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TEXTOS HISTORIOGRÁFICOS
AULA 1
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do que esta aula e este curso pretendem. Aqui, tentaremos, a partir de agora,
entender como reconhecer um texto historiográfico e, então, analisá-lo.
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seu tempo que obtemos as pistas e os indícios para uma leitura e uma análise
críticas
Todavia, não podemos desconsiderar que o autor escreve para um grupo
de leitores. O historiador espera que sua obra seja lida por alguém, que pode ser
um público amplo ou mesmo outros historiadores. Por isso, opta por
determinadas formas de escrita, narrativa e análise. O leitor com quem o autor
espera se relacionar é também um índice histórico, e devemos considerá-lo
quando analisamos um texto.
Porém, devemos também lembrar que todo texto tem potencial para ir
além do público intencionado pelo autor. Ou seja, um texto pode ser lido de
formas diferentes. Um exemplo disso é que nós, de um tempo, podemos ler uma
obra escrita em outra época, sem sermos o público intentado pelo autor.
Em seu próprio tempo, uma obra também pode ser alvo de leituras
diferentes. Imagine, por exemplo, um texto que busque divulgar uma
determinada interpretação sobre um evento. Ele, todavia, pode ser lido por
pessoas ou intelectuais que divirjam daquela interpretação. Reflita, por exemplo,
sobre a diferença por trás da definição de um determinado acontecimento como
Revolução ou Golpe, ou de um certo evento como a independência de um país.
Portanto, os nomes dados a determinados eventos e as categorias nas
quais eles são colocados são indícios importantes do tempo em que a obra foi
elaborada e escrita. As revisões posteriores dessas categorias e desses nomes
são também produtos de diferentes temporalidades e indicam a historicidade de
uma interpretação da história.
Ou seja, a linguagem é um indicativo importante para percebermos a
temporalidade de um texto e identificarmos sua historicidade. Portanto, devemos
lembrar que a linguagem é também histórica e localiza-se em um determinado
tempo.
Quando o historiador opta por nomear um evento e, com isso, inseri-lo em
uma determina categoria, revelam-se as posições culturais, socioeconômicas e
culturais do autor em seu tempo.
Portanto, ao cruzar esse conjunto de informações sobre a época do texto,
começamos a revelar mais sobre o autor e sobre as condições históricas da
produção do texto e, consequentemente, sobre a historicidade da obra
analisada.
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TEMA 3 – O CONTEXTO ESPACIAL DO TEXTO
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Devemos considerar que esses lugares institucionais também
apresentam uma localização social mais restrita, com base na qual, no entanto,
se pensa a sociedade de forma mais ampla. E o historiador, além do grupo e da
localização institucional, também tem outras relações sociais. Ao realizar a
análise do texto historiográfico, devemos, conforme o contexto que construímos,
recuperar esses outros aspectos.
Um último aspecto que essa análise contextual nos ensina é que não
existe texto histórico neutro. Contar e analisar a história de uma forma
determinada é uma opção por um lugar de fala, que autoriza o que pode e deve
ser dito e o que, por outro lado, não pode e não deve ser dito. E por mais que
essa inserção a um local institucional não seja explicitamente revelada no texto
ela está ali presente, dando a dimensão de possibilidade ao texto. Ao realizar a
análise do texto historiográfico, devemos nos atentar a esse silêncio que suporta
a sua elaboração.
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uma cronologia progressiva que revela a história conforme uma relação causal
entre eventos. Hoje, já podemos nos deparar com narrativas que subvertem essa
maneira tradicional. Porém, ao estabelecer relações entre eventos em tempos
diferentes, dificilmente o autor não estabelece um sentido entre os
acontecimentos.
A forma como um historiador liga eventos diferentes revela muito sobre
os contextos intelectual e institucional nos quais ele se insere, pois ambos os
contextos se relacionam decisivamente com a compreensão de história do autor.
Isso impacta diretamente na historiografia que o autor produz, transparecendo
inclusive na maneira como os eventos e as relações entre eles são
estabelecidas.
O sentido dado aos eventos distantes e diferentes no tempo, como
resultado do trabalho teórico e metodológico do autor, pressupõe também uma
seleção de documentos e fontes, além de métodos para lê-los e interpretá-los.
As opções metodológicas são também as que permitem ao historiador separar
o passado do presente. Portanto, é dentro do universo contextual que o
historiador se torna apto a criar um objeto concreto que se torna passível de
conhecimento para a sociedade na qual o historiador se insere.
A narrativa histórica faz sentido, porque a sociedade, de forma geral,
compartilha dos problemas e das questões expostas no texto, assim como as
respostas dadas também são inteligíveis e fazem sentido. O historiador, pelos
contextos institucional e intelectual dos quais faz parte, torna-se o sujeito
reconhecido pela sociedade como apto a descrever, traduzir e analisar o
passado. Por isso, a análise do texto historiográfico é também uma análise da
história, pois o texto evidencia aspectos de um tempo passado.
Ao analisar um texto historiográfico, o único material que temos é aquele
escrito e a sua linguagem. E isso não é pouco, uma vez que o texto é elaborado
na confluência de diversos contextos, e, por mais que não os enuncie
explicitamente, eles estão ali presentes, ocultos no texto. O trabalho de quem
analisa tal texto é justamente cavar até atingir essas camadas ocultas.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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