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INFANTIL
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo reconhecer as possibilidades de
aprendizagem através dos contos de fadas nos estudos da educação infantil e
a sua importância para a formação da criança nos âmbitos educacionais,
emocionais e cognitivos. O artigo propõe um estudo através de uma pesquisa
bibliográfica com destaque para alguns autores consagrados no que se diz
respeito a leitura e o conto como Abramovich (2001), Coelho (1987 e 2001),
Hugo (2009), Bettelheim (2002) e outros. Também traz um breve histórico
sobre a educação infantil, o surgimento do conto de fadas e principais autores
do gênero literário. Os contos de fada apresentam-se como uma excelente
possiblidade a ser explorada na aprendizagem e na imaginação da criança, a
partir da construção do processo de aprendizagem que as estimule. Sendo
assim o professor tem papel fundamental nesse processo, por ser o mediador e
poder trazer infinitas possibilidades de aprendizagem.
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Introdução
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BREVE HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Nem sempre a criança foi vista como um ser humano, onde ela tivesse
um papel atuante e lugar de destaque na sociedade, foi no processo da
Revolução Industrial, onde as mulheres tiveram que ir para as fábricas
trabalharem que surgiu a criação das creches, para que essas mulheres
tivessem onde deixar seus filhos, enquanto trabalhavam. Portanto pode-se
afirmar que a creche/escola foi criada apenas com a intenção de cuidar e
somente mais tardiamente é que sua função mudaria.
No ano de 1980 ocorreu um avanço em relação a educação infantil,
onde estudos foram realizados para discutir o papel da creche. No ano de !988
a Constituição Federal alega que é direito da família e dever do Estado que
toda criança tenha acesso a esse serviço.
No Brasil a faixa etária atendida pela educação infantil é de 0 a 5 anos
de idade.
O Estatuto da Criança e Adolescente, criado em 1990 também reafirmou
os direitos constitucionais da educação infantil no País.
Mais tarde em 1994 o MEC, publicou um documento denominado de
Política Nacional de Educação Infantil, este que estabeleceu algumas metas
para a educação infantil, tais como: melhorar a qualidade no serviço prestado,
ampliar o número de vagas, qualificar os profissionais da área, esta que
originou o documento por uma política de formação para os profissionais da
educação infantil.
Dessa forma a educação infantil passou a ser a primeira da etapa da
educação básica, depois seguida pelo Ensino Fundamental I e II e o Ensino
Médio.
Pode se concluir que a educação infantil é muito jovem ainda, só a partir da
década de 80 é que ela se iniciou e tinha outros objetivos, mas hoje deixou de
ser apenas o cuidar, mas também educar, sua principal função, onde a criança
é vista como ser humano, capaz de criar, inventar, raciocinar, descobrir e
aprender é na educação infantil que as crianças poderão desenvolver suas
competências, habilidades, emocionais, cognitivas e pessoais.
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BREVE HISTÓRICO DA LITERATURA INFANTIL
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Antes de iniciarmos os estudos, é necessário conhecer a origem do
conto de fadas e conhecer alguns de seus precursores, que marcaram
gerações com suas mais belas obras.
Neste cenário podemos destacar que surgiu no século XVII, na França,
a primeira coletânea de contos infantis, organizada pelo poeta e advogado
Charles Perrault. As histórias de Perrault tinham origem na tradição oral e até
então não haviam sido escritas ou documentadas, sendo assim 8 estórias
foram contempladas: A Bela Adormecida no Bosque; Chapeuzinho Vermelho;
O Barba Azul; O Gato de Botas; As Fadas; Cinderela entre outras. Assim
nasceu a Literatura Infantil como gênero literário, com Charles Perrault, mas
ela só foi amplamente difundida no século XVIII, a partir das pesquisas
linguísticas realizadas na Alemanha por dois irmãos Jacob e Wilhelm,
conhecidos mundialmente como Irmãos Grimm.
Através de suas pesquisas linguísticas, os irmãos Grimm encontraram
um acervo de estórias maravilhosas e assim surgiu uma nova coletânea de
contos, como: A Bela Adormecida; Branca de Neve e os Sete Anões;
Chapeuzinho Vermelho; A Gata Borralheira; O Ganso de Ouro; Os Sete
Corvos; Os Músicos de Bremen; A Guardadora de Gansos; Joãozinho e Maria;
O Pequeno Polegar e entre outros contos. Mas com a preocupação dos
costumes cristãos da época, eles resolveram realizar algumas alterações
nessas estórias, pois muitos delas retratavam a violência e a maldade, então
eles alteraram e criaram novas verões defendendo o carácter moral e o ideal
cristão.
Assim também ocorreu com outro autor da época, Hans Christian
Andersen, que também defendeu a ideologia dos irmãos Grimm e deu
continuidade a criar contos que ensinassem a boa moral, o caminho correto
para alcançar o céu, novamente carácter religioso que predominava na época,
permeava suas estórias, portanto algumas de suas obras são consideradas
tristes, como A pequena vendedora de fósforos, garotinha pobre, que não tinha
casa, morava na rua em um frio terrível, vendia fósforos para aqueles que
passavam pela rua, ignorada por todos, ela acaba morrendo de frio. A frase a
seguir dita pelo escritor dinamarquês afirma a sua fé cristã baseada em seus
contos: “A vida de cada pessoa é um conto de fadas escrito pelos dedos de
Deus”. Hans Cristian Andersen.
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Também não podemos deixar de destacar o precursor do gênero da
Literatura Infantil no Brasil, Monteiro Lobato, eternizado pela grandiosidade de
suas obras “Narizinho Arrebitado” e “O Sítio do Pica-Pau Amarelo” que marcou
gerações com suas lindas estórias. Lobato certa vez fez a seguinte afirmativa:
“Ainda acabo fazendo livros onde as nossas crianças possam morar”.
Branca de Neve
Desenho Filme
Cinderela
Desenho Filme
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A Bela e a Fera
Desenho Filme
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os que preocupam o espírito da criança, as histórias falam ao seu ego
nascente, encorajando o seu desenvolvimento e, ao mesmo tempo, aliviam
tensões pré-conscientes ou inconscientes. Portanto o professor tem o papel
principal, faz o papel do mediador com objetivo de contribuir para criança o
conhecimento de aprender, que deve ser despertado. Através dos contos de
fadas, a criança adéqua o conteúdo do inconsciente às fantasias conscientes,
com a orientação do professor em sua didática, que desenvolva na criança a
vontade de aprender. Eles possuem a facilidade de se comunicar com os
pensamentos fantasiosos, mágicos e naturais das crianças. E por meio dos
contos de fadas podemos levar a criança a mundos que existem tão somente a
sua imaginação. Por isso os contos de fada não atraem somente crianças, mas
também adultos que são levados para dentro da estória e viver em um mundo
de fantasias.
Coelho (1987) afirma que, no universo maravilhoso, fazem parte os
contos de fadas e os de encantamento, com a diferença que ambos têm suas
problemáticas diferentes. As histórias dos contos de fadas trazem a realização
da existência e do interior do herói, diferente dos contos de encantamento, que
trazem satisfação do herói, no âmbito social e exterior. Os contos, por serem
de origem celta, trazem a etimologia da palavra fada que, no latim significa
fatum– fatalidade. Para Coelho (1987, p. 14) os contos de fadas significam: [...]
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uma postura crítico-reflexiva, extremamente relevante à sua formação
cognitiva.
O educador pode marcar a infância dessas crianças pelo encantamento
de forma tão significativa. Assim, ele deve levar essa literatura para dentro da
sala de aula através da contação e não somente pelo simples fato de ler e
mostrar meras figuras ilustrativas, o conto deve ser interpretado, fazer um
convite a criança para viajar nesse mundo de fantasias, fazer a contação com
entonação, encantamento, recursos visuais como fantoches, bonecos,
dramatizar e usar e emoção para que o leitor possa sentir e viver cada
acontecimento narrado. É por meio da leitura que essa criança encontrará
subsídios para resolver seus conflitos internos, trabalha o imaginário, esclarece
as suas próprias dificuldades e encontra meios para solucionar suas dúvidas e
anseios, também através da leitura a criança tem a oportunidade de
transformar, ampliar e enriquecer sua experiência de vida, a possiblidade do
encantamento, assim a criança interage com diversos textos trabalhados, a fim
de possibilitar o conhecimento do mundo em que vivem e assim favorecer a
construção do seu próprio conhecimento de mundo.
Segundo Abramovich (2001), é ouvindo histórias que se pode sentir
(também) emoções importantes, como a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-
estar, o medo, a alegria, o pavor, a ansiedade, a tranquilidade, e tantas outras
mais, e ver profundamente tudo o que as narrativas provocam em quem as
ouve.
Todos esses sentimentos e sensações podem ser trabalhados com as
crianças a partir da relação que pode ser feito com as mais variadas
personagens desses contos como por exemplo: Branca de neve representa a
inocência, Cinderela pode representar a rejeição, Pinóquio representa a
mentira e a culpa, João e Maria podem representar abandono e rejeição,
Chapeuzinho Vermelho pode representar o medo e a desobediência, Patinho
Feio, como o próprio nome diz, a feiura, o preconceito e assim por diante.
Assim a criança aprende a lidar com seus sentimentos e frustrações,
aprende a superar e vencer obstáculos, a expressar suas emoções, como
resolver conflitos, trabalhar esses sentimentos negativos, tão presentes na
infância e que se faz necessário aprender a gerir a inteligência emocional.
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Coelho (2003), afirma que através dos contos de fadas é possível
despertar nas crianças o prazer em ouvi-las, e isso é importante para a
formação de qualquer criança, pois estimula a criatividade, a imaginação, a
brincadeira, a leitura, a escrita, a música, o querer ouvir novamente,
desenvolvendo dessa forma a oralidade nas crianças dessa faixa etária
Também conseguem aprender a diferenciar o bem e o mal, quem são os
heróis e vilões, torcem para o bem ganhar e ficam felizes quando o mal é
derrotado, podendo fazer uma associação aos seus sentimentos negativos
quando o vilão perde ou morre.
Hugo (2009) retrata que os contos de fadas exercem uma influência
muito benéfica na formação da personalidade, através da assimilação dos
conteúdos da estória as crianças aprendem que é possível vencer obstáculos e
saírem vitoriosos. Podemos trabalhar a relação do limite, estabelecer relação
com o que pode ou não ser feito, saber diferenciar o certo e o errado, tais como
se desobedecer aos ensinamentos e ordens de seus pais haverá
consequências, como no caso de Chapeuzinho Vermelho, que falou com um
estranho na floresta, quando a ordem de sua mãe era para não o fazer e o fim
da estória já conhecemos.
Também podemos trabalhar com os contos de fada que tudo tem, pois
tudo nessa vida tem um começo, meio e fim. Que não somos eternos e
invencíveis como os personagens dos contos e desenhos, assim a criança
aprende esse conceito e passa a ampliar a sua visão e percepção de mundo.
O professor também pode trabalhar a ética, valores humanos e
ensinamentos, através das lições que essas estórias nos passam, como não
mentir, não desobedecer e assim poder transmitir valores para formar adultos
felizes e éticos.
Através do conto de fadas na Educação Infantil também podemos
trabalhar a oralidade das crianças, estimular a fala, enriquecer o vocabulário,
promover competências cognitivas e raciocínio lógico.
Hugo (2009) alega que: os contos de fadas na literatura infantil abrem espaço
para o raciocínio lógico, para os questionamentos e a reflexão, envolvendo o
aguçar de sua inteligência, de sua sensibilidade artística e sonho com o real,
numa forma natural, onde a criança irá se adequando no seu convívio social,
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escolar e familiar, dando oportunidades à criança de encontrar significado para
a vida sem perder a sua essência de maneira prazerosa e descontraída.
Quando a criança se identifica com uma estória ela pede para que seja
recontada muitas e muitas vezes, sem se importar com a repetição, pois dessa
forma ela está aproveitando plenamente todo o contexto, conteúdo e tudo que
a estória tem para oferecer para ela e para seu mundo. Segundo Bruno
Bettelheim,
Quando as crianças pedem para que uma história seja relida várias
vezes, pode ser porque aquele conto está atuando em seu
inconsciente ajudando-a a resolver algum problema, que ela própria
pode até não ter identificado qual é. Se a criança não fica
entusiasmada pela história, isso significa que os motivos e temas não
despertaram nela uma resposta significativa nessa altura de sua vida.
O dia em que a criança perder temporariamente o interesse por esse
tipo de conto pode ser porque os problemas que a tinham feito
procurar a história foi substituído por outros, que podem encontrar
uma melhor expressão num outro conto, por esse motivo é que a
melhor opção é sempre ouvir a indicação da criança BETTELHEIM
(1980.p 26).
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problema ser diferente, que cada um tem seu jeito, que todos merecem ser
respeitados e amados, ninguém é igual a ninguém, e quantos “patinhos feios”
ou “Joãos e Marias” devem ter dentro de nossas classes e através desses
contos podemos combater o preconceito, trabalhar a socialização e fortalecer a
confiança e aceitação.
Cabe ao professor trazer esse encantamento para a sala de aula,
também vale ressaltar que é necessário não somente realizar a contação da
história, mas também promover atividades relacionadas com a estória contada,
assim o aluno poderá refletir, interpretar, repensar, avaliar, entender, reagir,
compreender e diluir tudo aquilo que foi ouvido.
O professor é o mediador entre esses processos e cabe a ele verificar o
como a criança está interagindo com a estória contada, como ela absorve as
informações, como ela fará as comparações e paralelos ao seu mundo interior
e a sua volta, é necessário pensar no tempo da narrativa, para qual faixa etária
será contada, o lugar que será contada, favorecer o suspense, encantamento,
fazer uso de sons, onomatopeias, envolver a criança nessa contação, a fim de
que ela possa mergulhar no mundo da fantasias, onde tudo é possível.
O primeiro local onde pode ser desenvolvido o gosto pela literatura é
dentro da sala de aula, claro que os pais ou responsáveis também fazem parte
desse processo, de apresentar a literatura e contação de estória para seus
filhos. Mas o professor é peça fundamental para cativar seus alunos e torna-los
apaixonados para literatura, pois é na infância que a criança vê o livro como
algo mágico, encantador e cheio de surpresas e mistérios. Cabe a ele
despertar o interesse e fazer com que queiram mais e mais.
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Considerações finais
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criança passa a ser sujeito histórico-crítico no processo de aprendizagem,
assumindo o papel principal.
A escola passa a ser fundamental nesse processo, onde a criança
poderá criar, crescer, desenvolver, socializar, sonhar, imitar, superar, vencer,
gerenciar as emoções, lidar com as frustrações, onde passa a desenvolver o
conhecimento intelectual e não somente o técnico. Portanto pode-se afirmar
que esse gênero literário é extremamente rico e amplo, que cabe ao professor
buscar didáticas novas e diferenciadas para levar este conteúdo a sala de aula.
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Referências
ABRAMOVICH, F. O estranho mundo que se mostra às crianças. São Paulo:
Summus, 1999.
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SILVA, Aurilene Andrade da. Floresta Fantasia. Ilustrações Waldeck-
Teresina, Halley, 2006.
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