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-O livro que vou apresentar é "O Tempo Envelhece Depressa" de Antonio Tabucchi, nascido a

24 de Setembro de 1943 em Pisa, Itália e falece a 25 de março em Lisboa. Foi um autor


bastante premiado, e nos últimos anos da sua vida passou muito tempo em Portugal devido à
sua admiração por Fernando Pessoa, chegou ainda a traduzir as obras do escritor português
para Italiano. (e incorpora muitas das temáticas de Fernando Pessoa nas suas obras)

-Esta conto apresenta a conversa entre um ex oficial italiano da ONU, já reformado e de


Isabella, uma rapariga de 12 anos. Ambos passam férias num resort na praia da antiga
Jugoslávia e debaixo de uma sobrinha falam sobre diversos assuntos: política, guerras, ideais,
escola. E este texto relaciona-se juntamente com os outros contos do livro "na confrontação
com o Tempo: o tempo dos acontecimentos que viveram ou estão a viver e o tempo da
memória ou da consciência."

-O conto está repleto de críticas ao capitalismo, aos conflitos históricos e ideais.

-A menina questiona várias vezes o senhor porque não se bronzeia e não vai ao banho, devido
à guerra do Kosovo sofreu radiações do urânio empobrecido, e por isso tem também que
tomar vários comprimidos, a rapariga questiona também os comprimidos e notou, no dia
anterior à conversa entre os dois que o senhor logo após o seu almoço deslocou-se até à casa
de banho para vomitar (um efeito secundário dos comprimidos que toma). A menina pergunta
ao senhor porque os toma, sabendo que lhe fazem vomitar e o homem responde com uma
analogia entre os comprimidos e os ideais.

“-O discurso é lógico, só que por um lado fazem-me bem e por outro fazem-me mal, talvez os
comprimidos sejam um pouco como os ideais, depende das pessoas que os tomam, eu não os
imponho aos outros, não faço mal a ninguém.”

-A meio da conversa, a rapariga pergunta ao senhor se quer alguma coisa do bar do hotel,
menos Coca-Cola, e justifica dizendo que: "A Coca-Cola e o McDonald´s são a desgraça da
Humanidade" e o homem responde com: "- A Coca-Cola e o McDonald's nunca mandaram
ninguém para Auschwitz, para aqueles campos de extermínio de que já deves ter ouvido falar
na escola, ao passo que os ideais sim, nunca pensaste nisso, Isabel? Mas esses eram nazis,
objetou Isabella, uma gente horrível. - Perfeitamente de acordo, disse o homem, os nazis eram
de facto uma gente horrível, mas também tinham um ideal e fizeram guerra para o imporem,
do nosso ponto de vista era um ideal perverso, mas do ponto de vista deles não, tinham
imensa fé naquele ideal, é preciso ter cuidado com os ideais, que te parece, Isabel?"

-Um dos temas de conversa foi o trabalho do pai de Isabella, como arquiteto da câmara, por
isso constrói casas, ao contrário do homem que as destruía na sua profissão, apesar de fazer
parte de uma missão bélica de paz. Por isso ambos chegam à conclusão de que na história
existem homens que destroem casas e homens que constroem casas.

-O conto explora ainda a inocência e inconsciência de Isabella, em relação ao mundo e aos


seus pensamentos repletos de logica: “Sabes uma coisa? disse o homem, tu és uma menina
cheia de lógica, tens o dom da lógica, e isso é o máximo, em meu entender nos dias de hoje o
mundo perdeu a lógica (…)”

Nesta temática, é possível fazer um paralelismo com as obras de Fernando Pessoa que
retratam a dor de pensar e o desejo de inocência.
-No final da conversa o homem revela o porquê de permanecer na sombra daquela praia e
tomar os comprimidos, a arte da nefelomancia, adivinhar o futuro observando as nuvens, e as
suas formas. Aquela praia era localizada numa costa única para observar nuvens no horizonte,
e outrora foi um campo de batalha durante a guerra do Kosovo, o que trás um sentimento de
paz ao homem, algo que Isabella questiona e não entende. Entretanto, a menina vê a forma de
uma borboleta nas nuvens e o homem explica-lhe o significado.

-Eu escolhi este conto pois achei interessante o contraste do diálogo entre um homem
conhecedor da realidade do mundo e uma menina, curiosa e esperta que interpreta tudo à sua
volta com lógica, a diferença da idade e do tempo, a temática constante em todos os contos da
obra.

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