. — Doc ainda está aqui? — eu
gritei.

— No clube! — Rhys respondeu alto.

— Vá dar uma olhada nisso, — eu disse olhando para o seu lábio,


sem acreditar que eu tinha feito, um pouco envergonhado de mim
mesmo.

— Eu estou bem, — ela argumentou e deu um tapinha no lábio


com a mão.

— Eu não perguntei. Vá, — eu ordenei. Parando bem na sua


frente, — Leve seu rabo até lá e veja isso. Agora, — minha voz era
mortalmente calma e absolutamente séria, e quando seus olhos
brilharam com aceitação, eu sabia que ela tinha entendido.

~ 44 ~
Princesa desceu do ringue, e eu fui atrás. — Você tem certeza que
quer essa aí, irmão? — Dagger perguntou. Ele estava sempre na
defensiva. Eu não achava que ele tivesse qualquer outro modo de ser.

— Porra, sim, — eu disse, limpando o sangue do meu rosto com


uma toalha.

G.T. parou na minha frente. — Se você machucar ela, eu vou


enfiar uma bala na sua maldita cabeça, porra.

— Eu não esperaria menos, — e eu não esperava. Ela era seu


sangue. Você protege seu sangue e sua família a todo custo. Eu
respeitava isso em G.T.

— Eu estou falando sério, caralho. Ela não é buceta livre, — a


raiva irradiando do meu irmão era tangível. Eu entendia, mas ele estava
me irritando.

Ficando cara a cara com G.T., nunca pensei que iria querer tanto
arrancar fora a cabeça de alguém. — Você acha que eu não sei disso,
porra?

— Estou começando a me perguntar. Você se esquece que eu vejo


as mulheres saindo do seu quarto.

— E eu vejo as que saem do seu, — eu atirei de volta, sabendo


que ele não queria que sua irmã soubesse dos seus negócios.

— Apenas não foda com ela, — G.T. me deu um encontrão no


ombro ao passar em direção ao clube. Foda-se essa merda. Quando
comecei a caminhar na direção dele para lhe mostrar o que eu pensava
com os meus punhos, as palavras de Dagger me fizeram parar.

— Cruz. Você precisa trazer seu garoto para cá. Nós estamos em
bloqueio.

Porra. Essas palavras fizeram tudo girar. Eu sabia que se Cooper


viesse para cá, a vadia da sua mãe faria disso um ponto para vir
também. Isso ia ser uma merda.

~ 45 ~
Quatro
HARLOW
As doses de uísque ajudaram a entorpecer a dor correndo pelo
meu corpo. Eu não sabia como Cruz sabia o que eu precisava, mas
maldito seja ele. Se sentir perdida e quebrada não era fácil. Eu queria
rasgar aqueles filhos da puta ao meio por terem atirado na minha mãe.
Poder dar uns socos foi um alívio, e eu não sabia se ele sabia, mas
trouxe de volta algumas memórias incríveis. Eu aprendi tanto naquele
ringue, a maior parte com G.T., mas com os outros irmãos também.

Casey saiu mais cedo, durante o dia, e estaria de volta a qualquer


momento. Como estávamos em um bloqueio, todos envolvidos com o
clube de alguma maneira estavam vindo para cá. Casey foi à nossa casa
pegar as nossas coisas, e eu a queria desesperadamente de volta aqui.

Pops foi bem legal em deixar ficar um pouco no seu quarto depois
da briga. Eu precisava descansar, e com o bloqueio, eu não queria estar
na área principal do clube ou nos abrigos, com todas aquelas crianças
correndo por lá. Eu precisava de um pouco de paz.

Tomei outro gole de uísque direto da garrafa e a coloquei sobre a


mesa de cabeceira ao lado da cama. Depois me atirei sobre a colcha
vermelho-sangue e travesseiros combinando, algo que eu tinha certeza
que Ma tinha escolhido, porque Pops não dava a mínima para a
aparência desse lugar. Meu rosto estava doendo pra caralho, e eu
apostava que ele parecia tão ruim quanto.

Depois que o Doc deu um jeito nos meus ferimentos, tomei um


banho e liguei para Casey para dar a ela a lista de coisas que eu queria.
Só Deus sabia quanto tempo iríamos ficar em bloqueio. Ninguém estava
falando merda nenhuma sobre o cara que atirou em Ma. Quando eu
perguntei, me disse que era negócio do clube.

Bang, bang, bang! Eu saltei, sentindo minha cabeça girar


horrivelmente por ter me movido rápido demais. Esperava não ter uma
concussão por causa do soco forte que Cruz acertou em mim. — Já vai,
— eu rosnei enquanto me levantava da cama. Abri a porta e Casey

~ 46 ~
estava ali. Seu sorriso bonito instantaneamente se desfez quando ela
me viu. — Está tão ruim assim, hm? — eu ri.

— Puta merda, garota. Você não estava brincando sobre essa


briga, — Casey estudou o meu rosto enquanto entrava no quarto,
fechando a porta atrás dela. Quando ela levantou a mão para tocar, eu
me esquivei e voltei para a garrafa de uísque, tomando outro longo gole.

— Pelo menos essa merda ajudou? — ela perguntou, jogando


nossas malas em um canto. Se nós estávamos em bloqueio, ela estava
em bloqueio também. O seu pai, Bam, morreu a três anos atrás,
durante uma corrida. Nós nunca soubemos os detalhes, mas Bam era
tudo que Casey tinha. A vadia da sua mãe a deixou quando ela era um
bebê. Bam a criou aqui, nesse mundo. Ela durona, mas não uma
lutadora, como eu. Ela era do tipo mais inclinada a usar o cérebro do
que os punhos para conseguir o que queria. Mas como ela a filha de um
membro, mesmo que ele estivesse morto, ela era protegida também.

— Um pouco, — sentando na beira da cama, eu suspirei.

— O que foi? — ela perguntou, sentando perto de mim e passando


um braço por cima dos meus ombros.

— Case, eu estou em casa não faz vinte e quatro horas ainda, e já


dei uma surra no cara da loja, estive um tiroteio, vi minha mãe ser
baleada e saí toda machucada de uma briga com um dos irmãos.

— Bem-vinda de volta, — ela disse, sorrindo.

Rindo, — Sim, bem-vinda de volta. — Eu parei, pensando. — Eu


não tive nada dessa merda acontecendo por dois anos. Senti saudade
disso.

— Eu senti saudade de você, — ela disse, me apertando. —


Vamos lá. Essa é a sua festa. vamos sair daqui e aproveitar.

Depois que Casey fez a sua mágica para dar um jeito no meu
rosto, nós fomos para o bar. Ela não estava brincando quando disse que
o lugar estava lotado. Havia pessoas de uma parede a outra, e eu não
fazia ideia de onde toda essa gente ia dormir, mas também não sabia
porque eu me importava. Provavelmente nos abrigos. Eu não podia
lembrar da última vez que houve uma festa durante um bloqueio.

Enquanto caminhávamos pela multidão de gente, comecei a ver


mais e mais pessoas conhecidas. Depois de abraçar uma dela, fui para
o bar e pedi uma dose de Jack Daniels para Buzz ou Breaker. Eu não
sabia dizer qual era qual. Eles levavam a ideia de gêmeos idênticos para

~ 47 ~
outro nível. Talvez eu devesse dizer a eles para fazer uma tatuagem na
mão ou algo assim, então eu saberia como diferenciá-los. Eu ri com a
ideia, sim, certo.

Legs, Bubbles e Flash estavam lá, com os braços abertos, me


abraçando repetidamente. Essas old ladies estavam por aqui desde
quando eu era criança, e elas eram as melhores amigas de Ma. Elas
vestiam com orgulho seus coletes de ―Propriedade de‖, e enquanto
algumas ficavam grudadas nos seus homens, outras, como Flash, não
queriam saber disso. Ela voava livremente, e Dagger nunca disse uma
palavra, já que ele fazia o mesmo.

Só de ver as outras old ladies que eu não conhecia tão bem e


observar as suas crianças correndo ao redor do complexo me fazia
sentir confortável. Os caras tinham construído um espaço ao lado da
academia para todas as crianças brincarem. O lugar também tinha
vários beliches, então elas podiam ter uma grande festa do pijama. Pops
disse que eles precisavam disso, uma vez que havia muitos irmãos e
suas famílias precisavam de proteção.

Estudando o lugar, meus olhos pararam em um adorável


garotinho. Seu cabelo era castanho claro e seus olhos eram de um tom
de azul brilhante. Ele usava uma adorável jaqueta jeans por cima de
uma camiseta onde se lia ―Apoie o Ravage MC‖. — Cooper! — eu ouvi a
voz de Cruz e meus olhos correram para a sua direção. Ele pegou o
garotinho e começou a arremessá-lo no ar. O menino ria
incontrolavelmente. Ele tinha que ser o filho de Cruz. Droga.

Parada perto de Cruz estava uma linda mulher loira de cabelos


compridos, usando um short realmente curto que fazia suas pernas
parecerem ter muitos metros, terminando com uma regata que
mostrava a maior parte dos seus peitos, menos os mamilos. Seu corpo
era de matar. Seus seios enormes e quadris curvilíneos faziam ela se
destacar no meio do mar de gente, e ela andava como se soubesse
disso. Porra, até eu sabia disso. Quando a mulher tocou o braço de
Cruz, ele se virou e sorriu para ela. Meu coração caiu. Ela devia ser a
sua old lady, e eu o beijei algumas horas atrás, na frente de todos os
caras. Merda. Merda. Merda.

— Foi com ele que você lutou? — Casey perguntou, seguindo na


direção que eu estava olhando.

— O que te deu a dica? O olho roxo ou o lábio partido? — meu


sarcasmo escondia meus verdadeiros sentimentos.

~ 48 ~
— Ha. Ha. Então, o que você acha? Ela é a old lady dele? — ela
perguntou e eu não quis responder. Eu só queria beber. Muito. Essa era
a exata razão pela qual eu nunca me envolvia com os irmãos. Agora eu
estava em bloqueio com eles e tinha que ficar vendo a porra da família
feliz. Eu não podia suportar essa merda. Esse era o motivo pela qual eu
tinha malditas regras para seguir, ainda que elas fossem autoimpostas.

— Parece que é. Eu preciso de uma bebida, — eu disse, me


virando na direção do bar. — Meninos! — eu chamei, batendo a mão no
bar e sem me dar ao trabalho de reconhecer quem era quem. — Preciso
de uísque e cerveja. Por favor.

Virei o uísque e comecei a cerveja. Eu precisava esquecer como


fui idiota.

— Princesa? — a voz profunda de Cruz atrás de mim enviou


arrepios pela minha espinha, e eu quis me dar um chute. Me virando
lentamente, fiquei cara a cara com o adorável garotinho que era uma
réplica exata do pai, e se eu tivesse que adivinhar, diria que ele tinha
uns dois anos. Não que eu fosse uma especialista em crianças. Mas o
seu sorriso radiante era contagioso.

— Oi, garotinho, — eu disse, sorrindo para o menino. — Você é


igualzinho ao seu pai.

— Cooper, diga oi para a Princesa, — Cooper me deu seu sorriso


mega iluminado e riu.

— Pin... esa, oio, — a adorável vozinha tentou dizer, me fazendo


sorrir ainda mais.

— Prazer em conhecer você, amigo. Eu estou bem. O oio não dói,


— sim, claro. Quando a loira linda apareceu do lado de Cruz, senti meu
corpo endurecer. Então, ao ver Cooper se encolher no colo do seu pai,
um milhão de sinos de alerta explodiram na minha cabeça, mas isso
não era da minha conta.

A loira correu suas unhas postiças pelo braço de Cruz e uma


maldita parte de mim queria arrancar o seu braço fora. Mas eu me
mantive sob controle, tomando outro gole da minha garrafa de cerveja
quase vazia. Observei a cena se desdobrando na minha cena. Eu
deveria saber que Cruz teria uma old lady. — Quem é essa? — sua voz
muito estridente questionou.

~ 49 ~
Ele se dirigiu a mim, e não a ela. — Princesa, essa é Mel, mãe de
Cooper, — eu o encarei, esperando pela outra parte da apresentação,
mas ela nunca veio.

— Harlow, — eu disse, acenando. — Tenho merda para fazer, —


olhando para Casey, eu apontei com o queixo para a porta, mas ela
balançou a cabeça.

— Eu não vou ir lá fora, — ela disse, virando uma dose de Jack.

— Por quê?

— Apenas não quero. Vá lá. Eu vou ficar bem, — ela acenou para
a porta. Eu me afastei da pequena família feliz, precisando de ar. Peguei
outra cerveja e deixei Casey no bar, então fui para o pátio. Os caras
fizeram um espaço separado logo ao lado do prédio do complexo que era
todo protegido por altos portões. No centro havia uma grande fogueira
que rugia para vida.

Pops e Ma estavam sentados ao redor, junto com muitos dos


irmãos. Quando dei uma olhada na área, G.T. estava inclinado contra
uma cerca conversando com uma morena que parecia uma das vadias
do clube, a julgar pela sua falta de roupas. Essa era outra razão pela
qual eu odiava bloqueios, ter todas a vadias e esposas no mesmo espaço
não era uma boa ideia. Um deslize e o caos iria explodir, enviando tudo
para uma espiral de confusão.

Fazendo meu caminho até Ma, perguntei a ela, — Como você está
se sentindo? — e sentei ao seu lado.

— Sim. Eu estou bem. Nada que a bebida não cure, — Ma disse,


sorrindo. Ela sempre era tão forte. Eu a invejava. Eu nunca disse que
queria ser ela quando crescesse, pelo simples fato de que não iria me
permitir ficar tão próxima de um irmão a ponto de me tornar uma old
lady. Mas eu aprendi com a sua força e o jeito como ela encarava todas
as situações.

— Você sabe quem foi? — eu perguntei, sabendo que meu Pops ia


interferir, mas eu tinha que tentar.

Pegando a dica, ele disse, — Negócios do clube, Princesa, deixe


para lá, — era o jeito de Pops de me dar uma ordem direta sem que eu
explodisse. Eu amava que ele me conhecia tão bem.

— Pops, por que você não me disse que Cruz tem uma old lady?
— sem ofensa, mas os irmãos me conheciam e sabiam que eu não me
metia com eles. Saber que nenhum deles me disse que Cruz tinha uma

~ 50 ~
old lady me deixou muito puta, considerando que a maioria deles
estava ao lado do ringue e viu nosso beijo.

— Ele não tem. E não é minha história para contar, — Pops disse
com firmeza. Eu sabia que ele nunca falaria da vida dos irmãos para
nenhuma mulher, mas achei que sendo sua filha a história seria
diferente. Mais uma vez, estava enganada.

— Eu acabei de conhecer ela, Pops. Mel e Cooper, — eu disse,


olhando para o fogo, bebendo da garrafa na minha mão, tentando
colocar para baixo as emoções que corriam por mim.

— Ela é apenas a mãe do seu filho. Ela está tentando ter ele de
volta faz anos. Mas ele não a quer. Ela é uma vadia, — eu não respondi.
Não tinha porquê. Eu sabia o que tinha visto, e ela estava o
reivindicando. Certo. Que seja. Hora de superar.

— Então, como você se sente estando livre, garota? — a voz de


Dagger meio de trás de mim. Ele era como um tio para mim, mas eu
usava o termo vagamente, porque ele sempre estava tentando transar
comigo, desde quando eu conseguia me lembrar. Era por isso que ele
tinha esse nome, eu ouvi; ele era muito bom com a sua faca9. Não que
eu tenha o visto em ação. Uma barba clara e um bigode marcavam seu
rosto, caindo pelo peito. Seu cabelo estava preso por debaixo da
bandana com o símbolo da caveira em chamas do Ravage MC na frente.
Ele se sentou do meu lado, e eu me virei para encará-lo.

— É como estar em casa, — eu respondi honestamente.

— Bem, estamos felizes de ter nossa Princesa de volta. Nós


sentimos falta de toda essa sua atitude por aqui.

Eu revirei os olhos. Alguns amavam o meu temperamento, outros


nem tanto. — Ei, alguém tem que manter seus garotos na linha.

— E nós estamos muito felizes que você está de volta para fazer
isso, garota, — Dagger passou um braço pelos meus ombros, me
puxando apertado contra ele. Descansando a cabeça no seu ombro,
inalei o cheiro familiar de couro e cigarro que me lembrava tanto de
casa. Fechando os olhos, deixei o calor do fogo e do corpo de Dagger me
aquecerem.

Dagger era um notório mulherengo. Ele e sua old lady, Flash,


tinham uma espécie de acordo, ou foi o que me disseram. Tudo que eu
sabia era que tinha visto Dagger com muitas vadias do clube, dentro e

9 Dagger é ―adaga‖ em inglês.

~ 51 ~
fora desse lugar, e Flash nunca disse uma palavra sobre isso. Flash
estava sempre flertando com todos os caras, mas eu não sabia se ela
tinha ido além disso. Realmente não era da minha conta.

— Que porra é essa? — Cruz rosnou e eu abri os olhos, mas não


fiz um movimento para me afastar dos braços de Dagger. Eu não
precisava. Em um braço, ele estava carregando Cooper, e não muito
atrás estava a sua mulher.

— Algum problema? — eu perguntei, fingindo estar entediada


com a pergunta.

— Por que diabos você está enroscada com o meu irmão? — sua
voz se tornou perigosamente irritada, enviando arrepios pelo meu
pescoço. Eu não o conhecia, mas depois que estive com ele no ringue e
vi a preocupação em seus olhos depois que ele me acertou, me fez ter
certeza que ele não iria me machucar fisicamente.

Eu não ia aceitar isso. — Ele está me dando as boas-vindas, —


sim, claro. Eu estava o provocando, me processe.

Cruz se aproximou, entregando Cooper para Pops. Eu o observei


com atenção, mas permaneci quieta. Pude ouvir a risadinha baixa de
Dagger, mas ele não disse uma palavra. — Porra, você acha que eu
estava brincando quando disse a todos que ela é minha garota? — sua
pergunta era direcionada para Dagger, não para mim.

— Eu não sou a sua garota, — eu respondo, mas minhas palavras


foram ignoradas.

— Eu estou dando um pouco de conforto para a nossa garota, —


Dagger também estava o provocando; isso era muito claro. Mas por
quê? Só pela zoeira?

— Se ela precisar de conforto, eu vou cuidar disso, inferno. Saia


de perto dela, — minha raiva estava crescendo, mas eu a controlei.
Dagger soltou o meu braço quando me sentei para trás na minha
cadeira, cruzando os braços sobre o peito, empurrando meus seios
ainda mais para cima.

Cruz agarrou meus braços rudemente e me puxou para ele,


nossos corpos colados um contra o outro. Ele bateu os lábios nos meus,
e meu corpo cedeu. Ofegando, eu o empurrei. — Eu não vou fazer isso.
Especialmente na frente da sua old lady e do seu filho, — eu me
empurrei para longe do seu aperto e virei na direção do prédio principal
do clube.

~ 52 ~
Cruz não me deixou ir muito longe. Enrolando os braços na
minha cintura, ele me puxou contra o seu corpo mais uma vez e eu
tentei escapar. Ele se inclinou na minha orelha. — Você acha que
aquela vadia ali é a minha old lady? Porra, não. Ela é a mãe do Cooper.
É o máximo onde isso vai.

— Eu não vou ser a amante de ninguém. Nunca. Jamais.

— Não, você definitivamente não vai, mas vai estar debaixo de


mim essa noite, — a sua arrogância era irritante pra caralho, mas a
autoridade com que ele me tratava estava deixando a minha calcinha
molhada. Eu precisava de espaço. Sua presença era esmagadora.

— Não, porra. Vai sonhando, — lutando para sair do seu abraço,


eu estava em desvantagem com todo o álcool correndo pelo meu
sistema.

— Querido, o que está acontecendo? — Mel estava parada atrás


de nós. Eu olhei em seus olhos e quis arrancá-los fora. Eu a odiava
apenas por respirar. Merda.

— Não me venha com essa merda de querido. Volte para o clube,


— ela deu um passo para trás e caminhou na direção das portas.

— Espere! — eu gritei quando ela se virou, me encarando, seus


olhos absolutamente frios. — Você é a sua old lady? — eu queria ouvir
da boca dela.

Ela parou por um momento enquanto eu esperava as palavras


saírem dos seus lábios. Ela parecia estar com dor ao dizê-las. — Não, eu
não sou.

— Mas você quer ser, — eu disse, sem perder um instante.

— Eu sou a mãe do filho dele, — ela estalou, colocando uma mão


no quadril.

— E isso não significa merda nenhuma, — a voz veio do corpo


duro de Cruz atrás do meu.

Eu me virei nos braços de Cruz o encarei. — Olhe, eu não curto


todo esse drama. É por isso que eu fico longe dos irmãos, — eu lhe dei
um beijo rápido nos lábios. — Tchau, — eu saí do seu abraço e voltei
para o clube.

Passando pelo meio da multidão, fiz meu caminho até o bar. —


Meninos, preciso de outra dose de Jack, por favor.

~ 53 ~
Ele a colocou no bar e eu tomei, rapidamente sentindo a
queimação quando o álcool alcançou meu estômago. Não havia porque
ir com calma, o quarto de Pops estava a apenas alguns metros de
distância caso eu precisasse apagar no chão, e eu sempre poderia
dividir um beliche com Casey.

Falando na bruxa, onde ela estava?

Procurando no mar de gente, muitos dos irmãos já estavam


acompanhados, prontos para transar. Isso fez meu estômago apertar.
Eu não deveria estar em um bloqueio. Eu deveria estar lá fora
procurando um pau, mas em vez disso tinha que sentar e observar.
Muito divertido.

— Ei, baby, — uma voz desconhecida veio do meu lado. Parado ao


meu lado estava um homem alto, ombros largos, cabelo loiro e olhos
verdes; atraente à sua maneira. Seu sorriso era enorme antes dele
colocar um cigarro entre os lábios. Ele não estava usando um colete.
Ele não parecia um mauricinho, mas definitivamente não parecia um
motoqueiro também. Promissor.

— Oi. Quem é você?

— Irmão de Buzz e Breaker, Nick. Eles me disseram que eu


precisava vir aqui. Eu estou ao redor... pensando em entrar para o
clube.

Eu olhei para ele. — Mas você ainda não é um prospecto?

— Não. Mas vou ser em breve, — isso não podia ser mais perfeito.

— Eu sou Harlow. Prazer em te conhecer, — eu lhe dei o meu


sorriso mais sedutor, sabendo que ele estava comendo na minha mão.
Estendi a mão e a rocei no seu peito, aumentando o calor entre nós.

— Quer me dizer o que aconteceu com você? — ele perguntou,


olhando para o meu olho roxo, mas não parecendo nem um pouco
desencorajado por causa disso.

— Um pequeno desentendimento, — dei de ombros.

— Você ainda é gostosa pra caralho, — ele disse, invadindo o meu


espaço. Eu peguei minha dose de uísque e virei em um gole.

— Sério? Você quer me mostrar quanto? — eu perguntei, sem


rodeios. Não havia motivos para isso. Neste momento esse homem não
tinha nenhuma filiação com o clube, e ia ser algo de apenas uma noite.

~ 54 ~
As chances dele realmente se tornar um prospecto eram pequenas, a
julgar pela sua atitude. Ele era muito mole para essa vida; nada como
os irmãos pareciam ser.

— Claro, — ele disse, apagando o cigarro e se levantando. — Eu


posso pegar um quarto emprestado? — ele perguntou aos seus irmãos.

— Não! — eles gritaram juntos. — Você não vai transar com ela,
— um deles disse com firmeza.

— Garotos, garotos... — eu disse, deixando minhas palavras


escorregarem como mel. — Está tudo bem. Nós vamos dar um jeito, —
eu disse, agarrando a sua mão.

— Cara. Se você quer entrar para o clube... não deve tocar nela,
— um dos gêmeos disse.

— Vamos lá, — eu puxei seu braço antes que ele tivesse chance
de pensar. Ninguém precisava saber. Ia ser uma foda rápida e fim. Me
apressei pelo corredor porque precisava do seu pau dentro de mim
agora.

Chegando no banheiro, bati a porta e a tranquei, empurrei Nick


contra a porta e beijei seu pescoço enquanto puxava suas roupas. Seu
peito era definido, mas ele tinha uma leve barriguinha. Eu não dava a
mínima para isso. Abaixei suas calças e comecei o trabalho.

~ 55 ~
Cinco
CRUZ
Depois de colocar Cooper no seu berço no meu quarto, fui
procurar a Princesa, mas ela tinha desaparecido. Eu sabia que ela tinha
que estar em algum lugar. Ninguém se atreveria a deixar a propriedade.

Encontrei Breaker e Buzz e ele me alcançaram uma cerveja. —


Vocês viram a Princesa? — os dois se olharam, como se estivesse
conversando com os olhos. Isso me irritou. Que diabos estava
acontecendo?

— Eu fiz uma maldita pergunta. Onde ela está? — eu rosnei,


batendo a mão no bar e fazendo tudo estremecer.

— Nós trouxemos nosso irmão para o bloqueio, — Buzz disse,


visivelmente nervoso, como ele deveria estar.

— Ela está transando com ele? — fúria correu pelo meu corpo
quando eles ignoraram a minha pergunta. Eu ia quebrar esse pequeno
filho da puta e então dar uma surra na bunda dela. — Onde?

— Banheiro, eu acho, — Breaker murmurou.

— Eu cuido de vocês depois, — indo pelo corredor, não havia


como controlar o meu temperamento. Eu estava pronto para explodir.
Se ela queria uma foda... eu ia cuidar disso. Virei a maçaneta da porta;
estava trancada. — Abre essa maldita porta, Princesa! — eu disse
batendo na porta com força, fazendo as paredes estremecerem. —
Agora!

— Vá embora! — ela gritou do outro lado.

— Abra ou eu vou colocar ela abaixo! — Foda-se. Usando a minha


bota, eu chutei a porta com toda a minha força, enviando pedaços de
madeira para todos os lados. Princesa não se moveu do seu lugar no
balcão, mas o imbecil que estava de joelhos na frente dela saltou o mais
longe possível, batendo contra a banheiro. Que viado.

~ 56 ~
Encarando o sujeito, eu puxei seu traseiro nu do chão, o atirei
pela porta quebrada e o bati contra a parede, junto com as suas roupas
em uma pilha. — Eu não quero ver você aqui mais tarde, — eu rosnei
em advertência.

— Que diabos há de errado com você? — Princesa disse. Ela


estava sentada ali, de sutiã de renda preto e com o jeans desabotoado.
Ela parecia uma deusa maravilhosa, e se eu não estivesse malditamente
puto, iria tratar ela como uma. Mas nesse momento, eu estava irritado
demais.

— O que há de errado comigo? Eu vou te dizer; você está comigo e


vai lá transar com um babaca qualquer? — parando entre as suas
pernas, eu olhei para todas as curvas do seu corpo, e isso fez minha
boca secar e minha garganta apertar. As tatuagens no seu ombro e
braço eram obras de arte... caveiras, chamas com flores intricadas se
misturando, sem dúvida um tributo ao clube.

— Eu não sou sua. Você não pode reivindicar alguém que não
quer ser reivindicada, — ela cruzou os braços, levantando ainda mais
aqueles peitos lindos e me deixando ver os mamilos duros por trás do
sutiã.

— Besteira. Você está aqui há tempo o bastante para saber como


essa merda funciona. Nenhum outro cara toca em você. Nenhum. Cara.
Toca. Em. Você. Jamais. Exceto eu.

— Só porque você quer, — ela disse, tentando se afastar de mim


como se isso realmente tivesse alguma chance de acontecer.

— Só porque eu quero o caramba. Eu já consegui, — agarrei suas


pernas e a puxei até a borda do balcão. Ela tentou se esquivar, mas eu
a prendi debaixo do meu braço. — Não, você sabe que quer isso.

Puxei suas calças para baixo e vi que ela estava pronta, o que só
fez meu pau latejar ainda mais. — Eu não posso, — ela disse baixinho.

— Porra, você pode sim, — ela agia como se estivesse lutando


consigo mesma. Ela não estava lutando com o que eu estava fazendo,
mas também não estava participando. Algo dentro dela estalou quando
ela arrancou as minhas roupas. Em uma questão de segundos... nós
estávamos pelados. Seus lábios bateram nos meus e ela tentou tomar o
controle, mas eu não permiti. Esse era o meu show.

A respiração dela ficou mais rápida. Alcançando entre os nossos


corpos, minha mão caiu na sua buceta molhada. Deslizei os dedos pela

~ 57 ~
carne quente e a sua buceta apertou, os puxando para dentro com
fome. — Você gosta disso? — Princesa fez um tipo de som estrangulado
no fundo da garganta que me incitou.

— Me responda, — eu rosnei. — Sempre me responda.

— Sim, — ela sussurrou.

Ela estava quieta demais. De jeito nenhum ela não ia acabar


gritando o meu nome. Sua respiração rápida estava me deixando louco,
mas eu queria ouvir ela gritar. Alcançando meu jeans no chão, peguei
uma camisinha e coloquei em tempo recorde. Eu precisava sentir
aquela buceta em volta do meu pau. Puxei suas pernas para cima e a
segurei pelos joelhos, seus pés pousaram no balcão e ela estava toda
aberta para mim, então coloquei meus braços em cada um dos seus
lados e a aprisionei. — Isso não vai ser gentil, — eu disse antes de bater
meus lábios nos dela e me enterrar na sua carne macia.

Empurrei meu pau dentro dela, e não foi nenhuma surpresa ela
ser tão apertada. O conhecimento de que ninguém tinha estado dentro
dela por dois anos me fez bater mais forte. Eu queria reivindicar essa
mulher, e assim que essa merda estivesse resolvida, ela seria toda
minha. Ela gritou quando eu empurrei os últimos centímetros do meu
pau para dentro. — Porra, você é tão apertada, baby.

— Deus, isso é muito bom, — ela disse com a cabeça jogada para
trás. Me levantando, eu bati dentro e fora com força, amando o aperto
cruel da sua buceta. O banheiro começou a girar e suor escorria pelo
meu corpo, se misturando com o dela, criando um cheiro erótico que
meu pau não podia suportar.

— Hora de gozar, Princesa, — usando o polegar, esfreguei seu


clitóris com força, fazendo ela explodir. Ela gritou alto o meu nome,
assim como eu disse que ela faria. Meu pau pulsava cada vez que ela
apertava e puxava cada última gota do meu gozo. Eu caí sobre ela,
nossos corpos trêmulos colidiram enquanto tentávamos recuperar o
fôlego. Eu não queria me desconectar dela ainda, essa conexão era
demais.

Palmas vieram da porta e nós dois viramos para o som. Merda. A


maldita porta. — Saiam daqui! — eu gritei.

Dagger e Rhys estavam parados na porta com sorrisos de merda


grudados no rosto. — Que show bom do caralho. Agora eu preciso
transar, — Dagger saiu, mas Rhys continuou ali parado.

~ 58 ~
— Chame um dos prospectos e achem uma maldita porta para
colocar aí! — eu rosnei quando ele olhou para o corpo da Princesa. Não
que ele conseguisse ver muito, mas eu não gostei. Ele riu, balançando a
cabeça.

— Sai daqui, — Princesa disse, tentando me empurrar para longe.

— Não, — seu maldito cérebro estava assumindo o comando


outra vez.

— Agora! — ela gritou com raiva.

— Não. Parece de pensar o que você está pensando, — eu podia


apenas imaginar a merda que estava correndo naquela cabeça dura. Ela
parecia gostar de estragar com toda a diversão.

— É por isso que eu não transo com os irmãos. Não vai acontecer
de novo, — ela tentou me empurrar, mas eu não me movi.

— Me escute. Já chega dessa besteira. Meu pau dentro de você


nesse instante está dizendo que ninguém além de mim vai tocar em
você outra vez. Entendeu?

Seus olhos mostraram um pouco de vulnerabilidade que eu não


tinha visto antes. Ela sempre era tão forte e difícil de ler. — E ela? —
sua voz era quase um sussurro.

— Ela não é nada. Ela só está aqui porque não quis deixar Cooper
sozinho. Mas essa merda vai mudar.

— Como?

— Você vai ser a minha old lady. Você vai ser parte da vida de
Cooper. Eu não quero ela andando por aqui.

— Você quer que eu seja a mãe dele? Nós acabamos de nos


conhecer! Você está louco, porra? E sério, old lady? — seus olhos
brilharam com pânico e sua respiração engatou.

— Eu não estou jogando. Não é o meu estilo. Você é minha e vai


ficar ao meu lado, — seu corpo relaxou um pouco e ela derreteu contra
mim, mas a trepidação ainda estava ali. Eu precisava achar um jeito de
me livrar disso.

— Você não tem ideia do que está fazendo, — ela disse,


balançando a cabeça.

~ 59 ~
— Pelo que eu já vi, provavelmente não, — sorrindo para ela, eu
escovei os lábios nos seus e ela arqueou o corpo, levando o beijo para
outro nível. Meu pau inchou dentro dela, e meus quadris começaram a
bombear. Seus gemidos e miados me encorajaram ainda mais.

Quando já estávamos sem fôlego pela segunda vez, me afastei


dela, precisando tirar a camisinha antes que ela explodisse.

Movimento na porta chamou a minha intenção quando Princesa


tentou cobrir seu corpo desordenadamente com as mãos.

— Cruz? — a voz de Tug veio da porta.

Pegando a porta dele, eu disse, — Obrigado.

— Precisa de ajuda? — ele olhou para Princesa, eu rosnei — O


que você acha?

— Até depois.

Em vez de prender a porta nas dobradiças, eu a encostei contra a


moldura para bloquear os malditos olhos que estavam em todos os
lugares. Princesa desceu do balcão, agarrou suas roupas e as vestiu
rapidamente. — Eu vou para a cama, — ela disse sem olhar para mim.
De jeito nenhum ela ia ficar envergonhada.

— Você vai para a minha cama, — eu disse, puxando seu braço e


a virando para encarar seus lindos olhos azuis.

— Não posso, — ela sussurrou e sua cabeça caiu no meu peito.

— Por que não, porra?

— Eu tenho um colchonete no quarto do Pops. Eu só vou me


atirar lá, — sua cabeça balançou levemente no meu peito.

Coloquei a mão no seu queixo e obriguei seus olhos a


encontrarem os meus. — Você não me ouviu direito. Vá agora para o
meu quarto e feche a maldita porta. Coop está dormindo no quarto ao
lado. Eu tenho algumas merdas para cuidar. É melhor você estar lá
quando eu voltar. Se não estiver, eu vou atrás de você, — meus olhos
não deixaram os dela até que ela assentiu. Eu movi as portas e saí do
banheiro apertado.

Eu precisava resolver minhas merdas com Mel. Estava cansado


daquela vadia. Eu jurava por Deus que ela tinha feito furos no meu
preservativo quando nós transamos. De que outra maneira ela ia acabar
grávida? E Coop era totalmente a minha cara, então eu nem podia dizer

~ 60 ~
que não era meu filho. Não que eu quisesse. Desde que ela me disse que
estava grávida, esteve tentando se amarrar comigo. Claro, eu transei
com ela algumas vezes, porque não, era buceta fácil. Mas eu não queria
nada com ela. Eu estava apenas agradecido por ela ter me dado o meu
garoto.

Sentada em um sofá na sala principal do clube, ela estava


cheirando desajeitadamente o pó que o cara ao lado dela derrubou; eu
não podia acreditar que estava preso a essa mulher pelo resto da vida.
Ela olhou para mim, os olhos dilatados, completamente chapada.

— Oi, querido, — ela sorriu o máximo que conseguiu e tentou se


orientar.

— Não vá para o meu quarto. Fique longe de mim.

— Quero ver o meu filho, — ela choramingou, mas eu não dei a


mínima. Eu estava acabado com essa puta.

— Não, você pode ver ele amanhã. Até lá, fique longe de mim, —
eu me virei, Mel disse algumas palavras que eu não entendi e também
não me importei. Eu tinha uma Princesa que precisava de atenção.

Entrei no meu quarto e não pude deixar de sorrir ao ver Princesa


deitada na minha cama, coberta dos pés à cabeça com as minhas
cobertas, e isso me fez ficar duro outra vez. Eu precisava estar dentro
dela, mas hoje eu já tinha lhe dado um soco e nós tínhamos acabado de
foder pra valer. Ela precisava descansar.

Verifiquei Cooper e fiquei feliz ao ver que ele estava em sono


profundo. Coop sempre foi um grande dorminhoco; nada podia acordar
o garoto. Isso era bom, considerando que só Deus sabia que acontecia
na casa da sua mãe.

Depois de trancar a porta, me atirei na cama e puxei a linda


mulher que estava ali contra o meu corpo. Quando ela derreteu contra
mim, eu sabia que tinha feito a decisão certa em ficar com ela.

***

Bang! Bang! Bang! — Mas que porra? — Princesa gemeu debaixo


de mim. De alguma forma, durante a noite, ela se deitou de costas e

~ 61 ~
meu corpo caiu sobre o dela. Essa pequena interrupção antes que eu
pudesse ter meu pau dentro dela outra vez não me fez feliz.

— Calma aí, baby, — pulando fora da cama, coloquei minha calça


jeans e não me incomodei em fechar o botão.

Abri a porta e fui imediatamente confrontado com um furioso G.T.


— Que merda está acontecendo aqui? — ele disse entrando no quarto,
seus olhos caindo sobre a mulher puxando os lençóis contra o seu
corpo nu na minha cama.

— G.T., calma, você vai acordar o meu garoto.

Princesa se sentou na cama, seus olhos arregalados enquanto ela


tentava falar alguma coisa, mas permaneceu em silêncio. Ela era a
porra de uma mulher adulta e não tinha razão para ficar constrangida.

— Princesa, que merda está acontecendo aqui? — G.T. se moveu


para o seu lado da cama e se ajoelhou no chão, seus olhos ficando mais
suaves ao encarar sua irmã.

Princesa olhou para o seu irmão e tentou abrir a boca, mas nada
saiu. Quando seus olhos encontraram os meus, eles brilharam, não me
dizendo muito sobre coisa alguma, mas ela olhou de volta para o irmão
e palavras saíram da sua boca. — Me tire daqui.

Me afastei da porta; eu ia estar condenado se deixasse ela me


afastar. — Princesa, você não vai a lugar nenhum, — fiquei parado no
fim da cama, olhando para ela. Princesa enfiou o queixo no peito.

— Sim, eu vou, — sua voz era tão baixa quanto um sussurro.


Essa não era a mesma Princesa que eu tinha conhecido ontem. Essa
era tímida, perdida e eu não gostava disso nem um pouco. Essa não era
a mulher feroz que eu conheci.

— Baby... — minhas palavras foram interrompidas abruptamente


quando G.T. ficou cara a cara comigo, tão perto que eu podia sentir o
cheiro de cerveja da noite anterior na sua respiração.

— Não! — G.T. estalou e Princesa saltou. — Eu vou tirar ela


daqui, e que Deus me ajude, porque eu vou te dar uma surra se você
tentar me impedir.

— Parem, — a voz de Princesa voou sobre a onda de testosterona


engrossando o ar. Nós dois olhamos para ela. — Cruz. Isso foi um erro.
Eu tenho que ir, — Princesa se moveu para a borda da cama e G.T.
parou de costas para ela, seus olhos fixos em mim.

~ 62 ~
— Isso não foi um erro. Você está deixando seu cérebro
atrapalhar tudo de novo, — eu rosnei, minha raiva chegando com tudo.

Ela começou a juntar suas roupas e as vestiu rapidamente, sem


nem uma vez mostrar para mim ou para o seu irmão um pedaço de
pele. Seus movimentos eram rápidos e metódicos. Era como se Princesa
tivesse decidido tirar umas férias e outra mulher apareceu para ficar no
seu lugar. Mas que porra? O que me incomodou mais foi ela não ter
respondido o comentário que eu fiz sobre o seu cérebro. Nada, nem uma
resposta espertinha. Nenhum xingamento... nada... apenas frieza.

Os olhos de G.T. estavam presos em mim, mas eu não dei a


mínima. Ele não era a minha prioridade.

— Princesa, pare com essa merda, — eu sabia que estava falando


com ela como quando repreendia Cooper, mas azar. Ela não ia ir
embora assim. Não mesmo.

Princesa deu a volta em G.T., que tentou puxar o seu braço e


afastar ela de mim, mas ela o empurrou para longe. Seus olhos
encontraram os meus, e ali dentro eu vi uma espiral de emoções que
não consegui distinguir. Normalmente ela expunha abertamente o que
estava pensando, mas isso não estava me dando nada.

Ela levantou a mão e cobriu a minha bochecha esquerda, seus


dedos se movendo pelo meu pescoço. Eu amei as suas mãos macias em
mim, apenas esse toque e eu já era dela. — Cruz. Me desculpe. Eu não
posso fazer isso. Eu sei que você não entende, mas eu não posso.

— O diabo que você não pode, — eu rosnei quando ela fechou os


olhos com força, apenas para abri-los outra vez.

— Você não me conhece. Essa não sou eu. Não posso transar com
um de vocês e não ligar para as consequências.

— Pode sim. Você só transa comigo, baby, — seus ombros caíram


quase que em derrota. Isso não podia estar acontecendo. Não podia.

— Eu apreciaria se você deixasse isso apenas entre nós, — suas


palavras me chocaram completamente. Ela não queria que ninguém
soubesse. Foda-se isso.

— Querida, eu vou contar para cada maldito homem nesse lugar.


Ninguém vai tocar em você.

Foi como se as minhas palavras acendessem uma luz dentro dela.


Seu corpo caído se endireitou instantaneamente e sua espinha ficou

~ 63 ~
dura e firme. Ela ficou cara a cara comigo e seu fogo começou a
queimar mais uma vez. — Faça o que tem que fazer. Mas isso, — seu
dedo se mexeu apontando entre nós dois, — acabou. Não vai acontecer
de novo. Cometi um erro na noite passada. Não vai se repetir.

Princesa começou a se mover, mas eu não deixei ela ir muito


longe. Agarrei seu braço e ela puxou o mais forte que conseguiu, mas
eu mantive o aperto.

— Eu ga-ran-to que isso vai se repetir. Vou deixar você ir agora,


mas essa merda está longe de acabar, — ela puxou o braço
rapidamente, dessa vez se desvencilhando, e caminhou até a porta.

— Eu disse a você para não fazer essa merda. É a única maldita


coisa que ela já disse que nunca faria. Você acha que ela não sabe o
que é parecer uma vadia nesse clube? E agora... se você abrir a sua
maldita boca... todos os caras vão saber.

— Dagger e Rhys nos viram juntos. Tenho certeza que todo


mundo já sabe, e mesmo que não, é para todos saberem que a Princesa
é minha.

— Ótimo, bom pra caralho, — G.T. começou a balançar a cabeça


em descrença enquanto caminhava até a porta.

— Você sabe que não acabei com ela.

— Eu não achei que você tivesse, — foi tudo que ele disse
enquanto terminou seu caminho e bateu a porta ao passar.

— Porra, — eu murmurei para mim mesmo quando me joguei na


cama e encarei o teto. Não era assim que queria ter passado a minha
maldita manhã... eu deveria estar com as bolas enterradas na Princesa.
Merda!

***

Ver Princesa sentada no bar, brincando com Buzz e Breaker pela


última hora, tinha deixado meus nervos à flor da pele, mas eu deveria
supostamente estar ouvindo o que Dagger e Rhys estavam dizendo aos
outros membros do clube, então tentei entrar na onda. Uma pena que
eu estava tendo um péssimo momento para focar em qualquer merda.

~ 64 ~
— Eu quero ver o meu filho! — Mel bateu o pé como uma maldita
criança mimada quando parou ao meu lado. Era meio-dia e ela tinha
acabado de sair de qualquer que tenha sido a cama que ela passou a
noite. Eu estava cansado dessa puta. Como cresci apenas com a minha
mãe, eu sabia como ela importante na vida de Cooper. Era por isso que
eu deixava algumas coisas passarem. Eu sabia que não devia, mas as
palavras da minha mãe sempre vinham à minha cabeça: um garoto
sempre precisa da sua mamãe. Eu não podia esquecer isso, mesmo que
ela fosse uma viciada.

— Cooper! — eu gritei da sala principal. Ma estava com ele na


cozinha, ajudando a fazer sanduíches para todos. Ele amava ajudar.

Cooper saiu correndo da cozinha, mas em vez de correr para Mel


ou para mim, ele foi direto para Princesa, que ainda estava rindo no
bar. — Pin... esa! — ele gritou, levantando aos mãozinhas no ar para
que ela o pegasse, o que ela fez sem hesitar.

— Oi, garotão. Como você está? — seu sorriso bonito iluminou


toda a maldita sala, e eu vi como Cooper estava encantado com ela.

— Bem. Eu cozinhei!

— É mesmo? O que você fez? — ela perguntou, quando a


conversa deles foi rudemente interrompida por uma Mel muito irritada.
Pessoalmente, eu tinha até esquecido que ela estava na maldita sala.

Mel se lançou para o lugar em que Princesa estava segurando


Cooper. — Me dê o meu filho!

Cooper se agarrou em Princesa, a segurando como uma tábua


salva-vidas, e isso me assustou pra caramba. Eu sabia que as coisas
não eram perfeitas de maneira alguma com Mel, mas isso realmente me
fez pensar.

Me aproximando deles, eu exigi, — Que porra está acontecendo


aqui? — estendendo os braços, esperei Cooper pular deles, mas ele
parecia gostar de onde estava. Eu não podia culpá-lo.

— Essa mulher não quer me dar o meu filho, — Mel bufou, mas
eu honestamente achava que ela mais irritada pela cena na frente de
todos do que por Cooper não querer nada com ela.

— Ele não quer você, dá para ver, — Princesa disse enquanto


segurava Cooper mais apertado, o que deixou Mel ainda mais furiosa.

~ 65 ~
— Sua vadia. Me dê o meu filho agora! — Mel agarrou o braço de
Cooper e começou a puxá-lo até que ele gritou. Eu segurei Mel pelo
pescoço e a puxei para longe do meu filho e de Princesa. Suas tentativas
de respirar não foram registradas pela raiva correndo por mim.

— Você nunca mais toca nele assim, porra, — eu lati, minhas


mãos querendo ensinar uma lição para essa mulher. Mas uma coisa
que eu não fazia, que a maioria dos caras do clube não fazia, era bater
em mulher. Mas essa bem que merecia uma surra. — Você vai sair
daqui agora. E nem ao menos pense em voltar.

— Não vou deixar meu garoto aqui, — ela teve a audácia de


discutir.

Eu involuntariamente comecei a apertar sua garganta, a


empurrando contra a parede. Seus olhos se arregalaram; minha voz se
tornou ameaçadora com a raiva que escorria de mim. — Inferno, você
vai ficar longe dele, e se você não fizer isso, eu mesmo vou te matar, —
eu precisava que ela entendesse que eu não ia tolerar que ela colocasse
as mãos no meu filho outra vez.

Suas palavras foram incompreensíveis. Ela não podia falar, e


quando conseguiu, todos os pensamentos de não dar uma surra nela
foram intensificados. — E o dinheiro que você me manda? — O quê?
Dinheiro?

— Você está brincando comigo, sua vadia estúpida? Você está


preocupada com dinheiro? — meu outro punho fez contato com a
parede, quebrando o gesso ao lado da cabeça de Mel e fazendo ela
engasgar. — Dê o fora daqui, porra! Agora!

Soltei a sua garganta e ela começou a esfregá-la uma e outra vez,


mas eu não disse uma palavra enquanto ela caminhou até a porta. Eu
nunca quis deixa Cooper longe da mãe, e eu com certeza sabia a dor de
não ter um pai por perto. Mas porra, ela era tóxica, e eu estaria
condenado se visse ela colocar mais uma vez as mãos no meu filho.

A raiva pulsava em minhas veias. Eu realmente precisava socar


alguma coisa.

— Cruz? — a voz de Princesa chegou até mim enquanto eu


continuei a ofegar.

— Sim... — eu respondi sabendo que não era sua culpa, mas eu


estava em um mal momento.

~ 66 ~
— Eu vou levar Cooper para brincar, ok? — olhei para Cooper
enrolado em Princesa; o meu coração apertou e a raiva diminuiu um
pouco. Merda. Eu não queria que ele me visse assim.

— Sim, obrigado, — eu saí e fui até a academia, precisando de um


alívio.

***

A tarde passou rápido, com mais homens e suas famílias


entrando e saindo do clube. Diamond organizou vários pequenos
quartos no porão a cerca de um ano e meio atrás, para acomodar toda a
gente que ia e vinha. Ele também criou uma pracinha para as crianças.
Graças a Deus; pelo menos todos estariam confortáveis durante o
bloqueio.

— Missa! — Diamond gritou de pé da porta da igreja, com os


braços cruzados sobre o peito.

Quando tomamos nossos lugares e a porta foi fechada, os lugares


de pé ficaram para os membros que vieram. A grande mesa retangular
de orvalho no meio da sala estava cercada por cadeiras onde passamos
muitas horas falando de negócios. Diamond sentou em uma ponta.
Pops estava à sua esquerda, Dagger à sua direita. G.T. e Becs estavam
ao lado de Pops, e Rhys e Zed do lado de Dagger. Meu lugar era na
outra ponta da mesa, de frente para Diamond.

Uma das paredes estava coberta de fotos dos irmãos; havia de


tudo, desde fotografias de festa até retratos de prisão alinhados ali. A
outra era o nome Ravange MC e o nosso símbolo, uma caveira em
chamas em cima, que também estava nas costas dos nossos coletes.

Diamond bateu na mesa de madeira. — Olhem. Nós sabemos que


foi Rabbit quem atirou na casa de Pops, e acabamos de descobrir o
motivo, — Diamond nos encarou absolutamente sério. — Princesa.

Essas palavras fizeram meu sangue gelar e minha raiva inflamar


ainda mais. — O que tem ela? — eu perguntei, e todos os olhos na mesa
se voltaram para mim. — O quê? Ela é minha e eu vou protegê-la.

— Não foi o que ela disse essa manhã, — a voz profunda G.T.
estalou para mim, mas antes que eu pudesse responder, Diamond
interferiu.

~ 67 ~
— Filho, ela é de todos nós, — Diamond disse, me encarando. —
Aparentemente, Rabbit gosta de Babs. Para os que não sabem, Babs foi
a peça-chave para colocar Princesa na cadeia. Ela sumiu do radar cerca
de um ano atrás, e agora reapareceu, com proteção dessa vez. Eles
estavam mandando uma mensagem.

— Eu tenho uma maldita mensagem para ele; eu vou matar todo;


— meu pulso estava correndo ao ponto de eu pensar que vapor ia sair
das minhas orelhas. Ninguém ia tirar essa mulher de mim. Nunca.

— Não se preocupe, filho; ele já está morto por atirar na casa de


Pops. Mas a sua gangue cresceu nos últimos anos, e isso não vai ser
bonito. Nós também temos um problema com as corridas no seu
território. Vamos ter que encontrar outra rota.

— Não podemos deixar que ele dite para onde nós vamos! — eu
gritei, sem nem ao menos tentar me controlar.

— Se acalme, porra, — Pops disse, batendo a mão na mesa e


pegando todos com a guarda baixa. Ele normalmente é calmo em
situações estressantes. Mas dessa vez o perigo estava muito perto de
casa. — Ele não vai. Nós precisamos pensar em curto e longo prazo.
Agora, ninguém mais está em perigo além de Princesa. Ela vai ficar
puta, e todos sabemos como ela fica quando está puta, — grunhidos
ecoaram pela sala.

Diamond interrompeu. — Vamos dar uma suavizada no bloqueio


para todos, com exceção de Ma e Princesa. Elas devem ficar aqui
dentro, a menos que sejam escoltadas por um irmão.

— Ela vai ficar puta, — G.T. disse, esfregando o rosto.

— Sim. Mas ela é uma boa mulher. Ela vai fazer o que é certo, —
Diamond olhou para mim. — Ela é sua garota?

— Sim, senhor, — eu disse sem perder uma batida. Mas G.T.


tinha mais coisas a dizer.

— Ela não é sua garota, porra! — G.T. pulou do seu assento e


acabou derrubando sua cadeira no processo.

Me levantei e encarei fixamente o seu olhar, a fúria se


derramando do seu corpo. Eu nunca quis tanto bater em um irmão
quanto nesse momento. Eu queria lhe dar uma verdadeira surra. —
Cale a maldita boca!

~ 68 ~
— Parem, agora! — a voz dura de Diamond fez com os dois
voltassem a se sentar. — Então... você mantém ela aqui. Se ela sair,
você se certifica que alguém vai com ela. Ela é sua responsabilidade, —
ele sorriu e o resto da sala riu. Droga, eu sabia que ia ter muito
trabalho, e com certeza não precisava de nenhuma zoeira dos meus
irmãos.

— Ela não vai deixar você chegar a dois metros dela. Boa sorte
com isso! — a irritação se derramou dos meus poros, mas eu sabia que
não ia ajudar em nada reagir agora. E eu sabia que ia ter muito
trabalho. G.T. provavelmente estava certo, mas eu não ia deixar isso me
impedir.

Ma bateu na porta da igreja, gritando em pânico. — Pops, venha


aqui agora! Princesa!

Pulando do meu assento, corri até o clube para ver a cena na


minha frente. Princesa bateu com um taco de bilhar na cara de uma
mulher loira, acertou seu nariz com força e sangue voou para todos os
lados quando ela gritou. Danny, um membro da facção de Clayton,
estava pronto para atacar Princesa quando minha voz estalou. —
Danny, pare!

Danny olhou para mim. — Você vai deixar essa vadia bater na
minha old lady?

Estreitando os olhos, eu trovejei. — Essa vadia é a minha old


lady. Deve haver uma maldita razão para ela querer arrancar a cabeça
da sua garota, — me aproximando dela, eu disse, — Princesa, você está
bem?

— Eu estou bem, porra. E eu não sou a sua maldita old lady, —


sua voz era fria e desapegada, algo que eu realmente não gostei.

— Danny, se afaste! — Pops gritou. — Princesa, o que está


acontecendo aqui? — sua voz se acalmou ao falar com ela, a gentileza
de um pai assumindo.

— Você se lembra daquela coisa de dois anos na prisão, — ela


disse sarcasticamente, agarrando o taco com tanta força que eu pensei
que a madeira iria ceder. — Bem, essa puta aqui... é parte da gangue de
Babs. Ela foi parte disso.

— Merda, — foi uma palavra ouvida coletivamente na sala.

— Irmão, sugiro que você tire ela daqui se quiser ela inteira, —
Pops estalou para Danny.

~ 69 ~
— Ah, Pops, — o sarcasmo de Princesa voltou. — Acho que essa
vadia precisa de uma lição antes de ir.

— Não aqui. Não sob esse teto, — Pops rosnou quando Princesa
se virou para ele, suas mãos fechadas em punhos. Balançando a
cabeça, ela se afastou deles e jogou o taco no chão, mas a fúria
emanava do seu corpo.

— Irmão, ela não está mais saindo com elas. Babs é parte da
gangue de Rabbit.

Merda. Droga, Danny, você podia ter mantido a maldita boca


fechada.

Princesa parou no meio do caminho e se virou para parar ao meu


lado, não chegando até Pops. — O quê? — ela perguntou, cobrindo a
boca como se não quisesse dizer as palavras em voz alta.

— Mindy não é mais parte da gangue de Babs. Babs é a old lady


de Rabbit.

— Você só pode estar brincando comigo, — Princesa rosou


baixinho e caminhou até Pops. — Foi ele quem atirou em Ma. Eu sou a
razão disso ter acontecido, — porra, essa garota era esperta e rápida
demais para o seu próprio bem. E droga, isso fazia o meu pau ficar duro
como aço.

Pops colocou as mãos nos ombros dela. — Princesa, o clube vai


cuidar disso.

Pela rigidez do corpo de Princesa, eu sabia que ela queria discutir,


mas tudo que ela fez foi acenar e ir embora. Ela não parou para olhar
para mim. Ela passou por mim o mais rápido que pôde, indo na direção
do corredor. Merda.

~ 70 ~
Seis
HARLOW
Merda. Merda. Merda. Que merda eu estava pensando ao ir até a
sala principal? Não apenas aquela vadia da Mandy estava lá, mas o
maldito Cruz também. Por que diabos ele tinha essa força magnética
que me puxava, fazendo com que fosse tão difícil resistir?

Eu não podia ficar com ele. Isso apenas se tornaria a mesma


merda que eu já tinha visto acontecer um milhão de vezes por aqui. Um
irmão começa a ver uma mulher, transa com ela um milhão de vezes,
cansa dela e então a repassa para os irmãos. Eu não vou ser essa
garota. Eu posso ter aberto as pernas, mas não para esses caras... pelo
menos, até Cruz aparecer. Que merda eu estava pensando?

Eu sabia... eu estava com tesão. Pura e simplesmente. Por que ele


tinha que ser... bem, Cruz? Poder emanava dele, me prendia, me
sufocava. Eu jurava que aquele homem ferrava com os circuitos do meu
cérebro apenas com o seu cheiro. E só de ficar no mesmo espaço que
ele, meu corpo tremia de desejo. Isso nunca tinha acontecido com os
irmãos, nunca. Tinha que ser por causa dos meus dois anos na seca.

Se eu não estivesse nesse maldito bloqueio, ia dar o fora daqui e


apagar minhas memórias de Cruz... ao menos eu ia tentar.

Porra. Abri a porta do quarto de Pops e encontrei Casey sentada


na cama. — Onde diabos você estava? — eu lati. Ela não olhou para
mim, apenas torceu as mãos.

— Eu dormi em um dos quartos no porão, — Casey se virou para


mim. — Então após uma noite você é uma old lady. Que diabos
aconteceu?

Sentei na cama e explanei, — Eu não sou... — corri os dedos pelo


meu longo cabelo escuro e balancei a cabeça. O último dia tinha sido
uma montanha-russa. Eu sabia que voltar para essa vida faria as
coisas interessantes; eu só não sabia o quanto.

~ 71 ~
— Achei que você não transava com os irmãos, — ela disse,
continuando a torcer as mãos no colo.

— Eu sei. Só que ele é tão esmagador e eu não pude dizer não, eu


não queria dizer não.

— Isso é algo do tipo ―eu precisava de um pau‖ ou é para valer? —


ela me perguntou, brincando.

— Para mim... é apenas sexo. Ele diz que é para valer, mas ele é
um irmão. Eu não sou idiota. Enfim, mesmo que eu achasse que fosse
para valer, isso não ia funcionar. Eu estaria fodida.

Saber que se eu o deixasse eu estaria fora, fora do clube, fora da


vida, era outra razão pela qual ele me assustava pra caralho. Não
importava que eu fosse a filha do VP ou a irmão de membro. Uma vez
que eu fosse uma old lady, meu status junto ao clube mudaria para
sempre, e não havia nada que eu pudesse fazer sobre isso. Regras do
clube. Essa foi a minha família pela vida toda. Eu não estava pronta
para desistir.

— Eu acho que Cruz é uma boa opção para você, — sua voz foi
baixa, mas séria.

Eu olhei para ela como se tivessem nascido três cabeças, não


reconhecendo a mulher ao meu lado. De todas as pessoas, nunca
pensei que essas palavras viriam dela. Nós sempre falamos sobre as
mulheres do clube e como cada uma tinha o seu lugar. E uma desses
lugares era para as vadias do clube. Essas mulheres passavam de
irmão para irmão como buceta livre, e por alguma razão, elas amavam
isso. Era o único papel que nós juramos jamais assumir.

E mais recentemente, havia razões que Casey, e mais ninguém,


sabia. Razões que eu trancava lá no fundo e elas ficariam lá naquele
maldito lugar.

— O quê?

— Cruz é um bom homem na maior parte, — ela disse, sorrindo.


Nós sabíamos muito bem que nenhum desses homens eram anjos,
longe disso. — Ele é ótimo com o filho. Aquela vadia é um pé no saco,
pelo que eu ouvi, mas além disso, ele não vem com um monte de
drama, — ela se virou para me encarar. — E ele consegue segurar você,
— ela sorriu e eu retribuí, balançando a cabeça.

~ 72 ~
— Eu não posso. Eu não vou ser uma vadia por aqui, uma que os
irmãos pensam que podem passar entre eles. Eu não posso. Eu não
vou.

Casey vacilou. — Ninguém está dizendo isso.

— Por que diabos você de repente está bem com a ideia de eu


estar transando com um dos irmãos? Foi você mesma que sentou lá e
me fez fazer um pacto de que nós nunca faríamos isso. Até mesmo
cortou seu dedo para aquela merda de juramento de sangue.

Ela riu alto e som foi bonito. — Sim. Eu fiz isso. Nós também
tínhamos treze anos. As coisas mudam, — ela disse, soprando uma
baforada de ar.

Respirando fundo, encarei Casey. Ela era minha melhor amiga há


muito tempo. Se eu pudesse falar com alguém sobre isso, seria ela. —
Há algo lá. Eu já vi mais caras entrando e saindo desse maldito lugar do
que posso contar. Nenhum fez o que Cruz fez. Ele desperta algo dentro
de mim, algo que eu nunca senti antes. Mas foi apenas uma noite, e vai
ser a última.

— Você não tem que apressar essa merda.

Uma batida na porta me tirou dos meus pensamentos. Abrindo a


porta, fiquei surpresa ao ver Diamond parado ali. — Sim?

— Preciso de um minuto, — seus braços estavam cruzados sobre


o peito e poder irradiava dele.

— Deixa que eu vou, — Casey sabia o protocolo, e eu dei um


passo para o lado para deixá-la sair. Sempre que o Presidente queria
conversar, todos sabíamos que precisávamos sair imediatamente.

— O que está acontecendo? — eu perguntei tentando parecer


calma, mas por dentro meus nervos estavam em chamas com essa
visita inesperada.

Diamond me encarou intensamente. — Nós vamos suavizar o


bloqueio, exceto para você e Ma. Vocês duas não vão sair do clube. Se
você precisar ir a algum lugar, leve um irmão. Sem discussões... —
minha raiva começou a ferver. Tudo isso era culpa de Babs e foda-se se
eu não queria matar aquela puta. Mas apertei os lábios e ele continuou.
— Eu sei que você está irritada, Princesa, mas essa é a decisão do
clube. Isso é o melhor para o clube. Você quer o melhor para nós, certo?

~ 73 ~
Baixei a cabeça. — Claro, — em todos os meus anos nesse clube
eu sempre quis deixar os irmãos orgulhosos, e agora não seria a
exceção, mesmo que eu odiasse isso.

— Olhe, Princesa, nós temos acordos com Rabbit e a sua gangue.


Precisamos ter isso em mente enquanto lidamos com a situação.

Engoli meu orgulho e disse, — Eu entendo.

— Ótimo.

— Preciso ir ao Studio X verificar as coisas por lá.

— Então leve um irmão com você... e a sua arma, — ele disse


quando saiu do quarto sem olhar para trás.

***

Cruz seguiu ao meu lado o caminho todo até o X. Depois de


discutir sobre quem iria me acompanhar, Cruz ganhou a competição
quando Diamond se intrometeu e, de novo, mandou ele ir. Eu não
estava feliz, mas as coisas eram como eram. Ma disse que ia cuidar de
Cooper, assim eu tinha certeza que ele ia virar um pestinha mimado.

Quando chegamos no X, eu estava feliz de ver o prédio


exatamente como o deixei a dois anos atrás. As janelas pretas à prova
de balas estavam refletindo a luz do sol. Um grande X pairava acima da
porta, mas como ainda estava fechado, as luzes vermelhas estavam
apagadas. Estacionei minha moto perto da entrada dos fundos e Cruz
me seguiu de perto. Eu mantive a guarda alta, mas não vi nada.

Entrando, o lugar estava totalmente quieto. As paredes negras


tinham cortinas vermelhas que vinham penduradas ao redor do salão.
Havia um grande bar em uma ponta e o palco com os poles na outra. As
mesas e cadeiras pretas estavam exatamente onde deveriam estar, me
enchendo de orgulho. Eu comecei esse lugar para ajudar o clube a lidar
com dinheiro limpo, mas ele trazia muito lucro.

— Harlow? — Liv falou do escritório e veio correndo na minha


direção, sorrindo. — Oh, meu Deus! — ela gritou. Liv esteve
administrando esse lugar para mim esse tempo todo, e pelo jeito das
coisas, ela estava indo muito bem.

~ 74 ~
Seus braços vieram ao meu redor. — Oi, garota. Como estão indo
as coisas?

Ela se afastou. — Ótimas. Nós triplicamos nossos lucros e eu


trouxe cinco garotas novas. Você vai amar elas; são muito gostosas, —
ela olhou Cruz de cima a baixo, e sua respiração ofegante me disse que
ela gostou da avaliação. — Oi, Cruz, — ela deu a ele um sorriso sedutor,
e maldita seja se isso não me irritou. Não que eu tivesse algum direito
de ficar irritada.

— Vocês dois se conhecem? — eu não queria saber a resposta,


mas eu amava me punir, e se eu não podia estar com ele, talvez fosse
bom jogar sal na ferida.

Liv se aproximou dele e passou as mãos pelo seu peito. Tomou


cada grama de força do meu corpo ficar parada no lugar. — Cruz e eu...
— suas palavras foram interrompidas por Cruz.

— Eu fodi ela algumas vezes, — sua voz era completamente sem


remorso.

Eu não queria dar a ele a satisfação de um som escapar dos meus


lábios, mesmo que meu estômago tenha caído aos meus pés e o ar
tenha saído dos meus pulmões. Eu não queria me sentir desse jeito,
mas saber que ele transou com Liv me fez querer arrancar os olhos dela
fora. Merda. Ele não é seu, Harlow.

— Espere um minuto. Eu estou perdendo alguma coisa? — Liv se


virou para mim, questionando.

Olhei para Cruz e me virei de novo para Liv. — Nah, estamos bem.

Cruz chegou e enrolou os braços na minha cintura enquanto eu


tentei afastá-lo. — Ela é minha old lady. Ela não quer assumir isso
ainda, então eu estou assumindo por ela.

Os olhos de Liv se arregalaram. — Achei que você não namorava


os irmãos? E você só esteve fora pelo que... um dia?

— Não, eu não sou a old lady dele. E sim, um dia. Vamos voltar
aos negócios. Me deixe ver os documentos de perdas e lucros e os
arquivos das novas garotas, — eu disse, indo para longe do aperto de
Cruz enquanto ele ria.

Depois de ver a papelada e dar uma olhada nas garotas quando


elas chegaram, nós voltamos para o clube. Eu não queria ficar a noite
toda, e Cruz precisava voltar para Cooper.

~ 75 ~
O clube estava em total silêncio, mas depois da noite passada isso
era compreensível. Os caras estavam bebendo no bar, e Ma estava
brincando com Cooper na mesa de colorir. Algumas mulheres estavam
sentadas nos sofás, mas não disseram uma palavra. Vadias do clube.
Revirei os olhos e as ignorei.

— Aí está ela! — Dagger gritou, correndo até mim e passando os


braços ao meu redor.

— Aqui estou eu... o que foi? — eu andei até ele se respirei o


cheiro de bebida e cigarros, seu odor familiar.

— As coisas ficaram mais interessantes com a sua volta, baby, —


suas palavras me fizeram rir.

— Sim. Tenho certeza que você tem muita coisa acontecendo sem
a minha interferência.

Zed chegou e beijou a minha bochecha. — Princesa, essa é a


maior diversão que eu tive em um tempo.

— O quê? Me ver dar uma surra naquela mulher? — eu disse


revirando os olhos.

Eles riram. — Algo assim.

Cruz se meteu. — Tirem as malditas mãos dela, — eu não me


mexi. Ele não tinha direitos sobre mim, e precisava aprender isso
rapidamente.

— Cara, se acalme, porra. Nós conhecemos ela desde que era


criança.

Parte de mim estava um pouco feliz com esse lado macho alfa de
Cruz. Eu realmente nunca tive isso antes com um homem. Esses
malditos sentimentos. Eu. Não. Quero. Ele.

— Pin... esa! — Cooper gritou do outro lado da sala. Meus olhos


sorriram para o garotinho correndo na minha direção e pulando nos
meus braços.

— Você se divertiu com Ma? — eu perguntei, tirando o cabelo do


seu rosto.

— Sim. Ganhou biscoitos, — eu comecei a fazer cócegas na sua


barriga e ele riu incontrolavelmente.

~ 76 ~
— Onde estão os meus? — ele apontou para a sua barriguinha.
Levantei o seu pequeno corpo e comecei a fingir que estava comendo a
sua barriga, fazendo barulhos estranhos, o que o fez rir mais e mais.

Olhei para Cruz e ele tinha um olhar misterioso no rosto. — O


quê? — eu perguntei.

Ele acendeu um cigarro e balançou a cabeça. — Apenas achei


incrível que a mulher que me enfrenta de igual para igual pode de
repente se transformar no que eu acabei de ver.

— E o que é isso?

— Uma mãe carinhosa e atenciosa, — suas palavras me fizeram


congelar, tornando difícil respirar. Eu lentamente entreguei Cooper para
Ma, não estando pronta para ouvir a merda que saía da sua boca e
querendo me livrar da plateia da sala.

— Eu vou me deitar um pouco, — me virando, não parei quando


meu nome foi chamado uma e outra vez. Em vez disso, me tranquei no
quarto de Pops. Caindo no meu colchonete no chão, acomodei a cabeça
no travesseiro improvisado enquanto minha mente corria para tentar
domar o tornado de pensamentos me bombardeando.

Mãe. Sério, porra? Eu conhecia esse homem há um dia, e ele já


estava falando sobre eu ser a mãe do seu filho? Eu não sabia
absolutamente merda nenhuma sobre crianças. Nunca pensei em ter
uma. Por que essa maldita ideia me empolgou? Por que estar com Cruz
me inflamava?

Emoções, eu as odiava. Elas sempre me tornaram em uma


completa idiota, e era exatamente por isso que eu tinha sempre ficado
longe de qualquer tipo de relacionamento. Deixava a minha cabeça
pesada e maluca. Eu preferia entrar na minha casca dura não sentir
nada.

Uma batida forte na porta me fez tapar a cabeça com as cobertas,


tentando escapar de tudo e de todos, mas a persistência da pessoa
acabou me fazendo ceder. Abri a porta e o oxigênio deixou o meu corpo
quando vi Cruz na minha frente. Sua camiseta preta justa o vestia
perfeitamente, mostrando cada curva dos seus músculos. Seu cabelo
estava na natural forma despenteada, e seus olhos estavam queimando
de luxúria.

Meu pulso acelerou quando o sangue começou a correr mais


rápido pelo meu corpo. Meu coração estava prestes a explodir no peito e

~ 77 ~
o ar ao nosso redor ficou elétrico. Me lembrei da noite passa e da
intensidade que emanava do seu corpo. Eu sabia que precisava de
Cruz. Droga.

O sorriso sexy no seu rosto me disse que ele sabia exatamente o


que eu estava pensando. Eu me recompus. — O que você quer? — meu
tom trouxe de volta um pouco da minha atitude. Quando G.T. nos
encontrou juntos, eu não sei o que aconteceu comigo. Eu sabia que
tinha parecido uma criança rabugenta, mas, de certa forma, eu era. Eu
estava envergonhada de mim mesma e não gostei da sensação. Muitas
memórias que eu queria manter trancadas começaram a correr pela
minha cabeça, e eu precisava me afastar dele. Hora de tomar minha
merda de volta.

— Fale, — foi a única palavra que ele disse, me confundindo.


Levantei uma sobrancelha e cruzei os braços sobre o peito.

— Sobre? — eu voltei com todo o meu desafio.

— Pare com essa merda. Que diabos aconteceu essa manhã? —


sua voz sexy me varreu, me lembrando das palavras que ele grunhiu no
meu ouvido durante a noite, quando pensou que eu estava dormindo.
Só essa voz já era capaz de fazer uma mulher arrancar a sua calcinha,
tão feroz, tão profunda e sexy.

— Não tenho nada para dizer. Isso foi um erro, — normalmente os


homens ficavam felizes com uma transa de uma noite e me deixavam
em paz. Mas não Cruz, por alguma maldita razão.

— Não foi um erro, porra. Você não pensou assim quando meu
pau estava entrando e saindo dessa buceta apertada.

Fiquei molhada com as suas palavras. Eu não podia evitar ficar


quente como o inferno quando ele falava assim. Fazia com que cada
parte de mim formigasse de um jeito que nenhum homem jamais tinha
conseguido.

— Eu não sou uma daquelas mulheres no sofá. Não posso ser, —


eu endureci minha voz, não deixando a vulnerabilidade passar. Eu já
tinha tido dado muito disso para ele essa manhã.

— Eu não sei porque diabos você fica repetindo essa merda. Mas
você precisa lidar com isso e superar. Agora. Você quer que eu te trate
como uma puta? Posso arranjar isso. Mas eu não quero. Essa é a
maldita diferença.

~ 78 ~
— O que acontece quando você se cansar? Eu conheço as regras.
Eu vou ser banida. Essa é a única vida que eu conheço, — maldito seja
esse homem se ele não trazia à tona todas as minhas fraquezas quando
eu tentava escondê-las. Família. Eu não queria perder a minha família.

— Primeiro, eu não vou me cansar. Segundo, se algum desses


homens tocar em você, eu vou acabar com eles, — ele deu um passo
para frente e fechou a porta. O quarto ficou instantaneamente
eletrificado com uma corrente tão forte que eu estava sendo puxada
para baixo. — Terceiro, eu não disse que você era a minha vadia. Eu
disse que você era a minha garota, a minha mulher, minha old lady.
Fim de discussão, — ele me agarrou pelos ombros e me puxou contra o
seu corpo. Eu não queria resistir. Meu corpo estava no meio de um
furacão e minha cabeça girou.

— Você nem me conhece.

Olhei em seus olhos azuis e eles me aqueceram, meu interior


derreteu. Droga. — Vamos para o que eu conheço. Você é forte; você me
enfrenta de igual para igual, algo que nenhuma outra mulher jamais
tentaria fazer, você tem bolas de ferro e sabe cuidar de si mesma. E
você é boa com o meu filho, que já está gostando de você. Rápido. Sim.
Mas é assim como eu vivo a vida. Eu vejo. Eu pego. Eu estou pegando
você.

Incerteza correu por mim, mas meu corpo estava desejando o


toque desse homem, os seus lábios mágicos me enviado sobre a borda.
Tudo ao meu redor girou fora de controle. Por que diabos isso estava
acontecendo? Eu sempre fui tão segura de mim, e um dia com esse
homem, eu estava questionando tudo.

Foda-se.

Agarrando a camiseta de Cruz, eu o puxei com força contra os


meus lábios e tomei o que queria dele, e ele me deu, me punindo em
retorno. — Fico feliz que você veja as coisas do meu jeito, — ele
murmurou, antes de cobrir a minha bunda e me levantar. Enrolei as
pernas ao redor do seu corpo e minhas costas bateram contra a porra.
Nossos lábios e bocas atacaram um ao outro em um frenesi de desejo.

Tudo aconteceu tão rápido que, antes que eu pudesse processar


ele tirou as minhas calças; Cruz estava encapado e com as bolas
enterradas em mim. Seu corpo martelava no meu tão duro e rápido que
eu esqueci onde estava e... quem eu era. Meu corpo se tornou uma
grande terminação nervosa de sensações prestes a implodir.

~ 79 ~
O nome de Cruz escapou dos meus lábios quando ele ofegou meu
nome, deu mais duas batidas e lentamente parou quando gozamos
juntos. Nossas respirações eram inacreditavelmente ásperas, e eu
descansei a cabeça no seu ombro, tentando me recompor.

Balancei a cabeça com a realização do que tinha acabado de


acontecer. Se mais nada, seu pau estava se tornando uma droga, e eu
queria mais. Felizmente, ele provou valer o risco.

***

DOIS DIAS DEPOIS

Abri bem as pernas e me ajustei na minha posição. Fazia muito


tempo que eu tinha feito isso, praticado. Eu era realmente muito boa
em acertar aquele maldito alvo uma e outra vez.

Levantei os braços, cobri minha garota com as mãos e amei sentir


o seu peso. Quando puxei o gatilho uma e outra vez, o som familiar de
cada tiro me fez sorrir. Mantive os olhos no alvo e continuei atirando.

Quando empurrei o botão que trouxe para perto o alvo de papel,


fiquei estática ao ver que acertei minha marca repetidamente. Eu ainda
estava no jogo.

— Ótimo resultado, — a voz suave de Cruz veio detrás de mim.


Me virando, sorri e encarei seus lindos olhos azuis. Esses dois últimos
dias tinham sido um vendaval. Eu não estava apenas tentando
aprender todas as mudanças que tinham ocorrido desde que eu fui
presa, mas também estava aprendendo sobre esse homem forte atrás de
mim. E maldito seja ele se não jogou a minha toda em uma espiral – se
isso era bom ou ruim, era outro debate.

— Olhe, — eu puxei o alvo de papel para baixo e o entreguei para


ele, então coloquei outro.

— Você o matou, isso é certo.

— Ela...

— Quê? — Cruz me olhou como se eu tivesse ganhado outra


cabeça.

~ 80 ~
— Você disse que eu matei ele... quando, na verdade, eu matei
ela.

— Babs? — eu assenti, apertando o botão e enviando o meu alvo


de volta para sua posição ao longe.

— Fogo! — eu gritei segundo antes de começar a atirar no alvo


outra vez, pensando em Babs sangrando no chão, engasgando com a
sua última respiração. Isso só me motivou mais e eu continuei atirando,
pus outro pente de balas na arma e recomecei outra vez, sem parar até
que o papel estava mal pendurado no gancho.

Coloquei minha arma no coldre e me virei para ver Cruz me


encarando. — O que foi?

— Eu sei que os irmãos te ensinaram a atirar, mas droga, baby,


— ele chegou mais perto de mim e suas mãos correram pelos meus
cabelos, puxando, seus olhos nos meus. — Isso foi muito quente.

Seus lábios escovaram os meus daquele jeito sexy que era a sua
marca registrada, e meu corpo reagiu na hora. Durante os últimos dias,
meu corpo sempre se acendia com Cruz, o querendo mais do que
imaginei ser possível. Não que eu diria isso a ele, mas meu corpo não
mentia.

Alguém limpando a garganta interrompeu nosso beijo profundo e


nos viramos para ver Rocky parado na porta do galpão.

— E aí, cara? — Cruz perguntou e passou um braço sobre os


meus ombros.

— Eu vim atirar, — a voz de Rocky era tão baixa que eu senti


como se precisasse levantar as orelhas para ouvir melhor. Mas havia
algo na sua voz. Algo sobre ela. Algo familiar, mas não conseguia
identificar o que era.

— Você acabou? — Cruz perguntou, olhando para mim enquanto


eu sorria e acenava. — Todo seu, cara.

— Obrigado... — Cruz bateu no ombro de Rocky e nós fomos para


a saúda. Quando ele passou por mim, meu corpo ficou em alerta, com
sirenes vermelhas piscando. Alguma coisa. Eu não sabia o que era, mas
alguma nele estava me inquietando, e não de uma boa maneira.

Me virei e o encarei. Seu cabelo longo, barba e corpo esguio não


era de ninguém que eu já tivesse visto antes. Procurando no meu

~ 81 ~
cérebro, tentei me lembrar, mas tudo era branco. Quando saímos do
galpão, Cruz deve ter sentido algo. — O que foi?

Eu não era do tipo tímida, então disse, — Rocky. Ele já estava


aqui antes de eu ser presa?

— Não, por quê?

— Eu não sei. Tenho a impressão de já ter visto ele antes.

— Como onde? — ele perguntou, parecendo interessado.

— Não sei. Pode ser apenas coisa da minha cabeça.

— Até onde eu sei, ele nunca esteve perto do clube. Mas vou
verificar, — Cruz me puxou para perto. — Vamos dar uma volta.

Eu sorri para ele, acenando a cabeça.

***

Estar na parte de trás da moto de Cruz era uma experiência


totalmente emocionante. Eu sempre amei andar de moto, mas algo
sobre as minhas coxas pressionadas contra o corpo duro desse homem
fez esse o melhor passeio de todos. Seu cheiro de couro e testosterona
combinavam com o rugido da moto e fazia meu corpo pulsar, latejar e
arder. Pressionei minha buceta o mais perto possível da bunda dele e
comecei a me esfregar lentamente, tentando me dar um pouco de
fricção junto com a vibração da moto.

A mão de Cruz apertou minha coxa, como se ele soubesse o que


eu estava fazendo, antes de voltar para o acelerador. Quando ele
aumentou a velocidade, eu tive fricção o suficiente para fazer meu corpo
tremer. Não era um orgasmo devastador de maneira alguma, mas foi
bom e diminui brevemente a dor.

Quando minhas mãos soltaram o aperto firme que parecia que


tinha sobre o abdômen de Cruz, seu corpo começou a se mover como se
ele estivesse rindo. Com meu corpo muito relaxado, eu apenas me
segurei, desfrutando do meu primeiro passeio com ele.

Cruz estacionou a moto em uma pequena lanchonete chamada


Sam’s, logo na saída de Sumner. Eu senti falta desse lugar enquanto
estava presa. O cheiro de gordura e batata frita entrou pelo meu nariz e

~ 82 ~
meu estômago tomou conhecimento e rosnou. Eles tinham os melhores
hambúrgueres e batatas fritas, e eu não podia esperar para afundar os
dentes neles.

Depois de descer da sua moto, Cruz envolveu meu corpo com os


seus braços e me puxou para ele. — Você me deve, — ele sussurrou nos
meus lábios.

— O quê? — eu disse; minha respiração mal deixava o meu corpo.

Ele balançou a cabeça lentamente. — Você acabou de gozar e não


me deixou ver. Não. Vai. Acontecer. De novo, — seus lábios colidiram
com os meus e eu me perdi em tudo que Cruz era. Me assustava como
esse homem parecia ter algum tipo de feitiço que hipnotizava o meu
corpo instantaneamente.

Me afastando, — Eu talvez deixe você ver da próxima vez, — eu


sorri dando um tapinha no seu peito largo antes de me virar para a
porta.

Não demorou mais que um minuto para Cruz ser notado na


lanchonete. Vários caras vieram falar com ele, apertando a sua mão e
dando aquele típico abraço masculino. Ele não me apresentou, o que
significava que ele não queria que ninguém soubesse quem eu era, ou
que eu era insignificante. Esperava que não fosse a última opção.

Em vez de Cruz se sentar no banco de frente para mim, ele se


sentou ao meu lado, me empurrando contra a parede com todo o seu
corpo grande. — Você sabe que pode sentar do outro lado, né? — eu
disse, balançando para ganhar espaço.

— Então eu não poderia fazer isso... — Cruz se inclinou para


baixo e deu o mais doce e suave beijo nos meus lábios, fazendo o meu
interior se agitar.

— O que vocês vão querer? — ouvi a voz da garçonete, mas não


pude me tirar do choque com a gentileza que acabei de testemunhar.
Esse homem rude, que me mostrou um lado duro e exigente dele, tinha
também um inacreditável lado suave, quem diria.

Um aperto firme na minha mão enviou uma onda de dor pelo meu
braço e me fez acordar. — O quê?

Cruz riu. — O que você quer comer, baby?

Merda. Balançando a cabeça, sorri para a garçonete, mas


imediatamente isso se desfez. Seus olhos estavam totalmente focados

~ 83 ~
em Cruz, enviando uma onda de fogo pelo meu corpo. Como se sentindo
isso, a mão de Cruz veio embaixo do meu queixo, me puxando na
direção do seu rosto. Meus olhos se encontraram com os dele no
momento em que ele colocou outro beijo em meus lábios.

— Peça o que você quer, — ele piscou.

Sem olhar de novo para ela, fiz o meu pedido, então Cruz também
pediu e a mandou embora. — Você não gosta que ela olhe para mim,
baby?

Eu não dei a ele a satisfação de uma resposta porque nem eu me


entendia completamente. — Então, você esteve nos Fuzileiros Navais?

Seu corpo endureceu. — Sim.

— Você não gosta de falar sobre isso? — perguntei quando a


garçonete colocou nossas bebidas na mesa e eu peguei a minha.

— Nah...

Eu sabia melhor do que ninguém como era não querer falar sobre
as merdas da nossa vida. Então, mudei de assunto. — Por que você se
juntou ao Ravage?

Um sorriso levantou o canto da sua boca. — Eu percebi que aqui


é o lugar onde eu pertenço. Essa é a minha família.

Sua resposta foi totalmente diplomática e não me deu muito para


seguir a conversa, mas lá no fundo eu entendia. A irmandade não era
algo sobre a qual a maioria dos homens falava. Mesmo que eu tenha
crescido aqui e conhecesse essa vida, ele se manteve distante.

— Você tem uma família fora do Ravage?

— Não, minha mãe morreu quando eu terminei de servir. Ela era


tudo que eu tinha.

— Você não conheceu o seu pai? — eu me arrependi


instantaneamente da pergunta quando ouvi sua voz.

— Ele me deixou quando eu era novo. Se apaixonou por outra


mulher. Isso acabou com a minha mãe. Não foi nada bonito.

Meu interior se agitou por esse homem. Eu não podia imaginar


Pops me deixando algum dia, me abandonando. Ele me ensinou tanto
nesses anos. Segurei sua mão e apertei quando seus olhos encontraram
os meus. Quando tentei soltá-lo, ele me segurou mais forte, e eu

~ 84 ~
comecei a relaxar. Ele começou a traçar distraidamente círculos com o
polegar, enviando choques pelo meu corpo a cada movimento. — Eu
sinto muito.

— Não sinta. Esse é quem eu sou, mas chega de falar de mim. E


você? — eu não sabia o que dizer. Nesses dois últimos anos, tudo que
eu fiz foi sobreviver. O que responder à essa pergunta? Ele deve ter
sentido a minha apreensão. — Vamos lá.

— Essa sempre foi a minha vida. Estar em volta do clube e dos


irmãos é tudo que eu realmente sei. Eles me ensinaram a ser quem eu
sou.

— Deve ter sido estranho crescer perto de todos esses caras.

— Não. Na verdade, não. Eles eram todos irmãos do Pops e me


tratavam muito bem. Eu sempre os respeitei, e eles a mim, — não ia
dizer que eles não tentaram transar comigo quando fiquei mais velha,
resolvi deixar essa parte de fora.

— Você já pensou em ir embora daqui?

Sua pergunta me pegou de surpresa, mas eu respondi


imediatamente. — Não. Essa é a minha casa. Você quer me falar sobre
Mel? — eu perguntei sem querer realmente saber, mas pensando que
eu deveria.

— Não. Ela é inconsequente, — havia perguntas ali, mas eu podia


dizer que o assunto tinha sido encerrado. — Você quer me falar sobre o
seu tempo lá dentro?

Não, eu não queria, mas falei mesmo assim. — Chato. A mesma


merda em dias diferentes. Eu fiquei na minha o máximo possível. Meu
único objetivo era sair de lá viva.

— Compreensível. Ouvi que você tinha o seu próprio espaço.

— Sim. Pops e Diamond conseguiram arranjar isso, e eu devo


muito a eles, — eu devia. Eu sabia disso. É por isso que quando eles me
pediram para cuidar de algumas coisas para eles eu nem hesitei.

Ele não respondeu. Quando olhei ao redor da lanchonete, todos


os olhos estavam em nós. Era a mesma coisa quando eu saía com Pops
e G.T. O patch do Ravage tinha muito significado e era muito bem visto
por aqui, para não mencionar a curiosidade que despertava. Eles todos
provavelmente queriam saber tudo sobre a vida de Cruz. Esse

~ 85 ~
pensamento me fez rir baixinho, porque ninguém iria perguntar... não
que eles fossem ter uma resposta, de qualquer maneira.

Quando nossa comida chegou e nós engatamos uma conversa


leve, eu me senti feliz, algo que não sentia há muito tempo.

***

De dormir em um colchão que parecia uma tábua na prisão a


estar enrolada nos braços de Cruz em uma cama macia era uma grande
mudança. Eu tinha que admitir que os seus braços estavam começando
a se tornar um dos meus lugares favoritos. A prisão era tão dura, e
Cruz era uma... vida tão colorida e brilhante.

— Você vai me dizer o seu verdadeiro nome? — eu perguntei a ele,


passando os dedos para cima e para baixo no seu abdômen definido.

— Cruz, — ele respondeu deitado, com um braço cobrindo os


olhos.

— Ok, Cruz o quê?

Levantando o braço, ele olhou para mim. — Donavan Cruz, mas


ninguém me chama assim os policiais. Eu amo montar, então Cruz se
encaixa bem.

— Donavan, hm? Vou começar a te chamar assim.

— Porra, nem pense nisso. É Cruz. Ponto final. Entendeu? — eu


assenti, escondendo o meu sorriso. Como eu cresci no clube, nunca
chamei nenhum dos irmãos pelo seu nome real. Meu irmão G.T. era
chamado assim desde bebê. Ninguém jamais usava o seu verdadeiro
nome, exceto quando eu estava realmente irritada. Eu posso ter falado
seu nome algumas vezes só para irritar ele também. É o mesmo com o
meu nome. Ninguém me chama de Harlow por aqui, embora eu ache
que seja um nome muito foda. É sempre Princesa.

— Entendi. E que tal idiota? Posso te chamar assim? — eu sorri,


olhando em seus olhos azuis que me engoliam todas as vezes; minha
cabeça descansou no seu peito.

— Baby, você pode me chamar da porra que você quiser, — eu


sorri e escalei seu corpo para lhe dar um beijo nos lábios.

~ 86 ~
Bocejando, eu murmurei, — Estou exausta.

Me curvei ao lado de Cruz enquanto ele começou a esfregar


distraidamente círculos no meu ombro até eu cair no sono.

***

Não... eu não quero... isso dói. Eu queria choramingar, mas sabia


que não devia. Não ia ajudar o que estava prestes a acontecer. “Cale a
boca. Você quer isso, sua putinha suja”. Ele me empurrou de barriga para
baixo na cama dura enquanto meus braços tentavam me manter de pé;
ele me empurrou com mais força, sua barriga redonda de cerveja
empurrando a parte baixa das minhas costas. “Eu sei que você precisa
do que eu tenho. Deite aí e aceite... ou lute. Eu não dou a mínima para o
que você escolher”. Tudo em mim queria lutar, queria dar uma surra
nesse babaca, mas eu sabia que não podia. Eu sabia que precisava do
que ele tinha para mim. Eu tinha que fazer isso pelos irmãos. Quando ele
empurrou dentro de mim, me rasgando, eu estremeci pela dor, mordendo
o lábio com tanta força que senti gosto de sangue. Ele nunca era gentil,
mas sempre trazia lubrificante. Acho que era mais para ele do que para
mim. “Sua putinha de merda. Fazendo isso pelo papai, hm?”. Sempre que
ele vinha até mim, ele dizia essas mesmas palavras fodidas. E a parte
triste é que elas eram verdade. Meu corpo estava em chamas e piorava
cada vez que ele empurrava; ele ia me rasgar mais e mais... eu não podia
respirar... eu estava sufocando...

— Princesa! — meu nome sendo chamado começou a me acordar.


Quando me virei para voz, Cruz estava sentado na cama, pairando
sobre mim, como se ele estivesse trabalhando duramente em algo. —
Você está bem?

Eu esfreguei os olhos, tentando me acordar. — Sim. Por quê?

Ele passou as mãos pelo meu rosto. Podia sentir o suor


deslizando sobre os seus dedos. Porra. O sonho. Tudo voltou de uma
vez só, mas de jeito nenhum eu ia contar para Cruz sobre ele. De jeito
nenhum no inferno. — Sério. Eu estou bem.

— Você estava murmurando e se debatendo. Não parecia nada.

— Sério. Eu estou bem. Só preciso dormir, — eu não sabia como,


mas por pura sorte ele me soltou e me envolveu em seus braços, dando
um beijo na minha cabeça. — Apenas estou cansada.

~ 87 ~
— Você vai me contar essa merda, — sua voz era firme e absoluta,
mas eu não ia contar a ele. Jamais.

***

— Cooper! — eu chamei, procurando o garotinho. Uma coisa que


eu podia admitir é que esse menino aquecia o meu coração de maneiras
que eu nunca pensei que fossem possíveis. Quanto mais tempo eu
passava com ele, mas eu queria passar tempo com ele.

— Pincesa! — eu ouvi antes de ver ele tropeçando pelo corredor,


Ma o seguindo logo atrás.

— Oi, garotão, — o peguei no colo e o apertei em meus braços. —


Você está pronto para sair?

— Sim! — ele pulou nos meus braços animado.

— Ei, Ma, ele está pronto para ir? — quando eu precisava ir ao X,


Ma cuidava de Cooper quando Cruz não podia e, ultimamente, isso tem
sido bem frequente, por causa dos negócios do clube e tudo mais. Ma
tem ajudado muito. Eu admito, me tornar cuidadora de uma criança de
uma hora para outra tem sido um desafio. Mas se tratando dessa
criança, eu realmente não me importava.

— Sim. Tenho que voltar para a loja, — seu sorriso brilhante


apareceu quando ela saiu pelas portas do clube.

— Obrigada... — apertando Cooper, nós saímos para o pátio para


aproveitar o dia. Os caras tinham construído todo esse parquinho que
fariam muitos outros se envergonharem. Ele tinha escorregadores,
balanços, trepa-trepas, uma pequena casa na árvore, gangorras, parede
de escalada, balanço de pneu e muito mais. Também tinha uma grande
caixa de areia com vários carrinhos e motos de brinquedo, claro. Esse
era o lugar favorito de Cooper e eu não podia culpá-lo; era o sonho de
toda a criança.

— Pincesa, vem me pegar! — Cooper gritou e começou a correr.


Ele amava brincar de pega-pega, e eu descobri que eu amava também.
Amava quando eu o pegava, o jogava no ar e podia ouvir a sua risada
linda.

~ 88 ~
Cooper sair correndo ao redor do parquinho. — Merda! — meu pé
prendeu em um dos carrinhos que eu não vi que estava no caminho e
caí duro no chão, acertando a minha perna com um baque. Ondas de
dor subiram pela minha perna rapidamente quando o sangue começou
a escorrer. O short que eu estava usando não oferecia nenhuma
proteção, mas eu podia lidar com a dor. Era o sangue que eu ia ter que
limpar e ter certeza que o corte estava ok.

— Pincesa! — Cooper gritou e começou a chorar histericamente


ao ver a minha perna.

Envolvi rapidamente meus braços ao redor dele e comecei a


balançar seu pequeno corpo para trás e para frente, sua cabeça
enterrada em meu peito. — Eu estou bem, garotão. É só um pouco de
sangue. Nada grande...

— Dói... massucado, — ele disse através dos soluços abafados na


minha camiseta enquanto eu esfregava as suas costas.

— Só um pequeno massucado, está tudo bem, — eu esfreguei


suas costas gentilmente e beijei sua cabeça. Me surpreendi por ter feito
isso, mas então logo depois sorri.

Passos de alguém usando botas vieram correndo em nossa


direção e eu levantei o olhar para ver Rocky. Eu ainda ficava inquieta
com a sua presença, mas desde que tinha falado com Cruz isso
diminuiu um pouco. — Fique aí, — foi tudo que ele disse quando olhou
para a minha perna e saiu correndo. Quando ele voltou, trazia um kit
de primeiros socorros, e começou a cuidar de mim sem dizer uma
palavra.

— Eu preciso de pontos? — eu perguntei com Cooper ainda


agarrado em mim.

— Nah... — ele procurou no kit por um líquido especial; essa


coisa era como supercola e queimava pra caralho. Quando ele
continuou trabalhando na minha perna, Cooper se acalmou o bastante
para começar a olhar o que ele estava fazendo. Ele até sorriu quando
Rocky colocou um Band-Aid do Super-Homem no meu corte.

— Agora eu pareço você, — provoquei Cooper, que riu. —


Obrigada, Rocky, — eu sorri para ele. Ele estava provando, cada vez que
chegava perto, que a minha reação inicial sobre ele estava errada.

Em vez de responder, ele grunhiu e foi embora. Ele era um


homem de poucas palavras. Era meio estranho, mas eu na verdade

~ 89 ~
gostava disso, de um jeito meio distorcido. Quero dizer, inferno, um
cara que não dá a mínima para você? Por que não gostar, certo?

***

DUAS SEMANAS DEPOIS

— Mais forte! — eu gritei, sentindo a maravilhosa mistura de dor


e prazer de Cruz batendo fundo dentro de mim. Ma estava cuidando de
Cooper por hoje e nós estávamos aproveitando cada segundo do nosso
tempo sozinhos. Os caras iam sair para uma corrida amanhã e iam
ficar fora por alguns dias. Ia ser nossa primeira vez longe um do outro
desde que nos conhecemos.

A nossa necessidade pelo outro estava ficando cada vez mais


incontrolável; eu nunca tinha o bastante dele. Mais do que isso, nós
também conversávamos mais. Fomos de não saber absolutamente nada
um do outro, exceto nossas mentes cheias de desejo, para aprender
muito no curso de suas semanas.

Ele nunca mencionava os negócios do clube, e eu respeitava isso.


Não precisava saber nada, de qualquer forma, uma vez que tudo estava
calmo, nem Rabitt ou Babs tinham feito qualquer movimento, me
permitindo relaxar um pouco. Os irmãos não me tiraram do bloqueio,
no entanto. Isso estava começando a me incomodar. Havia apenas um
número de vezes que uma garota podia ir até o campo de tiro ou malhar
antes de começar a ficar louca.

Cruz começou a bombear em mim com tudo que ele tinha. Ele me
pegou, me virou de barriga para baixo, empurrou meus joelhos e bateu
fundo dentro de mim, me dando um orgasmo poderoso. Um grito
escapou dos meus lábios. Cruz ficou imóvel atrás de mim enquanto ele
próprio tinha a sua libertação. Nós ainda estávamos usando camisinha.
Eu tinha tomado uma injeção anticoncepcional, mas ainda faltava uma
semana antes dela ser completamente efetiva. Os dois fizeram exames
e, graças a Deus, estávamos limpos.

Nós caímos na cama, ofegantes.

— Merda.

~ 90 ~
— Sim... merda, Cruz.

— Quando eu estiver fora, você não vai a lugar nenhum sem


Buzz, Breaker, Rocky ou Tug. Me entendeu?

— Sim, entendi, — meu coração se derreteu por esse homem, e eu


sabia que estava na merda. Me apaixonar por um irmão nunca esteve
nos meus planos, mas isso estava acontecendo e eu não podia fazer
nada para impedir. Eu não tinha certeza se queria.

— Você sabe que transar com outras mulheres por aí não vai dar
certo para mim, — minha mente correu para a relação de Flash e
Dagger; eles conseguiam lidar com essa merda; de jeito nenhum eu
conseguiria. Então me lembrei dos pais de Cruz... eu não ia aguentar.
Eu podia lidar com armas, drogas, assassinato... mas meu coração não
era tão forte. Eu sabia disso. Também aprendi ao longo dos anos que
muitos irmãos tinham suas vadias de estrada, mulheres que cuidavam
das suas necessidades quando eles estavam em uma corrida. A maioria
das corridas eram consistentes, mas às vezes acontecia deles terem
uma vadia de estrada em outra cidade. Eu não podia lidar com isso. Se
eu não era mulher o bastante para o meu homem, ele não precisava ser
meu.

Cruz se deitou de lado, apoiando a cabeça na sua mão. — É


mesmo?

— Olhe, Cruz, eu sei como isso funciona. Eu já vi isso. Eu já vi as


mulheres ao redor quando as old ladies não estão por perto. Eu não sou
idiota. Eu só não vi isso acontecer com os meu pais. Não posso fazer
isso. Não sou uma mulher que aguenta ver meu homem com outra
pessoa. Se esse for o caso, então precisamos acabar aqui. Eu não posso
lidar com isso.

Cruz tirou o cabelo do meu rosto, — Eu também não, — ele de


inclinou e me beijou suavemente.

***

Os caras tinham saído há dois dias e nós estávamos esperando


que eles voltassem amanhã à noite. Coop e eu estivemos nos curtindo,
mas não tenho visto muito Casey. Tenho que dizer que isso é bastante
chocante, considerando que mal nos vimos desde que eu saí. Ela

~ 91 ~
continua dando desculpas sobre o que está fazendo. É legal ter ela por
perto, mas alguma coisa está errada.

Viver no clube não era difícil. Coop e eu nos adaptamos a uma


ótima rotina, com Ma cuidando dele enquanto eu ia ao X um pouco
todos os dias. Eu ouvi Cruz e sempre levava um prospecto comigo
quando deixava o clube, que tinha recebido rígidas instruções de que
eles vão te ajudar com o que você precisar.

— Princesa, chegou algo para você, — um dos gêmeos gritou do


outro lado da porta.

Pegando o envelope grande, eu agradeci e fechei e tranquei a


porta do quarto de Cruz. Eu tenho ficado aqui desde a primeira noite.
Cooper estava brincando no chão com alguns brinquedos que Tug
conseguiu trazer para ele, totalmente perdido e feliz no seu mundo.

Quando abri o envelope, comecei a olhar e ler todos os papeis que


havia dentro. Estive esperando isso chegar desde que eu saí, mas não
deve ter sido possível me mandar até agora. Dentro tinha informações
sobre Babs, onde ela vivia, trabalhava, seu histórico familiar, números
do seguro social, certidões de nascimento, sua gangue e fotos recentes
dela e Rabbit andando pela cidade. Também havia uma descrição
detalhada de como ela passou a última semana, desde a hora que ela
dormiu a cada passo que ela deu durante o dia.

Enquanto estava lá dentro, fiz alguns amigos, e eles tinham olhos


e ouvidos em todos os lugares. Embora tenha dado a Diamond a minha
palavra de que não me envolveria nos assuntos do clube, tinha meus
assuntos pessoais com Babs para resolver.

Meu celular tocou, me fazendo pular. Vi que era Liv e atendi


imediatamente. — O que foi?

— Venha para cá, agora. Tem uns caras quebrando todo o lugar.
As garotas estão trancadas no quarto dos fundos, e eu estou no
escritório, — a voz de Liv veio apressada pela linha. Comecei a guardar
todos os documentos de volta no envelope e o joguei em uma gaveta,
fechando rapidamente.

Ouvindo tiros ao fundo, peguei Coop no colo e corri até o quarto


de Ma. — Estou a caminho. Eles disseram o que querem?

Bati na porta de Ma e gritei, — Ma, cuide de Coop, eu preciso ir


ao X.

Ela abriu a porta e assentiu.

~ 92 ~
Comecei a correr pelo corredor. — Eles não disseram nada. Só
perguntaram se você estava aqui e, quando eu disse que não, eles
começaram a quebrar tudo.

— Merda. Fique trancada onde você está. Vou chegar logo aí, —
entrei no quarto de Cruz, peguei minha arma e a coloquei no coldre nas
minhas costas, junto com as duas menores que levava nas botas.
Correndo pelo clube, gritei para os gêmeos e Tug se apressarem. Eu
tinha que ir. Rocky tinha saído para encontrar a sua mulher, que eu
não sabia que ele tinha.

Eles não discutiram, apenas me seguiram até as motos. — O que


diabos está acontecendo? — Tug perguntou.

— X. Eles estão sob ataque e as minhas garotas estão em perigo.

— Merda, — Tug mandou uma mensagem de texto rápida; estava


assumindo que era para os irmãos, enquanto corríamos para o X.

Desviando no tráfego com as nossas motos, chegamos lá em dez


minutos. Não havia policiais à vista, mas era apenas questão de tempo.
Estacionamos as motos e fomos para a entrada de trás do X. — Fique
atrás de nós, Princesa, — um dos gêmeos disse.

Eu não tinha tempo para essa merda. — Não me tratem como se


eu fosse uma maldita criança. Vamos lá! — eu lati, abrindo a porta do
lado. Quando nenhum tiro foi disparado, coloquei a cabeça lentamente
para dentro e acenei para eles passarem. Apontei para o gêmeo um ir
para a esquerda e o gêmeo dois ir para a direita, então para Tug vir
atrás de mim.

Tiros começaram a chover de todos os lugares e, pelo som, nós


estávamos indo direto para a linha de fogo. — Fique abaixado e só atire
quando tiver a mira limpa, — sussurrei para Tug. Ele assentiu. Com
nossas armas à nossa frente, começamos a contornar a esquina,
ficando fora da sua linha de visão. Três homens usando coletes verde e
preto estavam atirando nos espelhos, destruindo a sala. Todas as
garrafas de bebida tinham sido quebradas, espalhando álcool por tudo.

Levantei a arma e tinha a mira perfeita no Imbecil Um. Olhei para


Tug, que estava com a arma apontada para um deles também. Nós
acenamos um para o outro e atiramos ao mesmo tempo, acertando
nossos alvos. O Imbecil Três veio correndo na direção da porta, nos
bloqueando, atirando sem parar. Eu atirei de volta, mas mantive os
tiros baixos porque não o queria morto ainda.

~ 93 ~
Ele gemeu e grunhiu quando as balas o atingiram, enviando uma
onda de euforia por mim. Nenhuma droga poderia dar um barato desses
a uma pessoa, nada tão bom quanto montar, mas ainda assim
maravilhoso. Espreitando no canto, Imbecil Três estava grunhindo, sua
arma a um metro de distância do seu alcance. Andando lentamente até
ele, Tug foi até a arma e a jogou para mais longe.

Eu fui até o babaca sangrando por todo o meu lindo carpete; que
bom que ele também era vermelho sangue. O chutei no estômago, —
Quem enviou você aqui? — eu lati, apontando a arma para a sua
cabeça.

— Sua puta estúpda! — eu o chutei outra vez. O babaca precisava


aprender o que era respeito, o que ele obviamente não conhecia, ao
entrar atirando no meu estabelecimento.

— Tug, dê uma olhada ao redor — Tug se retirou imediatamente.

— Ouça, filho da puta. Você me queria. Agora você me tem. O que


diabos você quer aqui? — eu lati, agarrando minha arma.

— O chefe disse que é para você ficar longe de Babs, ou isso vai
acontecer de novo.

Eu ri. Tudo voltava para aquela vadia estúpida, e ainda assim ela
não tinha coragem de mostrar a cara.

— Isso é por causa daquela puta? — eu acertei sua cabeça com o


cabo da arma, fazendo sangue espirrar.

— Puta! — ele gritou, segurando a cabeça.

— Me diga porque ela acha que eu estou atrás dela.

— Vá se foder.

Tug voltou para a sala. — Tudo limpo.

— Leve as garotas para fora.

— O prazer é meu, — ele se virou e foi na direção dos fundos do


lugar.

— De novo. Me diga porque ela acha que eu estou atrás dela, —


cada palavra foi enfatizada com um chute. Esse filho da puta
obviamente pensava que era uma coisinha fraca. Eu precisava lhe
mostrar como ele estava errado.

— Vá se foder, — ele rosnou, tentando rolar para o lado.

~ 94 ~
— Não, eu não quero foder, mas obrigada pela oferta, — eu sorri,
apontando a arma para a sua cabeça. — Não preciso de você vivo, não
dou a mínima se você vive ou morre. Essa escolha é sua, — a absoluta
calma na minha voz era estranha até para mim, mas eu usei isso
muitas vezes na vida.

— Ela colocou você na cadeira... não quer que os irmãos vão atrás
dela.

— Não é com os irmãos que ela precisa se preocupar, não é


mesmo? Você acha que vir aqui e quebrar todo esse maldito lugar vai
fazer ela cair nas nossas graças? — eu parei, olhando para Liv quando
ela entrou. — Liv, se certifique que as garotas não venham aqui. Leve
elas para fora.

Ela correu na direção que eu indiquei. — Agora. O que fazer com


você? Nós já matamos dois dos seus homens. Então talvez eu deixe você
viver para entregar uma mensagem, — levantei a arma e atirei uma vez
em cada perna. Seus gritos me fizeram sorrir.

— Você gostaria disso? Viver? — ele balançou a cabeça como o


maricas que era. — Ok, aqui está a mensagem. Diga a Babs que eu amo
ela.

Ele parecia chocado. — O quê?

— Você ouviu, — parando, eu olhei para Tug do outro lado da


sala. — Você talvez queira olhar para o outro lado, — eu sorri
presunçosamente, mas ele não se virou.

— Coloque seu pau para fora, — eu ordenei ao babaca.

— Não, puta, — ele rosnou para mim.

Bati nele com o cabo da minha arma de novo, dessa vez no nariz,
e mais sangue voou. Eu ordenei, — Faça isso. E se você me chamar de
puta outra vez, eu vou explodir o seu maldito pau. — Sem deixar de
olhar para o imbecil, senti Tug parar ao meu lado. — Tug, como você
não está olhando para o outro lado, venha ficar apontando a arma para
ele. — Ele obedeceu. — Prenda as mãos dele com isso, — entreguei a
Tug um pedaço da cortina que tinha sido rasgada e estava caída no
chão.

Com minha arma na mão direita, lentamente consegui puxar o


pau do babaca para fora. — Agora, você quer o seu pau ou as suas
bolas?

~ 95 ~
— O... quê? — ele estava visivelmente tremendo com a pergunta.

— Você quer usar o seu pau ou as suas bolas? — quando ele não
respondeu, tomei a decisão por ele. Envolvi uma mão ao redor das suas
bolas e puxei com toda a minha força, sentindo os ligamentos e a carne
se rompendo. Quando ele gritou, puxei com mais força. Ouvi um
pequeno gemido de Tug, mas ele não parou de olhar. Recondicionando
minha mão em torno das suas bolas para segurar melhor, puxei mais
uma vez com bastante força, me certificando que ele só usasse esses
meninos novamente depois de muitas cirurgias. Eu não precisava que
ele se reproduzisse.

— Você se lembra da mensagem? — eu perguntei inocentemente,


como se não tivesse acabado de arrancar as bolas do homem.

Quando ele não respondeu, agarrei seu pau, e medo brilhou nos
seus olhos. — Si... sim.

— Qual é? — minhas palavras eram doces como mel.

— Dizer a Babs que você ama ela, — ele gaguejou.

— Bom. Tug, tire ele daqui. Leve ele para bem longe, — Tug
assentiu, pegou o seu telefone e fez os acertos. — Onde estão os
gêmeos?

— Cuidando das garotas... ei, Princesa? — ele perguntou.

— Sim, — eu disse olhando ao redor do buraco que o Studio X


tinha acabado de se tornar.

— Me lembre de nunca irritar você, — eu me virei, sorrindo para


ele, sem responder.

Os gêmeos moveram os corpos rapidamente, os levaram para


longe daqui. E quando os policiais chegaram, havia somente a bagunça
e toda a destruição para lidar. Eu disse a eles que alguém tinha
invadido e destruído o lugar, atirando em tudo. Na hora em que eu
cheguei aqui, eles já tinham ido embora.

Os policiais não fizeram perguntas. Nós conhecíamos o xerife há


anos, e ele mantinha os nossos negócios... bem, nossos.

Liv apareceu, visivelmente abalada. — Garota, você está bem?

— Vou ficar, — ela respondeu enquanto seus olhos estudavam o


lugar, registrando toda a destruição.

~ 96 ~
— Vou perguntar a Cruz se os prospectos podem ajudar a limpar
essa bagunça, e as garotas vão ajudar. Nós vamos arrumar tudo e
voltar a funcionar em breve, — eu a abracei, esfregando suas costas. —
Vamos precisar fechar por alguns dias, — ela assentiu.

— Princesa, telefone, — Tug entregou seu telefone para mim. —


Cruz.

Eu imaginei o que vinha e disse com todo o meu charme, — Oi,


baby. Como está a viagem?

— Não, que porra aconteceu aí? — depois de explicar em detalhes


o que tinha acontecido, ele não estava muito feliz comigo. — Tire o seu
rabo daí e volte para o clube agora, — ele gritou alto o bastante para
que eu tivesse que afastar o celular do meu ouvido.

— Nós temos que terminar as coisas por aqui.

— Não. Agora.

Tentei engolir minha frustração, mas estava difícil. — Eu estou


bem. Todos estão bem.

— Você não está bem. Você atirou em dois caras e arrancou as


bolas de um terceiro. Isso para não mencionar que o Studio foi
destruído. Como eu disse, leve o seu rabo para o clube, agora. Eu estou
a caminho. Chego aí em duas horas.

Soltando um suspiro profundo, eu disse, — Estou saindo agora.

— Ótimo. Se tranque na porra do meu quarto com o meu garoto e


não saia dali.

Revirando os olhos, respondi, — Ok.

Esperei ele desligar.

— Vamos embora, — eu disse para Tug, entreguei o telefone para


ele e então virei para os gêmeos. — Você dois levem Liv para casa, por
favor, e tranquem todo esse lugar.

~ 97 ~
~ 98 ~
Sete
CRUZ
Nós tivemos uma corrida perfeita, sem problemas ou
complicações... exceto pela minha garota. Droga. Eu não vi a mensagem
de Tug até que paramos para abastecer, e depois disso eu dirigi como
um morcego saindo do inferno. Ouvir Tug narrar toda a cena fez a porra
do meu sangue ferver. Não apenas havia alguém atrás de Princesa, ela
decidiu cuidar do assunto com as próprias mãos. As duas horas na
estrada não fizeram nada para me acalmar. Depois de estacionar no
clube, minha primeira parada era Tug.

— Mas que porra aconteceu? — eu explodi, cruzando os braços


sobre o peito, tentando me impedir de ir direto para o pescoço do filho
da puta. Ele nunca deveria ter deixado ela sair.

— A sua garota deu uma surra pra valer nele, — ele respondeu,
imitando a minha posição.

— Por que diabos você deixou ela ir?

Ele riu. — Você conhece a sua garota? A gente não ia conseguir


fazer ela mudar de ideia, mas fizemos o nosso melhor para estar lá e
protegê-la.

— Porra, — esfreguei as mãos no rosto. Essa era uma situação


fodida. Assentindo em entendimento, andei para o clube.

— Ei, Cruz! — Buzz me chamou do bar.

— O quê? — eu disse sem parar de caminhar, porque não queria


ouvir merda de ninguém.

— Você está sério com essa garota? — suas palavras me fizeram


parar. Me virei para encarar Buzz, minha raiva se derramando.

— Por que você quer saber, porra? — eu disse, estreitando os


olhos pra ele.

~ 99 ~
Algo brilhou nos seus olhos, mas ele não recuou. — Porque eu vi
o que ela pode fazer. Ela é incrível.

— Ela é minha. Fique longe dela, — ele levantou as mais e eu dei


um passo para trás.

— Entendi.

— Não esqueça isso, porra! — caminhando na direção do meu


quarto, não pude evitar o pequeno sorriso que se formou nos meus
lábios. Princesa não tinha apenas a adoração de todos os membros
antigos, agora os prospectos também estavam encantados por elas.
Droga.

Virando a maçaneta, vi que a porta estava trancada. Meu coração


se aqueceu porque ela realmente me escutou e fez o que eu disse.
Destranquei a porta e pude ver ela endurecer do lugar onde estava no
chão brincando de Lego com Cooper. — Papai! — Cooper correu para os
meus braços e eu me ajoelhei para pegá-lo no meio do caminho.

— Ei, garoto. Como você está? — perguntei, beijando o topo da


sua cabeça.

— Pincesa bincando com bocos, — ele deu um sorriso enorme, e


eu podia dizer que ele também estava encantando por ela.

— Ela está brincando de blocos com você, hm? — ele balançou a


cabeça.

— E Ma me deu biscoitos!

— Parece uma delícia. Você vai ficar com Ma um minuto, ok? Eu


tenho que falar com a Princesa.

Depois de deixar ele com Ma, eu encontrei Princesa deitada de


costas na cama, um braço cobrindo seus olhos. — Eu sei que você está
aí e está puto. Eu tinha que ir proteger as minhas garotas. Eu faria isso
de novo sem hesitar, — ela disse, olhando para o teto.

Bati a porta e tranquei. Fui até o fim da cama e parei entre as


suas coxas abertas. Deitei em cima dela e tirei o braço, batendo meus
lábios nos dela, precisando sentir ela, provar ela e saber que ela estava
viva comigo.

Princesa se fundiu a mim enquanto eu tomava o que queria dela.


Não desperdicei um segundo, arranquei sua camisa pela cabeça,
beijando, lambendo e mordiscando o seu pescoço e a curva dos seus

~ 100 ~
seios lindos. Arranquei seu sutiã, eu precisava devorar ela. Puxei seus
mamilos com os dentes, dei pequenas mordidas e chupei com força.

Quando sua respiração ficou presa e seus gemidos ficaram mais


alto, meu pau ficou dolorosamente duro e eu precisava estar dentro da
sua buceta apertada. Dando beijos no caminho até o seu jeans, os
arranquei rapidamente do seu corpo. O pedaço de nada que ela usava
como roupa de baixo rasgou facilmente nas minhas mãos.

Olhei para a linda mulher embaixo de mim, eu queria saborear


ela inteira. Fui descendo e beijando seu corpo até minha boca se
prender ao seu clitóris e chupar duro. Ela explodiu na minha boca,
cobrindo a minha língua com a sua doçura. Antes que ela se
recuperasse totalmente, me enterrei dentro dela e bombeei com tudo
que eu tinha.

— Camisinha, — ela engasgou entre cada batida.

— Não. Você é minha. Essa buceta é minha, — ela não discutiu;


em vez disso, revirou os olhou para trás e suas costas se arquearam.
Enquanto meu pau deslizava no seu calor molhado, levou tudo que eu
tinha para não gozar. Gritando, ela chamou o meu nome uma e outra
vez. Eu não mostrei compaixão, muito pelo contrário, empurrei ainda
mais duro.

Quando ela gozou pela terceira vez, soltei minha liberação dentro
do seu corpo. Cada parte do meu corpo tremia enquanto eu a sentia no
fundo da minha alma. Caindo sobre ela, lentamente rolei para o lado, a
levando comigo.

— Então, você está muito puto, hm? — ela perguntou, sorrindo,


tentando recuperar o fôlego.

— Melhor agora.

— Ótimo, — ela me apertou com força. Eu senti falta da presença


dela, merda; estive fora por apenas dois dias.

Odiava ter que quebrar o momento. — Diamond quer ver você.

— Merda. Eu juro que não comecei isso, — sua voz estava cheia
de preocupação.

— Ele apenas quer saber o que aconteceu e o que foi dito. Ele
quer essa merda resolvida.

~ 101 ~
Assentindo, ela rolou para fora da cama e me deu uma
maravilhosa visão da sua bunda, o que me deixou duro outra vez. Mas
não tínhamos tempo, Diamond estava esperando.

Caminhando até a sede do clube, Princesa foi na frente. Ela


levantou o queixo em cumprimento para os caras sentados no bar.
Dagger foi até ela. — Você está bem?

— Claro, — ela deu de ombros.

— Que bom, eu não quero essa bunda linda levando um tiro, —


eu tentei conter um rosnado, mas não consegui. Isso apenas fez Dagger
rir. Quando Princesa veio detrás dele e segurou a minha mão,
entrelaçando nossos dedos, não pude evitar um sorriso presunçoso.

— Princesa. Venha aqui! — Diamond chamou do seu escritório. —


Você também, Cruz.

Princesa me levou pela mão até o escritório. Não vou mentir,


fiquei excitado que ela estava nos assumindo para o clube. Finalmente.

— Sente, — Princesa e eu sentamos um ao lado do outro no sofá


enquanto Diamond sentou na cadeira atrás da sua mesa.

— Então, que tempestade de merda essa em que você se meteu,


garota.

— Diamond, eu não comecei isso... — Princesa começou,


balançando a cabeça e apertando a minha mão. Eu retribuí.

— Eu sei. Nós temos que descobrir que porra está acontecendo.


Comece do início, — enquanto Princesa revivia a cena, ela soltou a
minha mão. Ouvir cada detalhe do que aconteceu e do que ela disse me
deixou com a impressão de que alguma coisa não encaixava na situação
toda.

— Por que a mensagem dizia que você amava ela? — Diamond a


encarou.

— Prometi a você que não ia começar merda nenhuma. Imaginei


que esse era um jeito de dizer o eu queria sem mentir, — ela deu de
ombros como se isso não fosse nada demais. Mas eu sabia que era. Ela
seguiu as ordens de Diamond e isso me só fez o meu orgulho dela
aumentar.

— Você não entrou em contato com ela?

— Não, senhor.

~ 102 ~
— Então por que ela está atrás de você?

— Não tenho certeza. Para se prevenir? Ela sabe que eu a quero;


isso não é segredo. — Diamond me olhou e disse secretamente que ele
concordava comigo. Algo não estava certo. — Eu fiz uma coisa... —
Princesa soltou um suspiro profundo. — Eu não entrei em contato com
ela, mas estive vigiando seus passos.

— Como? — Diamond perguntou, unindo seus dedos e colocando-


os sobre a mesa.

Princesa puxou um envelope pardo de dentro da sua jaqueta de


couro. — Uma amiga de dentro da prisão, Deara, conseguiu isso para
mim. — Diamond abriu o envelope, analisando o conteúdo de dentro,
que ele olhava e passava para mim. — Eu acabei de receber isso e não
fiz nada com todos esses documentos e fotos ainda.

— Essa amiga, como diabos ela conseguiu isso? — eu perguntei,


me perguntando a profundidade de toda essa merda.

— Ela é parte dos Lambalinis.

— Você se meteu com eles? — meu temperamento estourou. Eu


não a queria envolvida com esses imbecis de maneira alguma. Eles
podiam cortar a sua garganta sem pensar duas vezes sobre isso.

— Está tudo bem. Eu ajudei Deara lá dentro; ela estava me


devendo. Esse é o meu pagamento. Não tenho que dar nada em troca.

— Você tem certeza? — Diamond perguntou desconfiado.

— Sim. Ela até disse que faria o que eu precisasse para pegar
essa vadia. E eu acredito nela.

— Eu vou confiar em você.

Ela sorriu. — Sim, senhor. Qual o plano com Babs?

— Negócios do clube, — Diamond respondeu.

— Com todo o respeito, essa vadia mandou aqueles homens


destruírem o meu negócio. Isso é do meu interesse, também.

Diamond olhou para ela, seus olhos inexpressivos. — Você sabe o


que precisa saber.

— O que você quer que eu faça? — ela perguntou timidamente


quando recuou do olhar de Diamond. Eu sabia que estava lhe matando
não poder fazer parte dessa merda.

~ 103 ~
— Nesse momento, limpe o Studio e cuide das garotas. Deixe que
nós vamos lidar com a gangue de Rabbit, e isso inclui Babs.

— Quando a hora chegar, eu posso ficar com Babs?

— Ela vai pagar por colocar você lá dentro, — quando ele não lhe
deu uma resposta definitiva, ela suspirou em derrota.

A dor foi aberta de repente. Todos os olhos se viraram para Ma. —


Venha aqui fora. Mel está aqui e veio buscar Cooper.

— Ah, mas nem pensar! — Princesa disse, pulando de pé mais


rápido que eu e Diamond. Fomos até a sala principal do clube, e Mel
estava lá parada com a mão no quadril, olhando para Princesa quando
ela se aproximou. — Que porra você está fazendo aqui? — a voz de
Princesa era fria como gelo.

— Eu quero o meu garoto, — Mel disse, a ignorando e olhando


para mim, o que foi um movimento errado. Princesa parou na frente
dela, as duas cara a cara.

— Você quer ele. Vai ter que passar por mim primeiro, — ela
rosnou.

— Você não vai ficar com o meu filho, sua puta, — Mel não viu
chegando o soco que o punho fechado de Princesa acertou no seu
queixo, fazendo seu rosto apertar em agonia. — Sua vadia! — Mel
começou a se lançar contra Princesa, mas eu sabia que essa merda
tinha que acabar.

— Chega! — eu gritei e Princesa estremeceu, mas ela se controlou


e parou do meu lado. Eu cruzei os braços sobre o peito, tentando conter
a raiva correndo por mim e a vontade de apertar o pescoço dessa puta
outra vez. — Mel, você precisa ir embora. Cooper não vai a lugar
nenhum. Os advogados já entregaram os papeis e você não é
propriedade do clube.

O rosto de Mel caiu, ficando branco como papel. — Que papeis?

— De guarda. Você vai receber eles amanhã e eu quero que você


assine. Do contrário, vou dar para a polícia todas as fotos e documentos
que eu tenho que comprovam que você é usuária de drogas, assim como
todos os hematomas que encontrei no meu garoto.

Princesa agarrou meu braço com força, — Ela bateu nele... — ela
sussurrou. Colocando as mãos nela, dei um aperto gentil. Os olhos de
Mel se arregalaram.

~ 104 ~
— Se você acha que essa puta é uma mãe melhor do que eu, você
está redondamente enganado.

— Se você chamar ela de puta outra vez, vou sair da porra do


caminho e deixar que ela cuide de você. Vá embora. Assine os malditos
papeis ou vá para a cadeira... você decide, — eu podia ver nos seus
olhos que Mel queria brigar. Ela se virou e saiu pela porta. Quando a
porta se fechou, Princesa soltou o meu braço e foi para o corredor sem
dizer uma palavra.

— Cruz, aqui, agora, — a voz de Pops veio de trás de mim e


apontou para a igreja.

Segui Pops e Diamond até a mesa, eles fecharam a porta atrás de


nós e se sentaram nos seus respectivos lugares. — Você está sério com
a minha filha ou é algo de momento?

Eu estava na verdade surpreso que Pops demorou tanto para


perguntar isso. — Sério.

— Então ela é a sua old lady?

— Sim.

— Ela concorda com isso? — ele perguntou, sorrindo.

— Estou trabalhando nisso, — Pops e Diamond riram alto, o que


me fez rir também. — Pops, ela é durona, mas eu não vou desistir.

— Ótimo. Você tem aquela vadia, Mel, sob controle? — Diamond


perguntou.

— Os advogado preparam a papelada. Ela deve sumir para


sempre em alguns dias. E se por alguma razão isso não funcionar, eu
vou dar um jeito dela ir embora.

— Certo. A merda ficou feia, — eu olhei para Pops quando ele


falou. — Nosso pessoal de dentro disse que Babs está falando para
Rabbit um monte de merda sobre Princesa estar ameaçando-a.

— Merda, — eu gemi enquanto acendia um cigarro.

— Por isso essa porra toda. Eu pedi uma reunião, mas ele não
respondeu. Mas tem mais, — ele parou e olhou para Diamond. —
Existem boatos de outra armadilha para Princesa ser presa de novo.

Minha raiva aumentou. — Como é que é?

~ 105 ~
— E se Princesa matar ela, vai ter um prêmio de um milhão de
dólares pela sua cabeça.

— Você só pode estar brincando comigo. A buceta de Babs é tão


boa que Rabbit entrou nessa merda?

— Aparentemente, — Diamond se reclinou para trás na sua


cadeira e colocou as mãos atrás da cabeça quando olhou para mim.

— Então, qual o plano? — eu perguntei, esfregando as mãos na


cabeça.

— Vamos analisar todas as informações que Princesa conseguiu,


ver se conseguimos descobrir alguma dica sobre essa suposta armação.
Você precisa continuar a manter ela em rédea curta. O que eu sei que
vai ser fácil, — Pops riu. — Esperamos falar com Rabbit e ver se ele
ainda tem algum bom senso. E você vai encontrar aquela cadela que
veio aqui com Danny e conseguir o que puder dela.

— E ela? — eu perguntei, querendo ter certeza de que quando eu


abrisse a boca para ela não seria o meu fim.

— Ela sabe o que precisa saber por agora, — balancei a cabeça e


Diamond levantou o queixo para mim, o que queria dizer que eu estava
dispensado.

Princesa estava enrolada na minha cadeira reclinável, segurado


Cooper nos braços enquanto ele dormia. Quando ela secou as lágrimas
silenciosas, nossos olhos se encontraram. A dor que eu vi ali fez meu
coração doer. Me ajoelhei na frente deles, coloquei uma mão em Cooper
e a outra no joelho dela. — Você está bem, baby?

— Não. Eu não estou bem, — ela sussurrou.

— Fale comigo, — Princesa olhou para Cooper em seus braços,


pegou a sua mão e tirou o cabelo do seu rosto antes de dar um beijo na
sua testa.

— Ela não pode ficar com ele. Eu não vou deixar, — o tom de
Princesa foi de gentil para feroz em segundos. — Cooper é meu. Não vou
permitir que ele sofra. Eu vou matar ela antes que ela toque nele outra
vez, — um sorriso apareceu no meu rosto. — Não estou brincando,
Cruz. Eu vou acabar com ela se ela encostar nele.

— Eu sei, baby. Isso não vai acontecer. Ela em breve vai sumir
para sempre, — minha mão começou a subir e descer pela sua coxa
para acalmá-la, mas a maneira feroz como ela protegia o meu garoto só

~ 106 ~
me fez querer foder com ela bem aqui e agora. Para não mencionar que
encheu meu coração com mais amor do que pensei que fosse possível.

— Ótimo. Se ela aparecer aqui de novo, isso não vai acabar bem,
— ela apertou Cooper com força. — Eu vou segurar ele um pouco
enquanto ele dorme.

— Eu tenho coisas para fazer. Volto logo. Não saia daqui, — ela
não discutiu; apenas assentiu e puxou uma coberta sobre ela e Coop.
Achei que ela fosse bonita antes, mas ver ela com Coop me fez ver como
ela era maravilhosa.

Beijei os dois e saí, sabendo que precisava resolver as coisas.

***

Encontrar Mindy não foi difícil. Tug, Rocky e eu dirigimos rápido


até a facção de Clayton. Eu tinha o sentimento urgente de voltar logo
para Princesa e o meu garoto.

— Danny! — eu lati quando estacionamos no clube. — Vocês


ficam aqui, — como a nossa facção era a matriz, todas as sub-facções
não diziam nada quando nós apenas entrávamos no clube. — Danny! —
eu lati de novo, olhando ao redor do clube, muito parecido com o nosso.

— O que foi, irmão? — Danny perguntou do corredor.

— Preciso falar com Mindy.

— Sobre?

— Não é da sua conta. Traga ela aqui, agora, — eu disse. Ele


estava fodido se pensasse por um segundo em proteger o rabo dela.
Suspirando, ele saiu e voltou com uma Mindy muito assustada.

— Me diga o que você sabe, — eu disse cruzando os braços e


parando na frente dela com o todo o meu 1,90m. Eu sabia que a minha
presença era ameaçadora, e não dava a mínima.

— Eu... eu não sei nada, — ela gaguejou.

Me aproximei dela e Danny parou na sua frente, o que me irritou


muito. — Saia do caminho, porra, — eu disse, meu nariz tocando o
dele.

~ 107 ~
— Você não vai machucá-la, — ele exigiu, o que transformou
minha raiva em fúria.

— Saia da porra do meu caminho antes que eu coloque uma bala


na sua cabeça.

— Você vai atirar em um irmão dentro do clube? — ele perguntou,


confuso.

— Se o filho da puta me impedir de proteger a minha família,


então ele não é meu irmão, em primeiro lugar, — eu o encarei sem
piscar. Depois de alguns segundos, ele saiu do caminho e Mindy
estremeceu.

— Você vai responder as minhas perguntas e me dizer tudo que


sabe sobre Babs. Agora.

— Eu... realmente não sei nada.

— Sente e fale, — eu disse, apontando para os sofás ao nosso


lado. Eu realmente não queria machucar a cadela, mas se ela não
abrisse a boca logo, a merda ia bater no ventilador.

Mindy olhou para Danny para se tranquilizar, e quando ele


acenou com a cabeça, ela começou a falar. — Dois anos atrás, Babs
estava irritada porque a Princesa era, bem, a Princesa. Ela tinha tudo
que Babs queria. Princesa tinha o clube e todos os caras cobrindo as
suas costas. Ela era fodona coma a moto, e sabia atirar e nunca errava.
Ela também tinha poder. Princesa nunca se exibia; é apenas quem ela
era. Mas Babs não gostava. Ela queria isso, e era algo que nunca
poderia ter, — Mindy parou para pensar. — Babs queria se livrar dela
de uma vez por todas, mas acho que as coisas não aconteceram do jeito
que ela queria.

— O que você quer dizer com isso? — controlar a minha raiva


estava ficando cada vez mais difícil.

Soltando um suspiro profundo, ela disse, — Ela pensou que se ela


se livrasse de Princesa, poderia se aproximar dos caras do clube e
tomar o seu lugar. Mas quando isso não aconteceu, sua raiva só ficou
maior e a consumiu. Ela queria destruir Princesa. Ela foi estúpida de
pensar que o clube a receberia de braços abertos depois dela mandar a
sua adorada mulher para a prisão.

— Sim. Muito estúpido. Qual foi a sua participação? — a mão de


Mindy começou a tremer e ela a estendeu para Danny. Ele não nos
disse para parar; apenas apertou a mão dela.

~ 108 ~
— A única coisa que me pediram para fazer foi levar Princesa para
o Studio X. Tudo que eu fiz foi ligar para ela. Eu juro. Não tive nada a
ver com o que aconteceu depois. Eu não diria que Princesa e Babs eram
amigas, elas apenas eram conhecidas que se respeitavam. Babs fez um
pequeno trabalho no Studio X, mas eu nunca diria que elas eram
amigas.

Quando Princesa foi presa, eles queriam fazer dela um exemplo


para o resto de nós. Ela foi condenada por chantagem e por adulterar os
livros de contas do Studio X. Todos sabíamos que isso era mentira, mas
de alguma maneira aquela vadia entrou no escritório de Princesa e
trocou os livros. Ela até mesmo tinha fotos em que parecia que Princesa
estava recebendo dinheiro do nosso proeminente prefeito, Stan Mason.
Ele foi ao tribunal e mentiu descaradamente sobre Princesa o
chantagear porque ele tinha passado um tempo no Studio X. Quando
Pops foi atrás dele, ele mudou sua história. Mas o prefeito não viveu o
bastante para contar nada a ninguém. Babs fez um ótimo trabalho com
a prova que ela tinha, porque nosso advogado não achou um jeito de se
livrar disso. O foda é que nós só descobrimos isso tudo um ano depois
que Princesa foi presa. Fiquei sabendo de tudo isso através de Pops,
quando virei um prospecto do clube.

— Então, qual o negócio agora?

— O que você quer dizer? — ela perguntou, confusa.

— O que Babs está tramando?

— Eu... eu não sei. Eu fui embora depois do que aconteceu. Eu vi


o que ela podia fazer e não queria fazer parte disso, — a voz de Mindy
quebrou e despareceu.

— Então, com tudo que você sabe, ela apenas te deixou ir


embora? — alguma coisa aqui não estava certa.

— Não. Eu fiquei mais um ano. Então, quando ela se juntou com


Rabbit e sua gangue, nós meio que nos afastamos. Ela não aparecia
muito. Acho que ela conseguiu o lugar de Princesa, só que em outro
clube.

— Eu vou te dizer o que você vai fazer, — ela arregalou os olhos


quando eu a encarei fixamente. — Você vai ligar para Babs e ser bem
legal com ela. Descubra o que ela está preparando para a Princesa e
porquê.

~ 109 ~
— Não quero ter nada a ver com Babs, — ela disse, o que me
irritou. Porque diabos ela pensou que poderia se recusar estava além de
mim.

— Eu não dou a mínima. Você quer ser a old lady de Danny e


consertar essa merda? — ela assentiu. — Então você vai nos ajudar.
Quero todas as informações sobre os planos e pensamentos de Babs.
Você vai entrar.

Suas mãos começaram a tremer incontrolavelmente. — Mas ela


vai me matar.

— É um risco que estou disposto a correr, — eu disse me


inclinando para trás no sofá. — Você vai entrar lá. Descubra tudo que
puder, e depois que essa merda estiver feita, você dá o fora.

— Isso não vai ser fácil, você sabe muito bem, — Danny latiu.

Eu o cortei bruscamente. — Se eu quisesse a porra da sua


opinião aqui, eu pediria.

— Essa é uma merda fodida. Você não pediria para a old lady de
mais ninguém fazer isso, — a raiva de Danny se derramava nas suas
palavras.

— Eu moveria a porra do mundo todo para proteger a Princesa.


Mantenha esse pensamento em mente, — eu nivelei nossos olhos e
deixei que ele visse dentro do meus. Então me virei para Mindy. Exigi,
— Você tem dois dias. Entre lá e descubra alguma coisa.

— Dois dias. Como diabos ela vai descobrir algo em dois dias? —
Danny perguntou.

Estalei meus dedos e levantei do sofá. — Não faço a mínima ideia,


caralho. Deem um jeito nisso.

Saindo do clube, eu sabia que precisava descobrir como diabos


tudo isso ia funcionar.

~ 110 ~
~ 111 ~
Oito
HARLOW
Brincar com Cooper tinha sido o ponto alto do meu dia. Eu
precisava ir ao Studio X, mas esperei Cruz voltar. Só Deus sabe o que
ele tinha que fazer.

Quando a porta se abriu e Cruz entrou, ele parecia totalmente


comestível, seu cabelo uma bagunça total, como se ele tivesse passado
muito as mãos entre os fios. Seu colete de couro vinha por cima da
camiseta preta de mangas longas que ele estava usando. Seu jeans caía
baixo, e eu sabia que se ele tirasse a camiseta, eu iria ver o mais
gostoso V de todos, que me levava direto para o seu pau grosso, junto
com as muitas tatuagens deslumbrantes que marcavam o seu corpo
magnífico. Ele era de morrer. Sorrindo para ele, eu virei Coop para ele
poder ver o seu pai. — Papai! — ele gritou, correndo para os seus
braços.

— Ei, garoto, — ver Cruz segurando seu garotinho nos braços fez
meu coração se agitar. Ver ele ser um pai tão bom para Coop foi a
minha ruína. Esse era o meu homem. Eu o amava. Mesmo que tudo
fosse um turbilhão, não tinha como negar isso. Ele era meu.

— Papai, eu estou pintando.

— Estou vendo, garoto. Preciso falar com a Princesa um


pouquinho, então vamos para o seu quarto.

Eu me sentei na cadeira reclinável e esperei enquanto ele cuidava


de Coop. — O que está acontecendo?

— Coop está em bloqueio aqui. Ele não vai sair por motivo algum.
Ele vai ficar seguro, — suas palavras eram tranquilizadoras, mas eu
precisava saber o que poderia acontecer.

— E se ela não assinar os papeis?

— Ela vai, — eu não sabia porque ele achava que isso ia ser tão
fácil. Muito pelo contrário, essas últimas semanas tinham provado que

~ 112 ~
nada era fácil nesse mundo. — Eu sei que você pode se proteger, mas
até que essa merda esteja resolvida, você precisa ser extra cuidadosa.

Eu sabia que ele estava certo, mas ter restrições me lembrava da


prisão. No entanto, eu sabia que ia ouvi-lo, porque ele era o meu
homem.

***

DOIS DIAS DEPOIS

— O que você quer dizer com ―ela se foi‖, porra? — a voz áspera
de Cruz ecoou pelo clube. Sentada em um banquinho do bar com
Cooper no colo, deixei que ele brincasse com os porta-copos, alinhando-
os repetidamente, numa tentativa de distrai-lo dos gritos do seu pai.

— Ela não pode ter apenas desaparecido, Danny! — eu assumi


que ele estava falando de Mindy. Balancei a cabeça, ouvindo com um
ouvido a conversa de Cruz ao telefone, sabendo que eu não deveria, mas
não o suficiente para me impedir.

— Você sabe onde ela está, caralho. Me diga! — Cooper não


estava prestando atenção ao seu pai, ele estava muito ocupado
brincando com todos os porta-copos.

— Eu vou até aí fazer você me dizer. Você tem vinte e quatro


horas para ela aparecer. Depois, a merda vai ficar realmente séria, —
Cruz desligou o telefone e o colocou dentro do seu colete, a raiva se
derramando dele.

— O que está acontecendo? — Pops perguntou antes que eu


pudesse.

Cruz se aproximou de Pops e disse algo baixinho no seu ouvido.


Pops assentiu.

Pops se virou para mim. — Você está bem?

— Estou bem.

— Preciso que você faça algo para mim, — Pops disse, quase
nervoso, o que não era seu estilo.

~ 113 ~
— Claro, qualquer coisa.

— Preciso que você entre em contato com Deara e consiga todas


as informações recentes sobre Mindy e Babs. Você acha que consegue
isso rápido?

— Sim, tenho um contato aqui fora que pode entrar em contato


com ela. Vou ver o que posso fazer, — não pude evitar a felicidade
correndo pelo meu corpo em saber que eles confiavam em mim para
conseguir essas informações.

***

Deitada na cama, eu não conseguia dormir. Minha mente


continuava pensando em toda a merda que tive que lidar nas duas
últimas semanas e últimos dois anos. E tudo porque aquela cadela era
invejosa. Ela morria de inveja da minha vida. Tentei escapar dessa vida
e ser mais durona, como os caras, para me entrosar com eles. Ela tinha
ciúmes de uma vida em que eu tinha tentado incansavelmente não ser
chamada de Princesa, embora eu tenha me apegado a ela no final. Eu
amava essa vida. Mas não conseguia afastar a sensação de que havia
mais coisa aí. Tinha que ter.

Quem me odiaria tanto assim que trabalharia com ela e a


ajudaria a me destruir... porque eu sabia que tinha que ter mais alguém
nisso.

Pensando em dois anos e meio atrás, minha vida era simples. Eu


tinha o meu negócio, o clube, os irmãos e a minha família. Nós não
queríamos nada mais. Estávamos muito bem. Se eu queria transar,
encontrava algum idiota inocente no bar, curtia o momento e nunca
mais ligava.

Não havia ninguém com quem eu tivesse uma desavença pessoal,


pelo menos não que eu soubesse. Eu sabia que o clube tinha uma
tonelada de inimigos. Isso era um fato, mas eu não causei nenhum
problema. Apenas lidei com os problemas quando eles apareceram.

Eu tive que chutar alguns caras para fora do X porque eles


estavam sendo muito rudes com as garotas, mas nada demais. Eu não
conseguia afastar a sensação de que Babs estava trabalhando com a
alguém, porque considerando o fato de que nós duas nunca fomos
classificas como amigas aos meus olhos, tinha que haver mais coisa.

~ 114 ~
Minha mente continuou tentando encontrar algum motivo ou razão
para essa loucura, mas nada apareceu.

Cruz tinha saído para cuidar de assunto do clube há algum


tempo, deixando Coop e eu sozinhos para passar o tempo. Eu realmente
amava ficar com ele.

Esses malditos sonhos que eu continuava a ter estavam me


matando. Cada vez que eu fechava os olhos, via e sentia ele. Eu só
queria entrar sob a água escaldante e deixar que ela derretesse a pele
do meu corpo. Não queria fechar os olhos, com medo de ver outra
reprise.

Cansada, precisava de algo para distrair minha mente dessa


merda. Fui até o salão principal do clube e encontrei Rhys, Becs,
Breaker e Buzz todos sentados no bar conversando, mas eles pararam
imediatamente quando me viram. Revirando os olhos, me aproximei
lentamente, vendo duas mulheres sentadas no sofá ao longe. Era como
se elas nunca saíssem daquele maldito lugar.

— Oi, Princesa. Como você está? — Becs perguntou enquanto


tamborilava os dedos no bar. Seu cabelo vermelho fazia com que ele se
destacasse dos outros caras. Não era um vermelho vivo, mas algo
puxando para o marrom, e seus olhos eram de um verde penetrante.
Ele era um homem muito atraente. Seu nariz mostrava que ele esteve
em algumas brigas e não foi colocado no lugar do jeito certo, porque
havia um grande caroço no centro, mas para mim isso mostrava o seu
caráter. Ele sempre agiu como se fosse um segundo irmão para mim ao
longo dos anos.

— Estou presa aqui, — eu disse, deslizando em um dos


banquinhos. — Posso ter uma dose de uísque, por favor? — perguntei a
um dos B.Boys, que era como eu chamava os gêmeos. Um dia eu
conseguiria identificar quem era quem, mas não ia ser essa noite.

— Você e Cruz, hm? — Becs perguntou quando virei a minha


dose de Jack, sentindo a queimação na minha garganta, e bati o copo
no bar. Precisava de outra. Acenei para os B.Boys.

— Nunca pensei que veria o dia em que você finalmente cederia


para um irmão, — ele bebeu a sua cerveja enquanto balançava a
cabeça.

Eu sorri. — Me chocou pra caralho, também.

~ 115 ~
— Você estava bem, lá dentro? — a voz grossa de Rhys enviou
arrepios pelas minhas costas. Havia algo em uma profunda voz de
barítono que fazia meu corpo estremecer. Rhys não era como os outros
caras para mim. Eu o achava mais perigoso, mais assustador, mas
nunca deixei isso aparecer. Ouvi histórias que eu não deveria ter ouvido
quando era criança, de como ele lidou com as pessoas que se meteram
com ele. E isso me assustou pra caralho, então eu estava muito feliz de
ter Rhys ao meu lado.

— As primeiras semanas foram difíceis. Eu tinha que encontrar o


meu lugar, e não foi fácil. Mas quando isso acabou, ficou melhor. Então
quando Pops pagou aos guardas para eu ter meu próprio quarto, ficou
muito melhor. Dormir com um olho aberto é mais difícil do que eu
pensei. Mas sobrevivi.

— Sim, com certeza você conseguiu passar por isso. Nós temos
muito orgulho de você. Não são muitas as mulheres que seriam tão
fortes, — Rhys passou os braços pelos meus ombros, e parte de mim
queria se afastar, mas eu nunca seria desrespeitosa com ele.

— Obrigada...

— Você conseguiu falar com aquela garota para conseguir as


informações? — Becs perguntou, tomando um gole da sua cerveja.

— Tive uma resposta agora a pouco. Ela tem alguém cuidando


disso. Eu não sei quem é, mas felizmente nós vamos ter o que
precisamos pela manhã, — depois da merda em que eu me meti por
usar ela, fiquei surpresa por terem me pedido para conseguir mais
informações com Deara.

— Ótimo. Odeio tatear no escuro, — Rhys disse.

Virando outra dose de uísque, senti olhos queimando em mim. Me


virando, vi que os B.Boys estavam me observando. — O que foi?

— Você é a única garota que eu conheço que pode cuidar de dois


homens e arrancar as bolas de um terceiro sem nem suar, — sua
admiração estra engraçada, então eu ri.

— É melhor você lembrar de não me irritar, — os caras gemeram.


— Ah, vamos lá, não é como se eu tivesse feito isso com vocês.

— Ah, querida, só de pensar nisso o meu pau dói, — Rhys


agarrou suas calças, se ajustando.

— Você é uma dor no pau, — eu disse, sorrindo.

~ 116 ~
— Você sabe que apenas você e Ma podem vir com essa merda
para mim, certo? — não havia o que eu pudesse dizer, porque sabia que
era totalmente verdade. Rhys não levava desaforo de ninguém para
casa.

— Achei ela! — a voz de Cruz ecoou pelo clube. Pulando do meu


assento, fui ver exatamente quem ele tinha achado. Caminhando na
sua frente estava uma Mindy totalmente desgrenhada. Seu cabelo
estava uma bagunça e suas roupas, rasgadas. Ela tinha vários
arranhões e hematomas.

Antes que eu pudesse fazer qualquer pergunta, Cruz disse, —


Venha, Baby. Eu estou exausto.

Não pude deixar de perguntar, — Mas e ela?

Cruz se inclinou para falar no meu ouvido, — Deixe que eles


cuidem dela, — suas palavras enviaram arrepios pela minha espinha e
deixaram a minha calcinha molhada.

Meus pensamentos entraram em conflito. Queria saber o que essa


mulher tinha a dizer, mas meu corpo queria Cruz. Meu corpo ganhou.
— Vamos lá, — Cruz passou o braço pelos meus ombros e me levou
para o seu quarto. Demos uma checada em Coop e ficamos felizes em
ver que ele dormia profundamente.

Eu precisava de algo de Cruz. Algo que ele ainda tinha que me


dar. Nós sempre tivemos momentos de paixão e luxúria sem barreiras
na cama, mas dessa vez eu precisava de algo mais.

Caminhando sedutoramente até ele, o empurrei até ele cair na


cama. — Baby, o que você está fazendo? — ele sorriu para mim quando
comecei a tirar minha camisa lentamente, revelando cada centímetro de
pele até tirá-la pela cabeça. Suas mãos começaram a tocar o meu corpo,
mas eu o impedi.

— Deixe suas mãos sobre as coxas, — eu sussurrei quando me


virei para desabotoar meu jeans. Colocando os polegares dentro das
calças, eu lentamente as puxei para baixo e me dobrei para tirá-la pelos
pés, dando a Cruz uma visão perfeita da minha bunda, coberta apenas
por uma calcinha.

A respiração de Cruz ficou presa quando eu me virei e encarei


seus olhos lindos. Tirando meu sutiã e calcinha, eu lentamente me
aproximei da cama até meus joelhos tocarem a borda. Com a ponta dos
dedos, acariciei lentamente seu peito, começando pelo pescoço e

~ 117 ~
descendo até chegar à bainha da camiseta. Passei a mão pode debaixo
da borda e encontrei seu peito duro esperando por mim. Quando movi
as mãos para cima, levei junto a sua camiseta, sentindo os contornos
de cada músculo no caminho.

— Levante, — eu sussurrei. Ele obedeceu, me encarando nos


olhos.

— Está se divertindo? — eu assenti com a cabeça, sem emitir som


algum. Minhas mãos foram para o seu rosto e senti sua bárbara áspera.
Puxando seus lábios para os meus, o beijei com paixão, mas sem ser
muito agressiva. Eu não queria nada muito agressivo dessa vez. Chupei
e mordiquei seus lábios e as mãos dele foram para a minha cabeça. Eu
me afastei na hora

— Mãos nas coxas, — eu ordenei, piscando para ele.

— Então é assim que vamos jogar essa noite?

— Sim baby. Apenas se deite e aproveite, — beijei todo o seu peito


e dei uma atenção especial aos mamilos. Ele gemeu quando minha
língua fez um ótimo trabalho neles. Corri as mãos pela parte de cima do
seu peito, onde se podia ler as palavras Live and Let Live10. Eu sorri e
beijei cada uma delas. Fui descendo lentamente até alcançar o seu
cinto.

Enquanto beijava seu abdômen, abri metodicamente seu cinto e


as calças. Alcançando dentro da sua cueca boxer, puxei ela e suas
calças para baixo, não permitindo que minha boca chegasse perto do
seu pau. Ele ia ter que esperar para isso, mas meus lábios acariciavam
todas as outras partes enquanto eu me movia.

Quando subi pelo seu corpo de novo, minha língua e dentes


deram a ele leves lambidas e mordidas ao longo das pernas, coxas e
peito. Eu estava muito orgulhosa dele conseguir manter as mãos onde
eu mandei, mesmo que ele estivesse as abrindo e fechando em um
punho, o que aqueceu o meu corpo. Pelo menos ele estava tentando. Eu
sabia que era difícil para um homem como Cruz ceder completamente o
controle, e eu estava aceitando o presente que ele estava me dando.

Quando alcancei seu pau, minha mão se fechou sobre o ele da


melhor maneira que consegui, lentamente subindo e descendo. Minha
língua se arrastou da base até a cabeça, fazendo todo o seu corpo
saltar. Quando minha mãe apertou mais em torno da base, comecei a

10 Viva e deixe viver.

~ 118 ~
girar e bombear a mão em um ritmo lento. Ele estava totalmente ereto e
pronto para mim, mas ia ter que esperar. Eu precisava disso. Minha
mão subia e descia muito lentamente, sentindo a maciez do seu pau. Vi
ele fechar as mãos em punhos mais uma vez, seus dedos ficando
brancos. Decidi dar a ele um pequeno alívio.

Beijando a cabeça do seu pau, lambi todo o pré-gozo que tinha


vazado da ponta, gemendo ao sentir seu gosto forte. Lentamente, eu
começo a chupar enquanto envolvo meus lábios ao redor dele e deixo
uma mão na base, bombeando de leve. Cruz tem um pau bonito; o
tamanho é absolutamente perfeito e, assim como a minha buceta,
minha boca se encaixa perfeitamente. Levo ele na minha boca o máximo
que posso; sua cabeça toca o fundo da minha garganta várias vezes,
mas continuo respirando pelo nariz e controlando a ânsia reflexa.

Os quadris de Cruz começam a se mover no mesmo ritmo das


minhas chupadas e do balanço da minha cabeça, suas mãos coçando
para agarrar o meu cabelo. — Eu vou gozar se você continuar, — ele
rosna para mim.

— Talvez seja essa a deia, — eu sabia que ele podia se recuperar


logo. Ele já tinha provado isso várias vezes, e eu queria o seu gosto da
minha língua. Eu quero sentir ele cobrindo a minha garganta.

— Porra, — foi todo o aviso que recebi antes de receber os jatos


quentes dentro da boca. Engoli ritmicamente enquanto ele continuava a
gozar dentro de mim. Depois que os últimos jatos deixaram o seu corpo,
lambi a ponta do seu pau, querendo até a última gota. — Porra, baby,
— ele disse, ofegante.

Minha calcinha estava completamente encharcada, e eu podia


sentir o cheiro da minha excitação, o que só me excitou ainda mais. —
Agora, fique aqui, — eu disse a ele. — Você pode usar suas mãos em
um minuto.

Sorrindo para ele, me levantei, tirei minha calcinha e o sutiã,


balançando um pouco os seios com meus olhos focados nos dele, o
calor neles enchendo o quarto. Subi sobre o seu corpo, precisava dos
seus lábios no meu corpo. Ele ia me cotar até que dissesse para parar, e
amava cada segundo disso. Montando sobre a sua cabeça, agarrei a
cabeceira da cama à minha frente e não disse uma palavra. — O que eu
devo fazer com isso? — ele me perguntou com um tom arrogante.

— Você não sabe? Acho que posso encontrar alguém que saiba, —
eu atirei de volta, olhando para baixo em seus olhos que
instantaneamente pegaram fogo e queimaram a minha alma.

~ 119 ~
— Ninguém além de mim toca nessa buceta, — ele rosnou,
agarrando minhas coxas e puxando minha buceta para baixo, direto
para a sua boca. Sua língua fez a sua mágica enquanto ele me comia
como um homem faminto. Sua língua entrava e saía das minhas dobras
com perfeita precisão. Quando ele alcançou o meu clitóris e começou a
chupar, vi pontos brancos enquanto gozava. Não gritei com medo de
acordar Coop. Em vez disso, trouxe minha mão até a boca e mordi com
força, abafando o som. — Você gosta disso, baby? — eu acenei sem
fôlego. — Você acha que eu não sei como chupar uma buceta? —
balancei a cabeça, não; esse homem com toda certeza sabia o que
estava fazendo.

Quando finalmente recuperei o fôlego e voltei para a Terra, caí


sobre o seu corpo e esmaguei meus lábios nos dele, provando o meu
gosto, o que me deixou excitada outra vez na mesma hora. As mãos de
Cruz se enrolaram na minha cintura e ele me virou para deitar de
costas.

— Nós fizemos isso do seu jeito, agora vai ser do meu, — Cruz não
me deu tempo para pensar ou discutir quando empurrou dentro de
mim com uma estocada dura e profunda. Seus quadris se tornaram
pistões entrando e saindo de mim com a força de um turbo jato. Em vez
de gritar, eu mordi com força o seu ombro, abafando o som mais uma
vez. Ele saltou em surpresa. — Você me mordeu.

Eu sorri para o seu choque. — Eu não posso gritar; esse é o único


jeito.

— Então é bom eu estar pronto para você virar uma vampira,


porque você vai querer gritar, — quando Cruz começou as suas
estocadas frenéticas dentro e fora do meu corpo, inclinou os quadris,
dando a ele um ângulo melhor, e fazendo a minha cabeça girar em mil
direções. Seus lábios bateram nos meus ao mesmo tempo em que ele
acertou o ponto dentro do meu corpo que me fazia gozar todas as vezes.
Em vez da mordida, seus beijos abafaram meus gritos quando a onda
do orgasmo correu por mim, enviando meu corpo em um tremor
convulsivo.

Cruz rosnou quando senti seu pau liberar jorros quentes dentro
de mim, me enchendo completamente. Ele caiu em cima de mim, seu
peso me empurrando na cama. Eu não senti seu peso, no entanto; eu
me senti amada, totalmente amada. Nenhum homem já tinha me feito
gozar assim antes. Senti isso até a minha alma.

~ 120 ~
— Eu amo você, — eu sussurrei tão suavemente que não achei
que ele tivesse ouvido, sem saber qual seria a sua reação.

— Porra, finalmente, baby, — ele levantou seu corpo e me olhou


nos olhos, paixão e amor passando através deles. — Eu também amo
você, querida. Apenas você.

Meu coração inchou mais do que eu pensei que fosse possível.


Envolvi meus braços ao redor do seu corpo forte, puxando-o para baixo,
e o beijei com tudo o que tinha.

Um som alto ecoou do outro lado da porta. Tiros. — Merda, —


Cruz saltou da cama, agarrou seu jeans e o vestiu, enquanto eu fazia o
mesmo. Depois de vestirmos nossas camisetas, pegamos nossas armas.
— Fique com Coop! — ele ordenou enquanto saía do quarto.

Mais tiros são disparados, um atrás do outro. Posso ouvir os


homens gritando, as mulheres também. Coop começou a chorar por
causa do barulho, o que me surpreendeu porque ele geralmente não
acorda com nada. Guardando minha arma, eu o peguei no colo e o
embalei nos meus braços enquanto secava suas lágrimas. Pegando a
arma novamente, fui para a cadeira, onde continuei o balançando
suavemente de um lado para o outro, apenas esperando.

A porta voou aberta e Cruz entrou. — Vocês dois estão bem? —


ele disse ofegando.

— Sim. O que está acontecendo?

— Danny veio buscar Mindy. — Merda. Isso não ia acabar bem.


Um irmão não podia entrar na principal facção do clube abrindo fogo.
Nunca tinha ouvido falar disso.

— Estão todos bem?

— Pops foi atingido no ombro, mas estão todos bem. Mindy está
gritando porque atiramos nas pernas de Danny. É uma confusão do
caralho.

— Papai! — Cooper gritou e estendeu os braços, tentando


alcançar Cruz.

— Venha aqui, garoto. Está tudo bem. O papai está aqui com
você, — Cooper descansou a cabeça no ombro de Cruz e enrolou seus
bracinhos em volta do seu pescoço.

~ 121 ~
— Eu vou ver se Pops está bem, — quando cheguei na sala
principal, Ma estava chorando sentada no chão, e Pops estava sentado
ao seu lado, esfregando as costas dela. Do outro lado da sala, Danny
estava gritando e Mindy estava ao seu lado, meio gritando e meio
chorando. Rhys tinha uma arma apontada para a cabeça de Danny, e
Dagger tinha a sua apontada para a de Mindy.

Caminhei até Ma e Pops e perguntei, — Você está bem? — podia


ver o sangue manchando a camisa de Pops, mas ele não estava se
esforçando muito para conter isso.

— Sim, eu estou bem, — ele disse, me dando um sorriso triste.


Seus olhos mostravam estar cansados de anos de uma vida dura.

— Me deixe dar uma olhada, ok? — eu perguntei a ele, pegando


uma tesoura no bar. Depois de tirar seu colete, que tinha um furo no
local onde a bala entrou e que ia ter que ser costurado depois, eu cortei
a sua camiseta o bastante para ver a ferida. Ela era bastante profunda,
mas a bala não tinha ido muito longe. Ia ser fácil dar um jeito. Ele ia
ficar dolorido, mas bem.

— Buzz, pegue o kit de primeiros socorros, por favor. Breaker,


pegue toalhas limpas. Tug, preciso de uma agulha, linha e álcool, — eu
pedi aos prospectos, que imediatamente foram atrás de conseguir o que
eu precisava. Era legal ter uma relação com eles que eles não
pensavam que eu era apenas uma vadia querendo lhes dar ordens; eles
entendiam que eu precisava de ajuda. E estavam dispostos a me ajudar.

Depois de dar uns pontos em Pops, dei a ele algumas doses de


uísque antes de levar Ma para a cama. Os caras tinham colocado
toalhas nas feridas de Danny, e parecia que o sangramento tinha
parado. — Você quer que eu dê uma olhada? — perguntei a Dagger.

— Nah. Ele está bem. Doc vai estar aqui em meia hora. Ele não
vai se esvair em sangue, — ele se virou para Danny, suas palavras
pingando veneno. — Se ele chegar aqui a tempo.

Mindy decidiu que seus gritos iam cessar por um momento, por
tempo o bastante para falar. — Eu não queria que isso acontecesse. Eu
apenas deveria ficar lá até que tudo se acalmasse.

— Você é realmente muito idiota. Que porra você esperava que


acontecesse? — a minha irritação estava no limite.

~ 122 ~
— Princesa, eu não posso ir até Babs. Ela vai me matar, — Mindy
disse, e pelo menos agora eu sabia qual era o plano do clube, mas
mantive isso para mim.

— O que diabos você acha que esses caras vão fazer com você? —
eu acenei com o braço na direção de todos os homens na sala. — Isso
não é uma brincadeira, porra.

— Você acha que eu não sei?! — ela gritou para mim e eu saltei.

— Sua putinha estúpida. Quem você pensa que é? Alguém


especial? Não. Você é uma vadia do caralho, e porque você ajudou
Babs, me deixou na prisão por anos. Talvez eu devesse te trancar em
um quarto com mais nada por dois anos, então você vai saber como é.
Daí vou aparecer algumas semanas e te dar uma surra, só por diversão.
E se você for boazinha, vou achar uma vadia que gosta de buceta e
fazer você dar para ela, várias e várias vezes. E depois vou deixar os
caras se revezarem com você, fodendo cada buraco que você tem no
corpo. — Os olhos de Mindy cresceram enquanto ela absorvia cada uma
das minhas palavras. Eu exagerei um pouco o cenário, mas ela não
precisava saber dessa merda.

— É isso que você quer, sua puta? Porque é isso que poderia
acontecer com você aqui. A morte seria um piquenique comparado ao
que tenho planejado para você. E se você pensa por um minuto que
está salva por dar essa buceta para um dos membros, está muito
enganada. O fato desse idiota ter vindo aqui atirando contra os seus
irmãos é motivo para ele perder todos os seus malditos patches.

Mindy não se moveu. Ela ficou ali sentada me olhado como se eu


fosse Deus e pudesse lhe dar absolvição por toda a merda que ela pôs
em movimento. Ela estava redondamente enganada.

Olhando para Mindy, eu disse, — Você vai limpar todo esse


sangue do meu chão, porque com toda certeza eu não vou fazer isso. —
Olhando para Tug, falei para ele, — Você pode arranjar alguma merda
para ela usar, por favor?

— Claro?

Doc entrou pelas portas, observando a cena. — Princesa, você não


fez isso, — ele balançou a cabeça. Doc me conhece desde que sou um
bebê e sempre me viu como um dos seus filhos. Mesmo em tempos
como esse, ele encontra humor.

~ 123 ~
— Bem, Doc, você sabe. Minha arma tem uma grande dificuldade
em ficar no coldre, — eu sorri.

Quando Doc começou a trabalhar em Danny, eu observei Mindy


limpando o sangue do seu namorado do chão. Sentada no bar, bebendo
uísque e fumando, eu na verdade me senti calma. Mulheres normais
provavelmente não estariam, mas era para isso que eu queria voltar. E
aqui estava, bem na minha frente.

Depois que Doc cuidou de Danny, ele foi embora. Eu caminhei até
Danny, ainda deitado no chão, e não tive nenhuma pena da dor que ele
estava sentindo. Ele chegou atirando no clube, nos meus irmãos, no
meu pai e muito perto do meu garotinho.

Eu sabia que não podia abrir a boca e falar assim com um irmão,
então foquei em Mindy. Olhei para ela. — Vadia, eu não estou
brincando com você. Esses homens podem não matar mulheres, mas
com toda certeza eu faço isso sem pensar duas vezes, — com isso, eu
me virei e fui encontrar meus meninos.

~ 124 ~
Nove
CRUZ
Dois dias depois e a vadia não chegou a lugar nenhum. Babs
estava a evitando como a praga, e a única razão pela qual eu sabia que
era verdade era porque Buzz tinha grampeado seu telefone.
Descobrimos essa habilidade de Buzz por pura sorte, conversando como
gostaríamos que isso fosse possível. Buzz começou a falar sobre um
monte de merdas tecnológicas e eu arrumei tudo. Ele então colocou
todas aquelas câmeras de vídeo pelo complexo. Agora podíamos ver
quem chegava e saía o tempo todo, e até mesmo gravar para registro.
Buzz estava provando ser um grande trunfo para o clube.

Ouvir conversas telefônicas era chato pra caramba. Mindy passou


toda a primeira ligação falando merda sobre os velhos tempos. Ela na
verdade soava mais calma do que eu pensei que ela estaria. Mas Babs
não estava mordendo a isca. A cadela era um pouco mais esperta do
que eu tinha imaginado.

O homem de Babs, Rabitt, ainda não tinha entrado em contato


com Diamond, o que lhe deixou muito puto. Nessa comunidade respeito
era tudo que você tinha, e quando isso era ignorado, não sobrava nada.
Essa merda ia começar uma guerra.

Eu na verdade estava surpreso que Diamond tenha esperado


tanto. Essa merda toda estava pesando sobre todos nós, mas ainda não
sabíamos quem estava atrás de Princesa. Íamos ter algumas
informações chegando, com sorte essa tarde, e esperávamos ter
algumas respostas também.

Mel ainda não tinha assinado os malditos papeis que me davam a


guarda total de Cooper. Ela não tinha pisado no clube, mas tinha
passado por Burnzie e dito que ―não ia ter uma princesinha motoqueira
criando o seu garoto‖. Mal sabia que ela que a princesinha motoqueira
era uma mãe muito melhor para o meu garoto do que ela jamais seria.

~ 125 ~
Eu não ia conseguir manter Princesa longe disso por muito
tempo, no entanto. Ela estava no meu pé sobre Mel não chegar perto de
Cooper. Quanto mais ela perguntava e mais eu desconversava, mais
irritada ela ficava. E a Princesa irritada não era nada divertida.

— Missa! Dez minutos! — Pops gritou do outro lado da sala. Cada


um de nós largou seu celular na velha caixa de papelão sobre a mesa de
sinuca antes de entrar na sala e tomar seu lugar.

Diamond bateu o martelo enquanto pedia orde na reunião. —


Primeiro assunto do dia. Princesa. Devemos conseguir informações de
Deara hoje. Qualquer coisa entregue deve ser trazida para mim
imediatamente, — todos nós assentimos.

— Nossa corrida amanhã. Precisamos ter cuidado. Dagger, Rhys,


Becs, Cruz, Pops e eu vamos correr. G.T., Zed, Tug, Buzz e Breaker vão
ficar aqui com Ma, Princesa e Cooper. Deve ser uma corrida de apenas
um dia, um bate e volta, — todos assentiram outra vez.

— Último assunto do dia. Studio X, — comecei a prestar mais


atenção. — Desde o tiroteio, Liv tem cuidado dos negócios e feito um
grande trabalho. Eu sei que Princesa ainda não voltou por causa de
toda essa merda que está acontecendo. Estou pensando que precisamos
de mais segurança lá.

O que você quer dizer? — perguntou Dagger. — Nós monitoramos


o lugar e fazemos checagens o tempo todo.

— Não. Eu quero que Becs comece a monitorar os livros. Quero


ele lá monitorando Liv também. Princesa vai ficar puta, porque ela
confia em Liv, e eu também quero confiar, mas não vou correr riscos.
Precisamos ter essa merda resolvida. Todos a favor, — todos nós
levantamos a mão para votar sim. Diamond bateu o martelo.

— Cruz. Tudo que Princesa precisa saber é que Becs vai ajudar
Liv. Nada mais, porque você sabe que Liv vai dizer alguma coisa.

— Entendi.

— Algo mais? — Diamond perguntou, olhando para nós.

— Consegui duas corridas extras. Isso vai trazer uns trezentos mil
para o caixa, mas vou precisar que G.T., Cruz, Rhys e Zed venham
comigo, — Dagger disse. — Não é uma viagem longa, vai levar uns dois
dias. Um para ir. Um para voltar.

— Para quem é a corrida? — Diamond perguntou.

~ 126 ~
— Ransom, — Diamond assentiu. Nós corremos para esse cara
muitas vezes antes.

— Quando? — eu perguntei.

— Logo depois dessa corrida. — Merda. Isso significava que eu ia


ficar fora três dias. Dagger olhou para mim. — Algum problema?

— Nah, — eu não queria ficar longe de Princesa e Cooper tanto


tempo, mas ia superar.

Diamond largou o martelo, nos dispensando.

***

— Onde diabos você esteve? — eu olhei para uma Princesa muito


irritada e estava aliviado de não ser o causador disso tudo dessa vez.

G.T. tinha acabado de sair da missa e pegado seu telefone. — Por


aí.

— Mentira, você não esteve por aí. Eu estou aqui o tempo todo,
porra, e você não estava em lugar nenhum! — Princesa latiu, chegando
perto do seu rosto.

— Eu tinha merda para fazer, — G.T. não ia escapar assim tão


fácil, e ele sabia muito bem disso.

— Não dou a mínima para o que tem que fazer. Eu fui solta e você
me viu... o que... duas, três vezes. Não, nenhum como você está,
Harlow? Ou você está lidando bem com tudo? — G.T. puxou um cigarro
e o rolou entre os dentes. — Não. Você está me evitando, porra. Então
me diga, onde diabos você esteve? — a raiva de Princesa estava
alcançando picos mais elevados que o usual, e eu senti meus punhos
querendo fazer contato com a cara de G.T.

— Eu não preciso de outra maldita mãe. Uma já basta. Não se


meta nos meus negócios, porra.

— Não me meter nos seus negócios? Você está brincando comigo,


porra?

— Você é só uma maldita old lady, e é melhor você se lembrar


dessa merda antes que eu te derrube no chão.

~ 127 ~
— Pode vir, Gage Thomas, — Princesa tirou sua jaqueta de couro,
o convidando para a luta.

— Você acha que eu sou um frouxo como aquele cara ali? — G.T.
apontou para mim quando comecei a andar na direção dele.

— Pare! — Princesa gritou quando me viu chegando perto. — Isso


é coisa de irmãos. Cinco minutos no ringue. Vamos ver como você é
frouxo.

— Cai fora, porra. Eu não vou entrar no ringue, — G.T. estalou.

— Sim. Você vai, — Princesa se virou e foi pelo corredor para o


meu quarto.

— Mas que merda é essa, seu idiota? — eu disse, ficando cara a


cara com ele. — Por que diabos você está provocando ela desse jeito?

— Eu não gosto dessa merda. Ela precisa se acalmar e se lembrar


que nenhuma cadela manda aqui. Ela pensa que manda, mas tenho
novidades para ela, essa merda acabou.

— E o quê? Você é o homem o bastante para impedir ela de


alguma coisa? — eu ri, sabendo que havia apenas três homens que
podiam com a Princesa, e G.T. não era um deles. — Seu otário, ela não
pensa que manda em nada aqui. Você saberia isso se não estivesse com
a cabeça enfiada na bunda.

— É melhor você cuidar da sua garota, — G.T. cruzou os braços


sobre o peito, e a arrogância que veio dele fez a minha mão se fechar,
coçando para fazer contato com o seu queixo.

— Essa garota é sua irmã, seu sangue. É melhor você se lembrar


disso. Seja lá o que está acontecendo, é melhor você trabalhar isso no
ringue e resolver essa merda de uma vez por todas.

— Que seja, — nós dois sabíamos que ele não ia recusar um


desafio, fosse feito pela sua irmã ou não. Ele não ia querer parecer um
covarde, mesmo que levasse uma surra.

***

A luta durou muito mais do que nós pensamos que ia durar.


Aparentemente, os dois tinham um monte de merda para resolver.
Tanto G.T. quanto Princesa estavam sujos de sangue dos cortes no
rosto e um pouco vacilantes de todos os chutes no peito. Mas os dois

~ 128 ~
ainda estavam de pé, ainda que oscilando. Nenhum deles estava
recuando, e isso era o que eu esperava. Os dois são muito teimosos
para desistir.

— Papai! — eu ouvi a vozinha de Cooper atrás de mim enquanto


ele corria para os meus braços. Ma o seguia de perto.

— O que diabos está acontecendo aqui? — ela latiu, fazendo


Cooper olhar para o ringue. Todo o seu corpo ficou rígido no meu colo,
como se ele fosse uma estátua. Olhando para o choque e horror no seu
rosto, eu não me movi rápido o bastante quando ele escapou dos meus
braços e se moveu mais rápido do que um peixe escorregadio.

Corri atrás de Cooper, chamando seu nome, mas ele não


diminuiu. — Mamãe! — ele gritou quando alcançou o ringue comigo
logo atrás em seus calcanhares. — Mamãe! — ele gritou outra vez,
fazendo minha boca cair no chão.

Princesa parou de lutar com o seu irmão, saindo da posição de


guarda. Ela deslizou por baixo da corda do ringue e se ajoelhou no chão
em frente a ele, olhando nos seus olhos. — Eu estou bem, bebê, — seu
tom era suave e gentil.

— Massucado. Dodói, — Cooper disse olhando para o rosto de


Princesa.

— Me dê uma toalha, — ela pediu para ninguém em particular.


Ela limpou o rosto com cuidado, tirando um pouco do sangue. — Viu,
querido. Eu estou bem. Só alguns arranhões.

— Por que lutar, mamãe? — ele perguntou inocentemente.


Princesa olhou para mim, seus olhos mostrando o pequeno brilho de
uma lágrima que queria escapar com uma tonelada de perguntas não
respondidas girando dentro deles. Ela respirou fundo para recuperar o
controle.

— Eu só estava treinando para ser forte. Um dia eu vou te


ensinar, — ela tirou o cabelo do rosto dele com ternura.

— Eu sou forte, — ele sorriu.

— Você é, garotão.

— Mamãe? — Princesa parecia atônita, como se ela não soubesse


se devia responder. Ela olhou para mim pedindo permissão, e eu, claro,
sorri, amando o fato de que estar testemunhando essa troca notável.

~ 129 ~
— Sim, bebê?

— Você precisa de Band-Aid? — Princesa riu, enrolando com


força os braços em volta do seu pequeno corpo.

— Sim, garotão. Claro que sim. Vamos ver se achamos um do


Homem Aranha. Acho que eles vão deixar tudo melhor, — Princesa
levantou Coop no colo e o levou para o clube, o enorme sorriso que ela
tinha no rosto, mesmo com o lábio cortado, era lindo.

***

— Você está com dor? — eu perguntei, entrando no quarto e


esperando ver Princesa com Coop, mas encontrei apenas ela.

— Eu vou ficar bem, — seu rosto tinha sido maltratado, mas o


sangue foi removido. Ela estava começando a apresentar uns
hematomas realmente feios, mas a sua beleza ainda brilhava por trás
disso.

— Que diabos foi aquela merda?

— Que merda? Meu irmão ou o fato do seu filho ter me chamado


de mãe? — ela olhou para mim. Não senti necessidade de tocar no
comentário sobre ser chamada de mãe, então segui em frente.

— O seu irmão. O que está acontecendo?

Ela soltou um suspiro profundo. — Porra, eu não sei. Ele está


distante desde que eu saí, e quando ele falou aquelas coisas, eu não me
segurei. Mas mesmo no ringue ele não falou comigo, — ela deu de
ombros.

— Vocês dois lutam muito assim?

— A gente costumava fazer isso. Ele me ensinou a lutar e como


me proteger.

— Enquanto eu estiver fora, vocês precisam resolver isso.

— Sim... pai, — suas palavras pingavam com sarcasmo enquanto


ela revirava os olhos. — Você está bem com Coop me chamando de
mãe?

~ 130 ~
Caminhei até a cama e sentei na borda. — Acho que a pergunta é
como você se sente com isso.

— Por que você faz isso? Eu pergunto como você se sente sobre
algo e então você joga isso para mim. Eu odeio essa merda.

Dou a ela um sorriso sexy e digo, — Eu estou totalmente bem


com isso. Você é a minha old lady e, muito em breve, minha esposa.

— Esposa? — ela pareceu chocada. Eu não respondi; apenas


deixei ela se acostumar um pouco com a ideia. Se ela não quisesse
casar comigo, ia jogar ela sobre o meu joelho e espancar a sua bunda, e
o fato dela ainda não ter confirmado que era minha old lady não passou
batido por mim.

— Nós vamos sair pela manhã, — eu disse, puxando ela do lugar


onde seus pensamentos estavam correndo e envolvendo meus braços ao
seu redor.

— Ok, — ela sussurrou.

— Seja esperta. Se você precisar de qualquer coisa, os prospectos


vão dar um jeito. Você mantém o nosso garoto seguro.

Ela fixou os olhos nos meus. — Sempre.

— Você sabe que eu quero te foder, mas você tem que se


recuperar dessa surra. Agora eu estou ferrado.

Princesa se moveu da cadeira e caiu de joelhos na minha frente.


— Vamos ver se eu posso ajudar.

~ 131 ~
Dez
HARLOW
Acordei com o som de um choro me assustando pra caralho, e
pulei da cama para ir até o berço de Cooper. — O que foi, querido?
Venha aqui, — eu o peguei no colo. Ele estava suando, queimando.
Gritando da porta do quarto, — Ma! — eu chamei o mais alto que podia.

Coloquei Cooper de volta no berço quando seus gritos diminuíram


um pouco agora que seu pequeno corpo estava acordando. — O que
está errado, querido?

— Dói, — foi tudo que ele disse.

— Você está com dor? — eu disse, esfregando a sua perna, sem


ter certeza do que deveria fazer.

— Sim.

— Onde?

— Não sei... dói, — imaginei que essa era a melhor resposta que
ia conseguir.

— Ok, vamos ver o que podemos fazer. Fique aqui um minuto.

— Não, não vai! — ele gritou e se agarrou ao meu braço.

— Ok, baby, venha comigo então, — o levei para a sala principal


do clube, onde duas vadias do clube estavam deitadas nuas sobre a
mesa de sinuca. Eu tinha certeza que elas eram as sobras da noite
passada, e não queria que Coop visse isso, então cutuquei Tug. — Você
pode tirar elas daqui? — pedi a ele, apontando para Cooper.

— Claro, — ele foi até elas e bateu nas suas coxas. — Deem o fora
daqui, agora.

Essas mulheres eram todas iguais. Elas queriam a vida e


chupavam o pau de quem fosse para chegar lá. Mas elas não entendiam
que nunca iriam conquistar um dos irmãos dessa maneira. Eles não
queriam vadias como old ladies. Meu estômago revirou. Eu sabia agora

~ 132 ~
que Cruz não faria isso. Mas era algo que estava sempre no fundo da
minha mente.

Elas foram embora enquanto eu gritava, — Ma!

Ela entrou bocejando e esfregando os olhos. — O que aconteceu?

— É Coop. Ele está suando e quente. Ele acordou gritando. Ma,


eu não sei o que fazer, — ouvi o pânico na minha própria voz, e era algo
muito justificado. Buracos de bala eu podia remendar, mas uma
criança doente, não tanto.

Entreguei ele para Ma enquanto ele tentava se agarrar a mim. —


Está tudo bem, garotão. Ma só quer ver se ela consegue nos ajudar a
fazer você ficar bom. Eu não vou sair daqui, — esse sentimento dentro
de mim era terrível. Era como se eu arrancasse meu coração do peito
para que esse garotinho nunca mais sentisse dor alguma. Eu
periodicamente pensava sobre ser mãe, mas nunca me fixei muito nisso
por causa da minha regra de não dormir com os irmãos, e eu nunca me
atreveria a transar com alguém de outro clube. Eu via isso como um
desrespeito. É incrível como tudo muda.

Agora eu não podia imaginar a minha vida sem esse garotinho.


Ele é meu, assim como o seu pai.

***

Depois de descobrir que Cooper estava gripado, nos


aconchegamos no sofá no porão do clube. Ma fez canja de galinha, que
ele não quis comer muito, e me fez dar muito líquido para ele beber.
Vimos um filme atrás do outro, o que normalmente não me
incomodaria, mas quantas vezes nós íamos ver esse mesmo filme de
carros falando uns com os outros? Eu estava ficando um pouco
cansada.

Cruz ligou e eu o atualizei sobre o que estava acontecendo. Ele


disse que ia tentar voltar antes, mas eu sabia que isso não ia acontecer.
Uma corrida era uma corrida, e ele tinha que terminar o que começou.
Mas estava tudo bem, no entanto; eu tinha tudo sob controle – ao
menos, era o que eu pensava.

Na segunda noite, a febre de Cooper cedeu e trouxe de volta a


criança alegre que eu aprendi a amar. Era meio louco admitir isso, mas

~ 133 ~
eu meio que gostei de ele estar doente. Ele era um ótimo abraçador, e
eu amei cada minuto disso – menos a parte dos filmes sem fim, mas era
suportável. Eu estava feliz que ele estava melhor e que Cruz estaria logo
em casa.

Ele me chamava de mãe e mamãe repetidamente, e eu nunca o


corrigia. Eu não queria. Cada vez que ouvia a palavra sair da sua boca,
meu coração se aquecia.

Eu ainda não tinha tido chance de falar com G.T. Eu queria, mas
nossos horários não estavam se encontrando. Eu precisava falar com
ele; algo estava acontecendo e ele ia me contar o que era. Eu não fazia a
menor ideia do que podia ser, mas só estive fora da prisão por pouco
tempo, então com certeza eu não podia ter irritado ele tanto assim.

O envelope de Deara chego hoje, e Diamond o pegou antes que eu


pudesse dar uma olhada. Eu amaria saber o que tinha dentro, porque
segurar esse garotinho em meus braços me fazia querer resolver essa
merda rápido. Ele não precisava disso em sua vida. Inocência como
essa não precisava ser manchada por nenhuma besteira estúpida.

Mas Diamond estava escondendo tudo de mim, e eu sabia que


não adiantava perguntar, porque ele não iria me dizer.

***

No terceiro dia, Ma quis passar um tempo com Cooper, e eu não


podia culpá-la, mas ficar sozinha com Tug, Rocky, Breaker e Buzz não
estava funcionando para mim. Eles não eram muito animados, mas eu
precisava sair um pouco.

Ir até o Studio X era muito relaxante. Eu amava pilotar Sting,


sentindo o ronronar do seu motor entre as minhas coxas e a brisa
gelada passando pelos meus cabelos. Breaker e Buzz foram os eleitos
para ir comigo, o que não me incomodou. Eles não se metiam nos meus
negócios e ficavam cuidando de tudo nos fundos. Eu gostava disso. Eu
precisava disso. Parecia que cada um dos meus movimentos era
monitorado por alguém, e ter qualquer pedaço de liberdade era incrível.

X estava apenas começando a ganhar vida quando nós entramos.


A maioria dos homens enchia as mesas e bebia pra valer. Pour Some
Sugar on Me começou a tocar nos alto-falantes quando a cortina se
abriu. Todos os olhos estavam em Dallas Knox, a morena curvilínea

~ 134 ~
com bunda e peitos enormes e um corpo voluptuoso. Os pequenos
triângulos da sua roupa deixavam pouco para a imaginação, e ver os
homens no salão ajustando suas calças me fez rir. Ela era uma garota
muito inteligente, que dançava só para conseguir ir para a faculdade.
Ela também era a minha garota número um. Eu a conhecia por anos.

Enquanto Dallas descia e subia pelo pole, suas roupas eram


lentamente removidas do seu corpo, prendendo a atenção de todos.
Olhei para os B.Boys, que estavam totalmente entretidos por Dallas,
suas bocas abertas.

— Ei, garotos. Eu vou encontrar Liv. Aproveitem o show, — bati


nas suas costas e fui na direção do escritório. Abri a porta e vi Liv atrás
da mesa, trabalhando no computador. Ela se virou na minha direção e
ficou me encarando. — O que foi? — perguntei, imaginando de onde
isso tinha vindo.

— Você colocou Becs para me vigiar? — sua voz era irritada


enquanto ela empurrava a cadeira para trás, ficando de pé com os
braços cruzados.

— De que diabos você está falando? — eu estava confusa


enquanto pensava em tudo que tinha acontecido, e não consegui
descobrir o que Becs tinha a ver com isso.

— Becs... tem vindo aqui para ver os livros.

Primeiro eu fiquei furiosa, me perguntando que diabos estava


acontecendo. — Que porra é essa que você está falando? Eu não sei
nada disso.

— Você vive com eles, — ela me olhou acusadoramente. — Você


sabia e nem se importou em me ligar e me dar uma dica? Becs se mete
em tudo.

— Liv, sério. Eu não sabia. Primeiro, o que exatamente você quer


dizer com ver os livros?

— Os livros... todo o dinheiro que entra e sai, tudo que eu


supostamente estou fazendo, — ela apontou para a mesa para enfatizar
suas palavras.

— Talvez ele só veio te ajudar?

— Ah, vamos lá. Eu tenho feito isso por dois anos. Você vem para
a casa e de repente eu não sou mais capaz? Besteira, — suas palavras
estavam cheias de fúrias.

~ 135 ~
Pensando nas últimas semanas, eu entendi. — Não é você. Sou
eu. Eles estão tentando me proteger.

— Eles estão te protegendo de mim? — ela perguntou, como se


isso fosse a coisa mais estúpida do mundo.

— Basicamente. Liv, eu não posso te dar os detalhes. Os caras


apenas estão lidando com essa merda toda do jeito que eles sabem, que
é tomando o controle de tudo. Não se ofenda com isso, e Becs não é um
cara mau.

— Eu não disse que ele era mau, apenas que ele se mete em tudo,
e isso está me deixando louca.

— Ele está tratando você e as garotas bem?

Ela suspirou. — Sim.

— Assim que essa merda acabar, tudo vai melhorar. Eu vou poder
estar aqui, e Becs vai embora.

Respirando fundo, ela disse, — Certo. Como você está aqui, temos
que conversar, — ela se sentou, e eu a segui, sentando do outro lado da
mesa, de frente para ela. — Coca e heroína.

Meus olhos saltaram. Desde que comecei o X, sempre houve uma


política que proibia as garotas de usarem drogas pesadas. Eu entendia
que algumas precisavam relaxar antes de entrar no palco, então um
pouco de maconha não fazia mal a ninguém, mas coca, heroína,
metanfetamina, isso nem pensar. — O que tem isso?

— Algumas garotas estão usando, e eu posso lidar com isso. O


problema é o tráfico, — ela entrelaçou os dedos e os apoiou na mesa. —
Estão dizendo que Stella e Moxie se meteram em problemas, e o único
jeito de cair fora disso é traficando, o que elas estão fazendo aqui no X.

— O que você fez? — raiva nem chegava perto de definir o que eu


sentia. Eu totalmente podia lidar com armas, sangue, lutas, mas o meu
homem traindo e drogas no meu bar eram um grande não para mim.
Quando comecei isso aqui, não queria um monte de garotas viciadas
que não fossem capazes de se controlar. Se elas queriam usar, não
trabalhavam no Studio X.

— Isso só apareceu há alguns dias. Eu não fiz nada ainda. Preciso


pegá-las no flagra.

~ 136 ~
— Besteira. Você manda elas embora. Traga elas aqui agora. Eu
vou até os seus armários, pegar essa merda e jogar na privada. Depois
elas vão dar o fora daqui e nunca mais voltar. Elas não vão subir no
palco.

— Mas e elas?

— Elas? Elas foram avisadas que para não trazer drogas para cá,
fim de discussão. Não é assim que as coisas funcionam aqui, — Liv
tinha um coração mole que eu estava tentando endurecer antes de ir
embora. Parece que eu não tive muito sucesso... ainda. — Eu vou
cuidar disso.

Me levantei e caminhei até o vestiário, indo diretamente para o


armário de Stella. Peguei meu celular, liguei para Buzz ou Breaker, um
deles. — Preciso de um alicate, traga aqui no vestiário, por favor.

Dentro de alguns minutos, eu estava arrebentando a tranca da


porta e mexendo nas merdas de Stella, jogando longe os saltos, sutiãs e
calcinhas que apareciam no caminho. Bem no fundo do armário, havia
uma caixa de metal. Peguei e tentei abrir, mas estava fechada. —
B.Boys, vocês podem conseguir um cabide de arame e uma pequena
chave de fenda, por favor?

Arrebentei essa outra fechadura, abri a caixa e não fiquei nada


chocada de ver aproximadamente vinte e cinco pacotinhos de pó branco
com várias notas de dinheiro enchendo o fundo da caixa. — Prove isso,
por favor. — Abri um dos pacotinhos e coloquei meu mindinho dentro.
Usando a ponta, coloquei o dedo na boca de um dos gêmeos. — E?

— Coca, — ele disse sem hesitar.

Era o que eu pensava. Fui até as coisas de Moxie e provei a


mesma coisa. Decidi, enquanto estava nisso, que ia checar as coisas
das outras garotas também. O contrato delas tinha uma cláusula que
permitia que nós fizéssemos revistas a qualquer momento. Eu estava
invocando esse direito. Tinha camisinhas e vibradores, mas nada de
drogas.

Olhando para os B.Boys, — Buzz, vá achar Stella e Moxie, por


favor. Traga elas aqui, agora, — o homem na minha direita acenou e
saiu.

O outro homem perguntou hesitante, — O que você vai fazer?

— Chutar elas daqui, — minha voz estava vazia de emoção. Eu


precisava separar os negócios dos meus sentimentos.

~ 137 ~
Moxie e Stella entraram no quarto, tentando puxar os braços do
aperto de Buzz, que não estava facilitando as coisas. — Então, moças.
Algo que vocês querem me dizer? — os olhos das duas correram para
mim e seus rostos ficaram brancos, como se elas fossem vomitar. Não
pude deixar de me sentir um pouco convencida com a sua reação, mas
não ia mostrar isso.

Nenhuma delas falou, mas pararam de lutar com Buzz, que então
soltou seus braços. — Encontrei uma coisa no armário de vocês.
Gostaria de falar sobre isso, — eu andei até a mesa do vestiário e
coloquei duas caixas idênticas na minha frente, tamborilando os dedos
sobre elas ritmicamente. — Vejam... que engraçado. Encontrei algo aqui
que não é permitido no meu estabelecimento, — Moxie engoliu em seco
e Stella ficou ali imóvel. — A venda de drogas vai ter que acabar. Vocês
vão juntar a sua merda e dar o fora daqui.

Stella saiu do seu transe. — A gente tinha que vender, ou então


ele ia nos matar.

— Quem?

— Rabitt, — filho da puta. Eu estava cansada de ouvir o nome


desse homem.

— Você tem que estar brincando comigo, — algo não estava certo.
Merda. — Ligue para Tug, diga para ele trazer a caminhonete, por favor.
Essas duas vêm com a gente, — eu disse aos gêmeos.

— Não podemos ir com você. Nós vamos subir no palco agora, —


Stella colocou uma mão no quadril, como se essa posição fosse me
ameaçar de alguma forma.

— Se você acha que algum dia vai pisar de novo no meu palco,
então você está vivendo na porra de um conto de fadas. Nós vamos para
o clube e vamos resolver essa merda.

***

Depois de passar as informações para Diamond e Pops, na


verdade me senti inacreditavelmente sortuda por ter esses homens
cobrindo as minhas costas. Nós não somos uma família tradicional,
mas ajudamos uns aos outros, não importa qual seja o problema. E eu
estava feliz em ter eles ao meu lado. Eles disseram que iam falar com as
garotas. Pops queria que eu colocasse elas em bloqueio, o que

~ 138 ~
significava trancá-las no único quarto sem janelas e com a fechadura
do lado de fora.

Diamond disse que ia convocar uma missa assim que os caras


voltassem para resolver essa merda. Até lá, ele queria o Studio X limpo
de quaisquer tipos de drogas. Esse era o trabalho de Rocky e dos
B.Boys.

Liguei para Liv e disse a ela que mais dos meus caras iam
aparecer por lá. Ela disse que as outras garotas ficaram desconfiadas
quando todas as suas coisas apareceram reviradas, mas parecia que só
Dallas sabia o que as duas estavam aprontando. As outras não tinham
ideia. Isso queria dizer que as garotas estavam vendendo para os
clientes, não para as dançarinas, o que me deixou um pouco mais
aliviada.

Me curvando na cama, enrolei os braços em volta de Cooper, que


estava dormindo. Eu sabia que devia colocá-lo no berço, mas não podia.
Dessa vez eu precisava de aconchego.

~ 139 ~
~ 140 ~
Onze
CRUZ
Porra. Porra. Porra. As balas voavam por cima da minha cabeça,
uma atrás da outra. Essa maldita troca não saiu como planejado,
realmente. Era para ser uma coisa simples, mas uns filhos da puta
apareceram. Eu não reconheci nenhum, e eles não usavam coletes.

Assim que pegamos o dinheiro, os tiros começaram, e todos nós


corremos para nos proteger, incluindo o pessoal de Ransom. Ele
obviamente não tinha nenhuma ideia de que porra estava acontecendo,
porque ele estava lutando pela droga da sua vida também. Joguei a
mochila em que estava o dinheiro sobre o meu ombro, mantendo-a
perto de mim. Nós continuamos atirando de volta. Todos os caras
tomaram as melhores posições que podiam. Tínhamos apenas duas
automáticas; o resto eram 9mm.

Dagger e eu estávamos no meio, com G.T. e Rhys à direita e Zed à


esquerda. Com um aceno para Dagger, todos abrimos fogo
imediatamente, incluindo Ransom e a sua gangue. Rhys e Zed tinham
as automáticas, e eles limparam a casa bem rápido.

Muitos dos filhos da puta saíram correndo, conseguimos derrubar


alguns deles, mas um foi embora a pé. Depois de ter certeza que estava
tudo limpo, G.T. e eu fomos atrás dele, nossas armas levantadas
enquanto corríamos. O desgraçado se virou e atirou algumas vezes em
nós, mas ele tinha uma péssima pontaria. Saltando no ar, eu me atirei
sobre ele e o levei ao chão, com G.T. logo atrás de mim.

G.T. chutou a arma do cara para longe enquanto eu socava e


chutava e dava uma surra nele, seu rosto ficando vermelho do sangue.
— Irmão! — G.T. chamou, mas a fúria tomou conta do meu sangue; eu
queria acabar com esse fodido com as minhas próprias mãos. — Irmão!
— ele latiu. — Nós precisamos dele vivo para nos dizer que são esses
filhos da puta! — Eu reassumi algum controle, me afastei e olhei para o
homem espancado na minha frente. Não senti nada além de ódio por
ele.

~ 141 ~
Ficando de pé, andei para longe do homem no chão, precisando
de ar. — Você tem ele? — eu perguntei a G.T. enquanto os outros
começavam a se aproximar.

— Sim... — caminhando para longe, tentei me acalmar, mas eu


estava muito agitado. Sempre que eu lutava, realmente lutava, por algo
como a segurança daqueles que eu amava, a adrenalina que pulsava
por mim demorava um pouco para diminuir.

Quando voltei, o babaca estava amarrado a uma árvore,


pendurado pelos braços, seu sangue caindo no chão. Parecia que os
caras tinham feito um bom trabalho nele. — Conseguiram algo?

— A única coisa que esse cara sabe é que o chefe dele, o Sr.
Snider ali — Dagger apontou para um homem morto no chão — ligou
oferecendo dois mil dólares para acabar com a gente.

— Mais nada?

— Nah. Se ele soubesse mais coisa, a gente saberia. Ele é só um


soldadinho enviado para fazer um trabalho, — Dagger acenou para
G.T., que colocou uma bala na cabeça do cara.

— Mas que diabos foi essa merda, gente? — a raiva de Ransom


era palpável enquanto sua gangue parava ao seu lado, armas na mão.

— Cara. Eu não sei o que foi isso. A melhor pergunta é, como


diabos eles sabiam que a gente ia estar aqui? — Dagger se virou para
Ransom.

— Se você pensa que a gente falou alguma coisa sobre isso para
alguém, você está louco, porra.

— Porra! — Dagger rosnou, chutando o corpo morto aos seus pés.


— Que porra está acontecendo aqui?

— Eu não sei. Pegue o telefone do Sr. Snider e rastreie as


ligações. Provavelmente ele usava um celular diferente para as ligações,
mas vamos ver se Buzz consegue fazer a sua mágica, — eu disse,
parado no meio de corpos mortos. — Precisamos limpar esse lugar e
nos livrar dessa merda. Ransom, nós vamos resolver isso, — ele
assentiu, então sua gangue subiu em suas motos e foi embora
rapidamente.

Essa limpeza era demais para fazer individualmente; levaria


tempo demais, e eu queria chegar em casa logo e ver o meu garoto e a
minha garota. O velho armazém estava fora do caminho de sempre,

~ 142 ~
então nós podíamos manter o fogo contido o bastante para não chamar
atenção até que tudo estivesse resolvido. A questão que permanecia,
quem diabos queria todos nós mortos?

***

Voltando para Sumner, eu só queria abraçar o meu filho e a


minha garota. Eles eram minha razão de respirar. Eu amava o clube e
os meus irmãos. Eu faria tudo para proteger todos eles. Dagger tinha
ligado para Diamond e Pops antes de sairmos, então eles sabiam o que
tinha acontecido.

Dagger parecia um pouco distraído depois da ligação, mas esse


era Dagger. Depois de seis horas montando, nós paramos no clube, que
estava calmo e tranquilo.

Entrei na casa principal, onde Pops estava sentado no bar,


bebendo uísque com Coca-Cola, enquanto Buzz limpava continuamente
o balcão. — Está tarde, coroa. O que está acontecendo?

Quando os outros caras entraram também, Pops anunciou. —


Missa às oito da manhã, em ponto. Vão dormir agora, — ele nos
dispensou, ou assim eu pensei. — Cruz, fique.

Acenando para os caras enquanto eles iam para os seus quartos,


Buzz seguiu atrás deles com G.T. logo atrás, explicando o que precisava
ser feito ao telefone. — O que foi?

— Sei que vocês tiveram uma corrida de merda, mas você tem que
saber antes de ir ver a minha menina, — os cabelos na minha nuca se
arrepiaram. Muitas possibilidades começaram a correr pela minha
cabeça, e nenhuma delas era boa.

— O que aconteceu? — perguntei quando me sentei no bar ao seu


lado e peguei uma cerveja.

Cada palavra que saía da boca de Pops ressoava na minha cabeça


enquanto ele recontava o acontecido. Eu fiquei preocupado, mas
orgulhoso em saber que Princesa foi até os irmãos, e não tentou
resolver tudo sozinha. — O que elas disseram?

— Stella não está falando, mas tenho certeza que ela vai, com a
persuasão certa. Moxie sim. Ela disse que cerca de um ano atrás estava

~ 143 ~
bem para baixo. O seu namorado a deixou, blá blá blá. Enfim, o pessoal
de Rabbit apenas apareceu e ofereceu a ela algo para se animar. Ela
estava em um lugar tão ruim que aceitou. Ela ficou viciada e se
endividou, e então a única forma de se livrar disso era vendendo para
eles, o que ela vem fazendo há oito meses.

— Eles armaram para ela, sabendo que a Princesa logo sairia da


cadeia.

Pops acenou. — Moxie não sabe nada disso. Ela só queria ficar
chapada, mas é isso que eu penso.

— Então Babs tem drogas no Studio X, faz uma denúncia


anônima para a polícia, eles invadem o lugar, acham as drogas e, com o
passado de Princesa, a prendem na parede, e ela sendo ela só ia
conseguir mais problemas, — Pops olha para a sua bebida. — Então
essa é uma boa armadilha para mandar ela de volta para a prisão. Qual
é o plano?

— Essa merda está ficando séria. Você está pronto para isso,
filho?

— Se isso significa proteger a minha família, com certeza, porra.

Pops bate nas minhas costas. — Não se atrase para a missa, —


ele se levanta e vai pelo corredor na direção do seu quarto. Depois de
fechar e trancar tudo, eu precisava ver a minha família.

Destrancando e abrindo a porta, pude ver uma luz fraca vindo do


banheiro, iluminando suavemente o quarto. Princesa estava dormindo
de costas para mim. Fui até o berço de Coop, meu coração afundando
quando vi que ele não estava dentro. Procurando rapidamente, meus
olhos pousaram na cama. Coop estava curvado em uma bola, com o
braço de Princesa enrolado apertado em volta dele. Os dois estavam
dormindo.

Me aproximei e me abaixei para pegar Cooper e colocá-lo no


berço. Antes que pudesse me levantar totalmente, uma alta foi apertada
contra a minha cabeça enquanto uma Princesa meio grogue ficava de
pé. — Fique longe do meu garoto! — ela latiu, seus olhos embaçados de
sono.

— Baby, sou eu, — eu disse suavemente, ao mesmo tempo em


que ela me reconheceu. Ela baixou a arma e a colocou novamente
debaixo do travesseiro.

~ 144 ~
— Desculpe. Eu tenho estado um pouco nervosa, — ela disse,
esfregando os olhos e olhando para Coop. — Eu só queria segurar ele
um pouco.

— Baby, você não precisa se desculpar por isso, — acomodando


Cooper no colo, andei até o seu berço e o coloquei ali, fechando a porta
atrás de mim. — Senti sua falta, baby, — eu disse, me ajoelhando do
lado da cama.

— Senti sua falta também.

— Como Cooper está?

Ela sorriu. — Perfeito, — ela pausou. — Acho que ele voltou ao


normal, só um pouco preguiçoso, mas está tudo bem.

— Você cuidou muito bem dele.

Os olhos dela trancaram nos meus. — Cruz, eu não sabia o que


fazer. Ma teve que me ensinar bem rápido.

— E aposto que você tirou de letra e fez o que precisava ser feito,
— eu tinha a mais absoluta confiança na minha garota. Eu vi ela
costurar ferimentos de bala. Sabia que ela não ia ser pega por uma
gripe.

— Sim. Ele é um ótimo menino, Cruz.

— Eu sei que ele te ama.

Ela abriu um grande sorriso. — Sim. Eu sei. Eu amo ele, também.

— Você quer me falar sobre essa noite?

Ela suspirou, mas me contou todos os detalhes do que tinha


acontecido. — Eu acho que Babs está tentando armar para mim de
novo, — Deus, a minha garota era tão esperta.

— Você acha?

Princesa rolou de lado, colocando um cotovelo na cama, a cabeça


descansando na mão. — Você não pode me dizer que é coincidência o
homem de Babs ser o traficante das minhas garotas. E além de fazer
elas venderem drogas, isso estava acontecendo dentro do meu negócio.
Acho que Babs sabia que eu ia sair logo e quis armar para mim de
novo.

Olhei para a mulher linda e inteligente à minha frente. Não havia


palavras que pudessem descrever o que eu sentia por ela. Amor não

~ 145 ~
parecia o bastante. Alma gêmea era uma coisa meio gay de se dizer.
Mas era algo. Uma conexão profunda estava acontecendo entre nós.
Meu coração apertou.

— Você acha que é isso que está acontecendo? — ela me


perguntou, direto ao ponto. Eu não podia divulgar nada sobre os
negócios do clube, mesmo que ela estivesse envolvida de alguma forma

— Pode ser, — ela me encarou, e eu sabia que ela queria


perguntar se eu sabia alguma coisa, mas se conteve. Eu amava o fato
dela saber que não deveria fazer perguntas. — Vou tomar um banho
rápido, — me levantei e tirei a roupa. Sentir a água quente escorrendo e
levando embora o sangue e a sujeira me ajudou a relaxar um pouco. De
jeito nenhum eu podia contar a Princesa o que tinha acontecido na
corrida. Toda essa merda tinha que continuar a ser segredo. Eu falaria
sobre isso na missa de amanhã de manhã.

Me atirei na cama com meu corpo nu ainda molhado, e tudo que


queria sentir era a pele de Princesa. Mas tudo que senti foram suas
roupas, e me lembrei que ela estava deitada com Coop. — Tire isso,
baby, — eu cheirei o seu cabelo. Ela não hesitou. — Preciso de você, —
eu disse, pressionando meus lábios nos dela, sentindo um arrepio
correr pelo seu corpo.

Ela instantaneamente cedeu ao meu beijo, dando tanto quanto


recebia. Rolando em cima dela, meu corpo a pressionou contra o
colchão enquanto ela abria bem as pernas para mim, dando as boas-
vindas ao que eu tinha para lhe dar. Beijei seu pescoço, chupei cada
um dos seus peitos lindos, rolando os mamilos entre os dentes, amando
os gemidos escapando dos seus lábios. Eu precisava sentir o gosto da
sua buceta, mas também precisava dos lábios dela ao redor do meu
pau.

Caindo de costas na cama, eu disse, — Baby, vem aqui e senta na


minha cara. — Princesa escarranchou sobre mim, encarando a
cabeceira. — Se vire, — ela fez exatamente como eu instruí, sem
hesitar. Quando ela desceu na minha boca, comecei meu assalto com a
língua entrando e saindo da sua buceta. Deus, eu amava o gosto dela.
Usando o braço, pressionei a parte baixa das suas costas, a guiando na
direção do meu pau.

Ela não demorou um segundo para descobrir exatamente o que


eu precisava. Quando sua língua correu meu pau de cima a baixo,
entrei no meu próprio pedaço de paraíso. Aquele lugar onde eu nunca
iria realmente entrar, mas enquanto estivesse aqui, podia aproveitar

~ 146 ~
cada segundo. Sua boca quente envolveu o meu eixo e ela começou a
me foder duro, subindo e descendo freneticamente como a pequena
víbora que ela era. Ela não usou as mãos; elas estavam ao seu lado, lhe
dando apoio, o que deixou a sensação muito mais intensa.

Quando meu pau tocou o fundo da sua garganta, ela engoliu e


gemeu repetidamente. Eu estava pronto para me perder. Comecei a
chupar seu clitóris com força e a bombear os dedos dentro e fora do seu
corpo quente, acertando aquele ponto mágico.

A buceta de Princesa apertou meus dedos com força enquanto


seus gritos eram abafados pelo meu pau dentro da sua boca. Quando
ela continuou chupando, minhas bolas apertaram e o final da minha
espinha começou a pulsar. Um jato atrás do outro saiu de mim quando
o orgasmo bateu no meu corpo. Princesa engoliu cada gota, lambendo
meu pau até estar limpo antes de cair ao meu lado na cama. Mas eu
não tinha acabado com ela ainda.

Me sentando, agarrei as suas pernas e a girei ao redor na cama.


Sua risada era linda. — O que você está fazendo? — ela perguntou,
ainda tentando recuperar o fôlego.

— Qualquer maldita coisa que eu quiser, — meus lábios bateram


nos dela, provando o meu gosto, e meu pau ficou duro outra vez na
mesma hora quando ela começou a balançar os quadris contra mim.
Rolando em cima dela, agarrei seus braços e os prendi acima da sua
cabeça. Sua rendição imediata me fez sorrir. A minha garota era
perfeita.

Deslizando o pau dentro dela, amei o quanto ela estava quente e


molhada para mim todas as malditas vezes. Usando um braço para
manter ela pressionada para baixo, levei o outro ao seu joelho e puxei
alto até o seu peito. Queria estar o mais dentro possível dela. Se eu
pudesse escalar dentro dela, com certeza eu faria. Um empurrão atrás
do outro, senti ela pulsar abaixo de mim enquanto seu corpo arqueava
para fora da cama. Eu bati cada vez mais duro dentro dela,
reivindicando essa mulher uma e outra vez como minha. Quando ela
gritou meu nome, eu gozei com um rugido, o suor pingando do meu
corpo. Caí em cima de Princesa, esmaguei seu corpo com o meu peso,
mas ela não reclamou.

Quando soltei seus braços, ela os enrolou apertados ao meu


redor, subindo e descendo as mãos pelas minhas costas. — Eu te amo,
— ela disse baixinho.

~ 147 ~
— Eu também, — minhas palavras foram abafadas pelas cobertas
e pela exaustão correndo pelo meu corpo. Com a última gota de energia,
puxei meu pau de dentro dela, puxei suas costas contra o meu peito e
caí no sono.

***

— Ela sabe, — foram as palavras que eu disse durante nossa


discussão na missa sobre Princesa e o plano para colocá-la de volta na
cadeia.

— O que você quer dizer com ela sabe? — Diamond acusou.

— Eu não contei a ela, porra. Ela é inteligente. Juntou um mais


um na noite passada. Ela disse que acha que as drogas foram colocadas
lá para mandar ela de volta para a prisão, — de maneira nenhuma eu
queria que os irmãos pensassem que eu tinha contado algo para
Princesa. Eu a amava, mas tinha dado a minha palavra de que
manteria os negócios do clube separados.

— Droga, — Pops disse. — Eu deveria saber que ela logo ia


descobrir tudo, — ele esfregou a mão na cabeça. — O que você disse a
ela?

— Só que ―pode ser‖. Eu não falei merda nenhuma, — comecei a


tamborilar os dedos na mesa.

— Não vamos confirmar isso para ela. Princesa obviamente sabe o


que está acontecendo, então não precisamos dizer, — eu assenti com a
cabeça para Diamond.

— O próximo assunto é Danny, — todos sabíamos o que ele tinha


feito, então não havia razão para narrar os fatos. — Todos a favor que
ele perca seu patch...

Todo o clube votou sim. — Aprovado. Vamos ter um problema


com a tatuagem nas suas costas. Ela vai ter que ser removida. Ele tem
uma semana para dar um jeito nisso, — Diamond bateu o martelo. Eu
sabia, no fundo da minha mente; Dagger provavelmente seria aquele
removendo essa tatuagem em oito dias, com fogo ou com facas.

~ 148 ~
Diamond acenou para Pops quando ele falou. — Mindy não está
conseguindo se aproximar de Babs. Digo para deixá-la ir, mas
continuar monitorando o seu telefone.

Mais uma vez, todos votaram sim. Não havia razão para manter
essa vadia perto de Princesa mais do que o necessário. E se ela não
estava nos dando informações, não tinha utilidade alguma.

— Deara dessa vez não nos deu nada. Mas uma nota interna dizia
que eles estavam trabalhando nisso. Então vamos esperar.

Todos acenaram.

— A armadilha, — Diamond deu um olhar cortante para Dagger,


uma vez que foi ele quem organizou tudo.

— Sim, Chefe. Eu não sei que porra aconteceu. Falei com


Ransom, ele não sabia merda nenhuma, mas quer retaliação. Ele
perdeu três homens.

— Alguma ideia de quem começou essa merda? Como se não


tivéssemos bastante coisa acontecendo no momento, caralho, —
Diamond disse correndo as mãos pelos cabelos.

— Não, — G.T. disse. — Buzz rastreou o telefone e não chegou a


lugar nenhum. Era um pré-pago, e não conseguimos nada com ele.

— Merda, — Diamond estalou. — Precisamos disso agora.


Duzentos mil para acabar com vocês... essa merda é pra valer.

— Estamos cuidados disso, — Rhys disse ao seu lado. — Vamos


descobrir quem são esses filhos da puta.

Diamond assentiu e então continuou. — Próximo assunto...


Studio X. Princesa trouxe Stella e Moxie para cá ontem à noite. Elas são
viciadas em coca e estão vendendo no X, — todos os olhos viraram para
Diamond. — Stella não está falando, mas Moxie sim. — Diamond
repetiu as palavras de Moxie. Todos na sala murmuraram, — Merda.

— Elas estão presas agora. Estamos achando que Babs quer dar
um jeito de colocar Princesa de volta na cadeia, e por um longo tempo.

Falando pela primeira vez, eu disse, — Acho que deveríamos


deixar Princesa persuadi-la.

Diamond acenou. — Concordo. Todos a favor, — todos disseram


sim. — Cruz, entre com ela lá e não a deixe ir muito longe.

~ 149 ~
— Mais alguém percebeu que a maior parte da missa ficou ao
redor de Princesa? — Zed interrompeu.

— E daí? — eu perguntei.

— Talvez você precise apertar mais a coleira dela, — ele me


acusou e eu apertei tanto as mãos que os dedos ficaram brancos. Mas
eu não precisei dizer nada quando Pops fez isso por mim.

— Você sabe muito bem que isso não é culpa dela. Ela não fez
merda alguma para merecer isso, exceto sair da prisão.

A tensão ficou grossa na sala, e Diamond pode sentir isso,


também. — Já chega. Ela não fez nada errado, — ele bateu o martelo,
dispensando todo mundo.

***

— Preciso que você venha comigo, — eu disse para Princesa


quando ela estava brincando com Cooper na mesa, logo depois que
saímos da missa. Ela olhou para mim e sorriu.

— Ma. Você pode olhar o Coop, por favor? — ela perguntou


enquanto se levantava. — Eu já volto, amigão, — seus lábios tocaram a
cabeça de Coop e ela bagunçou um pouco do seu cabelo com a mão.

A levando pelo corredor, eu disse, — Preciso que você entre lá e


faça Stella falar.

Seus olhos se arregalaram com o reconhecimento do que eu tinha


acabado de lhe pedir, e então ela acenou com a cabeça. — Ela não falou
com Diamond ou Pops?

— Não. Precisamos da sua ajuda.

— Sem problemas, — caminhando com ela até a porta,


destranquei a trava e encontrei Stella caminhando pelo quarto,
enquanto Moxie estava deitada na cama.

Bati na coxa de Moxie para chamar a sua atenção. — Levante.


Vamos lá, — Moxie rolou para o lado meio vacilante, mas fez o que eu
mandei. — Tug, fique de olho nela.

~ 150 ~
— Entendido, — ele disse quando levou Moxie do quarto e eu
fechei a porta. Pegando uma cadeira, a coloquei na frente da porta e
sentei, bloqueando a saída.

— O que é isso? — Stella perguntou.

Princesa sorriu e olhou para mim. Acenei, um sinal de ―vá em


frente‖. Amei o fato dela pedir permissão. Isso literalmente deixou meu
pau duro.

— Sente, — Princesa latiu e apontou para a cama.

— Acho que vou ficar de pé. — Princesa sorriu. Ela estava no seu
habitat. Com um giro e um chute, ela derrubou Stella; ela bateu no
chão, duro. Stella ficou ali parecendo atônita por um momento.

— Acho que agora você vai ficar sentada no chão, — Princesa riu
alto.

— Mas que porra é essa? — Stella latiu, não demonstrando medo


algum. Princesa deve ter ouvido isso, também, porque os primeiros
socos fizeram Stella segurar seu rosto e seu peito enquanto ela gemia.

— Primeiro, você não faz as perguntas. Eu faço. Segundo, você


sabia que não devia levar cocaína para o meu negócio, especialmente
vender lá. Isso me irritou muito, — Princesa puxou Stella do chão e a
empurrou sentada em uma cadeira exatamente igual a minha. Ela
então começou a andar pelo lugar, como um tigre olhando para a presa.
Isso era quente pra caralho.

A respiração de Stella ficou mais rápida e uma linha de suor


começou a se formar entre as suas sobrancelhas. A mão de Princesa
bateu com força na bochecha de Stella, fazendo sua cabeça estalar para
o lado.

— Agora me diga porque você começou a usar, — Stella olhou


para mim e eu cruzei os braços, deixando ela saber que não ia fazer
merda alguma para parar Princesa. Esse era o show dela.

Soltando uma respiração profunda, o sangue do seu lábio


começou a escorrer pelo rosto. — Meu homem me deixou dizendo que
não suportava ver a namorada tirando a roupa na frente de outros
homens. Ele estava irritado por causa das danças privadas, então ele foi
embora.

— Essa foi a única razão?

~ 151 ~
— Isso e o dinheiro curto.

— Como você chegou em Rabbit e sua gangue? — eu não podia


deixar de sentir orgulho dela. Minha garota era muito boa nisso.

Quando Stella não respondeu, Princesa lhe deu um soco no


queixo, forte o bastante para ouvir o osso estalar. Stella gritou de dor
quando Princesa começou a caminhar ao redor dela outra vez. Ela não
se moveu da cadeira, mas apertou o rosto. — Responda! — Princesa
gritou.

— Não era ele, primeiro. Ela alguém do seu grupo, chamado


Turbo. Ele veio falar comigo no Studio. Fui a um hotel com ele aquela
noite. Ele me ofereceu coca; eu aceitei e então não pude mais parar. —
Stela deixou a cabeça cair.

Princesa agarrou seu cabelo, puxando os olhos de Stella no


mesmo nível dos seus. — E então?

— O mesmo que Moxie. Fiquei viciada e endividada. Eu estava


transando com a gangue dele para pagar; então Rabbit disse que eu
tinha que pagar em dinheiro ou ele ia me matar.

— Continue, — Princesa puxou seu cabelo, então soltou, parando


na frente dela com os braços cruzados, empurrando para cima os seus
peitos lindos.

— Eu não vendia para as garotas, só para alguns clientes


regulares. Um dos garotos de Rabbit vinha pegar o dinheiro e me dava
mais droga. Eu usava um pouco e vendia o resto.

— Então você conheceu alguém da sua gangue.

— Sim, eu dei para seis caras e vi algumas mulheres por lá.

— Você deu para Rabbit? — a vadia olhou para Princesa.

— Porra, não. Aquela cadela ia ter me matado, — sorrindo, eu


estava absolutamente orgulhoso da minha garota.

— Me fale sobre essa cadela, — quando ela não falou, Princesa


levantou a mão para bater.

— Pare, eu vou dizer, — Princesa recuou e ouviu. — O nome dela


era Babs. Ela parecia estar comandando o show por ali, mais do que os
homens. Não achei que era assim que um MC funcionava, — porra, não
era assim. Mas que diabos?

~ 152 ~
— Ela nunca me bateu, mas mandou os caras fazerem isso. Ela
me ameaçava dizendo que Rabbit e os outros homens iam me estuprar
e me matar. Ela me disse que se eu não começasse a levar mais clientes
para o Studio e vendesse mais, seria o meu fim.

— Então você fez o que ela mandou?

— A cadela ia mandar me matar, e eu sabia que ela não estava


brincando. Os olhos dela eram frios e mortais. Não havia emoção
alguma ali.

— Babs disse mais alguma coisa?

Stella começou a chorar, sem dúvida por causa da dor que os


punhos de Princesa deixaram. — Ela perguntou de você. Queria saber a
data exata que você ia sair. Eu não queria dizer a ela, mas ela mandou
um dos caras colocar uma arma na minha cabeça. Eu não tive escolha.

— E o que você disse a ela? — Princesa perguntou e deu um


passo para frente.

— Só disse o dia que você ia sair. Era tudo que eu sabia.

— Quando você devia encontrar esse cara para a próxima troca?


— Princesa perguntou, parecendo imperturbável.

— Amanhã às 19h no Studio.

— Quem você ia encontrar e quanto dinheiro ele buscar?

— Nunca sabia quem ia aparecer. Podia ser um membro da


gangue ou o próprio Rabbit. Mil e quinhentos dólares.

— Você está lucrando mil e quinhentos dólares por semana


vendendo cocaína no meu Studio? — a raiva de Princesa aumentou. Ela
agarrou Stella e a fez ficar de pé. Então ela atacou. Soco atrás de soco,
ela bateu na mulher até ela cair no chão. Quando Stella ficou de
joelhos, Princesa estava ofegando.

— Já basta, — eu lati. Princesa olhou para mim e acenou,


caminhando para parar ao meu lado.

— O... o que vai acontecer comigo? — Stella perguntou.

— Você vai ficar sabendo, — passando um braço pelos ombros de


Princesa, eu a levei para fora. — Tug, traga a outra para cá, dê a ela um
kit de primeiros socorros e tranque a porta outra vez. — Tug acenou e
foi fazer o que mandei.

~ 153 ~
Caminhei com Princesa até o meu quarto, trancando a porta atrás
de nós. — Preciso usar o banheiro, — sua voz estava muito distante.

— Você está bem?

Ela me deu um pequeno sorriso. — Sim. Vou tomar um banho, —


ela se virou e fechou a porta atrás de si.

Saí do quarto e fui contar para Diamond e Pops tudo que Stella
tinha dito. Eles concordaram que devíamos ir atrás desses homens
amanhã à noite, e nós decidimos falar sobre isso na próxima missa.

Voltei para o quarto e encontrei Princesa curvada embaixo das


cobertas, de costas para a porta. Seu corpo estava tremendo, me
fazendo pensar que ela estava chorando. Tirei as roupas e entrei
embaixo das cobertas com ela. Instantaneamente ela enrolou seu corpo
nu no meu, me agarrando como se eu fosse sua tábua de salvação.

Enquanto eu esfregava suas costas, ela começou a relaxar contra


mim. — Fale comigo, — eu disse suavemente.

— Eu não entendo. Como como ela pode me odiar tanto a ponto


de querer me destruir? Algo está faltando. Preciso da peça que está
falando, e não tenho ideia de onde conseguir isso.

— Eu não sei, baby, mas nós vamos descobrir.

— Eu preciso de você, — ela sussurrou no meu peito, sua


respiração quente me fazendo arrepiar.

— Estou bem aqui, baby, — Princesa abriu as pernas e eu deslizei


meu pau profundamente dentro dela. Isso não era uma foda rápida. Eu
balançava os quadris dentro e fora dela com movimentos lentos e
sensuais. Secando as lágrimas do seu rosto, eu me inclinei e beijei seus
lábios. Quando gozamos juntos, a apertei firme em meus braços,
pressionando nossos corpos.

Depois de rolar para o lado, encarei Princesa enquanto me


apoiava em um cotovelo. — Sabe, eu amo você, — minha outra mão
tirou os fios de cabelo que caíam sobre o seu rosto lindo.

— Eu sei. Eu te amo também, — seu sorriso era a coisa mais


bonita do planeta. Eu amava ser aquele que o fazia aparecer em seu
rosto.

— Preciso te perguntar algo, — ela assentiu. — Você é minha old


lady?

~ 154 ~
Seu sorriso ficou maior. — Sim, baby. Eu sou.

Eu beijei a sua cabeça. — Ótimo. Eu tenho algo para você.

~ 155 ~
Doze
HARLOW
Vendo a bunda linda de Cruz atravessando o quarto, meu corpo
vibrou. Eu amava esse homem. Amava a sua lealdade. Amava a sua
honra com o clube. Amava o fato dele ser um pai maravilhoso. Amava
como ele me amava.

Cruz abriu a primeira gaveta da sua cômoda e pegou um colete de


couro preto. Meu coração acelerou no peito, e eu achei difícil respirar.
Então era isso. A única coisa que eu disse que nunca faria, e agora a
única coisa que eu queria mais do que tudo.

Quando ele caminhou de volta para a cama, eu me sentei,


deixando as cobertas caírem e me expondo para ele. — Eu fiz isso para
você. Estava esperando você dizer, e como isso acabou de acontecer,
quero que você o use.

Tentei segurar as lágrimas, mas minha visão ficou borrada. No


meu mundo, isso era o mesmo que um pedido de casamento. Isso era
tudo. Cruz segurou o colete, virando a parte de trás para mim. Não
pude segurar a lágrima que escorreu pela minha bochecha, mas eu
rapidamente a sequei.

A parte de trás tinha, no topo, a palavra Ravage escrita, e abaixo


estava o grande patch que dizia ―Propriedade de Cruz‖. Eu sabia que,
assim que vestisse esse colete, ia ter que me comportar, não deixar que
nenhuma das minhas ações refletisse de forma negativa em Cruz. Eu
estive fazendo o meu melhor nessa última semana, mas agora o melhor
não era o bastante. Eu precisava ser ainda mais.

Olhando Cruz nos olhos, senti o amor que se derramava dele. —


Eu te amo, — disse baixinho.

— Se vire, baby, — quando eu fiz, senti o couro gelado tocar a


pele das minhas costas, enviando arrepios pelo meu corpo. Movendo os
braços, passei um deles pela abertura no colete, depois o outro,
sentindo o couro cobrir o meu corpo como uma luva. — Levante. Eu
quero ver.

~ 156 ~
Saindo da cama, parei nua na frente dele, exceto pelo colete,
enquanto girava lentamente ao redor, dando a ele uma vista incrível de
cada parte minha. — Droga, baby, — ele rosnou, fazendo o meu interior
derreter.

Cruz não me deu tempo para pensar quando agarrou a minha


bunda, me levantando no ar, minhas pernas instintivamente se
enrolando em volta dele. Cruz passou um braço, e então o outro, sob os
meus joelhos, me abrindo para ele. Quando seu pau deslizou dentro de
mim, ele começou a bater como o pistão de uma máquina. Antes que eu
pudesse me controlar, comecei a gozar duro, mas Cruz ainda não tinha
acabado. Seus quadris continuaram a empurrar até eu gozar outra vez.

Senti meu aperto no seu pescoço começar a escorregar, então o


segurei com mais força. Uma e outra vez, ele me mandou sobre a borda.
Quando ele gozou dentro de mim, eu o segurei como uma tábua de
salvação, não querendo jamais deixar esse homem ir.

Todo meu corpo parecia gelatina quando ele me deitou na cama.


Não achei que fosse capaz de me mover novamente. Cruz olhou para
mim deitada de costas, usando o seu colete. Podia sentir o seu orgulho,
e sabia que jamais iria querer desapontá-lo. Eu não podia desapontá-lo.
Bocejando, meus olhos começaram a se fechar. — Baby, tire um
cochilo, e então nós vamos dar um passeio.

Eu assenti enquanto me curvava em uma bola, caindo


rapidamente em um sono satisfeito.

***

Quando entrei no salão principal do clube, senti todos os olhos


em mim... bem, porque eles estavam. Cruz tinha um braço sobre os
meus ombros, me guiando. Quando os assobios e gritos começaram,
senti o calor subir pelas minhas bochechas, não de vergonha, mas de
felicidade. Ninguém nesse momento podia apagar o sorriso no meu
rosto.

— Nos deixe ver! — a old lady de Zed, Legs, apareceu sorrindo.


Quando me virei lentamente, o barulho ficou ainda mais alto. — É
lindo, garota. Estou tão feliz por você.

Me virando, dei um abraço apertado em Legs. — Obrigada. —


Legs tinha esse nome porque ela mal tinha 1,50 m, era uma coisinha

~ 157 ~
pequena. Era assim que os nomes funcionavam por aqui. Dependia da
pessoa. Se você era baixinha, seu nome era Legs11. Se você ria muito e
era a alma da festa, seu nome era Bubbles12.

Ela se afastou. — Nós vamos ao Bimbo’s hoje à noite. Vocês


querem vir? — eu fiquei parada em choque. Eu nunca tinha sido
convidada para sair com elas antes. Sendo a criança do clube, eu não
era chamada para nada. Para as festas sim, mas realmente sair com os
irmãos e irmãs? Isso era novo... e emocionante.

— Preciso falar com Cruz primeiro, — ela sorriu, sabendo do que


eu estava falando. Bubbles, a old lady de Becs, e Flash, a old lady de
Dagger, vieram me abraçar também. Eu conhecia essas mulheres a vida
toda, mas isso era diferente. Era um abraço diferente. Era um abraço
de irmãs.

— Claro. Nós vamos sair às oito, — acenando, caminhei até Cruz.


Ele sorriu para mim, passando o braço ao meu redor e me puxando
com força para o seu peito, então beijou o topo da minha cabeça.

— Nos convidaram para ir ao Bimbo’s hoje, se você quiser, — eu


disse no seu peito, que cheirava a couro e cigarro.

— Claro, baby. Vamos lá, temos um lugar para ir.

Excitação correu por mim. Essa seria a primeira vez que eu ia


montar como old lady de Cruz.

Enquanto o vento soprava ao nosso redor, eu curti ter meus


braços em volta de Cruz. Entre o cheiro dele e a vibração entre as
minhas coxas, eu estava ficando excitada.

Estar na parte de trás da moto de alguém era algo com o qual


ainda estava me acostumando. Depois de uma hora e meia na estrada,
nós paramos para comer e voltamos à viagem. Tivemos sorte que Ma
disse que ia cuidar de Cooper a noite toda, então estávamos livres por
um tempo. Mas a minha mente continuava a voltar para a merda que
estava acontecendo na minha vida, e cada vez que fechava os olhos, não
conseguia afastar a sensação de que algo ruim ia acontecer.

Quando paramos em um estacionamento, Cruz desligou a moto.


Descendo, nos movemos entre os bancos de piquenique e eu coloquei a
cabeça no seu ombro. — Está tudo bem, baby?

11 Pernas, em inglês.
12 Bolhas, borbulhas.

~ 158 ~
— Desculpe. Minha cabeça não para. Estou tentando desligar,
mas não está funcionando.

Ele passou um braço ao meu redor e me apertou com força contra


ele. — Nós vamos resolver tudo isso.

— E a questão com Mel? — o corpo de Cruz ficou rígido ao ouvir o


nome dela, mas eu não disse nada. — Ela não assinou os papeis ainda.
Ela não pode ficar com o meu garoto.

— Eu estava dando a ela o benefício da dúvida. Não sei porque,


mas estava. Agora... — sua voz sumiu e ele me apertou e beijou a
minha cabeça. — Eu vou cuidar disso.

— E Babs?

— Isso é assunto do clube, baby, — eu acenei, sabendo que ele


não ia dizer mais nada. Respeitava isso, embora eu quisesse saber.

— Gostaria de voltar a estar o tempo inteiro no Studio X. Tudo


bem por você? — perguntar a ele não era tão difícil quanto eu achei que
seria. Se tornou algo natural.

— Sim, baby. Se você tiver um prospecto com você o tempo


inteiro, claro.

Eu sorri. — Becs anda muito por lá, — ele endureceu. — Está


tudo bem, querido. Eu sei que você só está cuidando de mim. Eu disse
isso para Liv. Mas ter ele lá vai ajudar. Eu só preciso de alguém que vá
e volte comigo.

— Leve um dos prospectos, — acenando, eu relaxei contra ele.


Esperava que voltar ao Studio tirasse minha cabeça dos problemas.
Talvez, se eu fizesse isso, conseguisse ter uma visão clara da conexão de
todas as coisas. — E Cooper? — ele perguntou.

— Vou ver se Ma consegue cuidar dele na loja, e o mais provável é


que eu não saia até o meio-dia, então vou ficar com ele nesse tempo.

— Eu vou ficar um pouco por lá, também. Temos algumas


corridas planejadas que vão me deixar fora por uns três ou quatro dias,
mas vou fazer o meu melhor.

— É difícil ser pai o tempo inteiro, hm? — eu disse, me


aconchegando contra ele.

~ 159 ~
— Eu não sabia o que esperar. Eu apenas sempre pensei que ele
estaria melhor com a Mel. Ela deveria amar e cuidar dele. Mas no
último ano, tudo desmoronou, — ele deixou sua cabeça cair.

— Quando você descobriu que ela estava batendo nele? — eu não


tinha certeza se queria a resposta para essa pergunta, mas apenas
escapou da minha boca. Parte de mim precisava saber.

— Umas semanas antes de você sair, eu percebi que algo estava


errado, mas não mexi nisso até uma semana antes de você estar aqui.
Então, quando vi ela agarrar Coop no clube, sabia que não podia mais
deixar ela chegar perto dele.

— E me ter por perto ajudou?

— Claro. Isso me mostrou a mãe que Coop precisava, — ele me


apertou com força.

Meu coração aqueceu, não apenas porque ele pensava que eu


poderia ser a mãe que Coop precisava, mas pela perspectiva de ser essa
pessoa na vida de Coop. Eu nunca pensei em ser mãe. Eu não era o tipo
que planejava o futuro ou tinha essas expectativas. Até onde eu sabia,
uma transa rápida, meu Studio e o clube era tudo que eu precisava.
Era de explodir a mente o quanto minha vida tinha mudado.

Fui de solteira na prisão para ter um old man e uma criança em


um curto período de tempo, mas não mudaria absolutamente nada.

— Tem certeza que quer ir hoje à noite?

— Claro. Vai ser bom você conhecer as old ladies.

— Você sabe que eu conheço Legs, Bubbles e Flash há muito


tempo, mas agora é diferente.

— É porque agora você é uma old lady. Tudo vai ficar bem.

Sorri para ele quando ele se abaixou e beijei seus lábios. Puxei
sua cabeça contra a minha, o beijando com tudo que tinha. Antes que
eu soubesse o que estava fazendo, o empurrei na mesa de piquenique,
esfregando meu corpo contra o seu pau duro. — O passeio te deixou
excitada, baby? — ele perguntou contra os meus lábios.

— O que você acha? — meus quadris tinham mente própria


enquanto empurravam e empurravam. Eu estava quase gozando.

— Tire suas calças, — ele latiu com a voz grossa.

~ 160 ~
Olhando ao redor, tive um momento de pânico. Aqui nós
estávamos em público, e qualquer um que passasse poderia nos ver.
Meu corpo congelou.

— Eu não vou dizer de novo. Tire as calças, — e olhei para ele e


senti meu interior me sufocar. Eu queria fazê-lo feliz, e também queria
transar com ele. Foda-se.

Me apoiando nele, tirei minhas botas e minha calça de couro.


Parei na frente dele e a fome em seus olhos me deixou sem fôlego. Ele
lentamente abriu o zíper da sua calça e puxou seu pau duro para fora.
Lambendo os lábios, eu o queria. O sol estava queimando a nossa pele,
fazendo o calor que eu já sentia ser dez vezes mais forte.

— Venha aqui e monte em mim, baby, — ele disse, puxando o


meu corpo para o seu. Sem pensar duas vezes, subi nele, o afundando
dentro de mim com um empurrão profundo. Subindo e descendo, eu o
montei o mais duro que podia na posição em que estávamos. Eu batia a
perna na mesa repetidamente, mas não parei para reclamar.

Me abaixando, cobri o rosto de Cruz e o puxei para dar um beijo


apaixonado. Ele quebrou o beijo, e eu realmente comecei a impulsionar
meus movimentos usando minhas pernas para subir e descer mais
rápido.

Jogando a cabeça para baixo, senti as ondas querendo me levar.


Não podia segurar. Eu precisava gozar. — Você está perto, baby? — eu
perguntei a ele.

— Desde quando você me pergunta isso?

— Eu quero gozar com você, baby, — eu disse, agarrando seus


ombros para ter mais estabilidade.

— Mais rápido, — ele rosnou. Fazendo o que ele disse, senti seu
pau crescer ainda mais dentro de mim. Eu sabia que isso estava vindo,
e eu estava pronta para ele. — Agora, — nós gozamos juntos, gritando o
nome um do outro.

Com Cruz ainda dentro de mim, tentamos recuperar o fôlego.


Com o sol batendo no meu traseiro nu, voltei de volta à realidade de
onde estávamos. Levantei a cabeça e verifiquei o parque. — Relaxe,
baby, — ele puxou para fora de mim e sorriu. — Se vista.

Me apressei em colocar a calça de couro e as botas de volta, e


arrumar minha trançar. Mais tranquila agora, eu estava pronta para
montar.

~ 161 ~
***

Entramos no Bimbo’s e eu não pude deixar de sentir um pouco do


nervosismo no meu estômago. Esse seria o meu primeiro teste como old
lady. Eu conseguiria manter meu temperamento sob controle? Eu
conseguiria me encaixar com essas mulheres que têm feito isso por
anos? Eu conseguiria ser uma boa old lady?

Eu queria ser. Eu realmente queria fazer Cruz feliz.

Dentro do bar, todos os olhos estavam em nós. Eu os sentia, mas


mantive o aperto na mão de Cruz, seguindo de perto atrás dele. Eu
sabia que podia me defender, mas isso era diferente. Eu sabia que todos
os olhos estavam em mim porque eu era a sua old lady.

Cruz nos levou diretamente para onde Zed, Legs, Becs, Bubbles,
Dagger e Flash estavam sentados ao redor de uma grande mesa,
bebendo e rindo. Assim que nos aproximamos, todos se levantaram e
nos abraçaram e beijaram nossas bochechas. Os abraços das mulheres
foram apertados e calorosos. Os dos homens também foram calorosos,
mas cada um deles sussurrou no meu ouvido.

Zed, — Estou tão feliz que você está aqui. — Becs, — Estava na
hora de você virar uma irmã com seu próprio patch. — Dagger, — Você
deve ser o que Cruz estava esperando. — Isso me fez querer chorar, mas
me contive.

Depois que sentamos, a garçonete veio e anotou o que queríamos


beber. Eu sabia que ia beber apenas um ou duas doses, porque não
podia ficar bêbada para andar na parte de trás da moto de Cruz. Já é
difícil dirigir com alguém nas suas costas, mas se for uma mulher
bêbada que não está pensando direito... não é uma boa combinação.
Não só isso, eu iria fazer ele morrer de vergonha.

Ter Cruz ao meu lado, seu braço enrolado em mim nas costas da
minha cadeira, junto dos seus irmãos e irmãs, era incrível. Imaginei que
assim que felicidade se parecia.

— Irmãos, vamos caminhar, — Zed disse levantando o queixo, me


deixando com as três old ladies. Olhando ao redor da mesa e
reconhecendo as mulheres que conhecia a vida toda, não pude deixar
de vê-las de uma forma diferente. Elas eram as amigas da minha mãe.
Agora, elas eram minhas amigas também, minhas irmãs. Considerando

~ 162 ~
que eu não tinha irmãs e que Casey tinha desaparecido e não atendia
minhas ligações, isso era excitante e assustador ao mesmo tempo.

Legs sorriu, batendo na minha mão. — Ei, garota. Você está bem?

— Sim, por quê?

— Você parece distraída. Distante.

Soltando uma respiração profunda, — É que eu conheço vocês a


vida toda e isso é... diferente.

— Você não precisa ficar assustada ou nervosa. Você apenas vai


nos conhecer. Não as mães correndo atrás dos seus filhos, mas quem
somos de verdade. Acho que você vai gostar do que vai ver, — Legs riu,
e as outras a seguiram.

— Eu sei que vou gostar de vocês, só não sei se vocês vão gostar
de mim.

— Ah, que besteira, garota, — Bubbles falou. — Nós amamos você


ser tão atrevida e falar o que pensa. Você faz isso com a gente, mas não
com os irmãos, — ela piscou. Agora que eu era uma old lady, sabia que
tudo que eu falava refletia em Cruz, então precisava aprender a me
controlar.

— Nós todas somos meio loucas, cada uma do seu jeito. Você vai
aprender isso logo, Princesa, — Flash disse, jogando seu longo cabelo
loiro para trás. Seus olhos verdes estavam marcados por uma sombra
esfumada, realçando-os de uma maneira muito sensual.

— Bebida! — Bubbles gritou.

— Obrigada, garotas. Mas eu estou indo com calma, — eu já


tinha ficado bêbada muitas vezes na frente dessas mulheres, mas
sempre dentro do clube, onde eu podia desmaiar no quarto de Pops,
nunca em público.

— Ah, não! Você bebe. Essa é a sua celebração, — a garçonete


colocou uma dose de uísque na frente de cada uma de nós. — À nossa
nova irmã e seu patch! — elas levantaram os copos e eu as imitei.
Bebendo o líquido, pude sentir a queimação descer, e depois da quinta
dose, estava me sentindo muito bem e relaxada.

Meu estômago na verdade estava doendo de tanto rir com essas


mulheres, e elas estavam certas. Esse era um lado totalmente diferente
delas, e um que eu realmente gostava. Todas as minhas angústias e

~ 163 ~
preocupações foram embora conforme a noite passava. Essas mulheres
me tratavam, bem, como uma delas. Elas não me viam como uma
criança ou se seguravam; isso fez com que eu me apaixonasse por elas
pela segunda vez, e de um jeito totalmente diferente.

Nós observamos os homens jogando sinuca e fazendo seja lá o


que eles estavam fazendo. De vez em quando, Cruz me dava uma
levantada de queixo, apenas me deixando saber que ele tinha me visto.
A noite estava melhor do que eu tinha esperado.

Essas mulheres eram diversão. Elas eram mais diversão do que


eu tive em muito tempo, incluído o meu tempo antes da prisão. Na
verdade, era algo notável que nenhuma delas me perguntou sobre isso.
Parte de mim pensou que esse seria o tópico da noite com elas, a idiota
que foi incriminada por uma cadela. Nenhuma delas riu de mim de
modo algum, no entanto, e isso me deixou mais relaxada. Eu tenho
certeza que elas ainda vão perguntar algo em algum momento, mas não
hoje, e só por isso eu poderia beijar cada uma delas.

— Olhos atentos, moças, — Legs disse, olhando para os homens


do outro lado da sala. Meus olhos correram para a direção onde três
mulheres jovens, usando quase nada, se aproximaram dos nossos
homens. Duas delas foram espertas; elas foram embora quando Becs e
Dagger as dispensaram. A terceira já não era tão esperta. Vi com meus
próprios olhos quando Cruz acenou com a cabeça na direção que ela
veio, eu imagino, pedindo a ela para ir embora. Mas a vadia idiota não
pegou a dica. Suas mãos começaram a correr pelo braço dele, e ele deu
um passo para trás para fugir do seu toque.

A raiva ferveu dentro de mim. Eu queria retalhar essa cadela.

— Vamos lá, — Flash disse rapidamente. Mas eu estava um


pouco apreensiva. Eu sabia que se fosse até lá, ia dar uma surra nessa
vadia, e eu não queria envergonhar meus irmãos e irmãs.

Flash viu a minha apreensão. — Se você deixar aquela cadela


colocar as patas no seu homem, isso vai acontecer toda vez que vocês
vierem aqui. É o seu trabalho acabar com isso, — com suas palavras
encorajadoras, eu sabia o que precisava ser feito. Deslizando da minha
cadeira, caminhei na direção deles. Estava com os punhos fechados
com tanta força que minhas unhas se enterraram nas palmas. Eu ia
tentar ser civilizada primeiro.

— Com licença, — eu disse, batendo no ombro da mulher. Ela se


virou fazendo uma careta para mim.

~ 164 ~
— O quê? — ela latiu e eu trouxe minhas mãos para a frente,
entrelaçando os dedos... ou mais precisamente, tentando me conter
para não dar um soco na cara dela.

— Você precisa se afastar, — ela me olhou de cima a baixo, viu o


colete no meu corpo, mas não se deteve. Ela até olhou para as mulheres
paradas atrás de mim, e isso não a perturbou. Vadia estúpida.

— Cai fora, — ela disse e se virou, sua mão indo direto para o
braço de Cruz. Olhando nos olhos dele, tentei fazer com que ele visse a
raiva feroz queimando dentro de mim. Quando ele levantou levemente o
queixo, eu agarrei a vadia pelos cabelos e a puxei para longe de Cruz.
Minhas irmãs formaram um círculo ao meu redor, mas se mantiveram
afastadas e me deixaram ter o controle.

— Cai fora, hm, vadia? — eu a joguei no chão e ela caiu com um


estalo dos seus estúpidos saltos. — Se levante! — eu gritei. Ela ficou de
pé, oscilando.

— Qual é o seu problema, porra? — ela latiu.

— Você quer saber o meu problema? Você está tocando o meu


homem. Ele te disse para cair fora... e a sua estupidez não ouviu. Então
eu pedi a você para fazer a mesma coisa, e você não ouviu. E agora
isso... — eu balancei, meu punho se conectando com o seu rostinho
bonito, fazendo sangue voar.

— Sua puta, — Deus, essa mulher claramente sentou no vagão


da burrice.

Levantei a perna e a chutei diretamente no estômago, então com a


mão direita bati no rosto dela duas vezes, me certificando que o corte
fosse grande e profundo. — Puta, hm? Não, eu sou a old lady dele e
essa merda não funciona comigo, — depois de mais dois socos, senti
uma mão forte apertando o meu ombro. Pude sentir o corpo de Cruz
contra o meu. Me endireitei e olhei para o grupo de garotas idiotas que
eram amigas dela, merdinhas que não a ajudaram nem uma vez. Pelo
menos eu sabia que as minhas irmãs cobriam as minhas costas.

— Me deixe ver as suas mãos, — Cruz disse quando me virei para


ele, sem saber se ele estava irritado porque eu causei uma cena. Seu
sorriso deixou meus joelhos fracos. O seu orgulho por mim brilhava em
seus olhos. Levantei as mãos e ele as tocou gentilmente. Sem estarem
protegidas, elas ficaram bem machucadas. Eu tinha muitos arranhões e
sangue, e claro, hematomas, mas nada que impossível de curar.

~ 165 ~
Cruz soltou minhas mãos depois de inspecioná-las e seus lábios
esmagaram os meus. Meus braços foram instantaneamente ao redor do
seu pescoço, puxando-o com força contra mim. Assim que ele se
afastou, sussurrou, — Obrigado, baby, — então ele sorriu do seu jeito
sexy. — Vamos pegar uma bebida para você, Esquentadinha.

Revirando os olhos, o segui de volta até a mesa e ele pediu para


mim uma dose de uísque.

— Porra, garota, — Legs disse, se sentando. — A sua mãe sempre


disse que você sabia lutar, mas nunca te vimos em ação. Droga, você
arrasou.

Sorrindo, senti a queimação da bebida descer pela minha


garganta.

***

A noite acabou sendo ótima. E mesmo que eu estivesse um pouco


bêbada, Cruz provou ser totalmente capaz de me levar na garupa da
sua moto. Outra das minhas preocupações que foi picotada em
pedacinhos.

Paramos no clube e havia muitas pessoas por lá, o que era uma
surpresa, considerando que quatro irmãos estavam fora até agora.
Imaginei que os outros decidiram fazer uma festa. Também havia
muitas mulheres andando por lá, e a maioria delas encarava Cruz como
se ele fosse o seu próximo alvo. Senti as adagas saindo dos meus olhos
para cada uma delas, fazendo-as ficarem longe do meu homem.

Cruz nem uma vez soltou a minha mão, exceto para abraçar os
irmãos da facção de Davis que vieram falar com ele. Eu me senti
completamente deslocada aqui, por alguma razão.

Quando Cruz nos levou para o seu quarto, trancou a porta atrás
dele. — Você fica aqui com a porta trancada. Eu vou pegar Cooper e
trazer ele para cá, — acenei com a cabeça enquanto ele saía do quarto.

Tirei minhas roupas e coloquei uma legging e a minha camiseta


com os dizeres ―Eu apoio o Ravage MC‖, então peguei uma garrafa de
agua do pequeno frigobar de Cruz. Bebi tudo rapidamente e fui atrás de
algum remédio para a dor que já estava se formando na minha cabeça.

~ 166 ~
Quando a porta se abriu, Cooper veio voando pelo quarto direto
para os meus braços. — Achei que você estava dormindo, garotão.

— Ma viu filmes.

— Ahh... e ela deixou você ficar acordado, hm? — Coop assentiu.

— Eu tenho que ir, baby. Fique aqui com a porta trancada. Eu já


volto, — com um beijinho rápido nos meus lábios e uma bagunçada nos
cabelos de Coop, ele nos deixou.

— Quer se deitar comigo, querido? — meus olhos estavam


começando a fechar. Tinha sido um longo dia, e se eu não podia dormir
aconchegada em Cruz, tinha o outro homem da minha vida.

— Mamãe, tô com fome, — Coop disse, esfregando a barriguinha.

— Nós vamos dormir e amanhã de manhã vamos tomar café.

— Não... mamãe... minha barriga tá fazendo baruio, — eu sorri


pela maneira que ele explicava o que estava sentindo.

— Roncando, querido. Sua barriguinha está roncando, — fui até a


pequena estante onde nós guardávamos alguns salgadinhos e biscoitos
e comecei a alcançar para ele, mas ele não queria nada daquilo. —
Então o que você quer?

— Pasta de amedoim e geleia, — ele sorriu animado.

— Eu não tenho isso aqui, garotão. Vamos escolher outra coisa.

Cooper começou a chorar alto. O pânico correu por mim enquanto


pensava no que fazer. Nós ainda não tivemos momentos em que eu
disse não a ele, ou que ele não podia fazer alguma coisa. Nós estávamos
aprendendo juntos como as coisas funcionavam. Acho que esse era o
primeiro teste.

— Venha aqui, amigão.

— Não... eu quero pasta de amedoim! — ele gritou no meu rosto.

— Certo, certo. Eu vou até a cozinha buscar. Sente aqui e assista


aquele programa do coelho que você gosta. Eu já volto.

Saí do quarto e tranquei a porta, e na mesma hora senti que


estava fazendo algo errado, que deveria virar e voltar, mas olhando para
a porta, sabia que havia um garotinho do outro lado que eu precisava
cuidar.

~ 167 ~
Me levantei, joguei os ombros para trás e caminhei até o salão
principal, que era caminho para a cozinha. Rapidamente fiz o
sanduíche de Cooper, e peguei um salgadinho e refrigerante para mim.
No momento em que pegava tudo do balcão, gritei quando uma mão
passou ao redor da minha cintura.

— Pare, — eu disse depois que o choque passou.

— Por que eu faria isso? — disse uma voz profunda, que eu não
reconheci.

— Porque eu sou a old lady de Cruz, — eu disse com força


enquanto me virava para encarar um homem que eu nunca tinha visto
antes. Ele deve ser novo por aqui.

— Não tem nenhuma old lady por aqui essa noite, e você não tem
o patch dele, — ele disse movendo a mão pelo meu corpo, até chegar e
tatear meus seios. Eu saí de perto dele, voando para o outro lado da
cozinha.

— Eu sou a old lady dele. Estou em bloqueio aqui. Tive que pegar
algo para o meu garoto comer, — eu disse, rapidamente olhando os
patches no colete do homem. Ele era um membro pleno de outra facção
do clube. Merda.

— Vadia, pare de cuspir mentiras sobre o meu irmão, — ele disse


irritado enquanto andava até mim. — Você sabe que nós fazemos com
putas sujas que mentem por aqui.

— Eu não estou mentindo. Vá atrás dele. Ele vai te dizer, — eu


pedi, sem saber o que ia acontecer, e sabendo que, como ele era um
membro pleno com patch, eu precisava me controlar.

— Puta. Não me diga o que fazer, porra. Quem diabos você acha
que é? — as costas da sua mão colidiram com força com a minha
bochecha, mas eu não me movi. Eu fiquei ali parada, encarando-o
diretamente nos olhos.

— Eu sou a old lady de Cruz, — eu disse muito séria.

— Sim, vamos ver. Eu vou chamar ele aqui, e quando ele me


disser que você não passa de uma mentirosa, nós vamos nos revezar
para foder cada maldito buraco do seu corpo.

Precisei de toda a minha força para não arrancar as suas bolas e


fazer ele engoli-las. Eu queria socar, chutar e matar esse filho da puta
na minha frente. Mas ao ouvir que ele ia chamar Cruz, fiquei aliviada.

~ 168 ~
— Não saia daí, caralho, — ele latiu para mim, e eu não movi um
músculo.

— Princesa! — a voz de Cruz encheu a cozinha. Me virei para ele,


aliviada. — Que porra você pensa que está fazendo aqui? E sem o meu
maldito colete? — ele rosnou furioso.

Eu fiquei ali parada, chocada, e meu estômago foi ao chão. Eu


nem parei para pensar em colocar o colete. Eu apenas queria conseguir
comida para o meu garoto.

— Me desculpe, — eu sussurrei.

— Me desculpe? Eu disse a você para ficar no meu quarto, porra!


— ele berrou quando o outro homem se aproximou, cruzando os braços
na frente do peito.

— Ela é sua? — ele perguntou a Cruz.

— Sim. Minha old lady.

— Porra, irmão. Essa é a Princesa? Eu não sabia. Ela não tem o


seu patch.

— Não, ela não tem. Você pode nos deixar a sós, mano? — de
repente eu queria que o psicopata maldito estivesse na cozinha com a
gente, assim Cruz não ia matar bem onde eu estava.

Eu nunca tinha sentido medo de Cruz, mas estava sentindo isso


agora. Pensei que deveria explicar. — Cooper queria um sanduíche de
manteiga de amendoim e geleia. Eu só vim fazer um para ele.

— Eu mandei você ficar no quarto. E então você aparece aqui sem


o seu colete. Isso significa que você está disponível para todos os
irmãos. É isso que você quer? Que todos eles se revezem para te foder?

— Não.

— Exatamente, não. Eu disse a você que essa buceta é minha.


Você é minha. Volte para o quarto. Agora.

Pegando apenas o sanduíche, corri para o quarto e tranquei a


porta.

— Oba, mamãe! Obigado! — Cooper começou a mordiscar o


sanduíche enquanto continuou a assistir seu desenho do coelho.

— Coop, eu vou tomar um banho. Volto em um minuto. Fique


aqui, — ele acenou com a cabeça, sua boca muito cheia para responder.

~ 169 ~
Me sentei no vaso e enterrei a cabeça nas mãos, deixando as
lágrimas caírem livremente dos meus olhos. Meu primeiro dia como old
lady e eu já tinha estragado tudo. Envergonhei Cruz e a mim mesma na
frente de um irmão, a única coisa que eu não queria fazer. Eu deveria
ter vestido o colete, eu deveria saber que era assim que funcionava.

Tirei as roupas e sequei as lágrimas, querendo estar apresentável


novamente antes de voltar para Cooper.

Ele estava deitado no chão, a maior parte do sanduíche comido


em cima do prato na sua frente. Seus olhos estavam quase fechados.

— Vamos lá, garotão, — em vez de colocá-lo no berço, o levei para


a minha cama. Enrolando os braços em volta dele, ouvi sua respiração
suave. Eu queria mais do que tudo cair no sono. Me chame de covarde
se quiser... não dou a mínima. Eu não queria encarar Cruz. Não depois
desse desastre.

Enquanto olhava os números vermelhos luminosos do relógio se


arrastarem para frente, meu corpo não relaxava o bastante para eu
dormir, mas quando a porta se abriu, fechei os olhos, esperando que ele
pensasse que eu estava apagada.

O farfalhar de roupas atrás de mim veio junto com o impacto de


botas caindo no chão. Mantive os olhos fechados e senti o lado da cama
onde Coop estava dormindo afundar, e então ele foi levantado. Eu até
acalmei a minha respiração, sabendo que ele ia estar de volta em um
minuto.

A cama voltou a afundar quando seu corpo quente deslizou sob


as cobertas. — Eu sei que você está acordada, Princesa, — eu não me
movi, esperando que ele visse que estava enganado. — Vamos lá, se
você estivesse dormindo, teria colocado uma arma na minha cara
quando eu peguei Coop.

Soltando uma respiração profunda, eu abri os olhos lentamente e


esperei ele falar.

— Você tem que usar o seu colete. Não importa aonde você vá
dentro do clube, você precisa usá-lo. Ele é a única coisa que te protege,
— ele rolou para o lado, sua voz calma e controlada, nada parecida com
o tom de antes, na cozinha. Como sua raiva passou, eu relaxei um
pouco e escutei. — Aquele cara se chama Butch. Ele é da facção de
Davis e não tinha ideia de quem você era. Se ele tivesse, eu teria dado
uma surra nele por bater na minha garota, — soltando um suspiro

~ 170 ~
profundo, ele continuou. — Eu sei que você estava cuidando do nosso
garoto, mas você precisa usar o seu colete.

— Me desculpe, — eu sussurrei, não querendo dizer muito.

— Me desculpe também, baby. Eu perdi a cabeça, — Cruz me


puxou para ele, enrolando os braços apertados ao meu redor. Com
minha cabeça acomodada em seu peito, eu respirei seu cheiro,
confortada pelo seu toque gentil.

— Eu vou usar. Eu prometo, — depois de ficarmos deitados assim


por um tempo, eu falei. — Cruz?

— Sim?

— Eu estava com medo. Estava com medo do que eu teria que


fazer, — eu sussurrei, sentindo que precisava contar para ele como me
senti sobre a coisa toda. Não disse uma palavra sobre o homem ter me
batido. Não precisava jogar ainda mais merda na porra toda. Mas se ele
tivesse ido além, eu teria me protegido, irmão ou não.

— Eu sei, baby. Eu sei, — ele esfregou as minhas costas,


lentamente me levando para outro sono agitado.

***

— Baby, eu vou montar, — Cruz gritou da sala principal. Eu


entrei com Coop em meus braços e meu colete nas costas. Coop se
contorceu para ir para o colo do pai. — Eu vou voltar. Eu amo você, —
Cruz beijou a sua bochecha e o apertou com força.

Olhando profundamente em seus olhos, havia muitas coisas que


eu queria dizer. Como tome cuidado, fique bem, não seja baleado, etc.,
mas mantive isso para mim. Eu sabia exatamente onde ele estava indo
graças a Stella, e não podia dizer que eu gostava. Mas isso era assunto
do clube, apenas deu o acaso de eu estar bem no meio dessa merda. Me
irritava estar colocando os irmãos em perigo e, para piorar, eu não
sabia que diabos estava acontecendo.

Cruz me deu instruções diretas para ficar longe do Studio X essa


noite, e eu estava totalmente bem com isso. Eu não queria ficar no
caminho ou ter alguém se preocupando comigo enquanto tudo
acontecia. Eu queria ficar aqui a salvo com o meu menino.

~ 171 ~
Mas eu não gostava disso. Eu não gostava de ver ele partindo
para um lugar onde poderia ser morto. Eu não podia imaginar a minha
vida sem ele. Isso acabaria comigo. Embora eu soubesse que essas
situações faziam parte da sua vida, não queria dizer que eu gostava.

Cruz passou seu outro braço ao meu redor, — Eu vou ficar bem,
baby. Eu te amo, — ele me deu um beijo apaixonado, com Coop ainda
em seus braços.

Quando ele se afastou, disse para Coop, — Eu amo você também.


— Cruz me entregou Coop e saiu do clube.

Os braços firmes de Ma se enrolaram em mim. — Ele vai ficar


bem.

Eu dei um sorriso fraco para ela, sabendo que ela esteve por aqui
tempo suficiente para saber como as coisas funcionavam. Dessa vez, eu
queria que não.

***

Ma levou Coop para passar um tempo na loja para dar a ele uma
mudança de cenário, e também para me dar uma folga. Embora ele seja
uma excelente distração para tudo que vem acontecendo, eu precisava
de um tempo sozinha. Andando pelo complexo, amei ver todos os
banners e pinturas que decoravam as paredes. A maioria tinha o
símbolo das caveiras em chamas do Ravage MC, e outros tinham
Harleys.

Quando olhei para a loja, vi Casey dobrada sobre um motor,


trabalhado concentrada. Estava me matando o fato da gente não ter se
visto muito desde que eu saí da prisão. Eu não entendia. Era como se
ela estivesse me evitando a todo custo. Ela sabia que eu estava aqui, e
mesmo vindo trabalhar todos os dias, nunca apareceu para me dar um
oi.

Parando atrás dela, minha voz a assustou e ela saltou. — Oi,


garota.

— Merda. Você me assustou, — ela disse, se afastando do motor e


limpando as mãos no pano mais próximo, sem fazem contato visual.

— Onde você esteve, Casey?

~ 172 ~
— Por aqui, — a sua evasão me irritou.

— Que diabos está acontecendo? — ela deu de ombros. —


Mentira. Me diga agora, — meu temperamento estava ameaçando
explodir, querendo saber que merda estava acontecendo.

— Não há nada para dizer. Eu só quero acabar essa encomenda,


— ela disse, acenando com a mão para o carro na nossa frente.

— Qual é a porra do problema? Eu saí da prisão, passei por mais


de um tiroteio, ganhei um old man e uma criança e você não estava em
lugar nenhum. Você não é assim, Casey. Você precisa me dizer.

Casey olhou ao redor da oficina e viu que só havia nós duas aqui.
Quando seus olhos encontraram os meus, pude ver a dor lá no fundo, e
muita mágoa. Também vi o conflito dentro deles. Ela queria me contar,
mas não queria. Parei ali e esperei para ver qual deles ia ganhar.

— Eu transei com ele, — sua voz era vazia.

— Quem?

— G.T. — choque e exasperação inundaram meu corpo. Essa não


era a mesma mulher que estava me questionando algumas semanas
atrás por ter dormido com Cruz?

— Você deu para o meu irmão? — eu perguntei enquanto ela


acenava. — Só uma vez? — ela balançou a cabeça para dizer que não.
— Há quanto tempo?

— Alguns meses. Mas eu terminei com ele faz duas semanas.

Normalmente eu não pensaria nada sobre isso, mas nós sempre


dissemos que nunca iríamos transar com os irmãos. Eu acabei
quebrando essa regra, mas nunca pensei que Casey faria o mesmo. —
Por que você terminou?

Seus olhos ficaram frios em um instante. — Porque eu não vou


ser uma das suas putas, que ele pode foder quando quiser. Ele come
todo mundo por aqui. Eu não podia fazer isso, não podia ver.

Eu entendia isso muito bem. Já tinha visto G.T. com muitas


mulheres, e algumas imagens me fizeram querer arrancar meus olhos,
mas isso não ia acontecer. Ele não tinha vergonha de meter o pau em
qualquer buraco que encontrasse, e as mulheres faziam filas
quilométricas para isso. Elas amavam isso. E ele também.

— Então você esteve evitando a mim ou meu irmão?

~ 173 ~
— Os dois.

— Por quê?

— Não queria que você ficasse brava comigo, e não podia aparecer
no clube quando ele estava lá. Não queria que os outros caras
pensassem que podiam transar comigo também. Isso não vai acontecer.
Eu não quero mais saber de motoqueiros.

— O que você vai fazer?

— Eu vou embora, — eu a encarei como se ela tivesse ganhado


mais uma cabeça, enquanto meu estômago caía no chão.

— O quê? — meu mundo parou e eu me senti vazia e


desamparada.

— Eu vou ir para a faculdade em Cherry Vale. Quero conseguir


um diploma em Administração, assim vou poder começar meu próprio
negócio e construir algo para mim. Tenho dinheiro guardado do tempo
que trabalhei aqui, e também o que meu pai me deixou.

— Quando você vai? — eu perguntei, querendo me enfiar em um


buraco. Eu estive sem ela por dois anos, e agora ela estava indo
embora. Como isso podia estar acontecendo?

— No final da semana.

— Quê! Você não pode ir embora em quatro dias! — eu gritei,


minhas mãos voando no ar. O que diabos essa mulher estava
pensando! Ela não podia apenas ir embora assim, porra.

— Eu preciso. Consegui um trabalho em uma oficina lá, vou


conseguir conciliar com as aulas. Eles querem que eu comece o quanto
antes.

— Você só está indo para fugir de G.T., — eu não escondi a minha


raiva. Eu estava furiosa pra caralho.

Casey parou na minha frente, colocando as mãos nas minhas


bochechas. — Ei, você sabe melhor do que ninguém que, mesmo que eu
seja a filha de um antigo membro, isso não significa nada. E somando
isso ao fato de que eu transei com G.T. sem compromisso... isso me
coloca na categoria das putas. Eu estive por aqui tempo o bastante para
saber que esse não é um lugar onde quero estar. Isso é tudo que eu
conheço. Essa oficina. Esses homens. Preciso ir embora e começar uma

~ 174 ~
vida nova longe daqui, — a gentileza na sua voz me fez querer chorar,
mas não que eu fosse fazer isso.

— E nós duas? — eu perguntei baixinho.

— Eu te amo. Você sabe disse. Mas você tem uma família agora, e
precisa estar com eles, — ela suspirou profundamente e andou até o
lado do carro. — É aqui que você pertence. É onde sempre vai
pertencer. Você nasceu para ser uma old lady. Eu não; eu preciso
seguir em frente. Eu sei que tenho sido uma amiga de merda, e sinto
muito por isso. Mas nós vamos manter contato, eu prometo.

Algo lá no fundo me dizia que eu não veria minha amiga outra


vez. Essa jornada a levaria para longe de tudo, incluindo a mim. E eu
não podia ser egoísta e pedir a ela para ficar, embora eu quisesse fazer
isso mais do respirar.

— Vou sentir saudades, — eu disse, deixando minha cabeça cair.

— Eu vou sentir saudades também, mas assim é melhor. Você


sabe.

— Eu não sei merda nenhuma. Mas se é isso que você quer, eu


vou te apoiar.

Estouros altos começaram a vir de algum lugar perto do escritório


da loja. — Se abaixe e fique aqui! — eu gritei e comecei a correr na
direção do som. Pegando minha arma presa na parte de trás do meu
jeans, eu espreitei para dentro para ver o que estava acontecendo.

Ma estava deitada no chão, segurando seu braço que sangrava,


enquanto Mel estava de pé, apontando uma arma para a cabeça dela.
Eu não conseguia fazer contato visual com ela. Cooper estar chorando
como um louco enquanto Mel gritava — Cale a boca, porra! — para ele,
fazendo meu sangue ferver. Então ouvi as palavras que temi por tanto
tempo. — Eu vou levar o meu menino!

Virando a esquina o mais silenciosamente possível, me movi para


o lado da porta. Espiando do outro lado, vi Mel de costas para mim.
Bem quando eu tinha um tiro certeiro para ela, Cooper gritou, —
Mamãe! — nesse momento, tudo virou um caos. Algo quente me acertou
em cheio nas costas, tiros, enquanto Mel apontava a arma para o meu
rosto.

— Sua vadia maldita, — meu ombro estava em chamas por causa


dos tiros. De algum lugar atrás de mim, algo duro atingiu minha
cabeça, me fazendo cair de joelhos. Mel chutou a arma da minha mão

~ 175 ~
quando meu aperto diminuiu por estar um pouco desorientada pela
pancada, e eu caí de barriga no chão, a dor em minha cabeça mais do
que podia suportar. Mantive o olhar firme no meu garotinho. Quando
uma pancada atrás da outra atingiu a minha cabeça, lutei para me
manter consciente. Era engraçado que eu aguentasse um soco atrás do
outro dos caras, mas algumas pancadas inesperadas atrás da cabeça
podiam me fazer apagar.

— Coo... per... — eu o chamei, tentando alcançá-lo, mas meu


corpo não me ouvia. A dor em minha cabeça e ombro era demais.
Cooper veio gritando na minha direção, e quando eu estava prestes a
segurá-lo, Mel o puxou para longe. — Não....

Mel me deu um chute duro no rosto, o que normalmente não me


afetaria, mas com todo o resto, eu vi estrelas. Eu queria conseguir ficar
de joelhos, mas não pude. Eu estava presa naquele lugar. Estendida no
chão da loja, minha visão entrava e saía de foco. A última coisa que vi
foi Mel carregando Cooper para fora, e não havia uma maldita coisa que
eu podia fazer sobre isso.

~ 176 ~
Treze
CRUZ
Enquanto nos sentávamos nas árvores, esperando esse imbecil
aparecer, eu repassei a noite passada em minha cabeça. Se Butch
tivesse tentando transar com ela, eu teria marado ele. Não importa que
ela não estivesse usando o colete, ela disse a ele que era a minha old
lady. Claro, as vadias do clube mentiam, mas a minha garota não. Eu
apenas estava feliz que as coisas não chegaram a esse ponto.

Essa tocaia de merda era para passarinhos. Becs estava dentro


do escritório, como sempre. Ele enviava algumas mensagens de vez em
quando, mas nada tinha acontecido ainda. Dagger estava escondido no
vestiário com Stella. Rhys, Diamond, G.T., Pops e eu estávamos
esperando do lado de fora. Precisávamos nos livrar das ameaças
externas primeira, e então nos movermos para dentro.

O som de motos ao longe nos deixou prontos. O plano era fazer


tudo de modo limpo e apenas capturar os filhos da puta. Felizmente as
coisas sairiam como foram planejadas.

Três motoqueiros estacionaram usando o patch do Bobcat


Demon, nenhum deles eu conhecia. Um dos homens ficou de vigia do
lado de fora, enquanto os outros dois entraram. Acenando uns para os
outros, nós nos mexemos para atacar o filho da puta cuidando das
motos. Apontei minha arma diretamente para a sua cabeça; ele tentou
pegar a sua. — Não, — eu ordenei, e seu braço parou na mesma hora.

— Que porra você quer? — ele disse enquanto eu arrancava as


armas do seu corpo, entregando-as para Rhys. Quando ele não tinha
mais nada, eu empurrei o homem para Rhys.

— Você vai descobrir logo, seu filho da puta, — acenando, Rhys


levou o desgraçado para a caminhonete que nós tínhamos colocado no
estacionamento ao lado do prédio.

— Vamos lá, — colocando nossas armas de novo presas nos


jeans, nós lentamente caminhamos até o prédio. As mulheres estavam

~ 177 ~
dançando, seus peitos balançando para todos os lados, inconscientes
do que estava prestes a acontecer nos fundos.

Dentro do vestiário, Stella estava de joelhos, com o pau de um dos


imbecis deslizando dentro e fora da sua boca. — Rápido, vadia. Nós não
temos muito tempo, e eu ainda quero a minha chupada, — o outro
idiota disse, dando um tapa na sua bunda, fazendo Stella engasgar. Ao
ver Dagger no canto da sala, eu acene. Com G.T. e Pops ao meu lado,
nos movemos rapidamente. A arma de G.T. foi apontada para a cabeça
de um dos filhos da puta, e a minha para a do outro; eles
imediatamente tentaram pegar suas próprias armas, mas Dagger veio
para a frente, saindo das sombras.

— Não se mexam, otários, — sua voz era um rosnado baixo


quando ele veio para a luz, apontando sua arma para os dois.

Stella caiu para trás no chão quando o cara que estava com o pau
na sua boca lhe deu um chute no estômago. — Sua puta do caralho.
Você está morta, — ele rosnou. O cabo da minha arma atingiu o crânio
do filho da puta, estalou alto e ele caiu no chão de joelhos.

— Não se mexa, — eu rosnei, apontando para sua cabeça


enquanto nós recolhemos suas armas rapidamente. — Stella, saia
daqui, agora.

— Caras, — G.T. disse do meu lado. — Drogas e grana.

— Pegue, — Diamond disse de trás de nós. — Vamos colocar os


dois malditos na caminhonete e levar ela para o celeiro. Encontro vocês
lá em quinze minutos.

***

O celeiro era um antigo prédio que o Ravage MC tinha adquirido


dez anos atrás. Ele estava localizado no centro de uma fazenda de cem
acres, onde ninguém podia ouvir nada. A estrada até o celeiro era
tortuosa, o que nos impedia de ir até lá de moto. Nós colocamos nossas
motos em um barracão na borda da propriedade e subimos em um
carro, os homens presos na caminhonete, logo atrás da gente.

O celeiro era muito austero. Guardávamos suprimentos ali e


usávamos o lugar para reuniões informativas ocasionais. O chão estava

~ 178 ~
sujo e as vigas de madeira já tinham visto dias melhor, mas ele ainda
servia ao seu propósito.

Rhys e Dagger soltaram nossos convidados especiais e os


trouxeram para o meio do chão sujo. — Nos deem os seus coletes, —
G.T. ordenou.

— Vai se foder! — eles latiram em uníssono. Eu sorri. Isso ia ser


divertido.

Nos revezamos em dar socos na cara deles, os deixando


totalmente ensanguentados, mas ainda capazes de falar. Diamond
agarrou os coletes descartados dos homens e grunhiu. — Parece que
vocês precisaram tirar eles, de qualquer maneira. Pelo menos fizeram
isso com honra, — Diamond disse rindo.

— Por que vocês estavam mirando nas garotas do X? — Pops


latiu. Nenhum dos homens disse nada, o que lhes garantiu mais alguns
socos. — Falem!

— Rabbit nos mandou fazer isso, — nenhuma surpresa aqui.

— Por quê? — Pops obviamente estava liderando o interrogatório.


Quando ninguém falou, algumas pancadas na cabeça os fizeram mudar
de ideia.

— Ele está indo atrás de Babs, — o que estava mais à direita


disse. Nós então ficamos sabendo que ele era o elo fraco.

— Amarre e amordace esses dois bem apertado, Rhys, —


Diamond disse e Rhys começou a trabalhar. — Então, o que Babs
disse?

Ele arregalou os olhos quando nós paramos ao seu redor, loucos


para começar uma briga. Ele hesitou e Diamond ordenou, — Amarre as
mãos dele e as prenda no gancho do teto.

G.T. e eu fizemos como foi ordenado, deixando o homem


pendurado alguns metros do chão. Ele se movia e contorcia, tentando
soltar a corda, mas nós sabíamos que isso não era um problema. Uns
socos no estômago detiveram seus movimentos. — Agora tente de novo.
O que Babs disse?

— Princesa está atrás dela. Nós temos que tirar ela do caminho,
— mais merda que a gente já sabia.

~ 179 ~
— E o que acontece se Princesa pegar ela? — quando ele não
respondeu, Diamond acenou para Dagger, que pegou sua faca. Ele
começou a girá-la entre os dedos, como uma máquina em perfeito
funcionamento. Ele cravou a faca na camiseta do homem e começou a,
lenta e meticulosamente, cortá-la. Quando se livrou do tecido, Dagger
começou a correr a lâmina pelo esterno do homem, sem nunca cortar a
carne. Ele estremeceu. — Ou você nos diz ou nós vamos te estripar e
ficar vendo você sangrar até morrer.

O babaca não hesitou. — Existe uma recompensa de 50 mil pela


cabeça da Princesa. — Eu fiquei ali parado por um momento. Nossos
informantes não tinham dito que era um milhão?

— Você tem certeza sobre essa quantia?

— S...sim, — eu não acreditei nele. Podia dizer, pela sua careta,


que Diamond também não.

Diamond rosnou. — Dagger.

Dagger começou a cravar a lâmina no peito e estômago do


homem, o bastante para cortar, mas não o suficiente para atingir algum
órgão interno. A cada corte, os gritos do homem ficavam mais altos. Os
dois homens ajoelhados no chão apenas observavam, mas com as
mordaças em suas bocas, tudo que eles podiam fazer eram grunhidos
estranhos.

— Qual a maldita quantia? — Diamond gritou.

— Cinquenta mil, eu juro... por favor... — o babaca chorou.

— Quem colocou esse prêmio pela cabeça dela?

— Rabbit... — ele gemeu.

— Ele foi o único?

— Si... sim...

Eu ainda achava que Babs estava trabalhando com alguém. —


Como vocês sabiam que as garotas estavam passando por momentos
difíceis e precisavam das drogas?

— Eu não sei... nunca nos disseram, — Dagger cortou mais


algumas vezes perto das suas costelas e ele rosnou. — Eu não sei...
acho que foi Babs.

~ 180 ~
Quando meu celular tocou, o peguei para apertar o botão de
rejeitar, mas quando vi o número de Ma, olhei para Pops, que acenou
para mim.

Caminhei para fora e atendi. — Oi, Ma. O que está acontecendo?

— Cruz, venha para o hospital. Mel... ela atirou em Princesa e


bateu na sua cabeça, foi feio. Ela está muito machucada, e Mel levou
Cooper, — meu mundo todo congelou com as suas palavras. Eu não
podia formar uma única palavra. — Cruz! — ela gritou, me acordando.

— Mel está com Cooper, — eu repeti para ela. — Ele está


machucado?

— Não. Ele estava bem quando ela o levou, — isso era um alívio,
mas não significava que ele ainda estava bem.

— Princesa, ela está bem?

— Eu não sei. Ela está em cirurgia. Ela levou um tiro no ombro,


mas o pior foi a sua cabeça. Deus, Cruz... isso não é bom, Cruz. Não é
bom, — ao ouvir os soluços de Ma, dei um chute alto no ar.

— Vou estar aí o mais rápido possível, — desliguei a chamada e


voltei para dentro do celeiro. — Diamond, Pops! — eles viraram as
cabeças para mim e começaram a andar.

— Princesa levou um tiro e Cooper foi levado pela Mel. Nós temos
que ir... agora!

Diamond latiu, — Acabe com isso, — e três tiros foram ouvidos.


— Dagger e Rhys, limpem isso aqui. Nós vamos para o hospital;
Princesa foi baleada.

Todos entramos no carro e corremos até nossas motos.

***

Assim que chegamos nas motos, pedi a Zed e Becs para ligarem
para Tug, Buzz e Breaker e procurarem na casa de Mel, na dos pais
dela, no seu trabalho e em qualquer lugar que eles lembrassem. Eu me
juntaria a eles logo, mas primeiro precisava ver como Princesa estava.

Correndo pelos corredores do hospital com Pops, G.T. e Diamond


nos meus calcanhares, eu me sentia apavorado... total e completamente
apavorado. Eu podia ter perdido ela. Eu não sobreviveria. E Coop, só

~ 181 ~
Deus sabia para onde aquela vadia tinha levado ele. Eu jurei que assim
que a encontrasse, e eu ia encontrá-la, ia acabar com ela. Foda-se a
regra de não matar mulheres, aquela puta estava morta.

Ter que perguntar a cada maldita pessoa de jaleco branco onde


estava Princesa me deixou muito irritado. Todos os funcionários
estavam assustados e petrificados com a gente, grandes motoqueiros
maus, dentro do seu hospital. Se eles não me dissessem logo onde ela
estava, eu ia dar a eles bem rápido uma razão para ter medo.

Finalmente, uma senhora obesa de cabelo grisalho nos levou para


a sala de espera, onde Ma estava apoiada em um canto com as mãos
cobrindo seu rosto. G.T correu até ela. — Ma! O que está acontecendo?

Ma olhou para ele, seus olhos vermelhos e inchados. — G.T! —


ela gritou e saltou, passando os braços ao seu redor, o abraçando
apertado e soluçando. Seus joelhos cederam, e G.T. a pegou e a
acomodou gentilmente na cadeira.

— Você está bem, Ma? — Pops perguntou, olhando para a


bandagem e o sangue na camisa dela.

— Só um arranhão, nem precisei de pontos, — Pops passou os


braços ao redor dela, beijando a sua testa.

— Como ela está? — eu disse em pânico, sem esconder isso em


momento algum. Era incrível como meu mundo podia entrar em uma
espiral de caos tão rápido.

— Eu sinto muito, Cruz, — Ma choramingou. — Ela está em


cirurgia. Os socos da cabeça a fizeram desmaiar. A bala não fez tanto
estrago, mas eu não tive uma atualização ainda. Só estou esperando.

— O que aconteceu? — quando Ma nos contou toda a cena, meu


coração apertou e minha fúria ferveu. — Quem mais estava lá, além de
Mel?

— Isso é o que eu não sei, Cruz. Eu não os vi.

— Mel disse para onde ela ia levar Coop?

— Não. Ela só disse ―eu vou levar o meu menino‖. Eu sinto muito.
Depois da pancada na cabeça, eu fiquei zonza e não pude ajudar muito,
— ela soluçou mais forte. — Eu sinto muito, eu falhei com os meus
bebês.

~ 182 ~
Pops puxou Ma para o seu peito enquanto ela chorava
incontrolavelmente. Eu estava preso entre a cruz e a espada. Eu queria
ficar aqui e ver como Princesa estava, mas precisava ir encontrar meu
garoto. Graças a Deus meus irmãos estava fazendo isso, porque eu ia
enlouquecer se eles não estivessem do meu lado nesse momento.

O tique-taque do maldito relógio era incansável. Parecia que eu


estava esperando a uma eternidade. As old ladies chegaram, junto com
membro de outras facções do clube. Quando Dagger e Rhys entraram,
eu saltei imediatamente da minha cadeira. — Algum sinal do meu filho?

— Ela não está em casa, nem na dos pais, nem no trabalho. Nós
até fomos a alguns hotéis, mostrando a foto de Coop... nada. Mas um
atendente de um posto de gasolina jurou ter visto um garotinho indo
usar o banheiro junto com uma mulher com a descrição de Mel. Ele
também os viu entrando na parte de trás de um Honda verde de quatro
portas. Ele ainda nos deu a placa, que conseguiu nas câmeras de
segurança. Buzz voltou para o clube para ver se consegue algo. É a
pista mais sólida que temos até agora.

— Porra! — eu gritei e passei as mãos nos cabelos, puxando-os


com força. Eu nunca me senti tão sem controle sobre a minha vida. Eu
me sentia malditamente inútil. Eu não podia ajudar Princesa; ela estava
nas mãos dos médicos, e eu não tinha a menor ideia de para onde
aquela vadia tinha levado o meu filho. Droga.

Dagger passou os braços ao meu redor, me abraçando com força.


— Nós vamos achar ele. Não se preocupe. Becs. Zed, Tug e Breaker
estão esperando no carro por novas instruções. E os homens aqui, —
ele gesticulou para a sala cheia de homens das outras facções, — já
concordaram em montar assim que tivermos uma localização. Nós
vamos achar ele.

— Os familiares de Harlow Gavelson, — um homem de uniforme


verde chamou assim que passou pela porta, seus olhos correndo pela
sala cuidadosamente.

— Aqui, — eu lati. Quando ele olhou para os homens e mulheres,


engoliu em seco. Sem dúvida nos ver todos juntos era intimidante.
Ótimo. Era melhor mesmo que ele tirasse ela dessa viva.

Quando ele se aproximou, linhas de suor começaram a se formar


na sua têmpora, apontando o seu nervosismo. — Eu sou o old man
dela. O que está acontecendo? — eu disse assim que parei na sua
frente, cruzando os braços.

~ 183 ~
Ele limpou a garganta várias vezes, parecendo estar tentando
controlar seus nervos. — Senhor, ela teve um pequeno ferimento de
bala no ombro, que foi facilmente reparado. Não causou maiores danos.
Infelizmente, os socos na cabeça causaram uma grave concussão. Nesse
momento, esperamos uma recuperação completa. Ela está anestesiada,
mas daqui uma hora esperamos conseguir falar com ela. Harlow talvez
esteja um pouco confusa. Vou avisar vocês quando ela estiver no
quarto.

— Obrigada, Doc, — eu disse, estendendo a mão. Ele engoliu,


pegou minha mão e balançou. Depois que ele saiu, eu fui cercado por
irmãos e irmãs com abraços e batidinhas nas costas. Embora eu
estivesse aliviado, não estaria cem por cento até ver e falar com ela,
garantindo que ela estava viva e bem.

A espera foi eterna. Os minutos passavam. Sem poder ver


Princesa e não ouvindo nada de Buzz, eu estava prestes a abrir um
maldito buraco no chão de linóleo do hospital. Minha mente continuava
focada no meu garoto, imaginando para onde Mel poderia tê-lo levado.
Ela não o amava. Ela não o quer. Quando ele era um recém-nascido, ela
tentou inúmeras vezes dá-lo para mim, mas na época eu não queria
toda essa responsabilidade. Agora, eu tenho vontade de me chutar com
toda a força. O que diabos ela quer com ele agora?

Diamond parou no meu caminho, e suas botas foram a primeira


coisa que eu vi. Quando levantei o olhar, seus olhos eram máscaras. —
Buzz tem uma pista do carro. É a três horas daqui.

— Porra, — eu balancei a cabeça e entrelacei os dedos atrás da


cabeça. Eu deveria ficar aqui com a minha garota ou ir atrás do meu
menino?

Não tive tempo de decidir quando a mesma enfermeira de cabelo


grisalho que nos ajudou mais cedo entrou na sala. — Família de Harlow
Gavelson? — eu fui até a porta com Ma logo atrás de mim.

— Sim.

— Vocês podem ver ela agora. Ela ainda está um pouco sonolenta,
mas está voltando lentamente. Um de cada fez agora.

Me virando para Diamond, eu pedi, — Por favor, vá. Me mande o


endereço por mensagem, eu vou estar lá em breve.

Ma me deu um tapinha no ombro e eu saí correndo para o quarto


de Princesa. As paredes eram estéreis e brancas. Ela tinha máquinas

~ 184 ~
apitando nos dois lados da sua cama, e uma outra fazia barulhos
estranhos. A minha garota estava deitada com tubos e fios saindo de
todas as partes do seu corpo. Ela não se moveu. Ela apenas ficou ali
deitada... sem vida.

Meu estômago caiu no chão com o pensamento de perdê-la.


Puxando uma cadeira, eu a coloquei do lado da cama e peguei a sua
mão, segurando-a como uma tábua de salvação. Ela estava quente, o
que foi um conforto. Não tinha certeza de quanto tempo fiquei assim. O
tempo fugiu de mim. Quando Princesa começou a fazer barulho, olhei
para o seu rosto. Linhas profundas marcavam a sua testa e ela estava
mexendo a cabeça lentamente de um lado para o outro.

— Baby. Está tudo bem. Você vai ficar bem, — eu sussurrei


gentilmente no seu ouvido.

Os olhos de Princesa começaram a piscar repetidamente para


abrir e se ajustar às luzes do hospital. Ela encarou o teto enquanto eu
falava calmamente com ela. — Princesa. Você está bem. Eu estou aqui.

— Não... não me toque... — ela grunhiu, seus olhos reviraram


para trás e as pálpebras se fecharam, o que me assustou pra caralho.
Comecei a gritar pela enfermeira e pulei quando ela entrou no quarto.
— Seus olhos rolaram para trás. E ela não está se movendo, — eu era
incapaz de esconder o pânico na minha voz.

— Está tudo bem. O efeito dos remédios está passando. Dê um


tempo a ela.

Eu não tinha tempo. Eu tinha que ir atrás do meu filho. Enviei


uma mensagem para Diamond dizendo que ia precisar ficar um pouco
mais, mas, assim que pudesse, estaria a caminho. Ele me respondeu na
hora, dizendo que meus irmãos iam encontrar o meu garoto. Uma
pequena onda de alívio me invadiu, sabendo que eles estavam lá fora
procurando por Coop.

Esperar, esperar, esperar. A maldita cadeira era desconfortável


pra caralho. Durante o curso de duas horas, Ma, Pops e as old ladies
entraram, um de cada vez. Era uma maldita porta giratória, mas fazia o
tempo passar. Ma tentou me fazer descansar, mas de jeito nenhum isso
ia acontecer. Os policiais tinham muitas perguntas para fazer, mas
mesmo que eu pudesse responder, não iria. Me sentia cada vez mais
perto da borda do precipício. Os policiais falaram com Ma na sala de
espera, mas Pops estava lá para cuidar disso.

~ 185 ~
Casey passou rapidamente. Ela pegou a mão de Princesa e
chorou, dizendo que sentia muito. Quando eu perguntei o motivo, ela
disse que não deveria ter ouvido Princesa. Aparentemente, a minha
garota disse a sua melhor amiga para se esconder, em vez de ir com ela.
Era a coisa certa a se fazer, mesmo que Casey não visse isso agora.

Olhando para a TV, eu nem ao menos podia dizer o que estava


passando. Era só queria o barulho. Não podia suportar os bipes das
malditas máquinas. Um deles me dizia que Princesa ainda não tinha
acordado. Os médicos continuavam dizendo que ela ia, mas quanto
mais o tempo passava, mais minha ansiedade crescia.

De repente os gemidos que vinham da cama ficaram um pouco


mais altos, e eu corri até Princesa. Ela piscava freneticamente, e seus
braços começaram a se mexer um pouco. Comecei a dizer as mesmas
palavras suaves de antes, — Princesa. Está tudo bem. Você vai ficar
bem.

Ela abriu os olhos, mas continuou a piscar. Quando seu olhar se


fixou em mim, ela apenas me encarou, sem dizer uma palavra. Depois
de quinze minutos ouvindo minhas palavras tranquilizadoras, os olhos
de Princesa mudaram, como se algo dentro dela tivesse ligado e ela
agora tivesse acordado.

— Cooper, — ela coaxou, sua voz nada parecida com a dela.


Nesse momento ela ganhou força e começou a puxar os braços. Quando
viu os fios, ela pegou todos juntos e os puxou de uma só vez. As
máquinas começaram a apitar loucamente.

— Princesa, pare! — eu disse ferozmente, mas ela não ouviu. Ela


continuou a puxar quando eu a segurei, agarrando suas mãos, a
prendendo na cama. — Pare!

— Eu não posso. Eu... eu tenho que encontrar Cooper... ela está


com ele, — a dor nos olhos de Princesa quebrou o meu coração. Eu
sabia que ela o amava tanto quanto eu. Eu só não estava preparado
para essa reação quando ela acordasse.

— Baby. Eu sei. Nós estamos cuidando disso. Vamos achar eles,


— eu disse, ainda segurando suas mãos na cama.

— Eu sinto muito, querido. Eu sinto muito, — suas palavras


vieram entre soluços altos quando eu soltei suas mãos, tirando o cabelo
embaraçado do seu rosto. Ela rolou para o lado e puxou os joelhos
contra o peito, como se estivesse tentando se esconder.

~ 186 ~
— Está tudo bem. Nós vamos achar ele, — eu tentei tranquilizá-
la.

— Eu não pude parar ela... eu não pude fazer nada. Fiquei ali
deitada, vendo ela levar ele embora. Eu vi ela levar ele embora! — ela
gritou essa última parte, seu rosto coberto de lágrimas.

— Você estava protegendo o nosso garoto. Não é sua culpa. Nós


vamos encontrar ele.

— Ela ligou?

— Não, baby. Mas nós vamos encontrar ele.

— Cruz. Você precisa ir achar ele. Agora! — sua voz se tornava


mais determinada a cada palavra que ela dizia.

— Eu vou. Eu vou, — as enfermeiras começaram a entrar


correndo no quarto, porque todos os apitos e bipes foram desligados.

— Sra. Gavelson, você precisa relaxar, — a enfermeira disse e


começou a prender todos os fios novamente no corpo de Princesa.

— Eu não posso! — ela latiu para a enfermeira, que pegou uma


grande seringa.

— Que diabos você está fazendo? — eu perguntei, pronto para


derrubar a vadia no chão se ela sequer pensasse em espetar Princesa
com isso.

— Senhor, é um sedativo. Ela acabou de sair de uma cirurgia e


precisa se recuperar. Ela não pode ficar agitada ou irritada. Isso apenas
vai fazer com que ela durma por um tempo.

— Cruz... não deixe elas me darem isso. Eu vou atrás do nosso


garoto! — Princesa pediu, mas eu acenei para a enfermeira. Por mais
que me matasse, era melhor que ela descansasse.

***

Nada... porra nenhuma. Antes que eu pudesse pular na minha


Harley e fosse encontrar os caras, Diamond ligou. Ele disse que o carro
não estava lá. Eles tinham ido embora uma hora antes deles chegarem
lá, então agora meus irmãos estavam na estrada, indo na direção que o

~ 187 ~
gerente do hotel tinha indicado, mas até o momento, nada. Pelo menos
nós tínhamos o modelo do carro e a placa.

Cada uma das nossas facções estava agora procurando por esse
carro e pelo meu filho. Diamond ligou para cada um dos presidentes
pedindo ajuda, e todos eles começaram as buscas. Eu mantive a
esperança. Deveria estar lá fora procurando pelo meu filho, mas ele
estava a mais de quatro horas de distância, e até eu chegar lá... ele
poderia estar a mais quatro horas de distância. Eu sempre ficaria para
trás. Era melhor deixar isso para aqueles que estavam mais perto.

Uma informação obtida no hotel era interessante, no entanto. O


gerente disse que Mel estava viajando com outra mulher. Pensei nas
pessoas na vida de Mel. Liguei para Buzz e fiz ele colocar rastreadores
em cada uma das amigas da cadela que consegui me lembrar. Precisava
descobrir qual delas estava lhe ajudando.

***

— Vocês ainda não encontraram ele, — Princesa gemeu quando


se virou para mim. Já haviam se passado dois dias e até agora nada.
Nem uma pessoa tinha visto qualquer sinal deles. Meu palpite é que
elas tinham um lugar para ir e esconder o carro. Talvez a cadela fosse
mais esperta do que eu imaginei, ou a mulher com quem ela estava que
era inteligente.

Princesa teve uma concussão séria, então eles quiseram que ela
ficasse no hospital esses dois dias. Eles estavam falando em lhe dar
alta. Uma pena que a sua cabeça não estivesse boa. Ela se culpava
repetidamente por Coop ter sido levado. Ela não parecia entender que
quando você é baleado e espancado, isso meio que tira você do jogo.
Mas, mais do que ninguém, eu sentia a sua dor e culpa.

— Nós vamos.

— Você continua dizendo essa merda, mas ele não está em lugar
nenhum! Como ele pode ter desaparecido do planeta? — ela fechou os
punhos. A raiva subia por ela como uma mãe leoa prestes a atacar sua
presa. E embora eu achasse isso sexy pra caralho, queria que a hora
fosse melhor, no entanto.

— Estamos trabalhando nisso.

~ 188 ~
Ela me encarou. Eu sabia que ela estava cansada de ouvir essa
merda, mas era tudo que eu podia lhe dar; eu não tinha nada mais para
compartilhar.

— Trabalhando nisso. Como?

— Nós vamos achar ele.

— Porra! Eu só quero saber como você vai achar o meu garoto.


Não quero saber dos negócios do clube. Só quero que meu filho seja
encontrado! — ela jogou as pernas pelo lado da cama, se levantando.
Ela foi até o banheiro e bateu a porta ao passar.

Porra. Não podia dizer a ela tudo que descobrimos. Seu estado
mental estava fazendo com que fosse difícil para ela confiar em mim.
Mas eu sabia que lá no fundo ela confiava. Assim que ela parasse com
todos esses malditos remédios, ia voltar à razão. Eu só tinha que
esperar.

Diamond entrou no quarto quando eu apenas estava ali sentado,


tentando descobrir o que ia fazer. — Você está bem, filho?

— Na verdade não, — eu disse, balançando a cabeça.

— Nós vamos achar ele. Temos cada irmão no país procurando


por ele. É só uma questão de tempo, — eu não estava perdendo a
esperança, mas quando mais o tempo passava, piores as coisas
pareciam.

Princesa marchou para fora do banheiro. — Você também não vai


me dizer como vocês vão encontrar o meu garoto? — ela falou de forma
acusadora.

— Princesa, — Diamond disse em tom de aviso.

— O quê? Parece que todos podem encontrar ele, menos eu. Mas
então as pessoas em quem eu confio para achar ele não me dizem
merda alguma! — ela latiu.

Os olhos de Diamond mostraram toda a sua fúria, e eu sabia que


ele ia explodir. — Princesa. Chega! Você me ouviu? Chega! — ele
rosnou. Ela arregalou os olhos e caiu de joelhos no chão, a máquina ao
seu lado caindo também com um estrondo.

Ela estava chorando incontrolavelmente e eu corri até ela. Minha


mulher forte estava quebrando diante dos meus olhos e, nesse ponto,
eu não sabia o que fazer para consertá-la. Sentei no chão e a puxei para

~ 189 ~
o meu colo, envolvendo meus braços ao seu redor, segurando-a
apertado. — Eu sinto muito, — ela chorou na minha camiseta.

Quando as enfermeiras vieram correndo e viram a cena,


rapidamente levantaram a máquina que tinha caído, mas disseram que
Princesa não precisava mais daquilo e a levaram embora.

— Vamos, baby. Me deixe te colocar na cama.

Ela assentiu e eu a levantei em meus braços, colocando-a na


cama. Me deite com ela e a segurei apertado até ela cair em sono
profundo.

~ 190 ~
Catorze
HARLOW
Meu interior estava dormente; meu coração só estava batendo
para bombear sangue pelo meu corpo. Ele não tinha outra função. Os
ferimentos do ombro e da cabeça tinham sido curados, mas não era isso
que doía. Meu garoto estava desaparecido fazia duas semanas. Duas
semanas de nada. Nem uma palavra de Mel e nem uma pista do maldito
carro.

Eu deitei na cama e me curvei em uma bola. Era onde eu estava


desde que tinha saído do hospital. Não olhava nem falava com ninguém.
Só fazia isso para perguntar a Cruz sobre Cooper. Eu totalmente o
fechei do lado de fora. Seu conforto não estava mais funcionando. Nesse
ponto, ele podia foder todas as putas desse lugar que eu não daria a
mínima. Meu coração estava vazio.

Meu ombro ainda doía pra caralho. Doc veio outro dia e disse que
precisava mexê-lo, ou então ele ficaria travado, mas eu não escutei. A
dor latejante na verdade me ajudava a sentir alguma coisa. Era também
uma lembrança de que eu deveria ter salvado Cooper, que isso era tudo
minha culpa.

Quando comecei a assumir esse papel de mãe, nunca esperei que


a dor fosse tão profunda. Nunca pensei que fosse doer tanto. Eu estava
morta por dentro, mas meu corpo também poderia estar. Eu não queria
ter nada a ver com comida, e só tomava banho quando Cruz me
obrigava. Eu não queria ter nada a ver com nada, só com o meu garoto.

Quando meu celular tocou, rosnei enquanto procurava por ele na


mesa de cabeceira. Só atendia quando era Cruz ou Pops. Quando
apareceu um número com outro código de área, joguei a coisa para o
lado da cama e enterrei a cabeça sob os travesseiros. O telefone tocou
de novo, e ao ver o mesmo número, relutantemente atendi.

— Sim, — eu disse, não querendo falar com quem estivesse do


outro lado.

~ 191 ~
— Ora, ora, ora. Ela está viva, — a voz era de alguém que eu
achei que nunca mais escutaria outra vez.

— Mel?

— Ding ding, temos uma vencedora! — seu sarcasmo não passou


despercebido para mim.

Me sentando rapidamente, — Onde está Cooper? — fúria


misturada com pânico invadiu meu corpo intensamente.

— Olhe você, fingindo ser toda protetora com o meu filho, — a


raiva ganhou quando cresceu de forma incontrolável. Mas eu tentei me
controlar. Ela queria alguma coisa, e eu precisava descobrir o que era.

— Ele está machucado? — eu perguntei, sem conversa fiada.

— Eu nunca machucaria o meu garoto, — ela estalou, mas eu


sabia que isso era mentira, porque a vi agarrando ele bem diante dos
meus olhos. Meu estômago caiu; era melhor que ela não tivesse
encostado em um fio de cabelo dele.

— Posso falar com ele? — ouvi a súplica na minha voz, embora


estivesse tentando esconder isso, mas foda-se, porque eu daria tudo
para ouvir a voz do meu garoto.

— Ouça bem. Me dê o que eu quero, e eu devolvo o merdinha


para você.

Eu ia estripar essa cadela maldita assim, arrancar seus membros.


Assim que eu colocasse minhas mãos nela, ela estava morta.

— Eu quero cem mil dólares em dinheiro, notas pequenas. Você


pega a sua motinho e dirige para o norte pela I-95. Em duas horas, eu
ligo de volta. Não traga os caras, ou eu vou matar Cooper, — Mel
enumerou suas exigências como se tivesse praticado isso várias vezes,
mas eu não dei a mínima.

— Não machuque ele, porra! — eu rosnei.

— Oh, aí vai você de novo. Olhe, eu só quero a grana, então você


pode ficar com ele. Feito. Falo com você em duas horas, — Mel desligou
o telefone.

Vestindo minha calça jeans, camiseta, as botas e o colete


rapidamente, eu corri para o salão principal do clube para encontrar
Cruz. Eu sabia, pela música alta, que tinha uma festa acontecendo,
mas eu estava pouco me fodendo para isso. Quando vi uma vadia loira

~ 192 ~
tentando abrir as pernas de Cruz enquanto ele estava sentado,
conversando com os outros caras, me deixou muito irritada. Eu sei que
disse que não ligava com quem ele transava, mas eu menti. Agarrando a
cadela pelos cabelos, eu a joguei o mais longe possível do meu homem.
— Dê o fora daqui. — Cruz olhou para o meu colete.

— De volta ao mundo dos vivos, — quando a raiva subiu, precisei


aliviá-la de alguma forma. Agarrando a vadia loira no chão, dei alguns
socos na sua cara. Isso me fez sentir melhor, mas não muito. — Vou
levar isso como um sim.

— Mel ligou, — eu lati para ele e todos no clube congelaram.

— Fora! Todo mundo que não tem um patch dê o fora daqui


agora! — Cruz rosnou enquanto levantava e andava até mim. Os irmãos
cuidaram para colocar todos para fora do clube e então fecharam e
trancaram as portas. — O que ela disse?

— Eu tenho duas horas para conseguir cem mil dólares. Preciso


dirigir para o norte pela I-95, e ela vai me ligar para dizer onde vamos
fazer a troca. Ela disse que os irmãos não podem ir.

— Foda-se se ela pensa que eu vou ficar para trás.

— Eu sei, Cruz, mas ela disse que ia matar ela, — a cor foi
drenada do seu rosto às minhas palavras. — Precisamos ser mais
espertos do que isso, — eu precisava da ajuda dos irmãos, e de jeito
nenhum eu seria tão arrogante de querer fazer isso sozinha. Havia
muito em jogo.

— Aquela cadela maldita. Eu vou acabar com ela.

— Não se eu pegar ela primeira. Nós conseguimos todo esse


dinheiro em notas pequenas? — eu perguntei a ele.

— Sim. Diamond? — ele olhou para Diamond, que acenou e


estalou os dedos para Becs, que saiu correndo.

— Eu sei que você não me quer no meio disso, mas eu tenho que
ir. Ela quer que eu vá. Se vocês forem, precisam ser discretos, — old
lady ou não, era a mim que ela queria.

— Eu sei, baby. Vamos pegar o nosso garoto, — Cruz me puxou


apertado contra o seu peito e eu respirei pela primeira vez em semanas.

— Se você transou com alguém enquanto eu estava mal, eu vou


descobrir e cortar o seu pau fora, — eu sussurrei.

~ 193 ~
— Eu sabia que você faria isso, e não fiz nada, — eu acenei a
cabeça, confiando nele. Estava na hora de encontrar o nosso menino.

***

Duas horas depois, eu estava sentada no Sting com uma mochila


de dinheiro amarrada às minhas costas, dirigindo. O ar da noite estava
frio, então eu estava usando o capacete com o visor abaixado, para
bloquear o vento, e toda a minha roupa era de couro. Dirigi no limite de
velocidade, me certificando de não criar problemas ao longo do
caminho. Com minha arma acomodada no coldre às costas e mais duas
no coldre das botas, eu não queria ser parada e perder tempo.

Se ela vadia pensava por um segundo que ia escapar dessa, ela


estava redondamente enganada.

Os caras estavam me seguindo em duas caminhonetes. Alguns


deles tinham colocado suas motos dentro da maior, mas nós queríamos
ser o mais silenciosos possível. Vários tubos de motor rugindo
matariam essa oportunidade.

Eu podia ver as caminhonetes alguns carros atrás de mim. Eles


estavam fazendo bem em manter certa distância, mas não que eu
achasse que Mel tinha o poder de me seguir o caminho todo. Depois de
uma hora de viagem, parei para verificar o meu telefone, e havia uma
chamada perdida. Liguei de volta rapidamente. — Mel.

— Imaginei que você ligaria logo. Algum dos caras está com você?

Mantendo minha voz o mais vazia possível, — Não.

— Como você conseguiu o dinheiro? — a vadia era mais esperta


do que eu pensava.

— Peguei do Studio X, — eu menti.

— Ótimo. Continue pela I-95 até a saída na 107. Cerca de oito


quilômetros depois vai ter um hotel à esquerda, com um letreiro
luminoso cor-de-rosa. Vá ao quarto 18.

— Entendi, — eu estalei.

— É melhor você não estar mentindo para mim sobre os irmãos.

~ 194 ~
— Não estou. Você acha que eu sou idiota? Eu quero o meu
menino, — ela riu. Aquela vadia maldita. Eu mal podia esperar para dar
uma surra nela.

— Ótimo. Venha rápido, — ela disse com uma voz doce nauseante
e desligou. Liguei para Cruz e repeti as informações que ela me deu. Ele
disse que irmãos de outras facções estavam vindo nos encontrar, e que
ele iria ligar para eles e pedir que se colocassem em posição.

Parei no estacionamento do hotel, que estava estranhamento


quieto. Somente alguns carros parados na frente de alguns quartos,
mas a maior parte era apenas um hotel rotativo que alugava seus
quartos por hora. Olhando nos retrovisores, vi os caras estacionando
também. Eu não sabia onde eles iam estar, mas sabia que iam estar por
perto.

Bati no quarto 18 e a porta abriu lentamente, como se a tranca


estivesse quebrada e a porta não fechasse completamente. Mel estava
sentada no canto mais distante do quarto, segurando uma arma
apontada diretamente para mim, mas o lugar estava vazio. — Onde está
Coop? — eu perguntei rapidamente.

— Não está aqui, — ela disse satisfeita.

— Onde ele está? — eu rosnei, minha raiva atingindo novos picos


enquanto eu cerrava os punhos.

— Com uma amiga. Agora veja, é assim que isso vai funcionar.
Tem alguém que quer muito te ver. Acho que você a irritou pra valer.
Que seja. Ela quer você. Então eu vou fazer a entrega.

— Você armou para mim, porra?

Ela riu. — E você caiu direitinho, cadela burra, — ela acenou a


arma. — Venha aqui e coloque a mochila na cama. Junto com as suas
armas, — tirando a mochila, a coloquei, junto com uma das armas que
eu tinha na porta, em cima da cama. — Onde estão as outras? —
alcancei lentamente nas minhas costas e peguei o meu bebê, colocando-
a na cama também. — Mais alguma?

— Não.

— Levante tudo para eu poder ver, — lentamente levantei a minha


camiseta, chegando mais perto dela no processo, mas não o suficiente
para ela notar. — Ótimo. Agora deite na cama com o rosto par baixo e
coloque as mãos nos tornozelos.

~ 195 ~
Sério, essa vadia era muito estúpida se acha que podia me
amarrar e segurar uma arma ao mesmo tempo. Me deitei exatamente
como ela mandou, esperando a minha vez. — Sabe, Princesa, Cruz com
certeza é uma ótima foda, — a raiva invadiu meu corpo. — Ele lambia a
minha buceta e me fazia gritar sem parar por ele, — com minha cabeça
virada para o lado, vi a cadela pegar uma corda marrom da bolsa na
mesa. Quando chegou mais perto, ela latiu, — Não se mexa, porra.

Senti as suas mãos tentando amarrar a corda e aproveitei a


chance. Lançando minha perna o mais rápido possível, chutei a vadia
para trás e ela bateu com força na parede. Voando para o lado, peguei a
arma da minha bota e apontei para a mão dela que segurava a arma,
atirando. A sua arma caiu no chão quando o buraco que eu tinha
acabado de fazer na mão dela começou a vazar sangue. A porta foi
chutada e Cruz e alguns irmãos entraram com as armas levantadas.

— Onde ele está? — Cruz gritou.

— Ele não está aqui. A vadia diz que ele está com uma amiga. Ele
nunca esteve aqui, — eu bati no rosto da cadela com o cabo da minha
arma. Seus gritos me deixaram completamente irritada. Mas eu
precisava dela viva para me dizer onde Coop estava. — Preciso de algo
para estancar esse sangramento. Ela tem informações.

Cruz latiu, — Consiga toalhas, — para Becs, que correu para o


banheiro e voltou rápido trazendo o que foi pedido.

Me inclinei sobre o rosto de Mel. — Não se preocupe, cadela. Vou


deixar você sangrar muito em breve. — Enrolei as toalhas ao redor da
sua mão, não querendo que ela morresse ainda. — Me diga quem está
com o meu garoto.

— Não vou te dizer merda nenhuma! — ela gritou.

— Cruz, você pode por favor me alcançar aquela mochila? — eu


pedi enquanto ficava de pé. — Obrigada.

Puxei Mel para sentar na cadeira mais próxima e peguei a corda


que ela estava segurando antes para amarrar seus braços e pernas na
cadeira. — O qu... o que você vai fazer?

— Oh. Não é tão durona agora, não é? Bem, como você não vai me
dizer merda nenhuma, acho que vamos ter que te convencer, —
agarrando a mochila, puxei uma pequena bolsa do bolso da frente.
Quando a desenrolei na mesa de cabeceira, os olhos de Mel se
arregalaram. — Cruz. Eu tenho que fazer isso, — disse olhando em seus

~ 196 ~
olhos. Eu realmente precisava da aprovação dele para continuar.
Quando ele acenou, eu sorri. Eu poderia beijá-lo agora.

— Princesa, você tem certeza que quer fazer isso? — G.T.


perguntou e eu olhei para ele. Não tinha falado com ele sobre Casey
ainda, mas isso era assunto para outro momento.

— Absoluta, — agarrando as tesouras, cortei a camiseta e o sutiã


de Mel. — Olhem para esses peitos, rapazes. Bonitos, não? Sabe, Cruz,
antes de você entrar aqui Mel estava me contando como você comia a
buceta dela e a fazia gritar. Eu não vou comer essa buceta suja, mas
prometo que vou te fazer gritar, — eu sorri sarcasticamente.

— Rapazes, liberem o espaço, — Cruz disse e os caras


assentiram, saindo do quarto rapidamente. Os únicos que ficaram
foram Cruz e G.T.

— Vamos começar com isso, — eu disse, pegando o alicate. —


Hmmm... devo ir primeiro para os dentes ou para as unhas? — eu disse
caminhado ao redor da cadeira. — Você sabe que os dois vão te fazer
gritar, mas se eu começar com os dentes, talvez eu não pare. Vou te
dizer, houve uma vez em que eu sonhei em ser dentista. Hmm... — sorri
para mim mesma quando a cor deixou o seu rosto. — Ah, merda, vamos
começar por aqui, — prendi um dos seus mamilos com o alicate e torci
tão forte que ela gritou, o sangue escorrendo.

— Agora me diga quem está com o meu garoto! — eu estava me


transformando em uma vadia louca, mas não dava a mínima.

— Eu te disse. Eu deveria te entregar para Babs. Era para ela me


ligar daqui quarenta e cinco minutos com a localização, — eu dei um
tapa no seu rosto e ouvi Cruz gritar — Vadia!

— Sim. Eu esqueci de te contar, querido. Era isso que ela ia fazer


comigo, e a cadela estúpida pensou que eu iria sem lutar, — soltei o
alicate de um mamilo e fui para o outro, dando a ele o mesmo
tratamento enquanto ela gritava sem parar. Me afastei, não querendo
que ela desmaiasse ainda.

— Me diga com quem você estava quando pegou Cooper.

— Não posso. Ela vai me matar, — ela disse, balançando a cabeça


de um lado para o outro.

— Que porra você pensa que eu vou fazer com você? — eu disse,
batendo no seu rosto de novo, sua cabeça girando para o lado
rapidamente.

~ 197 ~
Ela hesitou enquanto as lágrimas rolavam pelo seu rosto. Eu não
sentia a menor pena da puta. — Não era para as coisas saírem assim.

— Ah sim, e como elas deveriam sair? — eu perguntei, tentando


conseguir o máximo de informações dela, e se era por aí que a cadela
imbecil queria começar, então ok.

Puxando uma respiração profunda, ela explicou, — Eu ia ficar


com o dinheiro e entregar você para Babs. Então ela ia me devolver
Cooper, e eu o daria para Cruz, porque eu não quero ele. E então eu ia
desaparecer.

— Mas que pena que as coisas não funcionaram bem para você,
hm? — eu lati. — Quem estava com você na oficina? Quem atirou em
mim?

Ela soluçou. — A namorada de Babs.

Eu senti como se tivesse levado um soco no estômago, e Cruz,


aparentemente, também. — Namorada? — ele latiu para ela enquanto
nos olhávamos com o mesmo ar interrogativo.

— Sim. Ela estava ajudando Babs a pegar a Princesa.

— E quem é essa namorada? — a voz de Cruz se tornou


puramente ameaçadora, e Mel ouviu isso também, porque ela arregalou
os olhos para ele. Ele abria e fechava os punhos.

— Liv.

Meu mundo parou por um momento e parecia que bolas de fogo


estavam caindo do chão, queimando o chão ao meu redor, mas eu não
podia me mover. Cruz conseguiu dizer as palavras que eu tanto queria
que saíssem da minha boca. — Liv do Studio X?

Mel balançou a cabeça para dizer que sim. — É ela quem está
com Cooper? — ele perguntou e ela balançou a cabeça outra vez.

Porra. Porra. Porra! Olhei para Cruz, suplicando a ele com os


olhos. Minha mente tentou rever a impotência que senti apenas
algumas horas atrás, antes da ligação, mas eu tentei lutar contra isso.
Eu precisava ser forte, mas havia um limite do quanto uma pessoa
podia aguentar.

Cruz viu a dor em meus olhos e os dele suavizaram para mim.


Sentando na beirada da cama, apertei a arma na minha mão, me

~ 198 ~
perguntando qual seria o meu próximo passo. Eu não precisava pensar;
Cruz era capaz de fazer isso por mim.

— Vamos fazer o seguinte: Mel, se você estragar isso, de qualquer


forma que seja, eu vou explodir os seus miolos, — ela ano se moveu
enquanto nós duas ouvimos. — Quando Babs ou Liv ligarem, você vai
fingir que tem Princesa aqui amarrada e pronta para elas. Pegue o local
e a hora do encontro. Então você vai dirigir até esse lugar com uma
maldita arma apontada para a porra da sua cabeça, com Princesa no
banco de trás.

Eu olhei para Cruz, me perguntando como toda essa merda ia


funcionar. Sempre soava bem na teoria, mas na prática... não tanto.

— Eu não gosto disso, — G.T. estalou.

— Não dou a mínima para o que você gosta, — Cruz disse, se


virando para ele.

— Você quer colocar a minha irmã na linha de fogo? Não vai rolar.

— G.T., — eu finalmente encontrei minha voz. — Nós precisamos


encontrar Babs para recuperar Cooper. É assim que é. Eu posso cuidar
de mim mesma.

— Desde quando uma old lady se envolve com os negócios do


clube?

Cruz não hesitou. — Quando os negócios envolvem ela e a família


dela.

— Merda, — G.T. se inclinou contra a porta. — Você tem certeza


disso, Princesa?

— Se isso significa ter o meu garoto de volta, eu estou pronta, —


minha voz soou mais corajosa do que eu realmente me sentia.

— Vou precisar ser um pouco duro com você agora. De jeito


nenhum Babs vai pensar que essa vadia dominou você facilmente. Ela
já parece que esteve em uma briga, mas vamos ter que dar alguns
arranhões também, baby.

Eu assenti.

***

~ 199 ~
Até onde a gente sabia, Babs mordeu a isca. Nós até decidimos
colocar eu gritando algumas palavras selecionadas no telefone, abafado
por uma pequena toalha para fingir que eu estava amordaçada. Dei a
Mel minhas luvas de couro depois de enfaixar a sua mão com uma
toalha, a vadia reclamou o tempo todo que doía, mas eu não dei a
mínima. Fui estúpida ao cortar a sua maldita camiseta, mas por sorte
ela tinha uma mala com mudas de roupa no porta-malas do seu carro.

Deitada no banco de trás do carro de Mel, segurava com força a


minha arma. Se qualquer coisa desse errado, eu iria atirar e matá-la em
um piscar de olhos. Babs queria que Mel me levasse para um antigo
armazém que ficava a uns 16 Km correndo por uma estrada de chão
batido. Cruz deu a localização para os irmãos e disse que todos eles já
estavam lá. Eu teria uma toalha enfiada em minha boca, e quando nos
aproximássemos, colocaria a arma nas costas e deslizaria as mãos
dentro dos nós frouxos que Cruz tinha preparado para mim.

Nós só precisávamos ver Cooper, e então os caras podiam entrar.


Eu precisava comprar um pouco de tempo. — Não faça nada estúpido,
Mel, ou esses homens vão te encontrar e te matar. Faça o que nós
dissemos e você vai sair dessa viva, — eu estava mentindo, claro, mas
ela não sabia. Por alguma razão, ela acreditou em mim. Talvez pensar
que ela era esperta tenha sido uma ideia idiota.

— Eu posso ficar com o dinheiro? — revirei os olhos. Mas que


porra?

— Sim, Mel. Você pode ficar com o dinheiro e recomeçar em outro


lugar, mas nunca mais entre em contato com Cooper, — eu dei uma
forte entonação na última parte, mas isso não a incomodou.

— Entendido.

— É melhor você não ter armado para mim, Mel. Estou falando
sério.

— Não armei. Eu juro.

Quando o carro parou, coloquei a toalha de novo dentro da minha


boca, guardei a arma e amarrei minhas mãos nas costas, deslizando-as
dentro dos nós. Eu até espremi umas lágrimas falsas dos meus olhos
para se misturar ao sangue na minha bochecha, cortesia de Cruz.

A porta se abriu e Babs estava ali parada rindo. — Não achei que
você fosse conseguir, Mel. Pensei que ela já teria matado você a essa
hora.

~ 200 ~
— Nah, eu mantive minha arma apontada para ela o tempo todo e
consegui controlar a situação, — a atitude convencida de Mel estava
bem convincente.

— Parece que vocês duas tiveram trabalho, — Babs disse


desconfiada, provavelmente sabendo que eu daria uma surra em Mel
mesmo com as mãos amarradas.

— Ela tentou chutar a arma, mas eu bati nas suas costas, bem
onde Liv tinha atirado. Ela caiu no chão na mesma hora, — muito bem,
Mel, muito bem.

Babs parecia ter comprado a narrativa dos acontecimentos e


começou a olhar ao redor. — Algum irmão por perto?

— Não. Ela queria tanto o garoto que veio mesmo sozinha.

Babs riu alto. — Para uma old lady, você com certeza é uma
idiota, — Babs me puxou pelo braço, me obrigando a sair do carro.
Minha mente correu para o fato de que ela já sabia que eu era uma old
lady. Ela devia ter mais gente de olho em mim do que eu achava, mas
bem quando comecei a raciocinar sobre isso, Liv invadiu meus
pensamentos. Liv deve estar dando informações a ela. Me questionei há
quanto tempo isso vinha ocorrendo.

Quando entramos no grande prédio, o cheiro de mofo e almíscar


invadiu meu nariz. Com minha cabeça girando em alerta, procurei ao
redor para ver se conseguia ver Cooper, mas quando não o achei em
lugar nenhum, meu estômago caiu.

Babs me jogou em uma velha cadeira no meio do lugar e eu


continuei a procurar em cada canto escuro ao redor.

— Eu posso pegar o meu garoto e ir embora? — Mel perguntou,


como se estivesse irritada de ter que esperar.

— Claro. É só passar por essas portas. Ele está ali, — Mel


caminhou até as portas e as abriu amplamente. Dois tiros foram
disparados com um silenciador, e Mel caiu no chão, morta. — Ela
realmente é uma garota muito burra, — Babs caminhou até Mel e
começou a arrastar seu corpo até o outro canto do lugar. Meus olhos
estavam o tempo todo focados nas portas por onde Mel deveria ter
passado. — Limpo! — Babs gritou, e Liv entrou carregando Cooper no
colo.

— Mamãe! — ele gritou e meus olhos suavizaram nele. Mas


quando meus olhos pararam em Liv, seu rosto uma vez bonito estava

~ 201 ~
vazio de emoção. Era como se a pessoa olhando para mim fosse alguém
que nunca conheci, muito menos alguém que comandou o meu Studio
ou conquistou a minha confiança.

Babs começou a rir. — Essa vai ser a última vez que ele te chama
assim. Veja, Liv e eu vamos cuidar dele como nosso. Você nunca mais
vai vê-lo outra vez. Bem, na verdade você vai estar morta. Eu não quero
assustar o pobre garoto.

— Surpresa, — Liv disse com a voz plana. — Você achou que eu


ia deixar você voltar e tomar tudo que eu trabalhei tão duro para
conquistar nesses últimos dois anos? Vadia. Se você tivesse ficado
longe, nada disso teria acontecido.

A cadela estava malditamente louca. Eu não tomei nada dela.


Nunca fui dela, para começar.

Com minha boca ainda amordaçada, olhei para Babs. Ela deve ter
visto os questionamentos nos meus olhos. Babs começou a falar,
caminhando ao redor da minha cadeira com uma arma apontada para
mim. Mantive os olhos fixos no meu garoto, mas ciente de onde ela
estava o tempo todo.

— Você se lembra de Luke? — eu olhei confusa quando meu


cérebro correu para achar o nome, mas nada apareceu. Ela riu. — Sim.
Eu não achei que você fosse lembrar, uma vez que você se prostituiu
com todo mundo nessa cidade, tão determinada a não transar com um
irmão... mas dar para qualquer um de fora transformou você
exatamente nisso, em uma puta. Incluindo o meu homem.

O homem dela? De que diabos ela estava falando?

— Posso ver pela sua testinha enrugada que você está tentando
encaixar as peças do quebra-cabeça. Então eu vou te ajudar, — o cabo
da sua arma bateu no meu ombro, bem no lugar onde fui baleada
algumas semanas atrás, enviando faíscas de dor pelo meu braço, mas
não me movi ou fiz um som. Por dentro eu queria gritar feito louca; o
ferimento estava curado, mas ainda sensível.

— Luke era bartender no Damon’s, — eu instantaneamente soube


de quem ela estava falando. O homem de cabelos e olhos castanhos que
eu fodi no quarto dos fundos do bar a muito tempo atrás. Eu já quase
nem lembrava mais dele. Como diabos eu ia saber que era o homem
dela? Foi um caso de uma noite apenas. — Vejo que você se lembrou.
Ele é difícil de esquecer, — seu punho colidiu com o meu estômago,
mas eu me mantive impassível. Cooper, por outro lado, começou a se

~ 202 ~
contorcer. Eu só precisava esperar o momento certo, com Babs na
minha frente em vez de atrás de mim.

— Sabe, ele na verdade era meu noivo quando você decidiu dar
para ele. E você quer saber como eu sei que isso aconteceu? — ela
continuou andando, a raiva crescendo na sua voz. — Porque ele me
disse, porra. Ele disse que não queria mais a minha buceta... que o
―aperto firme‖ da sua buceta era o que ele queria, — ela latiu. Como
diabos ele podia querer ficar comigo depois de uma única foda? Sério?

Mas ela ainda não tinha acabado. — Ele disse que tinha um
amigo que era um faz-tudo no Ravage MC. Disse que como você era
Princesa deles, ele iria querer se juntar. Eu não podia deixar isso
acontecer, — eu olhei para ela. — Ele tinha que ser eliminado.

As peças do quebra-cabeça começaram a se encaixar, mas isso


parecia minúsculo no grande esquema das coisas. Eu transei com o seu
noivo; ela queria se vingar de mim, e então criou todo esse elaborado
plano. Essa garota era louca da cabeça, muito mais do que eu tinha
pensando no começo.

Ela caminhava pela lateral do espaço com a arma firme em sua


mão. Aproveitei esse momento para soltar a corda que prendia meus
braços.

Quando ela caminhou na direção de Cooper, eu parei,


observando. — Veja Liv aqui, — ela correu uma mão carinhosamente
pelo rosto de Liv, me fazendo querendo vomitar. — Nós duas temos algo
em comum. Nosso ódio por você. Embora o dela seja puramente
profissional, ainda existe.

Quando ela veio na minha direção, eu lentamente peguei a minha


arma; eu estava cansada desse show. Com um movimento rápido,
apontei e atirei bem entre os olhos de Babs; ela caiu como um pacote
pesado no chão.

Liv gritou quando Cruz e os irmãos invadiram o lugar, entrando


por todas as portas ao redor. Apontei minha arma diretamente para Liv.
— Me dê o meu garoto.

— Vá se foder. Eu mato ele antes de entregar ele para você, — ela


latiu, apertando a arma com a qual tinha atirado em Mel.

Cruz não perdeu tempo. Tiros ecoaram e Cooper caiu duro no


chão, gritando. Eu corri e o apertei com força, o levando para longe de
tudo que estava prestes a acontecer.

~ 203 ~
— Mamãe! — ele chorou, me agarrando com força. Eu o abracei
apertado, não querendo deixá-lo ir nunca mais.

— Está tudo bem, baby. A mamãe está com você. Você está
seguro, — eu o balancei de um lado para o outro enquanto suas
lágrimas molhavam a minha camiseta. Ouvi uma desordem e os gritos
de Liv, mas ignorei tudo e me agarrei mais ao meu menino.

— Baby? — Cruz se ajoelhou no chão na nossa frente, passando


os braços ao nosso redor para nos abraçar apertado. — Ele está bem?

— Não olhei ainda, mas ele parece estar.

— E você?

— Melhor agora. Ela se foi?

— Não, — ele disse, beijando a cabeça de Cooper e se levantando.

— O quê? — eu gritei chocada. — Por que não, porra? — me


levantei com Coop no colo e olhei para a mulher deitada no chão, em
uma poça de sangue. Pelo movimento do seu peito, eu sabia que ela
estava viva. Os poucos tiros que ela levou nas pernas não eram uma
ameaça à sua vida.

— Assuntos do clube, — ele disse firme quando olhei para ele.


Normalmente eu deixaria essa merda de lado, mas dessa vez estava
levando tudo de mim conseguir me controlar.

Liv riu alto, deitada no chão, sobre uma poça de sangue e sujeira.
— De que porra você está rindo? — eu perguntei quando a cabeça de
Coop se enterrou no meu pescoço.

— Você matou Babs, agora alguém vai matar você, — G.T. bateu
com o punho fechado no rosto dela. Pude ouvir os ossos quebrando com
o contato.

— Do... do que ela está falando, Cruz? — minha voz estava


instável. Pensei que essa merda ia acabar, mas estava muito longe
disso.

Cruz olhou para todos os irmãos no armazém, que acenaram para


ele. — Babs colocou um preço pela sua cabeça, se você a matasse. O
único que pode pagar por isso é Rabbit. Então precisamos encontrar ele
antes que ele descubra. Vamos usar Liv. Ela, no fim das contas, esteve
transando com a old lady dele.

~ 204 ~
O corpo de Liv ficou imóvel, toda a arrogância de antes
desapareceu com essas palavras. — Você não pode contar para Rabbit.
Ele não sabe nada sobre mim, — sua voz tremeu.

— É com isso que eu estou contando, — Cruz disse e acenou para


Dagger e G.T. Eles amarraram seus braços e pernas e a amordaçaram,
a arrastando para fora.

— Cruz, o que vai acontecer? — eu sabia que, em nosso mundo,


ter um preço pela minha cabeça significava que todos viriam atrás de
mim. Todos iriam querer colocar a mão nesse dinheiro. Só me restava
ficar sentada como uma idiota, esperando para morrer.

— Eu vou cuidar de você. Confie em mim, — eu assenti, porque


se uma coisa era certa, era que eu confiava nesse homem.

— Obrigada, — sussurrei para ele.

— Pelo quê?

— Por conseguir o nosso garoto de volta, — eu disse, apertando


seu pequeno corpo contra o meu.

— Baby, você conseguiu isso. Você o trouxe para casa. Eu só


estava aqui como reforço, — eu sorri para ele, sabendo que isso era
apenas parcialmente verdade.

— Podemos ir para casa?

Cruz olhou para Diamond, que acenou para nós. — Sim, baby.
Vamos lá.

~ 205 ~
Quinze
HARLOW
Deitada na cama ao lado de Cruz, pensei na semana que se
passou. O turbilhão de emoções estava me rasgando. A tensão ao redor
do clube estava batendo no teto, todos no limite com o encontro com
Rabbit amanhã à noite. Cruz esteve em reuniões sem fim, e eu não fui
beneficiada com nenhuma informação. Parte de mim queria muito saber
o que diabos estava acontecendo, mas outra queria se distanciar o
máximo possível de tudo isso.

Fiz a minha missão de vida manter Cooper à vista o tempo todo.


Mantive ele agarrado ao meu quadril, sem deixar que ninguém mais
cuidasse dele. Sabia que Ma não tinha a intenção de deixar ele ser
levado, e ela que ela faria todo o necessário para protegê-lo, mas não ia
arriscar.

Confiar ele a mais alguém era algo incrivelmente difícil. Apenas o


pensamento de outra pessoa cuidando dele chutava minha ansiedade lá
para cima. Eu ainda não tinha voltado ao X, e até onde eu sabia, Becs
estava cuidando das coisas por lá.

Eu nem tinha vontade de ir até lá agora, ou deixar o clube por


qualquer motivo que fosse.

Acalmar meus pensamentos essa noite estava se provando ser


algo mais difícil do que pensei. Mesmo tomar algumas doses de uísque
antes de me deitar não tinha aliviado a incerteza do amanhã. A horrível
parte de não saber o que ia acontecer era... eu não sabia o que fazer
para ajudar. Eles não queriam que eu ajudasse. Cruz estava no limite,
mas também estava fazendo tudo em seu alcance para se manter calmo
e controlado, por Cooper e por mim.

Ele estava fazendo um grande trabalho, considerando que às


vezes eu me perguntava se ele realmente estava afetado por isso tudo
mesmo.

Depois de uma hora deitada aqui, não pude mais aguentar.


Deslizando cuidadosamente do abraço de Cruz, precisava de outra

~ 206 ~
bebida. O relógio na mesa de cabeceira marcava 1:37 da manhã, e eu
sabia que alguém ia estar acordado no clube, embora não tivesse
nenhuma festa acontecendo.

Entrei no salão principal do clube e o lugar estava mortalmente


silencioso, um plano foi arruinado. Acho que 1:30 da manhã de uma
segunda-feira não era um momento muito festivo. Pegando uma garrafa
de Jack, fui para até a sala de televisão das crianças no porão. O lugar
estava tranquilo agora que todas as famílias tinham ido embora.

Fui andando lentamente pelo corredor, pensando que um filme


com Vin Diesel seria uma boa escolha. No meio do caminho, gemidos
ásperos e altos chegaram aos meus ouvidos. Quando passei pela porta
do último quarto, as vozes ficaram mais intensas. Revirando os olhos,
continuei andando. Ouvir coisas assim não era novidade no clube, na
verdade eram bem normal.

— Você gosta de dar esse cuzinho, não é? — a voz. A voz me fez


parar de repente no meio do caminho, enquanto eu ouvia sem me
mexer. — Sua putinha suja, — uma tapa forte seguido por um gemido
de mulher e o encontro de pele com pele fez com que memórias que eu
tinha enterrado no fundo da minha mente viessem à tona
instantaneamente. Obrigando meus pés a se moverem, espiei dentro do
quarto, precisando saber de quem era o rosto por trás da voz.

Olhei pela pequena fechadura, meu corpo tremendo enquanto


minhas mãos se fecharam em punhos. Rocky estava fodendo a loira que
tinha tentado dançar no colo de Cruz a um tempo atrás. Não podia ser.
Não podia.

— Sua putinha de merda. Fazendo isso pelo papai, hm? — minha


respiração saiu tão rápida que era como se eu fosse um balão e alguém
tivesse acabado de me espertar com um alfinete. Eu estava sufocando,
mas não queria fazer um som por medo dele me ouvir. Minha mente
corria mais rápido do que eu podia acompanhar. Era ele. Era ele, de
verdade. Era?

Precisava sair daqui. Precisava ficar longe... ficar longe dele. Ele
não podia estar aqui. Rocky... não. Não podia ser. Correndo o mais
rápido possível, voltei para o salão principal do clube e me tranquei no
banheiro.

Apoiando as mãos no balcão, minha cabeça pendia como se meu


pescoço tivesse decidido tirar férias. Isso não podia estar acontecendo.
Não podia. Em primeiro lugar, os irmãos teriam verificado o passado de

~ 207 ~
Rocky. De jeito nenhum eles deixariam que alguém como ele virasse
prospecto do clube. Eles não sabiam. Era a única explicação.

Suas palavras continuaram correndo pela minha cabeça sem


parar, repetidamente. — Sua putinha. Fazendo isso pelo papai, hm? —
ele disse essas mesmas palavras para mim uma e outra vez, noite após
noite. Uma memória que eu queria manter trancada para sempre subiu
como vômito até minha boca. Olhei para o espelho à minha frente e
encarei meus próprios olhos. Puta. É o que eu sou. O que eu fiz lá por
esse clube... para proteger esse clube. Entre ele e Babs, eu tinha virado
a única coisa que nunca quis ser. Eu realmente me sentia uma puta.

As engrenagens na minha cabeça giravam rapidamente. Eu


precisava proteger esse clube de novo, mas precisa ter cem por cento de
certeza que era ele. Na prisão, ele era o guarda que providenciava o que
fosse necessário para eu cuidar de alguma mulher que estivesse
causando problemas para o clube. Só que ele sempre queria
pagamento, regularmente. Mas Rocky não se parecia com ele... era a
voz. A voz era dele; eu sabia.

Eu sempre achei, desde o começo, que havia alguma coisa


estranha nesse homem. Só nunca imaginei que poderia ser isso. Seu
corpo estava muito diferente; eles tinham a mesma altura, mas o
guarda da prisão era gordo, com uma barriga protuberante. Rocky era
magro e musculoso. O guarda tinha olhos verdes, enquanto os de Rocky
eram castanhos. O guarda não tinha pelos no rosto, enquanto o de
Rocky era coberto por barba e bigode, isso para não mencionar que ele
tinha o cabelo comprido, e o do guarda era curto.

Até onde era possível ver, nada entre eles era parecido, e eu pedia
a Deus para estar errada sobre a voz. Eu precisava ter certeza.
Precisava saber. Minha mente começou a formular um plano, e
felizmente Casey, depois de tudo que tinha acontecido, decidiu ficar
mais duas semanas para nos ajudar... para me ajudar. E eu ia precisar
da ajuda dela se queria resolver isso de uma vez por todas.

***

O resto da noite eu passei deitada ao lado de Cruz, tentando


controlar minha respiração, não querendo acordá-lo. Hoje era um
grande dia para a nossa família. Eu não queria foder com a cabeça de
nenhum irmão. Eles precisavam estar controlados, e isso ia acabar com

~ 208 ~
eles. O lado bom era que Cruz pensou que a minha agitação era por
causa do que ia acontecer logo mais. Enquanto eu pensava em todos os
cenários de como as coisas podiam acabar, precisava manter a cabeça
no lugar e acabar com isso de vez.

Pela primeira vez em uma semana, pedi a Ma para cuidar de


Cooper. Eu fiquei com muito medo, não por ter Ma cuidando dele em si,
mas por ter alguém que não era eu fazendo isso. Dei a Ma outra arma e
disse a ela para atirar primeiro e pensar depois. Eu não ia perder o meu
garoto outra vez.

Depois de uma mensagem rápida para Casey dizendo a ela que


precisava da sua ajuda e que ela devia estar no clube por umas 15h, eu
me recompus antes dos caras partirem. Mais cedo perguntei a Cruz
quem ia ficar com a gente, e quando ele disse que era Buzz e Rocky,
fiquei aliviada. Precisava de Rocky aqui. Precisava de respostas.

— Baby, tem certeza que você está bem? — Cruz perguntou


enquanto amarrava suas botas.

Caminhei até a cadeira em que ele estava sentado, me ajoelhei na


sua frente. — Sim. Apenas tenha cuidado, ok?

— Sempre. Vou estar em casa em algumas horas, e toda essa


merda vai ter acabado.

Eu queria acreditar nele. Eu realmente queria, mas o que eu


estava prestes a fazer... se eu estivesse errada, os irmãos iriam arrancar
a minha cabeça. Eu estaria morta, mas precisava saber a verdade, pelo
clube e por mim mesma.

Me levantei e enrolei os braços em volta do seu pescoço, passando


os dedos pelos seus cabelos. Olhando seus lindos olhos azuis, meus
lábios caíram nos dele. Ele instintivamente me puxou mais perto,
esquentando o beijo. Esperava que não fosse nosso último beijo, porque
se eu estivesse errada sobre Rocky, poderia ser. O medo quase me
impediu de fazer o que precisava ser feito, mas não podia permitir isso.
Se fosse verdade, os caras precisavam saber.

— Vou voltar logo, — acenando, nos levantamos.

— Papai! — Cooper gritou do seu quarto. Cruz sorriu, balançando


a cabeça. Depois de muitos abraços e beijos, Cruz entregou Coop para
mim e partiu.

Liv ficou aqui no mesmo quarto em que Stella e Moxie tiveram o


privilégio de ficar algumas semanas antes. Eu não quis vê-la nem uma

~ 209 ~
vez e me mantive o mais longe possível de lá, embora fosse muito
tentador ir até lá e bater nela até a morte. Mas não fiz isso. Quis fazer,
às vezes... mas não fiz. Só porque Cruz não deixou. Eles precisavam
dela; na verdade, eu precisava dela.

Depois de meia hora, o som do motor das Harleys encheu o lugar.


Ouvi quando eles deixaram o clube. Pegando Coop, eu o entreguei para
Ma, que me olhou como se soubesse que ia fazer alguma coisa, mas não
disse uma palavra. Eu saí à procura do meu alvo.

Ele estava aqui, só precisava encontrá-lo. Peguei a maior bolsa


que eu tinha, de tamanho gigante, porque precisava ter certeza de que
tudo que guardei estava comigo e bem escondido. Indo até o clube,
encontrei Buzz limpando o bar e duas vadias do clube esfregando o
chão. — Oi, Buzz. Você viu Rocky?

— Acho que ele está na loja. — Perfeito. Tinha planejado fazer isso
no porão do clube, mas na loja seria ainda melhor. Além da parte de
trás, onde Sting ficou por tanto tempo, havia um pequeno quarto de
cerca de 9 m², que era usado para guardar suprimentos. Enviei uma
mensagem rápida para Casey e fiz eu caminho até lá sob a luz do sol.

Entrando na loja, o primeiro homem que vi foi Greg, o que eu


tinha machucado no meu primeiro dia aqui. Embora eu tenha me
desculpado com ele, ainda me sentia meio mal. O pobre homem só
estava protegendo a minha moto. Caminhei até ele e disse, — Oi, Greg.
— Ele me deu um grande sorriso.

— Oi, Princesa. O que está acontecendo? — ele perguntou,


limpando as mãos em uma das toalhas da oficina.

— Só estou dando uma caminhada. Ei, eu vou procurar algumas


coisas para o Sting lá atrás. Estou pensando em dar uma calibrada
nele, — balancei as sobrancelhas sugestivamente.

— Você e o seu homem, — ele sorriu maliciosamente. — Pode


deixar. Vá lá e pegue o que precisa.

— Obrigada. Ei, você viu Rocky?

— Sim, no escritório.

— Você pode pedir a ele para ir me encontrar? Preciso falar com


ele uma coisa.

— Claro, Princesa.

~ 210 ~
— Obrigada! — dei o sorriso mais doce de todos para o rapaz.
Flertar sempre funcionava nesse lugar. Uma coisa que os homens não
conseguiam recusar era buceta.

Fui até o quarto nos fundos prestando atenção em tudo ao meu


redor. Três homens estavam trabalhando na oficina, mas pareciam
estar totalmente concentrados no trabalho. Parecia que Rocky era o
único dentro do escritório, pelo menos era o que parecia através dos
vidros.

— Ei, cadela! — Casey chamou atrás de mim e acenou para todos


os caras. Eu ia sentir falta dela.

— Oi, querida. Veio me ajudar a procurar as peças? — eu pisquei


para ela e olhei para a enorme bolsa que ela também estava carregando.
Os homens pareciam nunca ligar para nossas bolsas. Mal sabiam eles.

— Claro, — desde que atualizei Casey hoje pela manhã sobre


porque nós faríamos o que estávamos prestes a fazer, me senti calma
com ela ao meu lado. Eu tive que dar a ela uma excelente razão, ou ela
não iria querer se envolver. Era perigoso demais, e eu não conseguia
evitar o pensamento que vinha a todo instante, e se eu estiver errada?

Afastando esses pensamentos, nós fomos para os fundos. Casey


instantaneamente começou a trabalhar, arrumando um pequeno
espaço no centro do quarto e colocando uma cadeira ali. Eu sabia que
se fosse fazer isso, teria que ser rápida e metódica... sem erros. Os
caras já tinham ido há uma hora, e se tudo desse certo, Cruz disse que
ele estaria de volta em duas. Eu precisava começar logo.

— Você está pronta? — eu segurei o olhar dela. Casey pode não


ter se tornado uma garota durona que ama armas como eu, mas ela
ainda tinha muito do seu pai, e quando ele entrava no jogo, era para
ganhar.

— Vamos ver quem é esse filho da puta, — acenando, me


certifiquei de que minhas armas estavam carregadas. Dei a Casey um
taser e prendi o meu no coldre lateral. Ele parecia apenas uma arma, e
era a ferramenta que eu tinha escolhido para essa inquisição. Nós
estávamos prontas.

Eu não estava tão nervosa como na noite passada. Ter tempo


extra para pensar e não reagir de imediato me ajudou a manter a
cabeça no lugar. Agora, se essa merda se confirmasse, eu não podia
dizer que me manteria dessa forma. Eu estava pronta para improvisar.

~ 211 ~
Fomos para a sala conexa e começamos a procurar por peças
para Sting, sempre mantendo os olhos na porta. Quando ela abriu
lentamente, olhei para Casey, que acenou.

— Oi, Rocky. Você pode me ajudar a achar alguns obturadores


para o Sting? — ele grunhiu, mas ao ouvir suas botas se aproximando,
me virei e sorri. Seus olhos ainda eram do mesmo tom castanho das
outras vezes, mas dessa vez eu os imaginei verdes, e então um arrepio
subiu pelas minhas costas. Mas não deixei isso aparecer, no entanto;
dei a ele o meu mais vibrante sorriso. — Obrigada.

Casey parou do outro lado de Rocky e ele se virou para ela,


estudando-a de cima a baixo. Isso era exatamente o que eu esperava
que ele fizesse, com as suas longas pernas e o jeans de cintura baixa;
ninguém podia resistir a ela. — Ei, Rocky, você conhece Casey, certo? —
ele acenou a cabeça.

— Oi, Rocky, — a voz de Casey era um ronronar suave, muito


sedutora e convidativa. Essa mulher arrasava.

Rocky manteve a cabeça virada na direção de Casey e eu comecei


a me aproximar um pouco mais. Casey fez a sua parte e chegou mais
perto de Rocky, dando a ele aquele olhar me foda pelo qual todos os
homens sempre caíam. Rocky não era diferente. Pegando lentamente o
taser do meu coldre, o coloquei nas costas, esperando o momento
perfeito. Casey se inclinou mais perto para sussurrar no seu ouvido,
mas mantendo uma distância razoável para evitar o choque que ela
sabia que viria. Trazendo o taser para a frente, o coloquei no pescoço de
Rocky e apertei com força o gatilho. Ele caiu no chão e começou a
tremer, convulsionar e murmurar alguma merda que eu não conseguia
entender. Tasers só te davam um curto período de tempo, e nós
tínhamos muito trabalho a fazer.

— Agora vamos lá, — Casey agarrou um dos braços de Rocky,


enquanto eu agarrei o outro, e o arrastamos para o pequeno quarto ao
lado. Colocando o grandalhão na cadeira, cavei na bolsa de Casey e
encontrei corda e fita adesiva. Primeiro ia usar a corda para prendê-lo,
mas então pensei melhor e resolvi que fita adesiva ia funcionar bem
também, e era mais difícil de se soltar.

Rapidamente, colei suas mãos com a fita atrás das costas e então
as prendi nas ripas da cadeira. Movendo seus joelhos para os lados, os
prendi nas pernas de trás da cadeira. De jeito nenhum ele conseguiria
se levantar e bater a cadeira em uma de nós, se tivesse a chance. Então
colei suas coxas e torso com uma boa quantidade de fita.

~ 212 ~
Casey procurou na sua bolsa e encontrou uma velha meia. —
Perfeito para agora. Eu vou cuidar de tudo; então nós vamos ter que
tirar isso para fazer o resto, — quando colocamos a meia dentro da boca
de Rocky, ele começou a acordar do choque.

— Oi, grandão. Se lembra de mim? — eu perguntei e ele arregalou


os olhos, então começou a balançar a cabeça. — Bem, eu acho que
conheço você de algum lugar, então vamos ter que verificar algumas
coisas.

Ele tentou se mexer na cadeira, mas percebeu que o único lugar


aonde conseguiria ir era para o chão, o que para mim era tão bom
quanto onde ele estava agora. Procurando na minha bolsa, peguei um
barbeador com bateria e o liguei. Rocky começou a se contorcer. —
Alguma coisa errada? Você tem algo para esconder por baixo de todo
esse cabelo?

Ele balançou a cabeça repetidamente, mas seu corpo estava


tenso, ele estava tentando puxar os braços das amarras de fita. Eu
bateria algumas vezes no seu rosto, mas queria ter total certeza de que
estava certa antes de fazer qualquer coisa. Agarrando sua cabeça,
segurei com força na parte de cima enquanto meu barbeador fazia o
trabalho. Rocky tentou se afastar da máquina, mas não se esforçou
muito.

Comecei a raspar seu cabelo, me desfazendo de todas as longas


mechas, dando a ele um corte militar. Agora ele estava mais parecido
com o guarda. Os próximos eram a barba e o bigode.

Movi o barbeador para mais perto do seu rosto e seus olhos


cresceram, ele começou a se debater mais. Isso não era bom. — Casey,
taser nele, — depois que ela lhe deu outro choque, raspei os pelos do
seu rosto. Casey pegou uma navalha, uma garrafa de água e sabão da
sua bolsa. Depois dos primeiros cortes, meu coração estava batendo
como um trovão no peito. Minhas mãos ficaram suadas e meus olhos
viam vermelho. Eu respeito ao redor da sua mordaça; não havia
necessidade de tirá-la. Arranquei a fita que cobria a meia quando foi
necessário, mas depois a colei novamente, mantendo a mordaça no
lugar.

Com ele ainda desmaiado por causa do taser, abri suas pálpebras
e coloquei o dedo na parte colorida dos seus olhos. Quando me dedo se
moveu para o lado, notei que se tratava de uma lente de contato
castanha. Fiz o mesmo com a outra. Os olhos verdes que eu tanto temia
me encararam de volta.

~ 213 ~
Dei alguns passos para trás e vi o agente Macaffe sentando à
minha frente. O único homem que eu nunca mais queria ver ou pensar
na vida. O único homem lá dentro com quem eu transei, várias vezes, e
não por vontade própria, o único homem que realmente podia me
chamar de puta.

Quando ele começou a balançar a cabeça, saindo da névoa do


taser, eu o encarei.

— É ele? — Casey perguntou, já sabendo a resposta.

— Esse é o agente Macaffe. Ele e eu ficamos muito próximo na


cadeira. Não é mesmo? — ele não disse uma palavra e sua cabeça caiu
sobre o peito. — Eu deixaria você falar, mas não dou a mínima para
qualquer merda que você tenha a dizer.

Pegando minha arma do coldre das costas, bati com o cabo no


lado do seu rosto várias vezes, e dei alguns chutes nas suas costelas,
enquanto Casey segurava a cadeira. Era como se ela se soubesse o que
eu ia fazer antes que eu fizesse. Eu amava como isso funcionava.

Mas não era o bastante, no entanto. Eu queria que ele soubesse


como era. Como era ter algo enfiado na sua bunda uma e outra vez.

Ele ia sentir isso.

~ 214 ~
Dezesseis
CRUZ
Rabbit concordou em nos encontrar em um grande campo de
algodão do lado de fora de Sumner. Nós chegamos o lugar mais cedo,
durante o dia, e não encontramos nenhum lugar onde homens
pudessem se esconder. Com o algodão tendo sido colhido recentemente,
mesmo que ele ficasse abaixado, estaria exposto. Nós tínhamos Tug e
Breaker nos carros, totalmente armados com automáticas e tudo mais
que pudéssemos precisar, e claro, Liv.

Quando chegamos, estacionamos nossas motos metodicamente


em uma fileira, a de Diamond era a primeira. Como o velho ainda
andava por aí como se tivesse trinta anos estava além da minha
compreensão, mas isso me deixava muito orgulhoso de estar ao seu
lado.

A gangue de Rabbit estava parada ao lado dele, todos com armas


em mãos, mas abaixadas. Nós esperávamos que isso fosse difícil, mas
também queríamos o melhor, e com a quantidade de poder de fogo que
todos tínhamos, não queríamos que houvesse problemas. Quando
Diamond falou com Rabbit no telefone ele não queria o encontro, mas
no melhor estilo Diamond, ele deu um jeito.

— Princesa matou a minha garota e vocês mataram três dos meus


homens, — Rabbit declarou com naturalidade para Diamond, que
estava parado na frente dele, todos nós flanqueando seus lados, armas
na mão.

— Não, ela não matou. A sua old lady era uma traidora. Quanto
aos seus homens, eles estavam vendendo cocaína no nosso
estabelecimento, você sabe que isso é proibido.

— Mentira! — a mão de Rabbit que estava na sua arma começou


a pulsar. Ele queria atirar.

Diamond levantou as mãos na sua frente, e ele era o único de nós


que não tinha uma arma em punho. — Vou pegar um envelope no meu
colete, — quando Rabbit assentiu com a cabeça, Diamond puxou o

~ 215 ~
envelope pardo que foi entregue hoje de manhã pelas conexões de
Deara. Ela realmente tinha conseguido algo para nós.

Diamond tirou de dentro fotos de Babs e Liv fodendo como


animais no apartamento de Liv. Ele mostrou a Rabbit uma foto após a
outra, e sua mandíbula apertou. — Então você vê, Rabbit, a sua garota
era uma puta mentirosa. Estava jogando com você. E para a sua sorte,
nós temos a vadia que atirou na sua old lady.

Assim como nós suspeitávamos, os olhos de Rabbit queimaram


com a traição. Sem as fotos, no entanto, nada disso teria funcionado.

— E quanto aos meus homens? — ele estava furioso, a mão sobre


a arma mais ansiosa.

— Isso foi circunstancial. Você sabia que não devia vender drogas
no Studio X, meu estabelecimento, — Diamond disse casualmente.

— Porra. Eu deveria matar três dos seus, — os olhos de Rabbit


estavam focados na caminhonete à sua frente. — Entregue ela para
mim, — ele exigiu.

Diamond não ia apenas sair entregando Liv; nós tínhamos as


nossas exigências também. — Se nós fizermos isso, Princesa está livre e
liberada, nenhum prêmio pela sua cabeça, e todos vão deixar ela paz.
Além disso, não vai haver retaliação por causa dos seus homens.

— Porra, — ele pensou por mais tempo que o esperado. —


Fechado, eu não tenho problemas com a sua garota. Era tudo coisa da
Babs, aquela puta. Mas meus homens eram bons homens, — Rabbit
pausou. — Certo. Me entregue ela.

Diamond deu um passo à frente e estendeu a mão, que Rabbit


apertou e balançou para fechar o acordo. Eu não pude evitar me sentir
um pouco aliviado. Foi mais fácil do que eu esperei.

— Tragam ela para cá! — Diamond gritou para Tug e Breaker.


Quando eles a puxaram para fora da caminhonete, os olhos dela se
arregalaram e ela começou a se debater contra os homens. Ela sabia
exatamente quem Rabbit era. Uma pena para ela que ele não dava a
mínima para quem ela era. Com a mordaça em sua boca, somente
ouvimos seus protestos abafados enquanto ela balançava a cabeça
profusamente.

A coisa era: de jeito nenhum podíamos deixar que eles fossem


embora com ela viva. Se ele não a matasse imediatamente, teríamos que
cuidar disso. A sua boca era um problema do qual não precisávamos.

~ 216 ~
Se ela confirmasse que Princesa, de fato, matou Babs, não tínhamos
certeza se Rabbit ia ficar longe, com ou sem traição.

Tug e Breaker jogaram Liv aos pés de Rabbit e ela caiu de joelhos.
O estalo alto da arma dele batendo no rosto dela ecoou pelo campo, e
ela choramingou. Não podíamos ir embora ainda, embora todos
quisessem fazer isso. Precisávamos ter certeza de que como isso iria
terminar e de que ela estaria com os lábios selados para sempre.

Virei a cabeça porque não queria assistir essa merda. Eu não me


importava com Liv e a queria morta, mas esses imbecis eram loucos e
estavam putos. Isso podia realmente foder com a cabeça de um homem.

Depois do que pareceu uma eternidade, um som de um único tiro


ecoou pelo campo. Me virei para ver Liv morta no chão, com uma bala
na cabeça, e finalmente pude respirar. Princesa estava segura agora, e
podíamos seguir com as nossas vidas.

***

A viagem de volta ao clube foi calma e tranquila. Eu não mudaria


absolutamente nada no meu relacionamento com Princesa. Foi tudo
muito rápido, mas era assim que eu vivia. Eu via uma coisa e tomava
para mim. Nunca sabemos quando a vida vai chegar e levar isso para
longe.

Mal podia esperar para chegar em casa e deitar com ela na cama.
Ela não sabia ainda, mas ela não ia voltar para aquele maldito
apartamento, nunca. Ela ia ficar comigo e com Coop para sempre.

Estacionamos no clube e vimos que a oficina estava com mais


movimento que o normal. Buzz venho caminhando na nossa direção.
Ele parecia quase nervoso quando parou ao lado da minha moto.

— O quê?

— Hm... bem...

— Cospe de uma vez! — eu gritei quando minha raiva subiu, e os


caras ao redor começaram a prestar atenção na conversa enquanto
tiravam seus capacetes.

— Bem. Princesa, Casey e Rocky foram para o quarto nos fundos


da loja a um tempo atrás e os caras disseram que ouviram gemidos, —

~ 217 ~
meu corpo começou a pulsar e minha cabeça parecia que ia explodir.
Com certeza Princesa não estava me traindo, especialmente depois de
toda aquela merda que ela me disse. Para não mencionar que eu
mataria ela, porra. Arranquei o capacete da cabeça, desci da minha
moto e corri para o prédio da loja. Meus passos longos não estavam me
levando para aquele maldito quarto rápido o bastante.

Passos de botas ecoavam atrás de mim; G.T. ouviu o nome de


Casey e veio direto em meus calcanhares. Virei a maçaneta da porta,
mas estava trancada. Eu bati. — Princesa, abra essa maldita porta.

— Um minuto! — ela gritou, parecendo ofegante. Foda-se essa


merda. Levantei o pé e chutei a porta até ela abrir, entrei com a arma
apontada. Quando eu e os irmãos invadimos o quarto, fazendo ele
parecer muito menor do que já era, parei para ver a cena à minha
frente. Fiquei imóvel pelo choque.

Um homem que eu assumia ser Rocky, sem todo o seu cabelo e


barba, estava amarrado com as mãos nas costas, os joelhos dobrados
em posição fetal, encostados no torso. Uma meia estava enfiada na sua
boca e ele estava deitado no chão com a bunda de fora. Sangue cobria o
chão, misturado com cabelo e vários objetos como um cabo de
vassoura, uma garrafa e um consolo grande. Seu rosto era uma
confusão manchada com sangue saindo de cara ângulo do seu corpo.

— Mas que porra está acontecendo aqui?! — Diamond explodiu


enquanto eu fiquei ali parado olhando para tudo. Quando Princesa se
virou e encontrou meus olhos, não a vi ali dentro. Essa mulher era fria,
determinada e absolutamente furiosa. Não havia nenhum calor ali.

Quando Princesa não disse uma palavra, olhei para Casey, que
estava com os braços cruzados sob o peito e encarava um G.T. muito
zangado. Diamond continuou, — Princesa, mas que porra você acha
que está fazendo com um irmão em potencial? — Diamond puxou a sua
arma e apontou para a cabeça de Princesa.

A atitude de Princesa não mudou e ela se levantou da posição


agachada em que estava no chão. Quando seus olhos se encontraram
os meus outra vez, havia um fogo intenso queimando ali dentro. Isso me
disse que ela queria realmente fazer tudo que fez com Rocky, mas por
quê?

— Princesa, por que você faria isso? — perguntei para ela com os
dentes apertados. Isso com certeza a faria ser expulsa do clube, e não
haveria uma maldita coisa que eu pudesse fazer.

~ 218 ~
— Porque ele é um traidor, — a voz de Princesa era vazia e
monótona, como se ela estivesse saindo de um transe ou algo assim.

— O quê? — eu estalei, com Diamond logo atrás de mim ainda


apontando sua arma para Princesa, que não vacilou um segundo.

— Você vai atirar em mim, Diamond? — isso não era hora para
ser arrogante, mas deixei Princesa dizer o que queria.

— Me diga agora mesmo que porra está acontecendo aqui, — ele


exigiu, destravando a sua arma, em vez de abaixá-la.

Princesa começou a andar ao redor do pequeno espaço, com suas


mãos ensanguentadas unidas nas costas. Todos nós apenas ficamos
observando e ela começou, — O agente Macaffe aqui...

— Mas que porra?! — agente? Eu conferi esse cara umas


duzentas vezes e Buzz o rastreou. Como diabos ele podia ser um
policial? De jeito nenhum, porra.

Princesa se virou para mim, os olhos vazios. — Digamos que o


agente e eu ficamos próximos na prisão. Ele é um homem de bunda...
como vocês podem ver muito bem, — olhando para o seu corpo
ensanguentado no chão, vi que havia sangue escorrendo lentamente da
sua bunda. Que diabos ela tinha feito com ele? — Para conseguir as
ferramentas necessárias para cuidar das vadias que vocês me pediram
para cuidar lá dentro, esse filho da puta aqui disse que eu precisava
foder com ele regularmente, ou então ele iria parar de me entregar as
coisas.

Eu vi vermelho... um vermelho sangrento e intenso que consumiu


a minha visão e fez minhas mãos começarem a tremer. Me virando para
os irmãos, vi que eles não tomaram conhecimento do que ela tinha
acabado de dizer, mas ajudou ter eles aqui em unidade. Meu punho se
conectou com a parede, mas não ajudou em nada para diminuir a
minha raiva.

— Como você sabe que é ele? — G.T. perguntou, parecendo ser o


único pensando no momento.

Princesa continuou a andar. — Eu não sabia até ontem à noite,


quando ouvi ele fodendo com uma das vadias do clube, — Princesa
olhou para mim e então continuou. — Ele disse „Sua putinha suja.
Fazendo isso pelo papai, hm?‟. Foi assim que eu soube que era ele, mas
não podia contar a vocês até ter cem por cento de certeza.

~ 219 ~
— É de onde vem todo esse cabelo? — G.T. começou a caminhar
na direção de Princesa.

— Não, — ela latiu para ele e G.T. parou no meio do caminho. —


Eu tive que cortar o cabelo e a barba para saber. Também tirei suas
lentes de contato castanhas. Ele tem olhos verdes. É ele.

— Princesa... eu... eu sinto muito, — a voz de Pops invadiu o


quarto, mas Princesa não pareceu registrar isso. O desespero nas suas
palavras pairou sobre o lugar como uma nuvem negra, no entanto.

Eu não conseguia ver merda alguma porque ele estava com os


dois olhos fechados de tão inchados. Princesa se abaixou, procurou na
sua bolsa e pegou um pedaço de papel amassado que entregou para
mim, me olhando nos olhos. — Eu sabia que se fizesse isso e estivesse
errada, eu seria expulsa. Por mais que eu não quisesse estar certa, eu
estou.

Abri o papel e vi a foto do guarda olhando de volta para mim, mas


ele não se parecia em nada com o Rocky de hoje em dia. Merda. Merda.
Merda. Entreguei o papel para Diamond, que abaixou sua arma e olhou
a foto. — Puta que pariu, — ele murmurou e passou para a próxima
pessoa ao seu lado.

— Vocês não sabiam, certo? — Princesa perguntou, uma tristeza


amarrada na sua voz.

— Não, baby, a gente não sabia, — eu disse, dando alguns passos


na sua direção, e quando ela não se opôs, parei bem na sua frente e a
puxei para os meus braços. Todo seu corpo começou a tremer e eu
apertei o abraço para manter ela no lugar.

— Me desculpe, — ela sussurrou em meu peito e a tensão do seu


corpo começou a evaporar.

— Você não tem nada para se desculpar, baby. Nada, — beijando


o topo da sua cabeça, senti quando ela começou a soluçar, mas tão
rápido quanto isso veio... se foi.

Princesa se afastou olhando nos meus olhos. — Acho que eu me


tornei uma vadia do clube no fim das contas.

Quando olhei nas profundezas dos seus olhos, vi que era isso que
a estava assombrando. Não podia deixar que ela se sentisse assim. —
Você não é uma vadia, porra, nunca foi, nunca vai ser, — esmaguei
meus lábios nos dela, provando e engolindo suas lágrimas. Chega dessa
merda.

~ 220 ~
— Eu preciso cuidar disso? — ela perguntou, se afastando e
gesticulando para o quarto.

Eu ri dessa maldita mulher. — Nah. Nós cuidamos disso.

Ela acenou, pegou coisas aleatórias ao redor do quarto e jogou-as


de qualquer jeito na sua bolsa, como se estivesse fazendo os
movimentos de forma mecânica. Casey começou a fazer o mesmo. —
Princesa, me encontre no meu quarto, — ela assentiu e saiu.

— Casey! — G.T. latiu e ela saltou e então olhou para ele.

— O quê? — Casey parecia magoada, era tudo que eu podia dizer.

— Venha comigo.

— Não. Eu estou indo embora, G.T. Cansei dessa merda, — Casey


continuou a guardar suas coisas, jogando tudo na sua bolsa.

Quando ela passou por G.T. ele agarrou o seu braço. — Isso não
acabou, — ele rosnou para ela.

— Acabou sim. Você não vai me ver outra vez, — Casey ficou na
ponta dos dedos do pé e deu um beijo na bochecha de G.T. — Adeus,
G.T., — ela murmurou e caminhou para fora do quarto.

G.T. começou a ir atrás dela, mas parou quanto Diamond gritou,


— Porra! — ele chutou o homem deitado na nossa frente. Puta merda.
Isso era ruim. — Pensei que você tinha dito que checou esse otário! —
ele apontou o dedo para o meu rosto enquanto eu fiquei ali parado
estoicamente, sem demonstrar nenhuma emoção. — Isso é tudo sua
culpa, porra! — ele rosnou. — Merda!

— Diamond, — Pops disse em tom de aviso. Ele era o único que


conseguia fazer Diamond baixar a bola, e não era sempre. — Vamos
falar disso primeiro, — Diamond balançou a cabeça, tentando clarear os
pensamentos.

— Você checou tudo sobre ele? — Pops me perguntou; suas


sobrancelhas estavam levantadas e a culpa pelo que tinha sido revelado
marcava todo o seu rosto.

— Sim senhor, tenho as cópias de todos os arquivos. Tudo que ele


me disse está comprovado nos papeis. Não havia nada que o ligasse à
prisão ou a ser um policial.

~ 221 ~
— Porra! Isso significa que os malditos policiais mudaram tudo
para colocar ele aqui dentro. O que ele sabe e o que ele contou para
eles? Porra! — ele gritou, chutando o filho da puta nas costelas.

— Só tem um jeito da gente descobrir, — Dagger cutucou Rhys e


saiu do quarto. Eu sabia que ele tinha ido buscar o seu kit. Que comece
a diversão.

~ 222 ~
Dezessete
HARLOW
Meu corpo estava esgotado, sem energia, sem sensações... nada.
Cruz tinha ido há horas, e eu não esperava que ele voltasse logo. Casey
falou com Ma para cuidar de Cooper por mais um tempo, e eu sabia que
logo teria que falar com a minha mãe.

Olhando para a loira ao meu lado, vi que os olhos de Casey


estavam se fechando lentamente, e senti os meus fazendo exatamente a
mesma coisa. Dessa vez eu esperava que os pesadelos desaparecessem.

***

— Baby, — o leve balançar do meu corpo estava me tirando do


sono que eu tão desesperadamente precisava. Abri os olhos e vi Cruz
pairando sobre mim. — Baby, por mais quente que seja ter duas
garotas gostosas na minha cama, eu só quero uma, — olhando para o
lado, Casey estava dormindo e o relógio marcava 6:06 da manhã.

— Entendi, — eu coaxei enquanto decidia que não queria acordar.

— Vou tomar um banho, volto em um minuto, — ele beijou a


minha cabeça e foi para o banheiro.

Cutuquei Casey, que começou a gemer, — G.T., pare.

Revirando os olhos, a sacudi com um pouco de força. Uma coisa


que eu não queria ouvir essa manhã era sobre o relacionamento dela
com G.T.

— Acorde, Casey, — quando seus olhos abriram lentamente, ela


sorriu.

— Bom dia, bonita, — Casey esfregou os olhos, tentando limpar a


névoa sobre eles.

~ 223 ~
— Oi, garota. Cruz está de volta. Você tem que ir, — Casey rolou
para fora da cama sem dizer uma palavra. Isso era algo que eu amava
nela. Ela conhecia essa vida e sabia o que era esperado. Eu nunca
tinha que explicar nada.

Enquanto colocava os sapatos, ela disse palavras de Casey me


mataram. — Eu vou embora amanhã.

Fechando os olhos, segurei tudo... os pensamentos, sentimentos,


raiva, tristeza... Casey precisava disso, e eu tinha que ser forte. — Eu
vou sentir sua falta.

Ela se virou para a cama e me abraçou. — Vou sentir sua falta,


também. Se cuide.

— Sempre.

A porta do banheiro foi aberta e Cruz saiu usando nada além de


uma toalha em volta dos quadris. — A menos que vocês duas queiram
transar comigo, Casey, você tem que ir, — eu olhei para ele e um sorriso
sexy apareceu nos seus lábios.

— Tchau, garota, — eu disse, dando a ela um último aperto antes


dela sair do quarto.

— Ouvi que ela está indo embora, — Cruz disse se aproximando


da cama.

— Sim, ela vai para a faculdade. Na verdade, ela está fugindo de


G.T.

— Sim, — ele grunhiu. Não me chocava que ele soubesse. Eu


esperava isso, e mesmo que ele nunca tenha me dito nada, eu não
fiquei brava. Ou talvez tenha sido apenas uma noite horrível... ou
manhã, agora.

— Ela vai embora amanhã.

— Sinto muito, baby.

— Eu só quero que ela seja feliz.

Cruz tirou a toalha que cobria seu corpo e me deu uma visão
incrível do seu abdômen definido com aquele V nos quadris sempre
presente, e seu pau latejando batendo contra a sua barriga. Eu sabia
que nunca ia me cansar de ver esse belo espécime de homem.

~ 224 ~
— Falando em feliz, você não vai voltar para aquele apartamento.
Você vai vir morar comigo e com Cooper. Os prospectos vão empacotar
toda a sua merda e fazer a mudança.

Eu me aconcheguei mais perto dele. — Ok.

O corpo de Cruz ficou imóvel. — Você não vai brigar?

— Não, muito cansada, — eu disse, bocejando.

— Não tão cansada, meu pau precisa de você agora mesmo.

Sorrindo, abri as pernas para ele, que deu um gemido baixo


enquanto se colocava entre elas. Cruz deslizou dentro da minha buceta;
meu corpo sempre parecia pronto para ele. Fechando os olhos,
aproveitei a sensação do seu peso em cima de mim enquanto suas
estocadas ficavam mais poderosas e desesperadas. Meu corpo subiu e
subiu e nós explodimos juntos, no calor da paixão.

— Eu te amo, — sussurrei.

— Te amo.

Enquanto caía no sono, as palavras de Cruz chegaram aos meus


ouvidos. — Acabou, baby.

Suas palavras me levaram para um sono profundo e sem


pesadelos.

~ 225 ~
Dezoito
CRUZ
O que nós descobrimos de Rocky, ou melhor, agente Macaffe,
explodiu a minha cabeça. Os policiais sabiam mais do que nós
imaginávamos. Eles aparentemente estiveram rastreando as nossas
corridas e nossa conexão com Rabbit muito antes de toda essa merda
com Princesa. Ela só foi um meio para um fim.

Drogas. Tudo isso por causa das drogas. Os policiais queriam


Rabbit, não o nosso clube dessa vez, mas acho que as coisas tinham
mudado. Eles sabiam que estávamos correndo no território de Rabbit e
iam usar Princesa para conseguir informações, apesar dela realmente
não ter nenhuma. Eles logo perceberam que ela não ia abrir o bico por
nada no mundo, mesmo que soubesse alguma coisa.

Esses não eram os nossos policiais locais; era um grande time de


policiais federais. Aqueles filhos da puta eram implacáveis. Quando
perguntei se transar com a Princesa era parte do acordo, Rocky na
verdade teve a coragem de me dizer que isso foi apenas por diversão.
Babaca do caralho. Depois de esfaqueá-lo algumas vezes, ainda não me
sentia melhor. Nada nessa situação estava fazendo eu me sentir melhor.

E a pior parte é que agora nós sabíamos que os policiais iam vir.
Um deles estava faltando e não seria mais encontrado. Nós sabíamos
que eles iam invadir o clube e tentar nos prender, mas nos certificamos
de não ter nada por perto que nos conectasse a Rocky. Todas as
evidências daquele dia viraram cinzas ou foram levadas embora. Fazia
apenas algumas semanas desde que tudo aconteceu. Eu pensei que os
policiais viriam até o clube e virariam tudo do avesso, mas até agora
nada.

Agora, estávamos apenas esperando.

Depois de Diamond liberar Princesa do bloqueio, não perdi tempo


em levar minha família para casa. Eu sempre passava mais tempo no
meu quarto no clube do que em casa, mas agora parecia que eu não
conseguia sair daqui. Princesa iluminava todo o lugar quando ela
entrava. Eu não podia ter o bastante dela.

~ 226 ~
Cooper era o melhor filho que alguém poderia ter. Eu me chutava
frequentemente por ter perdido o seu crescimento diário quando ele era
menor, mas agora eu não perdia um segundo sequer disso. Princesa foi
a melhor coisa que aconteceu ao garoto. Depois de tudo que ele passou,
ela era ferozmente protetora. Eu vou ficar surpreso se ela o deixar ir à
escola daqui alguns anos. Eu ri ao pensar nisso. Ela provavelmente vai
querer entrar atrás dele na sala de aula, com a sua maldita mão na
arma.

Balançando a cabeça para afastar o pensamento, me mexi para o


lado e passei um braço ao redor de Princesa, que estava deitada ao meu
lado, completamente nua. Traçando o contorno da sua tatuagem, meu
pau ficou duro na mesma hora. Não havia como domar o garoto quando
se tratava dela.

Quando ela rolou para o lado, piscou até abrir os olhos. — Oi,
baby, — eu amava ouvi sua voz sonolenta e sexy pela manhã.

— Oi, — capturei seus lábios nos meus e quando ela tentou se


afastar, eu a segurei perto de mim, tomando o que eu precisava dela.
Quando ela derreteu no meu beijo, eu diminuí o ritmo. — Você está
bem, baby?

Ela tinha estado no limite, e eu sabia que era por causa da


revelação do que ela fez com Rocky, mas não queria empurrar essa
merda. Era melhor deixar certas coisas quietas até que ela estivesse
pronta.

— Sim, — ela apertou meus braços ao redor do seu corpo. —


Posso fazer uma pergunta?

— Qualquer coisa.

— Eu não queria que ninguém soubesse o que aconteceu dentro


da prisão. Mas agora que você sabe, está bem com isso? — sua voz era
rachada e tensa.

— Porra, não. Eu não estou bem com isso. Aquele filho da puta
nunca deveria ter tocado em você, — a raiva que eu sentia pelo que
tinha acontecido com ela parecia nunca diminuir. Apenas pensar nisso
me fazia querer trazer aquele maldito dos mortos só para poder matar
ele outra vez.

— Eu sei disso. Quero dizer, sobre a parte de eu ter usado meu


corpo para conseguir o que precisava.

~ 227 ~
— Não foi sua culpa, porra, — eu a afastei para poder olhar em
seus olhos. — Quero que você tire isso da cabeça. Ele nunca mais vai
tocar em você. Nenhum outro homem além de mim vai tocar em você
outra vez.

Ela suspirou. — Bem, você sabe tudo sobre mim agora.

Eu sabia que isso era uma dica antes dela perguntar sobre o meu
tempo com os militares, mas eu não podia falar sobre isso. Não podia
dizer a ela as merdas fodidas que eles faziam lá só por diversão. Pelo
menos quando nós fazíamos alguma merda para o clube, era com
propósito, uma razão que significava algo. Lá, eles só faziam isso porque
achavam divertido.

De jeito nenhum eu ia colocar esses pensamentos na sua linda


cabecinha. Muito pelo contrário, eu gostaria de apagá-los da minha. Eu
apenas não podia.

Em vez disso, rolei em cima dela, que abriu as pernas para mim.
Eu amava que ela estava sempre pronta para mim, não importava
quando eu a queria.

Deslizando no fundo, encarei seus olhos bonitos e senti todo o


amor que eu sentia por ela sendo retribuído dez vezes. Nós gozamos
juntos, eu a segurei apertado. Eu amava essa mulher com cada parte
da minha alma.

***

TRÊS MESES DEPOIS

Tudo estava quieto, surpreendentemente. Nossas missas sempre


consistiam em teorias de como conseguir informacoes internas do nosso
problema com a polícia, e sobre o ataque que aconteceu quando fizemos
a corrida para Ransom. Nosso Chefe de Polícia local não sabia merda
nenhuma, e nós estivemos trabalhando para conseguir alguém do lado
dos federais. Era sempre mais fácil falar do que fazer, mas não era
impossivel.

A polícia apareceu e fez perguntar sobre Rocky, como eles o


chamavam. Eles disseram que houve uma denúncia anônima que

~ 228 ~
conectava o Ravage ao desaparecimento do homem. Como ninguém do
clube disse uma palavra e os policias pareciam pensar que nós não
sabíamos que Rocky era um infiltrado, eles foram embora sem maiores
problemas. Mas fizemos uma varredura completa em todos do clube, só
para ter certeza. Até mesmo eu tive que me submeter, mas tudo bem.
Preferia que todos soubessem que eu era verdadeiro do que ter que
ouvir quaisquer perguntas sobre a minha lealdade. Não pensei por um
segundo que os policias já tinham acabado com a gente. Era só uma
questão de tempo antes que mais alguém tentasse entrar e nos
derrubar. Dessa vez nós estaríamos prontos.

Ainda não descobrimos nada sobre o ataque. Era como se fosse


um delírio da nossa imaginação. Todas as discas que seguimos
fracassaram. Sem pistas, sem informações... nada. E nenhuma outra
tentativa de acabar com o clube. Pensamos a princípio que era por
causa de toda a situação com a Princesa, mas conversando com Rabbit
descobrimos que essa teoria era um beco sem saída.

Esse encontro ia ser igual a todos os outros.

— Encontro com Rabbit às 15h, — Diamond ordenou e bateu o


martelo. Rabbit vinha falando com Diamond nos últimos meses, mas
esses era o nosso primeiro encontro desde que entregamos Liv e
fechamos nosso acordo. Tudo com Rabbit estava bem, e essas
conversas renderem mais trabalho e dinheiro para o clube. Mas nós
sempre mantivemos a guarda alta com ele. Ainda havia uma retribuição
pelo tiroteio na casa de Pops que nós tínhamos que lidar, mas votamos
por deixar isso quieto por enquanto.

Saindo da igreja, eu precisava tratar de um assunto. — G.T., —


eu lati quando ele pegou seu celular da caixa sobre a mesa de sinuca.

— O quê?

— Nós precisamos conversar.

— Nós não precisamos fazer merda nenhuma, — ele rosnou para


mim. Desde a luta com Princesa, ele não falava com ela. Já fazia vários
meses agora, e essa merda precisava acabar. Ela teve os seus
momentos quando deixou toda aquela merda subir à cabeça e isso a
quebrou, mas ela conseguiu se recuperar. Ela tentou falar com ele
várias vezes e nada. Ele não respondia e não perdia um minuto do seu
dia com ela.

~ 229 ~
— Nós vamos. Agora, — eu rosnei e fiquei cara a cara com ele. Eu
já tive o bastante dessa merda e estava pronto para a briga. A minha
garota estava sofrendo, e eu ia acabar com essa palhaçada.

— Que seja, — ele caminhou até os sofás e eu o segui de perto. —


Caiam fora! — ele latiu para as vadias do clube sentadas por ali.
Observei elas correrem para longe. Sem dúvida alguma G.T. já esteve
dentro das duas.

— Por que diabos você está tão irritado com Princesa? — eu disse,
sentando ao lado dele.

— Isso não é da conta de ninguém, — ele estalou, e eu tentei


controlar minha raiva.

— É da minha conta sim. E como você não vai me dizer, vou dizer
a você o que eu acho.

— Não dou a mínima para as merdas que você acha.

— Que pena. Casey, — sua atitude não mudou e ele continuou


encarando a parede à sua frente inexpressivamente. — Tudo gira em
torno dela. Você na verdade está irritado com a sua irmã por ela ter
saído do apartamento que as duas dividiam, porque em última
instância, foi isso que mandou a sua vadia da semana embora.

Ele virou a cabeça para mim e estreitou os olhos. — Se você


chamar ela assim de novo, eu vou te dar uma surra, porra.

Joguei a cabeça para trás e ri alto. Filho da puta estúpido. —


Como eu disse, isso não é culpa da Princesa. É toda sua. Coloque a
porra da cabeça no lugar.

Me levantei do sofá e não me importei em olhar para G.T. Tinha


coisas para fazer antes do encontro.

***

HARLOW

Me mudar para casa de Cruz foi muito melhor do que eu pensei


que seria. Tug e os B.Boyz deram duro para trazer todas as coisas do

~ 230 ~
meu apartamento para cá. Eu não mantive muitos moveis, mas fiquei
com uma tonelada de roupas. Eu realmente queria as minhas roupas.

A primeira vez que entrei na casa, me senti imediatamente em


paz, como se algo no lugar se agarrasse a mim, algo que eu nunca tinha
sentido antes. Eu vivi no limite por tanto tempo que só me sentia em
paz quando estava montando Sting, mas nunca em casa.

A porta da frente se abriu e eu me virei para ver meu homem


lindo entrar, seu cabelo bagunçado, fazendo minha boca ficar seca.
Deus, eu amava tudo nele.

Envolvendo meus braços ao seu redor, esmaguei meus


lábios nos dele. Eu precisava sentir o seu gosto. Nem em um milhão de
anos eu pensei que fosse me apaixonar assim por um irmão, mas era
exatamente assim que eu estava. Completamente apaixonada. — Bem,
oi para você também, baby, — sua voz sexy sempre deixava minha
buceta molhada. Tudo nesse homem me fazia querê-lo de um jeito que
jamais achei que fosse possível.

Aqueles casos de uma noite não eram nada comparados a isso.

O puxei para o sofá e o empurrei sentado, então montei em cima


dele, me escarranchando enquanto o beijava freneticamente. Meus
quadris começaram a se mover mais rápido quando seu pau bateu no
clitóris, exatamente no ponto certo. — Tire isso, — ele rosou, e eu não
perdi tempo em me despir. Cruz arrancou a camiseta e desabotoou seu
jeans apenas o suficiente para puxar sua ereção dura para fora.

— Me monte, — ele disse, acariciando seu pau de cima a baixo.


Me estiquei para cima e o posicionei na minha entrada antes de bater
para baixo com força. — Porra, — ele gemeu quando apertei os
músculos internos da minha buceta uma e outra vez, trabalhando nele.
Suas mãos foram para os meus quadris e ele começou a forçar meu
corpo para cima e para baixo em um ritmo intenso. Meus olhos
começaram a rolar para trás quando ele latiu, — Olhos em mim. —
Instantaneamente obedeci. Ver a paixão que eu tinha por esse homem
se refletir em seus olhos era o meu ponto fraco. Eu precisava gozar, e o
apertei com tudo que tinha. — Goze agora, — ele ordenou e eu explodi,
me desfazendo em um milhão de pedaços ao seu redor. Cruz bateu mais
três vezes, rosnou o meu nome e se enterrou profundamente dentro do
meu corpo.

— Eu te amo, baby.

— Eu te amo também.

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Felicidade me cercava como se fosse uma bolha da qual eu nunca
queria escapar.

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Epíloho
CRUZ
Porra! Porra! Porra! Não era para isso acontecer, caralho. Ouvi os
tiros ecoando por todos os lados, então não fazíamos ideia de onde isso
estava vindo. Porra.

Atirar de volta não estava nos levando a lugar algum, e nesse


momento nós estávamos encurralados em um maldito canto. Esse
encontro com Rabbit não era para ser assim, porra. Uma conversa. Isso
era tudo que era para ser. Sim, exatamente. Diga isso para a porra da
bala voando sobre a minha cabeça.

Quando chegamos, o clube de Rabbit estava esperando por nós. O


que não esperávamos era que o clube de T-Dart estivesse com ele. T-
Dart teve um problema com a gente muitos anos atrás, mas só ouvi
falar disso de boca. Diziam que Diamond e o líder de T-Dart, Zane,
tiveram uma desavença por causa de uma terra, mas a disputa tinha
sido encerrada há vários anos, quando nós compramos o lugar. Mas
quando Zane morreu a um ano atrás, seu filho, Paine, assumiu o
comando. Paine era um filho da puta cruel, que aparentemente não
acreditava que essa desavença estava resolvida, uma vez que a arma
que ele tinha apontada para nós estava disparando uma bala atrás da
outra.

Com as motos escondidas por aqui, nossa única opção de


bloqueio era a caminhonete na qual Tug e Buzz nos seguiram, mas ela
estava a uns cinquenta metros de distância, e chegar até lá estava se
tornando um desafio. Em vez disso, estávamos usando nossas motos
como escudo. Diamond, Pops, G.T., Dagger, Rhys, Zed, Becs e eu
estávamos todos atirando para salvar as vidas uns dos outros. Mas as
balas continuavam chegando.

— Fique atrás de nós, Diamond, — Dagger gritou acima do


tiroteio. Ele deve ter percebido, assim como eu, que essa merda estava
piorando rápido. Mas, como sempre, Diamond ficou ao nosso lado, não
querendo a proteção que precisávamos que ele tivesse agora.

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Quando o tiroteio continuou, aproveitamos uma pequena chance
de chegar até a caminhonete. Tudo a partir desse momento aconteceu
em câmera lenta. Mais tiros.

Diamond correu até a caminhonete e os tiros começaram a


acertá-lo. G.T. o empurrou para fora do caminho e tentou servir de
escudo. Os tiros continuaram e atingiram G.T. Correndo atrás dele,
Dagger me cobriu enquanto peguei G.T. por debaixo dos braços e o
arrastei para trás do carro. Pops estava com Diamond, o puxando para
longe da linha de fogo. De repente o som ensurdecedor de armas
automáticas ecoou no ar, assim como gemidos e grunhidos chegaram
aos nossos ouvidos.

Pops estava com Diamond enquanto eu verificava as feridas de


G.T. Ele tinha sido baleado no peito e no ombro. Havia tanto sangue.
Merda! Tirei meu colete e então a camiseta e a pressionei sobre a ferida,
colocando o máximo de pressão que eu podia para estancar o
sangramento. As automáticas ainda estavam zunindo, mas não havia
mais tiros vindo dos outros caras. — Que porra está acontecendo? — eu
gritei.

— Tug e Buzz! — Dagger gritou. — Eles estão o segurando. Eu


vou entrar! — Dagger saltou pela porta lateral da caminhonete, pegou
uma das automáticas que havia ali dentro e começou a atirar em tudo
que não era nós.

— Pops! Temos que sair daqui... G.T está sagrando muito! — olhei
para Pops, vi que seus braços estavam em volta do corpo de Diamond.
— Pops!

Ele olhou para mim. — Ele se foi.

Vômito subiu até minha boca. Ele se foi? Mas que porra? — Todo
para dentro da caminhonete! Agora! — eu lati e todos começaram a se
mexer rapidamente. — Alguém dirige, porra!

Buzz pulou no assento do motorista e acelerou, nos levando pela


estrada, assim que todos se amontoaram por cima uns dos outros
dentro do carro. Quando nos acomodamos, G.T. ficou deitado em meus
braços, enquanto Pops continuou a segurar Diamond. Dagger estava ao
telefone com quem eu achava ser o Doc, assim ele estaria nos
esperando. Nosso carro foi embora, os tiros cessaram e nós, de algum
jeito, demos o fora dali.

— Fale, Pops, — Zed disse de um canto, olhando para a visão à


nossa frente.

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— Ele se foi. Diamond está morto, — sua voz era solene e
quebrada. — Como está o meu filho? — ele perguntou, olhando para
mim.

— Sangrando muito. A bala atingiu alguma coisa.

— Porra! — Pops gritou. — Dirija mais rápido! — ele latiu para


Buzz, que enfiou o pé no acelerador.

Estacionamos no clube, Dagger e eu carregamos um G.T. quase


inconsciente para dentro, e o deitamos sobre a mesa de sinuca.
Ouvimos ofegos e choramingos das vadias no canto. — Deem o fora
daqui! — eu gritei e elas saíram correndo. Doc já estava pronto e
esperando.

Pops e Zed entraram e colocaram o corpo de Diamond no sofá.


Doc foi para ele primeiro, colocando os dedos no seu pescoço. — Ele se
foi. Cubra o corpo dele, — ele latiu, correndo para G.T. — Mas que
porra aconteceu aqui? Eles acertaram a sua maldita artéria.

Doc não esperou alguém responder e começou a trabalhar


imediatamente para dar um jeito em G.T. Quando ele latiu todas as
merdas que necessitava, Breaker foi correndo conseguir.

— Fechem esse maldito lugar, agora! Tragam suas famílias para


cá, já! — Pops latiu e pegou seu telefone, sem dúvida chamando Ma
para cá.

Eu fiz o mesmo. — Princesa, pegue Cooper e venha para o clube


agora! — eu disse assim que ela atendeu.

— O que está acontecendo?

— Vou explicar quando você chegar. Venha agora. Encha o porta-


malas com coisas para nós para algumas semanas. E seja rápida.

— Entendi. Vou estar aí logo, — eu desliguei e voltei para o lado


de G.T. Ele estava ali deitado e completamente inconsciente enquanto
Doc fazia o que diabos devia fazer.

— Vá até a minha van e abra o cooler azul. Ali dentro tem sangue,
— Doc latiu para ninguém em particular, mas Zed era o mais perto da
porta e foi fazer o que foi pedido.

Depois que Doc costurou e deu sangue para G.T., ele tirou as
luvas, que estalaram. — Ele precisa descansar e tomar os remédios,
mas deve viver, — ele pegou a sua maleta e tirou um frasco e uma

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injeção. — Isso é morfina. Ele precisa tomar a cada quatro horas hoje.
Volto amanhã de manhã para ver do que mais ele vai precisar então.

— Eu faço isso, — eu disse, sabendo que Princesa seria muito


provavelmente aquela que estaria ao seu lado, ele querendo ou não.

— Certo. Coloque-o na cama e não o deixe se mexer por nada,


exceto para ir mijar. Ele vai acordar daqui a pouco. — Doc se virou para
Pops. — O que você quer fazer com Diamond?

— Conheço um cara do cemitério. Nós vamos cuidar disso, — Doc


acenou e saiu pela porta.

Porra! Eu sabia o que isso significava. Nós estávamos em guerra.

Fim

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