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são exigidas por um termo anterior, com presença obrigatória, e valor nocional, quando são
empregadas para acrescentar alguma informação ao texto.
GMN: O Brasil é um país que vive uma crise crônica de identidade. Escrever livros como
Viva o Povo Brasileiro é uma maneira de exorcizar essa crise?
J. Ubaldo: Você já coloca uma premissa sobre crise de identidade. Acontece que não acho
que o Brasil viva uma crise de identidade permanente. Não sei se vive. Mas não penso
nessas questões. Quando uma pessoa escreve algo que repercute, há sempre o impulso
natural de enquadrar a obra em categorias pré-fabricadas ou pré-moldadas. Mas a
realidade é que as coisas não acontecem assim. Não escrevi pensando em identidade
nacional nem em coisa nenhuma. Escrevi - simplesmente. Não sei o que é. Viva o Povo
Brasileiro não é uma tentativa de entender o Brasil. O que fiz foi escrever um livro. Eu
poderia mentir a você abundantemente sobre o que resultou - a partir do que os outros
escreveram e pensaram. Mas Viva o Povo Brasileiro é só um romance.
II
GMN: Todo escritor, em última instância, escreve para ser lembrado. Isso é que motiva o
senhor a escrever?
A. Suassuna: A literatura é uma forma de protestar contra a morte. Em minha visão, a
literatura - e a arte, de modo geral - é uma forma precária, mas, ainda assim, poderosa de
afirmar a imortalidade. O homem não nasceu para a morte: o homem nasceu para a vida e
para a imortalidade.
GMN: Como é o Brasil dos sonhos de Ariano Suassuna?
A. Suassuna: Eu sei que é um sonho – mas sem sonho a gente não vive. É necessário, ao
ser humano, um sonho – lá na frente para que a gente não se acomode e procure aquele
ideal. O Brasil com que sonho, então, seria um regime no qual a gente realizasse, pela
primeira vez na história humana, a fusão de justiça e liberdade.
http://g1.com, 18 e 23 de julho/2014.
3. (Fgv 2022) Se o verbo do trecho “O Brasil com que sonho” for substituído por um
sinônimo, também será necessário, de acordo com norma-padrão, o uso de uma preposição
antes do pronome “que”, se o sinônimo for
a) desejo.
b) almejo.
c) aspiro.
d) imagino.
e) prevejo.
– Biltre!
– O quê?
– Biltre! Sacripanta!
– Traduz isso para português.
– Traduzo coisa nenhuma. Além do mais, charro! Onagro!
Parei para escutar. As palavras estranhas jorravam do interior de um Ford de
bigode. Quem as proferia era um senhor idoso, terno escuro, fisionomia respeitável,
alterada pela indignação. Quem as recebia era um garotão de camisa esporte; dentes
clarinhos emergindo da floresta capilar, no interior de um fusca. Desses casos de toda hora:
o fusca bateu no Ford. Discussão. Bate-boca. O velho usava o repertório de xingamentos
de seu tempo e de sua condição: professor, quem sabe? leitor de Camilo Castelo Branco.
Os velhos xingamentos. Pessoas havia que se recusavam a usar o trivial das ruas e
botequins, e iam pedir a Rui Barbosa, aos mestres da língua, expressões que castigassem
fortemente o adversário. Esse material seleto vinha esmaltar artigos de polêmica
(polemizava-se muito nos jornais do começo do século), discursos políticos (nos intervalos
do estado de sítio, é lógico) e um pouco os incidentes de calçada.
A maioria, sem dúvida, não se empenhava em requintes.
(Carlos Drummond de Andrade. “Modos de xingar”. As palavras que ninguém diz, 2011.)
4. (Fgv 2020) A frase do último parágrafo do texto “A maioria, sem dúvida, não se
empenhava em requintes” está reescrita, em conformidade com a norma-padrão e com o
sentido do texto, em:
a) A maioria provavelmente não se sujeitava a requintes.
b) A maioria talvez não se obrigava à requintes.
c) A maioria realmente não se rendia em requintes.
d) A maioria certamente não se dedicava a requintes.
e) A maioria evidentemente não se comprometia em requintes.
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:
Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir.
O dono do livro
Li outro dia um fato real narrado pelo escritor moçambicano Mia Couto. Ele disse
que certa vez chegou em casa no fim do dia, já havia anoitecido, quando um garoto humilde
de 16 anos o esperava sentado no muro. O garoto estava com um dos braços para trás, o
que perturbou o escritor, que imaginou que pudesse ser assaltado.
Mas logo o menino mostrou o que tinha em mãos: um livro do próprio Mia Couto.
Esse livro é seu? perguntou o menino. Sim, respondeu o escritor. Vim devolver. O garoto
explicou que horas antes estava na rua quando viu uma moça com aquele livro nas mãos,
cuja capa trazia a foto do autor.
O garoto reconheceu Mia Couto pelas fotos que já havia visto em jornais. Então
perguntou para a moça: Esse livro é do Mia Couto? Ela respondeu: É. E o garoto mais que
ligeiro tirou o livro das mãos dela e correu para a casa do escritor para fazer a boa ação de
devolver a obra ao verdadeiro dono.
Uma história assim pode acontecer em qualquer país habitado por pessoas que
ainda não estejam familiarizadas com os livros – aqui no Brasil, inclusive. De quem é o
livro? A resposta não é a mesma de quando se pergunta: “Quem escreveu o livro?”.
O autor é quem escreve, mas o livro é quem lê, e isso de uma forma muito mais
abrangente do que o conceito de propriedade privada – comprei, é meu. O livro é de quem
lê mesmo quando foi retirado de uma biblioteca, mesmo que seja emprestado, mesmo que
tenha sido encontrado num banco de praça.
O livro é de quem tem acesso às suas páginas e através delas consegue imaginas
os personagens, os cenários, a voz e o jeito com que se movimentam. São do leitor as
sensações provocadas, a tristeza, a euforia, o medo, o espanto, tudo que é transmitido pelo
autor, mas que reflete em quem lê de uma forma muito pessoal. É do leitor o prazer. É do
leitor a identificação. É do leitor o aprendizado. É o leitor o livro.
Dias atrás gravei um comercial de rádio em prol do Instituto Estadual do Livro em
que falo aos leitores exatamente isso: os meus livros são os seus livros. E são, de fato. Não
existe livro sem leitor. Não existe. É um objeto fantasma que não serve para nada.
Aquele garoto de Moçambique não vê assim. Para ele, o livro é de quem traz o
nome estampado na capa, como se isso sinalizasse o direito de posse. Não tem ideia de
como se dá o processo todo, possivelmente nunca entrou numa livraria, nem sabe o que é
tiragem.
Mas, em seu desengano, teve a gentileza de tentar colocar as coisas em seu devido
lugar, mesmo que para isso tenha roubado o livro de uma garota sem perceber.
Ela era a dona do livro. E deve ter ficado estupefata. Um fã do Mia Couto afanou seu
exemplar. Não levou o celular, a carteira, só quis o livro. Um danado de uma amante da
literatura, deve ter pensado ela. Assim são as histórias escritas também pela vida,
interpretadas a seu modo por cada dono.
6. (Esc. Naval 2017) Assinale a opção em que a troca da palavra sublinhada pela que está
entre parênteses mantém corretas as relações de sentido e a regência nominal ou verbal.
a) “[...] pessoas que ainda não estejam familiarizadas com os livros [...]” (4º parágrafo) –
(entre)
b) “O livro é de quem tem acesso às suas páginas [...]” (6º parágrafo) – (ante)
c) “[...] os cenários, a voz e o jeito com que se movimentam.” (6º parágrafo) – (em)
d) “[...] mas que reflete em quem lê de uma forma muito pessoal” (6º parágrafo) – (para)
e) “[...] na capa, como se isso sinalizasse o direito de posse.” (8º parágrafo) – (a)
7. (Fgv 2010) Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas das frases.
I. "O rapaz estava chateado, pois chegou à moça e disse que não era mais possível
continuar o namoro".
II. "O rapaz estava chateado, pois chegou a moça e disse que não era mais possível
continuar o namoro".
a) Que interpretação se pode dar a cada uma das frases, levando em conta as expressões
"à moça" e "a moça"?
b) Do ponto de vista sintático, qual a função que exercem as expressões "à moça" e "a
moça"?
Este enunciado faz parte de uma propaganda afixada em lugares nos quais se vende o chá
Matte Leão. Observe as construções a seguir, feitas a partir do enunciado em questão:
Matte à vontade.
Mate a vontade.
Mate à vontade.
a) Complete cada uma das construções acima com palavras ou expressões que explicitem
as leituras possíveis relacionadas à propaganda.
b) Retome a propaganda e explique o seu funcionamento, explicitando as relações
morfológicas, sintáticas e semânticas envolvidas.
- UAI, EU?
1 Se o assunto é meu e seu, lhe digo, lhe conto; que vale enterrar minhocas? De
como aqui me vi, sutil assim, por tantas cargas d'água. No engano sem desengano: o de
aprender prático o desfeitio da vida.
2 Sorte? A gente vai - nos passos da história que vem. Quem quer viver faz mágica.
Ainda mais eu, que sempre fui arrimo de pai bêbado. Só que isso se deu, o que quando,
deveras comigo, feliz e prosperado. Ah, que saudades que eu não tenha... Ah, meus bons
maus-tempos! Eu trabalhava para um senhor Doutor Mimoso.
3 Sururjão, não; é solorgião. Inteiro na fama - olh'alegre, justo, inteligentudo - de
calibre de quilate de caráter. Bom até-onde-que, bom como cobertor, lençol e colcha, bom
mesmo quando com dor-de-cabeça: bom, feito mingau adoçado. Versando chefe os solertes
preceitos. Ordem, por fora; paciência por dentro. Muito mediante fortes cálculos, imaginado
de ladino, só se diga. A fim de comigo ligeiro poder ir ver seus chamados de seus doentes,
tinha fechado um piquete no quintal: lá pernoitavam, de diário, à mão, dois animais de sela -
prontos para qualquer aurora.
4 Vindo a gente a par, nas ocasiões, ou eu atrás, com a maleta dos remédios e
petrechos, renquetrenque, estudante andante. Pois ele comigo proseava, me alentando,
cabidamente, por norteação - a conversa manuscrita. Aquela conversa me dava muitos
arredores. Ô homem! Inteligente como agulha e linha, feito pulga no escuro, como dinheiro
não gastado. Atilado todo em sagacidades e finuras - é de "fimplus"! "de tintínibus"... - latim,
o senhor sabe, aperfeiçoa... Isso, para ele, era fritada de meio ovo. O que porém bem.
(ROSA, João Guimarães. Tutameia: terceiras estórias. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,
1985.)
TEXTO II
NO MEIO DO CAMINHO
10. (Uerj 2000) Na segunda estrofe de seu poema, Drummond empregou duas vezes o
verbo "esquecer".
No verso 5, a preposição "de" está explícita; no verso 7, subentendida.
a) apresente um argumento sintático que justifique por que essas duas regências estão
corretas;
b) reescreva os versos 7 e 8, conforme as seguintes determinações:
- retire o advérbio de tempo;
- substitua o verbo "esquecer" por seu antônimo, mantendo o pronome.
Redija sua resposta numa única frase, com os termos da oração em ordem direta
Gabarito:
Na frase “O maior homem do mundo é aquele que não perde seu coração de criança”, a
preposição “de” não possui valor gramatical, visto que não é exigida pelo substantivo
“coração”. A expressão “de criança”, adjunto adnominal em que a preposição está presente,
foi empregada apenas para especificá-lo e caracterizá-lo. Quanto às frases das demais
alternativas, percebe-se que a preposição “de” era necessária pela regência de “desconfiar”,
“precisar”, “necessitar” e “capaz”.
As opções [A], [B], [C] e [E] são incorretas, pois, no contexto, o termo “empenhava”
[A] não pode ser substituído por “sujeitava”, que significa submetia. Também o advérbio
“provavelmente” poderia ser substituído por certamente e não por “provavelmente”.
[B] Além de não poder ser substituído por obrigava, que significa forçava, o uso de acento
grave, indicativo de crase da preposição com artigo definido feminino, é inadequado por
estar precedendo substantivo masculino.
[C] A regência do verbo render-se exige preposição a.
[E] A regência do verbo comprometer-se exige preposição a ou com.
Resposta da questão 5: a) Segundo o autor, “pequena hipocrisia” diz respeito aos “que se
envergonham de admitir não ter lido um livro famoso”, ou seja, faz uma alusão ao
comportamento de pessoas com bagagem de leitura que, por algum motivo, não tenham
lido terminada obra consagrada.
b) A reescrita da frase é: “e de cuja origem nos esquecêramos”. Ao empregar a forma
pronominal do verbo, é obrigatória a presença da preposição “de”; já a forma verbal
composta no pretérito imperfeito do Indicativo corresponde ao pretérito mais-que-perfeito do
Indicativo.
A palavra “direito” é regida tanto pela preposição “a” quanto “de”. Assim, quem tem direito,
tem direito a algo ou de algo.
Comentários:
O acento grave assinala a crase, supressão de fonemas a que as palavras podem estar
sujeitas à medida que uma língua evolui, da preposição “a” com o artigo definido feminino
“a(s)” ou com pronome demonstrativo. Nas três frases transcritas, apenas a segunda e a
terceira apresentam substantivos femininos (“capacidade” e “ palavra”, respectivamente)
que admitem presença de artigo, passível de sofrer fusão com preposição “a”, se o termo
regente o exigir. Como o verbo “exceder” é transitivo direto, ou indireto precedido de
preposição “a”, a segunda frase pode ser transcrita corretamente de duas formas: os níveis
de consumo excedem a capacidade de regeneração dos sistemas naturais ou os níveis de
consumo excedem à capacidade de regeneração dos sistemas naturais. Na terceira frase,
como o termo regente é um substantivo (“alusões”) seguido do seu complemento nominal
com preposição “a”, seria correto o uso do acento grave indicativo de crase: fazendo
alusões à palavra sustentabilidade. Admitem-se, portanto, duas respostas válidas: [B] e [D].
b) Na primeira frase, "à moça" funciona como adjunto adverbial do verbo "chegou",
indicando a quem se dirigia o rapaz. Na segunda, "a moça" tem a função de sujeito do
mesmo verbo.
b) Na primeira, como se viu, "Matte" é substantivo, com grafia que vale como sinédoque da
marca anunciada, e "à vontade" é locução adverbial .
A segunda - "mate a vontade" - vale como uma exortação ao consumo da bebida (como em
"Beba Coca-Cola"), com a sugestão, logo explicitada, de que a vontade seja de beber o
"Matte Leão". "A vontade" tem função sintática de objeto direto.
A terceira - Verbo "matar", no sentido literal. "À vontade" é locução adverbial (adjunto
adverbial).
Resposta da questão 10: a) No verso 7 o complemento do verbo é uma oração
(subordinada substantiva objetiva indireta), enquanto no verso 5 o complemento é um termo
de oração (objeto indireto).
Legenda:
Q/Prova = número da questão na prova
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