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COLÉGIO PEDRO II – CENTRO – PORTUGUÊS – 2023

3ª SÉRIE E.M. – PROFESSORAS: MARGARETE E TATIANA

EMPREGO E COLOCAÇÃO DOS PRONOMES

Texto 1 PRONOMINAIS
Dê-me um cigarro
Diz a gramática
Do professor e do aluno
E do mulato sabido

Mas o bom negro e o bom branco


Da Nação Brasileira
Dizem todos os dias
Deixa disso camarada
Me dá um cigarro
(in: PAU BRASIL, Oswald de Andrade)

Texto 2 Papos (Luis Fernando Veríssimo)

- Me disseram...
- Disseram-me.
- Hein?
- O correto e "disseram-me". Não "me disseram".
- Eu falo como quero. E te digo mais... Ou é "digo-te"?
- O quê?
- Digo-te que você...
- O "te" e o "você" não combinam.
- Lhe digo?
- Também não. O que você ia me dizer?
- Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. E que eu vou
te partir a cara. Lhe partir a cara. Partir a sua cara. Como é que
se diz?
- Partir-te a cara.
- Pois é. Parti-la hei, se você não parar de me corrigir. Ou
corrigir-me.
- É para o seu bem.
- Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como
bem entender. Mais uma correção e eu...
- O quê?
- O mato.
- Que mato?
- Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem? Pois
esqueça-o e pára-te. Pronome no lugar certo é elitismo!
- Se você prefere falar errado...
- Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem.
Ou entenderem-me?
- No caso... não sei.
- Ah, não sabe? Não o sabes? Sabes-lo não?
- Esquece.
- Não. Como "esquece"? Você prefere falar errado? E o certo é
"esquece" ou "esqueça"? Ilumine-me. Me diga. Ensines-lo-me,
vamos.
- Depende.
- Depende. Perfeito. Não o sabes. Ensinar-me-lo-ias se o
soubesses, mas não sabes-o.
- Está bem, está bem. Desculpe. Fale como quiser.
- Agradeço-lhe a permissão para falar errado que me dás. Mas
não posso mais dizer-lo-te o que dizer-te-ia.
- Por que?
- Porque, com todo este papo, esqueci-lo.
O texto de Luis Fernando Veríssimo e o poema de Oswald de
Andrade documentam
magistralmente a nítida inclinação do brasileiro pelo emprego da
próclise no início de frases e
períodos. Em que outros contextos linguísticos o brasileiro
também prefere enunciar o
pronome proclítico ao verbo, contrapondo-se frontalmente ao
português.
1. A obra do artista modernista (texto I) aponta um claro contraste
entre os falantes brasileiros e portugueses no que respeita à
colocação dos pronomes átonos. Assinale os exemplos em que
a norma dita “culta” (inspirada no uso lusitano) recusa o emprego
da próclise (tão comum em nosso país):
( ) Os miúdos corriam barulhentos, me pedindo dinheiro.
( ) Esperamos que nos venha visitar.
( ) Se se pode ir, vai-se.
( ) Me levantei assim que você saiu.

2. Em contextos formais é obrigatória a harmonia entre pronomes


e verbos referentes ao receptor: todos devem estar na mesma
pessoa gramatical. São três as opções: (1) tratamento vós,
raríssimo ou restrito a preces e discursos pedantes; (2)
tratamento tu, solene em certas circunstâncias, íntimo em
outras, com matiz sulista por vezes; (3) tratamento você, íntimo
e informal, ou seus correspondentes – V.Sª, V.Exª.(habituais no
discurso parlamentar, na correspondência comercial, etc.).
Reproduza do texto II duas “falas” que abordam esse tema.
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3. Outro item da norma culta que a crônica traz à luz é o da
colocação dos pronomes átonos complementares junto aos
verbos. Não se admite, por exemplo, a próclise, como na frase
“Me lembro desse fato” (expressão coloquial tão espontânea),
em textos formais escritos. A forma culta é “Lembro-me desse
fato” (ênclise). Em que trecho nota-se a abordagem dessa
prescrição?
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4. O texto II alcança ainda outro tormento para usuários
poucos afeitos aos usos formais
escritos. Trata-se do emprego dos pronomes lhe e o ( e seus
correspondentes plural e femininos).O pronome lhe representa o
complemento regido de preposição (Objeto indireto, portanto).
Os pronomes o, os, a, as, ao contrário, são objetos diretos. Por
exemplo, escreve-se
“O jogo o encantou”, mas “O jogo lhe agradou”, porque encantou
é transitivo direto ( não rege preposição) e agradou é indireto,
nesse contexto (rege proposição a).
Transcreva as duas construções do texto que exemplificam os
dois usos – um adequado e outro inadequado ao português culto
escrito.
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