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Fisiologia

do Exercício
•Bioenergética
A energia proveniente da oxidação dos macronutrientes é recolhida e
conduzida através do composto rico em energia trifosfato de adenosina
(ATP).
O papel de doador de energia-receptor de energia do ATP representa as
duas principais atividades transformadoras de energia da célula:
• Extrair a energia potencial dos alimentos e conservá-la nas
ligações do ATP.
• Extrair e transferir a energia química contida no ATP para
acionar o trabalho biológico.

♡O ATP é o agente ideal para a transferência de energia e é a “moeda de


energia das células”

Chama-se metabolismo ao conjunto de reacções químicas que ocorrem


nas células, e que lhe permitem manter-se viva, crescer e dividir-se.
Classicamente, divide-se o metabolismo em:

➔Catabolismo - obtenção de energia e poder redutor a partir dos


nutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras).

➔Anabolismo - é uma fase sintetizante sintetizante do metabolismo.


É nele que as unidades fundamentais são reunidas para formar as
macromoléculas componentes das células, como as proteínas, DNA
etc. (produção de novos componentes celulares, em processos que
geralmente utilizam a energia e o poder redutor obtidos pelo
catabolismo de nutrientes.)

Várias formas de produzir ATP


O corpo mantém um aporte contínuo de ATP por intermédio de vias
metabólicas diferentes: algumas estão localizadas no citosol (glicolíse-
anaeróbica) da célula enquanto outras operam na mitocôndria (o ciclo do
ácido cítrico e a cadeia respiratória-aeróbica).
➔ No citosol, existe apenas uma pequena reserva de ATP, de tal
maneira que, à medida que ele é utilizado, deve ser reposto por meio
de reações que fosforilam o ADP a ATP. Existem dois mecanismos
de regeneração do ATP: O primeiro é a fosforilação ao nível de
substrato, em que um radical fosfato é transferido para o ADP por
um composto intermediário, a fim de formar o ATP. Este tipo de
fosforilação pode ocorrer na ausência de oxigênio, condição
denominada de metabolismo anaeróbico. Como exemplo deste tipo
de fosforilação, temos: a glicólise.
➔ O segundo mecanismo de produção de ATP é a fosforilação
oxidativa, que ocorre nas membranas internas das mitocôndrias, e
que exige a presença de oxigênio molecular. A fosforilação
oxidativa produz a maior parte do ATP utilizado pelo organismo.
O conjunto das reações que compõem a fosforilação oxidativa é
chamado metabolismo aeróbico.

Para compreender a importância dos fosfatos de alta energia


intramusculares na atividade física, pense em atividades cujo êxito
dependa de salvas de energia curtas e intensas. Essas atividades incluem
futebol, tênis, pentatlo, golfe, vôlei, hóquei sobre grama, beisebol,
halterofilismo e corte de madeira, que frequentemente exigem salvas de
esforço máximo que duram até 8 s.

➔A liberação de energia no catabolismo dos macronutrientes tem uma


finalidade essencial: fosforilar o ADP para voltar a formar o
composto rico em energia ATP.

Metabolismo da energia proveniente dos macronutrientes


LIBERAÇÃO DE ENERGIA PELOS CARBOIDRATOS

A função primária dos carboidratos é suprir energia para o trabalho celular.


1. Os carboidratos proporcionam o único substrato dos macronutrientes
cuja energia armazenada gera ATP sem oxigênio(anaerobicamente). Isso
adquire importância na atividade requerendo liberação rápida de energia
acima dos níveis proporcionados pelo metabolismo aeróbico. Nesse caso,
o glicogênio intramuscular fornece a maior parte da energia para a
ressíntese do ATP.

Glicólise aeróbica versus anaeróbica


Existem duas formas de degradação dos carboidratos em uma série de
reações de fermentação denominadas coletivamente glicólise (“dissolução
do açúcar”). Em uma forma, o lactato, formado a partir do piruvato, torna-
se o produto final. Na outra forma, o piruvato continua sendo o produto
final.
➔Esse tipo de degradação do carboidrato (às vezes denominado
glicólise aeróbica “com oxigênio”) é um processo relativamente
lento que resulta em substancial formação de ATP. Em contrapartida,
a glicólise que resulta na formação de lactato (denominada glicólise
anaeróbica “sem oxigênio”) representa uma produção rápida, porém
limitada, de ATP.
Processo glicolítico
O substrato inicial (glicose) até o substrato final (lactato ou piruvato)

LIBERAÇÃO DE ENERGIA PELAS GORDURAS


A gordura armazenada representa a mais abundante fonte corporal de
energia potencial. Em relação aos carboidratos e às proteínas, a gordura
armazenada proporciona uma quantidade quase ilimitada de energia.
Três fontes energéticas específicas para o catabolismo das gorduras
incluem:
1 . Os triacilgliceróis armazenados diretamente na fibra muscular estriada
esquelética em grande proximidade da mitocôndria (mais nas fibras
musculares de contração lenta que naquelas de contração rápida).
2 . Os triacilgliceróis circulantes nos complexos lipoproteicos que acabam
sendo hidrolisados na superfície do endotélio capilar de determinados
tecidos.
3. Os ácidos graxos livres circulantes mobilizados a partir dos
triacilgliceróis no tecido adiposo.

O sangue transporta os ácidos graxos livres (AGL) liberados


pelos adipócitos e ligados à albumina plasmática. A energia é
liberada quando os triacilgliceróis armazenados na fibra
muscular também são degradados a glicerol e ácidos graxos.
LIBERAÇÃO DE ENERGIA PELAS PROTEÍNAS
A proteína desempenha o papel auxiliar como substrato energético
durante as atividades de endurance e o treinamento intenso. Quando
utilizados para a obtenção de energia, os aminoácidos (principalmente
aqueles de cadeia ramificada como leucina, isoleucina, valina, glutamina e
aspartato) devem ser transformados primeiro em uma forma que lhes
permita participar prontamente nas vias energéticas.
Essa conversão depende da retirada do nitrogênio chamada
desaminação da molécula do aminoácido. O fígado funciona como o
principal local para a desaminação, embora o músculo
estriado esquelético também contenha enzimas que removem o nitrogênio
de um aminoácido e o transferem para outros compostos durante o
processo de transaminação.

✔ Quais as Vias Metabólicas?


Glicolíse,Fosforilação oxidativa e Ciclo do ácido cítrico(Ciclo de Krebs)
• Sistema de energia imediata (ATP-PCr)
• Sistema de energia a curto prazo (glicolíse)
• Sistema de energia a longo prazo (aeróbico)

ENERGIA IMEDIATA \ SISTEMA ATP-PCR

A atividade física de alta intensidade e curta duração requer energia


imediata (corrida de 100 m, na natação de 25 m ou levantamento de pesos
pesados).
Essa energia provém quase exclusivamente de fosfatos de alta energia
intramusculares (ou fosfagênio), trifosfato de adenosina (ATP) e
fosfocreatina (Pcr).
*A taxa máxima de transferência de energia pelos fosfatos de alta energia
ultrapassa em quatro a oito vezes a transferência máxima de energia do
metabolismo aeróbico.

ENERGIA A CURTO PRAZO \ SISTEMA GLICOLÍTICO


(FORMAÇÃO DO LACTATO)

A ressíntese dos fosfatos de alta energia é rápida durante a atividade física


intensa e de curta duração.A energia para fosforilar o ADP durante esse
tipo de movimento provém principalmente da degradação do glicogênio
muscular armazenado por meio da glicólise anaeróbica rápida com
subsequente formação de lactato. Lembre-se de que esse processo torna
possível a formação também rápida do ATP sem a presença de oxigênio. A
glicólise anaeróbica rápida para a ressíntese do ATP pode ser considerada
uma fonte energética de reserva. Ela se torna ativa quando uma pessoa
acelera no início do movimento ou durante os últimos quilômetros em uma
corrida, quando realiza um esforço máximo do início ao fim durante uma
corrida de 440 m ou uma prova de natação de 100 m.

ENERGIA A LONGO PRAZO \ SISTEMA AERÓBICO

Como já foi abordado, as reações glicolíticas produzem relativamente


poucas moléculas de ATP. Consequentemente, o metabolismo aeróbico
fornece quase toda a transferência de energia quando uma atividade física
intensa prossegue por mais de alguns minutos.

Consumo máximo de oxigênio

O VO2máx proporciona uma medida quantitativa da capacidade do


indivíduo para ressíntese aeróbica do ATP. Isso torna o VO2máx um
importante indicador de como uma pessoa consegue manter uma atividade
intensa por mais de 4 ou 5 min. A possibilidade de alcançar um VO2máx
alto é fisiologicamente importante além de seu papel, que consiste em
permitir o metabolismo energético. Um VO2máx alto requer resposta
integrada e de alto nível de diversos sistemas de apoio fisiológico
(ventilação pulmonar, concentração de hemoglobina, volume sanguíneo e
débito cardíaco, fluxo sanguíneo periférico e capacidade metabólica
celular).

Fibras musculares de contração rápida e lenta

Existem dois tipos distintos de fibras musculares nos seres humanos,


cada um deles gerando ATP diferentemente. Uma fibra de contração rápida
(CR), ou tipo II, possui duas subdivisões primárias, tipo IIa e tipo IIx.
Cada tipo de fibra apresenta alta velocidade de contração e alta capacidade
para a produção anaeróbica de ATP via glicólise. A subdivisão
representada pela fibra tipo IIa também tem capacidade aeróbica bastante
alta. As fibras tipo II tornam-se ativas durante as atividades commudança
de ritmo e com paradas e arranques, como basquete, hóquei de campo,
lacrosse, futebol e hóquei sobre o gelo. Elas aumentam também a
produção de força ao correr ou pedalar para subir a colina enquanto se
mantém uma velocidade constante ou durante um esforço de alto impacto
que precise de movimentos rápidos e intensos, que dependem quase
exclusivamente da energia proveniente do metabolismo anaeróbico.
O segundo tipo de fibra, a fibra muscular de contração lenta (CL), ou
tipo I, gera energia principalmente através das vias aeróbicas. Esta fibra
tem velocidade de contração lenta em comparação com a fibra de
contração rápida. A capacidade de gerar ATP aerobicamente está
intimamente relacionada com numerosas fibras do tipo I e grandes
mitocôndrias, incluindo altos níveis das enzimas necessárias para o
metabolismo aeróbico, particularmente o catabolismo dos ácidos graxos.
As fibras musculares de contração lenta realizam principalmente as
atividades contínuas que exigem um steady-state de transferência de
energia aeróbica. A fadiga na corrida prolongados está associada à
depleção de glicogênio nas fibras musculares dos tipos I e IIa dos
músculos estriados esqueléticos dos membros inferiores. 2,22 Esse padrão
seletivo de depleção de glicogênio ocorre também nos membros superiores
dos atletas que dependem de uma cadeira de rodas durante os longos
períodos de exercício.
É mais do que provável que o predomínio das fibras musculares de
contração lenta contribua para os altos limiares de lactato sanguíneo
observados entre os atletas de endurance de elite.

➢ Os sistemas ATP-PCr e do ácido láctico suprem cerca de metade da


energia para a atividade intensa com duração de 2 min; o restante é
fornecido pelas reações aeróbicas. Para sobressair nessas condições
do exercício, o atleta precisa dera uma capacidade metabólica
anaeróbica e aeróbica bem desenvolvida. A atividade física intensa
de duração intermediária, realizada por 5 a 10 min (p. ex., corrida e
natação de média distância ou basquete), impõe grande demanda
sobre a transferência de energia aeróbica. A corrida de maratona de
longa duração, as provas de natação de longa distância, o ciclismo, o
jogging recreativo e trekking exigem suprimento constante de
energia aeróbica com pouca dependência da energia proveniente de
fontes anaeróbicas.
Consumo de oxigênio da recuperação \ consumo de oxigênio pós-exercício
(a chamada “dívida de oxigênio”)
O excesso de consumo de oxigênio era classicamente chamado dívida de
oxigênio, ou consumo de oxigênio da recuperação; o termo novo preferido
é consumo excessivo de oxigênio após o exercício ou EPOC.
O EPOC é calculado como o oxigênio total consumido na recuperação
menos o oxigênio total que seria teoricamente consumido em repouso
durante o período de recuperação. Por exemplo, se fosse consumido um
total de 5,5 l de oxigênio na recuperação até ser alcançado o valor de
repouso de 0,310 l/min e se a recuperação levasse 10 min, o consumo de
oxigênio da recuperação seria igual a 5,5 l menos 3,1 l (0,310 l × 10 min)
ou 2,4 l. Isso indica que o exercício precedente acarretou alterações
fisiológicas durante o exercício e a recuperação que exigiram mais 2,4 l de
oxigênio antes de retornar ao repouso pré-exercício.

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